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São Boaventura mestre da vida espiritual

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Se se pensar nos traços mais característicos da fisionomia espiritual de S. Boaventura, determinados pelo ideal de S. Francisco, seria de repelir o significado sugerido pelo título deste trabalho, pouco compatível com a singeleza da religiosidade minorítica. Por outro lado, se tem havido discussão sobre a personalidade e doutrina do Doutor Seráfico, outro tanto não aconteceu relativamente aos atributos que esse título pretende salientar, os quais têm sido unanimemente reconhecidos.

A antinomia residirá em linhas divergentes duma personalidade complexa ou antes na óptica desfocalizada dos intérpretes?

Seja qual for a resposta, o problema que obviamente se levanta é o da fidelidade de Boaventura aos desígnios do Fundador da sua O r d e m . E enorme a amplitude da problemática dessa fidelidade, por nós agora restringida à relação entre as coordenadas da espiri-tualidade bonaventuriana e os ideais de S. Francisco.

Q u e a obra de Boaventura pode nutrir uma suculenta síntese de vida espiritual, é u m facto; que ela tenha sido imprescindível para a realização do verdadeiro carisma franciscano n o decurso dos tempos, é u m mistério para a história decifrar; que essa espiritualidade seja genuinamente franciscana, é o que cumpre agora examinar.

A muitos séculos de distância, ao estudarmos o aparecimento da O r d e m Franciscana, somos tentados a exigir-lhe credenciais, que lhe dêem direito de existência: onde o peso da autoridade das personalidades que lhe deram razão de ser; O n d e a cartilha doutrinal que devia modelar a alma dos noviços;

Para nós, depois do facto franciscano, é hoje argumento sufi-ciente para o compreender a personalidade de S. Francisco, mas ela foi de tal m o d o simples, espontânea, sem preparação intelectual e jurídica que não parece constituir causa proporcionada aos efeitos

I V ( 1 9 7 «

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266 DIDASKAI.IA

— a persistência de sete séculos em constante estimulação de pequenos e grandes espíritos. Sabe-se, por outro lado, que a nossa dúvida é a continuação das hesitações dos contemporâneos do Pobre de Assis, que viam na sua forma inédita de vida uma flagrante oposição aos princípios da vida religiosa institucionalizada e que haviam garantido a sua sobrevivência.

Ao lermos a obra do Doutor Seráfico, sentimos por vezes nos seus argumentos respostas veladas a essas atitudes cépticas da expe-riência e do bom senso e somos até levados a perguntar se a função da sua personalidade na Ordem não terá sido a de suprir uma lacuna, que aliás se pode desdobrar: fornecer princípios teóricos ao movimento franciscano e integrá-lo no vigoroso tronco da vida

religiosa tradicional1.

Compete ao historiador interpretar as intenções e a acção de Boaventura. A nós, ao delinear a sua personalidade, pede-se-nos a análise de suas articulações mais significativas. Entretanto, e desde já, não conhecemos uma espiritualidade abstracta em S. Boaventura, que a elaborou em permanente contacto com os homens e com as vicissitudes das instituições, não tivesse sido ele um orientador de uma destas, em decisiva fase de luta pela sua sobrevivência nos moldes apontados por S. Francisco. Tal não significa que estejamos diante de uma espiritualidade de circunstância, embora esta ajude a revelar os valores essenciais do espírito humano, tão fielmente captados por Boaventura.

O Doutor Seráfico, que declaradamente anseia ser fiel a S. Fran-cisco, tem nítida consciência da diferença entre o seu tempo e o do

Pobre de Assis2. Explica essa alteração em termos dum natural

1 E n c o n t r a m o s u m d u p l o género de obras, d o m i n a d a s e m b o r a p o r idêntico propósito:

a defesa d o estilo franciscano de vida, o u seja, a vida de pobreza (Apologia Pauperum,

Epístola de Tribus Quaestionibus, Determinaiones Quatestionum circa Regulam FF. Minorum, Qttare Fratres praedicent et confessiones audiant) e a análise da vida da alma (opúsculos

místicos).

2 T e m p o s diferentes o u diferença de personalidades, sendo a de S. Francisco d e tal m o d o irredutível que afasta a veleidade dos seus seguidores ad litteram? B o a v e n t u r a é sensível a u m a e outra diferença, o que representava para ele u m grande a r g u m e n t o contra os confrades escandalizados c o m a evolução da O r d e m . É p o r isso que situa a O r d e m Francis-cana entre os Querubins e a pessoa de S. Francisco entre os Serafins (Collationes in Hexaêmeron X X I I , 21-22; V , 440b-441a).

C i t a r e m o s sempre pela edição de Quaracchi, indicando o v o l u m e e a página depois d o p o n t o e v í r g u l a .

