DEPARTAMENTO
DE
SERVIÇO SOCIAL
ACASA
DA
LIBERDADE;
ESPAÇO CIDADÃQ
Aprovado Pelo DSS Em.Q.3_/QL-\.1.fí23«
fizani
°
css/ussø .
7›z¢¿aM‹› de Úaâøáaãa de
áøua
a/neéeatado ao Døfiwzzâømøâ de SøwáçøSaad
«(4 íúzzvzzâzzzadz7e‹¿zz«¿de5¢‹z:‹z6¢:¢zà‹‹z¡é‹z×z‹z¢z¢(z':¢»z;¿¢«/¢ú2‹‹¿¢ dez-?â4‹aze‹‹:e5ó¢‹u¿¢¢¢z«z:¢d¢,úz¿¢?w¡{m¢z¢'fl«¢zZ‹z¢ 7/zzómdeáúéôw.
MARISTELA ANTONIA DOS SANTOS
Florianópolis
(SC)
-junho de 1997.Digem
que
sou
adolescente
Adolescente
seique
sou
Mas um
dia
tereisaudade
Do
adolescente
que
passou;
O
adolescente
trazem
sua
memória
A
sua
históriaCheia
de
mágoa
ede
dor
Triste
vida
Tão
sofrida ENum
país
que
faltao
amor;
O
adolescente é
o
futuro
jovem
Em
busca
de seu
caminho
Por
issoprecisamos
tratá-loCom
muito
carinho;
Cuidar
dos
adolescentes
Não
é
coloca-losem
prisão
Eles precisão
de
afeto ededicação;
Já
sofrimuito
na
rua
Neste
país
que
viveno
.
Mundo
da
lua
*
Não
quero
mais
sofrerNeste
Mundo
que
não
_Me
deixa
aprender
Devemos
teresperança
De
encontrar
a
solução
_Com
tantosproblemas
hoje
4Em
dia,envolvendo
çNossa
Nação.
-
Aos meus
pais, Seriaco e Antônia,que
estiveramsempre
me
apoiando.-
Às
minhas
irmãs Terezinha, Mariléia, Margarete, Simone; aomeu
innão J aisone a
minha
sobrinha Isabela, torcedores incansáveis pormeu
sucesso.-
Ao
José Irineu, pelo incentivo constante estandosempre
aomeu
lado.-
Aos meus
cunhados Edson, Flávio e Martin, pela força.-_
À
Assistente Social Silvanira, pela dedicaçãocom
que
me
acompanhou
durante o estágio e pela
amizade
que
ficou. ~, ,
-
À
Professora Jucília, pela participação nestemomento
final e tão importante.-
Às
inesquecíveis amigas e companheiras denuma,
Alexsandra,Anne,
Viviane,Denise, Elis
Regina
e Rute.-
À
amiga
de tantos anos, Rosilene.-
Aos
fimcionáriosda
Casa da
Liberdade:Espaço
Cidadão,em
espacial aquelescom
quem
os laços deamizade
ficou
mais forte: Lindomar, Márcia, Paula,Maurício, Marisa, Idésia, Dionisia e (_}_i_s_e_Le.,
-
Aos
adolescentesda
Casa da
Liberdade:Espaço Cidadão
pelaamizade
econfiança.
-
A
todos aqueles que deur/2
fonna ou
de outra estiveram presentes nestacaminhada. ›
INTRODUÇÃO
... ..oóCAPÍTULO
ICASA
DA
LIBERDADE;
ESPAÇO CIDADÃO
1.1 - Contextualização histórica ...
.._....08
1.2 -
Um
novo
espaço para aCasa da
Liberdade:Espaço
Cidadão...Ç.Ç ... ..21
CAPITULO
IIPERFIL
DO
ADOLESCENTE
`2.1 -
Quem
é o adolescente?... ..29
2.2 -
O
adolescente daCasa da
Liberdade:Espaço Cidadão
é igual a todoadolescente? ... ..
34
CAPITULO
IIIA
CIDADANIA
EM
CONSTRUÇÃO
3.1 -
Os
primeiros sinais de cidadania... ..47
3.2 -
Em
buscada
cidadaniaREFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO
I _RELATÓRIOS
... ..“Como
as cores,que
não
podem
serpensados
sem
extensão, cidadania só seconfigura
quando
encarnada
em
um
indivíduo, o cidadão.
É
eleque
realizasua
existência, enquanto ela lhe confere
uma
identidade
”(FERREIRA,
1993: 19).O
presente Trabalho deConclusão
de Curso, é resultado de nossa experiência de estágiona “Casa da
Liberdade:Espaço Cidadão” no Programa
deatendimento à crianças e adolescentes,
da
Secretaria Municipalde
Saúde
eDesenvolvimento
Socialda
Prefeitura Mtmicipal de Florianópolis.X
,
Procuraremos resgatar,
o
que
vivenciamosem
nossa práticade
estágioabordando no
primeiro capítulo,“Casa da
Liberdade:Wo
Çidafifl”,
suatrajetória tendo
em
vista a necessidade deconhecermos/os
cwamiiilvíos trilhadosdesde sua criação, as dificuldade e os avanços pelos quais
passou
e aimportância que passou a ter para os adolescentese crianças
que
atende através <1¢`1Hnf5a.,b,a1l1°z,S.ó¢i0,P,¢<1agógís=°›na
pefisvwtívfls ëâ5¢_S2êtêr,ê,9,ídêd. aaa.No
segtmdo capítulomostramos
o “Perfildo
Adolescente” atendidona Casa da
Liberdade,buscando
conceituar o quevem
a ser adolescente,bem
semelhanças e diferenças entre os adolescentes de baixa renda e os 'adolescentes de classe média, nas suas dificuldades e expectativas de vida futura.
z
//No terceiro capítulo
enfocamos
a “Cidadaniaem
Constmção”,
elucidando rapidamente sobre os
momentos
históricosque provocaram
avançosna
cidadaniada
nossa sociedade efinalmente
analisamos as formascomo
o
Serviço Social
na
Casada
Liberdade. atuouna
perspectiva deconstmção da
cidadania desses adolescentes, para
que
possam
lutar por seus direitos,na busca
~
de
melhores condiçoes de vida?". 9 r : . \ .z.- `¬~
CASA
DA
LIBERDADE;
ESPAÇO CIDADÃO
1.1 - Contextualização histórica.
