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Gênero e mudança: o foco dos indicadores sociais

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Academic year: 2021

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Gênero e mudança: o foco dos indicadores sociais

Zuleica Lopes Cavalcanti de Oliveira

O presente trabalho é um desdobramento de um projeto mais amplo da Cooperação Técnica Alemã (GTZ) que foi desenvolvido por uma equipe constituída pela geografa Olga Maria Buarque Fredrich, pelo analista de sistemas José Augusto Raupp e por mim (Küchemann, A. e Thurau, D,2006). Trata-se da formulação de um índice sintético que visa a identificação das mudanças ocorridas nas relações de gênero bem como o seu mapeamento nos distintos contextos espaciais do território nacional. O material empírico utilizado na elaboração do Índice Cultural de Gênero (ICG) esta baseado nas informações do Censo Demográfico 2000.

O trabalho foi estruturado com vistas a contemplar dois tópicos básicos. O primeiro esta voltado para a explicitação das idéias que fundamentaram a formulação do Índice Cultural de Gênero. O ICG teve como proposta a busca da desconstrução dos processos de gênero presentes nas estatísticas públicas. O segundo visa a análise de parte do material empírico gerado a partir do calculo do ICG. Pretende-se destacar alguns dos fatores propulsores das transformações ocorridas nas culturas de gênero na sociedade brasileira tomando como referência o espaço metropolitano.

Antes de entrar propriamente na explicitação das idéias que serviram de base para a construção do ICG cabe situar a natureza do conhecimento estatístico.Inicialmente, cabe assinalar o conhecimento estatístico é uma forma de pensamento classificatório que resulta de “fatos”, socialmente construídos (Besson,1995). O conhecimento estatístico decorre do que já foi previamente definido pela sociedade (Fouquet,1995). Nesse sentido, ele é um espelho e uma parte integrante do debate social. A informação estatística expressa uma imagem particular da sociedade, que está fundada em um olhar que é sempre subjetivo, parcial, seletivo e contingente (Fouquet,1995). Em vista disso, o indicador estatístico, antes de ser apenas um número, se constitui em um enunciado, refletindo a representação que a sociedade tem sobre si mesma. Dessa forma, o olhar da estatística é expressão, em última instância, do reconhecimento da sociedade sobre os “fatos” sociais.

Cumpre destacar que a realidade social, que é objeto da observação estatística, é uma realidade, moldada pelas normas e pelas representações sociais. Ela é filtrada por intermédio de um modelo cultural que fornece os critérios para a classificação dos “fatos” sociais e, por conseguinte, para a produção estatística. Esse modelo é, por sua vez, influenciado pela cultura patriarcal, que permeia todas as dimensões da sociedade, estando entranhada tanto na família como na reprodução social e biológica da espécie humana (Castells, 1999).

A linguagem estatística é constituída por operações prévias de codificação que se distinguem do código estatístico stricto sensu, incorporando tanto a dimensão social como a política. A codificação homem/mulher, feita por intermédio das informações estatísticas,

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se fundamenta na representação social sobre as relações de gênero, em particular sobre o lugar ocupado pela mulher, na esfera privada da família (Oliveira, 2001).

Assim, apesar de manter uma aparente neutralidade a linguagem estatística exerce um papel importante para a formulação e para a manutenção de uma visão de mundo, calcada em valores masculinos. Todas as operações da prática estatística, desde a elaboração dos questionários, da codificação até a construção e a divulgação das informações estatísticas, estão embebidas pelas representações e pelas normas culturais que definem o lugar dos homens e das mulheres na vida social. O modo de construção das estatísticas expressa, portanto, a organização e a dinâmica das relações de poder entre homens e mulheres.

A concepção que preside o processo de elaboração da informação estatística em todos os seus momentos reflete a noção de neutralidade relativa de gênero. O indivíduo, retratado por intermédio das informações estatísticas, é concebido como um indivíduo “sem gênero”, expressando, na verdade, uma identidade, que é sempre masculina. Ou seja, a concepção do desenho das estatísticas se fundamenta na associação da figura masculina com o espaço público do trabalho e do feminino com o espaço privado da reprodução. Essa concepção se assenta, assim na dicotomia público/privado, guardando estreita relação com o sistema simbólico, baseado na oposição público/privado. As informações estatísticas são moldadas, segundo essa oposição, denotando e, reforçando, desse modo, o reconhecimento social sobre o lugar diferenciado de homens e mulheres na vida social (Oliveira, 2001).

