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Implicações da política de educação superior de tecnologia na constituição da docência nos cursos de graduação de tecnólogos

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO  CENTRO DE EDUCAÇÃO  PROGRAMA DE PÓS­GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO . TEREZINHA DE SOUZA FERRAZ NUNES . IMPLICAÇÕES DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE TECNOLOGIA NA  CONSTITUIÇÃO DA DOCÊNCIA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DE  TECNÓLOGOS.

(2) RECIFE  2011  TEREZINHA DE SOUZA FERRAZ NUNES . IMPLICAÇÕES DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE TECNOLOGIA NA  CONSTITUIÇÃO DA DOCÊNCIA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DE  TECNÓLOGOS . Tese  apresentada  ao  Curso  de  Doutorado  em  Educação,  do  Programa  de  Pós­graduação  do  Centro  de  Educação  da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito  parcial para a obtenção do grau de Doutor em Educação  na  Área  de  Concentração:  Formação  de  Professores  e  Prática Docente. . Orientadora: Profª. Dra. Márcia Maria de Oliveira Melo.

(3) Nunes, Terezinha de Sousa Ferraz  Implicações  da  política  de  educação  superior  de  tecnologia  na  constituição  da  docência  nos  cursos  de  graduação  de  tecnólogos  /  Terezinha  de  Sousa  Ferraz  Nunes.  ­­  Recife:  O  Autor, 2011.  298 f.: il. . Orientadora: Profa. Dra. Márcia Maria de Oliveira Melo . Tese  (Doutorado)  ­  Universidade  Federal  de  Pernambuco,  CE, Programa de Pós­Graduação em Educação, 2011. . Inclui Referências, Apêndices e Anexos. . 1.  Tecnologia  educacional  2.  Educação  superior  em  tecnologia  3.  Diretrizes  curriculares  I.  Melo,  Márcia  Maria de Oliveira (Orientadora) II. Título . CDD  371.1 . UFPE (CE 2011­086).

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(5) Ao  meu  querido  Assis,  que,  com  o  seu  amor,  dedicação,  companheirismo,  compreensão  e  algumas  renúncias,  favoreceu  as  condições  necessárias  à  realização  deste  trabalho  e  proporciona  o  apoio  de  que  necessito  para,  a  cada dia, recomeçar. “Você é isso, uma nuvem  calma  no  céu  de  minh'alma.  É  ternura  em  mim...”.  Aos meus filhos, Sizinho, Soraya, Júlio (filho­  genro) e netos, Guilherme e Gabriel, e às suas  gerações,  por  quem  mantenho  renovada  a  crença no ser humano e a esperança de que um  mundo melhor é possível.  Ao  meu  irmão,  Francisco,  e  irmãs,  Cecília,  Lia,  Daurinha  e  Cléo,  exemplos  da  luta  e  símbolos  da  dignidade  dos  nossos  pais,  pela  torcida  constante,  compreensão  e  respeito  à  minha reclusão necessária.  Aos  meus  pais,  Raimundo  (in  memoriam)  e  Liquinha  (in  memoriam),  a  minha  saudade  e  eterna gratidão.  Aos(às)  professores(as)  e  alunos  da  Educação  Superior de Tecnologia a quem me alio na luta  por respeito e dignidade..

(6) AGRADECIMENTOS  Neste  momento  de  agradecer,  fica  mais  evidente  a  certeza  de  que,  nessa  longa  caminhada,  foram  muitas  as  mãos  solidárias,  a  fim  de  que  pudesse  realizar  mais  essa  etapa  na  minha  trajetória  profissional  e  acadêmica,  razão  por  que  seria  impossível  encerrar  aqui  o  meu  manifesto de gratidão.  O meu primeiro reconhecimento, expresso em ato de louvor ao Mestre dos mestres, presença  constante,  alívio  e  força  decisiva  na  superação  de  tantas  intercorrências,  de  onde  saio  mais  fortalecida no seu amor.  Quero  externar  o  meu  reconhecimento  ao  Senac/PE,  nas  pessoas  do  seu  Presidente,  Josias  Albuquerque, e Diretora, Lygia Leite, pela compreensão e apoio necessários a esta conquista.  Esta  é,  também,  uma  oportunidade  de  agradecer  e  confessar,  publicamente,  que  a  UFPE/CE/PPGE e CCSA são siglas e  láureas que ostento com orgulho e como símbolos de  sonhos alcançados. Quero representá­las com o respeito que elas merecem.  À professora Márcia Melo, com quem divido essa vitória e agradeço a orientação cuidadosa,  incentivo, amizade, carinho, presença humana impar, solidária e companheira na condução do  processo de realização deste estudo.  Às professoras Neise Deluiz, Katia Ramos e Clarisse Araujo, pelos ensinamentos e sugestões  apresentadas por ocasião do exame de qualificação.  Ao  professor  Ramon  Oliveira,  meu  eterno  agradecimento,  com  respeito  e  admiração,  pelos  ensinamentos  que  se  multiplicam,  pelo  incentivo,  confiança  e  perspicácia  na  orientação  que  me conduziu ao núcleo de pesquisa: Formação de Professores e Prática Docente.  Aos  demais  professores  e  professoras  do  PPGE,  sou  grata  pelas  grandes  contribuições  que  foram decisivas na minha formação acadêmica e humana, e significativas na construção deste  trabalho de pesquisa.  Agradeço  à  professora  Vicentina  Ramires  a  revisão  criteriosa,  a  interlocução  paciente,  a  segurança, confiança inspirada e a escuta generosa e atenta, mesmo a distância.  Aos  (às)  colegas  de  turma,  o  meu  agradecimento  pelos  conhecimentos  partilhados  e  pelas  oportunidades que me ofereceram de crescermos juntos..