A ciência, p o r e x e m p l o , será característica dos Querubins, a cuja hierarquia se asseme-l h a m os Mendicantes, m a s S. Francisco, c o m o se disse, pertence à hierarquia dos Serafins:

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movimento evolutivo, para o qual giza u m a legislação. N ã o esque-çamos que Boaventura,na linha de Santo Agostinho, é muito sensível à dimensão histórica e deve ser considerado u m dos pioneiros da teologia e da metafísica da história3.

A Igreja dos apóstolos transformou-se, depois, em Igreja de

letrados, não admirando que, por semelhança e obedecendo ao mesmo

processo de desenvolvimento, a O r d e m dos Menores, que professa o ideal de pobreza, seja agora procurada por intelectuais 4. O diagrama

seria este: os simples, os doutores5 e os pobres. Verdadeiramente, tal como S. Francisco idealizara, a característica da vida dos Memores seria a pobreza, a qual deveria estar presente e m todas as fases da evolução da O r d e m .

De facto, para Boaventura, a curva histórica da vida religiosa institucionalizada encontrava nas Ordens Mendicantes, sobretudo nos franciscanos, a sua natural evolução 6, traduzindo o ideal de pobreza

a sua mais perfeita expressão.

«[...] sed sapicntia sive scientia, a qua d e n o m i n a n t u r C h e r u b i m , n o m i n a t Dei c o g n i t i o n e m et ideo possit dici sapicntia, n o n tarnen est ita nobilis, u t dilectio, a q u a est sapor».

(Seilt. II, d. 9, a. u n . , q. 4; II, 249b). Esta distinção entre Francisco e os Franciscanos,

decorrendo e m b o r a d u m a grande devoção de B o a v e n t u r a pelo seu Pai espiritual, não deixa de suscitar graves p r o b l e m a s sobre a f o r m a dc vida minorítica.

3 Existe u m esq u c m a e u m a legislação de d e s e n v o l v i m e n t o aplicáveis à natureza, à vida da alma, ao m o v i m e n t o das sociedades e à f o r m a de progresso n o c o n h e c i m e n t o , sobretudo n o que respeita à interpretação da Escritura. O D o u t o r Seráfico chega m e s m o a entusiasmar-se c o m o inédito: «[...] n o v u m t e i n p u s ineipit, licet S a l o m o n dicat: Nihil sub sele novum.»

(Collationes in Hexaêmeron X V I , 11; V , 405a).

O valor d a história na o b r a b o n a v e n t u r i a n a foi posto e m r e l e v o p o r J . RATZINGEH,

Die Geschichtstheologie des heiligen Bonaventura ( M u n i q u e - Z u r i q u e , 1959).

4 «[...] d i c c n d u m , q u o d s e c u n d u m dispositionem d i v i n a e sapientiae D e u s universa disposit et ordinat tcrnporibus suis. U n d e sicut in p r i m o t e m p o r e Ecclesiae i n t r o d u x i t viros potentes et miraculis et signis, sicut f u e r u n t Apostoli et e o r u m discipuli; et m é d i o t e m p o r e viros intelligentes in Scripturis et rationibus vivis: sie u l t i m o t e m p o r e i n t r o d u x i t viros v o l u n -tarie mendicantes et pauperes rebus mundanis.» (Quaestiones Disputatae de Perfectione

Evangé-lica II, 2; V, 147b-148a).

Repare-se que a evolução da O r d e m a c o m p a n h a a da Igreja: «Et quia Ecclesiae i a m dilatatae magis indigebant spiritualibus operariis q u a m vinitoribus et agricolis; hino est, q u o d Spiritus sanctus religiones pauperculas suscitavit, q u a r u m sollicitudo et cura t o t a esset a d

signandos servos Dei in J'rontibus eorum signo Dei vivi, v o c a n d o ad p o e n i t e n t i a m et ad g r a t i a m

Spiritus sanctus.» (Ibidem II, 3; V, 164b).

Verifica-se u m a certa a m b i g u i d a d e na divisão b o n a v e n t u r i a n a , visto que a sua época p o d e ser considerada tanto a segunda (média) c o m o a terceira (a última). U m a possível solução para a dificuldade encontra-se na interpretação d o estudo c m t e r m o s de pobreza.

5 Veri doctcres, acentua o D o u t o r Seráfico (Apologia Pauperum III; VIII, 245b).

6 S. B o a v e n t u r a classifica as O r d e n s dos Pregadores e dos M e n o r e s e n t r e os

contem-plativos e, ao m e s m o t e m p o , considera aquelas especulativas: «Secundus est, qui intendit per

m o d u m speculatorium vel speculativum, ut illi qui vacant speculationi Scripturae, quae n o n intelligitur nisi ab animis m u n d i s . N o n e n i m potest noscere verba Pauli, nisi habeas spiritum Pauli; et ideo necesse est, ut sis sequestratus in deserto c u m M o y s e et ascendas in m o n t e m . — H u i c respondent Cherubim. H i sunt Praedicatores et Minores.» (Collationes in Hexaêmeron