Portanto, a desconstrução dos processos de gênero, contidos na concepção das informações estatísticas, leva a necessidade de articular as esferas pública e privada, identificando as modificações que ocorreram nas relações de gênero no espaço privado, principalmente nos papéis desempenhados pelos homens e mulheres no interior da família. A descontrução dos processos de gênero das informações estatísticas requer a introdução no campo de sua produção de dimensões voltadas para o espaço privado da vida social.

1) A PROPOSTA DO ÍNDICE CULTURAL DE GÊNERO

O Índice Cultural de Gênero ( ICG) foi pensado a partir de algumas idéias que cabem ser explicitadas. Em primeiro lugar é preciso destacar a natureza particular das desigualdades de gênero. Ou seja, as desigualdades de gênero se fundamentam em traços que embora fazendo parte da antiga ordem tradicional permaneceram no capitalismo contemporâneo para reforçar a subordinação feminina. As desigualdades de gênero estão referidas a demanda por identidade social. Os direitos das mulheres se relacionam com os constrangimentos culturais que impedem uma participação igualitária, entre as categorias de gênero, o que demanda mudanças de atitudes e das normas dominantes (Darendorf, 1988).

As desigualdades de gênero expressam o que Marshall (1963) denominou de desigualdade qualitativa. Este tipo de desigualdade pode ser eliminada por intermédio do acesso à direitos, distinguindo-se da desigualdade quantitativa ou econômica. As relações de produção e as forças do mercado não são os únicos fatores de diferenciação social existentes. As relações de produção e as forças de mercado são mediadas por outros fatores,

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entre os quais de destaca o de gênero. As desigualdades de gênero se baseiam nas dimensões normativa ou cultural, implicando, em relações de status que transcendem ao universo econômico (Barbalet, 1986).

A desigualdade qualitativa está relacionada à orientações e à necessidades distintas das de classes, referindo-se à construção da identidade pessoal e social. Trata-se de interesses que têm relação com direitos e com status. É preciso lembrar que as prerrogativas mais do que os provimentos ganham espaço na sociedade contemporânea, indicando que o princípio de classe já não se constitue no único norteador das relações sociais (Darendorf, 1988). Nesse sentido a dimensão cultural torna-se crucial para a busca de um maior entendimento sobre as desigualdades de gênero.

Em vista disso, a primeira decisão metodológica adotada para a formulação do ICG foi a da inclusão da dimensão cultural no conjunto de aspectos que foram definidos para a elaboração desse Índice. Cumpre esclarecer, que para efeito de sua construção a dimensão cultural foi entendida como expressão das culturas de gênero, em particular das mudanças ocorridas nas relações entre homens e mulheres na esfera da vida privada. Pretendeu-se também articular aspectos dessa esfera com aspectos do espaço público com vistas a assegurar a superação da dicotomia público/privado legitimadora das desigualdades de gênero. Em segundo lugar, considerou-se o conceito de “habitus” de Bourdieu e os dedobramentos feitos pela abordagem feminista como referências teóricas para a formulação do ÍCG. Outra referência digna de nota foi a de Castells (1999), em particular a sua reflexão sobre o pariarcalismo.

A tentativa de superação da dualidade indivíduo e sociedade encontra em Bourdieu um dos seus principais representantes. Bourdieu visou a superar a ilusão” objetivista”, questionando a postura que considera a estrutura social enquanto uma entidade independente e acima da ação dos indivíduos. Mas também se colocou contra a ilusão subjetivista, ao defender a plena independência dos indivíduos em relação à estrutura. A estrutura e a ação social são entendidas enquanto dimensões de uma relação de interdependência recíproca. Nesse sentido, a ação social não corresponde simplesmente a uma reação mecânica dependente dos valores e das normas culturais, nem pode ser tampouco vista apenas como consequência das intenções do sujeito. A ponte entre a estrutura e a ação social é feita por intermédio do conceito de “ habitus”, definido como um:

( ) sistema de disposições duráveis, estruturas estruturadas predisposta a funcionarem como

estruturas estruturantes, isto é, como princípio que gera e estrutura as práticas e as representações que podem ser objetivamente “regulamentadas” e “reguladas” sem que por isso sejam o produto de obediência de regras, objetivamente adaptadas a um fim, sem que se tenha necessidade da projeção consciente deste fim ou do domínio das operações para atingi-lo, mas sendo, ao mesmo tempo, coletivamente orquestradas sem serem o produto da ação organizadora de um maestro“(Bourdieu e Passeron, 1975)

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O “habitus” se realiza tanto no âmbito social como no individual, referindo-se tanto a uma classe social como a um agente específico. O “habitus” dá formato e orientação a ação, possibilitandoa reprodução das relações sociais objetivas na medida em que ele é também produto das mesmas relações.