(7) Nas  pessoas  de  Morgana,  Shirley  e  Izabele,  agradeço  aos  funcionários  da  Secretaria  do  PPGE/CE  pela  atenção  e  presteza  no  atendimento,  em  todos  os  momentos.  Vocês  nem  calculam o bem que me fizeram nas acolhidas pacientes e competentes.  Ao  Centro  de  Educação  ETHOS  (campo  de  pesquisa),  agradeço  a  acolhida.  Nas  pessoas  dos(as) entrevistados(as), agradeço as diferentes  formas, os diversos  momentos e as grandes  contribuições  que  deram  sentido  a  este  estudo.  À  Secretaria  acadêmica,  pelas  informações  levantadas. Aos demais funcionários, por muitos apoios recebidos.  Foram  muitos  os  gestos  de  solidariedade  recebidos  dos  colegas  de  trabalho,  na  Faculdade  Senac/PE. Na pessoa de Polyana  Amaral, agradeço a todos(as) os companheiros(as) que, de  diversas  maneiras,  me  acompanharam,  me  incentivaram  e  contribuíram  para  minimizar  os  esforços requeridos na gestão de uma Instituição de Educação Superior. Marcos, obrigada por  todos os gestos de incentivo e capacidade de olhar para além da profissional. Silvio, obrigada  por, em tão pouco tempo de convivência, ter sido capaz de demonstrar o seu apoio.  À colega Ana Arôxa, estendo um agradecimento especial pelo solidário apoio no que lhe foi  possível e, em especial, na intermediação no sentido de que as entrevistas fossem realizadas.  Ao colega Bruno, o meu “muito obrigada” pela participação na transcrição das entrevistas.  Externo  um  agradecimento  especial  à  companheira  de  longos  anos  de  trabalho  –  Janaisa  Falcão Sobral – pelo competente modo de compartilhar responsabilidades e pela sensibilidade  e  generosidade,  ao  contribuir,  de  diversas  formas  (com  toques,  retoques,  intermediações  e  gestos amigos), a fim de que fosse possível cumprir as exigências que este projeto impôs.  À  colega  Suzana,  pelo  gesto  carinhoso,  amigo,  solidário  e  espontâneo,  pela  disposição  e  paciência na leitura do texto e intervenções pertinentes.  Finalmente, um abraço terno e grato à companheira Socorro (Côca), com quem, durante vinte  e  cinco  anos,  divido  as  atividades  diárias  do  lar  e  de  quem  recebo  gestos  de  dedicação,  abnegação e acenos de tranquilidade.  Nas  pessoas  simbolicamente  relacionadas  estão  os  agradecimentos  a  todos,  citados  ou  não,  presentes ou ausentes, que constituem parte da minha história de vida.  Este é, também, um convite à celebração por esta conquista!.

(8) Daquilo que eu Sei  Ivan Lins  Daquilo que eu sei  Nem tudo me deu clareza  Nem tudo foi permitido  Nem tudo me deu certeza...  Daquilo que eu sei  Nem tudo foi proibido  Nem tudo me foi possível  Nem tudo foi concebido...  Não fechei os olhos  Não tapei os ouvidos  Cheirei, toquei, provei  Ah!  Eu usei todos os sentidos  Só não lavei as mãos  E é por isso que eu me sinto  Cada vez mais limpo!  Cada vez mais limpo!  Cada vez mais limpo!.

(9) RESUMO  O  objeto  deste  estudo  é  a  constituição  da  docência  nos  Cursos  Superiores  de  Tecnologia,  investigada sob as influências da política de Educação Superior Tecnológica. Problematiza a  dualidade  da  educação  brasileira  no  âmbito  da  Educação  Superior  e  suas  implicações  na  constituição identitária docente. Discute as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para esta  modalidade  acadêmica  como  materialidade  discursiva  instituinte  de  sentidos  e  projeto  de  identificação  das  IES,  dos  cursos  e  dos  sujeitos  educativos  (professores/as  e  aluno/as).  A  Análise Crítica do Discurso foi utilizada como referência analítica, nos termos formulados por  Fairclough  (2001),  o  que  possibilitou  compreender  os  discursos  pedagógicos  oficial,  institucional e docente, em suas dimensões de prática discursiva e prática social, e favoreceu o  debate em torno da refração e recontextualização dos discursos, bem como as influências das  relações  ideológicas  e  de  poder  e  suas  implicações  na  constituição  identitária  docente.  O  corpus do estudo é constituído de leis, decretos, portarias, documentos institucionais e outros  normativos que orientam a prática docente, bem como da prática discursiva docente, ampliado  por  bases  teórico­conceituais,  políticas  e  culturais,  entre  outras.  A  análise  dos  discursos  oficial, institucional e docente está ancorada nos estudos de Basil Bernstein, em interlocução  com Ball e Bowe, que favorecem a compreensão dos movimentos da política e dos discursos  pedagógicos  e  docente,  em  seus  processos  recontextualizados  nos  campos  internacional,  da  produção  de  texto  e  no  contexto  da  prática  pedagógica.  Busca  ancoragem  sociológica  em  Pierre Bourdieu, no que tange à compreensão da realidade em âmbito macro e microssocial e  a  intermediação  dos  campos  e  sujeitos  sociais.  O  estudo  mostra  que  a  docência  e  cursos  de  Graduação  de  Tecnologia  expressa  uma  identificação  profissional  em  conflito,  que  resulta,  entre outras coisas, de políticas diferenciadas que projetam identidades distintas para cursos e  docência,  na  mesma  modalidade  acadêmica.  Indica  que  os(as)  professores(as)  são  incentivados pelos finalidades implícitas nas diretrizes curriculares, no sentido da constituição  de  identidade descentrada  instrumental, cujos recursos constitutivos são os significadores de  mercado,  projetados  para  identidades  de  base  econômica,  não  obstante  insurjam  fragmentos  discursivos de tendência contrária à racionalidade técnica. Indica, ainda, como perspectiva, a  constituição de identidade docente politicamente centrada. . Palavr as­chave:  Política  de  educação  superior  de  tecnologia;  Cursos  de  graduação  de  tecnologia; Diretrizes curriculares; Identificação docente e discurso pedagógico..

