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Armazenamento: ecossistema e controle de pragas. - Portal Embrapa

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(1)

ISSN 01 02-781 6 Empresa Brsileira de Pesquisa Agropecuaria EMBRAPA

Vinculado ao Ministerio da Agricultura e Reforma Agrária

Centro Nacional de Pesquisa de Defesa da Agricultura - CNPDA Jaguariuna,

SP

ARMAZENAMENTO:

ECOSSISTEMA

(2)

SSSN 0102-7816 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropeeu4ria

-

EMBRAPA

Vinculada ao Ministkrio da Agricultura e Reforma AgrBria

Centro Nacional de Pesquisa de Defesa da Agricultura

-

CNPDA

Jaguariúna, SP

ARMAZENAMENTO: ECOSSISTEMA

E

CONTROLE

D E

PRAGAS

(3)

Q EMBRAPA

-

1990

E x e m p h desta publicação devem ser solicitados ao:

ÇNPDA-EMBRAPA Rodovia SP-340, k m 1273 Caixa Postal 69 13820 Jaguaribna, SP Tiragem: 500 exemplares Comitê de Publicqões

Presidente: Wagner Bettiol

Secretária: Eliana de Souza L i a Membros: Antonio Luiz Cedeira

João Car10s Çanuto

Margarida Maria Hoeppner Zaroni.

Maria Amelia de Toledo Leme Reinddo Forster

Os trabalhos publicados pelo Comitê de Publicações

-

CNPDA refletem exclusivamente a opinião do(s) autor(es).

-

Cajueiro, 1.V. de M. Arinazenamento: ecossistema e con-

trole de pragas. Jaguariúna : EMBRAPA-CNPDA, 1990.

18p. (EMBRAPA-CNPDA. Documentos, 10).

1. Produto agnlcol&Amazenagem. 2. Pragas agríco-

IasXontrole. I. Titulo. H. S&rie.

CDD 63 1.568

(4)

m E S M E N T Q : ECOSSISTEMA E CORJCROm DE PRAGAS

Ivan

Vaz

de Mello Cajueiro

A moderna tecnologia a g r k o l a tem um custo muito elevado e, para que se justifique sua adoção plena, o

agricultor necessita ter a garantia de 1ucratividade.No momento da c o l h e i t a , a o f e r t a do produto c o l h i d o

6

far-

ta, devido ao fato d e que todos os que o colhem o fazem na mesma época.

A

melhor maneira de garantir uma remu-

ração compatível com os custos de produção

é

adquirir um poder de retenção da s a f r a , para comercializá-la no momento mais oportuno,

E s t a falta de poder de retenção de safra

&

a res-

pons6vel por grandes prejuízos ao agricultor e ao ~ a í s como um todo. Reter safra significa armazená-la com téc

n i e a e qualidade para que s e mantenham a s qualidades do

produto c o l h i d o . Dentro deste a s p e c t o , não se pode es-

quecer que a infraestrutura econômica do p a í s não p e r e

t e a implantação e modernização de um parque armazena- dor oficial, que possa suprir toda a demanda necessária

de espaço de armazenamento. Assim, só nos resta como ternativa viave1 e racional, utilizar bem e buscar me- Ihorar as condit$es do parque armazenador existente.

Quando se fala sobre parque armazenador, instinti vamente, se pensa em armazéns (convencionais, granelei- ros e gxanelizados) e silos (verticais ou horizontais, de metal ou concreto), esquecendo-se que existe um vas-

t o parque armazenador dentro das propriedades rurais.

Este parque armazenador não considerado é constituído

por paióis, tulhas e pequenos armazéns e silos de alve- naria que, s e bem utilizados, podem auxiliar na resalu-

ção dp problema de retensão da safra agrícola.

Antes de pensarmos em um tipo e s p e c í f i c o de uni-

de armazenadora, vamos considerá-la como um todo. A

uni

Biólogo, MsC, EMBRApA/CNPDA, Caixa P o s t a l 6 9 , CEP 13.820

(5)

dade armazenadora

é

um ecossisterna i s o l a d o formado p o r a l g u n s componentes b i ó t i c o s e a b i h t i c o s , que devem ser

considerados isoladamente como agentes de manutenção ou

quebra de seu equilibrio (sinha 6 Muir, 1973).