O “habitus” é gerado pelos processos de educação, de socialização, pelas experiências “primitivas,” e pela incorporação da memória coletiva. Ele orienta a adoção das práticas sociais permitindo aos agentes se movimentarem no espaço social. Assim, a noção de “habitus” pressupõe a interiorização dos valores normativos bem como a incorporação dos sistemas de classificação preexistentes nas representações sociais. Os sistemas de classificação são ordenados segundo categorias históricas e sociais, reproduzindo a configuração das relações sociais As instituições de socialização dos agentes desempenham um papel importante para a estruturação dos “habitus”. São essas instituições que irão fornecer os primeiros valores e as primeiras categorias norteadoras da prática posterior dos agentes.

Cumpre ressaltar que o processo de estruturação de novos “habitus” é condicionado pelas estruturas de um “habitus” anterior. Os “habitus” específicos que configuram o modo de vida de um determinado grupo social influenciam os seus valores, os seus modelos normativos e as suas práticas sociais. Vale lembrar que é a lógica econômica que irá definir as práticas sociais. Nesse sentido é evidente a enfase dada por Bourdieu à dimensão de classe para a elaboração de seu conceito de “habitus”. Em Bourdieu o conceito de classe se aproxima da noção de status, uma vez que o poder pode se realizar tanto concretamente como de forma simbólica.

O outro conceito que cabe explicitar, em termos bastante genéricos, é o de campo dado a sua complementaridade com o conceito de “habitus”. Bourdieu define o campo como:

(...) o locus onde se trava uma luta concorrencial entre os atores em torno de interesses específicos)”(Bourdieu e Passeron,1975)

Nesse espaço, socialmente prederminado, os lugares dos agentes/atores estão previamente demarcados. Nesse sentido, o campo se constituí no espaço no qual se realizam as relações de poder. Ele se configura de acordo com a distribuição não igualitária do capital social. A apropriação do capital social, a sua inexistência, ou a sua apropriação reduzida divide os agentes/atores em dois grupos opostos: o grupo constituído pelos dominantes e, em contraposição, o dos dominados. Assim, o lugar do agente/ator na sociedade/cultura será determinado, em última instância, pelo seu pertencimento a um desses dois grupos opostos. Vale, ainda, introduzir outra noção chave na formulação de Bourdieu. Trata-se da noção de “poder simbólico” que nos permite pensar “a imposição ou a legitimação da dominação de uma classe sobre a outra bem como a dominação de gênero.

Os desdobramentos teóricos feitos pela abordagem feminista ( Macall, 1995 e Almeida, 1997) sobre os conceitos de “habitus”, campo e a noção de poder simbólico de Bourdieu têm se mostrado bastante frutíferos para a análise da temática de gênero. Nesse sentido, eles se constituíram, como já apontado, em uma referência relevante para a construção do ICG.

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A reflexão feita por MacCall (1992) identifica a proximidade teórica entre os conceitos de Bourdieu e a formulação de Scott (1990) e Haraway (1988) sobre o simbolismo e a identidade de gênero. Segundo essa autora o pensamento de Bourdieu permite pensar a diferenciação sexual hierarquica que é considerada enquanto força elementar da ordem social:

(...) a divisão entre os sexos parece estar “na ordem das coisas”, como se diz por vezes para falar do que é normal, natural, a ponto de ser inevitável: ela está presente, ao mesmo tempo, em estado objetivado nas coisas ( na casa, por exemplo, cujas a partes são todas sexuadas) em todo o mundo social, e, em estado incorporado, nos corpos e nos “habitus” dos agentes, funcionando como sistemas de percepção, de pensamento e de ação (

Bourdieu, 1999).

A correspondência entre Bourdieu, Scott e Haraway pode ser feita de acordo com MacCall (1992), por intermédio dos conceitos de capital simbólico e de “habitus”.O conceito de

“habitus” considerado enquanto produto das relações sociais permite pensar a questão das

relações sociais de gênero. O que importa destacar é que o repensar feminista (MacCall, 1992, Almeida, 1997) do conceito de “habitus” possibilita introduzir na formulação de Bourdieu a dimensão de mudança que não está contida na matriz de seu pensamento. Essa dimensão é de fundamental importância para se entender o novo formato adquirido pelas identidades de gênero em uma sociedade caracterizada por um intenso e rápido processo de transformação, em particular, na esfera da intimidade, da emoção e do privado.