Nas
últimas décadas,houveram profimdas
transformaçõesdemográficas, econômicas
e sociaisque
repercutiram nas diferentes esferasda
vida familiar e
na
sociedade brasileira.A
transiçãodemográfica
que
teve início nos anos 40,com uma
queda
rápida
da
mortalidade infantil, seguida a partir dos anos60
pelo declínioidafecundidade
que
atingiu progressivamente todas ascamadas
sociais, afetouintensamente a
composição
eo
tamanho
das famílias.Por
outro lado,o
acelerado procg§S9_,_;1c.. turbanização e o crescimento econômico,
trouxeram
consigo a
mudança
dos valoresda
família brasileira.., Entre 1960 e 1985 a população urbana brasileira teve
um
aumento de
,"""'°“““*-“
35%,
provocando
um
sério iinpactonaqualidade
de)/ida dos habitantes ecomo
conseqüência o aparggiggcpto ,sli.nonu1aç,ão.ii1£anto_gui/.eriflsnasimawsgrandes cidades. Crianças, eiadolescentgsradvmdos primordialmente de famílias
que na
busca de sobrevivência,passaram
a criar estratégias-*iniciadas muitas_
-y
fundamentais básicos
da
existênciahumana
taiscomo:
habitação, saúde, educação, lazer e traballio.Tais situações,
configuravam
o
dramático quadro de pobreza, derdesrespeito aos direitos sociais, resultado, ei/míarte,
da
má
distribuição de renda eda
ineficiência das políticas sociais.Com
o
¿š‹\e«u“apareci1nento nas ruas, a criança e o adolescente,que
até entãonão
apresentavamuma
identidade grupal significativa,passaram
a ser vistacom
mais importância. ,`A
questãoganha
status nacional eem
1964 criou-se aFundação
Nacional
do
Bem
Estardo
Menor
-FUNABEM
(Decreto n.°.4315
de01/12/64) e a
Fundação Estadualdo
Bem
Estardo
Menor
-FEBEMS,
sob ainspiração
da
Lei de Segurança Nacional.A
preocupação do
Estadonão
era acondição de pobreza
em
que
se
gencontríavaw o_ “fm_enor,” ,,o11_as__c.ondi.ç.0ÍeiS,__d.Ç,..\ 'W
Qtrabalho prematuro
que levavam
ao çdesequilíbrfiog biopsicossocial,mas
a grandepreocupação
foique
essesegmento
fragilizadopassou
a transg:redi_1°z_,as_nom_1associais estabelecidas
com
único propósito de sobreviver. Assim, ainstitucionalização
do
“menor”, surgiu maiscomo
medida
de proteção àsociedade
do que
de proteção à população infanto-juvenil das ruas»-7'
`
Em
1979 foi criado ouÇódigo
deMenores
( Lei
6697/79
),que passou
a dar respaldo às práticas repressivas aos “menores”.
Em
.Santa Catarina foi criada, atravésdo
'Decreto n.°664
de 30/07/75,a
Fundação
Catarinensedo
Bem
Estardo
Menor
-FUCABEM.
Dessa forma
concretizou-se a nível Estadual, a proposta
da
FUNABEM,
ou
seja, deque
todaunidade
da
Federação tivesseum
organismo
para atuar ie resgatar aresponsabilidade
do
Estado junto às crianças e adolescentes marginalizadosnos
municípios, «colocando
em
prática as diretrizesda
Política Nacionaldo Bem»
.Estar
do Menor,
sendo aFUCABEM
responsável pelaimplementação
reexecução
dessas diretrizes.A
FUCABEM
nesse período, encontrou r1_aAção
Social;A_rq_uidioce_s,ana,,
;_ASA
-_uma
aliada que se colocou a disposição para apoiaro
trabalho, pois já vinha desenvolvendoum
r ~ r ~'
`›o.
trabalho comurntarr
E
foi nesse contexto.que
surgiu o\,_S,ub;”Êøo;gr^%a.rn¿a_deg_Ez_f§,t_ei1dnnento› aMeninos
deRua
da_IÍL`§íeiu1ra«d,e,z,Florianópolis,dando
-origem mais tarde, àCasa
da
Liberdade:Espaço
Cidadão. VV -
No
inicio dos anos 70, o
número
de“menores” que
fluíam
parao
centro
da
cidade era enorme.Nesse
espaçopassavam
a exercer as mais variadas atividades lucrativas:vendendo
, _ jornais . 7esmolando
_ 2 lavando .__ eguardando
, carros --entre outras atividades.
Essa
situação fez surgiruma
maior
preocupação das autoridades municipais resultandona
constituição deum
grupode
trabalho,integrado por representantes de vários órgãos e entidades, cujos objetivos era a
busca
de alternativasque
fizessem
frente ao problema.Foi criado o “Projeto
MenorgGuardador
de_Ça1ros°”,com
a finalidade principal de atender e organizar osmeninos
emeninas que
seencontravam
nessemeio
de atividade. `O
Projeto foiimplementado na
áreado
Aterroda
'Baía Sul,considerado o lugar
com
maior
fluxo
demeninos
e meninas, sob acoordenação
da
antiga Secretaria de Educação,Saúde
e Assistência Socialda
Prefeitura Municipal de Florianópolis -SESAS.
A
Alguns
meses
após sua criaçãoo
Projeto foi extinto, devido à_
l.
ocupação do
espaço fisicocom
execução de obras de urbanização, agravando oproblema
de aglomeração demeninos
emeninas
nas ruasda
cidade.Uma
pesquisa realizada peloSESAS,
em
1975, deixou claroque
amaior necessidade.
dos
meninos
que viviamperambulando
nas ruas era a de,gš_1zf_š1_H_Íí.ÍI_r_cI1.<1'm1_,ento_p21tâ, ›':Í1j11_d_ar
na
manutenção
das suas famílias.~
Com
a constataçao desse fato foi criadoo Programa do
Bem
Estardo
Menor
-PROBEM
- que tinhacomo
proposta a execução de projeto de~
organizaçao de atividades laborais para esses
meninos
e meninas: guardadoresde carros, mensageiros, jomaleiros, engraxates, vendedores ambulantes -(picolé
Os
recursos para a execuçãodo Programa foram
garantidos através deum
Convênio
assinadoem
01de
agosto de 1975 entre a Prefeitura Municipalde
Florianópolis,
Governo do
Estado de Santa Catarina (antiga Secretariado
Trabalho e
Promoção
Social) eFUCABEM.
Outra fonte de recursos foigarantida
com
o
sancionarnentoda
Lei Municipal n°1373, que pennitiu à Prefeitura Municipal de Florianópolis a exploração das áreas de estacionamentode veículos_ cuja arrecadação se destinaria à
manutenção
dosprogramas
assistenciais da
SESAS.