(10) ABSTRACT  The object of this study is the creation of teaching in the Technology Institutes, studied under  the influence of the policy on Higher Education of Technology. It problematizes the duality of  Brazilian education in the scope of Higher Education and its implications for teacher identity  formation.  Discusses  the  National  Curriculum  Guidelines  for  this  academic  mode,  as  a  discursive  materiality,  institutor  of  a  sense  and  a  project  for  the  identification  of  Higher  Education  Institutes,  courses  and  educational  individuals  (teachers  and  students).  A  Critical  Discourse  Analysis  was  used  as  an  analytical  reference  in  the  terms  formulated  pursuant  to  Fairclough  (2001),  in  that  it  allows  for  understanding  the  official,  institutional  and  faculty  pedagogic  discourses,  regarding  their  dimensions  of  discursive  and  social  practice,  which  allowed the debate on the refraction and recontextualization of the discourses, as well as the  influence of social and ideological power and its implications for teacher identity formation.  The corpus of the study consists of laws, decrees, orders, official documents and other rules  which  guide  the  teaching  practice  as  well  as  teaching  discursive  practice,  enhanced  by  theoretical  conceptual,  political  and  cultural  foundations,  among  others.  The  official,  institutional  and  faculty  discourses  analysis  is  anchored  in  the  studies  of  Bernstein,  in  dialogue with the Ball’s and Bowen’s (1992), that allows us to understand the movements of  the political, educational and teaching discourses, contextualized in its processes in the fields  of  international  production  of  text  and  context  of  teaching  practice.  To  seek  sociological  grounding  in  Pierre  Bourdieu,,  regarding  the  understanding  of  reality  in  macro  and  micro­  social  scope  and  mediation  between  the  fields  and  social  subjects.  The  study  shows  that  teaching and undergraduate courses in Technology express a professional identity in conflict  that results, among other things, in different policies which design separate identities for the  courses and teaching in the same academic mode. It indicates that teachers are encouraged by  the  outcomes,  implicit  in  the  curriculum  guidelines,  in  the  sense  of  the  instrumental  decentralized  identity  constitution,  whose  constituent  resources  are  the  market  indicators,  designed  for  basic  economic  identities,  despite  the  fact  that  it  raises  discursive  fragments  against technical rationality. It also indicates, as perspective, the constitution of a politically  centered teaching identity.  Keywords:  Policy  for  higher  education  of  technology;  Technology  Graduation  Courses;  Curriculum guidelines; Teacher identity and pedagogical discourse..

(11) LISTA DE FIGURAS . Figura 01: Dinâmica (Inter)Intrarrelacional ou de mobilidade do discurso pedagógico  oficial................................................................................................................... 97  Figura 02: Principais componentes da universidade............................................................ 130  Figura 03: Dinâmica intra e interrelacional constitutiva da docência, no âmbito da IES...... 132  Figura 04: Organização da Educação Superior no Brasil  ................................................... 162  Figura 05: Organização da Educação Profissional e Tecnológica ....................................... 163.

(12) LISTA DE QUADROS . Quadro 01: Concepção Tridimensional do Discurso  ............................................................ 79  Quadro 02: Conceitos básicos de Análise Crítica do Discurso .............................................. 82  Quadro 03: Corpus Documental  .......................................................................................... 83  Quadro 04: Análise do Corpus da Pesquisa  ......................................................................... 84  Quadro 05: Expressões de materialidade discursiva dos Projetos Pedagógicos dos Cursos  superiores  ....................................................................................................... 214  Quadro 06: Conhecimento Recontextualizado  ................................................................... 219  Quadro 07: Formação profissional dos professores pesquisados  ........................................ 229.

(13) LISTA DE TABELAS . Tabela 01: Evolução do Número de Matrículas na Educação Tecnológica, por Categoria  Administrativa 2004 a 2009  ............................................................................. 176.