No ecossistemacomposto pelo campo d e cult;vo, o

homem tem acesso fácil a todos os h a b i t a t s que o compõe

e , assim, pode monitorá-la a c o n t e n t o .

No ecossisterna armazenador, o homem não e n c o n t r a

as mesmas facilidades d e monitorarnento e i n t e r f e r ê n c i a .

P a r a que e s t e ecossisterna s e mantenha em um equilibrio favorável ao homem e

à

preservação das c a r a c t e r í s t i c a s

dos grãos, devem ser tomados alguns c u i d a d o s que prece-

dem

à

estocagem d o s g r ã o s . Basicamente, e s t e s grãos de-

vem e s t a r desinfestados, s e c o s e limpos, p a r a s e r e m c 0 1 2

c a d o s em um local igualmente desinfestado, seco e limpo.

Se e s t e s cuidados não forem tomados,

é

muito grande o risco de ocorrerem perdas, que podem chegar a ser totais (puzzi, 1977).

A i d é i a de p o d e r produzir mas não ter como e s t o c a r

é

incompatível com a r e a l i d a d e agrícola nacional, onde

se faz necessário aumentar a oferta de' alimentos em ni-

veis proporcionais ao de incremento populacional. O pas- sado recente nos fornece inúmeros exemplos de situações

em que o agricultor não colhe sua safra, ou

s6

o faz com

p a r t e d e l a , para que não tenha prejuizos; a c o l h e mas a

inutiliza ( f í s i c a ou comercialmente), ou a vende para que o governo a revenda nos p i c o s de safra para importar no pico do preço, com todos os advindos desta transação. Em outra situação, que

é

a mais normal, quem possui condisões d e armazenagem, compra produtos nos p i -

cos d e safra e vende-os, com t o d a a pressão i n f l a c i o n á - r i a , nos p e r í o d o s d e entressafra.

Para o bem d o s agricultores, consumidores e da e c o nomia n a c i o n a l , s e faz necessária a melhor utilização

das possibilidades de armazenamento existentes no país.

Não

se pode esquecer, ao pensar em armazenar s a f r a s , que

a i d é i a fundamental d o armazenamento

6

conservar o prodg

to estocado

da

maneira mais parecida possível com àque- la em que ele f o i c o l h i d o .

(6)

O ecossistema armazenador não permite que se t e n h a

m a i d é i a e x a t a d e t u d o o que ocorre em seu interior e,

quando não existe um sistema d e termometria na u n i d a d e ,

6

comum perceber-se problemas quando

não são passí- veis d e serem contornados.

Na Figura 1, estão representados os componentes de um ecossistema armazenador e como se pode observar não são muitos. Para a manutenção do equilíbrio desse ecos-

sistema, devem ser tomados a l g u n s c u i d a d o s que procedem

ao armazenamento e m si. Os cuidados básicos são limpar,

secar e desinfestar o s grãos antes que sejam colocados no i n t e r i o r d a unidade armazenadora. Se não se tomam e s -

t e s c u i d a d o s os niveis de danos podem ser muito altos

(incluindo-se até mesmo a perda total).

Os componentes a b i ó t i c o s d o ecossis tema armazena-

d o r (sujeiras, ar intergranular, vapores de água e estrg

tura d e contenção), devemos considerar que são os condi- cionadores d o clima interno $ unidade armazenadora. Cer-

ca de 40% do volume ;til da unidade armazenadora d e gra- néis (como a d o exemplo em questão), são preenchidos com o ar intergranular e e s t e se movimenta segundo as correntes d e convecção definidas pelos gradientes de teg peratura, existentes entre o interior e o exterior d a

massa de g r ã o s . A movimentação d e s t e a r t r a n s p o r t a vapo-

res de água que, juntamente com a umidade d o s grãos, de- finirão a umidade relativa do ar i n t e r n a d a unidade.Qua~

d o se tem um bolsão de a l t a s temperaturas e u m i d a d e , es-

ta corrente de convecqão promove seu alastramento e e l e pode vir a ocupar todo o volume estocado, deteriorando

completamente a m a s s a d e grãos. Esta deteriorasão se d g

ve

à

presença de bactérias, fungos e leveduras, norrnal-

mente associados aos grãos, mas que não causam ~ r e juí

-

zos nas condições normais d e armazenamento. As sujeiras que costumam estar associadas aos grãos armazenados são fragmentes d a planta de onde os g r ã o s foram r e t i r a d a s ,

de grãos de outras espécies botânicas, poeiras, terra, fragmentos do invólucro d o s grãos (palha de milho, cas-

c a d e arroz, vagem de feijão, etc.). Quando as sujeiras

(7)

