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Efeito do alongamento passivo na função muscular

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Academic year: 2021

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Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro Escola de Ciências da Vida e do Ambiente

Departamento de Ciências do Desporto, Exercício e Saúde

EFEITO DO ALONGAMENTO PASSIVO NA FUNÇÃO MUSCULAR

DISSERTAÇÃO DE 2ºCICLO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO, COM ESPECIALIZAÇÃO EM ATIVIDADES DE ACADEMIA

JOANA ISABEL SILVA SILVARES

VILA REAL 2019

(2)

ii

EFEITO DO ALONGAMENTO PASSIVO NA FUNÇÃO MUSCULAR

Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências do Desporto, na área de Especialização em Atividades de Academia.

Orientador: Professor Doutor José Vilaça-Alves

VILA REAL 2019

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iii DEDICATÓRIA

“Cada um que passa na nossa vida passa sozinho, pois cada pessoa é única, e nenhuma substitui outra. Cada um que passa na nossa vida passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito; mas não há os que levam nada. Há os que deixam muito; mas não há os que não deixam nada. Esta é a maior responsabilidade da nossa vida e a prova evidente que duas almas não se encontram ao acaso”. Saint-Exupéry

Em memória aos meus avós paternos e maternos e à minha amiga Filipa, e para aos meus pais e irmão.

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iv AGRADECIMENTOS

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. Fernando Pessoa

A elaboração de uma tese de mestrado é uma longa viagem, que inclui uma trajetória permeada por inúmeros desafios, desânimos, incertezas, alegrias e percalços pelo caminho. Para além disto, é também uma conjugação, não só do trabalho individual do seu autor, como do contributo de várias pessoas, pelo que a todas elas expresso o meu reconhecimento. Todavia, não quero deixar de agradecer a algumas delas em particular. Ao Professor Doutor José Vilaça-Alves, orientador da dissertação, pela sua total disponibilidade, pela partilha do saber, pelas opiniões e críticas, pela paciência inesgotável. Foi um prazer e gratificante estar perto de alguém com tanta experiência e tão vasto conhecimento.

Ao Professor Paulo Ferreira, diretor do Complexo Desportivo do Colégio de Lamas, que aprovou a realização deste projeto nestas mesmas instalações.

Aos sujeitos que se voluntariaram para o estudo, porque sem eles este trabalho não seria possível.

Por último, aos meus pais, irmão e Diogo, por toda a motivação e amor.

O meu profundo e sentido agradecimento a todas as pessoas que contribuíram para a concretização desta dissertação, estimulando-me intelectual e emocionalmente.

MUITO OBRIGADA!

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v “A sabedoria consiste em compreender que o tempo dedicado ao trabalho, nunca é perdido.” Ralph Emerson

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vi ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA ... iii

AGRADECIMENTOS ...iv

ÍNDICE DE TABELAS ... viii

ÍNDICE DE FIGURAS ... ix ÍNDICE DE ABREVIATURAS ... x CAPÍTULO 1 ... xi RESUMO ... xii ABSTRACT ... xiii 1. INTRODUÇÃO ... 1 1.1 OBJETIVO GERAL ... 2 1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ... 2 CAPÍTULO 2 ... 3 2. REVISÃO DE LITERATURA ... 4 2.1 FORÇA MUSCULAR ... 4

2.2 CARATERIZAÇÃO E FUNÇÕES DO SISTEMA MUSCULAR ... 4

2.2.1 PROPRIEDADES DO MÚSCULO ... 5

2.2.2 TIPOS DE TECIDO MUSCULAR ... 6

2.2.3 ESTRUTURA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO ... 7

2.2.4 TECIDOCONJUNTIVO ... 8

2.2.5 FIBRAS MUSCULARES ... 9

2.2.6 MODELO DO DESLIZAMENTO DOS FILAMENTOS ... 10

2.2.7 CONTRAÇÃO MUSCULAR ... 11

2.3 MÚSCULOS AGONISTAS E ANTAGONISTAS ... 12

3. FLEXIBILIDADE /AMPLITUDE ARTICULAR ... 13

3.1 AMPLITUDE ARTICULAR ... 14

4. ALONGAMENTO ... 16

4.1 UTILIZAÇÃO DO ALONGAMENTO PASSIVO ... 18

4.2 EFEITOS DO ALONGAMENTO NO EXERCÍCIO ... 19

5. ANÁLISE BIOMECÂNICA E DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO DE EXTENSÃO DO JOELHO ... 21

CAPÍTULO 3 ... 23

6. METODOLOGIA ... 24

6.1 CARATERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES E AMOSTRA ... 24

6.2 INSTRUMENTOS ... 25

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vii

6.4 PROTOCOLO DE ALONGAMENTO ... 29

6.5 CONTAGEM DO NÚMERO DE REPETIÇÕES ... 30

7. TRATAMENTO ESTATÍSTICO ... 31 CAPÍTULO 4 ... 32 8. RESULTADOS ... 33 9. DISCUSSÃO ... 35 10. CONCLUSÃO ... 41 11. REFERÊNCIAS ... 42

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viii ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Média ± Padrão das medidas antropométricas, idade, percentagem de gordura estimada (G) e valores de 10RM nos exercícios de extensão do joelho (EXJ), em ambos os membros, dos participantes no presente estudo ... 24

Tabela 2. Média ± Desvios padrão do número de repetições no exercício de extensão do joelho, em todas as intervenções e em ambos os sexos ... 34

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ix ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Músculo esquelético ... 6

Figura 2. Músculo cardíaco ... 6

Figura 3. Músculo liso ... 6

Figura 4. Fibras musculares esqueléticas ... 7

Figura 5. Estrutura do músculo esquelético... 8

Figura 6. Estrutura do sarcómero ... 9

Figura 7. Músculos agonistas - Quadríceps ... 12

Figura 8. Músculos antagonistas - Posteriores da coxa ... 12

Figura 9. Alongamento Dinâmico ... 17

Figura 10. Alongamento Estático ... 17

Figura 11. PNF ... 17

Figura 12. Extensão e flexão do joelho ... 21

Figura 13. Músculos anteriores da coxa ... 22

Figura 14. Músculos posteriores da coxa ... 22

Figura 15. Ficha de avaliação individual ... 25

Figura 16. Cadeira de Extensão da perna - vista anterior ... 26

Figura 17. Cadeira de Extensão da perna - vista lateral ... 26

Figura 18. Metronome Digital ... 26

Figura 19. Posição inicial ... 28

Figura 20. Fase concêntrica ... 28

Figura 21. Fase excêntrica ... 28

Figura 22. Alongamento Passivo Quadríceps Direito (APQD) ... 29

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x ÍNDICE DE ABREVIATURAS

±: mais ou menos %: percentagem

AA: Amplitude articular

ACSM: American College of Sports Medicine ADM: amplitude de movimento

ALPD: alongamento posterior direito ALPE: alongamento posterior esquerdo AQD: alongamento quadríceps direito AQE: alongamento quadríceps esquerdo cm: centímetro

ET AL.: et al (e outros) Fig.: Figura

min: minuto(s) nn: nanómetro

PNF: Facilitação neuromuscular proprioceptiva p: significância

RM: Repetição máxima s: segundos

SPSS: Statistical Package for the Social Sciences UM: unidade motora

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xi CAPÍTULO 1

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xii RESUMO

O objetivo do presente estudo foi verificar o efeito do alongamento passivo na função muscular. A amostra foi composta por 20 jovens, de ambos os sexos, com média de idade 24,15 ± 3,59 anos, sendo estes praticantes de treino de força há mais de 6 meses e sem nenhuma doença osteoarticular, ou outra qualquer, que impedisse ou fosse agravada pela realização deste trabalho. No primeiro dia da primeira semana foram alvos de avaliação física (medição da estatura, massa corporal, massa gorda estimada), e da execução do teste de 10 RM de cada membro inferior, no exercício de extensão de joelho. Passado 72horas, realizaram o re-teste do procedimento anterior. Posteriormente, na segunda semana, os participantes foram instruídos a exercer o alongamento passivo ao quadríceps direito e posterior do lado esquerdo, realizando apenas 1 série de 30 segundos para cada membro (com a carga determinada dos 10RM), e logo de seguida incentivados a efetuar o número máximo de repetições até à falha muscular. Na terceira semana, completaram com o mesmo procedimento contrariamente, ou seja, efetuaram o alongamento passivo ao posterior direito e ao quadríceps esquerdo dos membros inferiores, respetivamente, aplicando a mesma metodologia que na segunda semana.

