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Influência dos parâmetros operacionais no comportamento dinâmico de chumaceiras axiais de esmagamento de película compressível

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Academic year: 2021

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INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS NO

COMPORTAMENTO DINÂMICO DE CHUMACEIRAS AXIAIS

DE ESMAGAMENTO DE PELÍCULA COMPRESSÍVEL

André Batista Pestana

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientador: Prof. Eduardo Joaquim Anjos de Matos Almas

Júri

Presidente:

Prof. Luís Manuel Varejão de Oliveira Faria

Orientador:

Prof. Eduardo Joaquim Anjos de Matos Almas

Vogais:

Prof. Miguel António Lopes de Matos Neves

Tenente-Coronel Eng Mat António José dos Santos Martins

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Agradecimentos

Manifesto os mais sinceros agradecimentos a todas as pessoas que contribu´ıram direta ou indireta-mente, na elaborac¸ ˜ao desta dissertac¸ ˜ao de mestrado, com destaque:

Ao meu orientador cient´ıfico, Professor Doutor Eduardo Joaquim Anjos de Matos Almas, pela orientac¸ ˜ao e apoio ao longo de todo o trabalho. Agradec¸o ainda, todo o conhecimento transmitido n ˜ao s ´o no ˆambito da dissertac¸ ˜ao de mestrado como na resoluc¸ ˜ao de problemas gerais de engenharia.

Ao Coronel Eng. MAT Jo ˜ao Paulo Barreiros Pereira da Silva que, com amizade, sempre me apoiou ao longo de todo o percurso na Academia Militar.

Ao professor Doutor da Academia Militar, Jos ´e Borges, por ter apoiado o Curso de Servic¸o Material, ao longo destes ´ultimos anos.

`

A Academia Militar, pela formac¸ ˜ao de excel ˆencia proporcionada, contribuindo para o meu desenvol-vimento no ˆambito pessoal e militar.

Aos meus camaradas da Academia Militar e amigos pela lealdade, apoio e amizade ao longo do meu percurso acad ´emico.

`

A minha m ˜ae, irm ˜ao e irm ˜a por toda a confianc¸a, amor e pela sua presenc¸a nos melhores e piores momentos da minha vida.

`

A minha amiga, Cristina Esteves, por toda a amizade e pelo apoio no processo de revis ˜ao desta dissertac¸ ˜ao.

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Resumo

No presente trabalho s ˜ao estudadas chumaceiras axiais de esmagamento de pel´ıcula compress´ıvel. A lubrificac¸ ˜ao deste componente mec ˆanico, ´e conseguida por meio de um fluido gasoso justificando a obtenc¸ ˜ao de soluc¸ ˜oes por via de experimentac¸ ˜ao num ´erica, uma vez que atualmente ainda n ˜ao ´e poss´ıvel recorrer-se a m ´etodos anal´ıticos.

Atrav ´es da simulac¸ ˜ao num ´erica, analisa-se a influ ˆencia de alguns par ˆametros operacionais na res-posta deste tipo de chumaceira.

Na an ´alise dos resultados verifica-se que a posic¸ ˜ao m ´edia final do elemento suportado ´e indepen-dente da espessura de pel´ıcula inicial utilizada, desde que esta n ˜ao ultrapasse o valor limite em que a press ˜ao gerada n ˜ao consiga fazer face `a acelerac¸ ˜ao da massa durante a fase descendente, resultando no contacto entre as superf´ıcies dos elementos da chumaceira.

A utilizac¸ ˜ao de frequ ˆencias elevadas ´e recomend ´avel uma vez que promove uma maior separac¸ ˜ao de superf´ıcies, menor dissipac¸ ˜ao de energia por parte da pel´ıcula lubrificante e menor amplitude de oscilac¸ ˜ao do elemento suportado, embora com as desvantagens do per´ıodo transiente ser superior e do ganho do afastamento do elemento suportado se reduzir significativamente, seguindo um modelo assimpt ´otico.

Em condic¸ ˜oes de press ˜ao constante e frequ ˆencia elevada, o sistema, com o aumento da massa, reage de forma a permitir uma melhor lubrificac¸ ˜ao da chumaceira e a reduzir a oscilac¸ ˜ao do elemento suportado. Por outro lado, a rigidez do sistema aumenta fazendo face a uma poss´ıvel sobrecarga.

Palavras-chave:

Tribologia, Chumaceira Axial de Esmagamento de Pel´ıcula, Lubrificac¸ ˜ao com Fluido Compress´ıvel, Experimentac¸ ˜ao Num ´erica, Par ˆametros Operacionais.

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Abstract

This document presents a study of compressible squeeze film thrust bearings. The lubrication of this mechanical component is achieved by a gaseous fluid for which there are no available analytical solutions thus requiring the use of numerical experimentation.

Through a numerical simulation, it was analyzed the influence of some operational parameters in the performance of this type of bearing.

From the results analysis it can be concluded that the mean final position of the supported element is independent of the initial film thickness used, provided it does not exceed the threshold value at which the pressure generated can not cope with the acceleration of the mass during the downturn resulting in contact between the surfaces of the bearing elements.

The use of higher frequencies is recommended since it promotes greater separation between surfa-ces, lower energy dissipation by the lubricating film and a lower amplitude of oscillation of the supported element, however with the disadvantages of having a larger transient period and a significantly reduced increase in the support element clearance approaching an asymptotic limit.

Under conditions of constant pressure and high frequency, the system reacts to an increase in the supported mass leading to an improved lubrication of the bearing and a reduced oscillation of the sup-ported element. It also increases the stiffness coping better with a possible overload.

Keywords:

Tribology, Squeeze Film Thrust Bearing, Compressible Fluid Lubrication, Numerical Experimentation, Operation Parameters.

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Conte ´

udo

Agradecimentos . . . V Resumo . . . VII Abstract . . . IX Lista de Tabelas . . . XIII Lista de Figuras . . . XVI Nomenclatura . . . XVIII

1 Enquadramento da Dissertac¸ ˜ao 1

1.1 Introduc¸ ˜ao . . . 1

1.2 Contexto e Motivac¸ ˜ao . . . 2

1.3 Objectivos . . . 3

1.4 Estrutura da Dissertac¸ ˜ao . . . 3

2 Breve Revis ˜ao Bibliogr ´afica e Fundamentos 5 2.1 Revis ˜ao Bibliogr ´afica da Teoria de Lubrificac¸ ˜ao . . . 5

2.1.1 Desenvolvimento te ´orico do efeito de esmagamento de pel´ıcula de ar . . . 7

2.1.2 Aplicac¸ ˜oes . . . 8

2.1.3 Classificac¸ ˜ao de Chumaceiras de Ar . . . 10

2.2 Fundamentos . . . 12

2.2.1 Caracterizac¸ ˜ao e Equac¸ ˜oes do Modelo Te ´orico . . . 12

2.2.2 M ´etodos Num ´ericos . . . 20

3 Experimentac¸ ˜ao Num ´erica 22 3.1 Preparac¸ ˜ao do Programa C-NZ.FOR . . . 22

3.1.1 Alterac¸ ˜oes efetuadas no programa . . . 23

3.1.2 Validac¸ ˜ao do programa . . . 24

3.2 Criac¸ ˜ao do Programa para Tratamento Gr ´afico dos Resultados . . . 25

4 Casos de Estudo 27 4.1 Estudo da Influ ˆencia da Espessura Inicial de Pel´ıcula na Posic¸ ˜ao M ´edia Final da Massa . 27 4.1.1 Introduc¸ ˜ao . . . 27

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4.1.3 Resultados e conclus ˜oes . . . 28

4.2 Estudo da Influ ˆencia da Frequ ˆencia na Posic¸ ˜ao M ´edia Final da Massa . . . 31

4.2.1 Introduc¸ ˜ao . . . 31

4.2.2 Procedimentos adotados . . . 31

4.2.3 Resultados e conclus ˜oes . . . 32

4.3 Comparac¸ ˜ao do Sistema com uma Mola considerada Ideal . . . 36

4.3.1 Influ ˆencia da frequ ˆencia no desfasamento entre a press ˜ao m ´edia e a espessura m ´edia de pel´ıcula . . . 36

4.3.2 Influ ˆencia da frequ ˆencia no desfasamento entre os movimentos do elemento de suporte e suportado . . . 38

4.3.3 Conclus ˜oes . . . 40

4.4 Estudo da Influ ˆencia da Variac¸ ˜ao Simult ˆanea da Massa e ´Area a Raz ˜ao Constante na Posic¸ ˜ao M ´edia Final da Massa . . . 41

4.4.1 Introduc¸ ˜ao . . . 41

4.4.2 Procedimentos adotados . . . 41

4.4.3 Resultados e conclus ˜oes . . . 41

4.5 Estudo da Influ ˆencia da Frequ ˆencia no Per´ıodo Transiente . . . 46

4.5.1 Introduc¸ ˜ao . . . 46

4.5.2 Procedimentos adotados . . . 46

4.5.3 Resultados e conclus ˜oes . . . 46

4.6 Influ ˆencia da Rigidez do Sistema na Espessura M ´edia de Pel´ıcula final . . . 48

4.6.1 Introduc¸ ˜ao . . . 48

4.6.2 An ´alise em condic¸ ˜oes de ´area constante . . . 48

4.6.3 An ´alise em condic¸ ˜oes de press ˜ao constante . . . 50

5 Conclus ˜oes 53

6 Trabalho futuro 57

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Lista de Tabelas

3.1 Variac¸ ˜ao relativa dos resultados obtidos nos dois programas. . . 25

4.1 Valores fixos das vari ´aveis. . . 27

4.2 Par ˆametros constantes no caso de estudo. . . 31

4.3 Deslocamento adimensional para cada frequ ˆencia analisada. . . 33

4.4 Desfasamento entre press ˜ao m ´edia e espessura m´ınima de pel´ıcula para cada caso con-siderado. . . 37

4.5 Desfasamento entre os movimentos do elemento de suporte e suportado para as frequ ˆencias consideradas. . . 39

4.6 Amplitude do movimento oscilat ´orio do elemento suportado para as diferentes frequ ˆencias utilizadas. . . 40

4.7 Caracterizac¸ ˜ao dos elementos de estudo. . . 41

4.8 Variac¸ ˜ao do deslocamento adimensional com o aumento da frequ ˆencia para a mesma raz ˜ao massa/ ´area. . . 44

4.9 Caracterizac¸ ˜ao do caso de estudo. . . 46

4.10 Dados referentes ao per´ıodo transiente de cada frequ ˆencia. . . 47

4.11 Variac¸ ˜ao relativa de espessura m ´edia de pel´ıcula em condic¸ ˜oes de ´area constante. . . . 49

4.12 Variac¸ ˜ao da rigidez com o aumento da frequ ˆencia em condic¸ ˜oes de ´area constante. . . . 50

4.13 Caraterizac¸ ˜ao dos elementos suportados em an ´alise. . . 50

4.14 Variac¸ ˜ao relativa de espessura m ´edia de pel´ıcula em condic¸ ˜oes de press ˜ao constante. . 51

4.15 Variac¸ ˜ao da rigidez com o aumento da frequ ˆencia em condic¸ ˜oes de press ˜ao constante. . 51

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Lista de Figuras

2.1 Representac¸ ˜ao de algumas aplicac¸ ˜oes do girosc ´opio. . . 8

2.2 Desenvolvimento do efeito de esmagamento de pel´ıcula em ecr ˜as t ´acteis. . . 9

2.3 Esquema representativo de uma chumaceira aeroest ´atica. . . 11

2.4 Esquema representativo de uma chumaceira aerodin ˆamica. . . 11

2.5 Esquema representativo de uma chumaceira de esmagamento de pel´ıcula. . . 12

2.6 Esquema simplificado de uma chumaceira de esmagamento de pel´ıcula de ar. . . 13

2.7 Superf´ıcie plana com eixos x-y. . . 15

2.8 Superf´ıcie circular plana. . . 16

2.9 Representac¸ ˜ao do modelo din ˆamico da chumaceira baseado no modelo f´ısico da mesma. 17 2.10 Sistema din ˆamico do elemento suportado da chumaceira. . . 18

