PRQGRAMA
DE
Pos-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARiA
DE
PRoDuçÃo
os
EFE|Tos
DA
ExPos|çÃo
À
iviúsic/-\E
AvAL|AçÃo AcúsT|cA
oo
AMBIENTE
DE
TRABALHO EM
KV.PROFESSORES
DE ACADEMIA DE
GINÁSTICA
Maria
José de
Deus
Florianópolis - Santa Catarina - Brasil
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
SANTA
CATARINA
PROGRAMA
DE
Pos-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA
DE
PRODUÇÃO
~ 1 1 ~ r
OS
EFEITOS
DA EXPOSIÇAO
A
MUSICA
E
AVALIAÇAO ACUSTICA
DO
AMBIENTE
DE
TRABALHO EM
PROFESSORES
DE
ACADEMIA DE
GINÁSTICA
Dissertação
submetida
à Universidade Federaide
Santa Catarina paraobtenção
do
graude
Mestreem
Engenharia de
Produção.Maria
José de
Deus
Florianópolis - Santa Catarina - Brasil
... \ 1 ~ 1
OS
EFEITOS
DA EXPOSIÇAO
A
MUSICA
E
AVALIAÇAO ACUSTICA
DO
AMBIENTE DE
TRABALHO
EM
PROFESSORES
DE
ACADEMIA DE
GINÁSTICA
Maria
José de Deus
Esta dissertaçao foi julgada
adequada
paraobtençao
do
títulode Mestre
em
Engenharia
de Produção
eaprovada
em
sua
forma final peloPrograma de
Pós-Graduaçäo
E
em
Engenhariade
Produção.V/
Prof. Rioardo
Miranda
Barcia, Ph.D.Coordenador do Curso
Banca
Examinadora:I
ÁMA/
Prof.
Samir
Gerges,Ph
D.Orientador
Proffi. Mariavdeá Fátima
da
Siiva Duarte, Drê./I
Profà. Ièda
Chaves Pacheco
Russo, Drë.“A
música
éuma
das expressões
mais nobres das
artese
comunicação
humana.
A
música deve
ser agradável
aos ouvidos
e
fazerbem
ao corpo
e
a alma.É
a
sonora
demonstração
dos
sentimentos”
Dedicatória:
Em
memória
de
Maria
Emília eJoao
Rigon;
duas pessoas que
deixaram
exemplos
de
vida e
sempre
me
incentivaram a
prosseguir,Ao
professor doutorSamir
N. Y. Gerges, pela oportunidade, paciência e apoiona
orientaçao;Aos
professores e proprietáriosde academias de
ginásticaque
contribuíramde maneira
fundamental para a realizaçao deste trabalho;Às
professoras Elvira Viveiros,Tereza
Bartolomeu e Carolinede
Oliveira Martins,que
viabilizaram esta "empreitada",com
seu
apoio e incentivo;Aos
doutores Syriaco Kotzias e Ricardo Tavares,meus
agradecimentos
peloapoio, colaboraçao e precisa
amizade nos
momentos
decisivos;À
fonoaudióloga Janice Brittes, porsua
dedicação incontestável, porsua
vontade
de
ajudarem
qualquer circunstância;Aos
amigos
Belli, Adilson, Dino,Anna
Maria, Neiva, Graça, JaneteDidoné
eLuciane, pelos
momentos
que
convivemos, pela trocade conhecimentos
eemoçoes,
porsimplesmente estarmos
juntos;À
professora doutora Mariade
Fátimada
Silva Duarte,que
acreditouna
pesquisa, incentivando-me a continuar;
À
professora doutora lèdaChaves
P. Russo, pelo apoiona
revisãode
literatura;À
fonoaudiólogaAna
Cláudia Fiorini,meus
agradecimentos
pelas orientaçõese correções
do
trabalho;Ao
meu
marido OrlandoCassiano
Mantovani,que
estevesempre
ao
meu
lado,com
compreensão,
carinho e paciência, principalmentenos
momentos
mais
difíceis;
A
todos aqueles amigos,que
embora
não
tenham
sido citados,também
suMÁR1o
Lista
de
Figuras
--- --ixLista
de
Quadros
--- --xLista'
de
Tabelas
--- --xLista
de
Gráficos
--- --xiLista
de
Anexos
--- --xiResumo
--- --xivAbstract
... --xVCAPÍTULO
1-O
PROBLEMA
... ..1 1.1 Introdução ... ..1 1.2 Justificativa ... ..3 1.3 Objetivos ... ..5 Objetivo Geral ... ._5 1.3.1 1.3.2 1.4Questõesalnvestigar
.... ... ..5 1.5 Delimitaçãodo
Estudo ... ..6 Objetivos Específicos ... ..5 1.6Organização do
Estudo ... ..6CAPÍTULO
2-REVISAO
DE
LITERATURA
... ..82.1
Som
eRuído
... ..8« 2.1.1 2.1.2
Transmissão do
Som
e Propriedades Acústicasdo Ambiente
... ._ 10Ruído
eAmbiente
de
Trabalho ... .. 122.2
O
Ambiente de
Trabalhoem
Aõádemias
de
Ginásticasob
uma
VisãoErgonômica
... _. 18 2.3 Efeitosdo Ruído na Audição
... ..222.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4
Mudança
Temporária
do
Limiar ... ..24
Mudança
Permanente do
Limiar ... ..26Trauma
Acústico ... ..26Efeitos Extra-Auditivos ... ..26
2.4.1 2.4.2 2.4.3 2.4.4
Classificação Clínica
da Perda
Auditiva ... ._30
Perda
Auditiva lnduzida porRuído
- PAIR
... __31oa
Efeitosda Música na Audição
... ._33
Exercício Físico,
Música
e Elevado Nívelde Pressão Sonora
... __37
2.5 Professores
de
Academias
de
Ginástica e aSaúde
Vocal ... __4O2.5.1
Considerações
BásicasSobre
os Distúrbiosda
Voz
... __412.6
Anatomia
Laríngea ... ..42CAPÍTULO
3-METODOLOGIA
... ..49 3.1 Característicasda
Pesquisa ... ..49 3.2População
eAmostra
... ..49 3.3 Instrumentação ... ..5O 3.4 Coletade
Dados
... ..523.5 Análise
dos
Dados
... __55
CAPÍTULO
4-APRESENTAÇAO DOS RESULTADOS
... ..564.1 Resultados
dos
Tempos
de Reverberação
______________________________________________ ..564.1.1 4.1.2 4.1.3 4.1.4 4.1.5 Descrição
das