Não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) entre o membros inferiores (direito e esquerdo), na função muscular, quando utilizado o alongamento passivo dos músculos anteriores e posteriores da coxa. Foi observado diferenças estatisticamente significativas entre o ALP (alongamento posterior) do membro inferior esquerdo e o AQ (alongamento quadríceps) do mesmo membro (p<0,0001; IC95%=1,16 - 2,94, d=1,00) e entre o AL (alongamento) do membro inferior direito e o AQ (alongamento quadríceps) do mesmo membro (p=0,003; IC95%= 0,65 - 2,65; d=1,16), apresentando sempre valores de repetições superiores quando o grupo muscular posteriores da coxa foi alongado passivamente.

No total da amostra foi observado diferenças significativas (p<0,0001), em todas as intervenções, em relação ao número de repetições esperadas (IC95%= -1,06 - -2,94, d=1,00; IC95%= -1,67 - -3,93, d=1,16; IC95%= -3,36 - -4,05, d=2,97; IC95%= -3,75 - 5,15, d=2,76, ALPE (alongamento posterior esquerdo), ALPD (alongamento posterior direito), AQE (alongamento quadríceps esquerdo) e AQD (alongamento quadríceps direito), respetivamente), apresentando sempre valores inferiores aos esperados sempre que foi usado o alongamento passivo. Não foram observadas diferenças significativas entre sexos.

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xiii Conclui-se assim que uma série de 30s de alongamento passivo, do músculos agonistas e antagonistas do movimento, diminuem a função muscular em ambos os sexos.

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xiv ABSTRACT

The aim of this study was to determine the effect of passive stretching on the muscular function. A twenty young people sample, of both sexes was used, with an average age of 24,15 ± 3,59 years old, these people being strength training practitioners for over 6 months with no osteoarticular disease, or any other disease, that would prevent or be aggravated by the execution of this work. On the first day of the first week, this sample was the subject of physical evaluation (stature, body mass, estimated fat mass measurements), and the execution of the 10 maximum repetition test of each lower limb, on the knee extension exercise. 72 hours later, the retest of the former procedure was made. Afterwards, on the second week, the participants were instructed to execute the passive stretching of the right quadricep and the left posterior thigh muscle, performing only 1 series of 30 seconds for each limb (with the determined load of the 10 maximum repetitions), and thereafter they were encouraged to perform the maximum number of repetitions until muscle failure. On the third week, the same procedure was made, only this time to the right posterior thigh muscle and the left quadricep of the lower limbs, applying the same methodology as the second week.

No significant differences were noted (p>0,05) between the lower limbs (right and left), on the muscular function, when the passive stretching of the anterior and the posterior thigh muscles is used. Statistically significant differences were noted between the PS (posterior stretching) of the left lower limb and the QS (quadriceps stretching) of the same limb (p<0,0001; CI95%=1,16 – 2.94, d=1,00) and between the PS (posterior stretching) of the right lower limb and the QS (quadriceps stretching) of the same limb (p=0,003; CI95%=0,65 – 2.65; d=1,16), always presenting a larger number of repetitions when the posterior thigh muscles were passively stretched.

In the whole sample, significant differences were noted (p<0,0001), in all interventions, regarding the expected number of repetitions (CI95%= 1,06 2,94, d=1,00; CI95%= -1,67 - -3,93, d=1,16; CI95%= -3,36 - -4,05, d=2,97; CI95%= -3,75 - 5,15, d=2,76, LPS, RPS, LQS and RQS, respectively), always presenting lower values than expected whenever the passive stretching was used. No significant differences were noted between genders.

It is therefore concluded that a 30 second passive stretching session, of the movement’s agonist and antagonist muscles, decreases the muscular function on both genders.

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xv “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo a que elas se propõe.”

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas as técnicas de alongamento têm atraído as atenções de muito estudiosos e investigadores de desporto, com o objetivo de tornar claro o efeito desta estratégia na facilitação e melhoria do desempenho desportivo, na recuperação do exercício físico e na prevenção de lesões. No entanto, os efeitos decorrentes da utilização do alongamento estático permanecem extremamente controversos. Na realidade, um substancial número de estudos focados nos efeitos agudos dos diferentes tipos de alongamentos na qualidade do desempenho desportivo têm sido insuficientes para estabelecer normas indiscutíveis a adotar na preparação de atletas.

É geralmente bem aceite pela comunidade desportiva a utilização de rotinas de aquecimento, incluindo exercícios de alongamentos passivos, antes das sessões de treino e competições (Young, Elias, & Power, 2006), com a intenção de reduzir o risco de lesão e melhora de desempenho do atleta, além de serem consideradas essenciais para manter e melhorar a amplitude articular (AA) (Marek et al., 2005). A popularidade do uso desses exercícios de alongamento passivo poderá dever-se à sua facilidade de aprendizagem (ACSM, 2009) e por ser pensado, de uma forma geral, que este é menos provável provocar danos musculares (Marek et al., 2005).

Por um lado, contrariando a maioria dos que apoiam a utilização destes exercícios antes e após as sessões de treino desportivo e de melhoria da condição física, estudos apontam que o alongamento passivo executado antes do exercício não diminui o risco de ocorrência de lesão (Pope et al., 2000), e pode reduzir a capacidade de produzir força máxima e potência (Fowles, 2000; Tricoli, 2002). Igualmente, existem alguns estudos que concluíram que existe uma melhoria ou não alteração, da função muscular em exercícios de treino de força quando utilizado previamente o alongamento passivo (Behm, 2006).

Devido a esta controvérsia na literatura científica e à ampla utilização do alongamento passivo como forma de aquecimento e de relaxamento durante sessões de exercício físico, em contexto desportivo e de melhoria da condição física, torna-se pertinente verificar o efeito do alongamento passivo na função muscular, ou seja, se interfere ou não na capacidade de gerar tensão, no treino de força.

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2 1.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral no presente estudo é observar o efeito do alongamento passivo na função muscular.

1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

Especificamente, os objetivos centram-se em analisar a função muscular dos músculos agonistas e antagonistas do movimento de extensão e flexão dos joelhos em ambos os sexos.

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3 CAPÍTULO 2

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4 2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 FORÇA MUSCULAR

A qualidade de vida tem sido relacionada com o hábito da realização de exercício físico e atividades desejadas sem riscos para a integridade do organismo de cada ser humano. Nesse sentido, a força é uma aptidão física básica necessária para a saúde do indivíduo e consequentemente para a melhora de qualidade de vida, principalmente porque força muscular tem sido reportada como uma capacidade essencial para a independência funcional da vida diária (ACSM, 2014)

A força muscular é uma característica mecânica do movimento, que é traduzida pela capacidade muscular exercida contra uma resistência e envolve a integridade de fatores fisiológicos e mecânicos que determina a força no movimento em particular. Contudo a sua definição tem sido difícil e pouco consensual. Desde logo, por não existir uma só manifestação de força muscular e diferentes formas de análise (Vilaça-Alves et al., 2013). A forma que nos parece mais abrangente e consensual é a de (Vilaça-Alves et al., (2013) em que força muscular “é a capacidade do sistema neuromuscular gerar tensão sobre determinadas condições específicas, podendo essas condições ser a posição do segmento corporal ou do próprio corpo, o tipo de ação muscular (isométrica, concêntrica, excêntrica e pliométrica), o movimento que serve de aplicação à força e a velocidade de execução do movimento”.

2.2 CARATERIZAÇÃO E FUNÇÕES DO SISTEMA MUSCULAR

De acordo com Alter (2004) a função primária do tecido muscular é a produção de movimento através da capacidade de contrair e desenvolver tensão. Os músculos estão ligados aos ossos por tendões. O lugar onde um músculo se liga a um ponto num osso é denominado de origem, e o final do músculo que se move com o osso é conhecido por ser a inserção. Quando um músculo se encontra em contração, desenvolve tensão que é transmitida aos ossos pelos tendões, provocando movimento, e, por conseguinte, o movimento é causado pela interação dos sistemas muscular e esquelético.