H
Entre 1975 e 1987, muitos dos Projetos
do
PROBEM
foram
-extintos:Guardador
de Carros, Mensageiros, Jomaleiros, Engraxates,Vendedores
Ambulantes
(picolé e sorvete),bem
como
algrms Centros deBem
'Estardo
Menor,
entre eleso
CEBEM
Urbano.-V
Os
anos 80foram
marcados
pela ausência de políticas agrárias,o
que
desencadeou
um
processo migratóriodo
campo
para cidade,formando
oschamados
bolsões de pobreza nos grandes centros, inclusivena
periferiaFlorianopolitana, levando a
um
maior
aparecimentode
crianças e adolescentesperambulando
pelas ruas centraisda
cidade,em
especialna
áreada
CatedralMetropolitana, fato que levou o
Pároco
Pedro Keller,em
1983, a entrarem
contatocom
a Prefeitura Municipal de Florianópolis paraque fossem tomadas
providências, objetivando a criação de
programas
de atendimentoque
privilegiassem esse
segmento da
sociedade, cadavez
mais numeroso.Nessa
ocasião foi realizadoum
encontro para discussãoda
problemática, entre a Secretaria
do
SESAS
- Prefeitura Municipal V-deFlorianópolis,
o
Juizado deMenores,
a Delegacia deMenores
ea
FUCABEM,
ficando
sob a responsabilidade desta ultima a elaboração deum
projeto deatuação.
O
primeiro passo desse grupo, foi a realização deuma
pesquisa para conhecero
perfil da criança edo
adolescente que seencontravam na
rua.A
pesquisa realizadana
época, resultou que as crianças e adolescentes tinham entre 10 e 14 anos, sendoque
a maioriaeram meninos (86,86%)
entre 12 e 14 anos,13,15%
eram meninas na
faixa etária de08
e 11 anos de idade. Destes,76,43%
afirmavam
estarna
escola,mas
este fato,segundo
os autoresda
pesquisa,não
condiziacom
a realidade observada nas ruas. -Os
analfabetoseram
em
.tomo de12,79%
e83,89%
conviviamcom
a famílial.O
resultado da Pesquisa apresentado ao grupo de entidades,mostrou
anecessidade emergente
da
elaboraçãoe aprovaçãodo
Projeto deimplementação
do
Programa
de Atendimento aoMenino
de Rua.1
_
Em
maio de
1984, fonnou-seum
Conselho
Deliberativo,com
osrepresentantes das Entidades e Instituições envolvidas, constituindo-se assim, a primeira equipe de trabalho. Esta equipe de trabalho foi .distribuída
estrategicamente
no
Centro de Florianópolis,com
o
objetivo de formar laços afetivos e efetivos para conhecermelhor
os problemasdo
cotidiano dosmemnos.
.O
grupo de Entidades Ve Instituições envolvidas,montaram
em
novembro
de 1984,uma
barracano
Aterroda
Baía Sulque
passou a garantir alimentação aosmeninos
e meninas»que estavam na
rua, pois ia faltade
alimentação era
uma
questãoque
se agravava a cada dia.Em
dezembro
de 1984, foi realizadauma
reunião de avaliaçãodo
Trabalho pelo
Conselho
Deliberativo.\
o
afzstzinenwdo
Prefeito de Fioúanópoiis, sr. ciaúziio Ávilada
sirvadevido a sua -candidatura para
Deputado
Federal,sendo
substituídointerinamente pelo Presidente
da
Câmara
Municipal Sr. Aloísio Piazza,que
foisubstituído posteriormente pelo Sr.
Edson
Andrino
- Prefeito eleito pelopovo
na
volta
da
democracia após o período de ditadura militar,provocaram
mudanças
políticasque
ocasionararn o enfraquecimentodo Conselho
Deliberativo.As
representações das Instituições e
Órgãos
se afastaram,ficando
naexecução
direta a Prefeitura Municipal de Florianópolis e a
FUCABEM.
-
A
falta de segurança e de pessoal,
tomou
inviável a continuação dos trabalhosna
barracaem
1985, poishaviam somente
105 -(cinco) pessoas trabalhando das 14 (quatorze) iniciantes, sendo04
(quatro)da
FUCABEM
e 01(um) da
Prefeitura Municipal de Florianópolis, e a barraca havia setomado
ponto de encontro dos
meninos
emeninas
de rua.A
Os
trabalhosna
rua seprolongaram
por mais deum
ano, sendocada
vez
mais evidente, a necessidadede
uin espaço fisico parao
atendimento dosmeninos
e meninas.Na
época, foi cogitadoum
espaçono
Mercado
PúblicoMunicipal,
mas
não
foi possível sua ocupação.Em
setembro de 1985, aEquipe
de Trabalho conseguiuum
espaço no
1° andar
do
Prédiodo IPESC,
localizadona
esquina das ruas Trajanocom
aConselheiro Mafra.
Os
meninos
e aEquipe
fizeram
a
limpeza e organizaramo
material disponível,
dando
início aos trabalhosna
Sede,nome
dado
ao local eonde
eram
desenvolvidas:* Atividades básicas? refeições, rotina de higiene corporal e limpeza geral;
* Atividades operativas: teatro, esportes, estudo dirigido e ginástica (capoeira); * Atividades produtivas: coleta e
venda
de papelão, confecção de saches,S*
Outras atividades: assembléias geral semanal,
encaminhamento
aomercado
de
trabalho e a cursos profissionalizantes, atendimento individual e grupal e visitas
domiciliares. e
Com
o
fimcionamento da
Sede, os trabalhos de ruaforam
suspensos.Os
trabalhos nessaSede
dmmm~admentei
l)\4¡(quatro) meses, poiso
espaço foi solicitado pelo Presidente
do
IPESC,
para sediar aCoordenação do
Órgão. '
Outro espaço foi cedido
também
peloIPESC,
localizado nos fundosdo
Instituto Estadual deEducação
,à..R.ua¬Ios黫-A _- Farias, 29-Centro ‹-Florianópolis - SC.