3.1 Inicializac¸ ˜ao e finalizac¸ ˜ao dos ficheiros de leitura de dados e escrita de resultados. . . 23

3.2 Adic¸ ˜ao das condic¸ ˜oes ”IF” no c ´alculo dos factores de proporcionalidade. . . 24

3.3 Esquema representativo da realizac¸ ˜ao de experi ˆencias com base na simulac¸ ˜ao num ´erica. 26 4.1 Posic¸ ˜oes da massa no instante inicial. . . 28

4.2 Press ˜ao m ´edia adimensional para tr ˆes espessuras m ´edias iniciais de pel´ıcula diferentes. 29 4.3 Deslocamento m ´edio adimensional para tr ˆes espessuras m ´edias iniciais de pel´ıcula dife-rentes. . . 29

4.4 Dist ˆancia entre os elementos de chumaceira para tr ˆes espessuras m ´edias iniciais de pel´ıcula diferentes. . . 30

4.5 Press ˜ao m ´edia Adimensional para frequ ˆencias diferentes. . . 32

4.6 Deslocamento m ´edio Adimensional para frequ ˆencias diferentes. . . 33

4.7 Distribuic¸ ˜ao m ´edia de press ˜ao no espac¸o para frequ ˆencias diferentes. . . 34

4.8 Representac¸ ˜ao da influ ˆencia do aumento da frequ ˆencia no fluxo de part´ıculas de ar, em que b) corresponde ao caso com frequ ˆencia mais elevada. . . 35

4.9 Desfasamento entre press ˜ao m ´edia e espessura m ´edia de pel´ıcula para frequ ˆencias di-ferentes. . . 37

4.10 Desfasamento entre os movimentos do elemento de suporte e suportado para frequ ˆencias diferentes. . . 39

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4.12 Posic¸ ˜ao m ´edia final de dois elementos com a mesma raz ˜ao massa/ ´area. . . 42 4.13 Representac¸ ˜ao do afastamento de superf´ıces com o aumento da massa e ´area,

man-tendo a raz ˜ao entre estes par ˆametros. . . 43 4.14 Posic¸ ˜ao m ´edia final de dois elementos com a mesma raz ˜ao massa/ ´area para ω=7383,878

Hz. . . 44 4.15 Posic¸ ˜ao m ´edia final de dois elementos com a mesma raz ˜ao massa/ ´area para ω=73838,78

Hz. . . 44 4.16 Deslocamento m ´edio Adimensional para cada frequ ˆencia considerada. . . 47 4.17 Rigidez do sistema para tr ˆes frequ ˆencias diferentes, em condic¸ ˜oes de ´area constante. . . 49 4.18 Rigidez do sistema para as tr ˆes frequ ˆencias consideradas, em condic¸ ˜oes de press ˜ao

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Nomenclatura

A - Dimens ˜ao secund ´aria em superf´ıcies cartesianas A - Area adimensional da pel´ıcula´

Az - Area de pel´ıcula projectada num plano normal a z´

A1, A2 - Area de pel´ıcula projectada para os casos 1 e 2´

AN G0 - Angulo da semi-abertura da geometria polar planaˆ B - Dimens ˜ao caracter´ıstica da chumaceira

Car - constante de amortecimento do ar

F - Func¸ ˜ao que incorpora v ´arios termos da equac¸ ˜ao de Reynolds FM - Peso do elemento suportado

Fz - Capacidade de carga na direc¸ ˜ao z

g - Acelerac¸ ˜ao da gravidade

GE - Valor adimensional da dimens ˜ao exterior da geratriz da geometria polar plana

GI - Valor adimensional da dimens ˜ao interior da geratriz da geometria polar plana

Gz - Componente adimensional da acelerac¸ ˜ao da massa suportada devido `a gravidade

gα, gβ - Factores de escala ou proporcionalidade do sistema de coordenadas

H - Espessura adimensional de pel´ıcula h - Espessura de pel´ıcula

h0 - Espessura de pel´ıcula inicial

IF RON T - Indicador de condic¸ ˜oes de fronteira

i, j, k - Vectores unit ´arios nas direcc¸ ˜oes x,y e z ,respetivamente k - Constante el ´atica linear

Knl - Constante el ´astica n ˜ao-linear

Kar - constante el ´astica n ˜ao-linear do ar

m, M - Massa do elemento suportado

m1, m2 - Massa do elemento suportado para o caso 1 e 2

Nα, Nβ - N ´umero de divis ˜oes do eixo α e β, respectivamente

P - Press ˜ao adimensional em cada ponto da pel´ıcula Pα - Press ˜ao m ´edia em cada n ´o α

Pn - Press ˜ao m ´edia instant ˆanea

pmed - Press ˜ao m ´edia adimensional da pel´ıcula

pa - Press ˜ao atmosf ´erica

R - Coordenada polar adimensional segundo o raio da superf´ıcie R0 - Raio da superf´ıcie

r - Raio

r - Vector adimensional da posic¸ ˜ao de um ponto gen ´erico da pel´ıcula 4r - Intervalo segundo r

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T - Coordenada adimensional do tempo t - coordenada tempo

4T - Intervalo segundo T

U - Velocidade tangencial da superf´ıcie da chumaceira U - Soma Ui+ Ui

u - Velocidade normal da superf´ıcie da chumaceira v - Soma de vi+ vi

vi, vi - Velocidades tangenciais das superf´ıcies da chumaceira

X - Coordenada cartesiana adimensional

Xi - Coordenadas cartesianas adimensionais (x,y)

xi - Coordenadas cartesianas (x,y)

Y - Coordenada cartesiana adimensional

Z - Coordenada cartesiana adimensional ou deslocamento adimensional do elemento suportado Z1, Z2 - Deslocamento adimensional para os casos 1 e 2

z - Coordenada cartesiana

zM - Deslocamento do elemento suportado

S´ımbolos Gregos

α - Coordenada adimensional curvil´ınea 4α - Intervalo segundo α

β - Coordenada adimensional curvil´ınea 4β - Intervalo segundo β

β - Coordenada adimensional curvil´ınea ε - Amplitude de deslocamento relativo

θ, θ0 (secc¸ ˜ao 2.4.1) - Factores de ponderac¸ ˜ao da m ´edia das aproximac¸ ˜oes por diferenc¸as finitas Λ - Par ˆametro adimensional caracter´ıstico da chumaceira

µ - Viscosidade din ˆamica do fluido ρ - Densidade do fluido

τ - Coeficiente adimensional da componente da acelarac¸ ˜ao da massa suportada devido `a press ˜ao da pel´ıcula lubrificante

ψ - Produto PH

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Cap´ıtulo 1

Enquadramento da Dissertac¸ ˜ao

1.1

Introduc¸ ˜ao

`

A medida que a civilizac¸ ˜ao evolui, fazem-se descobertas que abrem horizontes e lanc¸am novos desafios, dos quais muitos deles, constituem problemas de engenharia bastante complexos. Para a sua resoluc¸ ˜ao, podem ser utilizados tr ˆes m ´etodos de an ´alise: os anal´ıticos, os de experimentac¸ ˜ao em laborat ´orio e os num ´ericos ou de experimentac¸ ˜ao num ´erica.

Os m ´etodos anal´ıticos, embora sejam importantes na verificac¸ ˜ao dos m ´etodos num ´ericos, s ´o s ˜ao aplic ´aveis a problemas com condic¸ ˜oes de fronteira e geometrias simples, distanciando-os muitas vezes da realidade. A sua resoluc¸ ˜ao pode ser por vezes imposs´ıvel ou impratic ´avel.

A experimentac¸ ˜ao em laborat ´orio, recorre a modelos f´ısicos de teste com a configurac¸ ˜ao real ou `a escala. No entanto, torna-se muito dispendiosa pelo custo dos provetes e n ´umero de ensaios requeri-dos.

A experimentac¸ ˜ao num ´erica baseia-se em modelos matem ´aticos, como por exemplo equac¸ ˜oes di-ferenciais sendo poss´ıvel simular comportamentos e prever acontecimentos, de modo a obter uma soluc¸ ˜ao aproximada para o problema.

No presente trabalho, o tipo de lubrificac¸ ˜ao considerada foi o esmagamento de pel´ıcula compress´ıvel associado a chumaceiras axiais, conseguido por interm ´edio de ar. Esta forma especial de separac¸ ˜ao de superf´ıcies, ´e um caso muito particular, que conduz a fen ´omenos de amortecimento e rigidez n ˜ao-linear. O facto de ser utilizado um fluido gasoso e portanto compress´ıvel, torna bastante dif´ıcil a obtenc¸ ˜ao de soluc¸ ˜oes exatas recorrendo a m ´etodos anal´ıticos. Utilizar o m ´etodo de experimentac¸ ˜ao em laborat ´orio, seria muito dispendioso e moroso, devido `a necessidade de repetir testes que envolvem um elevado n ´umero de ciclos de oscilac¸ ˜ao. Recorre-se ent ˜ao, ao m ´etodo de experimentac¸ ˜ao num ´erica que, atrav ´es da combinac¸ ˜ao de equac¸ ˜oes, simula o comportamento deste tipo de chumaceira, obtendo-se soluc¸ ˜oes num ´ericas aproximadas [1].