Seeley et al. (2003) descrevem as principais funções dos músculos, nomeadamente: movimento corporal (a maior parte dos músculos esqueléticos liga-se a ossos, dependendo do controlo consciente e é responsável pela maioria dos movimentos

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5 do corpo, incluindo andar, correr e manipular objetos); manutenção da postura (os músculos esqueléticos mantém constantemente o tónus, o que permite ficar sentado ou em pé); respiração (os músculos do tórax são responsáveis pelos movimentos necessários à respiração); produção de calor corporal (da contração dos músculos esqueléticos resulta calor, que é crítico para a manutenção da temperatura corporal); comunicação (os músculos esqueléticos estão envolvidos em todos os aspetos da comunicação, como o falar, escrever à mão ou à máquina, os gestos ou a expressão facial); constrição de órgãos e vasos (a contração do músculo liso nas paredes dos órgãos internos e dos vasos provoca a constrição destas estruturas. Esta mesma vai deslocar e misturar os alimentos e a água ao longo do tubo digestivo, expulsando as secreções glandulares através dos canais, regulando assim o fluxo nos vasos sanguíneos); e o batimento cardíaco (a contração do músculo cardíaco provoca o batimento cardíaco e bombeia o sangue para todas as partes do corpo).

2.2.1 PROPRIEDADES DO MÚSCULO

O músculo em si é caraterizado através de quatro caraterísticas funcionais fundamentais: contratilidade, excitabilidade, extensibilidade e elasticidade (Seeley et al., 2003).

A contratilidade, descreve-se na capacidade que o músculo tem de se contrair, produzindo uma determinada força. Quando existe uma contração, o músculo move as estruturas a que está ligado ou aumenta a pressão no interior de um órgão oco ou vaso. Mesmo que o músculo encolha forçadamente durante a contração, o alongamento é passivo, ou seja, a gravidade, a contração de músculo antagonista ou a pressão de um líquido num órgão oco ou vaso produzem uma força que atua no músculo encurtado, fazendo-o alongar-se. A excitabilidade, é a capacidade que o músculo tem para responder a um estímulo. Normalmente, os músculos esqueléticos contraem-se em consequência da estimulação pelos nervos. O músculo liso e o músculo cardíaco podem contrair-se sem estímulo exterior, mas também respondem a estimulação por nervos e hormonas. A extensibilidade, significa que o músculo pode ser estirado até ao seu normal comprimento em repouso e, em dado grau, para lá desse comprimento. A elasticidade, significa que, depois de serem estirados, os músculos retornam ao seu comprimento em repouso original (Seeley et al., 2003).

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6 2.2.2 TIPOS DE TECIDO MUSCULAR

Existem três tipos de tecido muscular: esquelético, liso e cardíaco (Seeley et al., 2003). O músculo esquelético (Fig.1) com o tecido conjuntivo associado compreende cerca de 40% do peso do corpo, e é responsável pela locomoção, expressão facial, postura, movimentos respiratórios e muitos outros movimentos corporais. As suas funções dependem em grande parte do controle voluntário ou consciente pelo sistema nervoso. O músculo liso (Fig.2) é o tipo de músculo mais difusamente distribuído no corpo humano e é aquele que executa maior variedade de funções, como: impelir a urina através das vias urinárias, misturar os alimentos no estômago e intestino, dilatar e contrair a pupila e regular o fluxo do sangue nos vasos sanguíneos. O músculo cardíaco (Fig.3) encontra-se apenas no coração e as suas contrações constituem a mais importante força propulsora do sangue no sistema circulatório. Ao contrário do músculo esquelético, o músculo cardíaco e muitos músculos lisos são auto-rítmico, isto é, contraem-se espontaneamente em intervalos aproximadamente regulares, sem que seja sempre necessária a estimulação nervosa ou hormonal para essa contração. Para além do mais, e ao contrário do músculo esquelético, os músculos liso e cardíaco não estão sob controle consciente direto. Pelo contrário, são controlados involuntariamente, ou inconscientemente, pelo sistema nervoso autónomo e pelo sistema endócrino (Seeley et al., 2003).

FIGURA 1.MÚSCULO ESQUELÉTICO

FIGURA 2.MÚSCULO CARDÍACO

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7 2.2.3 ESTRUTURA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO

Os músculos esqueléticos são compostos por fibras musculares esqueléticas, associadas a pequenas quantidades de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e nervos. As fibras musculares esqueléticas são células musculares esqueléticas. Cada fibra muscular esquelética é uma célula cilíndrica única contendo diversos núcleos localizados à periferia da fibra, junto da membrana celular. As fibras musculares desenvolvem-se a partir de células multinucleadas menos diferenciadas, chamadas mioblastos. Estes convertem-se em fibras musculares quando as proteínas contráteis se acumulam no seu citoplasma. Pouco após a formação dos mioblastos, os nervos crescem para dentro da zona onde aqueles se formam e inervam as fibras musculares em desenvolvimento (Seeley et al., 2003).

O número de fibras musculares esqueléticas mantém-se relativamente constante após o nascimento. Por isso o alargamento, ou hipertrofia, dos músculos após este marco não resulta de um aumento significativo do número de fibras, mas sim de um aumento do seu tamanho. Semelhante, a hipertrofia muscular em resposta ao exercício é mais devida a um incremento do tamanho das fibras musculares do que ao aumento do seu número (Seeley et al., 2003).

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8 2.2.4 TECIDO CONJUNTIVO

Designadamente sarcolema, que envolve cada fibra muscular, é uma lâmina externa composta, principalmente por fibras reticulares e é produzida pela fibra muscular. A camada localizada mais externamente, e que envolve todo o músculo intitulada de epimísio (Powers e Howley, 2001). Ao seccionar o epimísio observa-se pequenos feixes de fibras envolvidas por uma bainha de tecido conjuntivo. Estes mesmos nominam-se de fascículos. A bainha de tecido conjuntivo que circunda cada fascículo é chamada por perimísio. No que concerne ao perimísio, observa-se fibras musculares, que são as células individuais dos músculos, apresentando por um tamanho extremamente reduzido. Cada uma destas fibras é recoberta por uma bainha de tecido conjuntivo, ou seja, o endomísio (Wilmore et al., 2008).

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9 2.2.5 FIBRAS MUSCULARES

Os múltiplos núcleos de cada fibra muscular encontram-se imediatamente sob o sarcolema, enquanto que a maior parte interior da fibra está preenchida por miofibrilas. Cada miofibrila é uma estrutura filamentosa, com um diâmetro aproximado de 1 a 3mm, que se estende de uma extremidade do músculo para a outra. Estas são compostas por duas espécies de filamentos proteicos chamadas miofilamentos. Os miofilamentos de actina, ou miofilamentos finos, têm aproximadamente 8 nanómetros (nm) de diâmetro e 1000nm de comprimento, enquanto que os miofilamentos de miosina, ou miofilamentos grossos, têm cerca de 12 nm de diâmetro e 1800 nm de comprimento. Na própria molécula de actina, estão localizadas outras duas proteínas muito importantes, a troponina e a tropomiosina. Estas duas representam uma pequena parte do músculo, no entanto têm um papel fundamental na regulação do processo de contração do músculo (Wilmore et al., 2008).Estas duas organizam-se em unidades altamente organizadas chamadas sarcómeros, que se unem topo a topo para formar miofibrilas (Seeley et al., 2003). As cabeças de miosina têm três propriedades importantes: 1) podem ligar-se a sítios ativos nas moléculas de atina, formando pontes cruzadas; 2) A cabeça liga-se à porção cilíndrica da molécula de miosina por uma zona encurvada que se pode dobrar e estreitar durante a contração; 3) As cabeças têm atividade ATPase, atividade enzimática que desdobra a adenosina trifosfato (ATP), libertando energia.

As miofibrilas ainda podem ser subdivididas por segmentos designados de sarcómeros. Estes dividem-se entre si por uma fina camada de proteínas estruturais, ou seja, linha Z. O sarcómero possui uma porção escura, a banda A, onde se localizam os filamentos de miosina, enquanto que os filamentos de actina localizam-se principalmente na região clara do sarcómero, a banda I. No centro do sarcómero, encontra-se uma porção do filamento de miosina sem a sobreposição da actina. Esta área central é denominada de zona H (Powers e Howley, 2001).