SalasEstudadas
_______________________________________________________ __57
Cálculode
Tempo
de Reverberação
_________________________________________________ ._59
Cálculodo
Tempo
de Reverberação
com
a SalaOcupada
______________ __62Tempo
de Reverberação
para as Salasde
Ginástica _______________________ __63
Cálculode
Materiaisde Absorção
para oTempo
Ótimo de
Reverberação
_________________________________________________________________________________________________ _ _65
4.2 ResultadosMediçoes dos
Níveisde Pressao Sonora
___________________________ __67 4.3 Avaliaçãodos
Questionários -Percepção
Auditiva eQueixa
Vocal _________ __70
4.4 Avaliações Audiométricas ________________________________________________________________________ __76
4.4.1 Avaliação Audiométricacom
Repouso
Acústico _______________________________ _.77
4.6 Resultadosdos
Exames
de
Videolaringoscopia ______________________________________ __78
CAPÍTULO
5-CONCLUSOES
E
RECOMENDAÇOES
... ..815.1
Conclusões
... _. 815.2
Recomendaçoes
... ._83
cAPiTu|_o
6-RE|=ERÊNc|As
B|Bi_ioGRÁ|=|cAs
... ..ssFigura 1 - Valores correspondentes
de
NPS
eexemplos
(ASTETE,
1980) .... ..9Figura 2 -
Anatomia
do
ouvido(GERGES,
1992) ... ..23Figura 3 - Efeitos extra-auditivos
no organismo
humano (GERGES,
1992)....29Figura 4 -
Anatomia
da
laringe(SPENCE,1991)
... ..42Figura 5 -
Medidor do
nívelde
pressão sonora ... ..5O Figura6
-Cabina
audiométrica ... ..51Figura 7 -
Audiômetro
portátil ... ..51Figura 8 -
Exame
de
videolaringoscopia ... ..54Figura 9 - Layout
da
academia
14 ... ..58Figura 10 - Piso paviflex ... ._
58
Figura 11 - Piso e forrode
madeira ... ..58Figura 12 - Piso
de madeira
... ..59Figura 13 - Piso
de
paviflex e tetosem
forração ... ..59Figura 14 -
Representação esquemática
da
sala 14 ... ..6O Figura 15 -Tempo
ótimode
reverberaçãoem
seg(s)(MOORE,
1988) ... ..64Figura 16 Detector
de
Nívelde Pressao Sonora
... ..83Quadro
1 -Tempos
Permitidosem
Minutos -Tn
(NEPOMUCENO,
1993) .... _. 17Quadro
2 - Coeficientesde Absorção
Acústica (or) ... ..57
Quadro
3 -Tempos
de Reverberação
(TR1em
segundos)
Sala Vazia ... ..61Quadro
4
- Coeficientesde Absorção
Totalem
m2
(GERGES,
1992) ... ..62Quadro
5 -Tempos
de Reverberação
(TRzem
segundos)
SalaOcupada
.... ..62Quadro
6 -Absorção
TotalÓtima
(m2)- Academia
14 ... ..66Quadro
7 -Absorção
Adicional(AAm2)
- Academia
14 ... ..66LISTA
DE TABELAS
Tabela
1 - Limitesde
tolerância para ruído contínuoou
intermitente ... _. 14Tabela
2 - Níveisde Pressão Sonora nas
Academias
de
Ginástica ... ..68Tabela
3 - Distribuiçãodas
Academias Segundo
o ValorMínimo de
Níveisde Pressão Sonora
... ..69Tabela 4
- Distribuiçãodas
Academias
Segundo
o ValorMáximo
de
Níveisde Pressão Sonora
... ..69Tabela
5 - Distribuiçãodos
Professores AvaliadosSegundo Sexo
e ldade....70
Tabela
6 -Tempo
de
Profissãodos
Professores ... ..71Tabela
7 -Sensação
de
Redução
da Audição após
as Aulasde
Ginãstica....73Tabela
8 - Desconforto aSom
intenso ... ..74Tabela
9 - Realizaçãode
Exames
Audiométricos Anteriores ... ..75Tabela
10 -Comprometimento
de
Voz
... ..75Gráfico 1 -
Tempo
de Reverberação
X
Freqüência (salas vazias)...Gráfico 2 -
Tempo
de Reverberação
X
Freqüência (salasocupadas)
Gráfico 3 -
Tempo
de Reverberação da
Sala 14com
TR
ldeal ... ._Gráfico
4
- Níveisde Pressão Sonora nas
Academias
... ._Gráfico 5 - Distribuição
dos
Professoresquanto
ao
Sexo
... ._Gráfico
6
- Faixa Etáriados
Professores ... ._Gráfico 7 -
Tempo
de
Profissãodos
Professores ... ._Gráfico 8 -
Jornada de
Trabalho Diáriados
Professores ... ._Gráfico 9 - Tipo
de Música
Utilizada ... ._Gráfico 10 -
Sintomas
Percebidosapós
as Aulas ... ._Gráfico 11 -
Queixas
Vocais ... ._Gráfico 12 - Resultados
dos
Exames
Audiométricos ._ ... ._Gráfico 13 - Resultados
dos
Exames
com
Repouso
Acústico ... ._Gráfico 14 -
Achados
de
Alteraçõesdos
Exames
... ._Gráfico 15 -
Percepção de
Alteração Vocal ... ._ANEXOS
Anexo1
:Questionário ... ._RESUMO
O
objetivodo
presente estudo foi detectar os possíveisoomprometimentos
auditivos e vocais
em
40
professoresde
ginástica, expostos àmúsica
eletronicamente amplificada
no
Municípiode
Florianópolis - SC. Para isto, forammedidos
os níveisde
pressão sonoraem
14 academias,como
também,
foramavaliadas as salas
de
aulasno
seu aspecto construtivo, a fimde
determinar osvalores
de
tempo
de
reverberação ideal para este tipode
ambiente.Os
resultadosdas medições de
nívelde
pressão sonoraapontaram
parauma
porcentagem de
86%
das academias
trabalhandocom
valoresacima dos
limites permitidos pelalegislação trabalhista.