Sendo
este espaçomenor
do
que to anteriorhouve
prejuízodo
atendimento levando a evasão dosmeninos
e meninas.Em
1986, apesar das dificuldadescom
o espaço fisico e adefasagem
de profissionais, outras atividades
passaram
a ser desenvolvidas,além
dasmencionadas
anteriormente: liinpeza de praias e lixeiras,onde
asmeninas
e osmeninos
recebiam saláriopago
pelaCOMCAP
no
valor de l(um) saláriomínimo
da
época.Contudo
foi constatadoque
o dinheiro era muitas vezes utilizado parana
compra
de
tóxicos e bebidas.Devido
a falta ___ _ de :__ condições, ______________ __z_-_z:..~_-». e a carência ‹.=,-7. de recursoshmnanos
7.. ,._› _-,-7 f ~ - -¬ ~ '›_--›.-_¬›‹‹.=...=z_.,_.,f
materiais e financeiros,
em
__,_ 1987 ':«~~f as atividades se ,reduzirarn -ff-ff Y' ~ "¬¬--.--if,--z.-_-z-z--..-_--¬-"¡ú as assembléias semanais, ali1nenI.iâlÇ.ãQ__e,_higienediária.Nesta época
a,EllCABEMz-já
havia transferido a execução diretado
\__,_______r______,
Programa
para a PrefeituraMumcipal
de Florianopolis, pois foi desativada peloGoverno do
Estado de Santa CatarinaTendo
em
vista a grave situaçãoem
que
se encontrava aSede
do
Programa
em
meados
de
1987, a Prefeitura de Florianópolis, alugouuma
casasituada
na
Av. Hercílio Luz, 3¿3 -- Centro - Florianópolis - SC,onde passou
a \_\funcionar o Projeto
de Atendimento
à Meninos- deRua
de Florianópolisdenominado
p,elo.s,menir-losE~da~f‹íC-asaa~da«Iziberdade°°.O
espaço utilizado era bastantepequeno
e atendia 'a cerca de34
crianças ze adolescentes de .ambos os sexos,
que
evadidosda
escola, de casaou
provenientes de famílias negligentes, viviam nas ruas
na
tentativa de garantir a sua sobrevivência.O
'Projeto contavacom
três funcionários da Prefeiturade
Florianópolis:
uma
Professora primária,um
Coordenador,uma
merendeira, trêsestagiárias de
Pedagogia
eum
funcionário à disposição cedido pelo Estado.O
Programa
desenvolvia as seguintes atividades:Saúde:
,*
Atendimento de enfermagem;
*
Encaminhamento médico
e odontológico;*
Campanha
de saúde esaneamento
básico.'*
Acompanhamento
pedagógico;*
Reforço
escolar, recreação e desporto;'*
Acompanhamento
eexames
biométricos.Trabalho: '
V
* Cooperativa de produção de:
banana
recheada,amendoim_
japonês e picolé;*
Encaminhamento
aomercado
de trabalho.O
Programa
era mantido através de convênio entre -CBIA,PROBEM
ePrefeitura Municipal de Florianópolis.
grande passo foi
dado
em
direção ao resgateda
cidadania
da
criança edo
adolescente: a inclusão dos artigos227
~e228
na
Constituição
da
República Federativado
Brasil,promulgada
-em 1988:dever
da
família,da
comunidade,em
geral e
do
Poder
Público assegurar,à
alimentação,
à
educação,ao
lazer,à
profissionalização,
à
cultura,à
dignidade,ao
respeito,à
liberdade ea
convivência familiar se comunitária,além de
colocá-losa
salvo de toda
forma
de
negligência,exploração, violência, crueldade, e
opressão ”(art.22 7). ~
“São
penalmente
inimputáveis osmenores
de l8
anos
sujeitos àsnormas
de legislaçãoespecial (art.228) .
Esses artigos trouxeram
em
seu bojouma
mudança
conceitual muito(‹`_›H" ?>> À Í 7 ir
__ 4”-""` 'V g '."'¬`”$'_ "'..,'iÓ')`_.'-_..'_'_:K'_›_r'_”"": *Q-L,
“menor”,.
Sendo
este termouma
categoria jurídica , refere-se tanto aodesenvolvimento
da
vida biológica quanto a vida cívica -(ser político).Ao
atingira maioridade, estes
meninos
emeninas
supostamente deveriam atingirtambém
a cidadania formal.iMesmo
indicandouma
categoria jurídica, 9_ ter1noic,o1_1;eço,¿t_1_ ,as_e_r_,usado_..para .designar_.os filhos
da
população de baixa renda, rgduzindo assimas outras _ç_l_i_mensões desses seres hu1nanos__apenas,_ao1jurídiçp,
Ao
completarem
a maioridade esses
meninos
emeninas
não
atin-giam a cidadania plenacomo
erade se esperar,
poisgigmatizados-pela
sua condição social,continuavam na
marginalidade.
.
Além
da
mudança
da
terminologia, a Constituição de 1988 os declarousujeito de direitos.
.
A
partir desta concepção, surge a necessidade deuma
transformaçãototal nas leis, das instituições e
na
propostapedagógica
e metodológica dosprogramas
de atenção a crianças e adolescentes. »A
dentro desse
paradigma que
foi elaborado o Estatutoda
Criança edo
Adolescente, Lei 8069/90', que entrouem
vigorno
dia 14 de outubro de l_990,extinguindo-se
o
Código
de Menores.Nesse
mesmo
ano, o Projeto passou a sedenominar
“Casa
da
Liberdade
CEC
Urbano”, por estar atendendo crianças e adolescentes dasComparando
osnúmeros
do
Censo
Demográfico
de1980
com
osnúmeros do
Censo
de 1991 verificamos,que
em
todas as regiões ocorreuuma
diminuição
da
população infanto-juvenil, sendo queem
1980 o
Censo
registrouuma
população de45,3%
de crianças e adolescentes eem
1991 de41,0%.
Issose
deveu
aqueda da
taxa de natalidade n;esse,,p__e__r@dg_que
ficou
em
37,2%.Outro
dado
registrado peloCenso
foi osaumento
de crianças eadolescentes nas áreas urbanas
W
eM,
a dLn$rƒ1i_riuição-nas,,áreas,,r'L1rais. 3Em
1980
63-,3%das crianças e adolescentes residiam nas cidades e
36,7%
na
área rural.Em
1991 essa realidade já se
mostrou
bastante alterada, pois72,0%
das .crianças e adolescentes residiarn nas áreas urbanas e28,0%
nas áreas rurais. 'Florianópolis
também
sofreuum
aumento
no
níunero de crianças e adolescentes,chegando
ao percentual de21,82%
da
população de Florianópolisem
1991,na
faixa etária de07
a 17 anosde
idade.Considerando esše
aumento da
população infanto-juvenilem
Florianópolis e especiahnente o percentual daqueles vindos de farnílias de baixo
/¬
poder
aquisitivo, que freqüentavam o centroda
cidadeem
busca
de sua própriasobrevivência atuando
no mercado
informalde
trabalho,bem
como
aquelesque
vagavam
pela cidadesem
nenhuma
ocupação,desamparados da
proteçãoxx Y
familiar, comunitária e
govemamental
tomar¿d9;se,_,vulneráveis-‹a~-iexploração--*deque
técnicosda
Divisãoda
Criança edo
Adolescente eda
Casa
da
Liberdade,foram
em
busca
de- parcerias para a construção deuma
nova
sede, à deresgatar o trabalho
com
crianças' e adolescentes de rua e desenvolver atividadescom
crianças e adolescentes dascomunidades
vizinhas.E
é dessenovo
espaço que trataremosno próximo
item.1.2 --
Um
novo Espaço
para
aCasa
da
Liberdade.
A
Passarelado
Samba “Nego
Quirido” -em Florianópolis foiconsiderada pela
Equipe
Técnicada
Divisãoda
Criança edo
Adolescente,um
espaço propício para a construção
da
sede, jáque
se encontrava<ocioso durante)na
maior
partedo
ano. ~Em
1991 aEquipe
Técnica elaborouum
anteprojeto, visando otimizaro espaço para
uso
educacional.Foram
feitos contatoscom
oIPUF
para/5*
Q.
