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Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

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Academic year: 2021

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ANACLARADANTASDESOUZA

PREVALÊNCIA DE MULTIMORBIDADE E FATORES ASSOCIADOS NA POPULAÇÃO TRABALHADORA BRASILEIRA

NATAL/RN 2019

www.posgraduacao.ufrn.br/ppgscol ppgscol@dod.ufrn.br 55-84-3342-2338

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

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ANACLARADANTASDESOUZA

PREVALÊNCIA DE MULTIMORBIDADE E FATORES ASSOCIADOS NA POPULAÇÃO TRABALHADORA BRASILEIRA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva.

Orientador: Dr. Dyego Leandro Bezerra de Souza

Coorientadora: Drª Isabelle Ribeiro Barbosa

Natal/RN 2019

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Ficha Catalográfica

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - Departamento de Odontologia

Souza, Ana Clara Dantas de.

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na

população trabalhadora brasileira / Ana Clara Dantas de Souza. - Natal, 2019.

89 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Dyego Leandro Bezerra de Souza. Coorientador: Profª Drª Isabelle Ribeiro Barbosa. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Odontologia, Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Natal, 2019.

1. Multimorbidade - Dissertação. 2. Saúde do Trabalhador - Dissertação. 3. Absenteísmo - Dissertação. 4. Presenteísmo - Dissertação. 5. Acidentes de trabalho - Dissertação. I. Souza, Dyego Leandro Bezerra de. II. Título.

RN/UF/BSO BLACK D585 Elaborado por MONICA KARINA SANTOS REIS - CRB-15/393

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DEDICATÓRIA

Primeiramente a Deus, sem Ele certamente eu não teria chegado até aqui.

À minha mãe Edilma Maria Dantas de Souza, minha inspiração como ser

humano, profissional, mulher, que se doa incondicionalmente, respeita e torce veementemente por cada conquista por mim angariada.

À minha família, o bálsamo mais precioso pelo qual eu me deleito, fonte de

minhas inspirações e maior torcida organizada por minha felicidade.

Ao meu avô Emídio Targino Dantas (in memorian), que já se foi, e que me

ensinou com maestria que o segredo da felicidade é estar vivo, e, se vivo está, supere-se.

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AGRADECIMENTOS

Aqueles que caminham sozinhos podem até chegar mais rápido, mas aqueles que caminham acompanhados, certamente vão mais longe (Clarice Lispector). Comigo não poderia ser diferente, chegar a este momento é a prova que não estou só, e sim que estou cercada de tesouros inestimáveis:

Minha eterna gratidão a Deus, por ter inspirado o meu coração a me decidir por esta trajetória, um caminho de muitas lutas e grandes vitórias. Ele fez, Ele faz e sempre continuará fazendo maravilhas na minha vida.

À minha família que sempre estar ao meu lado, suportando as dores e celebrando as alegrias, torcendo e se doando incondicionalmente, em especial, Itanielly, minha prima/irmã, por toda ajuda e paciência neste processo, gratidão imensa. Vocês são um pilar imprescindível na minha vida.

Ao meu orientador professor Dr. Dyego Leandro que com maestria e vocação me conduziu durante este tempo, com muito respeito, paciência, dedicação, motivação e, sobretudo com sabedoria me ensinando a enxergar minhas fortalezas e virtudes, gratidão.

À minha coorientadora professora Drª Isabelle Ribeiro que não mediu esforços para me acolher como coorientanda e com muito respeito, motivação, sabedoria e disposição me conduziu durante esta trajetória, sou imensamente grata.

À Geralda Santos, minha psicóloga, que com muita dedicação, paciência e sabedoria me auxiliou e conduziu durante este caminho, sempre me levando ao autoconhecimento e a compreensão do quão sou capaz de me superar, gratidão.

Aos meus amigos que se fizeram presentes e totalmente dispostos para me auxiliar e torcer por minhas conquistas, em especial Gidyenne Medeiros, Nayara Priscilla e Marília Cristina, de todos, vocês foram presenças inestimáveis.

À professora Drª Maria Ângela que com prontidão aceitou o convite para participar na banca de qualificação e de defesa, abrilhantando o momento e nutrindo-o com muita sabedoria, gratidão.

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Só quem já cruzou desertos Saberá chorar em frente ao mar.

Jorge Vercilo_Voo Cego

Num mundo que cresceu com a máquina, é essencial um suplemento de alma.

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RESUMO

A rápida transição no perfil demográfico e epidemiológico tem registrado o aumento da longevidade, do adoecimento crônico e a precocidade da incapacidade, tornando o sistema de saúde menos preparado para atender a demanda crescente de pessoas com doenças crônicas não-transmissíveis, especialmente aquelas com duas ou mais, conhecido por multimorbidade. Este estudo objetiva estimar a prevalência de multimorbidade na população trabalhadora brasileira (≥18 anos) e conhecer seus fatores associados, considerando os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2013. A princípio, foi realizada uma revisão sistemática de literatura baseada no protocolo PRISMA, com o intuito de identificar o impacto da multimorbidade na saúde do trabalhador. Após a revisão, foram desenvolvidos dois estudos de cunho transversal a partir dos dados da PNS, 2013, com n= 47.629 pessoas acima de 18 anos. Foram utilizadas questões do inquérito que respondiam, no segundo estudo, se o indivíduo já havia recebido o diagnóstico de alguma das doenças crônicas incluídas no inquérito e, no terceiro estudo, se já havia se envolvido em algum acidente de trabalho nos últimos 12 meses. Realizamos análise das prevalências da multimorbidade em relação às características socioeconômicas, estilo de vida e do trabalho; análise bivariada com obtenção da razão de prevalência (RP), intervalos de confiança a um nível de 95% (IC 95%); e modelo multivariado por meio da Regressão de Poisson, com teste de Wald para estimação robusta, para variáveis significativas na análise. A prevalência de multimorbidade foi de 19,98% (IC95%: 19,29% - 20,70%) e esteve associada ao sexo feminino, à faixa etária de 60+, conviver com o cônjuge, ser ex-fumante, ser analfabeto, morar na zona urbana, ter plano de saúde e já ter sofrido algum acidente de trabalho. A prevalência de acidente de trabalho foi de 2,79% (IC95%: 2,53% - 3,08%) e esteve associada ao sexo masculino, à faixa etária de 18 – 24, ser analfabeto, ter quatro doenças crônicas associadas e morar na zona rural. Estimou-se uma baixa prevalência de multimorbidade e acidente de trabalho na população trabalhadora brasileira e, esteve associada às características relacionadas ao trabalho, socioeconômicas e de estilo de vida.

Palavras-chave: Multimorbidade, Saúde do Trabalhador, Absenteísmo/Presenteismo, Acidente de trabalho.

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ABSTRACT

The fast transition in the demographic and epidemiological profile has recorded the increase in longevity, chronic illness and the prococity of disability, making the health system less prepared to meet the growinf demando of people with non communicable chronic diseases, especially those with two or more, known as multimorbidity. This study aims to estimate the prevalence of multimorbidity in the brazilian workers population (≥18 years old) and to know its associated factors considering he data from the National Health Survey (PNS), 2013. At first, a systematic literature review was conducted based on the PRISMA protocol, in order to identify the impact of the multimorbidity on workers' health. After the review, two crosses sectional studies were developed based on the data from the PNS, 2013, with n= 47,629 people over 18 years old. Survey questions were used to answer, to second study, whether the individual had alread received the diagnosis of some of the chronic diseases included in the questions and, to third study, whether the individual already involved in some work accident around the last 12 months. We analyze the prevalences of multimorbidity in relation to socioeconomic characteristics, lifestyle and work; bivariate analysis with obtaining the prevalence ratio (RP), confidence intervals at a level of 95% (CI 95%); and multivariate model through Poisson regression, with Wald test robust estimation, for significant variables in the analysis. The prevalence of multimorbidity was 19.98% (95%CI: 19.29% - 20.70%) and was associated with the female gender, to the age range of 60+, to live with the spouse, to be former smoker, to be illiterate, to live the urban area, have health insurance and have already suffered some work accident. The prevalence of work accident of 2.79% (CI95%: 2,53% - 3,08%) and was associated with the male gender, to the age range 18 – 24, to be illiterate, to have four chronic diseases and to live the rural área. A low prevalence of multimorbidity and work accident were estimated in the brazilian workers population and was associated with labor, socioeconomic and lifestyle characteristics.