Desse modo, é possível pensar em “habitus” de gênero que podem assumir tanto a conformação de um “sistema de disposições”( que são ao mesmo tempo determinações estruturadas como dimensões estruturantes), calcado na ordem patriarcal, legitmando a dominação simbólica masculina, como também em um “sistema de disposições” que se contrapõem a ordem patriarcal, se constituíndo em “novos habitus de gênero “. Os “novos

habitus de genero” resultam da mudança havida nas culturas de gênero durante a segunda

metade do século XX. Em contraposição, os primeiros, calcados no princípio do primado da masculinidade, permitem a perpetuação da dominação masculina, apoiando-se na família que se constituí no principal sustentáculo do capital simbólico.

A família, principalmente o tipo de familia que se baseia na divisão dos papéis sexuais- homem/provedor e mulher/dona de casa, é para Bourdieu o locus preferencial da dominação masculina. O modelo do homem como provedor da família que se ancora cada vez menos na base material, em razão da crescente participação feminina na força de trabalho encontra porém sustentação no plano simbólico. As representações sociais, os valores e as normas culturais que levam a família a se constituir em um universo simbólico, definem hierarquicamente a constituição das figurações familiares identificando o provedor como o eixo central na definição dos arranjos familiares. Para Castells (1999) o sustentáculo do patriarcalismo é encontrado no tipo de família com núcleo patriarcal, conforme ilustra o texto:

(...) É essencial tanto do ponto de vista analítico quanto político não esquecer o

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espécie, contextualizados histórica e culturalmente. Não fosse a família patriarcal, o patriarcalismo ficaria exposto como dominação pura e acabaria esmagado pela revolta da “outra metade do paraíso”, historicamente mantida em submissão (Castells, 1999)

A profunda e rápida mudança cultural levada a efeito nas sociedades capitalistas centrais e periféricas durante durante a segunda metade do século XX concorreu para a crise do tipo de família com núcleo patriarcal. Essa mudança resultou, segundo Castells (1999) de uma articulação efetuada entre quatro aspectos básicos. O primeiro refere-se às transformações que tiveram lugar na economia e no mercado de trabalho, em combinação com a ampliação das oportunidades educacionais para as mulheres. Em seguida, Castells (1999) destaca as inovações tecnológicas no campo da reprodução humana. O terceiro lugar é ocupado pelo movimento feminista, que ao trazer para o debate social o slogan "o privado também é político", assegurou a sua especificidade, se distanciando dos demais movimentos sociais com predomínio masculino. Por fim, o quarto aspecto tem a ver com a rápida difusão dos valores em uma cultura globalizada. A combinação desses quatro aspectos acarretou, portanto, uma substancial modificação nas culturas de gênero,com impactos evidentes sobre a "família de núcleo patriarcal", e, em decorrência, sobre a condição feminina.

Essa modificação tem ocorrido, sobretudo, no espaço privado da vida social (Giddens,2000, Castels,1999). Trata-se de uma verdadeira revolução que tem se processado nos costumes, na sexualidade, no casamento, afetando de forma marcante o padrão de família dos anos cinquenta.

(...) Podem existir diferenças de pormenor entre uma sociedade e outra mas em quase todo o mundo industrializado se verificam as mesmas tendências.Só uma minoria vive agora de acordo com aquilo que poderíamos chamar a família padrão dos anos cinquenta, isto é, pai e mãe que vivem juntos com os filhos do matrimonio, em que a mulher é dona de casa em tempo integral e o marido ganha o sustento de toda a família (Giddens,2000). As evidências têm apontado na mesma direção na sociedade brasileira, sugerindo que a imagem da sociedade já não corresponde mais de forma inquestionável ao modelo masculino. As mudanças que tem se processado no espaço privado, a exemplo do crescimento do número de divórcios, das uniões consensuais, dos nascimentos fora do casamento,da diminuição do número de filhos, do espaçamento do nascimento dos filhos, do aumento da idade média ao casar, do aumento da escolaridade feminina, da falência do modelo de família assentado na ética do provedor têm provocado transformações na condição da mulher tanto no espaço privado como no espaço público da vida social. Não há dúvida de que a mulher brasileira nos anos noventa se distingue de modo profundo da mulher brasileira da década de cinqüenta. As relações de gênero atingiram outra conformação durante esse período.