F i g u r a 1. Componentes d e um ecossistema armazenador.

dições de desenvolvimento d e de insetos que.

embora não sejam pragas d i r e t a s de grãos armazenados, p g dem causar s é r i o s prejuízos uma massa de grãos e s t o c a -

da. Como exemplo, podem ser citados o s insetos da ordem Psocoptera (Figura 23. Sendo um animal vivo, este i n s e t o respira e dejeta, com as consequentes incrementos d e uani dade e temperatura l o c a i s (Cajueiro & P r a d o , 1988). A

elevação d a umidade relativa do ar favorece o desenvolvL mento dos agentes b i o 1 6 ~ i c o s de d e t e r i o r a ç ã o , que tem seu desenvolvimento f a v o r e c i d o p e l a presença dos dejetos dos insetos. O aumento da temperatura, aliado ao d a umi- dade, incrementa a taxa r e s p i r a t ó r i a dos organismos en- volvidos, com o consequente aumento da umidade relativa

(8)

Figura 2 . Desenho d e um psocóptero infestaate de unida- de armazenadora.

do ar. Ambas, temperatura e umidade relativa da ar, se

retroalirnentarn através dos organismos vivos envolvidos. Este foco de deterioração será ampliado pelas

correntes

de

convecção

da unidade

armazenadora. Independente dos riscos de causarem prejuízos, as sujeiras não têm valor comercial e depreciam o lote de grãos que as contêm,além de ocuparem espaço útil da unidade de armazenamento.

Outro componente a b i ó t i c o do ecossistema armazena- dor

6

a estrutura armazenadora. Esta deve i s o l a r , d a me- lhor forma a massa de grãos do ecossistema de

campo em que e l a e s t á inserida. E s t e isolamento deve ser orientado principalmente em relação

à

penetração

de

umi-

dade e agentes b i o l ó g i c o s d e infestação. Em relação aos

agentes biolÓgicos de infestação, ainda se pode fazer a 1

go para diminuir seus afeitos nocivos mas, quanto

&

peng tração de umidade, não como pensar em paliativos. Ao se construir uma unidade armazenadora deve-se ter em me=

te cuidados * preventivas, para evitar futuras ref armas que, a l é m de onerosas. podem comprometer sua estrutura.

Para que se possa ter um isolamento mais eficiente, aa

melhores estruturas são as d e concreto ou alvenaria. As

unidades

de metal ou madeira também

podem

apresentar o

(9)

dados.

Dentre os componentes b i ó t i c o s do ecossistema armg zenador, temos o s grãos armazenados e seus agentes na i' festação e deterioração.

Os grãos, embora sejam os constituintes niajoritá-

r i o s e a razão de ser do ecossistema armazenador, são os

.v

que menos influenciam seu equilíbrio. Basicamente, saa t r ê s as s i t u a ç õ e s d e d e f i n i ç ã o d o equilíbrio: quando es-

t ã o com teor de água acima daquela recomendada para seu armazenamento seguro, quando e s t ã o d e n t r o do intervalo de segurança e quando estão muito s e c o s .

No primeiro caso, grãos com teor d e água m a i s alto,

seu próprio metabolismo b a s a l pode provocar uma d e t e r i o -

r a ç ã o , devido

à

f e r r n e n t a ~ ã o

l á c t i c a .

Apesar de umidades mais altas posFam ser utilizadas no armazenamento em es-

truturas herméticas, a estocagem d e grãos com teores de

água superiores a 14% começa a ser a r r i s c a d a e o risco aumenta de forma proporcional ao aumento d o teor de água

dos grãos. Quando o período d e armazenamento for muito

curto, o s riscos diminuem mas, de qualquer forma, a qua-

l i d a d e dos grãos p o d e ser comprometida. H& c a s o s em que

se armazenam grãos de milho com a l t o t e o r de água. Por

c u r t o período d e tempo, para provocar uma pequena ferrnen tagão l á c t i c a que melhora sua palatibilidade para o ga-

d o , embora s e j a uma p r á t i c a b a s t a n t e arriscada. Asmaze-

nar grãos com alto t e o r de água em ambientes não herméti

cos favorece o desenvolvimento dos agentes b i 0 1 6 ~ i c o s de

deterioração.