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10 2.2.6 MODELO DO DESLIZAMENTO DOS FILAMENTOS

O modelo do deslizamento dos filamentos para a contração muscular é pormenorizado por todas as etapas que resultam no deslizamento dos miofilamentos de actina sobre os miofilamentos de miosina para encurtar os sarcómeros das fibras musculares (Seeley et al., 2003). Os miofilamentos de actina e miosina não mudam de comprimento durante a contração do músculo esquelético. Em vez disso, os miofilamentos de actina e miosina deslizam ao longo uns dos outros de uma forma que leva ao encurtamento do sarcómero. Tal encurtamento é o responsável pela contração dos músculos esqueléticos. Quando os sarcómeros encurtam, as miofibrilas, que consistem em sarcómeros unidos topo a topo, encurtam. As miofibrilas estendem-se ao longo das fibras musculares e, quando encurtam, encurtam as fibras musculares. Os feixes musculares são constituídos por fibras musculares e os músculos são constituídos por feixes musculares. Por esta razão, quando os sarcómeros encurtam, as miofibrilas, as fibras musculares, os feixes e os músculos encurtam, produzindo a contração muscular (Seeley et al., 2003).

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11 2.2.7 CONTRAÇÃO MUSCULAR

A contração muscular é o encurtamento de um músculo em resposta a um estímulo que causa um potencial de ação em uma ou mais fibras musculares. É caraterizada por duas fases: o período de tempo entre a aplicação do estímulo ao neurónio motor e o início da contração é a fase de latência ou de demora; o tempo durante o qual ocorre a contração é a fase de encurtamento; e o tempo durante o qual ocorre o relaxamento é a fase de relaxamento. O potencial de ação é um fenómeno elétrico, sendo medido em milivolts (mV) e completa-se em menos de 2 milissegundos. Já a contração é um fenómeno mecânico, onde se mede como uma força, também chamada de tensão e traduz-se no número de gramas levantado ou na distância de encurtamento muscular, podendo chegar a necessitar de 1 segundo para ocorrer (Seeley et al., 2003).

2.2.8 TIPOS DE AÇÕES MUSCULARES

Existem três tipos de ações musculares. Nas ações isométricas não muda o comprimento do músculo, mas aumenta a quantidade de tensão durante o processo de contração. Nas ações isotónicas, a quantidade de tensão produzida pelo músculo é constante durante a contração, mas o comprimento do músculo altera-se.

Contrações concêntricas são contrações isotónicas nas quais a tensão do músculo é suficientemente grande para vencer a resistência que se lhe opõe, resultando de um encurtamento do músculo. Ações excêntricas são contrações igualmente isotónicas em que a tensão é mantida, mas a resistência que se lhe opõe é tal que o músculo aumenta de comprimento (Seeley et al., 2003).

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12 2.3 MÚSCULOS AGONISTAS E ANTAGONISTAS

A maior parte dos músculos funciona como elementos de um grupo funcional, que desempenham movimentos específicos.

Designa-se por músculo agonista aquele que provoca ação quando se contrai, e músculo antagonista aquele que trabalha em oposição a outros músculos, movendo uma estrutura no sentido oposto (Seeley et al., 2003). Por exemplo, no presente estudo, os músculos agonistas do movimento de extensão do joelho os quadríceps (reto femoral, vasto intermédio da coxa, vasto lateral da coxa e vasto medial da coxa) e os músculos antagonistas os posteriores da coxa (bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso). Por sua vez, os músculos que desempenham uma ação de estabilização do movimento são os sinergistas (Seeley et al., 2003).

FIGURA 7.MÚSCULOS AGONISTAS -QUADRÍCEPS

FIGURA 8.MÚSCULOS ANTAGONISTAS -

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13 3. FLEXIBILIDADE /AMPLITUDE ARTICULAR

“A flexibilidade é simplesmente o resultado do alongamento” (Alter, 2004). A flexibilidade é considerada uma capacidade física do ser humano. Contudo, a atribuição deste nome à capacidade de se mover uma estrutura articular dentro das suas capacidades máximas não coincide com o significado da palavra “flexibilidade” no dicionário de Língua Portuguesa e pode levar a interpretações erróneas do próprio fenómeno. Vejamos, no dicionário de Língua Portuguesa, flexibilidade é descrito como “qualidade daquilo que é flexível”, sendo algo “que se dobra ou verga facilmente sem quebrar”. Todavia, o sistema muscular não é flexível, apenas apresenta amplitude articular, tal como o próprio músculo só é flexível fora do corpo humano. O músculo, no corpo humano, tem as propriedades de extensibilidade, elasticidade, excitabilidade e contratilidade, como referimos anteriormente, e estas em conjunto ajudam o corpo a movimentar-se. Ao dar ao músculo uma propriedade que ele não possui (flexibilidade) estamos a criar alguma confusão no entendimento do processo pelo qual uma articulação, ou conjunto de articulações, do corpo humano se movimentam com determinada amplitude. Pois essa amplitude não depende de uma propriedade de o músculo não possui no corpo humano mas sim de causas multifatoriais, tais como: i) as estruturas anatómicas ósseas, musculares e articulares; ii) as diferentes propriedades do músculo (extensibilidade, elasticidade, excitabilidade e contratilidade); e iii) a forma como o sistema neuromuscular gera tensão para mover uma articulação, ou conjunto de articulações, para permitir determinada amplitude articular, desde logo a ação concertada entre os músculos agonistas, antagonistas e sinergistas desse movimento. Assim, para melhor descrever esta capacidade física, deixámos de atribuir o nome de “flexibilidade” e passamos a chamar de amplitude articular.

A amplitude articular é algo tão inerente ao ser humano quanto o próprio movimento. Todos os meios de expressão humana, como falar, dançar, correr, escrever, pintar, entre tantos outros, se dão por meio da movimentação. O mover-se está intimamente ligado à vida e à respetiva qualidade, pois esta tem sido relacionada com o hábito de realizar as atividades desejadas sem riscos para a integridade do organismo. Neste sentido, força muscular e amplitude articular são aptidões básicas necessárias para a saúde do individuo, e fundamentais para a independência funcional da vida diária.

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14 Segundo ACSM (2014) a flexibilidade é a habilidade de mover uma articulação através da sua amplitude de movimento. Carateriza-se como uma qualidade física a partir da qual um indivíduo é capaz de realizar o movimento de uma articulação ou série de articulações em toda amplitude articular dentro dos limites anatómicos e sem risco de lesão (Dantas, 2005). Esta é dependente de diferentes fatores, tais como a herança genética, idade, sexo e estilo de vida (Júnior, 2004; Freitas, 2010). A nível de hereditariedade, os índices de amplitude articular herdada rondam os 48% e os 91% (Júnior, 2004). Associado com o estilo de vida, é sugerido que os níveis de amplitude articular diminuam com o envelhecimento (Júnior, 2004). Referente à idade, esta diminuição poderá ter causa em alterações histológicas e neurais, detalhadamente no aumento da rigidez do tecido conjuntivo intra-muscular e uma desenervação e perdas das fibras musculares (Júnior, 2004; Freitas, 2010). Alusivo aos sexos, o sexo feminino apresenta índices mais elevados de amplitude articular em todas faixas etárias contraposto ao sexo masculino. Esta circunstância pode ser explicada pelas diferenças hormonais e histológicas, porém ambos os sexos possuem atividades motoras diferentes, principalmente durante a infância e a adolescência (Júnior, 2004). Conforma o estilo de vida, Feland et al., (2001) em estudo sobre alongamento realizado com idosos, verificaram que, quanto mais ativa é a pessoa, maior sua amplitude de movimento. Para este autor, a manutenção da amplitude articular é importante para melhorar a qualidade do movimento, possibilitando realizá-lo em grandes amplitudes, reduzindo os riscos de lesões musculares e articulares e potencializando o controlo motor e a ação mecânica.

3.1 AMPLITUDE ARTICULAR

A amplitude articular é classificada quanto a sua localização em geral e específica, sendo a primeira quando é observada em todos os movimentos do indivíduo englobando todas as articulações e a segunda referente a um ou alguns movimentos realizados em determinadas articulações (Dantas, 2005).

A origem da força que promovem o movimento em determinada amplitude articular determina a classificação da mesma em ativa e passiva. Sendo a ativa quando é o próprio indivíduo que gera a tensão de forma concertada para realizar o movimento na amplitude desejada e a passiva a amplitude de movimento possível da articulação obtida por meio da atuação de forças externas (Dantas, 2005; Seeley et al., 2003).