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Entretanto, a época do D o u t o r Seráfico correspondia na O r d e m à fase dos doutores, que ele aceitava c o m o fenómeno normal, procurando até justificá-lo, em contraste com a relutância de tantos confrades dominados pela nostalgia da idade dos simples. N o ponto de partida da censura contra os estudos, estavam as palavras de

S. Francisco, que nada estimulam o encanto com as letras7.

Está assim delineado o ambiente h u m a n o em que aparecerá a espiritualidade bonaventuriana. C o m o toda a literatura do género, a análise da alma humana ocupará particular atenção 8. N a evolução

da Igreja e da O r d e m Franciscana registou Boaventura a primeira fase, a dos Apóstolos, a que se seguiu a especulação dos doutores, sendo o mesmo m o v i m e n t o t a m b é m detectável no espírito humano, na sua ascenção para Deus: «In ordine contemplantium sunt tres ordines respondentes supremae hierarchiae, q u o r u m est divinis vacare. Inten-dunt autem divinis tripliciter: quidam per m o d u m supplicatorium, quidam per m o d u m speculatorium, quidam per m o d u m sursumactivum9. Boaventura, porém, vivendo na época dos doutores, que ele mesmo representava, n e m por isso enalteceu os valores especula-tivos a ponto de prejudicar os carismas da simplicidade e pobreza da alma franciscana. Aceita o facto da presença de letrados na O r d e m Franciscana, partindo dele para os considerar naturais ao espírito h u m a n o . O D o u t o r Seráfico viveu n u m a época que se entusiasmou com o ideal da sabedoria antiga, para a qual a realização da vida

humana coincidia com o exercício da actividade especulativa1 0.

X X I I , 21; V, 440b). E n t r e t a n t o , distingue ainda a tendência de u m a c outra O r d e m , pois e n q u a n t o os pregadores se d e d i c a m p r e f e r e n t e m e n t e à especulação, os franciscanos c o m e ç a m pela

unção e só depois t e m lugar a especulação (Ibidem).

7 Tais palavras estavam presentes na consciência de Boaventura, p o r v e n t u r a c m estado

de a m a r g u r a d a crise, que tenta superar, a r g u m e n t a n d o c o m algumas atitudes de Francisco, particularmente o seu carinho para c o m os teólogos: «Sed quid dicemus de ascendentibus

cathedram? c u m R e g u l a dicat, q u o d «non curent nesciences litteras disccre» etc., c u m ctiam

E v a n g e l i u m dicat, q u o d n o l i m u s vocari magistri. D i c o e r g o , q u o d R e g u l a n o n vetat studiam litteratis, sed illiteratis et laicis.» (Epistola de Tribus Quaestionibus 10; VIII, 334b).

8 Vale a pena m e n c i o n a r alguns títulos significativos desta preocupação d o D o u t o r

Seráfico: «De plenitudine intellectus, quatenus est clavis contemplationis» (Collatione in

Hexaemeron III), «De visione p r i m a , quae est intelligcntiae per n a t u r a m inditae» (Ibidem IV), «De

p r i m a visione tractatio tertia, quae est de p r i m a v i r t u t u m causa cxemplari, de virtutibus exemplaribus et de cardinalibus ilide fluentibus» (Ibidem VI), « Q u o m o d o anima per mentale exercitium debeat r a d i u m contemplationis reflectere ad interiora sua, ut videat, qualiter sit f o r m a t a per naturam» (Soliloquimn de Quator Mentalibus exercitiis I), « Q u o m o d o a n i m a per mentale e x e r c i t i u m debeat r a d i u m contemplationis convertere a inferiora, u t intelligat h u m a n a e m o r t i s inevitabilem necessitatem» (Ibidem III).

'> Collatíones in Hexaemeron X X I I , 20; V, 440b.

1 0 «Propriissime s e c u n d u m n a t u r a m vivere est in terris caelestem v i t a m ducere, «ab exterioribus ad interiora redire, ab inferioribus ad superiora ascenderes et «facere o m n i a

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A acção de Boaventura desdobra-se n u m duplo c quase oposto horizonte, n o intuito de estabelecer u m difícil equilíbrio: realçar os valores especulativos — em contraste com alguns dos seus

confra-des1 1 — c situá-los na sua posição adequada — contra o exagero de

tantos contemporâneos seus, sobretudo oriundos da instituição univer-sitária, que reduziam o h o m e m cristão à antropologia aristotélica.

Aparentemente sereno, este esquema da acção do D o u t o r Seráfico refere-se a uma conjuntura de múltiplas tensões, na qual o próprio cristão tantas vezes se desiquilibrou. Valeu-lhe, sim,

a serenidade — por vezes verbalmente perdida1 2 — d u m S. Tomás

de Aquino e d u m S. Boaventura, que justamente por isso têm sido considerados dois grandes pilares da cultura cristã ocidental.