A segunda s i t u a ç ã o , o armazenamento de grãos com o

conteúdo de água e n t r e 1 2 % e 1 4 % ,

6

a mais comum e mun- dialmente utilizada, embora não s e j a a i d e a l . Este

6

o

intervalo em que os grãos têm sua melhor a c e i t a ç ã o c o r n o

cial e 13%

é

a umidade base para a d e f i n i ç ã o de p r e ç o s . Comercialmente falando, armazenar um grão com

14%

d e grau de umidade

é

estocar água, que será descontada no preço de venda, e f a z ê - l o a 12%. ou menos,

é

ter que en-

t r e g a r grão

no

lugar d a água permitida, no momento da

venda. O grau de umidade de 132

é

seguro para o armazeng mento, pois não facilita a deterioração e permite que se

(10)

utilize métodos de controle

de

infes tação sem problemas. Uma Ultima situasão, no tocante

à

umidade,

é

aque-

la em que os grãos são armazenados com grau de umidades inferiores a 12%. No tocante

à

atividade biológica, esta

6

a situação que oferece a maior margem d e segurança

pois, para uma porção significativa dos agentes de i n f -

tação e/ou deterioração, umidades muito baixas tornam

sua sobrevivência impossível. Outra vantagem de se arma- zenar grãos com graus de umidade baixos e s t á no fato de que se reduz a taxa d e metabolismo basal dos grãos, me-

lhorando a conservação de suas qualidades e propriedades. O grande risco que se corre nesta situagão

6

o de reti- rar mais água do que se poderia, alterando a constitui-

Ç ~ Odos grãos e, assim, ter um prejuízo maior que aquele

que poderia ser causado pelos agentes de i n f e s t a ~ ã o e/ou

d e t e r i o r a c ã o .

Os agentes b i o l ó g i c o s de deterioração (fungos, b a c

-

térias e leveduras) existem normalmente sobre os graos,

mas não se desenvolvem. Seu desenvolvimento depende da criação de condições favoráveis em algum ponto da massa de grãos e, após iniciado, as condições favoráveis se alastram ao redor do ponto i n i c i a l . Este alastramento p g

de atingir toda a massa de grãos.

Os fungos ou mofos são os agentes de deterioração mais comuns dentro d e s s e ecossistema. Para que eles se desenvolvam se f a z necessária uma umidade relativa d o ar

acima de 70%. Esta umidade

é

aquela em equilíbrio com uma massa d e grãos com 13% d e grau d e umidade. Em nossa

condição de país tropical, a temperatura não costuma ser

um fator limitante para o desenvolvimento de fungos,pois estes o fazem dentro de um intervalo de 1 5 a 35 graus C e l c i u s . ~ l é m da deterioração direta dos grãos, os fun- gos provocam um problema extremamente s é r i o , que

e'

a

li-

beração d e rnicotoxinas. As rnicotoxinas são substâncias

tóxicàs decorrentes do metabolismo dos fungos. Dentre o s

fungos mais perigosos, p e l a produção de micotoxinas, po-

demos citar os gêneros Aspergillus e Penicillium.0~ fun-

gos se reproduzem por esporos (que são as estruturas n o malmente presentes nos grãos) e conquistam o ambiente

(11)

por aumento em tamanho e número d e filamentos (hifas)que vão formar uni emaranhado d e filamentos ( m i c é l i o ) que

6

o

"corpo d o fungo". Com um grande desenvolvimento do rnicé-

lio, se f o r m a m estruturas reprodutivaç (conidi6foros)nas

h i f a s (campos, 1 9 8 2 ) . w

O s outros d o i s tipos d e agentes biológicos d e detg

r i o r a ç ã o necessitam d e uma umidade relativa do ar muito

alta e, normalmente, não são encontrados como problemas

em grãos armazenados. As leveduras necessitam d e uma u m i

+

dade relativa d o ar d e

-

90% para que se desenvolvam.Uma umidade relativa d e 90% no a r intergranular

6

aquela em equilíbrio com uma massa d e grãos a 20% d e g r a u de u m i e

de. No caso de b a c t é r i a s , a s exigências d e umidade são

ainda maiores. Devido ao baixo conte6do d e umidade dos

grãos armazenados com os cuidados mínimos, apenas os f u c gos têm-se apresentado como problema em unidades armaze-

n a d o r a s .