(14) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS  3D . Terceira Dimensão . ACD . Análise Crítica do Discurso . ANDES­SN . Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior . ANFOPE . Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação . ANPED . Associação Nacional de Pós­graduação em Educação . ANT . Associação Nacional dos Tecnólogos . ANS . Ainda Não Suficiente . B . Bom . BM . Banco Mundial . CAPES . Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior . CEFET . Centro Federal de Educação . CEPAL . Comissão Econômica para a América Latina e Caribe . CNE/CES . Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior . CNE/CP . Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno . CNTE . Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação . CONFEA . Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia . CPA . Comissão Própria de Avaliação . CREA . Conselho Regional de Engenharia . CRO . Campo Recontextualizador Oficial . CRP . Campo Recontextualizador Pedagógico . DCNG/CST . Diretrizes  Curriculares  Nacionais  Gerais  para  os  Cursos  Superiores  de  Tecnologia . DIFES . Diretoria de Desenvolvimento da Rede de FIES . DPO . Discurso Pedagógico Oficial . ENC . Exame Nacional de Curso . ENDIPE . Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino . EP . Educação Profissionalizante . EP . Educação Propedêutica . EPT . Educação Profissional e Tecnológica . E . Excelente . FHC . Fernando Henrique Cardoso.

(15) FIES . Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior . FMI . Fundo Monetário Internacional . FNDE . Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação . FORGRAD . Fórum de Pró­Reitores de Graduação das Universidades Brasileiras . FUNDEB . Fundo de Desenvolvimento de Educação . FUNDEF . Fundo  de  Manutenção  e  Desenvolvimento  do  Ensino  Fundamental  e  de  Valorização do Magistério . IDEB . Índice de Desenvolvimento da Educação Básica . I . Insuficiente . IES . Instituição de Ensino Superior . IFES . Institutos Federais de Educação Superior . INEP . Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira . LDB . Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira . MEC . Ministério de Educação . MP . Medida Provisória . NDE . Núcleo Docente Estruturante . O . Ótimo . OCDE . Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico . ONGS . Organização não Governamental . ONU . Organização das Nações Unidas . OREALC . Oficina Regional de Educação da UNESCO para América Latina e Caribe . PCE/CREDUCO . Programa de crédito Educativo/Sistema de Crédito Educativo . PDE . Plano de Desenvolvimento da Educação . PDI . Plano de Desenvolvimento Institucional . PNE . Plano Nacional de Educação . PPC . Projeto Pedagógico de Curso . PPI . Projeto Pedagógico Institucional . PPP . Projeto Pedagógico Institucional . PROUNI . Programa Universidade para Todos . R . Regular . REUNI . Reforma Universitária . RI . Regimento Interno . SESu . Secretaria de Educação Superior.

(16) SETEC . Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica . SINAES . Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior . TCH . Teoria do Capital Humano . TIC . Tecnologias de Informação e de Comunicação . UAB . Universidade Aberta do Brasil . UNESCO . United  Nations  Educational,  Scientific  and  Cultural  Organization  (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

(17) SUMÁRIO  1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 17  1.1 Considerações iniciais sobre o objeto de estudo.......................................................... 18  1.2 Objetivos e questões que delineiam a pesquisa ........................................................... 36  1.3 Traços da organização do estudo ................................................................................ 45  2 O GLOBAL E O LOCAL NA CONFIGURAÇÃO DO CORPUS DO ESTUDO  ........................................................................................................................................... 49  2.1 Interdependência Global: implicações na reconfiguração da Educação Superior   Brasileira ...................................................................................................................... 50  2.2 A Política de Educação Superior no âmbito da refor ma do Estado........................... 56  2.3 Educação Superior de Tecnologia: as DCNG/CST como expressão discursiva......... 66  2.4 Situando a docência na Educação Superior ................................................................ 68  3 BALIZADORES DO ESTUDO ...................................................................................... 74  3.1 A Análise Crítica do Discurso como instrumento teórico­metodológico.................... 75  3.1.1 Relações de ideologia e poder ..................................................................................... 81  3.2 Referências teóricas ..................................................................................................... 85  3.2.1 Docência e formação de professores da Educação Superior em Tecnologia:  descentramento identitário .......................................................................................... 96  3.2.2 Paradigmas epistemológicos em discussão ................................................................ 101  3.3 O cur rículo como projeto de constituição identitária ............................................... 114  3.3.1. O currículo organizado por competências  ................................................................ 116  3.4 Elementos constitutivos da docência no âmbito nos Cursos Superiores de  Tecnologia................................................................................................................... 125  3.4.1 Profissionalização e valorização docente na Educação Superior: uma visão  panorâmica brasileira ................................................................................................ 135  3.4.1.1 Formação docente para Educação Superior de Tecnologia: em busca de uma base  comum nacional ..................................................................................................... 142  4 O DISCURSO PEDAGÓGICO OFICIAL .................................................................. 152  4.1 Políticas para a Educação Superior: a dualidade histórica sob o manto da qualidade  e expansão ................................................................................................................. 154  4.2 Traços for mais da dualidade na política de Educação Superior   ............................. 168.