A evoluc¸ ˜ao cont´ınua e exponencial da tecnologia, permitiu a criac¸ ˜ao de computadores de ele-vado desempenho e de grande capacidade de armazenamento. Este facto, possibilitou a utilizac¸ ˜ao de t ´ecnicas de experimentac¸ ˜ao num ´erica com algoritmos complexos, para a resoluc¸ ˜ao de problemas

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que, outrora, eram dif´ıceis ou imposs´ıveis de solucionar, como por exemplo a realizac¸ ˜ao deste trabalho.

1.2

Contexto e Motivac¸ ˜ao

Na atualidade, o interesse pela conservac¸ ˜ao das mat ´erias primas e de energia, torna-se cada vez mais evidente face `a escassez de recursos. O desgaste ´e uma das maiores causas de desperd´ıcio de materiais e qualquer reduc¸ ˜ao neste fen ´omeno, pode dar origem a economias significativas. Para tal, recorre-se `a lubrificac¸ ˜ao, uma vez que ´e o meio mais eficaz para controlar o desgaste e reduzir o atrito [2].

A ci ˆencia que estuda as superf´ıcies interatuantes em movimento relativo, as mat ´erias e m ´etodos com elas relacionados, denomina-se por Tribologia. A lubrificac¸ ˜ao ´e uma disciplina desta ci ˆencia com especial interesse na separac¸ ˜ao de superf´ıcies, conseguida atrav ´es de um filme de flu´ıdo viscoso. Este flu´ıdo pode ser um l´ıquido praticamente incompress´ıvel, tal como os ´oleos, ou um g ´as compress´ıvel como por exemplo o ar. Como tem vindo a ser referido, ´e precisamente com este ´ultimo que se obt ´em a separac¸ ˜ao de superf´ıcies no tipo de chumaceira em estudo. A formac¸ ˜ao da pel´ıcula de flu´ıdo, imp ˜oe a exist ˆencia duma press ˜ao neste, para equilibrar a capacidade de carga aplicada entre as duas su-perf´ıcies do mecanismo. Neste trabalho, a gerac¸ ˜ao de press ˜ao est ´a associada ao efeito de esmaga-mento da pel´ıcula de ar quando as duas superf´ıcies se aproximam [2].

As chumaceiras com lubrificantes gasosos t ˆem vindo a despertar especial interesse nos ´ultimos anos, devido `as caracter´ısticas que possuem e pelo facto de poderem ser usadas em diversas condic¸ ˜oes ambientais. No entanto, existem factores a ter em conta no fabrico deste tipo de chumaceiras, nomea-damente, as rugosidades e as asperezas das superf´ıcies devem ter dimens ˜oes inferiores `a espessura de pel´ıcula do flu´ıdo. Caso contr ´ario, haver ´a pontos de contacto entre as duas superf´ıcies, estando pe-rante uma situac¸ ˜ao de lubrificac¸ ˜ao mista ou at ´e lubrificac¸ ˜ao limite. Neste ´ultimo caso, a ´area de contato ´e igual `a que existiria sem lubrificac¸ ˜ao. S ˜ao exigidas, deste modo, superf´ıcies com bons acabamentos (rugosidade na ordem dos micr ´ometros) [2].

O facto de ser usado um flu´ıdo gasoso como meio interveniente na lubrificac¸ ˜ao de superf´ıcies, confere in ´umeras vantagens, destacando-se as seguintes [3] :

• O atrito ´e extremamente baixo relativamente aos ´oleos minerais (cerca de mil vezes menos que o ´oleo mineral mais fino);

• Sendo o g ´as ar, um lubrificante considerado ”limpo” , pode ser usado em m ´aquinas no ˆambito da medicina e em ind ´ustrias alimentares;

• O ar pode operar em ambientes de temperatura elevada uma vez que a sua viscosidade n ˜ao se altera significativamente;

• N ˜ao ocorrem fen ´omenos de cavitac¸ ˜ao, ao contr ´ario das chumaceiras com ´oleo mineral;

• No caso das chumaceiras de esmagamento de pel´ıcula compress´ıvel, n ˜ao necessitam de um circuito fechado de alimentac¸ ˜ao de ar;

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• Se for utilizado ar, este ´e um recurso gratuito e abundante;

• O tempo de vida do ar ´e superior relativamente a um ´oleo, devido `a sua estabilidade qu´ımica. O modelo que melhor representa o comportamento real de uma chumaceira, ´e o que tem como base um sistema din ˆamico, no qual os dois elementos de chumaceira interagem entre si, atrav ´es de uma pel´ıcula de ar que atua como amortecedor viscoso e mola n ˜ao-linear.

Ao elemento de suporte ´e transmitida uma oscilac¸ ˜ao a uma dada frequ ˆencia (ω), fazendo-o osci-lar na direc¸ ˜ao normal `a superf´ıcie. Por sua vez, esta ´e transmitida pela pel´ıcula de ar ao elemento suportado (massa).

A capacidade de carga ou forc¸a de sustentac¸ ˜ao que impede a massa suportada de entrar em con-tacto com o elemento de suporte, ´e gerada atrav ´es do equil´ıbrio das variac¸ ˜oes de press ˜ao. Estas, t ˆem origem nos movimentos axiais relativos dos elementos de chumaceira. Com a oscilac¸ ˜ao do elemento de suporte, o ar comprime e expande. Durante a fase de compress ˜ao, o ar ´e forc¸ado a sair do interior da chumaceira e na fase de expans ˜ao, ocorre uma depress ˜ao e o ar entra. Para uma determinada frequ ˆencia, a quantidade de ar que entra ´e muito superior `a que sai, devido ao facto do comprimento da abertura na fase de compress ˜ao ser menor do que o comprimento na fase de expans ˜ao. Nos ciclos se-guintes, a press ˜ao vai aumentando at ´e que n ˜ao seja poss´ıvel a entrada de mais ar, atingindo-se assim, o equil´ıbrio. Todo este processo ´e denominado por ”efeito de bombeamento”.

1.3

Objectivos

O trabalho tem como objectivo analisar e quantificar a influ ˆencia dos par ˆametros operacionais no comportamento din ˆamico da chumaceira, permitindo, deste modo, a obtenc¸ ˜ao de recomendac¸ ˜oes quanto `a melhor escolha destes, facilitando um futuro projeto deste componente mec ˆanico. De modo a alcanc¸ar este objectivo, foi realizado um estudo param ´etrico relativo ao comportamento da chumaceira em func¸ ˜ao da press ˜ao gerada pela pel´ıcula lubrificante, da posic¸ ˜ao m ´edia final da massa, da rigidez da pel´ıcula de ar e do desfasamento entre os elementos de chumaceira.

1.4

Estrutura da Dissertac¸ ˜ao

A dissertac¸ ˜ao ´e constitu´ıda por cinco cap´ıtulos principais.

O 1º cap´ıtulo exp ˜oe o contexto em que se insere o trabalho, as suas motivac¸ ˜oes e os objetivos que levaram `a realizac¸ ˜ao desta dissertac¸ ˜ao.

No 2º cap´ıtulo apresenta-se uma breve revis ˜ao bibliogr ´afica e fundamentos que abrangem v ´arios marcos hist ´oricos, desde a descoberta da viscosidade como propriedade f´ısica dos flu´ıdos at ´e `a aplicac¸ ˜ao de chumaceiras axiais de esmagamento de pel´ıcula compress´ıvel. Neste cap´ıtulo, descreve-se tamb ´em o modelo din ˆamico e o m ´etodo de experimentac¸ ˜ao num ´erica que permite a simulac¸ ˜ao deste compo-nente mec ˆanico.

(22)

O 3º cap´ıtulo exp ˜oe as alterac¸ ˜oes efetuadas no c ´odigo utilizado para a simulac¸ ˜ao e o programa que permitiu a an ´alise dos resultados.

No 4º cap´ıtulo s ˜ao apresentados os casos de estudo e os resultados que permitiram a obtenc¸ ˜ao de recomendac¸ ˜oes quanto `a melhor escolha dos par ˆametros operacionais.

Finalmente, no 5º e 6º cap´ıtulo, s ˜ao feitas considerac¸ ˜oes finais e sugerem-se trabalhos futuros, respetivamente.

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Cap´ıtulo 2

Breve Revis ˜ao Bibliogr ´afica e

Fundamentos

2.1

Revis ˜ao Bibliogr ´afica da Teoria de Lubrificac¸ ˜ao

A data em que foram abordados os primeiros conceitos da teoria de lubrificac¸ ˜ao hidrodin ˆamica ´e desconhecida mas, segundo Oscar Pinkus [4], o primeiro investigador a realizar os primeiros trabalhos no ˆambito desta ci ˆencia foi N.P.Petrov (1836-1920), cientista e engenheiro especializado no atrito de chumaceiras pertencentes a locomotivas. No seu livro ”Friction in Machines and the Effect of Lubri-cant on It” [5], concluiu que a gerac¸ ˜ao de atrito ´e proveniente duma propriedade f´ısica dos flu´ıdos, a viscosidade e n ˜ao, como era considerado at ´e `a ´epoca, a densidade. Posteriormente, defendeu que a natureza do atrito numa chumaceira era hidrodin ˆamica, ou seja, provinha das tens ˜oes de corte geradas pelo escorregamento entre as camadas do fluido viscoso presente nas chumaceiras e n ˜ao da interac¸ ˜ao direta das suas superf´ıcies s ´olidas em movimento relativo [6].

Ainda no mesmo per´ıodo, em Inglaterra, B.Tower (1845-1904) apresenta conclus ˜oes dos trabalhos experimentais efetuados, em que num primeiro relat ´orio (1882), afirmou que a lei do atrito s ´olido (lei de Coulomb) era menos adequada que a lei do atrito hidrodin ˆamico para efeitos da teoria da lubrificac¸ ˜ao. Concluiu tamb ´em, que o atrito depende, embora pouco, da carga aplicada e que este aumenta com a velocidade do escoamento e diminui com o aumento da temperatura. Num segundo relat ´orio (1885), atrav ´es de medic¸ ˜oes da press ˜ao ao longo da superf´ıcie da chumaceira, estabeleceu a relac¸ ˜ao entre a capacidade de carga e as press ˜oes geradas pelo fluido lubrificante. Facto este associado `a descoberta acidental durante a sua experi ˆencia utilizando uma chumaceira radial na qual verificou que o ´oleo sa´ıa sempre por um furo de localizado por debaixo da carga aplicada. Para impedir a sa´ıda comec¸ou por tapar o furo com uma rolha e depois com um taco de madeira, verifcando que a press ˜ao o impelia sempre para fora. Colocou assim, um aparelho para medir a press ˜ao e verificou que a press ˜ao gerada era suficiente para separar as superf´ıcies da chumaceira. [6, 7].

Os estudos experimentais de Tower preconizaram pela primeira vez, a realidade da exist ˆencia de press ˜ao hidrodin ˆamica numa pel´ıcula lubrificante, servindo como base para a teoria da lubrificac¸ ˜ao.