Key words:

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Questões da PNS 2013 incluídas na variável independente do estudo. Tabela 2 Questões da PNS 2013 incluídas na variável independente do estudo. Tabela 3 Resultados da avaliação da qualidade a partir do STROBE.

Tabela 4 Extração dos dados dos 20 artigos selecionados para a revisão sistemática.

Tabela 5 Prevalência (%) da multimorbidade na população brasileira trabalhadora, de acordo com as variáveis socioeconômicas e de saúde da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2013. (n = 47.629).

Tabela 6 Análise bivariada dos fatores relacionados à multimorbidade na população brasileira trabalhadora, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2013. (n= 47.629).

Tabela 7 Modelo multivariado com as Razões de Prevalência ajustadas (RPaj) das variáveis associadas à multimorbidade na população brasileira trabalhadora, a partir da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2013. (n= 36.442).

Tabela 8 Prevalência (%) do envolvimento em algum acidente de trabalho na população brasileira trabalhadora nos últimos 12 meses, de acordo com as variáveis socioeconômicas e de saúde da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2013. (n = 47.629).

Tabela 9 Análise bivariada dos fatores relacionados ao envolvimento em algum acidente de trabalho na população brasileira trabalhadora nos últimos 12 meses, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2013. (n= 47.629).

Tabela 10 Modelo multivariado com as Razões de Prevalência ajustadas (RPaj) das variáveis associadas ao envolvimento em algum acidente de trabalho na população brasileira trabalhadora nos últimos 12 meses, a partir da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 2013. (n= 36.442).

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

2 REVISÃO DA LITERATURA 16 2.1 SAÚDE DO TRABALHADOR ... 16

2.2 MULTIMORBIDADE ... 18

2.3 IMPACTOS DA MULTIMORBIDADE NA SAÚDE DO TRABALHADOR ... 20

3 OBJETIVOS 24 3.1 OBJETIVO GERAL ... 24

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 24

4 MÉTODO 25 4.1 MÉTODO DO PRIMEIRO ARTIGO: Fatores relacionados à multimorbidade na saúde do trabalhador: uma revisão sistemática ... 25

4.1.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA ... 25

4.1.2 SELEÇÃO DE ESTUDO ... 25

4.1.3 ANÁLISES ... 26

4.1.3.1 ANÁLISE DA QUALIDADE DO ARTIGO ... 26

4.2 MÉTODO DO SEGUNDO ARTIGO: Multimorbidade e fatores associados em trabalhadores brasileiros ... 27

4.2.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA ... 27

4.2.2 PLANO AMOSTRAL ... 27

4.2.2.1 População, Amostra e Local do Estudo ... 27

4.2.2.2 Variável dependente ... 29

4.2.2.3 Variável independente ... 30

4.2.2.4 ANÁLISE DOS DADOS ... 34

4.3 ASPECTOS ÉTICOS ... 32

4.4 MÉTODO DO TERCEIRO ARTIGO: Acidente de Trabalho e fatores associados em trabalhadores brasileiros ... 34

4.4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA ... 34

4.4.2 PLANO AMOSTRAL ... 35

4.4.2.1 População, Amostra e Local do Estudo ... 35

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4.4.2.3 Variável independente ... 36

4.4.2.4 ANÁLISE DOS DADOS ... 39

4.5 ASPECTOS ÉTICOS ... 39

5 RESULTADOS 38

5.1 RESULTADOS DO PRIMEIRO ARTIGO: Fatores relacionados à multimorbidade na saúde do trabalhador: uma revisão sistemática ... 40

5.1.1 SELEÇAO DOS ARTIGOS ... 40

5.1.2 ASSOCIAÇÃO ENTRE MULTIMORBIDADE E TRABALHO ... 41

5.1.3 FORÇA DE TRABALHO ... 42

5.1.4 ABSENTEÍSMO / PRESENTEÍSMO ... 43

5.1.5 DESEMPREGO ... 44

5.2 RESULTADOS DO SEGUNDO ARTIGO: Multimorbidade e fatores associados em trabalhadores brasileiros ... 55

5.3 RESULTADOS DO TERCEIRO ARTIGO: Acidente de Trabalho e fatores associados em trabalhadores brasileiros ... 59

6 DISCUSSÃO 65 6.1 DISCUSSÃO DO PRIMEIRO ARTIGO: Fatores relacionados à multimorbidade na saúde do trabalhador: uma revisão sistemática ... 63

6.2 DISCUSSÃO DO SEGUNDO ARTIGO: Multimorbidade e fatores associados em trabalhadores brasileiros ... 68

6.3 DISCUSSÃO DO TERCEIRO ARTIGO: Acidente de Trabalho e fatores associados em trabalhadores brasileiros ... 74

7 CONCLUSÕES 77 REFERÊNCIAS 78 ANEXOS 83

ANEXO 1. STROBE Statement—checklist of items that should be included in reports of observational studies. ... 87

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Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

13 1 INTRODUÇÃO

A compreensão sobre os fatores associados entre o trabalho e o processo saúde-doença daqueles que trabalham é de cunho da saúde do trabalhador, campo da saúde coletiva, que visa compreender através da prática e teoria, os fatores determinantes para o adoecimento desta população, a fim de minorar as doenças ocupacionais e os acidentes de trabalho, dispondo uma melhor qualidade de vida aos trabalhadores (MENDES, 2016). Foi somente a partir do movimento de reorganização social e político ocorrido no Brasil nos anos 1980, que significativas mudanças impactaram a política de saúde brasileira, especialmente na VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, quando a proposta de criação do Sistema Único de Saúde (SUS) foi consolidada (LACAZ, 2007).

Visando a importância do trabalho enquanto determinante das condições de vida e de saúde da população, após tendo sido criado o SUS, este, tornou-se um sistema responsável por ações que englobam a saúde dos que trabalham (PINHEIRO, DIAS, SILVEIRA, SILVA, 2014). Até que, após quatorze anos, em 2004, entra em vigor a Política Nacional de Saúde do Trabalhador, uma política direcionada à redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mediante a execução de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área da saúde (BRASIL, 2018).

Para o contexto atual e futuro, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (2018), a saúde do trabalhador tem apresentado um novo perfil, traduzido pelo aumento da longevidade ou o envelhecimento da população trabalhadora, diminuição das doenças crônicas transmissíveis e o aumento das doenças crônicas não transmissíveis. Além disso, a literatura aponta novas características que se configuram à alta exigência e diversidade, precarização dos vínculos e da proteção social, pouca autonomia, degradação ambiental e degradação da qualidade de vida, tudo isso, influenciando diretamente na condição de saúde do trabalhador (PINHEIRO, DIAS, SILVEIRA, SILVA, 2014).

Ao passo que acontece a rápida transição no perfil demográfico e epidemiológico, o aumento da longevidade, o aumento do adoecimento crônico e a precocidade da

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Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

14 incapacidade, em âmbito mundial, sendo os países ocidentais os mais afetados, tudo

isso, tem revelado um sistema de saúde minimamente preparado para atender a demanda crescente de indivíduos com doenças crônicas não transmissíveis (AFSHAR, RODERICK, KOWAL, DIMITROV et al, 2015).

