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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia do Sameiro e no Hospital Universitario de Getafe

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Farmácia do Sameiro

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I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia do Sameiro

dezembro de 2017 a março de 2018

Joana Raquel dos Santos Andrade

Orientador: Dr. Luís Cantante

Tutor FFUP: Prof. Doutora Helena Vasconcelos

(3)

II

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 5 de Abril de 2018

(4)

III

Agradecimentos

Agradeço a todos os que permitiram a concretização de mais um objetivo e a realização deste estágio curricular em farmácia comunitária. Em especial, quero agradecer:

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por estes cinco anos de aprendizagem e por todos os bons momentos que me proporcionou.

À comissão de estágios, pela oportunidade da realização do estágio profissionalizante, em especial à minha tutora, professora Dra. Helena Vasconcelos, por toda a disponibilidade demonstrada e pelo seu acompanhamento e orientação na realização deste relatório.

Ao Dr. Luís Cantante pela possibilidade de realização do estágio na sua farmácia e por toda a disponibilidade demonstrada quando solicitada a sua atenção.

À Dra. Gisela Salvador por todos os conhecimentos transmitidos, disponibilidade e prontidão na resolução de qualquer tipo de situação e pelo exemplo enquanto profissional de saúde a seguir.

Ao Dr. Nuno Pedroso, à Dra. Raquel Melo, à Dra. Margarida Barbosa, ao António José Carvalho e à Cristina Maioto, por todos os conhecimentos que me transmitiram, pela boa disposição e maneira afável como sempre me trataram.

Ao Ivo Vieira e à Helena Silva, meus companheiros de estágio, pelo conhecimento partilhado e exemplo de companheirismo e entreajuda.

Por último, mas não menos importante, a toda a minha família e amigos, por todo o apoio incondicional ao longo destes 5 anos.

(5)

IV

Resumo

O estágio curricular em farmácia comunitária representa o culminar de cinco anos de aprendizagem do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Corresponde ao nosso primeiro contacto com a realidade profissional, onde adquirimos conhecimentos de natureza prática que permitirão o futuro desempenho da profissão farmacêutica, de forma competente e responsável.

O meu estágio realizou-se na Farmácia do Sameiro, em Penafiel, entre 11 de dezembro de 2017 e 13 de março de 2018. O presente relatório descreve as atividades desenvolvidas durante este período, sendo que se encontra dividido em duas partes.

Assim, na primeira parte é relatada a atividade quotidiana de um farmacêutico comunitário, desde a aquisição de medicamentos até ao contacto último com o utente. Sempre que possível são mencionadas experiências vividas durante o meu estágio, de forma a tornar este relatório mais personalizado.

A segunda parte do relatório descreve de forma sucinta dois temas desenvolvidos durante o estágio, “Noções básicas sobre a Hipertensão Arterial” e “Medicamento Genérico ou de Marca”. O primeiro tema abordado surgiu desde cedo, visto que grande parte dos utentes não tinha noções quanto à sua terapêutica anti-hipertensora, nem aos valores de referência e que acatavam toda a informação fornecida pelo profissional de saúde. Posto isto, elaborei um pequeno panfleto com algumas noções básicas sobre esta temática, bem como recolhi os dados de alguns utentes de modo a realizar um estudo estatístico da população de Penafiel. O segundo tema abordado surgiu pelo facto de o meu período de estágio coincidir com o fim da patente do Crestor®, com consequente entrada no mercado de genéricos desta substância ativa. Assim, procedi à elaboração de um pequeno cartaz, de modo a esclarecer todas as questões colocadas pelos utentes no momento do atendimento.

(6)

V

Índice

Declaração de Integridade ... II Agradecimentos ... III Resumo ... IV Índice ... V Índice de Tabelas ... VIII Índice de Figuras ... VIII Lista de abreviaturas ... IX

Introdução ... 1

Parte I – Descrição das atividades desenvolvidas durante o estágio ... 2

1. Organização da Farmácia do Sameiro ... 2

Localização e horário de funcionamento... 2

1.1. Espaço físico ... 2

1.2. 1.2.1. Espaço físico exterior ... 2

1.2.2. Espaço físico interior ... 3

Recursos humanos ... 6 1.3. Perfil de utentes ... 6 1.4. 2. Fontes de informação ... 6 3. Gestão e administração ... 7 Sistema informático ... 7 3.1. Gestão de stock ... 7 3.2. Encomendas e Aprovisionamento ... 8 3.3. 3.3.1. Seleção e aquisição de produtos farmacêuticos ... 8

3.3.2. Receção e conferência de encomendas ... 9

3.3.3. Armazenamento ... 10

3.3.4. Controlo dos prazos de validade e devolução de produtos ... 10

4. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos ... 11

Medicamentos sujeitos a receita médica ... 11

4.1. 4.1.1. Prescrição médica e validação da receita médica ... 12

4.1.2. Sistemas de comparticipação ... 13

4.1.3. Conferência de receituário e faturação ... 14

4.1.4. Estupefacientes e psicotrópicos ... 15

Medicamentos não sujeitos a receita médica ... 16

4.2. 4.2.1. Automedicação e Aconselhamento farmacêutico ... 16

Medicamentos manipulados ... 17

4.3. Outros medicamentos e produtos farmacêuticos ... 17 4.4.

(7)

VI

4.4.1. Produtos e medicamentos de uso veterinário ... 17

4.4.2. Produtos cosméticos e de higiene corporal ... 17

4.4.3. Suplementos alimentares ... 18

4.4.4. Produtos para alimentação especial ... 18

4.4.5. Dispositivos médicos ... 19

5. Cuidados e serviços farmacêuticos ... 19

6. ValorMed ... 20

7. Formações ... 20

Parte II – Projetos desenvolvidos durante o estágio ... 21

Tema 1: Noções básicas sobre a Hipertensão Arterial ... 21

1. Enquadramento e objetivos ... 21 2. A Hipertensão Arterial ... 21 A Pressão Arterial ... 22 2.1. 2.1.1. Risco cardiovascular ... 23 Etiologia ... 24 2.2. Fisiopatologia ... 24 2.3. Fatores de risco ... 25 2.4. Sinais e Sintomas ... 25 2.5. Diagnóstico ... 26 2.6. Tratamento ... 26 2.7. 2.7.1. Medidas não farmacológicas ... 26

2.7.2. Medidas farmacológicas ... 27 2.7.3. Objetivos terapêuticos ... 28 3. Estudo estatístico ... 29 Métodos ... 29 3.1. Resultados ... 29 3.2. Discussão dos resultados ... 30

3.3. 4. Conclusão ... 32

Tema 2: Medicamento Genérico ou de Marca ... 33

1. Enquadramento e objetivos ... 33

2. Factos sobre Medicamentos Genéricos ... 33

Definição de Medicamentos Genéricos ... 33

2.1. Ciclo de vida de um medicamento ... 34

2.2. Autorização de Introdução no Mercado ... 35

2.3. Segurança e Eficácia... 36

2.4. Qualidade ... 37

2.5. Preço e Sistema de comparticipação ... 37

2.6. Impacto económico dos medicamentos genéricos ... 38 2.7.

(8)