(18) 4.3 Considerações parciais............................................................................................... 182  5 O DISCURSO OFICIAL NO CAMPO ACADÊMICO .............................................. 186  5.1 O campo institucional acadêmico no espaço­tempo pedagógico  ............................. 189  5.2 O discurso pedagógico institucional: marcos orientadores ...................................... 192  5.2.1 Concepções, princípios e valores como expressão de um novo discurso:  o PPI 2010­2014 ....................................................................................................... 204  5.3 Traços do desenho cur ricular dos Cur sos de Graduação de Tecnologia ................. 206  5.4 Marcas de recontextualização do discurso pedagógico oficial no campo acadêmico:  considerações parciais  ............................................................................................... 214  6 MOVIMENTOS CONSTITUTIVOS DA DOCÊNCIA NO CAMPO  INSTITUCIONAL PEDAGÓGICO­CULTURAL......................................................... 220  6.1 Caracterização dos sujeitos pesquisados  .................................................................. 223  6.2 Expr essões de materialidade das implicações dos discursos oficial e institucional na  constituição docente nos Cursos Superior es de Tecnologia  .................................... 228  6.3 A constituição da docência nos Cursos Superiores de Tecnologia: em que sentido  caminha?  .................................................................................................................. 239  7 CONSIDERAÇÕES FINAIS PROVISÓRIAS ............................................................ 247  REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 258  APÊNDICES  ................................................................................................................... 278  ANEXOS  ......................................................................................................................... 284.

(19) 17 . INTRODUÇÃO . Aquilo de onde a ciência inicia a própria exposição já é  resultado  de  uma  investigação  e  de  uma  apropriação  crítico­científica da matéria.  (KOSIK, 1976).

(20) 18 . 1 INTRODUÇÃO . 1.1 Considerações iniciais sobre o estudo . A. constituição  da  docência  na  Educação  Superior  de  Tecnologia,  em  seu  tempo­espaço  político­pedagógico,  sociocultural  e  histórico,  mantém­se  intimamente vinculada a outros fenômenos e práticas, razão por que não se . explica  por  si  mesma.  Situada  no  campo  da  Educação  Profissional,  está  permeada  por  conflitos  originados  no  âmbito  das  relações  entre  educação  e  trabalho,  que  acendem  um  debate em torno da dualidade que distingue formação profissional e formação acadêmica. Isto  significa  dizer  que  a  docência,  nessa  modalidade  acadêmica,  enquanto  campo  de  conhecimento teórico­prático que diz respeito ao ensino e a aprendizagem sistematizada, por  si  só  comporta  uma  série  de  variáveis  (conhecimentos  acadêmicos,  profissionalização,  trabalho, inter­relacionam, etc.). Por outro lado, na condição de docência no ensino superior,  guarda uma estreita vinculação com as finalidades sociais desse nível de educação – produção  e  disseminação  de  conhecimentos  e  da  cultura  por  meio  de  suas  ações  que  inter­relacionam  ensino, pesquisa e extensão –, sem desconhecer as influências das relações capital e trabalho  que  se  (re)configuram  e  promovem  efeitos  na  realidade  social,  em  suas  várias  dimensões.  Consequentemente,  a  compreensão  da  temática  –  implicações  da  política  de  Educação  Superior  de  Tecnologia  na  constituição  da  docência  –  torna­se  parte  do  desvelamento  de  relações estabelecidas no âmbito macropolítico e social, bem como no microcontexto em que  está  situado,  ou  seja,  do  lugar  (em  sua  especificidade),  aqui  evidenciando  a  presença  do  Estado enquanto expressão das múltiplas relações estabelecidas em torno do objeto.  Com  base  nos  discursos  oficiais  podemos  entender  que  a  docência  nos  Cursos  de  Graduação em Tecnologia, tal qual foi delineado para os Cursos de Graduação de Tecnólogos,  está  dimensionada  nas  relações  entre  educação  (sentido  amplo,  que  diz  respeito  à  formação  humana,  aos  valores,  às  atitudes,  aos  fins  educativos,  e  o  sentido  restrito  didático­  profissional),  ciência  (para  o  aprofundamento  dos  saberes/competências  específicas),  tecnologia  (aprofundamento  além  da  técnica,  do  como  fazer),  e  cultura  (mundo  de  significados  e  sentidos).  Compondo  um  todo  indivisível,  a  educação  e  a  ciência  –  em  interação  com  pesquisa,  cultura  e  tecnologia  –  reportam  ao  desenvolvimento  da  sociedade,  vinculando­se à formação integral dos sujeitos sociais.  No  entanto,  o  discurso  que  inscreve  essa  modalidade  acadêmica,  no  âmbito  das  tecnologias, o faz caracterizando­a como um nível da Educação Profissional que corresponde .