As doenças crônicas podem ser definidas por início gradual, longevidade, motivando ao indivíduo uma mudança parcial ou total do estilo de vida, sob cuidados contínuos em que a condição de cura é inexistente (BRASIL, 2014). De acordo com as últimas evidências científicas, 64,4% da população brasileira idosa tem apresentado de duas ou mais doenças crônicas, isto é, multimorbidade (SANTOS, 2017), que implica no acometimento de faixas etárias mais avançadas, embora não exclusivamente, assim como, com associação à perda da capacidade funcional, maior mortalidade, o uso de polimedicamentos, sobreposição de tratamentos médicos e maiores despesas com a saúde (BATISTA, 2014).

Em síntese, compreende-se que o surgimento da multimorbidade é proporcional ao aumento da idade (OMS, 2008), assim sendo, configura-se a esta situação a iminente relevância como problema de saúde pública, devido os prejuízos atuais e futuros que podem promover, como compensação da longínqua exposição ao longo da vida de trabalho, podendo ser traduzidos pela diminuição da produtividade, afastamentos por motivos de doença e o risco de desemprego (VANDENBERG, BURDORF, ROBROEK, 2017).

Evidentemente, nunca se estudou tanto sobre multimorbidade como nos últimos tempos, embora ainda com mínimos estudos de base populacional (MENDES, 2016), além disso, tem-se crescido também o interesse em estudos com foco na relação entre a multimorbidade e a saúde do trabalhador. Justifica-se esse estudo pela sua iminente relevância, uma vez que possibilita um maior conhecimento sobre a multimorbidade e os fatores associados, no tocante à força de trabalho, absenteísmo/ presenteísmo e o desemprego, na população trabalhadora brasileira, podendo subsidiar e fomentar ações estratégicas, políticas e de vigilância no campo da saúde do trabalhador. Busca também contribuir na formulação de uma proposta ou protocolos para trabalhadores com multimorbidade no Brasil, a fim de promover condições acessíveis e efetivas de

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Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

15 promoção e proteção desta população, de cunho formal ou informal, como também

para prevenção de acidentes de trabalho e, sobretudo considerando os fatores biopsicossociais como imprescindíveis da trajetória.

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Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

16 2 REVISÃO DA LITERATURA

Nesta seção será apresentado o arcabouço teórico do estudo, que auxilia a compreensão dos conceitos sobre a saúde do trabalhador; a multimorbidade; e o impacto da multimorbidade na saúde do trabalhador.

2.1 SAÚDE DO TRABALHADOR

Com o advento da Revolução Industrial na Inglaterra, período em que se registraram condições subumanas e insalubres nas fábricas, configurando-se pela morte e o adoecimento dos trabalhadores, nesse contexto, surgiu a necessidade do cuidado à condição de saúde dos empregados pelos empregadores (MENDES, DIAS, 1991). Com isso, nasce o serviço da medicina do trabalho que se caracterizava pela atenção centralizada na imagem do médico, o qual era responsável pela prevenção da saúde dos trabalhadores. Um serviço assegurado àqueles da extrema confiança dos empregadores e dispostos a defendê-los, ou seja, o trabalhador era visto apenas pela sua capacidade de produtividade (PINHEIRO, DIAS, SILVEIRA, SILVA, 2014).

Doravante, nos anos que se seguiam o pós-segunda guerra mundial, com o surgimento da multicausalidade de problemas e consequentemente a interferência nos processos de produção, a medicina do trabalho se tornou impotente para iminente intervenção. Então, é a partir desta necessidade que surgem as ações de saúde do trabalhador, uma prática capaz de integrar dimensões do indivíduo biológico ao indivíduo social, a fim de reconhecer o processo saúde-doença, determinado pelo trabalho (MENDES, DIAS, 1991).

É nesse contexto que surge a incorporação de uma equipe interdisciplinar, caracterizada pela troca de diferentes olhares acerca de um determinado objeto, respeitando os limites de cada campo do saber, através de reflexões e contribuições, na busca de um fazer coletivo, para o avanço científico (LOPES-JÚNIOR, LIMA, 2019) das práticas voltadas à saúde ocupacional, direcionada ao controle dos riscos no ambiente de trabalho e o aumento da produtividade (MENDES, 2016). Todavia, essa inovação se deu pela influência das escolas de saúde pública, onde os estudos sobre a

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Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

17 relação entre a saúde e o trabalho cresciam, haja vista, primeiramente iniciou-se

fortemente nos Estados Unidos (MENDES, DIAS, 1991).

Foi através do conhecimento da força de trabalho, um termo que está iminentemente ligado, tal como afirma Roberto Nogueira, “à economia política, aplicado ao saber e a interpretação dos fatores demográficos e de macroeconomia” (NOGUEIRA, 1983), que se pode conhecer as características definidoras sobre a situação do trabalho, as quais implicam no aumento da produtividade e da economia (NONATO, PEREIRA, NASCIMENTO, ARAÚJO, 2012). Historicamente, Marx (1983, p 149) em O Capital: críticas da economia politica analisa a força de trabalho como:

Na sociedade capitalista, o trabalho aparece como a própria utilização da força de trabalho. O trabalho é realizado por uma classe e o seu produto é apropriado por outra classe social que a domina e explora. [...] o comprador da força de trabalho – o burguês – consome esta mercadoria ao fazer trabalhar o vendedor da força de trabalho – o operário.

Com a crescente onda de exploração da força de trabalho, a um ritmo acelerado de produção, com sobreposição de horas e sobrecarga de trabalho (ANTUNES, PRAUN, 2015), que nos anos 1980, no Brasil, mudanças significativas na política de saúde brasileira ocorreram. Assim sendo, foi através de um movimento de reorganização social e político, que a proposta de criação do Sistema Único de Saúde (SUS), na VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986 (LACAZ, 2007), foi consolidada. Trata-se de um sistema responsável por ações de promoção à saúde capaz de englobar, sobretudo a saúde dos que trabalham, tendo o trabalho como organizador de vida e de saúde da população (PINHEIRO, DIAS, SILVEIRA, SILVA, 2014).

Com isso, traduz-se o surgimento da Saúde do Trabalhador, um campo da saúde que adotou a concepção da saúde como um direito de cidadania assegurado pelo Estado (BRASIL, 1988). Nesse sentido, foi através da Lei Orgânica de Saúde nº 8.142/90, que “compete às atribuições de promoção em saúde e vigilância” (BRASIL, 1990), que a vigilância em Saúde do Trabalhador passa a ser competência do SUS (ROSA, 2012).

A vigilância em saúde do trabalhador pode ser explicada pela atuação contínua e sistemática, capaz de estratificar a realidade dos ambientes laborais, desde os aspectos

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Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

18 interpessoais que vivenciam os trabalhadores no ambiente de trabalho até o trajeto

realizado para fins de trabalho (ROSA, 2012). Finalmente, em 2004, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador entrou em vigor, visando reduzir os acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, através de ações de promoção, reabilitação e vigilância, a fim de promover a produtividade, motivação, satisfação, melhoria na qualidade de vida e proteção à saúde da população (BRASIL, 2018).

2.2 MULTIMORBIDADE

A multimorbidade se caracteriza quando um mesmo indivíduo apresenta de duas ou mais doenças crônicas, existindo ou não relação causal entre elas, podendo levar à incapacidade funcional gradativamente (VIOLÁN, FOGUET-BOREU, ROSO-LLORACH, RODRIGUEZ-BLANCO et al.,2014). A propósito, o conceito da multimorbidade surgiu pela primeira vez em 1976, na Alemanha, todavia, apenas nos anos 90 que essa temática se tornou internacionalmente reconhecida (WALLACE, SALISBURY, GUTHRIE, LEWIS et al., 2015).