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15 A existência ou não de movimento também serve para classificar a amplitude articular, classificando-a em estática e dinâmica, sendo a primeira a amplitude de movimento em que se consegue suster durante determinado tempo, um segmento ou determinado grupo de segmentos, do corpo humano numa posição fixa. Contrariamente a dinâmica qualifica-se pela capacidade de amplitude do movimento de uma articulação durante o movimento de um segmento ou conjunto de segmentos do corpo humano.

Para além destas, Dantas (2005) acrescenta a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP), cujo método é baseado no acionamento do fuso muscular durante a primeira fase, que ira provocar uma contração voluntária. Logo após este acontecimento, o individuo somará a essa contração a sua contração volitiva, acionando o órgão tendinoso de Golgi, o que provocará um relaxamento reflexo, podendo resultar num aumento da amplitude articular. Esta técnica também pode ser qualificada de método misto que consiste em três fases: primeira fase seria a fase de mobilidade do segmento corporal até ao seu limite de amplitude; a segunda fase da realização de uma contração isométrica máxima durante seis segundos; e por último a terceira fase de alongamento do movimento além do limite original.

A amplitude de movimento é medida em radianos ou graus, visto que as articulações de deslocam em movimentos de rotação. São utilizados diversos protocolos e específicos para cada articulação e direção do movimento, havendo valores normativos (ACSM, 2014).

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16 4. ALONGAMENTO

O alongamento é uma técnica que usualmente é utilizada para melhorar a amplitude articular por meio da elasticidade muscular, ao colocar o músculo alongado além do seu tamanho habitual (Kubo et al., 2001). Ademais é considerada uma manobra terapêutica manuseada para o incremento da mobilidade dos tecidos moles, de forma a promover o aumento do comprimento das estruturas que tiveram encurtamento adaptativo (Kisner e Colby, 2005). Posto isto, também pode ser definido como um procedimento para aumentar a extensibilidade músculo-tendinosa e do tecido conjuntivo periarticular, contribuindo para a amplitude do movimento. Alguns autores defendem que o alongamento induz uma maior elasticidade das propriedades visco-elásticas das unidades musculo-tendinosas, onde o aumento do comprimento conseguido pode incrementar a quantidade de energia elástica armazenada, promovendo uma melhor economia de movimento (Kubo et al., 2001).

São três as mais comuns variações de alongamento: alongamento dinâmico (Fig.9); alongamento estático (Fig.10) e facilitação neuromuscular propriocetiva (PNF) (Fig.11) (Amako et al., 2003). No que diz respeito ao alongamento dinâmico, este envolve o uso de balanço ou movimentos aleatórios para alongar determinado grupo muscular (Amako et al., 2003). Já o alongamento estático é uma técnica na qual os músculos e tecidos conjuntivos que estão a ser estirados, são mantidos em posição estacionária, no maior comprimento possível, por um determinado período. É uma ação que provoca distanciamento das inserções musculares através de uma força externa ao músculo alongado, sem recurso à contração voluntária dos músculos agonistas desse movimento. As recomendações da ACSM (2014) são variáveis, sendo 2 a 4 repetições diárias, de 10 a 60 segundos de duração, após pesquisas terem concluído que durações superiores a esta última, aumentavam os efeitos negativos deste tipo de alongamento. O alongamento estático pode ser o resultado de uma contração muscular estática ou assistida pela gravidade, um parceiro, ou por aparelhos. É principalmente caraterizado pela existência de pouco ou nenhum movimento, velocidade baixa de execução, o que permite um controlo elevado.

Referente ao terceiro tipo de alongamento, ou seja, a PNF, é um método que é baseado no acionamento do fuso muscular durante a primeira fase, que irá provocar uma contração voluntária. Logo após, o indivíduo somará a essa contração a sua contração volitiva, acionando o órgão tendinoso de Golgi, que irá provocar um relaxamento reflexo,

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17 evitando a ação do fuso neuromuscular (FNM), para obter maiores amplitudes de movimento (Hall & Brody, 2001). Existe uma contração da musculatura antagonista ou, ainda, uma sequência combinada de contrair-relaxar-contração do antagonista (Hall & Brody, 2001).

FIGURA 9.ALONGAMENTO DINÂMICO

FIGURA 10.ALONGAMENTO ESTÁTICO

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18 4.1 UTILIZAÇÃO DO ALONGAMENTO PASSIVO

O alongamento passivo é uma técnica usual de alongamento altamente aplicada antes dos treinos e competições (Young, 2007) sendo frequentemente usado em associação a um movimento de liberação e para alcançar o comprimento máximo do músculo. É a técnica mais comum para o incremento da amplitude articular (ACSM, 2014). Tal popularidade se dá devido à facilidade de aprendizagem e eficácia, e por ser pensado, de uma forma geral, que este é menos provável provocar danos musculares (Beedle & Mann, 2007). Este tipo de alongamento tem sido recomendado por organizações profissionais, como a Sports Medicine Australia, para reduzir a tensão muscular, aumentar o grau de liberdade do movimento e a amplitude articular a curto-prazo, além de reduzir o risco de lesões nos músculos e tendões e melhorar o desempenho desportivo (Young, 2007).

O único motivo pela qual o alongamento passivo ainda é visto como um ritual importante antes da atividade física, deve-se à crença de que este reduz a probabilidade de lesões sequenciais, prevenindo a distensão dos músculos e tendões. Esta convicção é baseada na ideia de que uma unidade músculo tendinosa é menos extensível sem alongamento, posto isto, traduz numa menor tolerância ao estiramento (Kovacs, 2006). Como Behm et al. (2016) declaram: “O alongamento passivo estático é considerado um método efetivo para aumentar a amplitude de movimento, habitualmente pensa-se que melhora o desempenho e reduz a incidência de lesões. É, por isso, o comummente executado em rotinas pré-atividade”.

No alongamento estático, o músculo é estirado lentamente até alcançar o comprimento desejado, ou atingir o ponto de sensação dolorosa ou desconforto mínimo (sendo estes indicados pelo sujeito), envolvendo um relaxamento passivo voluntario enquanto a musculatura está a ser alongada (ACSM, 2014). Uma das vantagens do alongamento em questão face aos outros tipos de alongamento prende-se nos factos de: redução do perigo de ultrapassar os limites da extensibilidade tecidual; utilização de menos força global e de menor probabilidade de dores musculares (Hall & Brody, 2001). Em conformidade com Magnusson et al., (2000), o alongamento estático é desenvolvido por meio de alongamento do músculo alvo para dar um comprimento (fase dinâmica) ao qual este é mantido por determinado período de tempo (fase estática) antes de retornar à sua posição inicial. Nas fases dinâmica e estática, o comportamento passivo

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19 muscular constitui um comportamento viscoelástico, ou seja, combina propriedades associadas à taxa de viscosidade e propriedades dependentes da carga elástica.

ACSM (2009) recomenda que a realização do alongamento seja antes e/ou após a prática de atividade física. Todavia, a entidade, assim como Kovacs (2006) referem que o alongamento após o treino pode ser mais adequado para modalidades em que potência, resistência e força muscular sejam relevantes para o desempenho. Ao invés, Church et al. (2001) propõem que em atividades que envolvam movimentos que solicitam uma elevada potência muscular, deve-se minimizar a quantidade de alongamento desenvolvido antes das atividades.

4.2 EFEITOS DO ALONGAMENTO NO EXERCÍCIO

Independentemente de a prevalência de atletas que não abdicam das rotinas de alongamento antes do exercício físico, existe uma escassez de evidências empíricas que demonstram que esta técnica eleve a performance desportiva (Kovacs, 2006; Behm, 2004). Posto isto, qualquer redução significante na capacidade de gerar força máxima após alongamento é um achado relevante. O alongamento influencia a rigidez músculo tendínea, assim como os mecanismos neurais que possam, positivamente ou negativamente, afetar o desempenho neuromuscular, dependendo da natureza da atividade (Behm et al. 2004). Algumas literaturas sugerem que o alongamento estático seja mais eficiente do que o alongamento dinâmico no que se refere ao aumento da amplitude articular em indivíduos não lesionados (O’Sullivan et al., 2009).