Quanto aos
cálculosdos
tempos de
reverberação,constatou-se
que
todas as salasapresentaram
um
altotempo
de
reverberação,prejudicando a inteligibilidade
da
comunicação
entre professor e aluno.Posteriormente, foi aplicado
um
questionáriocom
o intuitode
identificar qual apercepção dos
professores quanto àsua
audição,como
também,
possíveisqueixas vocais.
No
que
se refere às queixas vocais, os sintomas maiscomuns
foram rouquidão, pigarro,
cansaço ao
falar,sendo
que, a perdade voz após
aaula, foi o sintoma
mais
aparentecom
65%
dos
casos.Os
professores realizaramexames
de
audiometria tonal limiar por via aérea e por viaÓssea
em
cabinaacústica. Através
dos
resultados, verificou-seque
os professoreseram
jovenscom
55%
dos
professores na faixade
20
a30 anos
eque
a maioria deles exerciaa profissão
no
máximo
há
5 anos,sendo
que, o perfil audiométrico geral sugereinício
de
um
processode Perda
Auditiva lnduzida porRuído
(PAIR).Dos 23
exames
de
videolaringoscopia realizadosnos
professores,87%
tiveram disfonias vocais e13%
apresentaram
exames
normais,sendo
que, a predominância foide
disfonias orgãnico-funcionais.
Os
resultadosda
pesquisa. evidenciaramque
osproprietários
das
academias, professores e alunosdevam
ser orientados para aprevenção de
possíveis lesões auditivas e vocais,que
se tente controlar os níveisde
pressao sonoranas
aulas,como
também, adequar
acusticamente as salasde
ginástica.
The
aim of this studywas
to detect the possible auditoryand
vocaldamage
among
40
physical education teachersexposed
to electronically amplified music,in the municipality of Florianópolis, SC.
Sound
pressure levelswere
measured
in14
gymnasiums, and
the construction of the classroomswas
evaluted, in order todetermine the ideal reverberation times for this type of environment.
The
results ofthe
measurements
ofsound
pressure level indicate that86%
ofgyms
are workingwith levels
above
the limits set by Brazilian law. With regard to calculation of the reverberation time, itwas
found that all the classrooms registered highreverberation times, resulting in a loss of intelligibility in
communication between
teacher
and
student. Subsequently, a questionnairewas
carried out with theintention of identifying the teacher's perceptions of their
own
hearing as well aspossible vocal complaints. With reference to vocal complaints, the
most
common
symptoms
were
hoarseness, builup
ofphegnm
and
fatiguecaused
by speaking;in
65%
of cases, loss of voice after a lessonwas
themost
apparentsymptom.
The
teachers
were submeted
to pure tone audiometry in asound
proof cabin.From
theresults it
was
shown
firstly that the teachers are young,55%
beingbetween 20
and 30
years old,and
secondly the majority ofthem have been
in the professionfor less than 5 years.
The
general audiometric profile suggests the beginning ofthe process of noise induced hearing loss.
The
videolaringoscopy examinationscarried out
on
the teachersdemonstrated
that20 (87%) had
some
kind of vocal disfunction, while only 3(13%) had no such
problems, indicating apredominance
of organ related disfunctions.
The
results of this research are evidence that theowners
ofgymnasiums,
the teachersand
the students should receive guidanceon
how
to prevent possible vocaland
auditorydamage.
These
can be
achivied bytrying to control the levels of
sound
pressure in the class, by providing suitable acoustics in the classroom.Key
Word:
Noise levels;on
health clubs;gymnasiums;
hoarseness; noise; hearing loss.CAPÍTULO
1O
Problema
1.1
Introduçao
O
som
faz parteda
vida diáriadas pessoas
e apresenta-se, por exemplo,como:
música, cantodos
pássaros,uma
batidana
porta, o tilintardo
telefone, asondas
do
mar
e outros. Entretanto,na
sociedademoderna
muitossons são
desagradáveis e indesejáveis, e
esses são
definidoscomo
ruídos(GERGES,
1992).
Sabe-se
que
o efeitodo
ruídono
indivíduonão
depende
somente das suas
caracteristicas (amplitude, freqüência, duração),
mas também
da
atitudedo
indivíduo frente a ele(GERGES,
1992).Nos
últimoscem
anos,com
a progressiva industrialização esuas
manifestações
na
sociedade, osproblemas
decorrentesdo
ruidocomeçaram
aser identificados, tornando-se objeto
de
constantepreocupação de
especialistasna
área ede
acordocom
as pesquisas, o nivelde
ruidotem
aumentado
na
vidahomem,
tantonas
atividades profissionaiscomo
nas de
lazer.Em
tempos
recentes, muitos esforçostêm
sido realizados paracombater
aexposição
ao
ruido ocupacional emedidas
preventivasao
ruidoem
muitasempresas parecem
ser promissoras. 1Menos
positivas, porém,são
as atividadesde
exposiçãoao
ruído durante otempo
de
atividadede
lazer.Determinadas
atividades desenvolvidas no lazer eno
esporte
também podem
contribuir para o aparecimentoou agravamento da
perdaauditiva. Dentre
essas
atividadestemos
as exposições asons
intensosque
ocorrem
em
danceterias, apresentaçõesde
conjuntode
rock, trios elétricos e atémesmo
ouvirmúsica
pormeio
de
aparelhoscom
fones individuais (walkman).Os
esportes motorizados, o tiro
ao
alvo e as atividades físicascom
acompanhamento
musical,
também
possuem
um
potencial significativo para a ocorrênciade
lesões auditivas induzidas pelo ruído(AXELSSON,
1991).Verificou-se
que há duas
décadas, aproveitando a popularidadeda
atividade aeróbica, difundida pelomédico Kenneth
Cooper, a professoraamericana Jack Sorensen
introduziu amúsica nas
aulasde
ginástica tradicional,tornando os exercícios coreografados e animados.