VII

3. Conclusão ... 39

Considerações finais ... 40

Referências ... 41

Anexos... 47

Anexo 1: Espaço físico exterior da FS ... 47

Anexo 2: Zona de atendimento ao público ... 48

Anexo 3: Gabinete de apoio personalizado ... 49

Anexo 4: Zona de receção e conferência de encomendas ... 50

Anexo 5: Zona de armazenamento ... 51

Anexo 6: Armazém ... 52

Anexo 7: Laboratório ... 53

Anexo 8: Panfleto: Noções básicas sobre a Hipertensão Arterial ... 54

Anexo 9: Cartão de controlo da Pressão Arterial ... 56

Anexo 10: Risco cardiovascular (1 – adultos com idade ≥45 anos e ≤65 anos; 2 – adultos com idade <45 anos) ... 57

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VIII

Índice de Tabelas

Tabela 1. Cronograma das atividades desenvolvidas ao longo do estágio ... 1 Tabela 2. Definição e classificação dos graus da HTA ...22 Tabela 3. Estratificação do risco CV total de acordo com a PAS e a PAD, a prevalência de fatores de risco, Lesão de Órgãos Assintomática (LOA), DM, DRC ou DCV sintomática ...23 Tabela 4. Principais classes de fármacos anti-hipertensores e respetivas condições especiais de utilização ...28 Tabela 5. Distribuição dos resultados obtidos por género e tratamento farmacológico ....30

Índice de Figuras

Figura 1. Distribuição dos níveis de PA na população em estudo ...30 Figura 2. Distribuição dos níveis de PA nos indivíduos sem terapêutica anti-hipertensora ...31 Figura 3. Distribuição dos níveis de PA nos indivíduos com terapêutica anti-hipertensora ...31 Figura 4. Ciclo de vida de um medicamento ...34

(10)

IX

Lista de abreviaturas

AIM - Autorização de Introdução no Mercado ARA II - Antagonistas do Recetor da Angiotensina BCC - Bloqueadores dos Canais de Cálcio CV - Cardiovascular

DCI - Denominação Comum Internacional DCV - Doenças Cardiovasculares

DM - Diabetes Mellitus

DGS - Direção Geral de Saúde DRC - Doença Renal Crónica DT - Diretor Técnico

FS - Farmácia do Sameiro HTA - Hipertensão Arterial

IECA - Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. LOA - Lesão de Órgãos Assintomática

MG - Medicamentos Genéricos

MICF - Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MSRM - Medicamentos Sujeitos a Receita Médica PA - Pressão Arterial

PAD - Pressão Arterial Diastólica PAS - Pressão Arterial Sistólica

PHYSA - Portuguese Hypertension and Salt Study PS - Profissional de Saúde

PV - Prazo de Validade

PVP - Preço de Venda ao Público

SAMS - Serviços de Assistência Médico-Sociais SCORE - Systematic COronary Risk Evaluation SI - Sistema Informático

SNS - Serviço Nacional de Saúde

(11)

1

Introdução

O estágio profissionalizante representa o culminar do percurso de cinco anos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), sendo o nosso primeiro contacto com a realidade profissional. Representando uma nova etapa de formação, o estágio tem por objetivo garantir uma formação adequada ao exercício farmacêutico, de modo a que este venha a ser desempenhado de forma competente e responsável.

O farmacêutico comunitário desempenha um papel importante como agente de saúde pública, na medida em que é muitas vezes o primeiro profissional ao qual o doente recorre em caso de doença ou necessidade de aconselhamento. Nesse sentido, nunca deve descurar os seus conhecimentos por forma a prestar todos os esclarecimentos e aconselhamentos adequados, de modo a promover um uso racional do medicamento.

O meu estágio curricular em farmácia comunitária realizou-se na Farmácia do Sameiro (FS), em Penafiel, entre os dias 11 de dezembro de 2017 e 13 de março de 2018, seguindo o horário das 9h00 às 18h00, com uma hora de interrupção para almoço, sob orientação do Dr. Luís Cantante.

Posto isto, ao longo destes três meses desempenhei todas as tarefas necessárias ao bom funcionamento da farmácia, as quais estão esquematizadas na Tabela 1.

Tabela 1. Cronograma das atividades desenvolvidas ao longo do estágio

Atividades desenvolvidas Dezembro Janeiro Fevereiro Março

Receção, conferência e

armazenamento de encomendas X X X X

Controlo de prazos de validade X X X X

Atendimento ao público X X X X

Preparação de manipulados X X X X

Serviços farmacêuticos X X X

Conferência de receituário X X X X

Tema 1: Noções básicas sobre a

Hipertensão Arterial X X

Tema 2: Medicamento Genérico ou de

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2

Parte I – Descrição das atividades desenvolvidas durante o estágio

1. Organização da Farmácia do Sameiro

De acordo com o decreto-lei n.º 307/2007 e respetivas alterações, podem ser proprietárias de farmácias pessoas singulares ou sociedades comerciais [1]. Nesse sentido, a proprietária da FS é a sociedade comercial Luís Manuel Cantante - Unipessoal Lda.

Localização e horário de funcionamento

1.1.

A FS, inaugurada a 19 de janeiro de 2004, localiza-se na Rua D. António Ferreira Gomes, na freguesia de Milhundos, concelho de Penafiel.

A sua localização centralizada e a proximidade a locais de prestação de cuidados de saúde (Centro de Saúde de Penafiel e Clínica Médica Arrifana de Sousa) fazem com que a FS seja visitada diariamente por um elevado número de utentes, de diferentes faixas etárias e estratos sociais.

O horário de funcionamento é contínuo, das 9h00 às 21h00, todos os dias úteis e das 9h00 às 13h00 aos sábados, cumprindo os requisitos da legislação em vigor [2]. A nível interno, o horário da equipa técnica é fixo e realizado por turnos, havendo flexibilidade de ajuste sempre que haja necessidade para tal. Nos dias de serviço permanente, distribuídos igualmente pelas seis farmácias do centro de Penafiel, a FS encontra-se aberta desde a hora de abertura até à hora de encerramento do dia seguinte. Nestes dias, o período noturno é assegurado por um Profissional de Saúde (PS) da FS, havendo rotatividade entre os mesmos.

Espaço físico

1.2.

O espaço físico exterior e interior da FS cumpre as normas das Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária [3] e a legislação aplicável [4].

1.2.1.

Espaço físico exterior

A FS encontra-se no rés do chão de um edifício habitacional, pelo que dispõe de condições que permitem o acesso a todos os potenciais utentes, incluindo os portadores de deficiências. É facilmente identificada pela presença do símbolo “cruz verde” à margem da estrada e o vocábulo “farmácia” à entrada da mesma, os quais permanecem iluminados durante a noite e quando a farmácia está de serviço.

No exterior da farmácia é divulgada toda a informação relevante no relacionamento com os utentes, nomeadamente o nome do Diretor Técnico (DT), o

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3 horário de funcionamento, as farmácias de serviço no município e os serviços farmacêuticos prestados com os respetivos preços. Para além da entrada principal possui ainda um acesso lateral, o postigo de atendimento, utilizado em casos de serviço noturno de modo a garantir a segurança do PS.

Para finalizar, de salientar que a montra é elaborada de forma profissional e apelativa, sendo renovada periodicamente. Nela constam apenas produtos de venda livre, estando também presentes painéis a publicitar este tipo de produtos (Anexo 1).

1.2.2.

Espaço físico interior

O interior da FS é constituído por uma área de atendimento ao público, um gabinete de apoio personalizado, gabinete do DT, zona de receção e conferência de encomendas, zona de armazenamento, armazém, laboratório, zona de vestiários e instalações sanitárias. Todas estas áreas estão interligadas entre si e equipadas de forma a providenciar um local de trabalho organizado e funcional para a sua equipa técnica, como também um local calmo, apelativo e profissional para os utentes.

