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Em defesa da fé: práticas jurídico-religiosas no Bispado de Pernambuco (1725-1754)

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Academic year: 2021

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EM DEFESA DA FÉ: PRÁTICAS JURÍDICO-RELIGIOSAS NO BISPADO DE PERNAMBUCO (1725-1754)

Bruno Kawai Souto Maior de Melo∗

Olinda Brasiliensis Dioecesis

Em meados do século XVIII Pernambuco era um dilatado bispado, o que não era peculiaridade alguma naquele tempo. Criado em 1676, através da bula Ad Sacram Beati Petri

Sedem, sua extensão abrangia desde a foz do Rio São Francisco até o Ceará. Sufragâneo a

mitra de Olinda ainda estava o Piauí, pelo menos até 1724, quando foi transferido para a jurisdição espiritual do Maranhão. (MENDONÇA, 2011, 482).

É o bispado de Pernambuco grandiosamente dilatado: tem por termo da parte do Sul o grande Rio São Francisco, que vem do interior do sertão desaguar no oceano e vem dividindo o distrito de Pernambuco do arcebispado da Bahia metrópole dos Estados do Brasil: da parte do norte tem por termo o grande Rio Parnaiba, que também deságua no oceano, e vem correndo do sertão dividindo o dito bispado do Maranhão. Entre um e outro termo se dilata o bispado pela costa do mar mais de 250 léguas: porém subindo para o interior do sertão, como o Rio de São Francisco se vai inclinando para a parte sul, e o Parnaíba para a parte do norte, vem a mediar entre um e outro Rio atravessando pelo sertão de norte a sul mais de 400 léguas; e tudo o que medeia entre um e outro rio; pertence ao dito bispado de Pernambuco: como também tudo que vai da nascente a poente desde a Costa do mar para o interior do sertão entre um, e outro rio, e vai confinar com as índias de Espanha. Porém só 600 léguas de nascente a poente tem alguns habilitadores brancos, e as mais terras ainda se não descobriram, e são habitadas de nações de gentios bárbaros em tanta multidão, que podem competir no número com as folhas das árvores. (Relationes Diocesium, 596 Olinden).

O governo da mitra olindense foi relativamente perene, passando apenas por pequenos períodos de vacância, o que não era comum para o período.i O mais expressivo hiato governativo da diocese de Olinda se deu entre os anos de 1715 e 1725, momento posterior ao conflito conhecido como Guerra dos Mascates, onde o envolvimento do bispo de então, D. Manuel Álvares da Costa, acarretou o seu afastamento devido ao partido tomado ao lado dos olindenses. Foram sete os antistes que administraram o bispado entre os anos de 1676 e 1754, período esse conturbado para os prelados, já que dois atuaram como governadores interinos (D. Mathias de Figueiredo e D. Manuel Álvares da Costa) e dois foram obrigados a se retratar em Portugal, um dos quais foi o já citado D. Manuel, enquanto o

Mestrando em História - Programa de Pós-graduação em História - Universidade Federal de Pernambuco. Bolsista - CNPQ. Sob Orientação da professora Drª. Marília de Azambuja Ribeiro. E-mail: bruno.kawai@yahoo.com.br.

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outro fora Frei de Luis de Santa Tereza (1739-1745), que envolvido em complexa querela com o Juiz de Fora Antonio Texeira da Mata, chegou a excomungar o oficial régio.

Em 1757 o padre Domingos do Loreto Couto registrara a ampla presença da Igreja Católica na vasta extensão do território do bispado:

Tem esse bispado dois mosteiros e quatro hospícios de São Bento, oito conventos de S. Francisco, hum de religiosos barbadinhos italianos, e hum hospício de esmoleres de Jerusalem. Quatro conventos, e sinco hospícios de carmelitas reformados. Dous conventos, e hospícios de carmelitas observantes, e hum convento, e hum hospício de carmelitas descalços. Tem quatro collegios, dous seminários, e hum hospício dos padres jesuítas. Hum convento e um hospício dos pabres congregados de S. Felipe Nery. Quatro recolhimento de donzellas, e mulheres honestas, que vivem em clausura, como religiosas em seu claustro. (...) Tem sinco cazas de mizericórdias , e dous hospitaes onde são curados muitos enfermos. (COUTO, 1981, p. 188). Pernambuco desde muito cedo recebeu as tradicionais ordens religiosas que fundaram seus primeiros conventos já na segunda metade do século XVI. Dificilmente chegaríamos à cifra estimada de eclesiásticos seculares e regulares existentes na capitania, afinal, como diz Nuno Gonçalo Monteiro e Fernanda Olival (MONTEIRO; OLIVAL, 2003), com base nas dioceses principais do Reino, a facilidade com que se obtinha as primeiras tonsuras e ordens menores dificulta a disposição de estatísticas rigorosas sobre o número de religiosos atuantes.