Para o D o u t o r Seráfico, a especulação é natural1 3 ao h o m e m , tendo

este de passar por ela, embora para a superar1 4. A actividade

espe-culativa é u m meio necessário, mas o h o m e m é u m ser que vive do anseio da união com Deus, impossível de atingir n o exercício daquela. O especular faz parte da peregrinação da vida humana, como real e simbolicamente Boaventura acentua n o seu Itinerarium. Porque a especulação prepara e conduz à desejada união c o m

Deus1 5, é-lhe dedicada uma boa parte da obra bonaventuriana,

numa fina e lúcida análise da natureza das ciências, as quais remetem

s e c u n d u m nobilissimum, q u o d est in h o m i n e excellens, h o c est s e c u n d u m intellectum», u t dicit Philosophus libro d e c i m o Ethicorum.» (Soliloqiúum de Quator Mentalibus Exercitiis II, 11; VIII, 49a).

1 1 C o n t r a os m e s m o s , o D o u t o r Seráfico justificará a necessidade d o estudo na O r d e m ,

p o r exigência da sua f u n ç ã o pastoral, s o b r e t u d o a da pregação, mas t a m b é m «[...] ad p r o p r i a m instructionem[...].» (Determinationes Quaestiomim I, 3; VIII, 339b).

1 2 R e c o r d e m o s dois títulos, que representam u m a amostra d u m a o b r a p o l é m i c a quase sempre disfarçada: De aeternitate mundi contra murmurantes de S. T o m á s de A q u i n o e Apologia

pauperum contra calumniatorem de S. B o a v e n t u r a .

1 3 Eis c o m o B o a v e n t u r a justfica o trabalho do espírito contra os que o r e d u z e m à sua f o r m a manuel: «[...] sed m e m b r u m habens o f f i c i u m dignius n o n t e n e t u r ad o f f i c i u m m e m b r i indignioris: e r g o si digniora sunt m e m b r a , quae h a b e n t g r a t i a m c o n t e m p l a n d i , n o n astrin-g u n t u r ad o f f i c i u m vel exercitium actionis vel operationis [...]•» (Quaestiones Disputatae de

Perfectione Evangélica II, 3; V , 158b).

1 4 « N o n e n i m dispositus est aliquo m o d o ad contemplationes divinas, quae ad mentales d u c u n t excessus, nisi c u m Daniele sit vir desideriorum. Desidcria a u t e m in nobis i n f l a m m a n t u r dupliciter, scilicet per clamorem orationis, quae r u g i r c facit a gemitu cordis, et per fulgorem

speculations, quae radios lucis directissime et intensíssimo se convertit.» (Itinerarium Mentis in Deum, P r ó l o g o 3; V, 296a).

1 5 Escreve o D o u t o r Seráfico, quase n o t e r m o de Itinerarium: « Q u o d etiam o s t e n s u m est beato Francisco, c u m in excessu contcmplationis in m o n t e excelso •— ubi haec, quae scripta sunt, m e n t e tractavi — apparuit Seraph sex a l a r u m in cruce confixus, u t i b i d e m a socio eius, q u i t u n c c u m eo fuit, ego et plures alii audivimus; u b i in D e u m transiit p e r contcmplationis excessum; et positus est in e x e m p l u m perfectae contcmplationis, sicut prius fuerat actionis [•••]•» (Itinerarium Mentis in Deum VII; V, 312b).

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270 DIDASKAI.IA

para a teologia, c o m o o sintetiza paradigmaticamentc o opúsculo

De Reductione Artiurn ad Theologiam.

A referência à atitude de Boaventura perante a especulação é imprescindível para se compreender a sua espiritualidade, alem de traduzir o processo em que ela se definiu nas suas articulações fundamentais.

Já se tem afirmado que a espiritualidade bonaventuriana condensa, em linguagem própria e até científica, os ideais de vida propostos e concretizados por S. Francisco. Para quem assim pensa, o problema da fidelidade está obviamente resolvido. E justo, entretanto, perguntai-se essa operação é viável, já atendendo à dimensão histórica que torna irredutível cada m o m e n t o — o de Boaventura ao de S. Fran-cisco —, já porque se torna muito difícil compreender a alma enorme, simples e espontânea do Poeta de Assis espartilhada em fórmulas verbais ou esquemáticas.

E, porém, legítimo pensar que Boaventura tentou introduzir na sua espiritualidade o espírito de Francisco e, através deste, o de todo o h o m e m cristão. A tarefa era tão difícil como imperiosa e a urgência foi talvez o motivo que conduziu à superação do perigoso obstáculo. Ao elaborar a sua espiritualidade, o D o u t o r Seráfico guarnecia-se dos expedientes teóricos indispensáveis para impor uma certa disciplina claustral aos seus confrades, que eram já multidão e não podiam viver ao sabor da espontaneidade de cada dia. A sondagem da natureza da alma constitui u m dos objectos insubstituíveis da espiritualidade, c o m o aliás o próprio termo o sugere. Esta, sobretudo quando interpretada na óptica cristã, supõe na alma uma relação a alguma coisa, sobretudo e em definitivo a alguém, que pode ser Deus ou as pessoas humanas.