Nesse sentindo, observa-se que nos últimos vinte anos houve um crescente interesse pela temática por parte dos profissionais da saúde e pesquisadores no mundo todo, com isso, a multimorbidade perde o título de uma condição incomum e torna-se um conhecimento comumente reconhecido e discutido mundialmente, concomitantemente ao aumento do contingente de idosos ao longo dos anos (CAVALCANTI, 2016). Certamente, essa condição tem se enquadrado como um dos principais desafios do sistema de saúde.

Um estudo realizado na Catalunha (Espanha), com o objetivo de estimar a prevalência e os padrões da multimorbidade em áreas urbanas, observou que de uma amostra de n=1.356.761 indivíduos adultos (≥19 anos), que viviam em áreas atribuídas às equipes da Atenção Primária, destes 51% eram mulheres, a média de idade foi de 47,4 anos e a multimorbidade esteve presente em 47,6% (IC 95% 47,5 – 47,7) da amostra (VIOLÁN, FOGUET-BOREU, ROSO-LLORACH, RODRIGUEZ-BLANCO et al.,2014). Por outro lado, um estudo realizado na Suíça, com o objetivo de estimar a prevalência da multimorbidade na Atenção Primária, estimou que dos n=2.904 indivíduos que participaram da pesquisa, 52,1% (IC 95% 48,6% - 55,5%)

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Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

19 apresentaram ≥2 ou mais doenças crônicas e 35% (IC 95% 31,6% - 38,5%)

apresentaram de ≥3 ou mais doenças crônicas, sem diferenças significativas entre os sexos. Além disso, os resultados também apontaram que a prevalência de ≥2 ou mais condições crônicas afetou mais de 85% aqueles acima de 80 anos (EXCOFFIER, HERZIG, N’GORAN, D´ERUAZ-LUYET et al., 2018).

No Brasil, 72% das mortes podem ser explicadas por motivos de doenças crônicas não transmissíveis, consagrando-se como uma das condições de saúde que mais mata no país, assim como, mundialmente, o que gera uma onda de preocupação devido 64,4% da população idosa brasileira apresentar de duas ou mais doenças crônicas, isto é, multimorbidade (SANTOS, 2017), haja vista, o Brasil é o país com a quinta maior população do mundo. Segundo dados do último censo populacional, o país apresenta cerca de 39 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 50 anos de idade, destes, estima-se que aproximadamente mais de 60% têm multimorbidade (NUNES, BATISTA, ANDRADE, JUNIOR et al, 2018).

O surgimento da multimorbidade é proporcional ao aumento da idade, embora também passível entre adultos jovens (20%), devido ao aumento dos estilos de vida menos saudáveis, o ritmo inesperado de urbanização e a crescente globalização mal gerida e minimamente inclusiva. (OMS, 2008). Desta forma, essa é uma situação que ganha mais relevância como problema de saúde pública, uma vez que pode promover comprometimentos negativos na saúde daqueles que trabalham, bem como nos aposentados por tempo de contribuição ou por motivos de doença, devido à sistêmica exposição ao longo da vida de trabalho.

Nesse sentido, ressalta-se a multimorbidade como uma situação de saúde dispendiosa, capaz de gerar no futuro elevados custos com a saúde, devido o aumento da frequência às consultas médicas, mais hospitalizações quando necessário, atendimento odontológico, uso de polimedicamento terapia e reabilitação (ARAÚJO, SILVA, GALVÃO, NUNES et al, 2018). Entretanto, embora muitos estudos já tenham sido desenvolvidos sobre a temática em questão, percebe-se que muitos destes ainda não se apresentam com dados e resultados homogêneos e robustos, haja vista, que não há um consenso na literatura sobre quais doenças devem ser incluídas, assim como,

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Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

20 quais as circunstâncias que mais geram dificuldades na comparabilidade dos

resultados.

As pesquisas realizadas sobre os desdobramentos da multimorbidade, com amostras significativas da população, são realizadas em países desenvolvidos como Europa, Canadá, Austrália, EUA, o que difere do encontrado nos países em desenvolvimento, como no Brasil, onde há poucos estudos sobre prevalência com base populacional. Além disso, esta ainda é uma condição vista como um desafio pelos serviços de saúde, por exigir uma atenção e acompanhamento especial de uma equipe multidisciplinar, com avaliação multidimensional passível de elaborar planos de cuidado complexos que garantam a preservação da integralidade do indivíduo, através de ações de prevenção e promoção da saúde da população (NUNES, THUMÉ, FACCHINI, 2015).

Embora ainda não exista um consenso na literatura que especifique as morbidades que definam a multimorbidade, a fim de promover uma maior padronização e comparabilidade entre os estudos realizados, especialmente de cunho epidemiológico, Araújo e colaboradores (2018), através de um estudo, evidenciaram que os distúrbios musculoesqueléticos, mental, funcional, cardiovascular, respiratório e os cânceres compõe o hall das principais condições crônicas de saúde, além disso, eles também apontaram que quanto maior a prevalência de multimorbidade, menor a condição socioeconômica do indivíduo.

Evidentemente, à sombra da desigualdade social que assola a população trabalhadora brasileira, percebe-se o quão frágil é a concepção do Estado de Bem-Estar Social usado como garantia dos direitos individuais e coletivos de cidadania e proteção social, estando associado aos principais riscos em que a população está exposta, tais como, o processo de envelhecimento humano, incapacidade funcional, doenças crônicas não transmissíveis, desemprego, acidente de trabalho (LOBATO, 2012), entre outros. Tudo isso, aponta para a necessidade de uma atenção à saúde mais universal e inclusiva, com integralidade e um maior acesso aos serviços de saúde (NUNES, SOARES, WACHS, VOLZ et al, 2017).

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2.3 IMPACTOS DA MULTIMORBIDADE NA SAÚDE DO

TRABALHADOR

A saúde daqueles que trabalham é um assunto que historicamente vem ganhando espaço e relevância no cenário científico e político, por se tratar do comprometimento da condição de saúde dos indivíduos no seu ambiente de trabalho, os quais, na maioria das vezes, estão expostos aos riscos físicos, químicos, ergonômicos, psicossociais e/ou biológicos, podendo implicar no aparecimento de doenças ou agravos ocupacionais, assim como, em sua forma mais grave, o acidente de trabalho (CAVALCANTE, COSSI, COSTA, MEDEIROS et al, 2014).

De acordo com as evidências apontas pela literatura em relação aos problemas relacionados ao trabalho, atrelados ao absenteísmo (ausência no trabalho), presenteísmo (menor produtividade por problemas de saúde) (BAPTISTA, 2018), desemprego e diminuição da produtividade, estas situações são comumente encontradas no novo perfil da população trabalhadora acometida pela multimorbidade, haja vista, os indivíduos com multimorbidade tendem a se afastar mais que aqueles com uma única doença crônica (FOUAD, WAHEED, GAMAL, AMER et al, 2017).

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) têm sido uma das principais causas de morte no mundo, perfazendo um total estimado de 40 milhões de mortes, aproximadamente 70% (OMS, 2018), enquanto que só no Brasil, estimou-se um percentual de 72% de mortes por DCNT, em 2013, o que traduz um grave problema de saúde pública, logo, a meta do ministério da saúde é reduzir a mortalidade por DCNT até 2030 (MALTA, ANDRADE, OLIVEIRA, MOURA et al, 2019).

Nesse sentido, considerando o novo cenário de trabalhadores com multimorbidade, é competência da Política Nacional de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde (MS) que visa à redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, através da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), cuja é composta pelos Centros Estaduais e Regionais de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST), que atua subsidiando tecnicamente e cientificamente, buscando a melhoraria das condições de trabalho e qualidade de vida dos trabalhadores (PINHEIRO, DIAS, SILVEIRA, SILVA, 2014).