Nas regioes da massa d e g r ã o s , onde se manifestam

atividades d e m i c r o r g a n i s m o s , pode-se perceber o aumen-

t o de umidade local, muitas vezes, pela germinasão de

aL

guns deles e a formação de placas d e grãos e r n i c 6 l i o d e

fungos,

Com 9 s a g e n t e s b i o l 6 g i c o s d e i n f e s t a ç ã o , a s i t u a - ção

6

bastante diferente, pois eles encontram c o n d i ç õ e s

plenas d e instala250 e desenvolvimento nas condições

usuais de armazenamento. Em linhas gerais, os agentes de

i n f e s t a ç ã o podem s e r insetos, pássaros e roedores.

De c e r c a de 750.000 espécies descritas de insetos,

apenas c e r c a d e 50 e s t ã o r e l a c i o n a d a s com p r o d u t o s arma-

zenados e a maior parte dos danos causados a e s t e s p o d e

ser atribuída a menos d e 20 destas espécies.

Alguns insetos atacam os grãos no e c o s s i s t e m a de c u l t i v o e não s ã o importantes no ecossistema armazenador.

Outros s 6 atacam os grãos no e c o s s i s t e m a armazenador e u m terceiro grupo inicia o ataque no campo d e cultivo e

o continua na umidade de armazenamento.

Todos o s i n s e t o s que se tornam pragas de grãos as- mazenados possuem o mesmo ciclo d e vida b á s i c o : i n i c i a - s e com um ovo, do qual e c l o d e uma larva ou lagarta, que

(12)

s e alimenta e cresce dentro ou sobre os grãos até que se transforme em uma pupa, da qual emergirá a forma adulta. As diferenças existentes se relacionam principalmente ao

n b e r o d e ovos por fêmea; a forma como e s t e s ovos s ã o c 2

locados; a duração do c i c l o d e vida e o local dentro dos

grãos onde se desenvolvem as diferentes fases d o inseto.

Alguns insetos o v i p o s i t a m no interior d o grão e o inseto sai para o e x t e r i o r apÓs a l c a n ç a r a fase a d u l t a , como

é

o c a s o d o s gorgulhos. O u t r o s , depositam os ovos aderi- dos ao grão e a lagarta o perfura para pmetrá-10, de o'

d e só s a i r á apÓs o completo desenvolvimento, como a tra-

ça dos c e r e a i s Sitotroga cerealella. O u t r o s depositam o s

ovos f o r a dos g r ã o s e as l a g a r t a s se desenvolvern,ern meio

à

massa d e grãos, embora se alimente deles, como ocorre com a t r a ç a P l o d i a interpunctella. Uma outra situação

é

aquela e m que o s ovos s ã o c o l o c a d o s e m meio massa d e

grãos e a larva penetra o g r ã o para c o m p l e t a r seu desen- volvimento e m seu i n t e r i o r , como o c o r r e com a b r o c a d o s grãos Rhyzopettba dominica (Gallo et a l l i , 1978). Apesar

d e t o d a s e s t a s d i f e r e n ç a s , a d u r a ç ã o d o ciclo d e v i d a

destes i n s e t o s

6

d e aproximadamente 30 d i a s e o niírnero d e ovos c o l o c a d o s ao longo d a vida f é r t i l d a fêmea e s t á e n t r e 100 e 400.

Alguns i n s e t o s conseguem p e r f u r a r o tegumento dos

rV g r ã o s s a d i o s e , a s s i m , atacar g r ã o s i n t e i r o s . Estes s a o

chamados d e pragas primárias. Como exemplos podemos c i - tar os gorgulhos, a broca dos g r ã o s e a t r a ç a d o s ce- r e a i s .