A família com núcleo patriarcal vêm mostrando sinais evidentes de mudança. Sinais que se traduzem não apenas pelo declínio de seu tamanho relativo, mas que sugerem transformações profundas em sua natureza. Sinais que expressam, em grande medida, as mudanças que têm se processado nas culturas de gênero na esfera do privado, das relações e da intimidade . Giddens (2000) chega a afirmar que são mudanças que refletem uma verdadeira revolução, uma “revolução simbólica”( Almeida, 1997) que denota, em última

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instância, a estruturação de “novos habitus de gênero”. Esta estruturação sinaliza na direção do deslocamento dos homens e das mulheres de seus papéis tradicionais tanto no plano da cultura como da subjetividade. Giddens (2000) ressalta que;

(...) dentre as mudanças que estão a acontecer por todo o mundo, nenhuma é mais importante do que as que afetaram a nossa vida pessoal: sexualidade, relações, casamento e família. Estamos no meio de uma revolução acerca da forma como pensamos a nós próprios e sobre a maneira como estabelecemos laços e ligações com os outros. É uma revolução que avança em velocidade desigual, conforme as regiões e as culturas, enfrentando muitas resistências (Giddens, 2000).

O Índice Cultural de Gênero objetiva mensurar as mudanças nas relações de gênero na sociedade brasileira. O ICG visa a medir as transformações que tem ocorrido na esfera da vida privada, esfera que como foi visto é relevante para o entendimento das desigualdades de gênero, bem como objetiva também medir o acesso feminino ao espaço público da vida social. Nesse sentido, o ICG permite avaliar o afastamento das mulheres de seus papéis tradicionais. Dessa forma está se enfatizando não o lado da permanência, mas o lado da mudança, das transformações havidas nas culturas de gênero. Pretende examinar a intensidade dessas mudanças e a sua reprodução no território brasileiro. Ou dito de uma outra forma visa a mensurar a estruturação dos “novos habitus de gênero”. Busca, assim, a desconstrução dos processos de gênero que estão contidos nas estatísticas públicas. Ao dar visibilidade a alguns dos aspectos da “revolução simbólica” (Giddens,2000), identificando as conquistas femininas tanto na esfera privada como na esfera pública se está combatendo a noção de neutralidade relativa de gênero que preside todas as fases da prática estatística.

2)ACONSTRUÇÃO DOICG

O ICG foi construído tomando como referência duas dimensões básicas. A primeira dimensão (FAMÍLIA) compreende cinco(5) indicadores simples: instabilidade das uniões, formação de uniões sem vínculos legais, mudança nos padrões da reprodução biológica, mudança no modelo de família com núcleo patriarcal e mudança na provisão familiar. A segunda dimensão (CONDIÇÃO FEMININA) é constituída por seis (6)indicadores simples: celibato feminino, liderança doméstica feminina, diferencial etário entre os cônjuges diferencial de escolaridade entre os cônjuges, integração da mulher cônjuge à esfera pública e a mudança no padrão ocupacional feminino. Os indicadores simples de cada uma das dimensões que compõem o ICG foram, assim operacionalizados:

2.1) DIMENSÃO FAMÍLIA:

Instabilidade das uniões

segundo a relação (a/b)x100 onde:

a = pessoas de 15 anos e mais, pessoas que não vivem mas já viveram com cônjuge,com exceção dos viúvos.

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Formação de uniões sem vínculos legais

segundo a relação (a/b)x100, em famílias com rendimento familiar per capita de 1/2 ou mais salários mínimos, onde:

a= mulheres de 15 a 34 anos unidas consensualmente. b= mulheres de 15 a 34 anos unidas.

Mudança nos padrões da reprodução biológica segundo a relação a/b onde:

a= total de filhos tidos nascidos vivos de mulheres de 15 a 49 anos de idade. b= total de mulheres de 15 a 49 anos de idade.

Mudança no modelo familiar com núcleo patriarcal 47,81 segundo a relação a/b onde:

a= famílias com homem referencia com até de 40 anos de idade, com filhos de até 18 anos de idade e mulher cônjuge que contribui com menos de 40,0 0% para a renda do casal. b= famílias com homem referência com até 40 anos de idade.

Mudança na provisão familiar segundo a relação a/b onde:

a= casais com homem referência com até 40 anos de idade com mulher cônjuge que contribui com 40,o% a 60,0% da renda do casal mais casais com homem referência com até 40 anos de idade com mulher cônjuge que contribui com mais de 60% para a renda do casal.

b= casais com homem referência com até 40 anos de idade.