Desde
então, a ginásticaaeróbica,
como
passou
a serchamada
tem
evoluídoem
vários aspectos,como
uniformes, calçados, aparelhagens enovas
técnicas(JUCÁ,
1993).A
música,no
entanto,
que
é a própriaalma
da
modalidade,pouco
foi discutida enão
são rarosos profissionais
da
áreaque
acreditamque
som
muito altoaumenta
o rendimentodos
alunosnas
aulas. Assim, paramanter
os alunoscada vez
mais "envolvidos"na
aula, muitos professores deginásticausam
ovolume do
aparelhode
som
em
alta intensidade. Esta prática traz
como
conseqüência
uma
desnecessáriacompetição
entre avoz do
professor e o própriosom
da
música, poissem
conseguir comunicar-se
adequadamente
com
os alunos, eletem
que
gritar,exigindo
demais das
pregas vocais,além de
estar prejudicandosua saúde
auditiva e
de seus
alunos.Nos
últimos tempos, asacademias de
ginástica multiplicaram-se, pois tiveram aceitaçãode
uma
grande
parcelada população que
busca,além do
bem
estar e
boa
forma física, a diversão, o entretenimento,um
circulode amizade
e ogosto pelo ritmo
da música
amplificada utilizadanas
aulas.HALPERN
&
SAVARY
(1985) referem-se amúsica nas academias de
ginásticacomentando
que, ..."maisum
fator nocivo para asaúde
e aboa forma
física é o fato
da música nesses
lugares ser transmitidaquase
sempre
distorcidapor ser
excessivamente
alta,enfraquecendo mais
ainda o corpo e dificultando acomunicação
entre instrutor e alunos".Por
exercerem
atividades profissionaisem
ambientes
com
altos níveisde
pressão sonora, os professores
de
ginásticasão
indivíduos susceptíveis acomprometer sua
audição seja,sob
formade
queixas otológicascomo
zumbido,sensação de
plenitude auricular(sensação de
ouvidotampado)
e dificuldadeem
compreender
a fala,ou
atémesmo
configurar oquadro de Perda
Auditivalnduzida por
Ruído
(PAIR).Estudos
realizados até omomento
confirmaramque
os níveis sonorosgerados
pelamúsica
amplificadaque
excedem
a85
dB(A),sejam
elesgerados
por fones
de
ouvido,ambiente de
trabalho ruidoso, brinquedos sonoros,atividades domésticas e recreacionais, (...)
podem
acarretardanos
àsaúde
eNos
ambientes
de
trabalho, as condiçoes ambientais desfavoráveissao
grandes
fontesde
tensão e o ruido éum
dos
fatoresque
influem diretamenteno
desempenho
do
trabalhohumano.
As
academias de
ginásticanão
fogem
destarealidade,
porque
os professoresque são
os trabalhadores expostos a niveisde
som
muito alto, estão sujeitos àsconseqüências
mais evidentesdo
ruídoque
são
a surdez, interferência
na
comunicação,cansaço
eredução
da
eficiência(FUSCO,
1995).Diante
do
exposto ede posse dos
resultadosda
pesquisa realizada porDEUS
(1995),na
qual verificou-seque
o niveisde
pressão sonoranas
academias
de
ginásticaestudadas na
cidadede
Florianópolis -Santa
Catarina, estavaacima
do
recomendado
pela Portaria3214-NR15
do
Ministériodo
Trabalho, considera-se importante dar continuidade
ao
estudo, realizando-seuma
avaliação acústicado ambiente de
trabalhodo
professorde
academia, utilizando-se para issoda
Ergonomia.
Enquanto
áreado conhecimento
científico, cujapreocupação
centra-se
nos
aspectoshumanos
do
trabalhoem
qualquer situaçãoonde
este érealizado,
com
as
seguintes finalidades básicas: omelhoramento
e aconservação
da
saúde
dos
trabalhadores e aconcepção do
funcionamento satisfatóriodo
sistema técnico
do
pontode
vistada produção
esegurança
(WISNER,
1987).Desta
maneira, aErgonomia busca
melhorar os postosde
trabalhosfatigantes e/ou perigosos, inclusive o
dos
professores, colocando ostrabalhadores
em
melhores
condiçõesde
trabalho,de
forma a melhorar oseu
rendimento e evitar acidentes
ou doenças
ocupacionais.Através
da Ergonomia pode-se
produziruma
"radiografia viva"das
situações reais
de
trabalho, identificando os principais fatores envolvidosno
processo,
descrevendo
e analisandoseus elementos
constituintes, predizendo asconseqüências
para segurança, eficácia ebem
estardos
trabalhadores,mais
especificamente,
dos
professoresde
academia.1.2 Justificativa
A
perda auditiva relacionada à exposição a altos níveisde
pressão sonoraIBANEZ,
1993).A
maior parte destes referem-se à exposiçãoao
ruídogerado
pormáquinas
emotores
no ambiente de
trabalho.Em
relação à exposição amúsica
eletronicamente amplificada (quetem
evoluído
com
asnovas
tecnologiasda
eletrônica,aumentando
a potênciados
equipamentos de
som), as pesquisas restringem-seapenas
amúsicos
integrantesde
orquestras,de
conjuntosde
rock, trios elétricos, DJ's e usuáriosde
fonesde
ouvido (walkman).
A
escassez de
publicações e bibliografias a respeitoda
exposição amúsica
eletronicamente amplificada
em
ambiente
de
trabalho por profissionais "nãomúsicos", torna necessário o
aprofundamento no
assunto.Pretende-se
com
a investigaçãodo ambiente de
trabalhodos
professoresde academia de
ginástica, analisar o nívelde
pressão sonorano ambiente
paraverificar se os níveis
são
prejudiciais àsaúde
e a partir daí, alerta-los quanto àsua
exposição àmúsica
eletronicamente amplificada durante as aulas, pois issopoderá
serum
fatordesencadeante de
insalubridadeem
tais ambientes.Um
outro aspecto importante a ser ressaltado nesta pesquisa é a vozhumana,
como
principal veículode comunicação,
e principal instrumentode
trabalho
dos
professores.A
disfoniado
professortem
sidoestudada
e consideradacomo
doença
profissional e socialna
maioriados
países.Os
transtornos vocais constituemuma
preocupação
em
relaçãoao
desempenho
do
professor,que
fica limitadoao
exercício
da
profissão.Como
conseqüência, tem-se discutidocada
vezmais
sobre a profilaxia deste tipo
de
patologia.Busca-se
com
este trabalho orientar os professoresde
ginástica quanto amanutenção
saudável, estéticade sua
voz, garantindo a eles apermanência
nomercado
de
trabalho."Não
deixarque
amúsica
e ouso
incorretoda voz
sejaum
riscode
lesãonas
aulas éuma
missão
que
cabe aos
três interessados diretamentena
ginástica:academia, professor e aluno.