(24)

No entanto, nenhum conceito experimental deve sustentar, por si s ´o, uma teoria. Para fundamentar os resultados experimentais O. Reynolds (1842-1912), em 1886, considerou duas placas paralelas, imersas num flu´ıdo l´ıquido, em que uma delas era din ˆamica e a outra est ´atica, desenvolvendo assim, a base da lubrificac¸ ˜ao hidrodin ˆamica, a equac¸ ˜ao de Reynolds [7]. Esta, traduz a press ˜ao gerada pela pel´ıcula, que tem origem no movimento tangencial relativo das superf´ıcies da chumaceira, forc¸ando o flu´ıdo a entrar numa conduta convergente. Este fen ´omeno, ´e denominado por efeito de cunha. No entanto, o conceito de esmagamento de pel´ıcula s ´o mais tarde foi abordado com a adaptac¸ ˜ao desta equac¸ ˜ao. Em 1914, foi adaptada de modo a poder ser utilizada na obtenc¸ ˜ao de soluc¸ ˜oes bidimensionais por Cristopherson [6].

O uso de ar como lubrificante foi sugerido pelo cientista franc ˆes Hirn, em 1854, por ´em a sua utilizac¸ ˜ao n ˜ao foi desenvolvida at ´e 1895, quando surge a publicac¸ ˜ao de experi ˆencias realizadas por A. Kingsbury (1863-1943), que fundamentavam realmente o uso de ar em chumaceiras, constituindo a base da teoria de lubrificac¸ ˜ao aerodin ˆamica, adicionando assim, ao campo da lubrificac¸ ˜ao, a hip ´otese de utilizar flu´ıdos compress´ıveis [8].

O modelo te ´orico que sustentava as experi ˆencias de Kingsbury surgiu somente em 1913, ap ´os a reformulac¸ ˜ao matem ´atica da equac¸ ˜ao de Reynolds por W. J. Harrison, que permitiu a aplicac¸ ˜ao desta equac¸ ˜ao para o caso espec´ıfico de flu´ıdos compress´ıveis, com base na equac¸ ˜ao dos gases perfeitos em condic¸ ˜oes isot ´ermicas [6, 9].

Em 1917, John William Strutt (1842-1919), mais conhecido por Lord Rayleigh, foi o primeiro a cal-cular a capacidade de carga e o bin ´ario de atrito de uma chumaceira axial hidrost ´atica, na qual o flu´ıdo lubrificante encontrava-se no estado l´ıquido e era previamente pressurizado por uma fonte externa. No entanto, este tipo de chumaceira j ´a tinho sido estudado por L.D Girard em 1865, tendo demonstrado o princ´ıpio de separac¸ ˜ao de superf´ıcies e a diminuic¸ ˜ao do atrito por injec¸ ˜ao de ´oleo pr ´e-pressurizado, marcando o in´ıcio do desenvolvimento das chumaceiras hidroest ´aticas [7] .

A equac¸ ˜ao de Reynolds para flu´ıdos incompress´ıveis ´e uma equac¸ ˜ao diferencial linear, no entanto, a mesma equac¸ ˜ao aplicada a flu´ıdos compress´ıveis trata-se de uma equac¸ ˜ao diferencial n ˜ao-linear. Devido a este ´ultimo facto, ´e necess ´aria a utilizac¸ ˜ao de aproximac¸ ˜oes assimpt ´oticas para se obterem soluc¸ ˜oes anal´ıticas aproximadas. Ausman, em 1959 e em 1961, atrav ´es da linearizac¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de Reynolds, obteve soluc¸ ˜oes para chumaceiras radiais, recorrendo `a limitac¸ ˜ao da variac¸ ˜ao da espessura de pel´ıcula a valores muito pequenos. Mais tarde, Pan (1980) descobre outra soluc¸ ˜ao assimpt ´otica, considerando para tal, a velocidade relativa das superf´ıcies da chumaceira a tender para valores infinitos [6].

Na mesma d ´ecada, foi alargado o campo de aplicac¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de Reynolds, aplicada a flu´ıdos incompress´ıveis e compress´ıveis, passando a considerar os efeitos de turbul ˆencia, in ´ercia, t ´ermicos, bem como os comportamentos n ˜ao-Newtoniano e Elastohidrodin ˆamico, factos que se devem a Szeri (1987) [10].

(25)

2.1.1

Desenvolvimento te ´

orico do efeito de esmagamento de pel´ıcula de ar

O termo ”esmagamento de pel´ıcula”, est ´a associado a qualquer flu´ıdo entre duas superf´ıcies que se movem com velocidade na direc¸ ˜ao normal em relac¸ ˜ao a estas. Se este movimento for de aproximac¸ ˜ao, denomina-se por ”esmagamento positivo” ou contrariamente ”esmagamento negativo” , tratando-se do afastamento de superf´ıcies [11].

O primeiro autor a abordar este conceito associado a flu´ıdos compress´ıveis foi Tipei, em 1954 [12] . O efeito da compressibilidade na distribuic¸ ˜ao de press ˜ao de uma abertura estreita entre um cilindro rotativo e um plano, foi estudado e provado por Taylor e Saffman, em 1957, ap ´os a descoberta da bomba centr´ıpeta por Popper e Reiner (1956-1957) [13].

A primeira derivac¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de Reynolds com as simplificac¸ ˜oes de espessura de pel´ıcula fina e plana em condic¸ ˜oes isot ´ermicas, aplicada a gases ideais, s ´o foi realizada em 1962 por Langlois, com a particularidade do deslocamento das superf´ıcies da chumaceira ser um movimento relativo normal e tangencial [1, 14].

Em 1964, Salbu [12] desenvolve um modelo de chumaceira de esmagamento de pel´ıcula, utilizando duas placas paralelas, com o objectivo de gerar uma capacidade de carga positiva atrav ´es da oscilac¸ ˜ao das superf´ıcies, muito pr ´oximas uma da outra, com recurso a atuadores magn ´eticos. Salbu verificou, ap ´os algumas experi ˆencias, que para baixas frequ ˆencias a forc¸a exercida pela pel´ıcula tende a estar em fase com a velocidade de esmagamento. No entanto, para altas frequ ˆencias tende a estar em fase com o deslocamento deste. A publicac¸ ˜ao de Salbu, despertou um grande interesse na comunidade cient´ıfica, de modo a que na d ´ecada de 60, o n ´umero de patentes devido `a concepc¸ ˜ao de novas chumaceiras deste tipo aumentou, destacando-se os autores: Emmerich [15], Warnock [16] e Farron [17] [18, 19].

Com a aplicac¸ ˜ao dos m ´etodos num ´ericos para a simulac¸ ˜ao de chumaceiras de esmagamento de pel´ıcula compress´ıvel utilizando frequ ˆencias elevadas, verifica-se que a sua resoluc¸ ˜ao ´e morosa. O mesmo acontece, se nas mesmas condic¸ ˜oes, for procurada uma soluc¸ ˜ao est ´avel obtida a partir de um valor inicial, traduzindo-se num elevado n ´umero de ciclos. Para estes casos, em alternativa aos m ´etodos num ´ericos, ´e poss´ıvel utilizar os assimpt ´oticos, uma vez que a soluc¸ ˜ao resultante da utilizac¸ ˜ao de uma frequ ˆencia de oscilac¸ ˜ao elevada, tende para a mesma soluc¸ ˜ao obtida com o valor de frequ ˆencia infinito, tal como proposto por Pan em 1967 [20]. Mais tarde, este m ´etodo foi utilizado noutras investigac¸ ˜oes, destacando-se as obras de Chiang, Pan, Strodtman e DiPrima [21].

Posteriormente, foram desenvolvidos trabalhos com recurso a m ´etodos num ´ericos considerando placas paralelas com geometria circular, tendo por objetivo analisar chumaceiras de esmagamento de pel´ıcula compress´ıvel, com a particularidade da introduc¸ ˜ao de massa suportada. Estas investigac¸ ˜oes, foram realizadas por Beck, Holliday e Strodtman [22].

Em 1970, Reddi e Chu apresentaram no seu trabalho, soluc¸ ˜oes para a equac¸ ˜ao de Reynolds adap-tada a flu´ıdos compress´ıveis em regime estacion ´ario, obtidas a partir do m ´etodo de elementos finitos. Por ´em, estas n ˜ao inclu´ıam o efeito de esmagamento de pel´ıcula [23].

Entre 1973 e 1974, Whymark [24] apresentou os seus estudos onde utilizou um disco plano de lat ˜ao com di ˆametro de 50 mm e espessura de 0,5 mm, expondo-o a uma frequ ˆencia de vibrac¸ ˜ao de 20 kHz,

(26)

conseguindo um ”efeito de levitac¸ ˜ao”.

Com o desenvolvimento da an ´alise num ´erica, consequ ˆencia do crescimento de ferramentas compu-tacionais na d ´ecada de 90, foi poss´ıvel a muitos investigadores obter soluc¸ ˜oes num ´ericas aproximadas. Matos Almas, em 1992, desenvolveu m ´etodos de an ´alise num ´erica, considerando o efeito de esmaga-mento de pel´ıcula compress´ıvel em chumaceiras axiais, para aplicac¸ ˜ao em computador pessoal [6].

2.1.2

Aplicac¸ ˜

oes

O interesse por parte dos fabricantes de computadores e das ind ´ustrias aerospaciais, na aplicac¸ ˜ao dos estudos realizados nas d ´ecadas de 80 e 90 sobre este tipo de chumaceiras foi elevado, surgindo in ´umeras aplicac¸ ˜oes nesta ´area. Entre as ´epocas referidas, surgiu o sensor girosc ´opio com a finalidade de medir a taxa de variac¸ ˜ao angular para o controlo do movimento de um determinado objeto. Existem muitas aplicac¸ ˜oes para este componente, destacando-se as seguintes [1]:

• sistemas de navegac¸ ˜ao por GPS em navios, avi ˜oes e autom ´oveis;

• ind ´ustrias de electr ´onica de consumo: como c ˆamaras de v´ıdeo, dispositivos de controlo remoto e jogos de computador;

• ind ´ustrias militares: sistemas de guiamento para m´ısseis e viaturas n ˜ao tripuladas, sensores de impacto, mecanismos de seguranc¸a ou de armar em m´ısseis e em munic¸ ˜oes explosivas;

• ind ´ustrias autom ´oveis: sistemas de seguranc¸a avanc¸ados tais como controlo de estabilidade, detecc¸ ˜ao e prevenc¸ ˜ao de capotamento, novas gerac¸ ˜oes de airbag e sistemas de travagem.

Figura 2.1: Representac¸ ˜ao de algumas aplicac¸ ˜oes do girosc ´opio (adaptada de [25]).