Área de atendimento ao público

A área de atendimentos ao público é ampla e acolhedora, um aspeto essencial tendo em conta a elevada afluência a esta farmácia. O balcão de atendimento, contínuo e disposto sob a forma de C, inclui três postos de trabalho devidamente equipados com todo o material requerido para a dispensa de medicamentos: computador, impressora de receituário e faturas, leitor ótico de código de barras e leitor de cartão de cidadão. Entre os diferentes postos encontram-se as gavetas de pagamento e os terminais de multibanco. Um destes balcões de atendimento é mais baixo que os restantes de modo a permitir o atendimento de pessoas com limitações físicas e a realização de alguns serviços farmacêuticos (determinação de colesterol, triglicerídeos e glicémia).

Na zona anterior aos balcões de atendimento encontram-se colocados alguns Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) agrupados de acordo com a sua indicação e organizados de forma a facilitar o seu acesso no momento do atendimento, como por exemplo, antigripais, antitússicos e suplementos alimentares. Podem ainda encontrar-se os produtos de dermocosmética, de puericultura, de higiene oral, de higiene intima e produtos veterinários organizados por marca e por indicação. Adicionalmente, alguns produtos farmacêuticos como chupetas, biberões e meias de compressão são colocados em expositores, em pontos estratégicos, de forma a despertar a atenção dos utentes.

Esta área dispõe ainda de uma máquina de medição automática de Pressão Arterial (PA) e uma balança eletrónica devidamente calibradas e certificadas (Anexo 2).

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4 Gabinete de apoio personalizado

O gabinete de apoio personalizado é um espaço de pequenas dimensões, mas com a comodidade adequada aos serviços prestados. Corresponde a uma sala reservada a atendimentos que requerem mais privacidade, confiança e atenção, bem como à administração de injetáveis pelos PS certificados para tal (Anexo 3).

Gabinete do Diretor Técnico

O gabinete do DT é um espaço reservado, destinado ao DT, permitindo-lhe uma maior comodidade no desempenho das funções de gestão e administração da farmácia. Também, é neste local que o DT tem reuniões com fornecedores, delegados de informação médica, representantes de laboratórios, entre outras entidades.

Zona de receção e conferência de encomendas

A zona de receção e conferência de encomendas é destinada à verificação e receção de encomendas, sendo que se encontra em espaço conjunto com a zona de armazenamento dos medicamentos por forma a facilitar a reposição do stock. Trata-se de um local devidamente equipado com computador, impressora de receituário e faturas, impressora de etiquetas, impressora multifunções, leitor ótico de códigos de barras, telefone e fax. Corresponde a uma zona restrita à equipa técnica da FS e aos fornecedores e distribuidores (Anexo 4).

Zona de armazenamento

A zona de armazenamento da FS encontra-se dividida em várias secções. Dentro destas secções devidamente identificadas, os produtos/medicamentos encontram-se organizados de acordo com a forma farmacêutica, por ordem alfabética do nome comercial ou da Denominação Comum Internacional (DCI) e, usualmente, por ordem crescente de dose e segundo o laboratório. Ainda, é de salientar que todos os stocks são organizados de acordo com os princípios First Expired First Out, em que os produtos com Prazo de Validade (PV) mais curto são dispensados em primeiro lugar e First In First Out, no caso dos produtos que não possuam PV, sendo dispensados de acordo com a ordem de aquisição pela farmácia.

Entre a área de atendimento ao público e a zona de receção de encomendas encontra-se um corredor com um conjunto de gavetas metálicas deslizantes organizadas consoante a forma farmacêutica: Ampolas, Granulados, Soluções, Produtos de uso vaginal, Pomadas/Cremes/Geles, Gotas orais e auriculares, Produtos para a asma, Colírios/Pomadas de uso oftálmico, Supositórios, Injetáveis não antibióticos, Produtos anti-helmínticos e antiparasitários, Antibióticos, Antibióticos injetáveis, Soros/Soluções

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5 desinfetantes/Sabonetes medicamentosos, Produtos de protocolo de Diabetes Mellitus (DM) (tiras e lancetas). Ao lado destas gavetas metálicas deslizantes existe um conjunto de prateleiras que se destinam a produtos de venda livre como leites em pó, fraldas para bebés e para incontinência urinária, câmaras expansoras, sistemas transdérmicos, águas do mar, testes de gravidez, produtos para preparação de exames médicos e vários produtos utilizados em curativos.

Nas prateleiras junto da zona de receção de encomendas são armazenados os comprimidos/cápsulas de uso humano segundo o seu nome comercial. No que diz respeito aos Medicamentos Genéricos (MG), encontram-se separados dos medicamentos de marca, sendo organizados consoante o laboratório e também por ordem alfabética da DCI. Nesta zona também existem dois armários onde são guardados os medicamentos/produtos de uso veterinário e os psicotrópicos e estupefacientes. Ainda de salientar que, dada a baixa rotatividade dos produtos ortopédicos e das cintas, estes são guardados por cima destes armários (Anexo 5).

Finalmente, e no que respeita aos produtos de conservação especial, como insulinas e vacinas, que exigem uma temperatura de acondicionamento entre os 2 e os 8ºC, a FS dispõe de um frigorífico onde estes produtos são armazenados em condições de temperatura e humidade controladas.

Armazém

No armazém da FS são colocados os excedentes dos medicamentos. É também neste local que se armazenam os produtos de maiores dimensões e que são dispensados com menor frequência, como sacos coletores para ostomia e soros fisiológicos (Anexo 6).

Existe ainda um local que se destina ao armazenamento de produtos reservados e pagos os quais, de forma a facilitar a sua identificação, são rotulados por um recibo da venda onde constam o nome do utente e os produtos em falta. No momento do levantamento, o utente faz-se acompanhar com um outro exemplar desse recibo.

Laboratório

O laboratório da FS é um espaço restrito onde são preparados os manipulados e as preparações extemporâneas. Para tal e, de acordo com os requisitos legais, está munido de todo o material mínimo e obrigatório para a realização destas atividades [5]. Deste modo, este espaço encontra-se equipado com uma bancada de trabalho, uma balança analítica certificada e calibrada, um lavatório e vários materiais de laboratório necessários para a preparação dos manipulados (Anexo 7).

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6 Por fim, é também neste espaço que estão arquivadas as fichas de preparação de manipulados, os respetivos boletins de análise das matérias-primas, o Formulário Galénico Português e a Farmacopeia Portuguesa IX.

Zona de vestiário e Instalações sanitárias

A zona de vestiário é um espaço restrito composto por cacifos que se destinam à arrumação dos pertences de cada PS.

As instalações sanitárias destinam-se aos PS podendo, em casos excecionais, ser usadas pelos utentes.

Recursos humanos

1.3.

De acordo com o decreto-lei n.º 307/2007, os farmacêuticos devem constituir a maioria dos trabalhadores da farmácia podendo ser coadjuvados por técnicos de farmácia ou outro pessoal habilitado [1]. Assim, o quadro de recursos humanos da FS é composto por cinco farmacêuticos e dois técnicos auxiliares de farmácia. Durante o meu

estágio, estive acompanhada de dois colegas estagiários, um farmacêutico e uma

técnica de farmácia.

Todos os elementos da equipa encontram-se devidamente identificados, mediante o uso de um cartão que contém o respetivo nome e o título profissional.

Perfil de utentes

1.4.