(21) 19 . ao  ensino  superior,  embora  sua  materialidade  discursiva,  de  forma  equivocada,  queira  expressar o desenvolvimento e o emprego de tecnologias complexas que emergem vinculadas  aos sistemas de produção. Isto é o que sugere a  Resolução CNE/CP  nº 3/02,  Art. 1º, ao lhe  atribuir  como  finalidade  “garantir  aos  cidadãos  o  direito  à  aquisição  de  competências  profissionais  que  os  tornem  aptos  para  a  inserção  em  setores  profissionais  nos  quais  haja  utilização de tecnologias”. Apropriada sob a ótica do capital, (re)nasce marcada por narrativas  que  enfatizam  a  supremacia  de  artefatos  tecnológicos  no  campo  da  produção,  ampliando  a  exclusão e as desigualdades sociais e  buscando  inviabilizar a possibilidade de outras formas  de  convivência  social.  Da  mesma  maneira,  sinaliza  mitificação  da  “sociedade  do  conhecimento” e “fetichização” dos avanços da produção de ferramentas de informação e de  comunicação (TIC) que são apresentadas de forma desvinculada da realidade socioeconômica  e vinculada ao domínio de conhecimentos mais elaborados. Entretanto, ao que nos parece, o  dimensionamento  da  docência  no  âmbito  das  tecnologias  implica  reconhecê­las  como  intrínsecas à vida humana, bem como situá­las no domínio de conhecimentos necessários ao  uso  das  novas  ferramentas  de  trabalho  que  pressupõem  educação  básica  de  qualidade  e  processos  educativos  que  integrem  as  várias  dimensões  de  um  ser  único,  sócio­histórico  e  cultural. Da  mesma  forma estende­se à compreensão das  implicações das TICs  na realidade  social, bem como das tecnologias discursivas, ou seja, dos mecanismos de tecnologização dos  discursos,  cuja  tendência  é  a  produção,  legitimação  e  disseminação  de  performances,  de  valores  e  de  sentidos  políticos  e  ideológicos,  que  visam  à  acomodação  dos  indivíduos  às  prescrições sociais hegemônicas (FAIRCLOUGH, 2001a e b).  Da  mesma  maneira,  a  inscrição  da  Educação  Superior  de  Tecnologia  no  domínio  da  cultura indica como orientação a “valorização da cultura do trabalho [...] com a mobilização  dos  valores  necessários  à  tomada  de  decisões  profissionais  e  ao  monitoramento  dos  seus  próprios desempenhos profissionais, em busca do belo e da perfeição” (BRASIL/MEC/2002a,  p.  33).  A  despeito  das  distorções,  entendemos  que  nesse  âmbito  educativo  comporta  uma  ampla discussão, entre outras coisas, vinculada à Instituição de Educação Superior (IES) que,  enquanto  campo  de  atuação  docente,  possui  uma  cultura  própria,  geralmente,  divergente  da  cultura  dos  sujeitos  educativos  (professores/as  e  alunos/as,  entre  outros)  ­  autores  das  suas  memórias  e  sujeitos  de  suas  histórias  de  vida.  Dessa  forma,  a  cultura  escolar,  entre  outras  significações, confere ao campo institucional experiências escritas, codificadas, formalizadas,  cujos conhecimentos e saberes constituídos exigem um elevado grau de abstração em relação  aos  saberes  e  conhecimentos  constituídos  nos  demais  espaços  sociais  (TARDIF,  2009).  Sacristán  (1996,  p.  35)  também  reforça  esse  entendimento  de  cultura  escolar  como  “sui.

(22) 20 . generis” ou particular, caracterizada como “uma  reconstrução da cultura, feita em razão das  próprias  condições  nas  quais  a  escolarização  reflete  suas  pautas  de  comportamento  e  organização”. Ampliando a discussão para além da educação sistematizada, Moreira e Candau  (2007, p. 27) enfatizam a cultura como um  “conjunto de práticas significantes [...] por meio  das quais  significados são produzidos e compartilhados em um grupo”. Entendida  sob essas  perspectivas, a política de Educação Superior de Tecnologia e, consequentemente, o currículo  dos  cursos  de  Graduação  de  Tecnólogos  –  enquanto  discursos  pedagógicos  –  passaram  a  figurar  neste  estudo  como  instituintes  de  sentido,  promotores  de  novas  identificações  e  de  práticas sociais.  Deste  modo,  em  se  tratando  de  um  campo  complexo,  controvertido  e  pouco  investigado,  um  caminho  para  melhor  compreensão  do  objeto  de  estudo  –  constituição  da  docência  nos  Cursos  de  Graduação  de  Tecnólogos  –  foi  o  estreitamento  de  diálogo  entre  as  interfaces  dos  discursos  que  delineiam  essa  modalidade  acadêmica,  cujas  implicações,  nem  sempre de forma explícita, incidem sobre a docência.  Utilizamos o termo "discurso"  na  forma adotada por Bernstein (2003) e definida por  Fairclough  (2001a)  para  nos  referirmos  ao  uso  da  linguagem  falada  e  escrita,  cuja  materialidade  discursiva  se  expressa  em  documentos  orientadores  da  prática  docente  relacionada  à  Educação  Superior  de Tecnologia,  embora  possa  expressar,  também,  qualquer  signo  (imagens,  gestos,  etc.).  Entretanto,  enquanto  categoria  de  análise,  o  discurso  indica  configurar­se  como  uma  prática,  “[...]  não  apenas  de  representação  do  mundo,  mas  de  significação  do  mundo,  constituindo  e  construindo  o  mundo  em  significados"  (FAIRCLOUGH, 2001a, p. 91). Neste sentido, o discurso caracteriza­se como “[...] modo de  ação  socialmente  e  historicamente  situado,  numa  relação  dialética  com  outras  facetas  do  ‘social’ (seu ‘contexto social’) – ele é formado socialmente, mas também forma socialmente,  ou é constitutivo.” (FAIRCLOUGH, 2001b, p. 33).  Esses  são  alguns  dos  elementos  que  nos  levaram  a  interpretar  a  constituição  da  docência  circulando  por  quatro  vertentes,  vistas  em  interação:  1)  as  múltiplas  influências  internacionais e nacionais no âmbito da reforma do Estado e da educação; 2) os efeitos dessas  influências  na  constituição  das  práticas  discursivas  que  integram  o  discurso  das  políticas  de  Educação  Superior  de  Tecnologia;  3)  as  implicações  dessas  práticas  discursivas  no  âmbito  institucional  pedagógico  e,  consequentemente,  na  constituição  da  docência  nos  Cursos  de  Graduação em Tecnologia; e 4) a perspectiva de, no âmbito acadêmico, serem desenvolvidos  processos  recontextualizadores  e  de  transformação  (positivas  ou  não)  dos  sujeitos,  dos  campos  sociais  e  da  sociedade  em  geral.  Não  se  trata  de  uma  relação  linear  e  determinista,.