No caso de Pernambuco, o levantamento de tais estatísticas se torna ainda mais inviável devido à quase total ausência de documentação eclesiástica do Bispado. Entretanto, se tomarmos por base a já citada visita ad sacra limina Apostolorum de 1701, verificaremos que para a freguesia de São Pedro Gonçalves, atual Recife, tínhamos em média 33 padres para uma população de aproximadamente 12.250 pessoas. No ano de 1749, quando Recife já havia sido elevado ao posto de Vila e abrigava importante elite mercantil, contabilizamos o número 163 padres para uma população média de 10.105 pessoas ii. Isso nos leva a perceber um considerável crescimento da quantidade de padres em meados do século XVIII.

O disciplinamento de seu vasto território se dava através dos tribunais e agentes eclesiásticos. Sua estrutura normativa central compunha-se de Câmara e Auditório Eclesiástico, dividindo-se em âmbito distrital em quatro comarcas: Olinda, Alagoas, Manga e Ceará, onde residiam vigários gerais que atuavam em primeira instância nas causas de natureza espiritual e temporal envolvendo eclesiásticos ou leigos. Cabia ao vigário geral de Olinda exercer a função para todo o bispado. Os demais vigários gerais, bem como os vigários de vara dos vários outros distritos, apelariam para as instâncias superiores em Olinda. O

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Bispado ainda dispunha de dois provisores, um em Olinda o outro em Manga. (COUTO, 1981, pp. 187-188).

A ação disciplinadora dos prelados pernambucanos foi constante, principalmente através das visitas diocesanas, uma das principais atribuições delegadas aos bispos nas determinações tridentinas, e que punha em ação a máquina normativa da diocese. De acordo com o Concílio de Trento, obrigava-se a todos os bispos ou alguém enviado por eles (um visitador), com certa periodicidade, a percorrer todas as freguesias da diocese disciplinando eclesiásticos e leigos.

Entre as principais obrigações e cuidados do prelado, tem o primeiro e principal lugar o ser solícito no visitar a sua diocese, porque discorrendo por todo seu bispado, e pelas paróquias dele, é como o sol que dá lustre ao mundo com o seu resplendor, limpando, aluminando, aperfeiçoando, exortando, pregando, argüindo, increpando, e explorando a vida dos ministros da igreja, sabendo se administram os sacramentos, a reverência com que se celebra o santo sacrifício da missa: aos pobres e desconsolados, consolando e remediando; assim espiritual como temporalmente, e não só com penas castigar os errados; mas adverti-los e encaminhá-los com o exemplo (...). (ANDRADE, 1673).

As visitações diocesanas tinham dois polos de ação disciplinar, o primeiro é de natureza espiritual, onde ocorria a visitação as igrejas. Averiguava-se a pia batismal, os santos óleos, imagens, relíquias, livros e alfaias, registrado-os na Câmara Episcopal. O segundo momento da visitação refere-se ação temporal. Consistia no interrogatório dos paroquianos que haviam sido levantados a partir do último rol de confessados, o que seria feito de acordo com o edital da visita, geralmente incluso ao regimento dos auditórios eclesiásticos. (Regimento do Auditório Eclesiástico do Arcebispado da Bahia, 2007).

No caso pernambucano, as visitas diocesanas foram realizadas com certa periodicidade pelos antistes. Já com o primeiro bispo, Estevão Briozo de Figueiredo (1676 -1783), teria sido realizada uma visita pastoral, em 1679, que percorreu do Rio Grande do Norte ao Ceará. (BARATTA, 1922, p. 46). A ausência total da documentação gerada pelas visitações diocesanas, que rolavam a depender de sua causa, se espiritual ou temporal, pelos órgãos eclesiásticos da diocese de Olinda, nos impossibilita de traçar um perfil confiável sobre os modelos de atuação desse mecanismo jurídico de disciplinamento, bem como, em última instância, de conhecer a própria dinâmica jurídico-administrativa do bispado, o que revela-se perda considerável para a História Eclesiástica de Pernambuco. Resta-nos os relatórios enviados pelos bispos de Pernambuco a Santa Sé, as chamadas visitas ad sacra

limina Apostolorum, prática comum entre os prelados das dioceses do mundo cristão, e que