Independentemente das faixas etárias e dos estratos sociais, os utentes da FS são muito fiéis à mesma, o que permite um melhor acompanhamento dos mesmos. Da parte da manhã, a maioria dos utentes são idosos e polimedicados que procuram um PS para o aviamento das suas receitas com medicação para doenças crónicas. Da parte da tarde, existe uma maior heterogeneidade no que respeita à faixa etária dos utentes, bem como ao tipo de medicamentos e produtos dispensados.

2. Fontes de informação

Dada a inevitável evolução da ciência, qualquer PS deverá estar em constante atualização dos seus conhecimentos científicos. De facto, o rigor e a credibilidade da informação fornecida ao utente durante um aconselhamento são condições imprescindíveis no ato farmacêutico.

A FS apresenta uma pequena biblioteca, da qual fazem parte a Farmacopeia Portuguesa, o Prontuário Terapêutico e o Resumo das Caraterísticas do Medicamento,

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7 requisitos legais das farmácias comunitárias [3, 4]. Contudo, no momento de atendimento estas fontes são de difícil consulta, pelo que existem outras fontes bibliográficas que normalmente são consultadas, como é o caso do Infomed, uma base de dados de medicamentos de uso humano da responsabilidade da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED), ou mesmo sites específicos de produtos farmacêuticos.

Mas a fonte de informação a que mais recorri durante o meu estágio, foi o separador da informação científica do produto, disponível no programa Sifarma 2000®, que contém informação sobre a posologia, indicações terapêuticas, interações medicamentosas e reações adversas.

3. Gestão e administração

Sistema informático

3.1.

O Sistema Informático (SI) utilizado na FS é, como já referido, o Sifarma 2000®, desenvolvido pela Glintt®. É através deste software que se realiza a receção e gestão de encomendas, gestão e regularização de devoluções, processamento de receituário, controlo de PV e dispensa de medicamentos.

Para além disto, permite um atendimento mais personalizado ao possibilitar a criação de fichas de cliente que facilitam o acesso ao histórico de vendas do utente, o qual dá informação ao PS sobre os medicamentos que o utente utiliza e ainda, no caso dos MG, qual o laboratório que costuma utilizar.

Cada PS da FS tem um código próprio de acesso ao Sifarma 2000®, o que permite um rastreio eficaz de todos os procedimentos realizados.

Durante o meu estágio, tive oportunidade de contactar com as várias

funcionalidades do Sifarma 2000®, nomeadamente a receção e conferência de encomendas, a dispensa de medicamentos, o controlo de PV e a realização de devoluções. Nas últimas semanas de estágio, surgiu uma nova finalidade que permite, no final do atendimento, a impressão de etiquetas com a posologia do utente em questão, o que poderá vir a facilitar o processo de aconselhamento farmacêutico.

Gestão de stock

3.2.

Uma gestão eficiente e controlada dos stocks é fulcral para o bom funcionamento da farmácia, a qual deve suprimir as necessidades dos utentes e, em simultâneo, evitar situações de excesso ou rutura de stocks. Segundo o decreto-lei n.º 11/2012, as farmácias devem dispor de em stock mínimo de três medicamentos de cada grupo

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8 homogéneo, de entre os cinco com Preço de Venda ao Público (PVP) mais baixo [6]. Para além deste fator obrigatório, a determinação dos níveis de stock mínimo e máximo deve ter em conta o perfil de utentes da farmácia, a sazonalidade, a existência de campanhas publicitárias para certos produtos e condições de compra de determinados produtos, como eventuais bonificações ou condições de pagamento.

Esta atividade pode ser auxiliada pelo Sifarma® uma vez que, na ficha de cada produto, pode ser definido um stock máximo e mínimo, os quais podem ser reajustados de acordo com as necessidades. Durante o meu estágio, sempre que detetava alguma discrepância entre o stock físico existente na farmácia e o indicado informaticamente informava a farmacêutica responsável, de modo a acertar os stocks.

Encomendas e Aprovisionamento

3.3.

3.3.1.

Seleção e aquisição de produtos farmacêuticos

A aquisição de produtos farmacêuticos pode ser efetuada através da realização de encomendas a distribuidores grossitas ou diretamente aos laboratórios. Na FS são feitas diariamente duas encomendas, uma de manhã e outra de tarde, a dois distribuidores grossitas: a OCP Portugal© (principal fornecedor) e a Cooprofar©. Ainda, a Alliance Healthcare© é outro distribuidor grossista a que se recorre, mas geralmente apenas nos casos de rutura de stock nos fornecedores habituais. Este tipo de encomenda baseia-se nos stocks mínimos e máximos definidos previamente para cada produto, sendo gerada automaticamente uma sugestão de encomenda pelo SI. Cabe ao farmacêutico responsável pela realização da encomenda avaliar a proposta gerada e adicionar, remover, aumentar ou diminuir a quantidade de produtos encomendados. Ainda de notar que as encomendas transmitidas via modem devem ser realizadas num horário pré-definido de modo a garantir a sua entrega no horário acordado com o distribuidor.

Para além deste tipo de encomenda, por vezes são realizadas encomendas diretamente a um laboratório farmacêutico. Este tipo de encomendas destina-se sobretudo a MG, a MNSRM, a produtos de dermocosmética e ainda a produtos sazonais e são feitas presencialmente com um delegado representante do laboratório em questão, permitindo que a farmácia usufrua de preços especiais aquando da aquisição de grandes quantidades destes produtos. Adicionalmente é também possível efetuar encomendas instantâneas de determinado tipo de produtos por contacto telefónico com o fornecedor ou por Via Verde [7], aquando carência destes durante o atendimento.

Durante o meu estágio na FS tive oportunidade de acompanhar a realização da

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9 várias encomendas instantâneas aos fornecedores via chamada telefónica, durante o atendimento, assim como encomendas Via Verde para medicamentos como o PRADAXA® 150 mg, por exemplo.

3.3.2.

Receção e conferência de encomendas

Uma correta receção das encomendas é fundamental na gestão dos stocks dos produtos e no controlo dos PV. Os produtos são entregues em contentores de plástico ou caixas de cartão devidamente identificadas pelo fornecedor e acompanhados da respetiva fatura em duplicado ou guia de remessa. No caso dos produtos da cadeia de frio, vêm acondicionados em contentores térmicos devidamente identificados e com indicação “medicamentos a conservar no frio”. Estes produtos serão os primeiros a ser rececionados e armazenados no local que lhes é destinado.

Toda a receção de encomendas é realizada recorrendo ao SI. Primeiramente verifica-se se a encomenda já se encontra criada, no menu “Receção de encomendas”. Caso contrário, terá de ser criada uma encomenda manual, em “Gestão de encomendas”, na qual se deve indicar o fornecedor, código nacional do produto e quantidades dos produtos a rececionar, tendo sempre como guia a fatura recebida.

Depois de selecionada a encomenda a rececionar, deve-se introduzir o número da fatura e o valor total faturado. De seguida, procede-se à leitura ótica do código de barras de cada produto, verificando a quantidade de unidades do produto, o PV e o preço de venda à farmácia. Relativamente aos produtos de venda livre, o PVP é estabelecido pela farmácia, multiplicando o preço de venda à farmácia pela margem de lucro da farmácia. Para os produtos que vão ser comercializados pela primeira vez na farmácia, deve-se criar a ficha do produto detalhada com a designação do produto, forma de conservação, local de arrumação na farmácia e com atualização do stock mínimo e máximo. No caso de medicamentos sujeitos a controlo especial pelo INFARMED, como psicotrópicos, estupefacientes e benzodiazepinas, são enviadas, em anexo à fatura, requisições próprias que serão posteriormente assinadas e carimbadas pelo farmacêutico responsável.