W;
°
e
elaboração
do
Projeto Arquitetônico e oencaminhamento
adocumentação
necessária para a captação de recursos junto a utrascolaborações para a construção
do
prédioforam
feitas pelaEmpresa
Porto Belo, LojaMaçônica
da
Arte Real,além
de recursos própriosda
Prefeitura Municipal de Florianópolis eda
Associação Florianopolitana de Voluntárias -AFLOV
-que
contribuiu durante todo o processo,com
_apoio logístico e recursosfinanceiros. ,
As
obras de construçãoda Casa da
Liberdade iniciaramem
03 de julho de1992
na
Administraçãodo
Prefeito Antônio HenriqueBulcão
Vianna
efoi inaugurada
em
dezembro
de 1993na
Administraçãodo
Prefeito Sérgio JoséGrando. V
O
novo
espaço passou a chamar-se“Casa da
Liberdade:Espaço
Cidadão”.
Ao
ser elaborado estenovo
espaço teve to seu princípio pautadoem
processos educacionais e
numa
abordagem
que
privilegiasse todoo avanço
deconhecimento» pedagógico
numa
perspectiva de transformação.Buscou-se
nessaproposta de
Educação
e Trabalho, implementar ações coletivas,numa
concepção
de construção de cidadania.
Qi
Casa da
Liberdade,como
espaço fisicoi possuiuma
área bastanteprivilegiada,
ocupando aproximadamente
l'000m2 de áreaconstruíd9O
prédio\
possui 1 refeitório, 2 banheiros múltiplos,
4
banheiros simples, l auditório, 17salas, 1 cozinha e 5 depósitos de materiais (alimentação, limpeza e outros).
r
Em,
1994, aCasa da
Liberdade recebeu outros recursos para a aquisiçãode
equipamentos permanentes e materiais deconsumo.
Esses recursosFundo Canadá
e Secretaria de Administração e Justiça atravésdo
FIA
eAFLOV.
'No
1° anode
fimcionamento
foi possível oferecer cursos de~
datilografia, esporte e lazer, técnicas de
marmorizaçao
e manicure,além do
atendimento integral a
34
(trinta e quatro) crianças e adolescentesda
antigaM .
sede. _
Em
1995, onúmero
de crianças foi ampliado,novas
atividadesforam
organizadas:
na
área culturalem
parceriacom
aFundação
Franklin Cascaes, juntocom
as Universidades Federal e Estadual, oficinas de capacitaçãode
educadores e multiplicadores, sendo implantadas novas oficinas
profissionalizantes junto à Divisão de Profissionalização
da
Prefeitura deFlorianópolis.
Também
foram
retomados os
trabalhos de articulação/
comunitária.
O
quadro
funcionalno ano
de 1995 eradeficitário, sendoque
muitosdos profissionais
eram
lotadosna
Secretaria Municipal de Educação, ocorrendoalgumas
dificuldades, poisno
período de férias escolares essestambém
tiravamsuas férias coletivas diminuindo assim o
número
de fimcionários eaumentando o
número
de
crianças para atender.Em
meados
de1995
foi realizado concurso público pela Secretariaprofissionais, visando a melhoria
do
quadro de funcionários e oferecimento demelhor
atendimento aosmeninos
emeninas da
Casa da
Liberdade.Com
o aumento do
quadro fimcional, a partir 'de julhode 1995
foipossível formar
uma
Equipe
Técnica (2 Assistentes Sociais, 1 Psicóloga,Pedagoga).
Nesse
período aCasa da
Liberdade passou a serCoordenada
poruma
nova
Profissional de Serviço Social, que procurou reestruturar ametodologia de trabalho, aproveitando mais o espaço e
tomando
o -atendimentoàs crianças
e
adolescentes mais dinâmico./ _
Em
1996,passaram
a )ser elaborados relatórios semestraisque
indicavam os
dados
quantitativosda Casa da
Liberdade taiscomo:
número
decrianças e adolescentes inscritos e desligados
no
Programa,número
de refeiçõesservidos,
número
de atendimento sociais e psicológicos,número
deencaminhamentos
aomercado
de trabalho,números
deformandos
nas oficinasprofissionalizantes,
encaminhamento
a outras instituições, entre outros (anexo_01)_ ,
As
crianças ,e adolescentesda Casa da
Liberdadepassaram
a seratendidas de acordo
com
a faixa de idade,ou
seja, as crianças entre07
e 10 anosficariam
na
Turma
I, entre 11 e 13 anosna
Turma
II e entre 14 e 18 anosna
Turma
III.Cada Turma
passou a terum(a)
Educador(a) Socialcomo
responsável,
coordenando
as atividades das crianças e adolescentes das respectivas turmas.Em
1996, a“Casa da
Liberdade:Espaço Cidadão”
-contavacom
20
(vinte) funcionários efetivos
no
Projeto através deConcurso
Público,1(uma)
funcionáriada
AFLOV,
1(uma) Assistente Social cedida pelaEPAGRI,
1(uma) estagiária de Serviço Social, 3(três) estagiárias deEducação
Física e320
(trezentos e vinte) crianças e adolescentes inscritos.-Além
das oficinas já existentesna
Casa da
Liberdadecomo:
datilografia, ínfonnática, corte e costura,
encademação,
"marmorizaçãcš papel reciclado e supletivo de 11° à 4° série,foram
implantadas outras: ''*
Através
da Fundação
'Franklin Cascaes - acrobacias, arte folclórica, flautadoce
A .
e ceramica;
'* Através
do
SINE
-corte e costura, manicure e pedicure, ofiice
boy
e girls;*
Oficinas
oferecidas por voluntários - comunicação, inglês, recepcionista eL
3...-»4* Através
da Fundação
Municipal de Esportes - as oficinas de natação eswf
Foram
realizadas 03 (três) formaturas, entredezembro de 1995
edezembro
de 1996. Nestas fonnaturasforam
entreguesem
média 110
(cento edez) Certificados de *Conclusão de cursos profissionalizantes (Datilografia, manicure e pedicure, informática, corte e costura, encadernação ea reciclagem
de
papel) aos adolescentes
de
14 à 18 anos e aos adultos inscritos nos cursosdo
.SINE
(sem
limite de idade).Nesses
18 (dezoito)meses
de Estágio de agosto de 1995 ànovembro
de
1996,observamos que
a participaçãoda
família das crianças e adolescentesfoi mais freqüente, incentivados pela abertura conferida através
das
visitas,reuniões de pais e
Educadores
e outras atividadesque
possibilitaram essa' ~
aproximaçao. _
Essa
metodologia de trabalhodeu
àCasa da
Liberdadeuma
zcaracterística muito diferente
da
que possuía, pois' o espaço passou a ter mais“atrativos”, consequentemente atraindo mais crianças e adolescentes. "
Ao
chegarem na Casa da
Liberdade:Espaço
Cidadão,mgiçados
porA
amigosáou
encaminhados
por outras Instituições, as crianças e adolescenteseram
atendidas pelo Serviço Social,
onde
passavam
poruma
entrevista para7\<preenchimento
da ficha
cadastral;em
seguidaeram
levados para conhecer asdependências
do
prédio e sua respectiva turma. `Quando
houvesse dificuldades constatadas peloEducador
em
relaçãoao
seu aluno,o
mesmo
eraencaminhado
ao Serviço Social, que atravésde
,\(atendimentos individuais e/ou familiares estudava cada casoí Utilizava-se
também
de visitas domiciliarescomo
intervenção de estudo e aaproximação
àX
muitas vezes ouvi-los e
compreender
sua situação sócio familiar era amelhor
estratégia de conseguir resultados.