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audiência direta com o Papa e na elaboração de um relatório informando o estado temporal e espiritual da diocese (COLLADO, 2004), que nos possibilita o entendimento, mesmo que indireto, da atuação jurídica da malha disciplinar do bispado. No atual estágio de nossa pesquisa não sabemos do deslocamento de nenhum prelado pernambucano a Roma. Comumente a fórmula “dificuldade do caminho e risco do mar” era utilizada para justificar o não deslocamento de nossos bispos, que enviavam seus relatórios através de procuradores, a exemplo do procurador Dr. Manoel Banha Quaresma, representante do bispo D. Fr. Francisco de Lima em Roma.

Vexações e Desacatos: embates jurídicos em Pernambuco.

O início do século XVIII foi marcado por consideráveis reformas na estrutura do catolicismo Português, seja pela relação quase fetichista de D. João V pelas coisas eclesiásticas e pelos atos diplomáticos, principalmente em relação a Roma, seja pelas reformas rigoristas (jacobeia e jansenismo), que produziriam profundas modificações nas concepções eclesiológicas, morais e teológicas da Igreja Portuguesa de aquém e além mar.

Em Roma, o papado buscava fortalecer seu primado no mundo cristão, não só através das tentativas de se estabelecer no oriente, rompendo assim os privilégios/direito do padroado Português (TAVARES, 2011, pp. 575-578), mas pelas ações de ratificação da primazia do pontífice em causas espirituais. Em 1713 foi assinada a bula Unigenitus, de caráter abertamente ultramontanista, preocupava-se em enfraquecer as teorias jansenistas que efervesciam na França desde o século passado, ratificando as prerrogativas papais em causas espirituais, e negando as concepções episcopalistas pregadas pelo galicanismo Francês. (SANTOS, 2007, p. 12).

Nas palavras do cardeal e inquisidor geral de Portugal, Nuno da Cunha, tal bula pregava o zelo ardente a exaltação da Fé Católica, a extirpação das heresias e dos abusos contrários à doutrina cristã. (SOUZA, 2004, p. 119). Em Portugal, ainda muito envolvido pelas ideias ultramontanas, a bula Unigenitus foi bem recebida, inclusive com juramento solene em favor da mesma na Universidade de Coimbra, com aceitação geral entre os homens da Igreja e do Estado. (SOUZA, 2005).

A aceitação da bula Unigenitus em Portugal não é o único elemento importante para o entendimento do contexto reformador pela qual a Igreja Portuguesa passou nas primeiras décadas dos setecentos. O reinado de D. João V foi marcante no que tange a relação com Roma e as coisas eclesiásticas, assim como o estreitamento entre Estado e Igreja, a começar pelos nomes que compunham o gabinete reformista das secretárias de estado reformuladas em

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1736, todos atrelados ao movimento reformista intitulado Jacobeia, eram eles: o Cardeal Mota (ministro universal dos despachos), Frei Gaspar da Encarnação e D. Nuno da Cunha (ambos secretários de gabinete). (SUBTIL, 1993, p. 160).

Nesse contexto, surge em Portugal importante movimento de caráter rigorista chamado Jacobeia, que originou-se entre os religiosos Eremitas de Santo Agostinho provenientes do Colégio da Graça de Coimbra, reunidos sob a direção espiritual de Frei Francisco da Anunciação. Logo o movimento reuniria simpatizantes entre os franciscanos, beneditinos, cistercienses, dominicanos, carmelitas e irmãos da Ordem de Cristo. (SALES, 2006, p.110). O movimento consistia em observar escrupulosamente os preceitos religiosos do catolicismo, tanto em nível do clero como entre os leigos, adequar os costumes da população à ética cristã, apregoando uma piedade mais interior do que ritualista.