Nas ações de alongamento-encurtamento, os músculos que controlam o movimento tornam-se ativos durante a fase excêntrica, dando aumento a uma liberação de força inicial ao início da fase concêntrica maior do que em um movimento similar desenvolvido sem um prévio contra-movimento (Cornwell et al., 2001). Dadas estas discrepâncias, o alongamento antes das atividades físicas pode ter um efeito diferente sobre o desempenho de habilidades que empregam o ciclo alongamento-encurtamento comparativamente a aqueles que não empregam (Cornwell et al., 2001).

No estudo de O’Sullivan et al., (2009) os efeitos do alongamento foram significativamente reduzidos após 15 minutos, mas a amplitude articular permaneceu significativamente maior do que o valor inicial, permanecendo consistente na reavaliação 24 horas mais tarde. Consoante Reisman et al., (2005) posteriormente ao alongamento, a

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20 tensão passiva recupera-se lentamente dentro dos seguintes 50-60 minutos para recuperar o seu nível anterior.

Redução da tensão muscular passiva pode ser apontada como uma consequência de um alongamento ou aquecimento (Reisman et al., 2009). Igualmente em um estudo prévio, concluíram que o alongamento reduz a tensão passiva, beneficiando na diminuição de rigidez e dor (Reisman et al., 2005).

Um crescimento de estudos nesta área especifica têm demonstrado que o alongamento estático pode ser prejudicial para o desempenho de um músculo, se for executado de forma excessiva, gerando a necessidade de reavaliação do protocolo de alongamento adotado (Church et al., 2001).

Mesmo tendo em consideração toda a informação, os efeitos do alongamento passivo permanecem contraditórios, pois são os inúmeros fatores que influenciam os resultados, nomeadamente as variações na metodologia e nos protocolos adotados pelos investigadores, a duração, volume, intensidade, períodos de recuperação dos testes, os exercícios particulares de alongamentos feitos por cada individuo e os indicadores de desempenho, além da idade, sexo e experiência desportiva dos atletas (Young, 2007; Behm et al., 2004).

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21 5. ANÁLISE BIOMECÂNICA E DESCRIÇÃO DO MOVIMENTO DE

EXTENSÃO DO JOELHO

A articulação do joelho é classificada como uma articulação troclear modificada, localizada entre o fémur e a tíbia. Considera-se uma articulação bi-condiliana que permite a flexão, extensão e uma pequena rotação da perna.

Na flexão e extensão de joelho, a flexão desloca a perna para uma direção posterior e a extensão a desloca para uma direção anterior.

FIGURA 12.EXTENSÃO E FLEXÃO DO JOELHO

A estrutura do joelho para além de permitir a mobilidade necessária para as atividades de locomoção, possibilita a sustentação de enormes cargas. A extensão do joelho é um dos principais exercícios que isola o grupo muscular quadríceps femoral. O mesmo movimento no aparelho denominado usualmente por “extensora de pernas” é de natureza angular de cadeia cinética aberta, realizado em direção à frente do corpo, no plano sagital e no eixo transversal.

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22 Os músculos que compõem o quadríceps, representados pelo reto femoral, vasto lateral, vasto intermédio e vasto medial, são os extensores da articulação do joelho. Já os músculos posteriores da coxa são constituídos pelo bicípite femoral, semimembranoso e o semitendinoso.

FIGURA 13.MÚSCULOS ANTERIORES DA COXA

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23 CAPÍTULO 3

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24 6. METODOLOGIA

6.1 CARATERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES E AMOSTRA

A amostra foi constituída por 20 jovens, de ambos os sexos, praticantes de força há mais de 6 meses e sem nenhuma doença osteoarticular, ou outra qualquer, que impedisse ou fosse agravada pela realização do presente estudo.

As medidas antropométricas, idade e da percentagem de gordura corporal estimada (G) podem ser observadas na tabela 1.

TABELA 1.MÉDIA ±PADRÃO DAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS, IDADE, PERCENTAGEM DE GORDURA ESTIMADA (G) E VALORES DE 10RM NOS EXERCÍCIOS DE EXTENSÃO DO JOELHO (EXJ), EM AMBOS OS MEMBROS, DOS PARTICIPANTES NO PRESENTE ESTUDO

Variáveis Masculino (n=10) Feminino (n=10) Total

Idade (anos) 25,10±3,35 23,20±3,74 24,15±3,59 Massa Corporal (kg) 82,40±10,15 57,50±7,31** 69,95±15,40 Estatura (cm) 179,90±7,14 163,90±5,88** 171,90±10,39 G (%) 12,01±3,03 17,95±3,31! 14,98±4,34 EXJ Direito (kg) 51,50±11,33 28,00±5,14** 39,75±14,79 EXJ Esquerdo (kg) 51,00±11,98 28,20±4,68** 39,60±14,68 ** P<0,0001 ENTRE OS SEXOS.

Os voluntários foram recrutados conforme a sua disponibilidade, todavia para a inclusão destes na pesquisa era necessário:

1. possuir idade entre os 18 e 30 anos;

2. ser ativo e praticante de treino de força há mais de 6 meses e sem nenhuma patologia osteoarticular, ou outra que agravasse com a realização da investigação.

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25 6.2 INSTRUMENTOS FICHA DE ANAMNESE DADOS PESSOAIS Nome: ___________________________________________ Idade: _______________ Contato: _____________________ e-mail: ___________________________________ DADOS DO QUOTIDIANO

Há quanto tempo treina musculação? _____________________

Nº treinos semanais: ____________ Tempo (duração) de treino: ____________

DADOS CLÍNICOS

Tem alguma patologia osteoarticular? __________________

AVALIAÇÃO FÍSICA

Peso: __________ Altura: __________ Percentagem de gordura estimada: __________

Valor Teste 10RM - EXJ Direito (kg): ___________ EXJ Esquerdo (kg): __________

Valor Re-teste 10RM – EXJ Direito (kg): __________ EXJ Esquerdo (kg): __________

Data: ___/___/___

Assinatura: ____________________________________________ FIGURA 15.FICHA DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL

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FIGURA 16.CADEIRA DE EXTENSÃO DA PERNA - VISTA ANTERIOR

FIGURA 17.CADEIRA DE EXTENSÃO DA PERNA - VISTA LATERAL

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27 6.3 TESTE DE 10RM

Os indivíduos foram submetidos a dois testes de 10RM (teste e re-teste) no exercício de extensão de joelho, respeitando um intervalo de 72horas entre os testes. Para verificar o efeito do alongamento passivo na função muscular, os testes de 10RM foram antecedidos a dois protocolos de alongamento.

O teste de 10RM foi executado, inicialmente, com a carga habitual utilizada nas sessões de treino de cada voluntário. Nas tentativas de 10RM, o intervalo fixado entre cada membro inferior foi de cinco minutos. O teste foi interrompido a partir do momento em que os sujeitos foram impossibilitados de desempenhar o movimento completo ou quando ocorreram falhas concêntricas voluntárias em 10RM.

Para avaliação de 10RM, o indivíduo deveria mobilizar uma carga que o impossibilitasse de realizar mais do que 10RM em regime de falha muscular concêntrica voluntária. Foi colocado um metronome digital para marcar a cadência, ou seja, a 60bpm, com intervalo de cinco minutos entre cada membro inferior.

Com o objetivo de reduzir a margem de erro no teste de 10RM, os sujeitos foram instruídos a realizar os seguintes procedimentos:

a) Foram fornecidas instruções padronizadas antes do teste, de maneira que o avaliado estava ciente de toda a rotina que envolvia a coleta de dados;

b) Os indivíduos em avaliação foram informados sobre a técnica de execução do movimento;

c) O avaliador estava atento quanto à posição adotada pelo avaliado durante a coleta de dados.

Para melhor descrição do movimento, foram estabelecidas as seguintes etapas de execução: posição inicial, fase concêntrica e fase excêntrica.

Posição inicial: indivíduo sentado, com braços apoiados na cadeira extensora, atrás e um pouco abaixo da posição do quadril. O joelho encontra-se em flexão para começo do movimento de extensão (Fig.19).

Fase concêntrica: Seguindo da posição inicial realizou-se a extensão de joelhos até o ângulo de 90º entre coxa e perna (Fig.20).