Cada
um
tem
uma
função importante neste1.3
Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
1. Investigar os efeitos auditivos e extra-auditivos
nos
professoresde academia
de
ginásticaque
trabalham expostos a níveis elevadosde
pressao sonora,decorrentes
da música
eletronicamente amplificada.1.3.2
Objetivos
Específicos
C
1. Medir os níveis
de
pressão sonoraem
14Academias
de
Ginástica,da
cidadede
Florianópolis - SC;2. Avaliar acusticamente as salas
de
aula consideradasna
pesquisa, a fimde
determinar-lhes os valoresde
tempo
de
reverberaçâo ideal paraambientes
fechados de
acordocom
aNBR
10152/1987
(Níveisde Ruído
para ConfortoAcústico);
3. Verificar a ocorrência
de
alterações audiométricasnos
professoresde
academia de
ginástica;4. Verificar a existência
de
queixas e/ou alterações vocaisnos
professoresde
ginástica.
1.4
Questões
a Investigara)
Quais são
os níveisde
pressão sonora utilizadosnas academias de
ginástica;b) Calcular os
Tempos
de Reverberaçäo
para as salasde
aula consideradasna
pesquisa;
d) Investigar possíveis queixas vocais
nos
professoresapós
a jornadade
trabalho e avaliá-las;
e) Realizar
uma
investigação preliminarda
audiçãodos
professores.1.5
Delimitaçao
do
Estudo
O
enfoque
do
presente estudo limita-se a investigar oscomprometimentos
auditivos e possíveis disfunções vocais
em
professoresde academia
que
trabalham
em
14academias no
municípiode
Florianópolis - SC, expostos àmúsica
eletronicamente amplificada.Através
de
um
enfoque ergonômico
busca-se estudar os locaisde
trabalhodestes profissionais, no
que
se refereaos
níveisde
pressão sonora utilizadosnas
aulas.
Foram
estudadas somente
asacademias
registradasna
prefeiturada
cidade e
que
ofereciam aulasde
ginástica aeróbica e/ou localizada, porserem
essas modalidades
asque
trabalhamcom
música
eletronicamente amplificada.Não
foram consideradas outras variáveis, taiscomo
problemas
músculo-esqueléticos e lesões por esforços repetitivos.
Num
primeiromomento,
espera-se contribuir para aprevenção
primáriada
perda auditiva induzida pelo ruído,
na
medida
em
que
procura-secom
esteestudo, informar
aos
professores envolvidos sobre a importânciada
audição, osmeios de
preservá-la e osdanos causados
ãsaúde
pelos níveisde
pressãosonora elevados.
Num
segundo
momento,
pretendeu-se orientar os professoresde academia
quantoao uso
corretoda
voz,apresentando noçoes
básicas erecomendações
sobre afonação
e asaúde
vocal.1.6
Organização
do
Estudo
O
presente estudo está organizadoem
seis capítulos.Este capítulo apresenta a situação-problema, justifica
de
forma resumida, aimportância
do
estudo, definindo objetivos e as questões à investigar.O
capítulo llna
audição.Apresenta
estudos sobreambientes de
trabalho ruidosos, exercíciosfisicos,
música
e níveisde
pressão sonora elevados,como também
tratade
alguns aspectos
ergonômicos das
salasde
auladas academias
e apresentapesquisas sobre disfunções vocais e o
uso
indevidoda
voz.O
capítulo lll apresenta osProcedimentos
Metodológicos utilizados para arealização
do
estudo.O
capítulo IVocupa-se dos
Resultados e Discussão, eno
capituloV
serão apresentadas asConclusões
eRecomendações
para Trabalhos Futuros.Em
seguida, serão apresentado o capítulo Vlcom
as Referências Bibliográficas e o capítulo Vllcom
os respectivos Anexos.cAPÍTuLo
2
Revisão
de
Literatura
2.1
Som
eRuído
Ruído
esom
não são
sinônimos.Um
ruído éapenas
um
tipode
som,mas
um
som
não
é necessariamenteum
ruído.O
conceitode
ruído é associado asom
desagradável e indesejável
(RUSSO,
1993).O
fenômeno
acústicodenominado
"ruído" foi definido porCHAWDICK
(1973)
como
qualquersom
dissonante, discordanteou
anárquico.Segundo
ASTETE
(1979) "ruído é qualquersom
que
tenha potencialidade para causarefeitos nocivos
ou
não
desejadosno
funcionamentodo
ouvidohumano, sendo
um
fenômeno
subjetivoque
depende
das
características intrínsecasdas
pessoas".A
Assoc|AçÃo
BRAs|LE|RA
DE
NORMAS
TÉcN|cAs
(1987) conceituao ruído
como
“a misturade
tons cujas freqüências diferem entre si por valorinferior à discriminação
(em
freqüência)do
ouvido". ParaCOSTA
&
KITAMURA
(1995), ruído (ou barulho) é todo
som
inútil e indesejável,englobando
neste conceito"um
aspecto subjetivode
indesejabilidade, por ser osom
assim
definidocomo
desagradávelou
por ser prejudicialaos
diversos aspectosda
atividadehumana
ou
mesmo
à saúde".Por
som
compreendefse
qualquer perturbação vibratóriaem
um
meio
elástico, oscilações
no
ar,que
produzuma
sensação
auditiva(MERLUZZI,
1981).Na
realidade,sao
variaçoesda
pressao atmosférica originadas pela própria turbulênciado
arou
por materialem
vibração, e paraque
sejam
audíveis, taisoscilações necessitam apresentar determinadas características
de
freqüência eintensidade.
A
freqüênciade
uma
onda
sonora refere-seao
número
de
vibrações_porsegundo,
medida
em
Hertz (Hz)ou
ciclos por segundo.O
ouvidohumano
ésensível às
ondas
sonoras na faixade
freqüênciaque
vaide
16 a 20.000 Hz,variando
de pessoa
para pessoa, inclusivecom
a idade.As
ondas
sonorasde
baixa freqüência
correspondem aos sons
graves e asde
alta freqüênciaaos sons
enquanto
que
acima
de
20.000Hz
são
os ultra-sons,ambos
inaudíveis para o serhumano.