Tal cartilha refletiu no provimento dos bispos de então, que a partir da década de vinte dos setecentos passam a ser escolhidos tomando por base critérios que priorizavam menos os aspectos políticos do que os religiosos, o que gerou consideráveis modificações no corpo episcopal. Passou-se a preferir para ocupar as mitras, prelados que fosse clérigos regulares, teólogos, bons letrados e que preferencialmente adviesse de institutos religiosos onde a renovação jacobeia foi mais intensa, a exemplo dos cistercienses, contando também a relação de proximidade com o já citado secretário de D. João V, Frei Gaspar da Encarnação. (PAIVA, 2006, p. 508).

A partir de tais apontamentos podemos voltar nosso olhar à capitania de Pernambuco. Entre os anos de 1725 e 1738 foram providos para a mitra de Olinda dois representantes da jacobeia, D. Frei José Fialho (1725), cisterciense, e D. Frei Luis de Santa Teresa (1738), carmelita descalço. Ambos conduziram seus governos no sentido de reformar o clero e os costumes dos fiéis, o que se efetivou principalmente através das medidas de disciplinamento e defesa dos privilégios de foro pelo qual os eclesiásticos dispunham.

Provido depois de uma vacância de quase 10 anos (1715 – 1725), D. José Fialho chega a Pernambuco em 20 de novembro de 1725. Segundo Domingos do Loreto Couto, tal como “o anjo do apocalipse trazia a espada na boca para cortar pelos delitos, e trazia

estrelas na mão para coroar os delinqüentes” (COUTO, 1981, p. 196). O certo é que não

tardou a usar seu gládio espiritual, e já em 19 de fevereiro de 1726 fez sua primeira pastoral, que preocupava-se com a regulamentação das causas de natureza espiritual da diocese, visando medidas oportunas e radicais tendentes a instrução e moralização de seu clero.

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Por estarem ordenados nessa diocese muitos sujeitos totalmente iletrados e contra as disposições do sagrado concilio tridentino e imcumbir a nossa obrigação não consentir exercitem estes as ordens; por não termos conhecimento quaes sejam ordenados da ordem referida por esta pastoral havemos por suspensos a todos de ordens sacras que as receberam desde o principio do ano de setecentos e dezoito até ao presente. (BARATTA, 1922, p. 58).

Conclui sua pastoral, depois de aconselhar as ordens sobre a prática sacerdotal, afirmado que espera dos mesmos que sejam modestos nos seus vestidos, acautelados nas suas palavras e em todas as suas ações inclinados à virtude para que assim sejam espelho aos leigos. Tais determinações parecem não ter surtido o efeito esperado, pelo menos no que toca ao modo de se vestir. Em março do mesmo ano publica outra carta pastoral proibindo os clérigos das ordens sacras de:

Vestir exterior roupa de sêda, mas so interna, sendo preta, roxa, escura e do mesmo modo as meias: porém sem brocados, galaões, passamones, espiguilhas, alamares, botões, casa de ouro, douradas e prateadas; que os chapéus fossem de forma ordinária, sem fita ou trança, que fosse de retroz ou de cor preta, parda, roxa ou escura, sem botões ou presilhas, e que as camisas não tivessem renda. (COSTA, 1983, Vol. 2, p. 552). iii

Como jacobeu, D. José Fialho não podia se furtar de disciplinar o vida faustosa de nossos eclesiásticos. Advindo de uma lógica espiritual que pregava a oração metal cotidiana, o exame de consciência (preferencialmente mediado por um diretor espiritual), a frequência aos sacramentos, sobretudo a confissão, a mortificação dos vícios, o desprezo pelo mundo e a austeridade no modo de se vestir (SOUZA, 2006, p.114), não permitiria a ordenação de sujeitos com algum tipo de irregularidade as ordens menores ou sacras, assim como coibiria a utilização desmedida de vestimentas que não fossem condizentes com a posição dos eclesiásticos. Sua busca por uma disciplina austera o fez redigir um conjunto de leis que regeriam a seus próprios familiares e domésticos residentes no palácio episcopal, afixado em lugar público no interior do paço episcopal. (MUELLER, 1952, p.357).