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28 No primeiro dia, foram recolhidas as medidas antropométricas (altura, peso, idade, massa gorda, massa muscular) e o teste de 10RM. Após 72horas procedeu-se ao re-teste, e a maior carga obtida em ambos foi utilizada para os procedimentos com alongamento.

FIGURA 19.POSIÇÃO INICIAL

FIGURA 20.FASE CONCÊNTRICA

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29 6.4 PROTOCOLO DE ALONGAMENTO

O protocolo consistia na aplicação de dois exercícios de alongamento, realizados de forma passiva até ao limiar subjetivo de dor, ou seja, os alongamentos eram executados até os voluntários começarem a sentir demasiado desconforto na técnica.

Na segunda semana da presente investigação, os participantes foram instruídos a exercer o alongamento passivo ao quadríceps direito e posterior do lado esquerdo, nos membros inferiores. Na terceira semana, completaram com o mesmo procedimento contrariamente, ou seja, efetuaram o alongamento passivo ao posterior direito e ao quadríceps esquerdo das pernas, respetivamente. O alongamento foi exercido a uma intensidade moderada através do método passivo estático até ao limiar de dor de cada indivíduo, permanecendo na mesma posição durante 30 segundos.

No que diz respeito à execução do alongamento, foi o próprio avaliador que realizou o mesmo aos indivíduos. Como ilustra nas figuras seguintes, no alongamento ao quadríceps o sujeito encontra-se no solo em decúbito ventral, e o avaliador flete o membro inferior até ao limiar de dor, pressionando durante o tempo estipulado. Referente ao alongamento ao posterior, o participante encontra-se em decúbito dorsal e o avaliador faz a extensão do membro até ao limiar, comprimindo durante 30 segundos.

FIGURA 22.ALONGAMENTO PASSIVO

QUADRÍCEPS DIREITO (APQD)

FIGURA 23.ALONGAMENTO PASSIVO POSTERIOR

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30 6.5 CONTAGEM DO NÚMERO DE REPETIÇÕES

O número de repetições foi contado através de filmagem da execução das sequências de exercícios por dois avaliadores externos ao estudo e profissionais do exercício físico com especialização em treino de força. Cada avaliador fez duas contagens, separadas entre si por 24 horas, preencheram uma folha de cálculo e enviaram para o investigador principal que, por sua vez, as introduziu na base de dados para análise. No caso da existência de diferenças entre avaliadores e entre avaliações foi escolhida como valor o valor mais frequente.

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31 7. TRATAMENTO ESTATÍSTICO

A análise de todos os dados foi efetuada utilizando o software de tratamento e análise estatística “StatisticalPackage for the Social Sciences, SPSS Science, Chicago, USA” versão 21,0. Foi efetuada uma análise exploratória de todos os dados para caracterizar os valores das diferentes variáveis em termos de tendência central e dispersão. Dessa forma, todas as variáveis foram sujeitas a uma observação gráfica com o objetivo de tentar a existência de outliers e possíveis introduções incorretas dos dados. Foram, calculadas, na análise estatística descritiva, as médias e os respetivos desvios padrão de cada variável em estudo e em todos os contextos de análise planeados. Os dados foram apresentados em valores médios, respetivos desvios padrão e intervalos de confiança a 95% (IC95%). Com o objetivo de realizar a análise estatística inferencial, foi necessário avaliar a normalidade da distribuição dos dados recolhidos. Desta forma foi efetuada uma análise do tipo de distribuição através do teste de Shapiro-Wilk. Foi, igualmente, assegurada e testada a homogeneidade das variâncias através do teste de Levene. Para testar a reprodutibilidade da carga entre o teste e o reteste de 10RM no exercício de extensão joelhos e a inter e intra reprodutibilade dos avaliadores na contagem das repetições, das 4 intervenções de exercícios (ALPE, ALPD, AQE, AQD), foi utilizado o coeficiente de correlação intraclasse (ICC). Foi testada a possível existência de diferenças significativas nas variáveis estudadas entre sexos através do t-test para medidas independentes. Foi testada a possível existência de diferenças significativas nas variáveis estudadas entre grupos musculares alongados através de t-test para medidas relacionadas. Foi, igualmente, testada a existência ou não de uma alteração significativas do número de repetições no exercício de extensão do joelho, em cada intervenção utilizada, através do t-test para uma amostra, com o valor previsto de 10 repetições. A estimativa do tamanho do efeito foram apresentadas através do d de Cohen’s, em que os valores de 0,2, 0,5 e 0,8 correspondem a um tamanho do efeito pequeno, médio ou alto (Cohen, 1988). O nível de significância adotado foi de 5%.

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32 CAPÍTULO 4

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33 8. RESULTADOS

O ICC para o teste e reteste da 10RM dos exercícios de extensão dos joelhos foi de r=0,99 em ambos os membros (direito e esquerdo). Quanto a avaliação da reprodutibilidade intra-avaliador, do número de repetições para o exercício de extensão do joelho para a intervenção ALPE foi de r=0,99 e r=0,99, para a ALPD de r=0,99 e r=0,99, para a AQE de r=0,97 e r=0,97 e para a AQD r=0,97 e r=0,96 (avaliador 1 e 2, respetivamente).

Em relação a reprodutibilidade inter-avaliadores, do número de repetições para o exercício de extensão do joelho para a intervenção ALPE foi de r=0,99, para a ALPD de r=0,99, para a AQE de r=0,98 e para a AQD de r=0,99.

Foi observado uma diferença significativa entre sexos em relação às variáveis massa corporal (p<0,0001; IC95%= -16,59 - -33,21; d=2,82), estatura (p<0,0001; IC95%= -9,84 - 22,16; d=2.45) e percentagem de gordura estimada (p<0,0001; IC95%= 2,96 – 8,92; d=1,87), na 10RM na extensão do joelho do membro inferior esquerdo (p<0,0001;L IC95%= -15,23 - 31,77; d=2,67), na 10RM na extensão de joelho do membro inferior direito (p<0,0001; IC95%= -14,26 - -32,03; d=2,51) e na ALPD (p=0.012; IC95%=0,65 - 4,55; d=1,25) apresentando o sexo feminino valores inferiores na estatura, massa corporal, EXJ direito e esquerdo e superiores na percentagem de gordura estimada e no ALPD.

Não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) entre o membros inferiores (direito e esquerdo), durante o alongamento passivo dos músculos posteriores da coxa e dos quadriceps e foi observado diferenças significativas entre o ALPE e o AQE (p<0,0001; IC95%=1,16 - 2,94, d=) e entre o ALPD e o AQD (p=0,003; IC95%= 0,65 - 2,65; d=), apresentando sempre valores de repetições superiores quando o grupo muscular posteriores da coxa foi alongado passivamente.

No total da amostra foi observado diferenças significativas (p<0,0001), em todas as intervenções, em relação ao número de repetições esperadas (IC95%= -1,06 - -2,94, d=1,00; IC95%= -1,67 - -3,93, d=1,16; IC95%= -3,36 - -4,05, d=2,97; IC95%= -3,75 - 5,15, d=2,76, ALPE, ALPD, AQE e AQD, respetivamente), apresentando sempre valores inferiores aos esperados.

No sexo feminino foi observada valores significativamente inferiores aos esperados, em todas as intervenções (p=0,012; IC95%= 0,58 3,62; d=0,99; p=0,002; IC95%= -0,73 - – 2,27; d=1,39; p<0,0001, IC95%= -2,70 - -4,50, d=3,01; p<0,0001, IC95%= -3,05

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34 - -4,95, d=2,83, ALPE, ALPD, AQE e AQD, respetivamente). Em relação ao sexo masculino, apresentaram igualmente valores significativamente inferiores aos esperados, no exercício de extensão de joelho, em todas as intervenções (p=0,014; IC95%= 0,49 -3,31; d=1,00; p=0,001, IC95%= -2,15 - -6,05, d=1,50; p<0,0001, IC95%= -3,37 - -5,63, d=3,06; p<0,0001, IC95%= -3,76 - -6,04; d=2,85, ALPE, ALPD, AQE e AQD, respetivamente).