O u t r o grupo d e i n s e t o s não consegue vencer a bar-

r e i r a formada p e l o tegumento dos grãos e , assim, necessi tam que ocorra alguma injúria mecânica ou o ataque d e

uma p r a g a primária. A e s t e s insetos se dá a c l a s s i f i c a -

ção de pragas secundárias. Como exemplo deste tipo de

i n s e t o s , pode-se citar o caruncho Tribolium cas taneum

( G a l T o et afli, 1978).

A maior parte dos danos c a u s a d o s a o s grãos armaze-

.1

nados se deve ao trabalho alimentar das larvas, que sao

bastante vorazes. Durante os estágios de ovo e pupa o s

(13)

como no caso do gotgulho.

ou

nao,

como

6

o caso das tra- ças e do caruncho-do-feijão Zabtotes subfasciatus (Gallo et a l l i ,

1978).

~ l é m do dano direto, causado p e l a atividade alime' tar, os insetos causam danos indiretos de grande impor- tância. Dentre os danos indiretos, podemos citar a c r i a - Ç ~ O das condições de desenvolvimento de fungos, pelos i' crernentas de umidade e temperatura; a poluição da massa

de grãos estocada pelos seus corpos e d e j e t o s ; a queda do valor nutritivo do grão infestado e a redução do va-

lor comercial do l o t e i n f e s t a d o .

Alguns insetos-praga d e grãos armazenados iniciam

seu

ataque

no campo de cultivo, enquanto outros s ó o

iniciam após o armazenarnento. Em qualquer dos dois casos, o ecossisterna armazenador irá proteger a população de

'

i

s e t o s e garantir sua plena sobrevivência e proliferação.

Isto se deve ao fato de que, uma vez armazenados, O S grãos ficarão m i t o menos expostos do que quando estavam na planta e , assim, o inseto em seu interior

é

beneficia do pela dificuldade que os inimigos naturais terão e m encontrá-lo em grãos que não estejam na superfície expoa

ta da massa.

Da mesma forma, o ecossisterna armazenador protege os insetos quando se pensa em técnicas modernas, como o

emprego de feromônios para controle ou atração para 10-

cais de controle populacional. Isto ocorre porque o am- b i e n t e onde se aloja a população está saturado destas substâncias. Pode-se utilizar feromônios apenas para mo- nitorar populações, notadamente de insetos voadores e

que se localizem nas superfícies expostas da massa.

A d e t e c ~ ã o d e uma infestação por tracas

6

uma ~ r h -

tica mais simples que a por carunchos ou gorgulhos, pois seus adultos voam muito e a infestasão se limita à s

su-

p e r f i c i e s expostas da massa ou p i l h a de s a c o s . Para a d e tecção d e i n f è s t a ç õ e s por insetos que penetram a massa d e grãos se fazem necessárias amostragens periódicas e, em unidades maiores, a i n s t a l a s ã o d e um sistema de termo metria.

(14)

tos-praga dentro d o ecossisterna armazenador, deve-se to- mar cuidados básicos que venham impedir a p e n e t r a ç ã o d e s

-

t e s no interior das unidades armazenadoras.

Estes cuidados se iniciam com a prevenção da infez tação cruzada ( i n s e t o s d e armazenamento que iniciam a i' f e s t a ç ã o no campo). Para tanto, uma operação de expurgo

6

uma medida cautelar eficiente. O expurgo pode ser rea-

lizado em câmaras para e s t e fim: silos herméti-

cos; câmaras d e alvenaria cobertas com lonas para expur- go, sobre um p i s a bem compactado, se possível d e cimento, e sob lona para expurgo; no interior d e tambores

metálicos ou envolvendo as pilhas de sacaria com lonas plásticas, em armazéns convencionais. Em qualquer d e s t a s situações se p o d e utilizar uma l o n a de PVC, p a r a

e s t e f i m , ou as lonas LONATOX e CARRETEIRO, de polietilg

no trançado, que oferecem a mesma segurança e hermetici-

d a d e d a primeira, com um c u s t o bastante reduzido. Quanto ao fumigante a s e r utilizado, a f o s f i n a

é

o que apresen-

ta maiores vantagens, por não d e i x a r resíduos n o s g r ã o s

e s ó começar a liberar o gás t ó x i c o após um intervalo seguro d e tempo.