Os meios de correção desses desvios se deram nomeadamente através das visitas diocesanas, que no seu caso ocorreram em uma média de mais de uma a cada dezoito meses e meio. Segundo Frei Manuel dos Santos, em elogio redigido a D. José Fialho no ano de 1735, as visitas diocesanas realizadas pelo bispo seguiam o seguinte modelo:

(...) Passou a visitar a diocese; achava-se com pouco saude, e já padecera de duas infirmidades perigosas, além de ser fraco naturalmente: mas entendendo elle que o bom pastor deve pôr a vida pelo bem espiritual das suas ovelhas a exemplo de Christo, e em differença do mercenario, quiz fazer a visita por sua pessoa, e começou pelas freguesias da capital, nas quaes observou a fórma seguinte: primeiro

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de tudo publicou na igreja missão de nove dias com jubileu, e nesses dias pregou ao povo, chrismou, e assistio no confissionario publico, expodo-se a todos com grande consolação dos fieis, ouvio muitas vezes confissoes geraes; emendou peccados escandalosos sem o estrondo judicial das condenações, nem prizoens: celebrava todos os dias, e na sua missa deu a sagrada comunhão a muitos, e tudo isto se observava nas mais visitas; nesta primeira da Cidade reformou o recolhimento da conceyção pelo achar falto de observancia: seguio-se a visita da Villa do Recife, que fez com semelhante fruto social: desarreigarão-se vícios inveterados com grande gloria de Deos; obrigou aos senhores das escravas, que as vestissem, por andarem nuas da cintura para cima; e não elle obrigado a dar esmolas. Porque não recebe os frutos da sua igreja, gastou grade parte da côngrua, tirando-o da boca, em camisas, e outras roupas, que se repartirão por escravas necessitadas, dando em si exemplo para o que mandava observar. (SANTOS, 1735).

As missões duravam nove dias, por vezes doze, de acordo com o povo e a necessidade, concluindo-se com uma procissão penitencial. Com a partida do bispo da paróquia visitada é que os pecadores locais tomavam conhecimento das penas, que dependendo da gravidade poderia variar entre pecuniária ou processual, ou seja, que rolariam em processo no auditório eclesiástico, tendo conhecimento os infratores de suas culpas de maneira muito discreta, como deveria ser feito por ordem do prelado através do seu secretário. (SANTOS, 1735). Tais medidas entram em similitude com o que era proposto pelo Regimento do Auditório do Eclesiástico do Arcebispado da Bahia, já que fora D. José Fialho o primeiro bispo Pernambucano a acatar as constituições primeiras do arcebispado, assim como a utilizar o estatuto do cabido metropolitano da Bahia, dada a ausência de um estatuto próprio na diocese de Olinda, o que foi adequado as necessidade da mitra olindense. (MUELLER, 1952, p.359).

Segundo a epítome produzida por Frei João da Apresentação Campely, teria sido D. José Fialho o único prelado até o momento que havia conseguido concluir uma visita a Vila do Recife, o que era impedido no governo de seus antecessores pelos distúrbios gerados por

homens poderosos, viciosos e inquietos, que chegaram ao ponto de elaborar pasquim injurioso

afixado na Igreja Matriz da Vila, que caluniava não só a sua dignidade, como o santo

ministério que vinha exercer. (MUELLER, 1952, 368). Suas qualidades agradaram tanto a

Portugal, que fora transferido para Bahia, ocupando assim o cargo de Arcebispo Metropolitano do Brasil.

Se a preocupação de D. José foi acima de tudo o disciplinamento das práticas referentes às questões espirituais, apregoando, como mandava a cartilha jacobeia, uma piedade mais interior do que ritualista, coube a seu sucessor, Frei Luis de Santa Tereza, a preocupação com as questões externas, principalmente no que tange a defesa dos privilégios de foro dos eclesiásticos.

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Luis Salgado, nome secular de Frei Luis, desde sua juventude vivenciou a complexa interface entre os direitos canônico e régio. Com passagem pela faculdade de cânones em Coimbra, doutorara-se pela mesma em leis, formação que lhe foi indispensável no exercício do cargo que seria provido por D. João V em 25 de setembro de 1722, juiz corregedor da comarca de Coimbra. Já em 1723, em busca de tranquilidade espiritual, entra para os carmelitas, onde logo professa sempre com a pobreza que a severa regra da ordem lhe

impunha. (PAIVA, 2009, p. 311). Nomeado bispo de Olinda em 21 de julho de 1738, chegaria

a sua diocese em 25 de julho de 1739.