(22)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

22 De acordo com os dados do último relatório da 4ª conferência Nacional da Saúde

do Trabalhador, constata-se que em 2013 foram registrados 717.911 acidentes de trabalho no Brasil, sendo esta uma das principais causas de afastamento do trabalho (BRASIL, 2015). Além disso, existem estudos que apontam que indivíduos saudáveis apresentam taxas inferiores de acidentes de trabalho quando comparados àqueles com pelo menos uma doença crônica (PARKER, WILSON, VANDENBERG, DEJOY et al, 2009).

A ocorrência de acidentes de trabalho tem crescido consideravelmente a cada ano. Estima-se que 317 milhões de acidentes de trabalho acontecem anualmente em todo o mundo (GONÇALVES, SAKAE, MAGAJEWSKI, 2018), além disso, a Organização Internacional do Trabalho aponta que 2,3 milhões de trabalhadores morrem anualmente em decorrência do trabalho (BATISTA, RODRIGUES, LORDANI, ANDOLHE, 2015). Por outro lado, os trabalhadores informais no Brasil perfazem um quantitativo de 18,7 milhões de brasileiros, não possuindo qualquer proteção social e trabalhista (ALMEIDA, MEDEIROS, PINTO, MOURA et al, 2016), com isso, cresce o sub-registro de informações pertinentes à segurança e saúde destes trabalhadores.

Os custos com acidente de trabalho no Brasil ainda são elevados, ficando atrás dos Estados Unidos da América, que se destacam mundialmente com os maiores índices de acidentes de trabalho fatais, haja vista, estima-se que 9% da folha salarial e 60% dos benefícios pagos pela Previdência Social brasileira estão relacionados aos custos com acidente e doenças do trabalho (MALTA, STOPA, SILVA, SZWARCWALD et al, 2013). Além disso, o perfil predominante dos trabalhadores que já sofreram algum acidente de trabalho é caracterizado pelo sexo masculino, jovem de 18 a 39 anos de idade, cor de pele preta, com ensino fundamental completo e médio incompleto (CAVALCANTE, COSSI, COSTA, MEDEIROS et al, 2015).

De acordo com o estudo de Fehlberga e colaboradores (2001), realizado sobre acidente de trabalho em uma zona rural, estimou-se que a cor de pele, a classe social e a satisfação no trabalho foram significativamente associadas com o acidente de trabalho. Com isso, foi apontado que para os indivíduos de cor de pele não-branca e com pouca satisfação, o risco de se envolver em algum tipo de acidente foi três vezes

(23)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

23 maior, quando comparado com os de cor de pele branca e com aqueles que se

apresentaram muito satisfeitos (FEHLBERGA, SANTOS, TOMASI, 2001).

Infelizmente ainda existe uma iminente lacuna no sistema de informação que dificulta a estratificação eficaz sobre a realidade epidemiológica da condição de saúde da população trabalhadora brasileira, ou seja, a subnotificação, uma prática traduzida pela negligencia para com o trabalhador, seja de cunho formal ou informal, e a dissintonia com a realidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nas ocorrências de 2013, para cada acidente de trabalho notificado ou reconhecido pela Previdência Social Brasileira, sete são subnotificados (GONÇALVES, SAKAE, MAGAJEWSKI, 2018).

Finalmente, a literatura tem apontado a multimorbidade como uma condição negativa à saúde dos trabalhadores, por configurar-se às desordens mentais, afastamentos, comprometimento da produtividade, desemprego e o acidente de trabalho, tudo isso, decorrente de múltiplas morbidades associadas (CAVALCANTE, 2016). Com isso, aproximar-se do contexto da saúde do trabalhador, desde o processo de trabalho, precursor de fatores e mecanismos que culminam no comprometimento à saúde, até às condições distais, as quais estão atreladas ao ambiente ocupacional e o trajeto, certamente, é a melhor maneira de conseguir se infiltrar integralmente neste campo da saúde.

(24)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

24

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Estimar a prevalência de multimorbidade na população trabalhadora brasileira (≥18 anos) e conhecer seus fatores associados

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a)

Descrever a associação da multimorbidade com indicadores da saúde do trabalhador através de uma revisão de estudos seccionais.

b) Estudar a associação de variáveis socioeconômicas, estilo de vida e, especialmente do trabalho com a multimorbidade.

c) Estudar a associação de variáveis socioeconômicas, estilo de vida e, especialmente a multimorbidade com o acidente de trabalho.

(25)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

25 4 MÉTODO

4.1 MÉTODO DO PRIMEIRO ARTIGO: Fatores relacionados à multimorbidade na saúde do trabalhador: uma revisão sistemática

4.1.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA

Trata-se de uma Revisão Sistemática de literatura baseada no protocolo

Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA)

(Anexo 1) com o interesse de identificar o impacto da multimorbidade na saúde do trabalhador. Essa revisão foi submetida ao processo de registro no PROSPERO (International Prospective Register of Systematic Reviews), sob nº 75869, do CRD

(Centre for Reviews and Dissemination) da Universidade de York no Reino Unido. Esta é uma base de dados internacional de revisões sistemáticas registradas em saúde e assistência social que visa evitar a duplicação não planejada (UNITED KINGDOM, 2018). Além disso, as buscas foram aplicadas, de Dezembro de 2017 à Abril de 2018, às bases Lilacs (Latino-Americano e do Caribe Literatura em Ciências da Saúde);

SciELO; PAHO (Pan American Health Organization); Pubmed/Medline; Scopus; Web of Science e Cochrane. E, para garantir uma estratégia de pesquisa eficiente para as

especialidades de cada base, diferentes combinações de palavras-chave e descritores foram utilizadas, tais como: (working full-time OR working part-time OR number of

hours working OR early retirement OR work retention OR return to work OR employment OR unemployment OR absenteeism OR presenteeism or workforce or work productivity) and(multimorbidity or comorbidity or polymorbidity or multimorbity).

4.1.2 SELEÇÃO DE ESTUDO

Foram incluídos na revisão apenas artigos originais indexados nas bases de dados supracitadas que abordassem a “Multimorbidade”. Não houve restrição quanto ao ano de publicação e ao idioma, para maximizar a identificação de literatura relevante. Logo, foram excluídos da pesquisa os estudos que não se caracterizavam como seccional; com apenas uma doença crônica; com pessoas aposentadas por tempo de contribuição; anais de eventos; livros; e, capítulo de livros. Além disso, a pesquisa

(26)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

26 bibliográfica foi realizada por dois pesquisadores independentes (A.C.D.S e G.C.G.)

na primeira fase de seleção e, em caso de dúvida ou discordância, um terceiro pesquisador foi consultado (D.L.B.S). Esses investigadores foram previamente treinados sobre os critérios de inclusão para garantir padronização e seleção adequada de artigos.

Para o refinamento dos artigos, na primeira etapa, foi realizada leitura de título e resumo de todos os artigos que foram encontrados nas buscas, permanecendo somente os que faziam jus ao tema em questão. Em seguida, foram removidos os títulos em duplicidade e realizada leitura integral dos artigos (segunda etapa) com extração de dados relevantes tais como local do estudo, objetivo, tipo do estudo, tamanho da amostra, as medidas de associação, o intervalo de confiança, as principais doenças crônicas e os desfechos relacionados (força de trabalho, absenteísmo/presenteísmo e desemprego). Após a leitura integral, os pesquisadores selecionaram os artigos a serem incluídos na terceira etapa (análise qualitativa dos estudos).