(23) 21 . mas interativa, inter e intrarrelacional e dinâmica, sem que uma tenha primazia sobre a outra,  tampouco existindo fim e começo. Trata­se de etapas para efeito de estudo e/ou refinamento  das  ideias,  de  forma  que,  em  situações  pertinentes,  elementos  dessas  variáveis  são  tomados  “de per si”, sem que isso signifique considerá­las independente do todo.  No sentido de dar organicidade ao estudo, na sistematização das análises, com  vistas  aos  resultados  perseguidos,  as  quatro  vertentes  aqui  apresentadas  estão  inter­relacionadas  e  dispostas  em  três  perspectivas  de  práticas  discursivas:  discurso  oficial  de  âmbito  nacional;  discurso  institucional  ou  do  contexto  da  prática;  e  os  discursos  dos  sujeitos  da  docência,  buscando  identificar  e  compreender  inter­relações,  distanciamentos,  aproximações  e/ou  refrações e recontextualizações dos discursos pedagógicos.  Deste modo, o  corpus da pesquisa  foi constituído da legislação vigente que orienta a  Educação  Superior  e  a  Educação  Superior  de  Tecnologia,  na  qual  fazemos  um  recorte  em  Decretos,  Portarias,  documentos  oficiais  (corpus  documental),  bem  como  dos  discursos  dos  entrevistados em torno do objeto de estudo. Estes elementos, ampliados pelas bases teórico­  conceituais  que  fundamentam  o  estudo,  estão  entrecortados  pelo  debate  (inter)nacional  em  torno  do  assunto,  influenciado  pelo  contexto  sócio­histórico  e  ideológico  de  sua  produção.  Neste sentido, existem pontos importantes a serem considerados.  Além do quadro de implicações de ordem pedagógica, político­ideológicas e culturais  em  que  se  encontra  a  docência  nos  cursos  de  tecnologia,  nossas  investidas  no  sentido  de  coletar elementos constitutivos do corpus da pesquisa – quer sejam documentais, quer sejam  teórico­conceituais  –  encontram  restrições  nos  silenciamentos  em  torno  do  assunto  e,  consequentemente,  das  vozes  dos(das)  professores(as)  de  cursos  de  Graduação  de  Tecnólogos, elementos importantes para compreensão e explicitação da realidade objetiva, ou  seja, uma realidade que tem existência,  independente das  ideias e do pensamento, ainda que  permaneça  muito  pouco  desvelada.  Em  função  disso,  contraditoriamente,  ao  mesmo  tempo  em  que  essas  limitações  se  interpunham  aos  nossos  esforços  investigativos,  restringindo  as  possibilidades  da  pesquisa,  indicavam  os  desafios  a  serem  enfrentados  e  contribuíam  para  justificar a pertinência do estudo.  Dessa  forma,  passamos  a  incluí­las  entre  os  referentes  do  objeto  e  sobre  os  quais  trazemos algumas evidências que apresentamos, em seguida.  Para  denominar  os  silenciamentos  e/ou  as  contraditórias  presenças  ausentes,  damos  ênfase  à  ausência  de  participação  de  professores(as)  da  Graduação  em  Tecnologia,  nas  pesquisas  que  analisam  a  docência  na  Educação  Superior.  Queremos,  com  isto,  dizer  que  a  docência  nos  Cursos  Superiores  de  Tecnologia  ocupa  um  espaço  estabelecido  e.