A documentação existente nos arquivos avulsos do Conselho Histórico Ultramarino (AHU) é reveladora no que toca a preocupação jurisdicional com que Frei Luis conduziu sua governação espiritual. Já em suas primeiras correspondências, onde arrola os problemas encontrados na Sé, deixa transparecer tais preocupações:

(...) Se acha em hum estado deploravel, por não haver quem faça as funções, nem se saberem as cerimonias. Não achei nella mais dignidades; que o tezoureiro mor que tem outenta annos, tremolo, e cego, rezando no coro pellas suas contas. As mais dignidades handão auzentes por onde lhe parece; o arcediago, e chantre forão se para a Baia com o meu antecessor e lá está o dito chantre feito provizor, e vigário geral; o mestre escola handa fugitivo, e criminoso, os demais tomão os seus estatutos, e desamparão a sé; (...) Em esta se não ha hum mestre das cerimônias que as ensine, e nenhum sabe o que ha de fazer; os capellaes ignorão o cantochão cantando por hum modo da terra barbaro, e desagradavel; pello que suplico a vossa magestade ponha os olhos nesta indecencia, mandando stabelecer hua congrua para um mestre de cerimonia (...). (AHU – Avulsos de Pernambuco – cx.55, doc. 4773 – 13/12/1739). Ao tratar de Frei Luis de Santa Tereza em seus “desagravos do Brasil e Glórias de

Pernambuco”, Domingos do Loreto Couto o caracteriza como “acérrimo defensor da sua

dignidade, punindo severamente aos violadores dela, que se valiam da autoridade real para

livremente cometer enormes insultos”. (COUTO, 1981, p. 197). A defesa acérrima de sua

jurisdição foi causa primaz de sua conduta governativa, preocupando-se acima de tudo com a discussão hermenêutica acerca das fronteiras jurídicas entre os domínios civis e eclesiásticos, a defesa dos privilégios estatutários dos eclesiásticos e o respeito à imunidade de foro prevista na doutrina canônica.

Em requerimento enviado por Frei D. Luis ao Conselho Ultramarino em 1747, afirma não existir sargento de capacidade que queira servir ao ofício eclesiástico, e os que existem não servem com a inteireza que requer a boa administração da justiça, pelo fato de sofrer vexações dos ministros seculares, que presumindo ter jurisdição sobre os ofícios eclesiásticos, estão a prendê-los à custa de qualquer sinistra queixa. Frei Luis ilustra sua queixa com o caso do meirinho geral Luiz de Andrade, que havia sido prezo pelo juiz de fora

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José Monteiro, o que segundo o prelado é improcedente, pois nega o privilégio de foro do qual os eclesiásticos gozam, cabendo apenas ao bispo e seus ministros punir os crimes cometidos pelos seus agentes. Afirma ainda que alguns de seus oficiais não correspondem às ordens que lhe foram destinadas, pois temem que a pessoa, contra quem se mande executar algo, possa se queixar aos ministros civis. Conclui a primeira parte de seu relato afirmando que: “os ministros seculares, sempre estão com mão armada contra os eclesiásticos”. (AHU – Avulsos de Pernambuco – cx.66, doc. 5605 – 03/08/1747).

O desrespeito à imunidade eclesiástica parece não ter sido o único problema encontrado por Frei Luis, fatores básicos para a efetiva ação da jurisdição eclesiástica faltavam na diocese de Pernambuco, a começar pelos agentes que atuavam na ação temporal dos domínios eclesiásticos, os meirinhos. Cabia a esses prender os culpados por mandado do arcebispo, do provisor, do vigário geral, do visitador ou de qualquer ministro do eclesiástico, não sendo o culpado leigo (porque sendo-o, só os poderá prender nos casos em que as ordenações e o direito não exija auxílio do braço secular). (Regimento do Auditório Eclesiástico da Bahia, 2007). Segundo o regimento do Auditório Eclesiástico do Arcebispado da Bahia, deveria o meirinho eclesiástico “trazer sempre vara branca, e sendo achado sem

ella, será suspenso por um mez, e prendendo alguém sem vara, o será mercê do bispo”.

Determina-se pelo texto sinodal citado, a obrigação da utilização da vara branca pelo meirinho do bispado, acarretando penas aqueles que as não utilizarem, já que a cor branca distinguiria sua alçada de atuação em relação aos poderes civis. Entretanto, a prática corriqueira nos revela certa sobreposição de jurisdição por parte da coroa, que concedia licenças para que os meirinhos pudessem empunhar seu símbolo de distinção, quando tal decisão não dependia do aval real, já que a ação disciplinar exercida pelos meirinhos estava restrita aos eclesiásticos, e respondia a autonomia jurisdicional da Igreja no que respeita a sua disciplina interna. (HESPANHA,1994, p. 325).