O
som
que
chega ao nosso
ouvido éformado
porum
espectrode
váriasfreqüências,
com
intensidades diferentes,sendo que
acomunicação
sedá
principalmentena
faixade 500
a2000
Hertz.A
faixade
maior" sensibilidadedo
ouvido está entre
2000
Hz
e4000
Hz (ASTETE,
1979).A
intensidade é a quantidadede
energia vibratóriaque
sepropaga nas
áreas próximas a partir
da
fonte emissora.Pode
ser definidaem
termosde
energia (Watt/m2)
ou
em
termosde
pressão (N/m2ou
Pascal).A
intensidadedo
som
émedida
pelo nívelde
pressão sonora, cuja unidade é o decibel (dB)(GERGES,
1992).`
A
figura a seguir ilustra a intensidade e a freqüênciade
algunssons mais
comuns.
NPS
(dB)Pressão
0,00002
Sonora
Exemplos
(N/mz) (N/mz)
140
___
200
Limiarda
dor130
Sirenede
alarme público (a2m
de
distância)120
20
Dinamõmetro
motores Diesel (a1m
de
distância)110
Serra fita (olmadeira ou
metais a1m
de
distância)100
___
2 “Prensas
excèntricas90
Caminhão
Diesel80 km/h
(a15m
distância)80
___
0.2 Escritório barulhento70
Carrode
passageiros a80 km/h
(a15m
distância60
0.02Conversacão
normal (a1m
de
distãncia)50
40
___
0.002 Local residencial tranqüilo30
Tic-tacde
relógio20
___
0.0002 Sussurro10
0
0.00002
Limiarde
audibilidadeFigura 1 -
Valores correspondentes
de
NPS
eexemplos (ASTETE,
1980)De
acordo
com
aNorma
ISO 2204/1973
(InternationalStandard
Organization),os ruídos
podem
ser classificadossegundo
a variaçãode seu
nívelde
intensidadecom
otempo
em:
A.
Contínuo
- ruídocom
variaçõesde
níveis desprezíveis (atéaproximadamente
3 dB) durante o período
de
observação.Os
ruídos contínuossão
osque
apresentam
nenhuma
ou
uma
mínima
variaçãode
intensidade.B. intermitente - ruído cujo nível varia continuamente
de
um
valor apreciável(superior a
aproximadamente
3 dB) durante o períodode
observação.Os
ruídos intermitentes
são
osque
duram
segundos ou no
máximo
algunsminutos e
podem
ser repetidos.C.
Impacto
ou Impulso
- aqueleque
se apresentaem
picosde
energia acústicade duração
inferior aum
segundo.A
formade
onda
deste tipode
ruído éfrequentemente descrita por
sua
amplitude e duração.A
amplitude émedida
no
picomáximo;
aduração
é otempo
que
aonda
leva para cair20
dB
de seu
nível normal.O
ruídode
impacto éum
fenômeno
acústico associado àexplosões e é considerado
um
dos
tiposde
ruído mais nocivos à audição,com
intensidades
que
variamde 100
dB
para o ruídode
impacto eacima de 140
dB
para o ruído impulsivo(FELDMAN
& GRIMES,
1985).2.1.1
Transmissão
do
Som
ePropriedades Acústicas
do
Ambiente
Sabe-se
que
apropagação das
ondas
sonorasno
mundo
realnão
ocorresem
que encontrem
em
sua
trajetória obstáculosque ofereçam
uma
resistênciafriccional,
fazendo
com
que
a intensidade sonora diminuacom
otempo
ecom
adistância
da
fonte sonora.A
quantidadede
som
refletida, absorvidaou
transmitidadependerá das
características físicasdo
obstáculo as quaisdeterminam
aimpedância
específica deste,ou
seja, a oposiçãoque
oferecem
ãpassagem
da
onda
sonora(RUSSO,
1993).A
reflexãodos sons
ocorrequando
estes sedeparam
com
obstáculosrígidos,
de
superfície lisa,dando
origemaos
chamados
ecos
ou
ondas de
reverberação, cuja diferença está
apenas na
distânciado
obstáculoem
relaçao âfonte sonora.
A
reverberação ocorrequando
osom
refletido retorna à fontenum
intervalode
tempo
inferior a 1/10de
segundo
e éum
fenômeno
característicode
recintos fechados,nos
quais o obstáculo encontra-se amenos
de
17 metrosda
O
tempo
requerido para aonda
sonora refletida seratenuada
em
60
dB,em
relaçãoao
nívelde
intensidade original, édenominado tempo
de
reverberação, isto é, o
tempo
em
que
osom
permanece
no
ambiente, realizandoinúmeras
reflexões atéque sua
energia caiaum
milhãode vezes
em
relação ãenergia original
(RUSSO,
1993).A
mensuração
do
tempo
de
reverberação é necessária,não
só paraverificar a
atenuação da
intensidade sonora,mas também
para determinar as característicasde absorção de
uma
sala. Estetempo aumenta
com
ovolume da
sala e diminui
com
a quantidadede absorção
desta.A
perdana
transmissãoda
onda
sonora éuma
propriedade relacionada àparede
e é definidacomo
a relaçãoda
energia transmitida através destacom
aquela
que
incidiu sobre ela. Estaatenuação da onda
sonora é expressaem
decibéis (dB). Já a
absorção
ocorrequando
o obstáculonão
apresenta rigidez suficiente para refletir aonda
sonora, oferecendopouca
resistência asua
passagem,
dissipando a energiaem
seu
interiorou
transformando-aem
calor.Os
materiais fibrosos e porosossão
osmais
comumente empregados
paraesse
fim e, porsua
vez,determinam
ochamado
coeficientede
absorção, isto é, arelação entre a energia abson/ida e a incidente, expresso
numericamente
evariando
de
O a 1.Se
um
material éum
perfeito refletor, o coeficientede absorção
será zero, e se for
um
perfeito absorvente será 1.A
efetividadede absorção de
um
material variaem
funçãoda
freqüência,sendo
ossons
gravesmais
difíceisde serem
absorvidosdo
que
os agudos.Quanto
mais espesso
for o absorvente,mais
baixa a freqüênciaque
omesmo
está apto a absorver
(NEPOMUCENO,
1984).A
distribuiçãoda voz de
um
professorem uma
salade
aulaou de
ginástica ocorrede
modo
direto e refletido,dependendo
do
materialque
reveste asparedes.