TABELA 2.MÉDIA ±DESVIOS PADRÃO DO NÚMERO DE REPETIÇÕES NO EXERCÍCIO DE EXTENSÃO DO JOELHO, EM TODAS AS INTERVENÇÕES E EM AMBOS OS SEXOS

Masculino (n=10) Feminino (n=10) Total (n=20)

ALPE 8,10±1,9! 7,90±2,13! 8,00±2,00*

ALPD 5,90±2,73! 8,50±1,08!$ 7,20±2,42*

AQD 5,10±1,60* 6,00±1,33*& 5,55±1,50*

AQE 5,50±1,58* 6,40±1,27*& 5,95±1,47*

*p<0,0001 em relação ao valor estimado (10 repetições); ! p<0,015 em relação ao valor estimado (10 repetições); $ p<0,05 entre sexos; & p<0,004 entre alongamento passivo do quadríceps e dos músculos posteriores da coxa do mesmo membro inferior; ALPE - Alongamento passivo dos músculos posteriores da coxa membro inferior esquerdo; ALPD - Alongamento passivo dos músculos posteriores da coxa membro inferior direito; AQD - Alongamento passivo do quadríceps do membro inferior direito; AQE Alongamento passivo do quadríceps do membro inferior esquerdo

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35 9. DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo foi analisar o efeito do alongamento passivo na função muscular. O principal achado deste foi que o alongamento passivo dos agonistas e antagonistas do movimento de extensão de joelho diminui a função muscular nesse movimento. Contudo, o alongamento passivo do antagonista provoca uma diminuição menos acentuada.

Na literatura existem várias investigações que corroboram com os resultados obtidos e outros que não vão de encontro aos mesmos. É clara a controvérsia relativamente ao uso do alongamento estático antecedido a sessões de treino de força. Isto ocorre, sobretudo, pela grande variação de metodologias empregadas nos trabalhos, ou seja, diferentes durações de alongamento, grupos musculares estudados, tipos de alongamento e métodos para avaliação dos resultados, por exemplo.

Corroborando com o nosso estudo, Kokkonen et al. (1998) verificaram um decréscimo médio de 8,1% no teste de uma repetição máxima no exercício de extensão de joelho, sucessivamente a um protocolo de alongamento passivo. Mais recentemente, Bacurau et al. (2009), tal como Kokkonen et al. (1998) também observaram os efeitos do alongamento passivo sobre o teste de força máxima, só que neste no exercício de leg press. Ambos os estudos chegaram à conclusão que os níveis de força foram reduzidos após a realização de alongamento passivo, porém na mais recente investigação, os níveis de força sofreram uma redução maior, de 13.4%. Mesmo utilizando uma diferente metodologia, Tricoli et al. (2002) no experimento trabalhou com 11 sujeitos do sexo masculino, onde foram submetidos a um teste de 1RM, contudo sob duas condições: com e sem exercícios de alongamento. O teste consistiu na execução completa do exercício de extensão e flexão de joelhos e da articulação coxafemural, no aparelho leg press. O grupo que realizou os exercícios de alongamento obteve resultados no teste de 1RM significativamente menores que o grupo que realizou o exercício sem alongar. Deste modo, Evetovich et al. (2003) concluíram igualmente que o alongamento estático provocou uma diminuição de rendimento na força máxima. Igualmente, demonstraram que alongamento estático (três exercícios, sendo quatro séries de 30 segundos para cada posição), realizando imediatamente antes da atividade de força, exerceu um impacto negativo na produção de força no bíceps braquial. Os autores sugerem ainda que, atividades atléticas que envolvam ações musculares máximas de membros superiores, o uso prévio do alongamento estático possa ser prejudicial para desempenho. Por sua vez,

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36 Gomes et al. (2011) verificaram o efeito do alongamento estático sobre o número de repetições máximas para as intensidades de 40, 60 e 80% de 1RM no exercício de cadeira extensora. Em concordância com o nosso estudo, o número de repetições máximas diminuiu, realçando um efeito negativo do alongamento passivo dos músculos agonistas do movimento na capacidade desses músculos gerarem tensão não só na sua forma de manifestação máxima mas, igualmente, submáxima.

Uma revisão realizada por Peck et al. (2014) analisaram 55 estudos que mediram os efeitos agudos do alongamento estático no treino de força. Averiguaram que apenas 4% dos estudos reportam efeitos positivos, 23% sem efeitos algum e 73% originam em efeitos negativos. Posteriormente, Rubini et al. (2007), igualmente num artigo de revisão, constataram que o alongamento passivo estático acarreta decrescimento a nível da força muscular, em média de 16%, valor este que vai de encontro à revisão posterior de McHugh e Cosgrave (2010) reforçam afirmando que a perda de força vai em média dos 8% aos 22%, consoante a duração do alongamento.

Inúmeros autores concluíram nas suas investigações que a diminuição da força muscular estaria associada à redução no recrutamento de unidades motoras, à maior ativação dos órgãos tendinosos de Golgi (OTG) e contribuição dos nociceptores Fowles et al. (2000). O tempo prolongado de alongamento determina acomodação das fibras, de forma a comprometer a transmissão de mensagens motoras, ocasionando deformação nos componentes plásticos musculares e redução do tónus muscular. Adicionalmente aos mecanismos neurais, questões mecânicas estariam envolvidas nesses achados (Fowles et al., 2000).

Este decréscimo na ativação das unidades motoras pode ser o responsável pela capacidade de força máxima após os exercícios de alongamento, deduzindo assim que os exercícios de alongamento antecedidos ao treino de força, não possuem benefícios fisiológicos para a melhoria do desempenho muscular (Fowles et al., 2000)

Segundo o estudo de Wilson et al. (1994), um sistema músculotendinoso mais maleável passaria por um rápido período de diminuição de comprimento, com ausência de sobrecarga, até que os componentes elásticos do sistema fossem ajustados o suficiente para a transmissão de força, colocando o componente contrátil numa posição menos favorável em termos de produção de força nas curvas de comprimento e força-velocidade. Estas afirmações vão de encontro aos de Tricoli et al. (2002) que observaram a possibilidade dos exercícios de alongamento afetarem negativamente a transferência de

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37 força da musculatura para o sistema esquelético, podendo causar, portanto, uma diminuição no rendimento.

No estudo realizado por Neto e Manffra (2009) apenas foi encontrada influência negativa para o grupo que realizou um total de 360 segundos de alongamento estático para os posteriores da coxa, sendo este resultado diferente do outro grupo avaliado cujo tempo de alongamento teve duração máxima de 180 segundos, sem influências negativas. Similarmente, Arruda et al. (2005), encontraram diminuição no número de repetições máximas no teste de 10RM, no supino reto, em um grupo que realizava 10 minutos de alongamento estático previamente à execução do teste proposto.

Num estudo de Fowles et al. (2000) mostram que a capacidade de gerar força máxima após uma rotina de alongamento pode permanecer diminuída por vários minutos. Neste, os autores presenciaram a uma diminuição de 28% no desempenho de força máxima de flexores plantares, imediatamente após a prática de um protocolo de alongamento, permanecendo reduzida até 60 minutos após a intervenção, em torno de 9%. O protocolo utilizado apresentou duração superior a 30 minutos, totalizando 13 séries de 135s cada, de forma passiva.

Ogura et al. (2007) ao avaliarem os efeitos de diferentes volumes de alongamento em homens jovens, observaram uma queda de desempenho significativa quando os mesmos foram submetidos a 60 segundos de alongamento estático para os flexores do joelho, comparados ao protocolo de 30 segundos e ao momento sem alongamento, do grupo controle. Numa revisão de Kay e Blazevich (2012) fundamentaram que o uso de tempos inferiores a 30 segundos não comprometem os níveis de força. Só é comprometido se a duração total de alongamento (número de repetições vezes a duração de cada repetição) for igual ou exceder os 60 segundos. No entanto esta afirmação não vai ao encontro da nossa investigação, pois os alongamentos só tiveram uma duração de 30 segundos e combinaram em efeitos negativos.

Seguindo o mesmo raciocínio, no estudo de Endlich et al. (2009) que teve por objetivo analisar o efeito agudo do alongamento passivo com diferentes tempos no desempenho de força dinâmica de membros superiores e inferiores aplicados em 14 homens jovens saudáveis com média de idade de 23 anos divididos em três grupos: sem alongamento, onde realizavam apenas aquecimento específico no supino e no leg press; alongamento de 8minutos, que realizava o mesmo aquecimento específico com o acréscimo de uma sessão de alongamento para membros superiores e inferiores de 8 minutos; e alongamento de 16 minutos, seguindo os mesmos procedimentos citados

Referências

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