(24) 22 . institucionalizado  por  meio  da  legislação  oficial,  procurando  maximizar  suas  posições,  embora  este  campo  e  práticas  venham  se  revelando,  aparentemente,  desconsideradas,  na  maioria  dos  estudos  e  pesquisas  que  versam  sobre  a  Educação  Superior,  diante  do  silenciamento  das  “vozes”  de  professores(as)  da  referida  modalidade  acadêmica,  nas  pesquisas sobre docência na Educação Superior. Por conseguinte, isto também contribui para  o relativo desconhecimento dessa realidade, que se apresenta sob várias dimensões, e para o  insuficiente  número  de  produção  científica  qualificada  que  focalize  a  docência  e  seus  professores(as), ou subsidiem seus processos de formação continuada.  Não obstante, fazemos ressalvas aos significativos  investimentos realizados por meio  dos núcleos de pesquisas das universidades, que focalizam o campo do trabalho e educação,  com  interfaces  no  âmbito  da  docência.  Nessa  esfera  podemos  constatar  uma  ampla  e  qualificada  produção,  bem  como  a  existência  de  pesquisas  relacionadas  à  formação  de  professores(as)  que,  em  geral,  trazem  como  elementos  balizadores  estudos  relacionados  à  Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Este, já dispõe de significativas contribuições  de pesquisadores comprometidos em contribuir para romper as  “amarras”  histórico­culturais  que  lhe  dão  contornos  (DELUIZ,  2004,  2001;  OLIVEIRA,  2003;  KUENZER  2004  a  e  b;  RAMOS,  2001,  2004,  2005;  CIAVATTA,  2008;  NUNES,  2006;  entre  outros).  Todavia,  estamos  realçando  que  os  estudos  e  pesquisas  relacionados  aos  campos  da  Educação  Profissional  de  nível  técnico  e  da  Educação  Superior  não  dão  conta  das  peculiaridades  inerentes à Graduação em Tecnologia. Dessa forma, situamos uma contraditória singularidade  de “presença­ausente” da docência nos Cursos de Graduação de Tecnologia e de seus agentes  no âmbito dos estudos e pesquisa. Isso nos leva à assertiva de Santos S. (2002, p. 75), quando  afirma:  “temos  direito  à  igualdade  sempre  que  a  diferença  nos  inferioriza.  Temos  direito  à  diferença sempre que a  igualdade  nos descaracteriza”. Portanto, a “presença­ausente” a qual  nos  referimos  evidencia  uma  ambivalência  e,  ao  mesmo  tempo,  indica  que  o  campo  da  Educação  Superior  de  Tecnologia  tem  existência  real,  no  entanto  permanece  silencioso  ou  pouco explorado no âmbito dos estudos e pesquisas.  Para  melhor  ilustrar  o  que  acabamos  de  expor,  não  raramente  nos  defrontamos  com  uma  significativa produção científica que discute aspectos relacionados à docência  nos anos  iniciais do ensino fundamental e, em menor quantidade, aquelas que tratam da prática docente  em  cursos  de  Licenciatura  e  Bacharelado,  fato  este  que  merece  reconhecimento.  Quanto  à  Graduação de Tecnólogos, confirma­se um “silenciamento” que denuncia a relativa ausência  de estudos e pesquisas em torno do assunto. Isto é o que presumimos com base nos resultados  de investigações que figuram entre o chamado “Estado do Conhecimento”. Ainda que alguns.

(25) 23 . possam  ser  considerados  de  pouca  abrangência,  em  geral,  os  autores  (ANDRÉ,  2002;  BRZEZINSKI  e  GARRIDO,  2001;  PINTO  e  MOREIRA,  2007;  VERMELHO  e  AREU,  2005; PACHANE e  LEITE, 2008, entre outros) procuram analisar elementos relacionados à  formação de professores(as), variável esta inter­relacionada ao exercício da docência. Mesmo  considerando  limitações  de  acesso  ou  de  “fragilidade”  nas  bases  de  dados  de  pesquisas,  ou  outras  dificuldades  inerentes  às  especificidades  dos  objetos  de  conhecimento,  para  o  nosso  estudo  importa  considerar  que  os(as)  professores(as)  da  Graduação  de  Tecnologia  figuram  entre  os  silenciados  nas  dissertações  e  teses  de  doutorado  que  tratam  da  docência  e  das  práticas pedagógicas.  Complementando  as  informações  anteriores,  e  pelo  que  os  dados  empíricos  foram  revelando,  é  que  alcançamos  o  interior  de  grande  parte  das  universidades  brasileiras 1 ,  instância,  por  excelência,  legitimada  para  subsidiar  a  construção  da  qualidade  social  da  docência,  formar  professores(as),  assim  como  constituir  “lócus  privilegiado”  de  ensino,  pesquisa e extensão. Nos termos adotados por Bourdieu (1983, p. 122), trata­se de um campo  científico  de  relações  entre  posições  adquiridas,  em  que  está  em  jogo  o  monopólio  da  autoridade  científica,  ou  seja,  “o  monopólio  da  competência  científica,  compreendida  enquanto  capacidade  de  falar  e  de  agir  legitimamente  (isto  é,  de  maneira  autorizada  e  com  autoridade), que é  socialmente outorgada a um  agente determinado” (BOURDIEU, 1983, p.  122­123).  Nessa  esfera,  as  nossas  observações  levam  a  supor  a  existência  de  “fronteiras  simbólicas”  entre  as  pesquisas  que  focalizam  a  docência  e  formação  continuada  de  professores(as)  e  os  sujeitos  da  docência  nos  Cursos  de  Graduação  em  Tecnologia.  Além  desses  estudos  não  serem  facilmente  identificados  nas  “galerias”  de  produção  científica  e  divulgadas pelos meios que facilitam seus acessos (bancos de dissertações e teses, publicações  incentivadas,  etc.),  em  seus  diversos  núcleos  de  pesquisa  não  são  facilmente  dados(as)  a  conhecer  os(as)  pesquisadores(as)­orientadores(as)  que  elegem  a  docência  ou  os(as)  professores(as) da Graduação em Tecnologia como objeto de pesquisa.  Finalmente,  nos  deparamos  com  um  vazio  que  denuncia  a  ausência  de  um  projeto  nacional  de  formação  docente,  na  perspectiva  da  autonomia  e  da  emancipação  dos(as)  professores(as) da Graduação de Tecnologia e, consequentemente, dos discentes.  Entre  tantas  outras,  essas  diferentes  expressões  de  “silenciamento”  compõem  um  conjunto de variáveis que explicam a ausência de elementos desencadeadores de reflexões e  proposições  1 . teórico­conceituais . e . metodológicas . das . mais . diversas . naturezas . Como  exemplo,  consultas  podem  ser  realizadas  no  “Banco  de  Teses  e  Dissertações”,  disponíveis  nos  sites  <http://www.teses.usp.br/ ou http://servicos.capes.gov.br/capesdw/ dentre outros.>. Acesso em: 22 maio 2009..

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