Em requerimento de 21 de fevereiro de 1739, solicitava Frei Luis de Santa Tereza mercê régia para que tal como era o estilo com seus antecessores, concedesse alvará possibilitando a utilização de vara branca por seus meirinhos, o que fora anuído pelo monarca. (AHU – Avulsos de Pernambuco – Cx.53, doc. 4638 – 21/02/1739). Tais casos parecem não ter sido uma singularidade de Pernambuco, encontramos semelhanças para as dioceses do Maranhão e Pará. Em 4 de janeiro de 1739 requereu o bispo do Maranhão, D. Frei Manuel da Cruz, alvará régio para que seu meirinho, tal como havia sido concedido ao bispado do Pará e aos mais ultramarinos, pudesse empunhar vara branca. (AHU – Avulsos do Pará– Cx.07, doc. 637 – 04/01/1739).

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A alienação de seus agentes disciplinadores as concessões régias, a falta de dignidades no cabido, o desrespeito à imunidade eclesiástica, compunham o rosário de vicissitudes enfrentadas por Frei Luis na governação de sua mitra. Desde a formação do bispado a diocese nem se quer dispunham de aljube, prisão destinada à reclusão de presos do domínio eclesiástico, o que acarretava sérios problemas aos privilégios de imunidade, já que os eclesiásticos eram recolhidos às cadeias públicas de Olinda ou Recife, como se constata em requerimento feito por Frei D. Luis em 1739, solicitando licença para recolher os prisioneiros de sua jurisdição na cadeia da cidade, por não haver na mesma aljube, como se fez o estilo com os seus antecessores. (AHU – Avulsos de Pernambuco – Cx.53, doc. 4637 – 07/02/1739).

A ausência do aljube também fora preocupação de D. José Fialho, que em carta enviada ao Rei, afirmava que padecem com grande opressão os clérigos que se achavam presos nas cadeias de Olinda e Recife, por se acharem na companhia de seculares facinorosos, sendo os mais deles pardos e negros, o que devia ser amenizado com a construção do aljube eclesiástico, sugestão não acatada pelo poder régio, que alegando o “estado em que se acha a

fazenda real”, ordenou que tratasse com toda decência os presos do eclesiástico. (Informações

Gerais da Capitania de Pernambuco. op. cit). A construção definitiva do aljube apenas se efetivaria no ano de 1764, quando o então bispo, D. Francisco Xavier Aranha, iniciara sua construção. (COSTA, 1983, pp. 311; LUNA, 1976, p. 76).

Como formação em direito, profundo conhecedor das leis e dos ordenamentos régios e eclesiásticos, Frei Luis de Santa Tereza não cessou em reclamar os privilégios que lhe eram naturais enquanto eclesiástico, assim como não se absteve de por vezes se indispor com o Conselho Ultramarino, como se percebe em requerimento de 1747:

Diz o bispo de Pernambuco do conselho de ultramar se tem exposto para aquele bispado varias ordens sobre matérias eclesiásticas muitas alheias dos casos de que tratavam; e prejudicial a sua execução por causa de se resolverem as matriculas delas só pela narrativa de quem assim a pretendia, sem informação do bispo pois estando há vários anos naqueles bispado, ainda lhe apresente se lhe não pedia alguma informação, sobre materia se ouve-se resolver tocantes a sua jurisdição e pessoas dela do que se tem seguido prejuízos. E em tais materias pare-se se não deve resolver sem informação sua para melhor averiguação da verdade pois senão pode presumir que falte a ela. Pedi a Vossa Majestade que por se evitarem inconvenientes se digne ordenar ao dito conselho ultramarino que sobre materias, ou pessoas eclesiásticas, se senão resolva causa alguma sem informação das pessoas a que compete delas. (AHU – Avulsos de Pernambuco – Cx.66, doc. 5606 – 03/08/1747).

Em ofício datado de 13 de julho 1752, versando sobre as “injúrias” feitas pelo juiz de fora, Antônio Texeira da Mata, afirma o bispo que não responderia as ordens que lhe vieram

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do Conselho, por: “não reconhecer naquele tribunal jurisdição para por ele se resolverem matérias espirituais, e eclesiásticas, queixas contra párocos e a (fortiori) contra os bispos,

por ser um tribunal puramente secular”. (AHU – Avulsos de Pernambuco – Cx.73, doc. 6118

– 13/06/1752) iv.