Esse dinamismo da relação foi particularmente estimulado pela teologia trinitária, pois que a relação era essencial à noção de pessoa. N a vida prática, foi também cultivado, em maior ou menor grau, na vida religiosa comunitária, que aliás tomava a unidade e

relação trinitárias como modelo da sua própria estrutura social1 6.

1 6 «[...] cogitantes q u i d e a d e m p a x inter fratres egerit, q u o r u m ex t a m multis animis et multis c o r d i b u s fecit a n i m a m u n a m et cor u n u m in D e u m , débita pietate credamus m u l t o m a x i m e in ilia p a c e Dei, quae superat o m n e m intellectum, et P a t r e m et Filium et S p i r i t u m s a n c t u m n o n esse très deos, sed u n u m D e u m , t a n t o excellentius q u a m i s t o r u m erat a n i m a et cor u n u m , q u a n t o ilia p a x quae superat o m n e m intellectum excellentior est ista pace

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N ã o obstante ser essa relação constitutiva da alma humana, uma análise predominantemente religiosa era levada a fixar-se mais n o termo dessa tendência, sobretudo quando ele era Deus, do que nas características, ou mesmo leis, desse m o v i m e n t o relacional. Essa perspectiva era porventura fiel ao ritmo da intencionalidade da própria alma e tinha a vantagem de captar esta e m exercício dialo-gante, embora com a natural tendência de privilegiar o termo divino dessa relação. Se a força de Deus podia aí anular a protogonização humana, a alma, colhida nesse exercício, podia manifestar da melhor forma a espontaneidade e a liberdade tipicamente cristãs e francis-canas, pois as suas decisões não eram regulamentadas por uma rígida legislação da natureza.

Estas vantagens levavam, porém, consigo sérios riscos, de consequências imediatas para a vida religiosa comunitária, onde o insubstitível lugar de Deus, c o m o qual deve ser mantido o diálogo religioso, não pode anular a presença das outras pessoas, também essenciais ao natural diálogo humano. Boaventura, m u i t o sensível às duas perspectivas, à divina e à humana, tinha de encarar esta última muito concretamente, sob pena de não corresponder ao apelo dos seus confrades, ao ser escolhido por eles como orientador dos destinos da O r d e m Franciscana.

Se essa relação a Deus e ao p r ó x i m o é constitutiva da alma humana, importava analisá-la e m si mesma, porventura mesmo independentemente do termos para que tende, a p o n t o de ser possível determinar fases e leis para o seu desenvolvimento. Boaven-tura não abdicou dessa tarefa, custasse embora a censura de alguns espíritos tão religiosos c o m o exclusivistas, que viam nessa atenção dispensada à natureza humana u m esquecimento dos factores sobre-naturais. Outras figuras, não menos sensíveis aos valores cristãos do que a dele, tinham dispensado à mesma tarefa o esforço que ela reclamava, entre eles Santo Agostinho1 7 e o misterioso Aeropagita1 8,

o qual vinha fascinando os autores místicos latinos.

q u a m tenebat o m n i u m i l l o r u m cor u n u m et a n i m a una in D e u m . » (SANTO AGOSTINHO,

Ep. 238, 238, 16; P L X X X I I I , 1044d).

A organização da vida social, s o b r e t u d o a de carácter religioso, s e g u n d o o esquema trinitário, é u m dos temas constantes na obra d o D o u t o r Seráfico.

1 7 O esquema agostiniano da interioridade é c o m b i n a d o p o r B o a v e n t u r a c o m os diversos planos da ciência, q u e refere l o g o n o início de De Reductione Artium ad Theologiam

(Soliloquium de Quator Mentalibus Exercitiis, P r ó l o g o ; VIII, 28b).

1 8 B o a v e n t u r a refere-se à progressão da vida espiritual e m t e r m o s de hierarquias, m a s

a t e r m i n o l o g i a dionisiana p r o c u r a traduzir u m a d o u t r i n a , que m o s t r a b e m as suas raízes agostinianas (Ver Collationes in Hexaêmeron, s o b r e t u d o X X I I e X X I I I ) .

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272 DIDASKAI.IA

Boaventura não só apurou a noção de natureza humana, como,

antes disso, debruçou-se sobre o sentido da própria natureza19.

Representava para ele uma realidade tão consistente, que não dava ensejo a arbitrariedade, e tão elástica, que não tolhia os anseios infinitos do espírito e a sua constante relação aos acontecimentos inéditos da história.