Em alguns casos, a unidade arrnazenadora serve de

f o c o de i n f e s t a ç ã o para o s grãos e s t o c a d o s , p o i s p o s s u i

em seu interior restos da safra anterior com uma infesta

ção residual, ou i n s e t o s em suas f r e s t a s . Para evitar e 2

ta situasão, a unidade deve ser limpa e desinfestada an- tes de receber o s g r ã o s da nova s a f r a . Para e s t a desin-

f e s t a q ã o deve-se utilizar um i n s e t i c i d a

i

base de delta- metrina sinergizada com butóxico d e piperonila, p i r i r n i -

f6s

r n e t í l i c o ou fenotrotiom, nas dosagens recomendadas pelos fabricantes. O inseticida deltamentrina apresenta-

se muito eficiente no controle de pragas de produtos

armazenados e, no ecossisterna armazenador não

é

nocivo

ao meio ambiente por estar isolado d e s t e , com seus inse-

t o s benéficos,

Com o i n t u i t o de prevenir a r e i n f e s t a ç ã o de um lo-

te de grãos t r a t a d o s pode-se recorrer a expurgos poste- riores, quando f o r possível, ou

i

mistura d e inseticidas aos grãos quando

do

armazenamento granelizado, ou a

(15)

a p l i c a ~ õ e s de inseticidas nas laterais das pilhas de sa- caria, no armazenarnento convencional. Os inseticidas utilizados para este fim são os mesmos utilizados para a

desinsetização de estruturas. 4

Outro a r t r ó p o d e que pode causar sérios danos n o ecossistema armazenador

6

o & a r o . Geralmente, ele infeg

ta a região do embrião do grão. Um odor estranho e carag terístico

é

sentido quando de sua infestação em grãos e

farinhas. Os &aros não vivem em ambiente' com umidade

re

lativa do ar inferior a 6 , 5 % e grãos com graus d e umida-

des abaixo de 12%. Pode-se depreender, assim, que só ha- verá problemas com estes aracnídeos quando os grãos não

forem secos convenientemente.

Nas unidades mais modernas, d e nível mundial, tem-

se conseguido um controle eficiente de artrbpodes e fun- gos com métodos físicos de controle. Dentre estes, pode- mos citar o uso de'gases inertes, como dióxido de carbo- no e nitrogênio, e o abaixamento da temperatura. Estes

métodos têm um custo operacional bastante reduzido.

Outro componente biótico do ecossistema armazena- dor, mas que não chega a caracterizar um problema sério, são os pássaros. Considerando a grande disponibiliddde d e alimentos no'campo, tanto em qualidade como em quanti dade, fica fácil entender que a s aves não são uma praga séria no ecossistema armazenador. No entanto,quando elas

se alojam no interior de unidades de armazenamento podem

causar algum prejuízo direto e criar condições para o

senvolvimento de agentes d e deterioração em seus deje

-

tos e penas que caem sobre a massa de grãos. O controle de pássaros em unidades armazenadoras deve se restringir a fechar com tela as aberturas por onde eles possam ter acesso a seu i n t e r i o r ,

Um outro grupo de vertebrados que pode compor a

porção biótica de um ecossisterna armazenador

é

o d e roe- dores. 0 s que estão mais relacionados a e l e pertencem

à

familia Huridae, d a ordem Rodentia. Estes murinos são chamados de murinos comensais por terem desenvolvido o comensalismo (associação com o homem, dividindo alimento- depende da outra para sobrevivência) com o homem. Os r o g

(16)

dores mais comuns e & r i o s no ecosaisterna armazenador

são o "rato-comum" (~attus rattus, ~innaeus); a "rataza- natt (~attus norvegicus, Bekernhout) e o "camundongo"

( ~ i s musculus, ~innaeus)(~ajueiro, 1989).