Em 2005, foi considerada a influ ˆencia do amortecimento que resulta do esmagamento de pel´ıcula compress´ıvel e o efeito no comportamento din ˆamico de micro-sistemas electro-mec ˆanicos (ou em ingl ˆes MEMS) [1].

(27)

Em 2006, Yoshimoto et al. criaram um novo conceito de guiamento linear aplicado a m ´aquinas industriais, constitu´ıdo por uma camada de atuadores piezoel ´ectricos com frequ ˆencia de oscilac¸ ˜ao na gama de ultra-sons, eliminando assim, o ru´ıdo [26].

O desenvolvimento da tecnologia ´e um processo exponencial e visa n ˜ao s ´o facilitar a pr ´atica de tarefas complexas como tamb ´em aproximar a interface virtual `a vida quotidiana.

A falta de resposta t ´actil ´e um problema significativo dos ecr ˜as atuais, uma vez que muitos deles respondem apenas atrav ´es de uma vibrac¸ ˜ao generalizada ap ´os o toque, tal como representado na figura 2.2a. Sem este tipo de resposta, os utilizadores t ˆem de confiar quase totalmente na resposta visual para realizar uma determinada ac¸ ˜ao. Como resultado, a performance dos utilizadores diminui e o esforc¸o visual ´e sobrecarregado. Um exemplo deste tipo de situac¸ ˜ao, ´e o utilizador poder observar uma interface gr ´afica como por exemplo um bot ˜ao, mas n ˜ao conseguir identific ´a-lo atrav ´es do toque no meio envolvente. Adicionar a este tipo de ecr ˜as a resposta t ´actil ´e uma soluc¸ ˜ao promissora para abordar este problema. Para tal, foi criado um ecr ˜a, que tem como princ´ıpio de funcionamento a reduc¸ ˜ao do coeficiente de atrito na superf´ıcie. O ar, localiza-se num espac¸o muito pequeno entre a superf´ıcie t ´actil e uma com atuadores piezoel ´ectricos, sendo comprimido por ac¸ ˜ao desta ´ultima (figura 2.2b). Se a frequ ˆencia for suficientemente alta (26 kHz) e o espac¸o entre as duas superf´ıcies for muito pequeno de modo a ”encurralar” o ar, d ´a-se um aumento de press ˜ao (sobreatmosf ´erica) e uma consequente elevac¸ ˜ao da superf´ıcie t ´actil. Este efeito permite ao utilizador ter a sensac¸ ˜ao de textura (figura 2.2c). O ecr ˜a referido (STIMTAC) surgiu com base num projecto realizado em 2011 por Amberg et al. [27].

(a) Vibrac¸ ˜ao generalizada ap ´os o toque na superf´ıcie t ´actil.

(b) Ecr ˜a T ´actil(STIMTAC) (c) Elevac¸ ˜ao da superf´ıcies t ´actil (STIM-TAC)

(28)

2.1.3

Classificac¸ ˜ao de Chumaceiras de Ar

Antes de ser abordado o tema em t´ıtulo, ´e necess ´ario fazer uma breve descric¸ ˜ao do objetivo fun-damental de qualquer chumaceira, para melhor entendimento da mat ´eria apresentada posteriormente. Esta tem como func¸ ˜ao suportar e guiar um elemento de m ´aquina relativamente a outro, de maneira a permitir um movimento relativo entre estes enquanto ocorre a transfer ˆencia de forc¸as suave e eficaz-mente. Existem v ´arias possibilidades para a classificac¸ ˜ao de chumaceiras, como por exemplo, quanto ao princ´ıpio de funcionamento ou `a direc¸ ˜ao de aplicac¸ ˜ao do carregamento. Todavia, ser ´a dada mais ˆenfase `a natureza do carregamento e `a sua aplicac¸ ˜ao neste trabalho, ou seja, ao caso espec´ıfico de esmagamento de pel´ıcula de ar.

Considerando a natureza do suporte, uma chumaceira pode ser classificada de duas formas distin-tas: sem ou com pel´ıcula lubrificante.

Nos casos sem pel´ıcula lubrificante, est ´a impl´ıcito o contacto f´ısico entre os elementos de suporte e suportado. Devido a este facto, a chumaceira sofre de desgaste, produc¸ ˜ao de calor, gerac¸ ˜ao de vibrac¸ ˜oes e ru´ıdos parasitas, que se intensificam com o aumento da velocidade. Como exemplos deste tipo encontram-se as de lubrificac¸ ˜ao limite e as de atrito seco.

Com pel´ıcula lubrificante, comparativamente com as anteriores pode considerar-se que n ˜ao sofrem de desgaste e o atrito ´e reduzido, `a excepc¸ ˜ao do proveniente das forc¸as de corte do flu´ıdo. Dentro desta classe, as mais utilizadas s ˜ao as em que a separac¸ ˜ao dos elementos se d ´a por uma pel´ıcula de flu´ıdo no estado l´ıquido ou gasoso. Se a capacidade de carga, tal como foi referido na secc¸ ˜ao 1.2, tiver origem na press ˜ao gerada pelo movimento relativo dos seus elementos, tratam-se de chumaceiras de esmagamento de pel´ıcula hidrodin ˆamicas e aerodin ˆamicas. Caso esta tenha origem na ac¸ ˜ao de uma press ˜ao externa, consideram-se as hidroest ´aticas e aeroest ´aticas. Al ´em disso, ainda pode ser resultante de forc¸as magn ´eticas, exemplo das chumaceiras electromagn ´eticas.

Neste trabalho, o estudo est ´a centrado nas chumaceiras que utilizam como flu´ıdo lubrificante um g ´as (ar), portanto, s ´o ir ´a ser feita a descric¸ ˜ao das aeroest ´aticas, aerodin ˆamicas e as de esmagamento de pel´ıcula de ar.

Considerando as aeroest ´aticas, semelhantes `as hidroest ´aticas, com a particularidade da pel´ıcula de flu´ıdo ser de ar e n ˜ao de um lubrificante l´ıquido como por exemplo, o ´oleo mineral. Para gerar a pel´ıcula de ar, ´e necess ´ario uma fonte de pressurizac¸ ˜ao externa permitindo assim a separac¸ ˜ao das superf´ıcies mesmo com velocidade relativa nula. O ar pressurizado, ap ´os passar por orif´ıcios num dos elementos, entra numa cavidade (posicionada entre estes), inicialmente `a press ˜ao atmosf ´erica e fechada por ac¸ ˜ao do peso do elemento suportado. Como esta secc¸ ˜ao est ´a limitada pelas superf´ıcies dos elementos de chumaceira, a press ˜ao no seu interior aumenta e promove a separac¸ ˜ao das superf´ıcies, tal como pode ser observado na figura 2.3.

(29)

Figura 2.3: Esquema representativo de uma chumaceira aeroest ´atica [1].

As chumaceiras aerodin ˆamicas apresentam uma grande vantagem em relac¸ ˜ao `as anteriores, uma vez que n ˜ao necessitam de fonte externa de ar para a separac¸ ˜ao de superf´ıcies. S ˜ao similares `as do tipo hidrodin ˆamico com a grande diferenc¸a do lubrificante ser um g ´as (normalmente ar) portanto, compress´ıvel. Como a viscosidade do ar ´e muito mais baixa, cerca de 1000 vezes menos do que o ´oleo mais fino, o atrito induzido por esta ´e muito menor. S ˜ao aplicadas, normalmente, em condic¸ ˜oes de velocidade elevada e podem operar em condic¸ ˜oes de temperatura reduzida ou elevada . No entanto, a capacidade de carga est ´a dependente do movimento tangencial relativo dos elementos de chumaceira, que direciona o ar para uma zona convergente gerando-se press ˜ao interna suficiente para a separac¸ ˜ao de superf´ıcies. Por isso, para velocidade relativa nula a capacidade de carga ser ´a tamb ´em nula. Na figura 2.4 pode ser observada uma chumaceira deste tipo.

Figura 2.4: Esquema representativo de uma chumaceira aerodin ˆamica [1].

Existem casos em que a velocidade tangencial relativa ´e muito reduzida ou at ´e mesmo nula, im-possibilitando a criac¸ ˜ao de uma pel´ıcula de ar pressurizado entre as superf´ıcies dos elementos de chumaceira, inviabilizando deste modo o uso das aerodin ˆamicas. Por vezes, tamb ´em n ˜ao ´e poss´ıvel a colocac¸ ˜ao dum sistema externo de pressurizac¸ ˜ao de ar, como por exemplo, em casos com limitac¸ ˜oes de espac¸o. Nestes, recorre-se a chumaceiras de esmagamento de pel´ıcula, caracterizadas pela neces-sidade ´unica de um transdutor electromec ˆanico (por exemplo piezoel ´ectrico) para transmitir um movi-mento oscilat ´orio no elemovi-mento de suporte. Como consequ ˆencia, ocorre a variac¸ ˜ao da dist ˆancia entre os elementos, permitindo deste modo, a criac¸ ˜ao de uma pel´ıcula de ar. No entanto, este fen ´omeno ser ´a analisado posteriormente na secc¸ ˜ao 4.2. A figura 2.5 representa um exemplo de chumaceira de esmagamento de pel´ıcula de ar.

(30)

Figura 2.5: Esquema representativo de uma chumaceira de esmagamento de pel´ıcula [1].

2.2

Fundamentos

2.2.1

Caracterizac¸ ˜ao e Equac¸ ˜

oes do Modelo Te ´

orico

Nesta secc¸ ˜ao ser ˜ao apresentadas as equac¸ ˜oes do modelo em coordenadas cartesianas e polar planas, partindo da equac¸ ˜ao b ´asica de Reynolds aplicada a flu´ıdos compress´ıveis, relevantes para a mat ´eria apresentada no seguimento desta secc¸ ˜ao.

2.2.1.1 Formulac¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de Reynolds para flu´ıdo compress´ıvel

Em 1886, assim como referido no presente cap´ıtulo, surge a teoria fundamental da lubrificac¸ ˜ao devido `a criac¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de Reynolds, traduzindo a distribuic¸ ˜ao de press ˜ao num fluido lubrificante, restrita apenas a fluidos incompress´ıveis. Mais tarde, Harrison (1913) inclui nesta equac¸ ˜ao os efeitos de compressibilidade [9], permitindo a Tipei (1954) formular a equac¸ ˜ao apresentada de seguida, que relaciona a espessura de pel´ıcula e a velocidade das superf´ıcies com a press ˜ao gerada pelo movimento relativo destas [29]. ∂ ∂x  ρh 3 µ ∂p ∂x  + ∂ ∂y  ρh 3 µ ∂p ∂y  = 6 ∂(hρ) ∂t + ∂ ∂x[ρh (u1+ u2)] + ∂ ∂y[ρh(v1+ v2)]  (2.1)

Na figura 2.6 est ´a representada uma simplificac¸ ˜ao do modelo f´ısico da chumaceira em estudo, onde pode ser observado o elemento suportado (superior) inicialmente a uma dist ˆancia h0 do elemento de

suporte. Este ´e submetido a um movimento oscilat ´orio de frequ ˆencia ω e de amplitude A que ´e trans-ferido ao elemento suportado por meio de ar. Apresenta-se tamb ´em, a vari ´avel h(t) que representa a espessura de pel´ıcula em func¸ ˜ao do tempo, j ´a considerada na equac¸ ˜ao 2.1.