4.1.3 ANÁLISES

4.1.3.1 ANÁLISE DA QUALIDADE DO ARTIGO

A análise da qualidade dos estudos foi realizada a partir do protocolo STROBE (Anexo 2). O STROBE é um instrumento que direciona que fornece recomendações sobre como relatar estudos observacionais de forma mais adequada (MALTA, M., CARDOSO, L. O., BASTOS, F. I., MAGNANINI, M. M. F et al., 2013). Esse instrumento foi adotado para que a análise dos artigos fosse realizada de modo objetivo, através da quantificação dos itens contemplados nos estudos. Desta forma, o documento é formado por 22 itens, sendo alguns divididos em subitens, perfazendo um total de 32 recomendações.

Reuniões foram realizadas para calibração dos envolvidos no estudo, através de discussões sobre as ferramentas pesquisadas, sobre a interpretação de cada item do STROBE. Nesse sentido, a análise foi realizada por dois pesquisadores independentes (A.C.D.S e G.C.G.), de forma independente e cega, na primeira fase de seleção e, em

(27)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

27 caso de dúvida ou discordância, um terceiro pesquisador foi consultado (D.L.B.S). Em

seguida, confrontaram-se as pontuações de cada critério e, em meio a alguma divergência, um terceiro pesquisador era consultado para consenso final. O coeficiente de Kappa foi 0,768, que representa uma concordância substancial.

4.2 MÉTODO DO SEGUNDO ARTIGO: Multimorbidade e fatores associados em trabalhadores brasileiros

4.2.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA

Trata-se de um estudo transversal, utilizando dados secundários resultantes da mais recente Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Brasil, com representatividade da população adulta brasileira (≥18 anos de idade), desenvolvida com parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) junto ao Ministério da Saúde, no ano de 2013. A pesquisa, de âmbito nacional, foi realizada a fim de conhecer e caracterizar o perfil da população brasileira, a partir da situação de saúde, estilo de vida, vigilância de doenças crônicas, fatores de risco, acesso e o uso dos serviços de saúde, através de inquérito de base domiciliar (SOUZA-JÚNIOR, FREITAS, ANTONACI, SZWARCWALD, 2013).

4.2.2 PLANO AMOSTRAL

4.2.2.1 População, Amostra e Local de estudo

A população-alvo da PNS é caracterizada pelas pessoas (≥18 anos de idade) que residem em domicílios particulares do território nacional, sendo excluídas as áreas sob condições especiais e com reduzida população, tais como, as aldeias indígenas, quartéis, bases militares, alojamentos, acampamentos, embarcações, penitenciárias, colônias penais, presídios, cadeias asilos, orfanatos, conventos e hospitais, assim como, os setores censitários localizados em terras indígenas (BRASIL, 2015).

A pesquisa foi estratificada em três estágios de conglomeração, dos quais foram formados os setores censitários, como unidades primárias de amostragem (UPAs) ou unidades de coleta; os setores domiciliares, como unidades secundárias; e, os setores terciários, como unidades dos moradores adultos (≥18 anos de idade). Em

(28)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

28 todas as etapas, a seleção das subamostras foi realizada por amostragem aleatória

simples (AAS) (SOUZA-JÚNIOR, FREITAS, ANTONACI, SZWARCWALD, 2013). Para o tamanho da amostra foi utilizado como base amostral a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008 (PNAD 2008) e o Censo Demográfico 2010, que definiu um tamanho amostral de 1.800 domicílios por Unidade Federativa (UF), “”Federação” constitui uma forma de organização territorial do poder, de articulação do poder central com os poderes regional e local” (AFFONSO, 1994), estimando-se um total de 81.357 domicílios e neste montante selecionando um indivíduo por domicílio. Ao final, foram selecionados n= 64.308 indivíduos (≥18 anos de idade), dos quais 1.717 se recusaram, 2.389 não foram encontrados, restando n= 60.202 observações, compreendendo uma taxa de resposta de 86% (SOUZA-JÚNIOR, FREITAS, ANTONACI, SZWARCWALD, 2013). Destes, somete os que estavam trabalhando (n = 47.629) participaram do estudo. Além disso, trata-se de uma amostra complexa difícil de estratificar por categoria.

O questionário compreende um universo de 743 questões no total, dividido em módulos, os quais contemplam características do domicílio de todos os moradores e do morador adulto selecionado (BRASIL, 2015).

Os entrevistadores foram calibrados para a realização da entrevista e para o uso de computadores de mão, onde foram inseridos os dados coletados (BRASIL, 2015).

Nosso estudo foi realizado a partir da análise de questões do “Módulo Q- Doenças crônicas” para a elaboração da variável “Multimorbidade”.

4.2.2.2 Variável dependente

A variável dependente foi a multimorbidade, caracterizada pela presença de duas ou mais doenças crônicas não transmissíveis em um mesmo indivíduo (BATISTA, 2014), mensuradas na PNS. Os entrevistados que responderam ao inquérito foram questionados se já havia recebido o diagnóstico de alguma doença crônica incluída no estudo, descritas a seguir: hipertensão; diabetes; colesterol alto; doença do coração como infarto, angina, insuficiência cardíaca ou outra; AVC (acidente vascular cerebral) ou derrame; doença pulmonar, asma (ou bronquite asmática); artrite ou reumatismo; problema crônico de coluna, como dor crônica nas

(29)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

29 costas ou no pescoço, LER (Lesão por Esforço Repetitivo) / DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho), lombalgia, dor ciática, problemas nas vértebras ou disco; doença mental como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar, psicose ou TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo); insuficiência renal crônica; e, cânceres.

4.2.2.3 Variável independente

Foram analisados os itens relacionados às características socioeconômicas, de estilo de vida e, especialmente do trabalho, incluindo algumas variáveis criadas a partir da combinação das variáveis presentes no questionário da PNS:

Tabela 1 – Questões da PNS 2013 incluídas na variável independente do estudo.

INDICADOR VARIÁVEIS

INDEPENDENTES CATEGORIAS TIPO

SOCI O E C O N Ô MI C O Sexo Masculino

Feminino Qualitativa nominal

Faixa Etária

Foi considerada a idade em anos, em faixas etárias, agrupadas em: - de 18 – 24 anos; - de 25 – 39 anos; - de 40 – 59 anos; - 60 anos ou mais. Qualitativa ordinal Nível de educação (anos de estudo)

Foi considerado o nível de escolaridade, para que fosse classificado segundo grau de instrução, tendo sido categorizada nos seguintes estratos (BARRETTO, MITRULIS, 2001):

-Iletrado (Analfabetismo);

- Primário (Ensino Fundamental completo e Ensino Médio incompleto); - Secundário (Ensino Médio completo e Ensino Superior incompleto);

- Superior (Ensino superior completo).

(30)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

30 Situação conjugal

Foi considerada se a pessoa convive com algum(a) companheiro(a), para que fosse classificado segundo estado civil, tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Não; - Sim.

Qualitativa nominal

Local de moradia

Foi considerado o local de moradia da pessoa, para que fosse classificada segundo localização geográfica, assim, tendo sido categorizada nos seguintes estratos: - Urbana; - Rural. Qualitativa nominal E ST ILO DE V IDA Plano de saúde

Foi considerado se a pessoa tinha algum plano de saúde, não categorizando por tipo de profissão, mas tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Não; - Sim.

Qualitativa nominal

Consumo de Tabaco

Foi considerada a condição tabagista em que a pessoa se encontrava, tendo sido categorizada nos seguintes estratos: - Não fumante; - Ex-fumante; - Fumante. Qualitativa nominal Consumo de bebida alcoólica

Foi considerada a condição de consumo de bebida alcóolica da pessoa, tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Não ingere bebida alcóolica; - Ingere bebida alcóolica moderadamente;

- Ingere bebida alcóolica excessivamente.