Tais apontamentos nos leva a refletir sobre o reflexo que a cartilha reformista da

jacobeia gerou na governação espiritual dos bispos D. José Fialho e D. Frei de Santa Tereza,

que direta ou indiretamente, buscaram um maior rigorismo nas suas ações governativas, seja no plano das práticas espirituais, a exemplo de D. José Fialho, seja no plano de defesa das prerrogativas jurídicas dos eclesiásticos, como no caso de D. Frei Luis. O certo é que o ímpeto reformador de D. José Fialho, muito próximo do modelo de pastor proposto pelo Concílio de Trento, agradaria sobremaneira a Portugal, enquanto o desmedido empunhar do gládio espiritual, principalmente no que toca as questões temporais de sua alçada, fez de Frei Luis

persona non grata aos olhos dos oficiais e magistrados locais, sendo obrigado a se retirar de

seu bispado e se retratar em Portugal, onde nunca foi recebido para esclarecimentos. (PAIVA, 2009, p.340).

Referências Bibliográficas Fontes Manuscritas

Arquivo Histórico Ultramarino – Projeto Resgate

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Notas

i

A diocese do Maranhão, por exemplo, durante o século XVIII, passou por 63 anos de vacância, tendo apenas a presença episcopal por 37 anos. Na Arquidiocese da Bahia tais numerários não eram discrepantes, entre 1551 e 1706, ou seja, durante 155 anos, a Bahia esteve sem bispo residente durante 56. Ver. AZZI, Riolando. A Instituição Eclesiástica Durante a Primeira Época Colonial. In. História da Igreja no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2008. pp.173-174; PAIVA, José Pedro. Os Bispos do Brasil e a Formação da Sociedade Colonial. Textos de História. V. 14, N.1/2, 2006.

(14)

ii Informações Gerais da Capitania de Pernambuco. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. VOL. XXVIII, 1906.Entendemos que o número populacional levantado na visita ad limina diverge um pouco da cifra de então. Afinal, dificilmente teríamos um decréscimo populacional, principalmente na área do Recife, que no século XVIII passa a ter importância fulcral na dinâmica da capitania de Pernambuco.

iii “Achou aquela vinha do senhor muito necessitada de cultura, não só do povo, mas mais no clero; pelo que

aplicou logo a todos as medicinas convenientes por meyo das cartas pastoraes: prohibio os abusos introduzidos, e em especial aos eclesiasticos vestirem seda; e porque muitos desses se ordenaram na sede vacante faltos da literatura necessaria para o sagrado ministério da Igreja, e havia escandalo publico, chamo-os a exame, e nelle approvando aos que vio sufficiente, aos outros suspendeu até irem a segunda prova. Ver. SANTOS, Frei

Manuel dos. Elogio do Illustrissimo Bispo de Pernambuco o Senhor Doutor Joseph Fialho Monge de Cister na Congregacam de Santa Maria de Alcobaça. In. Historia Sebastica : contem a vida do Augusto Principe o Senhor D. Sebastiaõ, Rey de Portugal, e os successos memoraveis do Reyno, e conquistas no seu tempo. Lisboa: na Officina de Antonio Pedrozo Galram, 1735. Disponível em: http://purl.pt/405/3/ .

iv Quanto ao conflito com o Juiz de Fora Antônio Texeira da Mata, ver. ALMEIDA, Suely Creusa Cordeiro. As Peripécias dos Magistrados: Juízes - de –fora e um cotidiano nada tranquilo entre Recife e Olinda. Mneme – Revista de Humanidades. UFRN. Caicó (RN), v. 9. n. 24, Set/out. 2008. Disponível em:

www.cerescaico.ufrn.br/mneme/anais; COELHO, Maria Filomena. A Justiça D’ Além-Mar: Lógicas

Jurídicas feudais em Pernambuco (Século XVIII). Recife: Massangana, 2009; e principalmente, PAIVA, José Pedro. Reforma Religiosa, Conflito, Mudança Política e Cisão: o governo da diocese de Olinda por D. Frei Luís de Santa Tereza. In. Império de Várias Faces Relações de Poder no Mundo Ibérico da Época Moderna. Org. VAINFAS, Ronaldo e MONTEIRO, Rodrigo Bentes. São Paulo: Alameda, 2009.

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