(31)

Figura 2.6: Esquema simplificado de uma chumaceira de esmagamento de pel´ıcula de ar.

2.2.1.2 Equac¸ ˜ao de Reynolds em coordenadas cartesianas

Em 1962, Langlois [14], apresenta a sua derivac¸ ˜ao da equac¸ ˜ao geral de Reynolds baseada nas equac¸ ˜oes de Navier-Stokes e nas equac¸ ˜oes de viscosidade hidrodin ˆamica [30], considerando a simplificac¸ ˜ao isot ´ermica e desprezando a in ´ercia do flu´ıdo [31]. Foram v ´arios os autores que partiram da equac¸ ˜ao de Reynolds adaptando-a, atrav ´es de simplificac¸ ˜oes, a casos muito espec´ıficos de compressibilidade. No entanto, neste trabalho s ´o ser ˜ao apresentadas as f ´ormulas mais usuais da equac¸ ˜ao em coordenadas cartesianas e de seguida em polares planas. Para a formulac¸ ˜ao destas equac¸ ˜oes foram consideradas as seguintes hip ´oteses simplificativas [6]:

1. A pel´ıcula de ar ´e considerada plana e fina, ou seja, a raz ˜ao entre a espessura de pel´ıcula (h(t)) e o comprimento da superf´ıcie (L) ´e muito pequena;

2. Os termos associados `a in ´ercia do fluido s ˜ao desprezados, uma vez que s ´o assumem especial import ˆancia em flu´ıdos cuja viscosidade ´e baixa e a densidade ´e alta, caso particular de flu´ıdos com n ´umero de Reynolds modificado superior a 1 (Re∗= ρωh2/µ > 1).

3. O processo ´e considerado isot ´ermico. A diferenc¸a significativa dos valores de capacidade ca-lor´ıfica da pel´ıcula de flu´ıdo gasoso e das massas envolventes, leva a admitir que todo o calor gerado na pel´ıcula seja absorvido e dissipado pelas superf´ıcies, aproximando-se da temperatura ambiente.

4. O flu´ıdo lubrificante ´e considerado um g ´as perfeito.

5. Como consequ ˆencia da isotermia, a viscosidade ´e constante, embora esta propriedade n ˜ao varie significativamente com a temperatura em flu´ıdos gasosos, ao contr ´ario do que acontece com os flu´ıdos l´ıquidos.

6. O fluxo de ar ´e laminar dado que a lubrificac¸ ˜ao em chumaceiras de esmagamento de pel´ıcula, ´e dominada por efeitos de viscosidade.

(32)

8. As superf´ıcies s ˜ao consideradas ideais, ou seja, a rugosidade ´e desprezada. 9. O flu´ıdo gasoso ´e considerado um meio cont´ınuo.

Pelo facto do flu´ıdo ser um g ´as perfeito, pode ser relacionada a press ˜ao e a densidade pelo uso direto da equac¸ ˜ao geral politr ´opica (p/ρn = constante). Sabendo que a igualdade n = 1,

repre-senta os casos isot ´ermicos, resultar ´a na proporcionalidade entre estas duas propriedades, permitindo a substituic¸ ˜ao da densidade pela press ˜ao na equac¸ ˜ao de Reynolds. Considerando a substituic¸ ˜ao referida,

´e poss´ıvel reescrever a equac¸ ˜ao 2.1 de forma gen ´erica [14]: ∂ ∂x  ph3∂p ∂xi  = 6µ  ∂xi [ph(Vi+ Vi0)] + 2 ∂(ph) ∂t  i = [1, 2] (2.2)

Generalizando, ainda mais, a equac¸ ˜ao anterior atrav ´es da aplicac¸ ˜ao dos operadores matem ´aticos gradiente e diverg ˆencia tem-se [20]:

div  −ph 3 12µgradp + phV 2  + ∂ ∂t(ph) = 0 (2.3)

Para tornar a equac¸ ˜ao anterior adimensional, ´e necess ´ario adimensionalizar os par ˆametros desta, considerando para tal as seguintes relac¸ ˜oes [20]:

P = p pa H = h h0 T = ωt Ui= Vi V Xi= xi B Λ = 6µV B pah20 σ = 12µωB 2 pah20 (2.4)

Substituindo os par ˆametros pelos respectivos adimensionais vem:

div−P H3gradP + ΛP HU + σ

∂T(P H) = 0 (2.5)

A express ˜ao geral de Reynolds aplicada a superf´ıcies coordenadas ´e dada por [20]: 1 gαgβ  ∂α  gβ gα P H3∂P ∂α  + ∂ ∂β  gα gβ P H3∂P ∂β  = σ∂ (P H) ∂T (2.6)

Na equac¸ ˜ao 2.5, desprezou-se o termo ΛP HU , uma vez que o interesse neste trabalho centra-se no efeito de ”esmagamento de pel´ıcula puro”, ou seja, s ´o s ˜ao considerados movimentos axiais e n ˜ao tangenciais. Deste modo, pode ser considerada a seguinte equac¸ ˜ao sem o referido termo:

div−P H3gradP + σ

∂T(P H) = 0 (2.7)

Como qualquer superf´ıcie aplicada `a equac¸ ˜ao de Reynolds est ´a inserida num sistema de coorde-nadas, considera-se as coordenadas gen ´ericas α e β para descrever essas mesmas superf´ıcies. Na equac¸ ˜ao anterior, aplicam-se os fatores de escala ou proporcionalidade do sistema de coordenadas

(33)

para a aplicac¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de Reynolds a uma superf´ıcie cartesiana, da seguinte forma [6]:    α = X β = Y e      gα= | ∂r ∂X| = 1 gβ= | ∂r ∂Y | = 1

Com base na superf´ıcie plana segundo eixos coordenados x-y, representada na figura 2.7, sugere-se a sugere-seguinte transformac¸ ˜ao de coordenadas:

Figura 2.7: Superf´ıcie plana com eixos x-y[1].          x = BX y = BY r = Xi+ Yj

Aplicando a transformac¸ ˜ao de vari ´aveis com ψ = P H na equac¸ ˜ao 2.6, obt ´em-se a seguinte equac¸ ˜ao [20]: 1 gαgβ  ∂α  gβ gα ψ  H∂ψ ∂α − ψ ∂H ∂α  + ∂ ∂β  gα gβ ψ  H∂ψ ∂β − ψ ∂H ∂β  = σ∂ψ ∂T (2.8)

As raz ˜oes para a transformac¸ ˜ao anterior s ˜ao as seguintes [6, 32]:

1. As derivadas de PH, em ordem `as coordenadas de espac¸o, s ˜ao em m ´edia de menor magnitude do que as de P;

2. A derivada ∂H∂T ´e eliminada por substituic¸ ˜ao, o que se torna conveniente nas situac¸ ˜oes em que o pr ´oprio H deve ser determinado por considerac¸ ˜oes din ˆamicas como neste caso, ou seja, quando a massa suportada pela pel´ıcula de ar se desloca de uma posic¸ ˜ao para outra, por ac¸ ˜ao da press ˜ao gerada no interior da chumaceira.

Desenvolvendo a express ˜ao anterior obt ´em-se: ∂ψ ∂T − 1 σgαgβ ( ψH gβ gα ∂2ψ ∂α2 + gα gβ ∂2ψ ∂β2  − ψ2 gβ gα ∂2H ∂α2 + gα gβ ∂2H ∂β2  + H " gβ gα  ∂ψ ∂α 2 +gα gβ  ∂ψ ∂β 2# −ψ gβ gα ∂ψ ∂α ∂H ∂α + gα gβ ∂ψ ∂β ∂H ∂β  + ψ  H∂ψ ∂α − ψ ∂H ∂α  ∂α  gβ gα  +  H ∂ψ ∂∂β − ψ ∂H ∂β  ∂β  gα gβ  = 0 (2.9)

Aplicando α = X, β = Y e gα= gβ = 1na equac¸ ˜ao 2.9, resulta a seguinte express ˜ao:

∂ψ ∂T − 1 σ ( Hψ ∂ 2ψ ∂X2+ ∂2ψ ∂Y2  − ψ2 ∂2H ∂X2 + ∂2H ∂Y2  + H "  ∂ψ ∂X 2 + ∂ψ ∂Y 2#

(34)

−ψ ∂ψ ∂X ∂H ∂X + ∂ψ ∂Y ∂H ∂Y  = 0 (2.10) dA = ∂r ∂α× ∂r ∂β  dαdβ =      i j k ∂X ∂α ∂Y ∂α ∂Z ∂α ∂X ∂β ∂Y ∂β ∂Z ∂β      dαdβ = gαgβ∂α∂β (2.11)

Dado que o objeto de estudo s ˜ao chumaceiras de esmagamento de pel´ıcula de ar axiais, considera-se apenas o c ´alculo da capacidade de carga na direc¸ ˜ao z:

Fz= paB2 2π Z 2π 0 Z Z dA (P − 1)(dA · k) dT (2.12)

Simplificando a equac¸ ˜ao anterior, para aplicac¸ ˜ao em superf´ıcies cartesianas com coordenadas X e Y resulta: dAXY =      i j k 1 0 0 0 1 0      dXdY = dX dY k (2.13) Fz= paB2 2π Z 2π 0 Z Y Z X (P − 1) dX dY dT (2.14) Com P = P (X, Y, T ) e Fx= Fy= 0.