Se
somente
superfícies rígidas e lisas foremempregadas
na
construçãodesta sala, a reverberação ocorrerá e,
mesmo
que
apresenteum
nível sonoroinferior
ao
da
onda
incidente,dependendo
do
tempo
de
reverberação, ainteligibilidade
da
mensagem
de
fala estará seriamente comprometida. Destemodo,
a utilizaçãode
materiais absorventesnas
paredes,no
teto,no
pisode
uma
sala
de
ginásticaou de
aula, só terá êxito, se as condições iniciais e finaisde
2.1.2
Ruído
eAmbiente de
Trabalho
O
homem
tem conhecimento da ação do
ruído sobre seuorganismo
desde
tempos
remotos,em
especialao
relacionar certos tiposde
profissõescom
o riscode
tornar-se surdo(WERNER,
1990). `O
primeiro relatode nexo
causal entre ruido e perda auditiva foi feito por Plínio, o Velho, sobre a surdezdos
moradores que
viviam próximo às cataratasdo
rio Nilo,
no
Egito,no
primeiro século A.C.Em
1713, omédico
italiano Ramazzinipublicou o livro
"De
Morbis Artificum Diatriba",no
qual elecomenta
sobreempregados
da
indústriade
fabricaçãode
cobrecom
perda auditiva ocupacional,devido
ao
método
de
trabalhocom
marteladas.No
século XVIII,na
Inglaterra,Thomas
Barrdocumentou
a perda auditivade
fabricantesde
caldeiras, eFosbroke descreveu
a surdez ocupacionaldos
ferreiros(GOMES,
1989).O
nívelde
ruídonos ambientes
vem
aumentando
como
conseqüência
inevitável
dos avanços
tecnológicos e constituielemento
inseparáveldo
convívioambiental
do
homem.
O
ruidonão
sóacompanha
ohomem
no
trabalho,mas
também,
quando
este se desloca (ruídode
tráfego),quando
se diverte (boates,danceterias,
academias de
ginástica), etc. 'Segundo MAGRINI,
"(...) lamentável, porém, é o
mau
trato que,atualmente,
vem
sendo
reservadoao
ouvidonas
cidades,nas
escolas e,principalmente
nos ambientes de
trabalho,onde
a transformaçaoda
matériaem
bens de
consumo
ede
serviço éacompanhada
de
intensaprodução de
ruído e,em
muitos casos,de
surdos" (apudSANTOS,
1994, p.81).Constatou-se
desde
a últimadécada que
os custoseconômicos
e sociaisdos
altos niveisde
ruídoem
ambientes
de
trabalhotornam
indispensáveismedidas
expressivas visando aredução da
exposiçãodos
trabalhadoresao
ruído.Estes custos
não
incluemsomente
ascompensações
econômicas
e o desconfortodaqueles
com
uma
perda' auditiva.Pressupõem,
também,
fatoresmenos
quantificáveis,
como
uma
alteraçãona
produtividade,aumento
de
estresse, distúrbiosna
comunicação
e riscosde
acidentes paraum
grande
número
de
trabalhadores
(GIERKE
&
ELDRED,
1993).A
perdada capacidade
auditiva relacionadaao
trabalho éde
abordagem
homeostase
do
trabalhador semedidas de
controle sobre asua saúde não
foremestabelecidas.
Essas
perdas auditivasquando
causadas
por exposiçãoao
ruídocom
níveis elevados
de
pressão sonora,no ambiente de
trabalho,são do
tipo neuro- sensoriais, tendocomo
característica principalsua
irreversibilidade. Tais perdasacontecem
insidiosamente.São
de
lento desenvolvimentoao
longodo
tempo
ecom
agravamento
progressivo,caso não
haja a eliminaçãoda
exposiçãoou
sua_diminuição,
obedecendo
os limitesde
tolerância estabelecidos.Os
trabalhadores,na
maioriadas
vezes, só sedão
contaquando
apresentam
perdaacentuada da
audição
em
caráter irreversível (LEITE, 1996).No
Brasil, o Decretoda
Consolidaçãodas
Leisdo
Trabalho (CLT),publicado pelo presidente Getúlio
Vargas
em
1934, tratou pela primeiravez das
doenças
ocupacionaisnos ambientes de
trabalho edos
acidentesde
trabalho,no
capítulo sobre Medicina e
Segurança do
Trabalho.Em
O8 de
junhode 1978
foipublicada a Portaria 3214,
do
Ministériodo
Trabalho,com
váriasNormas
Regulamentadoras
(NR's). Entre elas, aNR
15anexo
l,que
estabelece os limitesmáximos
de
exposiçãoao
ruido (para oito horasde
trabalho,85
decibéiscomo
nível
máximo
de
pressão sonora). e apresenta as condiçõesde
avaliação eTabela
1 - Limitesde
tolerânciapara
ruídocontínuo
ou
intermitente ' “ ' ' A 1;ââz;;,;1;§§;§id_B(A)>àf1 "¡¡f¡"" ' ifšíšššššëšfifšffíi Permissível11âÍíí'..;§-1i_j'í 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutosFonte: Adaptado da Portaria n° 3214 de 08 de junho de 1978 - Ministério do Trabalho
As
estatísticas oficiaiscolocam
as perdas auditivas induzidas por ruídocomo
uma
das
principaisdoenças
ocupacionaisobservadas
no país devidoao
elevado
número
de
trabalhadores expostos,bem como
por contadas
conseqüências
para aspessoas
por elas afetadas, muitasvezes
excluindo-asprecocemente
da
vida laboral.Segundo K\NlTKO
(1994) "o ruído éum
dos mais
gravesproblemas de
saúde
ocupacional, constituindo-seno
principal agente nosológico amerecer
atenção
em
ambientes de
trabalho" (p.14).O
autorcomenta
também
que
esteagente físico é considerado o maior subproduto industrial
que
continuacausando
perda auditiva
mais ou
menos
acentuada,em
pelomenos
50%
dos
indivíduosexpostos, e tendo efeitos entre outros,
na
origemdos
acidentes,na
produtividade,em
erros diários,no
aprendizado ecomportamento
social.A ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA
DE
SAÚDE
(1983)recomenda
limitesde
exposição a ruídos, classificando os diversos ambientes.Para
os ruídosdB(A)
no
horário noturno,expressando
uma
preocupação
com
o bem-estar geral,além
de
levarem
conta acomunicação
oral.A
Portaria n°92
de
19de
junhode 1980 do
Ministériodo
Interior,do
Brasil,considera prejudiciais à
saúde
eao sossego
público ossons
e ruídosque
atinjamno ambiente
interiordo
recintoem
que tem
origem, maisde 70
dB(A) durante odia e
60
dB(A) durante a noite.Os
ambientes
em
que
são
praticadas as atividadesde
lazercom
exposiçãoà
música
eletronicamente amplificada,tem
sidoestudados
por especialistas apartir
da
década
de
60,nas mais
diversas situaçõesde
exposição,como
ocorrenos
concertosde
rock,em
danceterias, trios elétricos, orquestras sinfônicas enos
equipamentos de
som
instaladosno
interiorde automóveis
(AXELSSON,
1991).A
evoluçãoda
eletrônica e oconseqüente
aumento
dos
amplificadoresacoplados
aos
instrumentos musicaismodernos,
levaram aum
aumento
da
intensidade
da música
que, porsua
vez,tem provocado
efeitos nocivos à audição,especialmente
dos
profissionaisque
atuam nessa
área.A
influênciada música
eletronicamente amplificadacomo
fator causalde
perda auditiva induzida por altos níveis
de
pressão sonora éuma
questãoque
preocupa
especialistasde
todo omundo.