Qualitativa nominal

TRAB ALH

O Tipo de ambiente de trabalho Foi considerada a condição

laboral em que a pessoa se

(31)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

31 encontrava, não categorizando

por tipo de profissão, mas tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Fechado; - Aberto; - Ambos.

Acidente de trabalho

Foi considerada se a pessoa já se envolver em algum acidente de trabalho nos últimos 12 meses, não categorizando por tipo de profissão, mas tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Não; - Sim.

Qualitativa nominal

Sequela por acidente de trabalho

Foi considerada se a pessoa apresenta alguma sequela por acidente, não categorizando por tipo de profissão, mas tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Não; - Sim.

Qualitativa nominal

Trabalho noturno

Foi considerado se a pessoa trabalha no turno noturno, não categorizando por tipo de profissão, mas tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Não; - Sim.

Qualitativa nominal

Trabalho de plantão

Foi considerado se a pessoa trabalha em sistema de plantão, não categorizando por tipo de profissão, mas tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Não; - Sim.

Qualitativa nominal

Horas de trabalho

Única variável quantitativa do estudo para estratificar as

(32)

-Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

32

Fonte: Elaborado pela autora.

4.2.2.4 ANÁLISE DOS DADOS

Para análise estatística foi utilizada a análise da prevalência de multimorbidade às características socioeconômicas, de estilo de vida e do trabalho da população estudada. Posteriormente, realizou-se a análise bivariada para obtenção das Razões de Prevalência (RP) com respectivos Intervalos de Confiança, a um nível de confiança de 95% (IC 95%). A análise multivariada foi realizada através da Regressão de Poisson com variância robusta. Para análise estatística foi utilizado o programa STATA, versão 14.

4.2.2.5 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto da PNS foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) no dia 8 de julho de 2013, sob o no 10853812.7.0000.0008. O presente estudo utiliza dados secundários da PNS disponíveis em sites oficiais do Ministério da Saúde (MS) do Brasil, sendo dispensado de apreciação em comitê de ética em pesquisa, em conformidade com a Resolução 466∕2012 do Conselho Nacional de Saúde.

(33)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

33 4.3 MÉTODO DO TERCEIRO ARTIGO: Acidente de Trabalho e fatores

associados em trabalhadores brasileiros 4.3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA

Trata-se de um estudo transversal, utilizando dados secundários resultantes da mais recente Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Brasil, com representatividade da população adulta brasileira (≥18 anos de idade), desenvolvida com parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) junto ao Ministério da Saúde, no ano de 2013. A pesquisa, de âmbito nacional, foi realizada a fim de conhecer e caracterizar o perfil da população brasileira, a partir da situação de saúde, estilo de vida, vigilância de doenças crônicas, fatores de risco, acesso e o uso dos serviços de saúde, através de inquérito de base domiciliar (SOUZA-JÚNIOR, FREITAS, ANTONACI, SZWARCWALD, 2013).

4.3.2

PLANO AMOSTRAL

4.3.2.1 População, Amostra e Local de estudo

A população-alvo da PNS é caracterizada pelas pessoas (≥18 anos de idade) que residem em domicílios particulares do território nacional, sendo excluídas as áreas sob condições especiais e com reduzida população, tais como, as aldeias indígenas, quartéis, bases militares, alojamentos, acampamentos, embarcações, penitenciárias, colônias penais, presídios, cadeias asilos, orfanatos, conventos e hospitais, assim como, os setores censitários localizados em terras indígenas (BRASIL, 2015).

A pesquisa foi estratificada em três estágios de conglomeração, dos quais foram formados os setores censitários, como unidades primárias de amostragem (UPAs) ou unidades de coleta; os setores domiciliares, como unidades secundárias; e, os setores terciários, como unidades dos moradores adultos (≥18 anos de idade). Em todas as etapas, a seleção das subamostras foi realizada por amostragem aleatória simples (AAS) (SOUZA-JÚNIOR, FREITAS, ANTONACI, SZWARCWALD, 2013). Para o tamanho da amostra foi utilizado como base amostral a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008 (PNAD 2008) e o Censo Demográfico

(34)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

34 2010, que definiu um tamanho amostral de 1.800 domicílios por Unidade Federativa

(UF), “”Federação” constitui uma forma de organização territorial do poder, de articulação do poder central com os poderes regional e local” (AFFONSO, 1994), estimando-se um total de 81.357 domicílios e neste montante selecionando um indivíduo por domicílio. Ao final, foram selecionados n= 64.308 indivíduos (≥18 anos de idade), dos quais 1.717 se recusaram, 2.389 não foram encontrados, restando n= 60.202 observações, compreendendo uma taxa de resposta de 86% (SOUZA-JÚNIOR, FREITAS, ANTONACI, SZWARCWALD, 2013). Destes, somete os que estavam trabalhando (n = 47.629) participaram do estudo. Além disso, trata-se de uma amostra complexa difícil de estratificar por categoria.

O questionário compreende um universo de 743 questões no total, dividido em módulos, os quais contemplam características do domicílio de todos os moradores e do morador adulto selecionado (BRASIL, 2015).

Os entrevistadores foram calibrados para a realização da entrevista e para o uso de computadores de mão, onde foram inseridos os dados coletados (BRASIL, 2015).

Nosso estudo foi realizado a partir da análise de questões do “Módulo O- Acidentes e Violências” para a elaboração da variável “acidente de trabalho”.

4.3.2.2 Variável dependente

A variável dependente foi o acidente de trabalho, de acordo com o art. 19 da Lei nº 8.213/91:

O acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados [...] provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Os entrevistados foram questionados se já havia se envolvido em algum acidente de trabalho (sem considerar os acidentes de trânsito) nos últimos 12 meses.

4.3.2.3 Variável independente

Foram analisados os itens relacionados às características socioeconômicas, de estilo de vida e de saúde, incluindo algumas variáveis criadas a partir da combinação das variáveis presentes no questionário da PNS:

(35)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

35 Tabela 2 – Questões da PNS 2013 incluídas na variável independente do estudo.

INDICADOR VARIÁVEIS

INDEPENDENTES CATEGORIAS TIPO

SOCI O E C O N Ô MI C O Sexo Masculino

Feminino Qualitativa nominal

Faixa Etária

Foi considerada a idade em anos, em faixas etárias, agrupadas em: - de 18 – 24 anos; - de 25 – 39 anos; - de 40 – 59 anos; - 60 anos ou mais. Qualitativa ordinal Nível de educação (anos de estudo)

Foi considerado o nível de escolaridade, para que fosse classificado segundo grau de instrução, tendo sido categorizada nos seguintes estratos (BARRETTO, MITRULIS, 2001):

-Iletrado (Analfabetismo);

- Primário (Ensino Fundamental completo e Ensino Médio incompleto); - Secundário (Ensino Médio completo e Ensino Superior incompleto);

- Superior (Ensino superior completo).

Qualitativa ordinal

Situação conjugal

Foi considerada se a pessoa convive com algum(a) companheiro(a), para que fosse classificado segundo estado civil, tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Não; - Sim.

(36)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

36 Local de moradia

Foi considerado o local de moradia da pessoa, para que fosse classificada segundo localização geográfica, assim, tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Urbana; - Rural.

Qualitativa nominal

Critério Brasil

Foi considerado o parâmetro do Critério de Classificação Econômica Brasil, que “estima o poder de compra das pessoas e famílias urbanas, excluindo a classificação da população em termos de “classes sociais”” (BRASIL, 2008), sendo categorizada nos seguintes estratos: - A e B; - C; - D e E. Qualitativa nominal E ST ILO DE V IDA Plano de saúde

Foi considerado se a pessoa tinha algum plano de saúde, não categorizando por tipo de profissão, mas tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

- Não; - Sim.