Servindo-se da dialéctica agostiniana, muito especialmente detec-tada na vida interior, bem como numa célebre doutrina dionisiana, Boaventura interpretou o m o v i m e n t o do espírito em termos de

graus e hierarquias20, de que o Itinerarium Mentis in Deum e as

Collationes 5 in Hexaêmeron são magnífica expressão literária. O santo D o u t o r disseca esse processo de hierarquização, capta-lhe o sentido e determina as leis do seu m o v i m e n t o progressivo, n u m horizonte que poderia traduzir-se por esta asserção platónica — o

amor cria a ordem.

E nesta ordenação hierarquizante da alma que tem lugar a especulação, também ela caminho privilegiado para a desejada união com Deus.

Entretanto, o sentido bonaventuriano de natureza e de especulação não pode ser já redutível ao significado que lhe atribuíram o pensamento pagão e até alguns doutores cristãos. C o m efeito, o dinamismo que acompanhou a noção de natureza n e m sempre foi interpretado em termos de história, sendo a especulação tantas vezes u m processo de eliminação do tempo histórico. A natureza equi-valia aí a uma certa identidade e permanência, quase sempre oposta à alteração histórica. A especulação, por seu turno, devia corres-ponder a essa natureza idêntica e eterna, que o exercício do espírito devia explicitar. Evidentemente, para a mundividência cristã de Boaventura, essa filosofia pagã não podia significar o h o m e m n o v o que ele devia encarnar no estilo franciscano de vida.

1 9 B o a v e n t u r a discute, c o m frequência, a obrigação d o trabalho manual, decorrente da

lei natural, q u e era u m a r g u m e n t o utilizado pelos adversários d o exercício d o estudo, d e n t r o

da O r d e m Franciscana. N ã o obstante ele n ã o aceitar essa a r g u m e n t a ç ã o , reconhece, e n t r e -t a n -t o , a ins-tância da lei na-tural (Quaes-tiones Dispu-ta-tae de Perfec-tione Evangélica II, 3; V , 162a).

T e m j á u m a d o u t r i n a explícita sobre a natureza, que p o d e ser definida pelos seus

princípios intrínsecos (Sent. III, d. 22, a. u n . , q. 1; III, 453a), aliás aplicados à natureza humana, e pela forma (Quaestiones Disputatae de Mysterio Trinitatis II, 2; V , 65b).

2 0 A relação entre esta d o u t r i n a de B o a v e n t u r a e a d o P s e u d o - A r e o p a g i t a foi u l t i m a m e n t e estudada p o r J . G . BOUGEROL, Saint Bonaventure et la Hiérarchie dionysienne, in «Archives d'histoire doctrinale et littéraire d u M o y e n Age» (1969) 131-167.

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Urgia interpretar o dinamismo da natureza cm termos de categorias históricas, sob pena de nada ser compreendido a respeito do h o m e m daquela época c relativamente ao mistério da Escritura, que descreve a história de Cristo.

É por isso que a unidade dinâmica da natureza não pode dispensar a diversidade dos estados. Esta última noção exerce em Boaventura, como aliás na filosofia cristã, u m papel decisivo, cujas consequências não estamos habituados a extrair. Se é justo falar duma natureza humana, não se pode descurar o facto de ela, sendo embora una, ser também diferente no evoluir dos tempos, sobretudo enquanto é determinada por alguns acontecimentos históricos, que a atingem e com os quais não pode deixar de se pôr em relação. Servindo-se duma linguagem teológica, mostra a irredutibilidade do estado da queda ao estado de graça, vendo t a m b é m n o estado de glória u m m o d o novo de ser do h o m e m já contemplado pela

graça21. Estes os estados decisivos, mas não únicos, da história humana.

Voltando à noção de natureza, deve acrescentar-se que Boaven-tura não lhe respeita já o foro a u t ó n o m o absoluto de que desfrutava no pensamento pagã. C o m o filósofo influenciado pelo cristianismo, tinha de referir toda a natureza a Deus, que é aliás fonte da mesma. Daí uma linguagem ambígua mas significativa — a natura

obedien-tialis22.

A referência da natureza a Deus, podia, dentro d u m esquema criacionista, facilitar a consideração histórica da mesma, embora uma tese não tivesse decorrido automaticamente da outra. S. Tomás de Aquino, por exemplo, não vê impossibilidade teórica duma criação

ab aeterno23. Por outro lado, a frequente relação entre natureza e ideia, esta com atributos de eternidade, só vinha agravar a

dificul-dade de se admitir a característica histórica da natureza.

O u t r o é o horizonte filosófico de D o u t o r Seráfico. C o m o b o m agostiniano, apresenta-se como acérrimo defensor da criação n o tempo, vendo na doutrina da eternidade do m u n d o u m dos três

21 Breviloquium, P r ó l o g o 2; V , 203b.

2 2 A forma completiva (Sent. III, d. 22, a. un., q. 1; III, 453a) supõe j á a obeâientia

creaturae a u m p l a n o que a transcende (Quaestiones Disputatae de Mysterio Tritiitatis I, 2;

V , 57b).