Eram
realizados grupos de Serviço Social semanahnentel,chamados
de“Trocando
Idéias”.Nesse
espaçoeram
discutidos assuntosdo
cotidianodo
“
\
Programa
e/oudo
cotidiano dos adolescentes. Esse constituiu-seem
um
espaço,_
de
troca de idéias, opiniões e conhecimento sobre diversos assuntos,sendo
repassados
também
noções
de higiene,comportamento
e sexualidade.Foram
realizadas reuniões de pais, fato inovadorno
Programa,com
o
objetivo de incentivar os pais e responsáveis a
uma
maior
participaçãono
cotidiano de seus filhos e aomesmo
tempo,poderem
conhecermelhor o
trabalho realizado.Ao
contrário»do que
acontece nas reuniões de algumas escolas, os pais -eramchamados na Casa da
Liberdade para fazer partedo
processo, para discutir possibilidades de trabalho conjunto enão
para ouvir apenas,que
seu/`
. _
filho é
“mal educado” ou
“rebelde”. Procurou-se estimular a auto-estima dospais para
que
estes conseqüentementeo
fizessem
com
seus filhos.As
visitas domiciliareseram
periódicas,porém
algumas dificuldadeseram
encontradas: transporte ineficiente e a dificuldade de encontrar osresponsáveis
em
suas residências, pois a maioria se encontrava trabalhando.Í
Foi implantado
o
sistema de “buffet” nas refeições,onde
as «crianças e adolescentes se serviam, utilizando-se de prato de louça, garfo e faca, poisresgatar cidadania é
também
prepara-los para -omundo
“competitivo” eeducativo. `
Os
atendimentos individuaisforam
constantes, até porque as criançase adolescentes estavam
sempre
em
contatocom
o Serviço Social . Outrafonna
de
se expressarem era/atravésda música
eda
dança,sempre
presenteno
dia-a- diados
adolescentes,mostrando
suas insatisfaçõesou
suas alegrias.Essa
nova forma
de organizaçãoda
Casa da
Liberdade, proporcionouum
atendimento mais dinâmico, atingindoum
maior
número de
crianças eadolescentes.
Abrindo
novas possibilidades à essa população infanto-juvenilque
I
vive a
margem
da
sociedade,paraque
essesnão
cheguem
as ruas (anexo 02).PERFIL
DO
ADOLESCENTE
2.l _-
Quem
é o adolescente ?Para
Chico
Buarque
o adolescente é assim:“Az',
que saudade que eu
tenho
Dos
meus
dozeanos
Dar
banda
por
aiAi
que saudade que
eu tenhoDuma
travessuraO
futebolde
rua Sairpulando
”2Vários autores
entendem
adolescênciacomo
uma
faseda
vida,muito
especial
na
existênciahmnana,
pois é nessa fase que acontece apassagem
do
ser criança para o ser adulto.Nela acontecem
asmudanças
biopsicossociais.É
na
adolescênciaque aparecem
os grandesdesafios
e questionamentoscomo:
distinguir
o que
sou, oque
desejo,ou
como
farei para que os -outrosme
reconheçam
como
individuo.De
acordocom
Azevedo,
os primeiros sinais de que a adolescênciaestá
chegando
são as transformações fisicas : a estatura se eleva, opé
jánão
2 Trecho
cabe
mais
no
tênis, a calça demoletom fica
curta.As
marias-chiquinhasnão
são~
bem
vindas pelasmeninas
eambos
os sexosnão
aceitammais
que
amae
escolhao
que
devam
usar.“E a
primeira tentativade
definira
identidade,de
fazer usoda
vontade e sentir o efeito ” (Azevedo, 1995: 11).As
mudanças
hormônais
oconidas neste periodo trazem oscilações dehumor.
São mudanças
metabólicasque
interferemno
astral e são responsáveispelo aparecimento dos seios, das espinhas, dos pêlos nas regiões pubianas e nas
axilas, indicando o início de
um
processoque
é resultadoda
ação honnonal, apartir
do
desenvolvimento dasgonodas
(testículos nosmeninos
e ovários nas meninas), ocorrendo ofenômeno
mais significativo dessa fase, a menarca,ou
~
seja, a primeira menstruaçao
da menina
e a primeira ejaculaçãodo
menino.Essa
transformação traz muitas» vezes
algum
desconforto para esses seresque
estão sedesenvolvendo rapidamente.
É
o
adeus ao corpo infantil.Nessa
etapada
vidado
adolescente, os -conflitos se intensificam,com
ele próprio e
com
a sociedadeque não
contempla suas necessidades enão
entende as
mudanças
que
estão ocorrendo.O
adolescente jánão pode mais
correr para o “colo
da mãe”,
poisnão
é mais criança,mas também
não
pode
opinarcomo
gostaria, porque aindanão
é adulto enem
totalmente responsável. Sobre isso assim se expressaAzevedo:
“O
processo de
afirmaruma
identidadedespedida
da
infânciapassando pela
descoberta
das
mudanças
do corpo
seda
alma, pela escolha
do caminho
para a
vida adulta, tudo issoao
mesmo
tempo
enum
turbilhão.
Não
éà
toaque surgiram
a
prancha
de surf e o skate.Há
ondas
enormes
para
serem
dribladas, ruas eavenidas
para
serem
vencidasdepressa”
(Aze,vedo,I995: O8) .
'
Ao
longo dos anos a juventudevem
marcando
época,com
suamaneira própria e irreverente de se fazer notar e principahnente, de expressar
seu desagrado
em
relação ao'mundo
adulto cheio .de regras emecanismos
para~ sua alienaçao.
Os
anos 50,foram
marcados
pela “juventude transviada”,onde
alguns jovens se reuniamem
gangs
e a delinqüência e agressividadeeram
amarca
do
seu comportamento.