Qualitativa nominal

Consumo de Tabaco

Foi considerada a condição tabagista em que a pessoa se encontrava, tendo sido categorizada nos seguintes estratos: - Não fumante; - Ex-fumante; - Fumante. Qualitativa nominal Consumo de bebida alcoólica

Foi considerada a condição de consumo de bebida alcóolica da pessoa, tendo sido categorizada nos seguintes estratos:

(37)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

37 Fonte: Elaborado pela autora

4.3.2.4 ANÁLISE DOS DADOS

Para análise estatística foi utilizada a análise da prevalência de envolvimento em algum acidente de trabalho às características socioeconômicas e condições de saúde da população estudada. Posteriormente, realizou-se a análise bivariada para obtenção das Razões de Prevalência (RP) com respectivos Intervalos de Confiança, a um nível de confiança de 95% (IC 95%). A análise multivariada foi realizada através da Regressão de Poisson com variância robusta. Para análise estatística foi utilizado o programa STATA, versão 14.

4.3.2.5 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto da PNS foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) no dia 8 de julho de 2013, sob o no 10853812.7.0000.0008. O presente estudo utiliza dados secundários da PNS disponíveis em sites oficiais do Ministério da Saúde (MS) do Brasil, sendo dispensado de apreciação em comitê de ética em pesquisa, em conformidade com a Resolução 466∕2012 do Conselho Nacional de Saúde.

- Não ingere bebida alcóolica; - Ingere bebida alcóolica moderadamente;

- Ingere bebida alcóolica excessivamente. SA Ú D E Multimorbidade

Caracterizada pela presença de duas ou mais doenças crônicas não transmissíveis em um mesmo indivíduo (BATISTA, 2014). Os entrevistados foram questionados se já havia recebido diagnóstico de alguma doença crônica incluída no estudo.

Qualitativa nominal

Horas de trabalho

Única variável quantitativa do estudo para estratificar as horas prevalentes de trabalho.

(38)

-Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

38

5 RESULTADOS

5.1 RESULTADOS DO PRIMEIRO ARTIGO: Fatores relacionados à multimorbidade na saúde do trabalhador: uma revisão sistemática

5.1.1 SELEÇÃO DOS ARTIGOS

A busca inicial nas bases resgatou 7.522 artigos (Figura 1), divididos nas seguintes bases de dados: 4.052 na SCOPUS, 2.155 artigos na Pubmed, 1.139 na Web

of Science, 170 na Cochrane e 6 na LILACS. Apesar da realização de diversas

tentativas de busca, utilizando os descritores e palavras chaves associadas aos operadores boleanos, não foram encontrados artigos nas bases SciELO e PAHO.

Foram identificados 7.522 artigos em bases de dados; na primeira etapa da pesquisa foi realizada a leitura do título e resumo, sendo selecionados 206 artigos relevantes para estudo, destes, foram excluídos 142 registros duplicados; na segunda etapa, foram incluídos 64 artigos para leitura integral, destes, 13 estudos foram excluídos por não apresentar critérios relevantes; na terceira etapa, foram incluídos 51 artigos para análise qualitativa, destes, 31 estudos foram excluídos por não se caracterizar como seccional; finalmente, após análise da qualidade dos estudos, foram incluídos na revisão 20 artigos.

A meta para a inclusão dos artigos nessa revisão foi o cumprimento 80% dos critérios, ou seja, pontuação total mínima de 18 pontos e máxima de 22 pontos, dos critérios que constam no STROBE. Assim, depois de realizados os cálculos pertinentes (Tabela 3), 20 artigos foram selecionados para compor essa revisão.

(39)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

39 Figura 1 fluxograma de seleção dos artigos da revisão sistemática, a Tabela 3

contém os resultados da avaliação da qualidade a partir do STROBE e a Tabela 4 com a extração dos dados dos 20 artigos selecionados para a revisão sistemática.

5.1.2 ASSOCIAÇÃO ENTRE MULTIMORBIDADE E TRABALHO

Dos 20 estudos incluídos nesta revisão, onze estudos (CARVALHO, RONCALLI, CANCELA, SOUZA, 2017; VANDENBERG, BURDORF, ROBROEK, 2017; SCHOFIELD, CALLANDER, SHRESTHA, PASSEY et al, 2012; WANG, PALMER, OTAHAL, SANDERSON, 2017; SCHOFIELD, CALLANDER, SHRESTHA, PASSEY et al, 2013; LOEPPKE, TAITEL, HAUFLE, PARRY et al, 2009; PARKER, WILSON, VANDENBERG, DEJOY et al., 2009; FOUAD, WAHEED, GAMAL, AMER et al., 2017; EGEDE, 2007; WARD, 2015; POLLACK,

(40)

Prevalência de multimorbidade e fatores associados na população trabalhadora brasileira

40 SEAL, JOISH, CZIRAKY, 2009) avaliaram a associação de duas ou mais condições

crônicas como uma barreira à força de trabalho e nove estudos (VAN DEN BERG, BURDORF, ROBROEK, 2017; WANG, PALMER, OTAHAL, SANDERSON, 2017; SCHOFIELD, CALLANDER, SHRESTHA, PASSEY et al, 2013; LOEPPKE, TAITEL, HAUFLE, PARRY et al, 2009; PARKER, WILSON, VANDENBERG, DEJOY et al., 2009; FOUAD, WAHEED, GAMAL, AMER et al., 2017; BIELECKY, CHEN, IBRAHIM, BEATON et al., 2015; IVERSON, LEWIS, CAPUTI, KNOSPE, 2010; KESSLER, GREENBERG, MICKELSON, MENEADES et al., 2001) não descrevem a relação entre a presença e o número de comorbidades com o status de empregabilidade (Tabela 4). No geral, onze estudos relataram uma associação estatisticamente significativa entre a multimorbidade e as questões relacionadas ao trabalho (CARVALHO, RONCALLI, CANCELA, SOUZA, 2017; VANDENBERG, BURDORF, ROBROEK, 2017; SCHOFIELD, CALLANDER, SHRESTHA, PASSEY et al, 2012; WANG, PALMER, OTAHAL, SANDERSON, 2017; SCHOFIELD, CALLANDER, SHRESTHA, PASSEY et al, 2013; LOEPPKE, TAITEL, HAUFLE, PARRY et al, 2009; PARKER, WILSON, VANDENBERG, DEJOY et al., 2009; FOUAD, WAHEED, GAMAL, AMER et al., 2017; EGEDE, 2007; WARD, 2015; POLLACK, SEAL, JOISH, CZIRAKY, 2009). Os demais estudos (NAKAYA, NAKAMURA, TSUCHIVA, TSUJI et al., 2016; ZEE-NEUEN, PUTRIK, RAMIRO, KESZEI et al., 2017; COVIC, JACKSON, HADFIELD, PIKE et al., 2017; BUIST-BOUWMAN, de GRAAF, VOLLEBERGH, ORMEL, 2005; SMITH, CHEN, MUSTARD, BIELECKY, 2014) incluídos na revisão não encontraram uma associação significativa entre a multimorbidade e o trabalho (Tabela 4).

5.1.3 FORÇA DE TRABALHO

Dos onze estudos que avaliaram a relação entre multimorbidade e a força de trabalho, dois obtiveram os maiores pontos de corte para inclusão nesta revisão (WANG, PALMER, OTAHAL, COCKER et al., 2017; SCHOFIELD, CALLANDER, SHRESTHA, PASSEY et al., 2013) (Tabela 1). Wang e colaboradores (2017), através de um estudo realizado na Tasmânia, com n=3.228 funcionários do governo, os quais participaram do Programa Trabalho Saudável (PHW), uma proposta de melhoraria da

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