2.2.1.3 Equac¸ ˜ao de Reynolds em coordenadas polar planas

O c ´alculo da capacidade de carga para o caso de coordenadas polar planas, ´e em tudo seme-lhante ao caso das cartesianas, com a excec¸ ˜ao da transformac¸ ˜ao de coordenadas e naturalmente, da utilizac¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de Reynolds apropriada a este tipo de geometria. Considera-se portanto, uma superf´ıcie circular plana (figura??) e a transformac¸ ˜ao de coordenadas associada:

Figura 2.8: Superf´ıcie circular plana [6].                B = R0 X = R cos(θ) X = R sin(θ) r = R cos(θ)i + R sin(θ)j

Para aplicar a equac¸ ˜ao de Reynolds ao referido sistema de coordenadas, ´e necess ´ario aplicar os se-guintes factores de proporcionalidade do sistema de coordenadas [6]:

   α = R β = θ e      gα= | ∂r ∂R| = 1 gβ= | ∂r ∂θ| = 1

(35)

Procedendo da mesma maneira que o caso anterior (coordenadas cartesianas), a equac¸ ˜ao de Rey-nolds aplicada a coordenadas polar planas ´e dada por:

1 R ∂ ∂R  RP H3∂P ∂R  + 1 R2 ∂ ∂θ  P H3∂P ∂θ  = σ∂(P H) ∂T (2.15)

Da mesma forma que em coordenadas cartesianas, substitui-se ψ = P H na equac¸ ˜ao anterior, resultando a seguinte express ˜ao:

∂ψ ∂R− 1 σ  Hψ ∂ 2ψ ∂R2 + 1 R ∂ψ ∂R+ 1 R2 + ∂2ψ ∂θ2  − ψ2 ∂ 2H ∂R2 + 1 R ∂H ∂R + 1 R2 ∂2H ∂θ2  −ψ ∂ψ ∂R ∂H ∂R + 1 R2 ∂ψ ∂θ ∂h ∂θ  + H "  ∂ψ ∂R 2 + 1 R2  ∂ψ ∂θ 2#) = 0 (2.16)

A capacidade de carga, analogamente ao sistema de coordenadas cartesiano, pode ser obtida com as seguintes express ˜oes:

dArθ=      i j k cos θ sin θ 0 −R sin θ R cos θ 0      dRdθ = R dR dθ k (2.17) Fz= paR02 2π Z 2π 0 Z θ Z R (P − 1) dR dθ dT (2.18) Com P = P (R, θ, T ) e Fx= Fy= 0.

2.2.1.4 Equac¸ ˜ao din ˆamica do modelo de chumaceira e massa suportada

Para a an ´alise de modelos f´ısicos, muitas vezes recorre-se a modelos din ˆamicos com o objetivo fundamental de representar, simplificadamente, o comportamento de um determinado corpo quando solicitado. Como tal, na figura 2.9b representa-se o modelo din ˆamico da chumaceira em estudo, com base no modelo f´ıs´ıco da figura 2.9a.

(a) Modelo f´ısico (b) Modelo din ˆamico

(36)

A equac¸ ˜ao din ˆamica do elemento suportado ´e definida pela seguinte express ˜ao: Md 2z M dt2 − Car dzM dt − KarzM + FM = 0 (2.19)

na qual as vari ´aveis representam: M- massa suportada

Car- amortecimento devido `a pel´ıcula de ar

Kar- rigidez n ˜ao-linear devido `a pel´ıcula de ar

FM- peso da massa suportada (FM = M × g)

zM- deslocamento da massa suportada

Matos Almas, na sua tese [6], resolve simultaneamente a equac¸ ˜ao din ˆamica do elemento suportado e a equac¸ ˜ao de Reynolds, atrav ´es de m ´etodos num ´ericos, com base na depend ˆencia do deslocamento Z(adimensional) das duas equac¸ ˜oes. Esta depend ˆencia adv ´em dos factos: na equac¸ ˜ao din ˆamica, com o c ´alculo da press ˜ao m ´edia instant ˆanea Pn, obtida a partir da equac¸ ˜ao de Reynolds; e na equac¸ ˜ao de

Reynolds, com o c ´alculo da press ˜ao P que depende tamb ´em de Z, obtido a partir de H (espessura de pel´ıcula adimensional).

Considerando a forc¸a de sustentac¸ ˜ao ou capacidade de carga Fz como a resultante das forc¸as

associadas ao amortecimento e rigidez n ˜ao-linear, obt ´em-se o seguinte modelo din ˆamico:

Figura 2.10: Sistema din ˆamico do elemento suportado da chumaceira.

Substituindo FM = M g, na equac¸ ˜ao din ˆamica, vem:

Md

2z m

dt2 + M g = Fz (2.20)

A forc¸a Fz, pode ser calculada pelo produto entre a ´area projectada da pel´ıcula (plano perpendicular

a z) e a press ˜ao m ´edia relativa na pel´ıcula, representada pela seguinte equac¸ ˜ao [6] :

(37)

A ´area Aze a press ˜ao Pn, assumem express ˜oes diferentes em cada sistema de coordenadas [6] :

1. No caso de superf´ıcies em coordenadas cartesianas:

Az= BA (2.22) Pn=B A Z 1 0 Z AB 0 P dY dX (2.23)

2. No caso de superf´ıcies em coordenadas polar planas [6] :

Az= π(re2− r 2 i) (2.24) Pn= 1 π(1 + 2C) Z 1 0 Z 2π 0 P (R + C) dθ dR (2.25)

Desenvolvendo a equac¸ ˜ao 2.20, obt ´em-se a express ˜ao [6] : d2zM

dt2 =

1

M(Fz− M g) (2.26)

Introduzindo as vari ´aveis adimensionais: Z = hz

0 e T = ωt na equac¸ ˜ao anterior, resulta a seguinte

express ˜ao [6] : d2Z dT2 = 1 M ω2h 0 (Fzn− M g) (2.27)

Se forem considerados os seguintes factores adimensionais da equac¸ ˜ao din ˆamica [6] :

τ = paAz M ω2h 0 Gz= g ω2h 0 (2.28) poder ´a ser reescrita a equac¸ ˜ao din ˆamica do elemento suportado da seguinte forma [6] :

d2Z

dT2 = τ (P

n− 1) − G

z (2.29)

O processo de adimensionalizac¸ ˜ao pode ser aplicado al ´em da equac¸ ˜ao din ˆamica, como por exem-plo, para a espessura da pel´ıcula. Se a equac¸ ˜ao que representa a espessura de pel´ıcula (presente na figura 2.6) for dividida por h0em ambos os membros, obt ´em-se a seguinte equac¸ ˜ao adimensional:

H = h h0

(38)

2.2.2

M ´etodos Num ´ericos

A equac¸ ˜ao de Reynolds aplicada a flu´ıdos compress´ıveis, ´e uma equac¸ ˜ao diferencial parab ´olica n ˜ao-linear de segunda ordem. Tal facto, e quanto se sabe actualmente, impossibilita a obtenc¸ ˜ao de soluc¸ ˜oes exatas e torna muito dif´ıcil o alcance de soluc¸ ˜oes anal´ıticas aproximadas, dada a dificuldade do procedimento matem ´atico exigido e a limitac¸ ˜ao da gama de valores atribu´ıveis aos par ˆametros em an ´alise. Poderia optar-se, imediatamente, pelo uso de elementos finitos devido `a flexibilidade de tra-tamento das irregularidades geom ´etricas/f´ısicas e a velocidade de c ´alculo mais elevada, comparando com outros m ´etodos de an ´alise. No entanto, essa n ˜ao foi a opc¸ ˜ao escolhida para esta tese uma vez que esse processo exige formulac¸ ˜oes complicadas e sub-rotinas especiais para a composic¸ ˜ao das matrizes globais a partir das matrizes dos elementos.

A utilizac¸ ˜ao do processo de diferenc¸as finitas e da equac¸ ˜ao de Reynolds, requer uma formulac¸ ˜ao mais simples do que o m ´etodo de elementos finitos, com a desvantagem de exigir um sistema pre-ferencial de coordenadas, associando as fronteiras da pel´ıcula lubrificante a linhas coordenadas [6]. Como as chumaceiras de esmagamento de pel´ıcula utilizadas neste trabalho possuem geometrias muito simples como a circular n ˜ao se justifica o uso do m ´etodo dos elementos finitos, pelas raz ˜oes explicadas anteriormente. Foi este facto este que levou Matos Almas [6] a estudar a influ ˆencia dos par ˆametros de funcionamento na capacidade de carga de chumaceiras de esmagamento de pel´ıcula compress´ıvel, com recurso a t ´ecnicas cl ´assicas de diferenc¸as finitas. Atrav ´es desta an ´alise, criou pro-gramas de simulac¸ ˜ao num ´erica com recurso `a linguagem de programac¸ ˜ao FORTRAN, dos quais um deles, foi adotado para a realizac¸ ˜ao deste trabalho, nomeadamente, o ”C-NZ.FOR”. Este programa, tem como base o m ´etodo de an ´alise de diferenc¸as finitas Crank-Nicolson e foi selecionado, pois revelou estabilidade num ´erica nas an ´alises feitas [6] e ´e o que melhor se adapta a todos os casos de estudo realizados neste trabalho. A aplicac¸ ˜ao deste programa aos casos de estudo deste trabalho, permite obter recomendac¸ ˜oes quanto ao melhor uso dos par ˆametros operacionais.

2.2.2.1 M ´etodo de Crank-Nicolson aplicado ao m ´etodo de diferenc¸as finitas

Antes de se aplicar o M ´etodo de Crank-Nicolson `a equac¸ ˜ao de Reynolds, ´e necess ´ario aplicar o m ´etodo de diferenc¸as finitas. Representando a equac¸ ˜ao 2.9 na forma geral e substituindo a func¸ ˜ao ψ = P H pela forma gen ´erica u, vem:

L(u) ≡ ∂u ∂T − F  α, β, T, u,∂u ∂α, ∂u ∂β, ∂2u ∂α2, ∂2u ∂β2  (2.31) Dividindo os eixos coordenados α, β e T em segmentos de dimens ˜ao 4α, 4β e 4T , respetiva-mente, obriga a que estes passem a ser definidos unicamente nos n ´os [6]:

[(j − 1)4α, (k − 1)4β, (n − 1)4T ] (2.32)

(39)

Para cada n ´o, a equac¸ ˜ao 2.31, ´e substitu´ıda pela seguinte equac¸ ˜ao alg ´ebrica [32]: Lj,kn≡ un+1j,k − un j,k 4T − F h (j − 1)4α, (k − 1)4β, (n − 1 + θ)4T, θun+1j,k + (1 − θ)unj,k, θ(un+1j+1,k− un+1 j−1,k) + (1 − θ)(u n j+1,k− u n j−1,k) 24α , θ(un+1j,k+1− un+1 j,k−1) + (1 − θ)(u n j,k+1− unj,k−1) 24β , θ0(un+1j+1,k− 2un+1 j,k + u n+1 j−1,k) + (1 − θ 0)(un j+1,k− 2unj,k+ unj−1,k) (4α)2 , θ0(un+1j,k+1− 2un+1j,k + un+1j,k−1) + (1 − θ0)(unj,k+1− 2un j,k+ u n j,k−1) (4β)2 # = 0 (2.33)

Nesta equac¸ ˜ao, θ e θ0 representam os par ˆametros reais arbitr ´arios num intervalo [0,1], que de-terminam a ponderac¸ ˜ao da m ´edia das aproximac¸ ˜oes por diferenc¸as finitas correspondentes aos dois instantes n e n + 1 . Deste modo, ´e poss´ıvel calcular o valor aproximado da func¸ ˜ao nos n ´os referidos. Para se obter soluc¸ ˜oes aproximadas, parte-se de uma condic¸ ˜ao inicial u0

j,ke das condic¸ ˜oes de fronteira

nos instantes seguintes, calculando os valores da soluc¸ ˜ao un+1j,k a partir dos valores do instante anterior un

j,k[6]. O m ´etodo de Crank-Nicolson, considera θ = θ0= 1

2na equac¸ ˜ao 2.33, representando a definic¸ ˜ao

das vari ´aveis e suas derivadas nos seguintes instantes interm ´edios:

(40)

Cap´ıtulo 3

Experimentac¸ ˜ao Num ´erica

Para a realizac¸ ˜ao deste trabalho foi utilizado, tal como referido anteriormente, o c ´odigo fonte do programa de c ´alculo C-NZ.FOR desenvolvido por Matos Almas. Atrav ´es deste, foi poss´ıvel simular o comportamento da pel´ıcula lubrificante e do elemento suportado. Os resultados obtidos na simulac¸ ˜ao, como por exemplo a press ˜ao m ´edia e o deslocamento da massa suportada, foram posteriormente analisados, permitindo assim, perceber a influ ˆencia dos par ˆametros operacionais no comportamento din ˆamico da chumaceira e assim chegar ao objetivo do trabalho, ou seja, dar recomendac¸ ˜oes quanto `a melhor escolha desses par ˆametros.