Terminada a receção da encomenda existem produtos encomendados que não foram rececionados. Na sua maioria, tratam-se de produtos que estão esgotados no respetivo distribuidor e, por este motivo, são transferidos para a lista de produtos esgotados para que se possa efetuar o seu pedido a outro fornecedor.

Durante o meu estágio tive oportunidade de rececionar encomendas de todos os

tipos, realizando todo o processo descrito anteriormente inúmeras vezes. De facto, a realização desta atividade é crucial para uma boa gestão da farmácia e para um conhecimento dos medicamentos e produtos de saúde existentes na farmácia.

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10

3.3.3.

Armazenamento

Após a receção da encomenda é necessário proceder ao correto armazenamento dos produtos, de forma a respeitar as suas condições de conservação e de otimizar o trabalho do PS durante o atendimento. Tal como já foi referido, a zona de armazenamento da FS encontra-se divida em várias secções, tendo em conta o tipo de produtos e a sua rotatividade.

De referir que todos os locais de armazenamento de medicamentos se encontram devidamente controlados quanto às condições de humidade e temperatura, sendo realizado o seu registo mensalmente.

Durante o meu estágio, participei ativamente no armazenamento dos produtos,

tanto na zona de armazenamento como na área de atendimento ao público. Considero que esta atividade foi extremamente importante, uma vez que me permitiu um primeiro contacto com os produtos disponíveis na farmácia, possibilitando a aquisição de informações às quais era parcialmente alheia, como os nomes comercias, as cores de cada laboratório, as formas farmacêuticas, entre outras. O facto de me habituar à localização dos produtos na farmácia facilitou imenso o atendimento ao público, havendo uma otimização do atendimento, uma vez que menos tempo foi perdido à procura dos medicamentos e mais tempo foi gasto no aconselhamento ao utente. Ainda, o local de armazenamento de determinados produtos teve de ser alterado, por forma a se tornar mais intuitivo e evitar erros de dispensa, devido à introdução de novos produtos, como por exemplo, os MG da rosuvastatina.

3.3.4.

Controlo dos prazos de validade e devolução de produtos Tal como referido anteriormente, na FS todos os produtos são armazenados segundo o princípio First Expired First Out de modo a que os produtos com PV mais curto sejam escoados primeiro. Contudo, de forma a prevenir a venda de produtos fora do PV que possam trazer consequências para a saúde do utente é necessário verificar periodicamente os PV. Neste sentido, para além do controlo diário efetuado aquando a receção da encomenda, mensalmente é impressa uma listagem dos produtos cujo PV expira no prazo de dois meses. Os produtos que se encontrem nestas condições são separados dos restantes para posterior devolução ao fornecedor.

A devolução de um produto ao seu fornecedor pode também ser desencadeada por outras situações como a discrepância entre o produto aviado e o produto pedido, situações em que esteja em causa a integridade do produto ou, ainda, quando existem lotes que tenham que ser retirados do mercado devido a alertas emitidos pelo INFARMED. Para se proceder à devolução de um produto, deve ser emitida uma nota de

(21)

11 devolução que é enviada, juntamente com os produtos, ao fornecedor. Caso este aceite o pedido de devolução, emite uma nota de crédito à farmácia correspondente ao valor dos produtos a devolver ou procede a uma troca direta dos produtos.

Durante o meu estágio tive a possibilidade de participar no controlo mensal dos

PV e de proceder à devolução desses produtos. Também, tive oportunidade de proceder à devolução de produtos danificados, por exemplo, frascos de xaropes ou ampolas partidas.

4. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos

A dispensa dos medicamentos é um ato farmacêutico que não se pode restringir apenas à entrega do medicamento, devendo envolver o fornecimento de toda a informação indispensável ao seu uso, por forma a minimizar os riscos inerentes à sua utilização e contribuir para a obtenção de melhores resultados clínicos. Deste modo, o farmacêutico é responsável pela cedência, indicação e revisão da terapêutica, farmacovigilância, seguimento farmacoterapêutico e pelo uso racional dos medicamentos [3]. Por estas razões e por o farmacêutico ser um elo de ligação importantíssimo entre o utente e o sistema de saúde, o farmacêutico tem uma responsabilidade acrescida neste campo.

De acordo com a legislação em vigor, os medicamentos de uso humano podem ser classificados quanto à sua dispensa como Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) ou MNSRM [8].

Durante o meu estágio, desde cedo que me concederem a possibilidade de

acompanhar o atendimento dos utentes, sendo que rapidamente passei a fazê-lo com supervisão, e à medida que foi adquirindo agilidade, tornei-me capaz de o realizar sozinha. De facto, a dispensa de medicamentos exigiu um elevado grau de conhecimentos técnico-científicos, pelo que foi frequente a consulta de fontes bibliográficas, de modo a proceder ao melhor aconselhamento possível.

Medicamentos sujeitos a receita médica

4.1.

São considerados MSRM aqueles que possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica ou quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; podem conter substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; ou que se destinem a ser administrados

(22)

12 por via parentérica. Estes medicamentos apenas devem ser dispensados mediante a apresentação de uma receita médica válida, segundo as indicações, modelos ou formato aprovados pelo Ministro da Saúde [8].

4.1.1.

Prescrição médica e validação da receita médica

A prescrição de medicamentos, incluindo manipulados e medicamentos contendo estupefacientes e psicotrópicos, tem de ser efetuada por meios eletrónicos, através da utilização de soluções ou equipamentos informáticos reconhecidos pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. O objetivo da prescrição eletrónica é aumentar a segurança no processo de prescrição e dispensa e facilitar a comunicação entre os diversos PS envolvidos no processo. Este tipo de prescrição é também aplicável a outros produtos, com ou sem comparticipação, nomeadamente dispositivos médicos, produtos dietéticos, fraldas, sacos de ostomia e outros [9]. De acordo com a portaria n.º 224/2015, a prescrição pode realizar-se por via manual, se ocorrer uma das seguintes situações: falência do SI; inadaptação fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem profissional; prescrição ao domicílio; outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês [10].

Assim, até que seja possível a total desmaterialização da prescrição, coexistem duas formas de prescrição eletrónica:

 Prescrição eletrónica desmaterializada (Receita sem papel) - é apenas acessível e interpretável por equipamentos eletrónicos, em que o software valida e regista a receita médica no sistema central de prescrições [9]. Segundo o despacho n.º 2935-B/2016, a Receita sem papel adquiriu caráter obrigatório a 1 de abril de 2016, para todas as entidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) [11].

 Prescrição eletrónica materializada - a prescrição é impressa e pode ocorrer em modo online (como a receita sem papel), ou em modo offline [9].

No caso da receita materializada ou por via manual, podem ser prescritos até quatro medicamentos ou produtos de saúde distintos, não podendo, em caso algum, o número total de embalagens prescritas ultrapassar o limite de duas por medicamento ou produto nem o total de quatro embalagens. No caso da receita desmaterializada, em linhas de prescrição distintas, podem ser prescritos produtos de saúde e medicamentos distintos, sendo que cada linha de prescrição só pode incluir um produto ou um medicamento, até um máximo de duas embalagens cada, ou seis se se tratar de um medicamento destinado a tratamento prolongado [10].