Nos
anos 60, após a guerrado
Vietnã, teve início aexplosão das drogas, e gradativamente o
consumo
foi aumentando.Nessa
época
apareceram os hippies, a calça
LEE,
os -cabeludos e outrosmovimentos que
foram
sucedendo
ao longo das últimas décadascomo
os políticas-estudantis , anegação da
ordem
estabelecida atravésda
moda
descontraída edos
esportesradicais.
Mas
segrmdo
Becker
(1989:09):“do
ponto
de vistado
mundo
adulto, isto é,o
sistema ideológico dominante,o
adolescente é
um
serem
desenvolvimento eem
conflito. Atravessauma
criseque
se(WN
Corporais, outros fatores pessoais
conflitos familiares.
E
finalmente,considerado
“maduro
“ou
“adulto”quando
bem
adaptado
à
estruturada
sociedade,ou
seja, ele setomar
mais
uma
“engrenagem
da máquina
Resultado disso, é a preocupação
do
adolescentecom
sua futuraocupação
profissional, pois esta éuma
das maiores expressões de statusda
nossa cultura e
uma
exigênciada
sociedade.Porém
dependerá de vários fatoresna escolha profissional
do
adolescente: saúde, educação, estrutura familiar, grupocultural *ei principahnente a classe social e
econômica
a que pertence. Sabe-seque
as condições de escolha deum
adolescentecom
um
bom
nível de rendanão
são as
mesmas
deum
adolescentecom
baixo nível econômico.O
adolescente de classe média, aos quinzeou
dezesseis anos,de
idade
nonnahnente
/esta concluindo o 2°grau , escolhe tuna profissãoque
provavehnente irá exercer pelo resto
da
vida. Muitas vezes pressionados pelafamília
ou
pelo grupo socialoptam
poruma
profissãoque
de preferência lhedê
lucro e status.
Mas
estaopção
sem
qualquer experiência prévia, poderá causar frustrações futuras.Já nas classes de baixa renda, «onde os adolescentes
não
tem
asmesmas
possibilidades de estudosem
bons
colégioscomo
os adolescentes de.classe média, são eles vítimas das instituições públicas de ensino formal
que
não
necessidades, de sua história. Ideologicamente, reproduz
um
sistema de discriminação çe exclusão, oque
fazcom
quebusquem
outrosmeios
desubsistência.
E
como
um
adolescenteda
classe pobreque
aos doze, treze anos,ou
atémenos, tem que
deixar a escola para trabalhar, vai chegara
ascensãoprofissional?
Exemplo
disso é o adolescenteA
.V.S. de 17 anos, queabandonou
a escola aos
doze
anos para trabalhar.Hoje
,com
l7 anos e apenascom
a 4°série primária trabalha
como
empregado no
Camelô
no
Centro de Florianópolis e assim se justifica:`“... parei de estudar,
porque
tinhaque
trabalhar,pra
ajudarem
casa.Tive
que
largar tudo; sepudesse
voltavapra
cá epra
escola ”.(A
.V.S.) 3Se
para o adolescente de classemédia
suas escolhas estão vinculadas às exigênciasde
posiçãodo
seumeio
social, para o adolescentede
baixopoder
aquisitivo, a sociedade
não dá opção
e lhe cobra responsabilidadesprecocemente.
Assim
como
A. V.S., outros adolescentespassam
pôr dificuldadesque
sãofiuto
deuma
sociedade quenão
oferece condiçõesmínimas
de vida àssuas crianças e adolescentes.
3
A
~
Sao
de adolescentescomo
A.V.S.,que
trataremosno próximo
item deste trabalho.Vamos
mostrar o perfil dos adolescentes atendidosna
Casa
da
Liberdade:
Espaço
Cidadão.2.2 -
O
adolescenteda Casa da
Liberdade:
Espaço Cidadão
é igual a todoadolescente ?
As
transformações, biopsicossociais , pelas quaispassam
os~
adolescentes
nao
são privilégios deum
ou de
outro,mas
de todos os adolescentes.Uns
com
mais dificuldades «outroscom
menos,
unscom
maior
intensidade outros
com
menor, issodependendo
também
do meio
em
que
vivem. Entre esses adolescentes estão aquelesque não
tem
acesso aosdireitos básicos para
o
seu desenvolvimento,ou
seja,moradia
digna, alimentação adequada, educação e saúde de qualidade, lazer, entre outras coisas.[São
adolescentesque
para sobreviverem,saem
para as ruasem
busca deuma
soluçao,que
nem
sempre
é satisfatória, sendo obrigados a sesubmeterem
a situações indignas.São
esses adolescentesem
situação de risco pessoal e social,que
sãoatendidos
na Casa da
Liberdade:Espaço
Cidadão, ecom
os quais tivemosdezembro
-de 1996, periodo de estágio curricular obrigatóriodo
curso de ServiçoSocial.
No
último semestre de estágio curricular, efetuadona
Casa da
Liberdade:Espaço
Cidadão, realizamos pesquisa para conhecero
perfildo
adolescente
que
a freqüentava, pois este erao
nosso objeto de estudo.A
pesquisa foi realizada
no
2° semestre de 1996, porcomo
estagiária de,-
Serviço Social; utilizei para isso as
fichas
de cadastro dos adolescentes, realizeientrevistas
com
osmesmos
e algumas famílias.O
estudo abrangeuum
universo de l92 adolescentes pesquisados. APara delimitar a idade dos pesquisados,
adotamos
a categoriaadolescente, segundo. o
que
diz o Estatutoda
Criança medo
Adolescente - Lei8.0669, de julho de 1990 -
no
seu Art. 2°:“Criança
éa
pessoa
até .dozeanos
de
idade incompletos, e adolescente aquela entre dozee
dezoitoanos de
idade ”.No
ano de 1996, aCasa da
Liberdade atendeu cercaקle320
( trezentosv /
e vinte ) crianças me adolescentes, sendo que,
60%
desse totaleram
adolescentesentre 12 e 18 anos, e
40%
eram
crianças entre07
e ll anos de idade.Entre os adolescentes
26,56%
deles seencontravam
com
14 anos deidade, muitos
em
busca
deum
curso profissionalizante, pois é cadavez mais
“A
necessidadede
manter-seou
reforçara
renda
familiarimpede que
o adolescentedesfrute integralmente dessa etapa de seu desenvolvimento, caracterizando
a
ausênciada
adolescência " (Neto,1990: 17 ) .O
gráfico
abaixo mostra apercentagem
de adolescentes por idade,atendidos
na
Casa da
Liberdadeem
1996:261%
16,14 12 anos_
13 anos 14 anos"W
*t 23.96 ii1
15zm
16 anos 1? anos 18 anos 26,56 'FuNQ
01Com
baseno
gráfico n.° 01,notamos
que apermanência
do
adolescentetrabalhar para ajudar
no
sustentoda
famíliaou
para suprir suas necessidadesde
adolescente.
Segundo
algims depoimentos,como
o adolescente G.P. de 13 anos:“...eu quero trabalhar pra
comprar
coisas pramim”.