3.1

Preparac¸ ˜ao do Programa C-NZ.FOR

O facto do programa original ter sido criado em 1992, ´epoca em que os computadores eram ainda limitados em termos de capacidade de mem ´oria, n ˜ao possibilitou a execuc¸ ˜ao de certas an ´alises, como por exemplo, as que envolviam um elevado n ´umero de ciclos de estabilizac¸ ˜ao. No entanto, devido ao desenvolvimento exponencial das tecnologias de informac¸ ˜ao, foi poss´ıvel alargar o campo das ex-peri ˆencias feitas e a descoberta de informac¸ ˜ao relativa ao objeto de estudo, permitindo a realizac¸ ˜ao deste trabalho.

Para ser poss´ıvel a utilizac¸ ˜ao do programa original, foi necess ´ario o compilador Microsoft Developer Studio (Fortran Power Station 4.0) que, atrav ´es de c ´odigo C-NZ.FOR, permite gerar um execut ´avel com capacidade para ler os ficheiros de entrada e fornecer os resultados da simulac¸ ˜ao num ´erica para posteriormente serem analisados.

De seguida, os resultados provenientes da simulac¸ ˜ao com par ˆametros estabelecidos, foram com-parados com os obtidos na refer ˆencia [1], de modo, a validar o programa. Para tal, foi necess ´aria a modificac¸ ˜ao das condic¸ ˜oes operacionais, uma vez que o elemento suportado ´e din ˆamico e n ˜ao est ´atico, como o da refer ˆencia.

(41)

3.1.1

Alterac¸ ˜

oes efetuadas no programa

Com o objectivo de compatibilizar o programa C-NZ.FOR com os sistemas inform ´aticos atuais, foram feitas pequenas alterac¸ ˜oes no programa original, na sua maioria j ´a implementadas no programa C-N.FOR, utilizado para o elemento de suporte est ´atico pela refer ˆencia [1]. Estas alterac¸ ˜oes, s ˜ao descritas de seguida.

1. Inicializac¸ ˜ao e finalizac¸ ˜ao dos ficheiros de leitura de dados e escrita de resultados.

No c ´odigo C-NZ.FOR, foram adicionadas instruc¸ ˜oes no sentido de permitir a entrada e sa´ıda de dados a partir de ficheiros csv (comma-separated values). Neste formato, a informac¸ ˜ao est ´a sepa-rada por um delimitador, neste caso, por um ponto e v´ırgula e tem a possibilidade de edic¸ ˜ao/leitura em qualquer editor de texto. Na refer ˆencia [1], foi utilizado o formato (”txt”) que causava alguns problemas, principalmente porque nos ficheiros de sa´ıda originais, a quantidade de caracteres alfanum ´ericos informativos era significativa, sendo moroso em termos de leitura pelo programa aquando do tratamento gr ´afico. Por isso, optou-se apenas, pelo uso de no m ´aximo tr ˆes colunas de informac¸ ˜ao num ´erica separada pelos referidos delimitadores, facilitando a criac¸ ˜ao de gr ´aficos combinados e com elevado n ´umero de ciclos.

Figura 3.1: Inicializac¸ ˜ao e finalizac¸ ˜ao dos ficheiros de leitura de dados e escrita de resultados.

2. C ´alculo dos factores de proporcionalidade das coordenadas.

Como a geometria da chumaceira utilizada neste trabalho ´e a circular com raio interior (GI) nulo, foi necess ´ario adicionar duas instruc¸ ˜oes, destacadas na figura 3.2 por rect ˆangulos azuis, porque o programa original foi concebido para geometria circular com raio interior n ˜ao nulo, o que originou um ”overflow” devido ao caso indeterminado de divis ˜ao por zero. Este problema, surge com o c ´alculo destacado no primeiro rect ˆangulo a azul, tal como se pode constatar de seguida:

C = GEGI = GE0 = 0 ⇒ P RP F (J ) = ALF A+C1D0 = 10, resultando numa indeterminac¸ ˜ao quando ALF A = 0, ou seja, no centro do c´ırculo.

(42)

Figura 3.2: Adic¸ ˜ao das condic¸ ˜oes ”IF” no c ´alculo dos factores de proporcionalidade.

3. Atribuic¸ ˜ao de mem ´oria

No programa original, o n ´umero m ´aximo de ciclos permitido eram 32767. Por ´em, neste traba-lho, para ser poss´ıvel obter o ficheiro de sa´ıda de resultados, foram muitas vezes necess ´arios 50000 ciclos para a soluc¸ ˜ao estabilizar completamente. No entanto, os gr ´aficos apresentados n ˜ao atingem esse valor, uma vez que correspondem a oscilac¸ ˜oes muito reduzidas, que n ˜ao s ˜ao importantes para o objetivo deste trabalho. Para ser poss´ıvel utilizar o programa com o n ´umero de ciclos desejado, substituiu-se o operador de c ´alculo ”INTEGER*2” por ”INTEGER*4”, permitindo assim estudar novas an ´alises, solicitar um maior volume de c ´alculo ao computador e fornecer resultados com melhor aproximac¸ ˜ao [1].

3.1.2

Validac¸ ˜ao do programa

Com a validac¸ ˜ao do programa C-NZ.FOR, obt ´em-se a garantia que os resultados provenientes deste s ˜ao confi ´aveis, expandindo deste modo, os horizontes para experi ˆencias ainda n ˜ao exploradas. Como os ´unicos dados poss´ıveis de validar correspondem a condic¸ ˜oes est ´aticas (elemento suportado fixo) presentes na refer ˆencia [1], foi necess ´ario criar as mesmas no programa atual (elemento suportado din ˆamico). Para tal, foi estabelecido que o elemento suportado deveria ter um valor de massa extre-mamente elevado (a tender para infinito) e as condic¸ ˜oes operacionais deveriam ser as de aus ˆencia de gravidade (ver anexo A). S ´o deste modo, ´e poss´ıvel assegurar que o elemento se comporta da mesma maneira que o caso est ´atico.

O facto dos resultados da refer ˆencia [1], terem sido obtidos utilizando o programa BIDI.FOR (an ´alise bidimensional), n ˜ao traz nenhum problema porque sendo o elemento de estudo circular, a sua axissi-metria torna a an ´alise bidimensional numa an ´alise unidimensional, possibilitando a comparac¸ ˜ao com o programa C-NZ.FOR.

(43)

Na tabela seguinte, comparam-se os resultados entre os dois programas referidos. BIDI.FOR C-NZ.FOR Erro relativo [%] ω = 738, 3878Hz Fz= 330, 542 N Fz= 331, 433 N 0,2696

Pmed= 1, 32622 P a Pmed= 1, 32710 P a 0,0663

ω = 7383, 878Hz Fz= 345, 308 N Fz= 345, 997 N 0,1995 Pmed= 1, 340792 P a Pmed = 1, 341473 P a 0,0508

Tabela 3.1: Variac¸ ˜ao relativa dos resultados obtidos nos dois programas.

Observando a tabela 3.1, verifica-se que existe uma pequena diferenc¸a nos resultados, atingindo um erro relativo m ´aximo de 0,27% , aproximadamente. Estev facto pode-se explicar pela utilizac¸ ˜ao de diferentes m ´etodos de an ´alise de diferenc¸as finitas. No programa C-NZ.FOR, recorreu-se ao m ´etodo de Crank-Nicolson e no programa BIDI.FOR utilizou-se o m ´etodo de Peaceman-Rachford. O erro relativo associado `a utilizac¸ ˜ao do m ´etodo de Crank-Nicolson ´e bastante reduzido, portanto, conclui-se que os resultados obtidos pelo programa s ˜ao confi ´aveis, permitindo deste modo, tirar conclus ˜oes sobre os mesmos.

3.2

Criac¸ ˜ao do Programa para Tratamento Gr ´afico dos Resultados

Para facilitar a compreens ˜ao das respostas do sistema `as diversas solicitac¸ ˜oes efetuadas, apresentaram-se os resultados, na sua maioria, graficamente. No entanto, para a realizac¸ ˜ao deste trabalho foi ne-cess ´ario o tratamento de um grande volume de informac¸ ˜ao, dado o n ´umero elevado de ciclos de cada experi ˆencia. Tal facto dificultava o uso do software Microsoft Excel, uma vez que teria de se repetir v ´arias vezes a criac¸ ˜ao de gr ´aficos para resultados diferentes. Assim, foi criado um programa no soft-ware Matlab que faz a leitura direta dos resultados provenientes do programa C-NZ.FOR e coloca-os numa base de dados (matricial). Deste modo, foi mais f ´acil gerar gr ´aficos e utilizar os resultados para c ´alculos, como por exemplo, a dist ˆancia entre os elementos da chumaceira. O programas criado, pode ser observado na secc¸ ˜ao referente aos anexos (Anexo B.1).

(44)

Na figura seguinte, apresenta-se um esquema representativo de como as experi ˆencias foram reali-zadas, desde a simulac¸ ˜ao num ´erica at ´e `a produc¸ ˜ao gr ´afica pelo programa criado.

Imagem

Figura 2.1: Representac¸ ˜ao de algumas aplicac¸ ˜oes do girosc ´opio (adaptada de [25]).
Figura 2.2: Desenvolvimento do efeito de esmagamento de pel´ıcula em ecr ˜as t ´acteis [28].
Figura 2.3: Esquema representativo de uma chumaceira aeroest ´atica [1].
Figura 2.5: Esquema representativo de uma chumaceira de esmagamento de pel´ıcula [1].
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Referências

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