(23)

13 Seja qual for a prescrição, a receita só é válida se incluir os seguintes elementos: número da receita; local de prescrição ou respetivo código; identificação do médico prescritor, incluindo o número de cédula profissional e, se for o caso, a especialidade; nome e número de utente; entidade financeira responsável e número de beneficiário, acordo internacional e sigla do país (quando aplicável); e se aplicável, referência ao regime especial de comparticipação de medicamentos. As receitas materializadas devem conter ainda: a DCI da substância ativa; dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem, número de embalagens; denominação comercial do medicamento, se aplicável; código nacional de prescrição eletrónica de medicamentos ou outro código oficial identificador do produto, se aplicável; data de prescrição; e a assinatura autógrafa do prescritor. Contudo, no caso das receitas desmaterializadas deverão constar adicionalmente a hora da prescrição e as linhas de prescrição. As prescrições por via manual requerem uma atenção acrescida por parte do PS e devem conter: vinheta identificativa do local de prescrição e do médico prescritor; identificação da especialidade médica (se aplicável); e contacto telefónico do prescritor [10].

Durante o meu estágio tive oportunidade de validar os diferentes tipos de

receitas, processo que exigia bastante concentração, sobretudo nas receitas manuais, pois requeria a verificação de todos os requisitos acima referidos, para que desta forma a farmácia seja reembolsada pela entidade responsável pela comparticipação.

4.1.2.

Sistemas de comparticipação

A comparticipação corresponde à fração do PVP do MSRM que é paga pela entidade responsável pela comparticipação. O decreto-lei n.º 106-A/2010, prevê a possibilidade de comparticipação de medicamentos através de um regime geral e de um regime especial, o qual se aplica a situações específicas que abrangem determinadas patologias ou grupos de doentes [12, 13].

No que diz respeito ao regime geral, a comparticipação do Estado é fixada de acordo com os seguintes escalões: no escalão A a comparticipação é de 95%, no escalão B é de 69%, no escalão C é de 37% e no escalão D é de 15%. Estes escalões variam de acordo com as indicações terapêuticas do medicamento, a sua utilização, as entidades que o prescrevem e ainda com o consumo acrescido para doentes que sofram de determinadas patologias [13, 14].

O regime especial de comparticipação de medicamentos prevê dois tipos de comparticipação: em função dos beneficiários e em função das patologias ou de grupos especiais de utentes. Relativamente ao primeiro caso, a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos integrados no escalão A é acrescida de 5% e nos escalões B, C e D é acrescida de 15% para os pensionistas cujo rendimento total anual não exceda 14

(24)

14 vezes o salário mínimo nacional. Nestes casos, a receita deve possuir a letra “R” no local do plano de comparticipação [14]. O regime especial de comparticipação de medicamentos em função de determinadas patologias ou grupo especial de utentes deve estar identificado pela letra “O” e o médico prescritor deve fazer menção do respetivo despacho/portaria/diploma na receita, na linha que corresponde ao medicamento específico. Estão abrangidas por este regime doenças como a artrite reumatóide, o lúpus, a hemofilia, a psoríase, a doença de Alzheimer, entre outras.

Também se encontram abrangidos pelo regime de comparticipação reagentes (tiras-teste) para determinação de glicemia, cetonemia e cetonúria e as agulhas, seringas e lancetas destinadas a pessoas com DM. O valor máximo da comparticipação do Estado nas tiras-teste é 85% do PVP e nas agulhas, seringas e lancetas corresponde a 100% do PVP [15].

Ainda de referir que, embora a maioria dos utentes seja beneficiário da comparticipação do SNS, alguns beneficiam ainda de outros subsistemas de saúde complementares como: Multicare, Serviços de Assistência Médico-Sociais (SAMS), SAMS Quadros (Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários) ou EDP-Sãvida.

Durante o meu estágio, tive oportunidade de contactar com receitas

comparticipadas pelos diferentes regimes de comparticipação, sendo os mais comuns o 01 (Regime Geral do SNS) e o 48 (Regime Pensionista do SNS). Os utentes que estavam associados a algum tipo de subsistema de saúde foram os que me chamaram mais a atenção, exigindo uma atenção redobrada aquando da dispensa de medicamentos.

4.1.3.

Conferência de receituário e faturação

Para que a farmácia receba o reembolso de todas as comparticipações que efetuou durante o mês, é necessário enviar mensalmente todas as receitas para o Centro de Conferências de Faturas, no caso dos medicamentos comparticipados pelo SNS, ou para a Associação Nacional de Farmácias, no caso de as comparticipações serem efetuadas por outros organismos complementares, até ao dia dez do mês seguinte [16]. Este procedimento apenas se aplica às receitas por via manual e às receitas eletrónicas materializadas.

Assim, durante o mês, as receitas são organizadas tendo em conta a entidade de comparticipação, o número do lote e o número da receita dentro do lote, sendo cada lote composto por 30 receitas à exceção do último. Posteriormente, todas estas receitas são confirmadas por um farmacêutico competente, em que se verifica se cumprem todos os requisitos legais, nomeadamente se a medicação dispensada corresponde à prescrita, se a receita se encontra carimbada, datada e assinada pelo responsável pela dispensa da

(25)

15 medicação e se o regime de comparticipação foi bem aplicado. No final de cada mês, procede-se à emissão dos verbetes de identificação de lotes, que são carimbados e anexados aos respetivos lotes, bem como ao fecho de todos os lotes para que seja possível iniciar-se uma nova série no mês seguinte. É impresso também o resumo mensal de lotes e a fatura à entidade. Toda esta documentação é posteriormente enviada para as entidades competentes.

Durante o meu estágio, tive a possibilidade de conferir as receitas manuais, o

que me alertou para possíveis erros que poderia cometer ao validar este tipo de receitas. De facto, verifiquei erros nos regimes de comparticipação, tendo sido possível o abate da venda e posterior aplicação do regime correto. Posteriormente procedi à emissão dos verbetes de cada lote fechado, através do SI.

4.1.4.

Estupefacientes e psicotrópicos

Os medicamentos estupefacientes e psicotrópicos atuam no Sistema Nervoso Central e são propícios de desencadear fenómenos de tolerância, dependência física e psíquica e alteração comportamental e, como tal, estão sujeitos a um controlo especial por parte do INFARMED e exigem a emissão de uma receita médica especial [17]. No ato de dispensa destes medicamentos deve-se proceder ao registo informático dos seguintes dados: identificação do utente ou do seu representante (nome, data de nascimento, número e data do cartão de cidadão), número da prescrição, identificação da farmácia (nome e número de conferência de faturas), identificação do medicamento (número de registo e quantidade dispensada) e data da dispensa. De realçar que no caso de se tratar de uma receita manual ou materializada, o utente ou seu representante deve assinar o verso da receita de forma legível para comprovar a dispensa efetuada [10]. Uma vez terminada a venda são impressos dois talões que devem ser arquivados na farmácia por um período de três anos.

Posteriormente, para controlo de receituário, a farmácia envia ao INFARMED, até ao dia oito do mês seguinte à dispensa, o registo mensal das saídas dos estupefacientes e psicotrópicos juntamente com as cópias das receitas manuais. Ainda, até ao dia 31 de janeiro deverá ser enviado um balanço anual de entradas e saídas dos estupefacientes e psicotrópicos [18].

Durante o meu estágio na FS tive a possibilidade de dispensar este tipo de

(26)

16

Medicamentos não sujeitos a receita médica

4.2.