2.2) DIMENSÃO CONDIÇÃO FEMININA

Celibato feminino

segundo a relação a/b onde:

a= mulheres de 20 a 30 anos que permanecem solteiras. b= mulheres de 20 a 30 anos.

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Liderança doméstica feminina

segundo a relação (a/b)x100, em famílias com rendimento familiar per capita de 1/2 ou mais salários mínimos, onde:

a= famílias com liderança doméstica de mulheres de 15 a 59 anos de idade. b= total de famílias.

Diferencial etário entre os cônjuges segundo a relação a/b onde:

a= casais com mulher cônjuge de 25 a 44 anos com idade 3 anos ou mais maior que a do cônjuge.

b= casais com mulher cônjuge de 25 a 44 anos. Diferencial de escolaridade entre os cônjuges segundo a relação a/b onde:

a= mulheres cônjuges de 15 anos e mais com um número de anos de estudo maior que o do cônjuge.

b= mulheres cônjuges de 15 anos e mais.

Integração da mulher cônjuge à esfera pública segundo a relação a/b onde:

a= mulheres cônjuges de 15 anos e mais ocupadas e com filho de até 5 anos de idade. b= mulheres cônjuges de 15 anos e mais com filho de até 5 anos de idade.

Mudança no padrão ocupacional feminino segundo a relação a/b onde:

a= mulheres de 24 anos e mais de idade nas ocupações de dirigentes, diretores e gerentes na administração pública e privada.

b= pessoas de 24 anos e mais de idade nas ocupações de dirigentes, diretores e gerentes na administração pública e privada.

O ICG foi obtido por intermédio da média aritmética dos valores observados das dimensões Família (M1) e Condição Feminina (M2), isto é a formula do ICG é expressa por intermédio da relação: (M1+ M2) / 2 ( Raupp, J.2006):.O valor atribuído à dimensão da

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Família ( M1) refere-se à média aritmética dos valores dos cinco indicadores simples que a constituem. O mesmo procedimento foi empregado para a dimensão da Condição Feminina(M2). Os valores observados de cada um dos indicadores que compõem as duas dimensões do Índice foram posteriormente transformados em valores padronizados para permitir que todos indicadores tivessem o mesmo peso na média a ser calculada. Esta padronização foi feita separadamente em cada grupo das unidades geográficas, Brasil, Macro – Regiões, segundo a situação do domicílio (rural /urbano), Regiões Metropolitanas, Unidades da Federação, bem como para a classificação elaborada para 5507 municípios brasileiros (Friench, O,2006), abaixo descrita:

grupo 1.1) Municípios com população total até 19 999 habitantes e com atividade rural predominante

grupo 1.2) Municípios com população total até 19 999 habitantes e com atividade não rural predominante

grupo 2.1) Municípios com população total de 20 000 a 49 999 habitantes e com atividade rural predominante

grupo 2.2) Municípios com população total de 20 000 a 49 999 habitantes e com atividade não rural predominante

grupo 3) Municípios com população total de 50 000 a 99 999 habitantes grupo 4) Municípios com população total de 100 000 a 199 999 habitantes

grupo 5) Municípios e regiões metropolitanas com população total de 200 000 e mais habitantes - 55 municípios e 16 regiões metropolitanas

grupo 6) Municípios de regiões metropolitanas

Cabe mencionar que a comparação entre os ICGs só pode ser feita entre as unidades de um mesmo grupo. As unidades de grupos distintos não são comparáveis entre si.

3) PRINCIPAIS RESULTADOS:

O ICG alcançou score alto em apenas 7,6% dos municípios do país que abrigavam, no entanto, cerca de 33,0% da população brasileira em 2000. O Índice Cultural de Gênero apresentou um score médio na maioria dos municípios do país nos quais se localizava a maior parte de sua população (53,47%). Por outro lado, foi também expressivo o número de municípios nos quais o Índice Cultural de Gênero atingiu um score baixo, da ordem de 23, 24%. Ressalte-se, porém, que era nesses municípios que residia a menor parcela da população brasileira em 2000. De qualquer forma, fica evidenciado que as mudanças nos “habitus de gênero” não têm se processado de modo expressivo para a maior parte dos municípios do país.