Os
estudosque
avaliaram as pressõessonoras nos
ambientes
enos equipamentos
revelaram níveis altíssimosque
ultrapassaram os limites
de
riscos, inclusive os impostos pelos Órgãos públicosregulamentadores.
Foram
observados
níveisde
pressão sonoraque vão de 99
a130
decibéisem
ambientes de
danceterias,de 100
a115
decibéisem
concertosde
rock,82
a102
decibéisnas academias de
ginástica ede 70
a113
decibéisem
equipamentos
com
fonesde
ouvido(AXELSSON,
1991).A
Associação
Brasileirade
Normas
Técnicas(ABNT)
fixa níveismáximos
de
intensidade sonora para salasde
concertos, teatros, salasde
conferências,cinemas
e salasde uso
múltiplo, entre30
e45
dB(A). Entretanto,no
Brasilnão
existe legislação
que
especifique limitesmáximos
de
ruídosno
interiordos
recintos
onde
são
apresentadasmúsicas
eletronicamente amplificadas,ou
seja, a legislaçãoem
vigor limita-seapenas
a regulamentar ruídos produzidos nestesambientes que incomodariam
a vizinhança.Os
ambientes de
trabalhocom
níveisde
ruídoacima de 85
dB(A)são
considerados insalubres, o
que
obriga oempregador
a adotarmedidas de
do
respectivo adicionalde
insalubridade equivalente a20%
do
salário mínimo,assim
como
o direitoao
benefícioda
aposentadoria especial.Além
disso,em
ambientes
com
níveisde
ruídoacima de 85
dB, ostempos de
exposição diárianão
devem
exceder
os limitesde
tolerância (Tabela 1).As
atividadesou operações que
exponham
os trabalhadores a níveisde
ruído superiores a115
dB,sem
proteçãoadequada, são
consideradas risco gravee iminente,
podendo
levar à interdiçãodo
estabelecimento,máquina ou
equipamento.
Para
minimizar os efeitosda
exposição a ruídosejam
eles os auditivosou
não, foram desenvolvidos
uma
sériede
critérios limitantes incorporadosnas
legislaçõesque
tratamda saúde do
trabalhador eda segurança
e higieneno
ambiente de
trabalho.Estas legislações,
em
praticamente todos os países industrializados,limitam o
tempo
de
exposição,dependendo
do
nívelde
pressão sonora existenteno
localde
trabalho.As
principais diferenças entre as legislações atuaissão
quantoao
critériobásico para 8 horas,
85
dB(A)ou 90
dB(A), e a relação entre o acréscimoem
dB
para
cada
dobrode
tempo
de
exposição, conhecidocomo
“fator Q”,ou
“fatorde
dobra
de
tempo”.Nos
EUA
eno
Brasil é utilizado o fatorde
5dB
acada
dobrode
tempo,enquanto
que
na
Comunidade
Européia e partedo Canadá,
foiadotado
o fatorde
3
dB
paracada
dobrode
tempo. Especialistasem
conservação
auditiva eaudiologia ocupacional,
também recomendam
a utilizaçãode
Q
= 3 dB.No
Brasil é válido oAnexo
Ida
NR
15,da
Portaria3214/78 do
Ministériodo
Trabalho,
que
partedo
critériode 85
dB(A) para 8 horas eQ
= 5 dB.O
efeitodo uso da
dobrade
tempo
em
Q
= 3dB
e 5 dB,pode
ser vistono
Quadro
1,como
por exemplo,enquanto que
um
nívelde 95
dB(A) paraQ
= 3dB,permite
um
tempo
de
exposiçãode 48
minutos, e paraQ
= 5 dB, permitirá120
minutos
(NEPOMUCENO,
1993).A
perda auditiva induzida por ruído relacionadaao
trabalho é consideradano
Brasil,doença de
notificação obrigatóriaao
Ministériodo
Trabalho,ao
INSS
eaos
serviçosde saúde
pública municipais e estaduais,sendo
que, o Ministériodo
Trabalho e o Sistema Único
de
Saúde
(SUS) são
os responsáveis pelaDo
pontode
vista sensorial, nota-seque
aspessoas
atingidas pela surdezsão
afastadasdas
experiências sonoras,ao
pontode
ficarem totalmente isoladasdo
mundo
dos
sons. Jáno
nível intelectual, ficam privadasda modalidade
primária
no
processode
desenvolvimentodas
inter-relações, sofrendo frustraçõese insucessos nas áreas sociais, ocupacionais e emocionais.
A
deficiência auditiva isola apessoa de sua
família,de seus
pares ede sua
comunidade, sendo
comum
sujeitá-la a atitudes negativas por parte daquelesque
não
conseguem
entender a natureza desta incapacidade(BEHRENS
&
LIBERGOTT,
1971).Quadro
1 -Tempos
Permitidos
em
Minutos
-Tn
(NEPOMUCENO,
1993)60 960 1524 65 460 460 66 416 361 67 364 302 66 317 240 69 276 190 90 240 151 91 209 12o 92 162 95 93 156 76 94 136 60 95 120 46 96 104 36 97 91 30 96 79 24 99 69 19 100 60 15 101 52 12 102 45 9 103 40 6 104 34 105 30 106 26 107 23 103 20 109 17 110 15 111 13 112 11 113 10 114 9 115 7 O-*-\-*-\-^f\Jl\)(›3-#010)