A
falta de políticas agrárias e as políticaseconômicas
dos últimosgovemos tem
empobrecido
cadavez
mais a população brasileira, principalmentedas áreas rurais, o
que
provocou
a vinda das famíliasdo
interior catarinense para a Capital,em
busca
de melhores condições de vida.A
ausênciade
segurança nas grandes cidades e capitais brasileiras,também
contribuiucom
a migração de familias inteiras para Florianópolis,constituindo-se
num
percentual senão
majoritáriomas
já preocupante.Esse
contingente migratório
acaba
se instalandoem
lugares impróprios esem
condições de sobrevivência. 4,11' 'Vu
=
Grande Fpólis nz._
H-«es 72'24“_
Paraná_
Rio de Janeiro_
OutrosNQ
02O
gráfico nf'02
nos mostraque
os adolescentes atendidosna
Casa
da
Liberdadeno ano
de 1996, são,na
sua maioria, provenientesda
regiãoda
Grande
Florianópolis,ou
seja,72,24%
dos adolescentesnasceram
em
Florianópolis
ou
em
cidades vizinhas.Os
outros27,76%
tem
sua procedência das outras regiõesdo
Estado de Santa Catarina, principalmenteda
região Serranacom
-destaque para aCidade
deLages
( 8,40%- ), ede
outros Estadoscomo
Paraná (4,17%
) eRio
de Janeiro ( 4,17%).Segundo
pesquisa realizada pelaEquipe
deAbordagem» de Rua, da
Secretaria Municipal de
Saúde
edo Desenvolvimento
,Socialda
Prefeiturade
Florianópolis,
20%
das famílias abordadas nas ruas, são procedentesda
região Serrana e principalmenteda Cidade
de Lages.A
pesquisa destaca ainda, o Estadodo
Paranácom
o
maiornúmero
de famílias nasmas
de Florianópolis.Segundo
ainda esta fonte, Florianópolis contribui -com40%
da
população de rua. Estes
como
os demaisbuscam
no
centroda
Capitaldo
Estado Catarinense oportunidades (emprego, escola,programas
de assistência).1 ‹
`
,
Com
base nos dados levantadospodemos
constatar que onúmero
deadolescentes doisexo masculino é bastante significativo
na Casa
da Liberdade (59,90%
),mas
ao
longo de1996
onúmero
de adolescentesdo
sexo femininoNas
ruastambém
foi "constatado, pelaAbordagem
de Rua,que o
número
demeninos
émaior
(66%)
do que
o demeninas
(34%),sendo que o
ultimo sofreu
um
aumento
significatívo.As
adolescentespassaram
a freqüentar o Programa, principalmente, por causa dos cursos profissionalizantes de corte e costura, manicure e pedicure,mas
consideramos que foi de fundamental importância a atenção concedida pelo.Serviço Social às adolescentes, pois são muitas vítimas
de
violências domésticas e encontraramna
Casa da
Liberdadeum
espaço de segurança e de apoio.Isso
pode
sercomprovado
pela história de F.K.S. de 13 anos,que
sofreu vários vezes 'assédiodo
padrasto.A
mãe
ornitiu os fatos, tendo amenina
pedido ajuda ao Serviço Social,
sendo
entãoencaminhada
aoS.O
.S. Criança,que
providenciou, após investigação, a retiradada
guardada
mãe
passando para a avó.O
Serviço Socialda Casa
-da Liberdade prosseguiuacompanhando
a adolescente que continuou frequentando as oficinas.Outro aspecto positivo,
em
relação a permanência dasmeninas no
programa,
foram
os atendimentos de grupo,onde meninos
emeninas
aprendiam
a se respeitar, pois os
meninos achavam-se donos do “pedaço” não
deixando muito espaço para as adolescentes.Nos
grupos, nas brincadeiras, nas trocas deI
informações
na
convivência ena
oportunidade de se expressarem encontraramNas
atuais condições políticas, -econômicas, sociais e culturaisdo
nosso pais,
onde
a maioriada população não
tem
acesso ao mínimo,onde
a lutadiária se
dá
pela sobrevivência, toma-secada vez
mais dificil o acesso e apermanência de crianças e adolescentes nas escolas;
mesmo
que o
Art. 4°.do
Estatuto
da
Criança edo
Adolescente assegure que:dever
da
família,da
comunidade,da
sociedade
em
geral edo
poder
Públicoassegurar,
com
absoluta prioridade,efetivação
dos
direitosà
vida,alimentação, là educação,
ao
lazer,profissionalização,
à
cultura,à
dignidade,ao
respeito,à
liberdade e convivênciafamiliar e comunitária
Q»
Qfã
Como
vemos, o
Estatuto assegura o ingressoda
criançana
escola,mas
a realidadenão
refleteoque
está escrito, pois elenão
garante apermanência
da
criança
na
escola.A
pesquisa indicaque não há
analfabetos, entre os adolescentesda
Casa
da
Liberdade,mas
osnúmeros
mostram
que o
percentual de criançasque
aos07
(sete) anos ingressamno
primárionão
é omesmo
que
deveria, aos 17 (dezessete) anos estar concluindo o 2°grau.
Os
motivos quelevam
aoabandono da
escola antesdo
tempo
são osmais variados e entre eles está o fator
econômico
e a falta deum
ensinoA.V.S.
de
16 anos afirma: “...pareide
estudar,porque
tinhaque
trabalhar,
pra
ajuda -em casa... ”› F.K.S.
-de 13 anos conclui: “...reprovei
na
1°. «ena
2°. série,a
professora era muito chata e eu
não
gosto de estudar... ”L.'S.M. de ló anos completa: “...parei
de
estudarna
5°. sériepor
motivo de brigana
escolaagora
tôfazendo
supletivode
5°.à
8°.no
SESC.”
-De
acordocom
Saviani (1986: 75,76 ):“...a
educação
escolar resulta serum
instrumento básico
para
0
exercícioda
cidadania. Ela, entretanto ,
não
constituia
cidadania
mas
simuma
condiçãoindispensável
para
que
a
cidadania seconstitua.
O
exercícioda
cidadanianos
mais
diferentes organismos. (sindicatos,partidos, etc.)
não
sedá
de
modo
cabalsem
o preenchimento do
requisito de acessoa
cultura letrada e
domínio
do saber
sistematizado
que
constituema
.razãode
ser
da
escola”./A
Casa da
Liberdade ,tem
seu principal objetivo construir cidadaniaentendendo que a escola se constitui
em
um
instrumento básico para afonnação
do
cidadão.Desta
forma
tendo -como princípioque
todos os usuários deveriam estar freqüentandoo
ensino regular; aqueles casos,em
que
a situação -escolar seencontrava irregular
eram encaminhados
pela Pedagggagdo Programa
atravésdo
responsavel, para