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Quando o foco da análise foi deslocado para as unidades da federação as evidências mostraram que para doze dos estados brasileiros (Distrito Federal 82,86, Amapá 72,01,Roraima 71,48, Rio de Janeiro 69,00, Rio Grande do Sul 65,14, Pernambuco 64,59, Rio Grande do Norte 64,28, Sergipe 62,54, Bahia 62,09, Ceará 61,84, Paraíba 61,37, São Paulo 59,52) o valor do Índice Cultural de Gênero se situou acima do valor encontrado para o país ( 59,34). Nos demais estados o valor do ICG foi inferior ao constatado para o Brasil, destacando-se o estado de Rondônia que apresentou o mais baixo ICG.

Outra indicação relevante trata da clara influência do processo de metropolização para a estruturação dos “novos habitus de gênero.”É no espaço metropolitano que as mudanças na família e na condição feminina ocorreram de forma mais intensa. Foram as cidades de Salvador (65,70) e de Porto Alegre (65,51) que experimentaram as transformações mais significativas nas culturas de gênero no conjunto dos municípios centrais das áreas metropolitanas brasileiras (Tabela1).

Municípios centrais das A.M. Valor do ICG

Salvador 65,70 Porto Alegre 65,51 Recife 61,30 Brasília 61,17 Belém 60,80 Vitória 60,65 São Luiz 60,22 Belo Horizonte 58,09 Fortaleza 57,62 Rio de Janeiro 57,47 Natal 56,60 Florianópolis 56,20 Goiânia 55,74 São Paulo 54,22 Maceió 53,88 Curitiba 52,46

Fonte: microdados do Censo Demográfico de 2000

Índice Cultural de Gênero dos municípios centrais das áreas metropolitanas brasileiras

Tabela 1

A análise dos aspectos constitutivos do Índice Cultural de Gênero revelou que as metrópoles de Salvador e de Porto Alegre alcançaram um bom posicionamento na maior parte dos indicadores simples construídos para mensurar as mudanças na dimensão da família e da condição feminina .

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Áreas metropolitanas dos municípios centrais

Instabilidade das uniões

formação das uniões sem vínculos legais

Mudança nos padrões da reprodução biológica

Mudança na provisão familiar

Mudança no modelo com núcleo patriarcal

Salvador 24,60 57,86 1,36 22,54 33,22 Porto Alegre 24,60 57,52 1,26 27,75 29,77 Recife 23,80 51,94 1,43 22,64 36,54 Brasília 20,23 43,74 1,41 25,01 34,93 Belém 21,84 62,72 1,50 20,30 36,83 Vitória 20,73 38,31 1,27 26,04 34,27 São Luiz 21,73 58,21 1,53 19,18 38,49 Belo Horizonte 18,85 31,41 1,26 24,78 36,10 Fortaleza 19,88 43,98 1,51 22,12 40,15 Rio de Janeiro 22,86 49,42 1,25 23,32 37,06 Natal 24,46 48,88 1,49 22,02 41,82 Florianópolis 18,87 48,67 1,29 26,56 39,76 Goiânia 19,14 35,44 1,37 22,18 39,70 São Paulo 16,98 41,71 1,31 23,89 40,67 Maceió 21,40 46,42 1,66 20,30 41,48 Curitiba 17,50 37,00 1,34 24,08 40,19

Fonte: microdados do Censo Demográfico de 2000

Tabela 2

Valores observados da dimensão Família do ICG dos municípios centrais das áreas metropolitanas brasileiras

Os fatores da dimensão da Família que concorreram para a melhor pontuação do ICG nessas cidades, sobretudo em Porto Alegre estão relacionados à instabilidade das uniões, à mudança nos padrões da reprodução biológica e ao modelo de família com núcleo patriarcal (Tabela 2).

A cidade de Porto Alegre alcançou a primeira colocação em três dos cinco indicadores que foram examinados na dimensão da família (instabilidade das uniões juntamente com Salvador e Natal, mudança na provisão familiar e no modelo de família com núcleo patriarcal). Já Salvador dividiu, como já menciona,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,do, com Porto Alegre e Natal o primeiro lugar quanto ao indicador sobre a instabilidade das uniões, garantindo a segunda colocação quanto aos aspectos ligados à formação das uniões sem vínculos legais, junto com Porto Alegre, e à mudança no modelo de família com núcleo patriarcal. Cabe ressaltar que o indicador sobre a instabilidade das uniões que alcançou valores dignos de nota nessas cidades, reflete a insatisfação com o modelo tradicional de casamento e a busca de uma maior autonomia no espaço privado da vida social. Na base do aumento do número de separações se vizualiza uma mudança mais abrangente nas práticas sociais resultantes da estruturação de novos “habitus” de gênero, que se contrapõem aos papéis sexuais hierarquizados dentro da família.