A

ratazana tem sua ocorrência mais restrita a arma

zéns portuários e grandes cidades, enquanto os outros dois têm uma abrangência geográfica mais ampla. Quando se podem ver estes roedores durante o dia, principalmen-

te em armazéns onde existam homens trabalhando, tem-se o

indicativo de uma grande populaqão pois, em condições normais, eles não se expõem nestas situações. Estes ani- mais possuem hábitos noturnos e evitam l o c a i s movimenta-

d o s . Estes roedores são bastante vorazes, chegando a c o g sumir cerca de 10% de seu peço corporal em alimentos só- lidos por d i a . Apesar disto, seus principais prejuízos são devidos

à

contaminação que provocam na massa de

grãos devido aos d e j e t o s e pêlos que liberam e

à

redugão d o valor alimentar dos grãos que consomem, pois s ó o £a- zem com o germe. Estes roedores servem d e vetores a c e r -

ca de 35 enfermidades animais e humanas. Para o c o n t r o l e

de uma população destes roedores deve-se atentar para suas altas taxas d e reprodução e seus mecanismos de con- trole populacional. Um controle mal realizado, ou i n t e r -

rompido pode trazer problemas mais sérios que a não ado-

ção d e medidas de c o n t r o l e . A Figura 3 mostra o que pode ocorrer com a interrupção de um controle químico sem a d g

são de "rativedação". Rativedar significa tomar medidas

que impeçam o acesso de ratos, ou seja, vedar a unidade armazenadora para eles.

Quando não se f a z a "rativedaqão" ou se interrompe

um controle para a supressão populacional, a po-

pulação que excede o nível de equilíbrio, antes que os mecanismos naturais de controle o restabeleçam, serve d e

criadouro para agentes causadores de enfermidades ani- mais humanas.

Sempre que se pensar em construir uma unidade arma

zenadora

deve-se

pensar em "rativedá-lar' e para eliminar

o problema com r a t o s em unidades já construidas devem

(17)
(18)

antes da adoção d e medidas quirnicas de supressão popula- cional. Quando não se deseja tomar qualquer medida £;si- ca de c o n t r o l e , mas controlar a populaç8o de ratos, o controle químico não pode ser interrompido ou terá sido apenas uma medida paliativa, que agravará o problema após sua interrupção.

As maiores perdas ocorridas nos grãos armazenados,

no Brasil, ocorrem em estruturas r6sticas de armazenam-

-

to, que são o s e as t u l h a s . Coincidentemente sao

estas as unidades armazenadoras de reparos e manejos mais fáceis. Como elas não são normalmente grandes, po- dem ser r e c o n s t r u i d a s (na pior das hipóteses d e corre-

ç ã o ) com o mesmo material e algumas mudanças em sua "en-

genharia". Os problemas com e s t a s unidades começam no fg

to de ser um local onde se guarda tudo, até grãos. O

primeiro passo

6

separar o local de guarda de equipamen-

tos, insumos, implementos, arreios, etc, daquele ande s e

rão guardados os alimentos. Se possível, devem ser duas

e d i f i c a ç õ e s diferentes e separadas. O local d e guarda d e alimentos deve ser bem construido; sem buracos ou fies- tas; bem fechado; elevado do chão a p e l o menos 1,0 m ; d e tante d e garagens ou abrigos (normalmente geminado a eles) e sem entulhos sob seu piso. ~ ã o s e pode esquecer

que, além de alimento o produto estocado

6

uma f o n t e d e

r e n d a - Q u a n t o aos grãos a serem armazenados, deve-se p r ~

ceder os mesmos cuidados básicos (expurgo, desinfestação d e estrutura e monitoramento de i n f e s t a ç ã o ) , antes de sua introdução

à

unidade. Para a aplicação de i n s e t i c i -

d a s de c o n t a t o deve-se f a z ê - l a em camadas alternadas com

as espigas.

Um problema sério nestas u n i d a d e s armazenadoras são os r a t o s , Para evita-los, devem e s t a r a mais de um metro de altura do chão e terem seus esteios de tubos de PVC e ~ c e r r a n d o colunas de concreto ou com uma p r o t e -

ção de l a t a em sua porção superior.

Com e s t a s informações básicas e a orientação da r g

de de assistência técnica podem ser tomadas medidas de controle e prevenção dos problemas mais comuns nas unida des armazenadoras, que compõem o parque armazenador bra-

(19)

s i l e i r o ,

situado

nas

propriedades rurais.

Melhor

utilizg

são dos recursos disponíveis

6

um passo importante para

o amadurecimento de uma mentalidade mais

s é r i a

em rela- ção ao arrnazenamento e às unidades f isicas d e que s q u t i

liza.

Armazenar

6

algo diferente de "guardar coisas" e o

melhor caminho para diminuir as perdas sofridas p e l o s agricultores nacinais e, consequentemente do país como

m todo.

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Referências

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