2 3 N ã o se p o d e d e m o n s t r a r a criação n o t e m p o (S. TOMAS DE AQUINO, Sent. II, d. 1,

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274 DIDASKAI.IA

maiores erros que o m u n d o cristão deve enfrentar2 4. Deus criou

n o tempo — criou ex tempore —, mas se tal não fosse suficiente para convencer a razão, bastava olhar para a encarnação do Verbo — a maior obra de Deus ad extra —, que teve lugar n u m deter-minado m o m e n t o da história do m u n d o e passou a ser acontecimento determinante da computação de outros acontecimentos.

Ora, uma natureza imutável, em que não se considerassem os

estados, não poderia alimentar uma relação às novas manifestações

de Deus no tempo, sobretudo à sua própria manifestação na carne, b e m como às pessoas que vão engrossando a sucessão das gera-ções. A natureza não pode viver apenas da relação à eternidade de Deus — às ideias eternas —, como se o que vai acontecendo no m u n d o trouxesse o estigma da repetição ou, pior ainda, da conde-nação.

E assim que Boaventura integra a sua espiritualidade, marcada-mente franciscana, na torrente caudalosa da espiritualidade monás-tica ocidental, sem nada sacrificar dos traços característicos do cristão do século xiii e da fisionomia de S. Francisco.

A sua noção de natureza participa do dinamismo de Deus, que não é já e só o Bem platónico, mas é sobretudo a Trindade cristã2 5. Essa natureza, n o exercício do seu essencial dinamismo,

imita a vida trinitária, mais apropriadamente o Verbo. Essa vida da natureza, porém, não é u m revigoramento da sua própria identi-dade ou uma fuga do temporal, pois nunca o estilo franciscano de vida passou indiferente às manifestações progressivas de Deus no m u n d o . A natureza humana imita o Verbo e, a partir do m o m e n t o da Sua manifestação carnal, tem de constituir uma relação a Ele,

ao Cristo histórico do Evangelho, já que só uma razão apoucada

viveria indiferente a esse m a g n o acontecimento.

Esta inserção do Cristo histórico — que parecia ter-se eclipsado tantas vezes na espiritualidade monástica, devorada pelo desejo de eternidade — no cerne da alma bonaventuriana é porventura o índice do mais escrupuloso respeito pela piedade de Francisco de Assis. O D o u t o r Seráfico afirmará que a natureza aspira ao sobrenatural,

2 4 B o a v e n t u r a , q u e m u i t o insiste na d o u t r i n a das ideias interpretada n o seu esquema d o exemplarismo, via-se o b r i g a d o a d e f e n d e r e m t e r m o s inequívocos a criação n o t e m p o , a p o n t o de considerar a eternidade d o m u n d o u m dos três maiores erros (Collationcs de

septcm Donis Spiritus sancti VIII, 16; V , 497b).

2 5 A Trindade e o Bem encontram-se n u m significativo capitulo sobre Deus (Itneirarium

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mas tal aspiração não se cifra n u m m o v i m e n t o vago ou n u m a relação a u m m u n d o abstracto, pois representa a ordenação da mesma a uma realidade muito concreta e pessoal, que é o Verbo eterno e encarnado, a graça e o sobrenatural, respondendo verda-deiramente aos apelos humanos.

Ficam assim combinados u m certo exteriorismo franciscano, decorrente dessa relação da alma humana ao Cristo histórico, e a clássica interioridade cultivada na vida monástica. Efectivamente, a natureza bonaventuriana, numa significativa presença de Agostinho, imita na sua acção o Verbo da Trindade e, consoante os estados que a determinam, vai alimentando e renovando uma relação muito concreta e histórica c o m o Verbo da encarnação c com todos aqueles que f o r a m assumidos por Ele.

Se quiséssemos classificar tal espiritualidade, não diríamos que é teocêntrica, como muitas vezes o foi a sua congénere monástica, mas sim logoccntrica e cristoccntrica, dando estes dois termos a medida da essencial referência da alma seráfica ao Verbo eterno e encarnado. T u d o isto significa que a espiritualidade bonaventuriana, cm sentido oposto a algumas orientações místicas, ansiosas por u m contacto directo e imediato com a Divindade, não dispensa uma

mediação, para atingir esse repouso definitivo da alma humana.