Os MNSRM são medicamentos de uso humano que, tal como o nome indica, não necessitam de receita médica. Estes produtos podem ser vendidos nas farmácias ou fora destas, em locais que cumpram os requisitos legais e regulamentares, sendo que em qualquer situação a sua dispensa só pode ser feita por um PS (farmacêutico ou por técnico de farmácia) ou sob a sua supervisão [19].

Durante o meu estágio, tendo em conta a época sazonal em que me encontrava,

os transtornos menores que apareciam com mais frequência na FS eram afeções do trato respiratório superior, como tosse, dor de garganta, congestão e corrimento nasal. No início, como não conhecia os MNSRM para estas indicações recorria a um outro PS de modo a garantir o uso seguro e racional do medicamento, tendo-me tornado independente com o decurso do estágio.

4.2.1.

Automedicação e Aconselhamento farmacêutico

Os MNSRM são utilizados em larga escala pela população em regime de automedicação, que consiste na utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de um PS [20]. Mas, é importante que o utente tome consciência de que o ato da automedicação é sempre suscetível de gerar riscos, nomeadamente, mascarar sintomas, dificultar ou atrasar diagnósticos, favorecer a ocorrência de reações adversas ou aparecimento de interações medicamentosas.

É neste âmbito que o aconselhamento farmacêutico adquire grandes dimensões. Assim, durante a dispensa destes medicamentos o farmacêutico deve recolher a informação necessária sobre o paciente, nomeadamente a natureza e duração dos sintomas, avaliando assim se estes estão associados a um problema de saúde grave ou a transtornos menores que podem ser resolvidos através de tratamento não farmacológico ou MNSRM. Neste último caso, evitando a consulta médica, o farmacêutico é o responsável por indicar ao doente o modo de administração, a posologia, a duração do tratamento e possíveis efeitos adversos do MNSRM sugerido.

Durante o meu estágio, foram inúmeras as vezes que prestei aconselhamento

aos utentes. Mesmo nas situações em que os utentes vinham com uma ideia pré-concebida do que queriam, procurei questionar acerca dos problemas por detrás do seu uso, assim como salientar sempre a posologia e as suas indicações terapêuticas.

A título de exemplo, uma situação que aconteceu frequentemente durante o meu estágio e que demonstra a minha intervenção num caso de automedicação errada, foi relativa a antitússicos, visto que os utentes tendencialmente usavam o mesmo antitússico

(27)

17 para os vários tipos de tosse, sem ser essa a indicação terapêutica. Deste modo, sempre que me deparava com estas situações questionava o utente sobre o seu tipo de tosse e indicava-lhe qual o antitússico mais adequado ao seu caso.

Medicamentos manipulados

4.3.

Segundo o decreto-lei n.º 95/2004, um medicamento manipulado é “qualquer fórmula magistral (quando preparado segundo uma receita médica que especifica o doente a quem o medicamento se destina) ou preparado oficinal (quando o medicamento é preparado segundo indicações compendiais, de uma farmacopeia ou formulário) preparado e dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico” [21]. Visando criar um elevado padrão de qualidade dos medicamentos manipulados preparados em farmácia de oficina, a sua preparação deve respeitar as normas previstas na portaria n.º 594/2004, que aprova as boas práticas a observar na preparação de medicamentos manipulados [22]. O cálculo do PVP é efetuado com base no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor dos materiais de embalagem [23].

Durante o meu estágio tive oportunidade de preparar várias vezes a vaselina

salicilada a 10%, aplicando várias técnicas laboratoriais adquiridas durante o MICF.

Outros medicamentos e produtos farmacêuticos

4.4.

4.4.1.

Produtos e medicamentos de uso veterinário

Um medicamento veterinário é “toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sintomas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” [24]. Estes produtos são recursos cruciais para a defesa da saúde e do bem-estar dos animais e para a proteção da saúde pública.

Durante o meu estágio, os produtos com maior rotatividade na FS foram os

antiparasitários, de uso interno e de uso externo, e os anticoncecionais. Suscitavam, várias vezes, dúvidas entre os utentes, sobretudo acerca da duração do tratamento e o respetivo intervalo, o que requeria uma maior atenção, de modo a fornecer um correto aconselhamento.

4.4.2.

Produtos cosméticos e de higiene corporal

Segundo o decreto-lei n.º 189/2008, um produto cosmético consiste em “qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as diversas partes

(28)

18 superficiais do corpo humano, designadamente epiderme, sistema piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais” [25]. Apesar de não serem considerados medicamentos, são frequentemente indicados por dermatologistas.

Na FS existem algumas marcas de produtos cosméticos (LaRoche-Posay®, Uriage®, Avène®, Vichy®, ISDIN®) e de higiene corporal (Lactacyd®) que são diariamente procuradas pelos utentes. Numa primeira fase, a falta de conhecimentos nesta área e a grande diversidade de produtos existentes fez com que sentisse dificuldades em aconselhar estes produtos aos utentes. Através da observação dos farmacêuticos e técnicos e após pesquisa das diversas marcas, fui adquirindo alguns conhecimentos que consegui então aplicar durante o estágio.

4.4.3.

Suplementos alimentares

De acordo com o decreto-lei n.º 136/2003, suplementos alimentares são géneros alimentícios que têm como objetivo complementar e/ou suplementar um regime alimentar normal. Correspondem a fontes concentradas de substâncias com efeito nutricional ou fisiológico, em combinação ou isoladas, que são comercializadas em forma doseada, e destinam-se a ser ingeridas por via oral em quantidades reduzidas. Os suplementos alimentares podem conter: vitaminas, minerais, aminoácidos, ácidos gordos essenciais, fibras, antioxidantes, plantas e extratos de plantas [26].

A FS apresenta uma ampla gama de suplementos alimentares, desde produtos para o reforço da memória e saúde mental, para o emagrecimento, para melhoria do desempenho sexual ou mesmo para períodos específicos da vida, como a gravidez.

Durante o meu estágio os produtos mais solicitados foram os produtos para a

fadiga física e intelectual como o Sargenor 5®. Num caso particular, um utente dador de sangue pediu-me aconselhamento para um suplemento de ferro, de modo a evitar uma possível anemia. Com auxílio de outro PS, aconselhei a adoção de medidas não farmacológicas acompanhadas do suplemento Fisiogen Ferro Forte®.

4.4.4.

Produtos para alimentação especial

Os géneros alimentícios destinados a uma alimentação especial são aqueles que, devido à sua composição ou a processos especiais de fabrico, se distinguem claramente dos géneros alimentícios de consumo corrente. Estes produtos satisfazem as necessidades nutricionais dos indivíduos cujo processo de assimilação ou metabolismo se encontra perturbado; dos que se encontram em condições fisiológicas especiais e que, por esse facto, podem retirar particulares benefícios da ingestão controlada de certas

(29)

19 substâncias contidas nos alimentos; e em lactentes ou crianças de um a três anos de idade em bom estado de saúde [27].

Na FS os produtos dietéticos mais solicitados eram os que se destinavam a adultos com necessidades nutricionais especiais, isto é, produtos específicos para indivíduos com regimes alimentares hipocalóricos ou hipercalóricos, hipoproteicos ou hiperproteicos. (Resource® e Fresubin®).

4.4.5.

Dispositivos médicos

O dispositivo médico é definido como qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado para fins de:

 diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença;

 diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou de uma deficiência;

 estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico;  controlo da concepção [28].

Durante o meu estágio tive a possibilidade de contactar com alguns dispositivos

médicos sendo os mais comumente requisitados os produtos de obstetrícia, os artigos de puericultura, os materiais de penso e sutura, os testes de gravidez e os preservativos. Quanto às meias de compressão, tive oportunidade de acompanhar as medições da perna do utente (medidas do tornozelo, da barriga da perna, da coxa, do quadril e altura da perna), cujo medidas eram posteriormente enviadas para o fornecedor que confecionava as meias à medida de cada utente.

5. Cuidados e serviços farmacêuticos

A profissão farmacêutica não se restringe apenas à dispensa de medicamentos. O farmacêutico apresenta uma responsabilidade acrescida na promoção da saúde e bem-estar dos utentes. Os serviços farmacêuticos prestados pela FS vão de encontro ao disposto pela portaria n.º 1429/2007, que define o tipo de serviços que podem ser prestados em farmácia comunitária [29].

Durante o meu estágio foi-me solicitada várias vezes a determinação da PA (o

(30)

20 medição do peso, altura e índice de massa corporal e a realização de alguns testes bioquímicos, como a determinação da glicémia, do colesterol total e dos triglicerídeos. Após a obtenção dos resultados, tentei sempre aconselhar os utentes a uma alteração do estilo de vida e a medição regular de alguns parâmetros para um melhor controlo e seguimento dos tratamentos farmacológicos.

6. ValorMed

A ValorMed®, criada em 1999, é uma sociedade sem fins lucrativos que tem a responsabilidade da gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso, para que estes sejam recolhidos e tratados de forma segura, evitando-se, por razões de saúde pública, que estejam acessíveis como qualquer outro resíduo urbano [30].

Durante o meu estágio apercebi-me que é prática recorrente dos utentes, a

entrega dos medicamentos que já não necessitam na farmácia. Estes resíduos são colocados em contentores cedidos pela ValorMed® e uma vez cheios são selados, recolhidos e armazenados pelos distribuidores grossistas, sendo depois transportados para um centro de triagem e gestão de resíduos, onde serão tratados adequadamente (reciclagem ou inceneração). Durante este período ocorreu uma alteração no preenchimento do formulário que acompanha o contentor, o qual passou a ser feito com recurso ao SI.

7. Formações

Considerando a oferta constante e crescente de novos medicamentos, a pluralidade de prescrições para um único doente, a diversidade de informação disponível e a complexidade dos tratamentos farmacológicos, o farmacêutico deve manter atualizadas as suas capacidades técnicas e científicas de modo a melhorar e otimizar o aconselhamento prestado aos utentes.

Deste modo, durante o meu estágio tive oportunidade de participar numa formação online sobre o UL-250®, intitulada “A microbiota e a influência na saúde”, a qual pretendia apresentar o impacto da associação de um antibiótico a um probiótico.

A nível interno, um farmacêutico da FS realizou uma pequena explicação sobre o modo de funcionamento dos diferentes inaladores disponíveis na farmácia, bem como do Trulicity®, uma solução injetável para tratamento da DM tipo II.

(31)

21

Parte II – Projetos desenvolvidos durante o estágio

Tema 1: Noções básicas sobre a Hipertensão Arterial

1. Enquadramento e objetivos

Face ao tipo de utentes que acorriam à FS foi recorrente a dispensa de medicamentos anti-hipertensores, bem como a medição da PA. Durante estas atividades pude constatar que grande parte dos utentes não tinha noções quanto à sua terapêutica anti-hipertensora nem aos valores de referência e que acatavam toda a informação fornecida pelo PS.

Perante o exposto, decidi elaborar um panfleto informativo sobre o tema da Hipertensão Arterial(HTA) onde realçava os fatores de risco, os sintomas, os valores de referência e a forma como se pode prevenir e controlar esta doença, sendo este panfleto entregue após um pequeno aconselhamento farmacêutico (Anexo 8). Visto que grande parte dos utentes realizava um controlo regular da PA, procedi também à elaboração de um cartão de controlo onde se podia registar a data e hora da medição e os valores obtidos (Anexo 9).

Ainda, com o intuito de verificar em que intervalo de valores de PA se encontra a população de Penafiel, decidi, com o consentimento dos utentes, recolher os seus valores, de forma a realizar um pequeno estudo estatístico.

2. A Hipertensão Arterial

Até 1980 as doenças infeciosas e a desnutrição eram as principais causas de morte em todo o mundo e as doenças cardiovasculares eram responsáveis por menos de 10% das mortes [31]. Atualmente, as doenças cardiovasculares provocam, a nível mundial, cerca de 16 milhões de mortes, sendo que 9,4 milhões são devido à HTA. Em 2008, aproximadamente 40% dos adultos com idade igual ou superior a 25 anos apresentavam HTA; o número de pessoas com esta condição aumento de 600 milhões em 1980 para 1000 milhões em 2008 [32].

De acordo com o estudo epidemiológico desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), Portuguese Hypertension and Salt Study (PHYSA), em Portugal a prevalência é de 42,1%, mas apenas 11,2% têm a PA controlada. Este estudo constatou também que esta comorbilidade atinge mais o sexo masculino (44,4%) que o sexo feminino (40,2%) [33].

Ainda de salientar que, o aumento da prevalência da HTA é atribuído ao crescimento populacional, envelhecimento e comportamentos de risco, como dieta não

(32)

22 saudável, consumo excessivo de álcool, excesso de peso, sedentarismo e exposição a situações de stress [32].

A Pressão Arterial

2.1.

A PA é definida como a força que o sangue exerce nas paredes das artérias por onde circula e é medida em milímetros de mercúrio (mmHg). Este parâmetro fisiológico é quantificado através de dois números. O número mais alto é o da Pressão Arterial Sistólica (PAS) ou “máxima” – pressão que o sangue exerce nas artérias quando o coração contrai; o número mais baixo é o da Pressão Arterial Diastólica (PAD) ou “mínima” – pressão nos vasos sanguíneos quando o coração relaxa para se voltar a encher de sangue. Assim, a PA normal num adulto é definida por uma PAS inferior a 120 mmHg e uma PAD inferior a 80 mmHg. É ainda de salientar que, valores normais de PA são importantes para um correto funcionamento dos órgãos vitais como o coração, cérebro e rins [32].

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a HTA é definida por uma PAS igual ou superior a 140 mmHg e/ou uma PAD igual ou superior a 90 mmHg [32]. Esta definição apenas é válida para pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, não sujeitas a tratamento anti-hipertensor e que não apresentem outra patologia concomitante ou gravidez [34]. Para crianças e adolescentes a HTA é definida tendo em conta percentis de idade, sexo e estatura [35].

A HTA classifica-se em três graus de acordo com o valor mais elevado de PAS ou PAD, correspondendo o grau I a HTA ligeira, o grau II a HTA moderada e o grau III a HTA grave (Tabela 2) [36]. Na população idosa é frequente valores isolados de PAS elevada, a qual se classifica como HTA sistólica isolada, sendo que a esta também são atribuídos os graus de I a III de acordo com o valor da PAS [35].

Tabela 2. Definição e classificação dos graus da HTA (Adaptada de 36)

Categoria PAS (mmHg) PAD (mmHg)

Ótima < 120 e < 80

Normal 120 – 129 e/ou 80 – 84

Normal alta 130 – 139 e/ou 85 – 89

HTA grau I 140 - 159 e/ou 90 – 99

HTA grau II 160 - 179 e/ou 100 – 109

HTA grau III ≥ 180 e/ou ≥ 110

HTA sistólica isolada ≥ 140 e < 90

Referências

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