O facto de o D o u t o r Seráfico dedicar cuidada atenção à fase especulativa da vida anímica não se deve explicar unicamente por factores extrínsecos de ordem cultural, como, por exemplo, u m maior conhecimento da filosofia aristotélica. Ao integrar a especulação no caminho a percorrer pela espírito, Boaventura

reco-nhece a necessidade de mediação26, para logo rejeitar o carácter

absoluto da mediação especulativa — da ciência — c apontar o verda-deiro e personificado mediador, o próprio Verbo da Trindade e o Cristo do Evangelho. Efectivamente, enquanto a mediação espe-culativa da filosofia antiga se processava através de ideias, porque apoiada essencialmente na vida mental, o D o u t o r franciscano encontra

2 6 «Et licet haec scientia destruatur, Mon t a m e n f r u s t r a l a b o r a t q u i earn acquirit, q u o n i a m per ipsam m a n u d u c i t u r h o m o ad c o g n i t i o n e m D e i et ad p r o m o t i o n e m fidei, et ita ad a u g m e n t u m meriti et per consequens ad c o m p l e m e n t u m praemii.» (Sent. Ill, d. 31, a. 2, q. 3; III, 686b).

A ciência n ã o v e m suprir apenas u m a situação a n o r m a l criada pelo pecado, m a s contribui para o natural a p e r f e i ç o a m e n t o da inteligência: «[...] h u i u s m o d i habitus magis ordinari habent ad intclligcntias nostras perjiciendas; q u o d q u i d e m n o n t a n t u m c o m p c t i t statui viae, sed etiam patriae.» (Ibidem; III, 687b).

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276 DIDASK.AI.IA

no âmago da alma humana a pessoa do Verbo, que se revela ao h o m e m cm diálogo constante e histórico. Desta forma, a almejada união a Deus não se faz tanto pelo esforço de uma mediação do espí-rito humano, mas antes pela revelação do Verbo, que vence o

abismo entre o finito e o Infinito2 7.

Assim, o Cristo do Evangelho não é eclipsado nem por influência do interiorismo monástico de muitos séculos nem pela sugestão teológica do esquema de Joaquim de Flora, também ele voltado para uma interioridade de natureza muito ambígua.

É de notar o relevo que a realidade pessoal mantém na espiritualidade bonaventuriana, desde a Trindade, passando pela vida comunitária institucionalizada, e, finalmente, na união com Deus. Não obstante a frequência da linguagem dionisiana, sobretudo a partir dum certo momento da obra de Boaventura, pela qual se transmite, de m o d o enfático, a suprema experiência da união, nunca há, na mística bonaventuriana, confusão em qualquer dos inter-venientes do diálogo. Por outro lado, se o esquema da união contemplativa, no estilo da filosofia e espiritualidade de origem grega, tornava problemática essa união, devido à persistente disso-ciação sujeito-objecto, Boaventura encontra na relação afectiva das vontades e das pessoas o tipo de união, sem que nenhum dos

membros seja sacrificado28.

J O A Q U I M C E R Q U E I R A G O N Ç A L V E S

2 7 «Si a u t e m quacras, q u o m o d o haec fiant, interroga tratiam, n o n doctrinani;

deside-r i u m , n o n intellectum; g e m i t u m odeside-rationis, n o n s t u d i u m lectionis; s p o n s u m n o n m a g i s t deside-r u m ; D e u m , n o n h o m i n e m ; caliginem, n o n claritatem [...[». (Itinerarium Mentis in Dctim VII; V , 313b). Estas palavras, que n ã o p o d e m iludir a presença dionisiana, recebem l o g o o seu e n q u a d r a m e n t o franciscano: «Qui q u i d e m ignis Deus est, et huius caminus est in Jerusalem, et Christus h u n c accendit in f e r v o r e suae ardentissimae passionis, q u e m solus ille vere percipit, qui dicit: Suspendium elegit anima mea, et mortem ossa mea (Ibidem).

2 8 A h a r m o n i a entre unidade e trindade, entre eterno e histórico, entre mediação interior

(especulativa) e m e d i a ç ã o de Cristo é t a m b é m a síntese d o ú l t i m o parágrafo de De

Reductione Artium ad Theologiam! «Et sic patet, q u o m o d o multiformis sapientia Dei, quae lucide

t r a d i t u r in sacra Scriptura, occultatur in o m n i cognitione et in o m n i natura. Patet etiam, q u o m o d o o m n e s cognitiones f a m u l a n t u r theologiae; et ideo ipsa assumit exempla et utitur vocabulis pertinentibus ad o m n e genus cognitionis. Patet etiam, q u a m ampla sit via illumina-tiva, et q u o m o d o in o m n i re, quae sentitur sive quae cognoscitur, interius latet ipse Deus. — Et hie est f r u c t u s o m n i u m scientiarum, u t in o m n i b u s aedificetur fides, honorificetur Deus, c o m p o n a n t u r mores, h a u r i a n t u r consolationes, quae sunt i n u n i o n e sponsi et sponsae, quae q u i d e m fit per caritatem, ad q u a m t e r m i n a t u r t o t a intentio sacrae Scripturae, et per consequens o m n i s illuminatio desursum descendens, et sine qua oninis cognitio vana est, quia n u n q u a m p e r v e n i t u r ad Filiurn nisi per S p i r i t u m sanctum, qui docet nos omitem

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