A mudança nos padrões da reprodução biológica foi outro aspecto que se destacou no rol dos fatores examinados sobre a dimensão da família sobretudo em Porto Alegre, onde a taxa de fecundidade (1,26) situou-se acima apenas do município do Rio de Janeiro (1,25). Nos demais municípios centrais das áreas metropolitana os níveis de fecundidade foram invariavelmente mais elevados, o que denota a liderança de Porto Alegre, junto com o Rio de Janeiro, quanto a esse aspecto. Foi durante os anos setenta que se consolidou a redução nos níveis de fecundidade das mulheres brasileiras Essa redução foi propiciada, em grande medida, pelo aumento da escolaridade, principalmente feminina, pela maior exposição da população aos métodos contraceptivos, pelo incremento da atividade econômica da mulher, pelo aumento das opções de consumo, ou pela deterioração dos níveis de vida da população.

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Cabe também destacar a importância da formação de uniões sem vínculos legais para as transformações ocorridas na família brasileira. As cidades de Porto Alegre e Salvador alcançaram a segunda colocação nesse indicador perdendo apenas para São Luiz. Ou seja, 57,86 % das mulheres baianas, 57,52% das mulheres portoalegrenses de 15 a 34 anos em famílias com rendimento familiar per capita de 1/2 ou mais salários mínimos estavam unidas consensualmente em 2000, o que expressa a menor influência da legitimação jurídica sobre as novas configurações familiares nessas cidades. A maior incidência das uniões sem vínculos legais reflete a disseminação da prática das uniões consensuais entre os segmentos médios da população, revelando, por sua vez, a emergência da idéia de intimidade, de uma relação fundada em laços emocionais que se contrapõe à idéia de casamento (Giddens, 2000). Essa é uma idéia nova que vem se tornando cada vez mais usual, principalmente entre os casais mais jovens e entre os adultos de idade mais madura egressos de casamentos anteriores.

Resta, mais uma vez enfatizar também as transformações havidas tanto no âmbito na provisão familiar como no modelo de família com núcleo patriarcal que repercutiram de forma significativa sobre as relações de gênero no conjunto dos municípios centrais das áreas metropolitanas, sobretudo em Porto Alegre e com menor intensidade em Salvador. Quanto aos fatores que integram a dimensão da condição feminina sobressaíram o celibato feminino e a integração da mulher cônjuge à esfera pública do trabalho(Tabela 3). A busca pela liberdade individual, as dificuldades financeiras ou as maiores possibilidades de fazer carreira em níveis competitivos aos da população masculina tem levado as mulheres a postegar o casamento.

Áreas metropolitanas dos

municípios centrais celibato feminino

diferencial etário entre os cônjuges diferencial de escolaridade entre os cônjuges liderença doméstica feminina integração da mulher cônjuge à esfera pública

mudança no padrão ocupacional feminino Salvador 46,71 12,25 35,06 28,33 39,62 36,93 Porto Alegre 42,03 12,01 32,08 26,97 48,68 33,69 Recife 42,37 13,54 35,13 25,78 35,79 36,01 Brasília 41,75 12,94 37,13 28,22 42,41 33,92 Belém 42,13 14,45 36,15 26,60 32,90 33,32 Vitória 47,21 11,91 33,06 24,90 50,31 32,53 São Luiz 43,61 13,58 36,66 26,90 31,80 36,53 Belo Horizonte 52,94 10,77 33,88 23,80 46,65 32,82 Fortaleza 41,41 14,50 38,22 24,68 36,50 35,87 Rio de Janeiro 42,83 11,20 31,02 22,96 38,35 31,77 Natal 40,46 13,65 38,22 22,66 34,91 35,15 Florianópolis 42,48 10,84 28,54 22,51 51,70 30,53 Goiânia 42,18 11,61 37,65 24,54 44,93 31,56 São Paulo 44,64 11,75 33,98 20,89 38,77 30,81 Maceió 35,48 12,69 37,23 24,45 30,63 35,62 Curitiba 39,58 11,42 29,82 21,65 46,02 33,23

Fonte: microdados do Censo Demográfico de 2000

Valores observados da dimensão Condição Feminina do ICG dos municípios centrais das áreas metropolitanas brasileiras Tabela 3

As metrópoles de Porto Alegre e de Salvador continuaram apresentando pontuações expressivas nos indicadores que refletem as mudanças da condição feminina, particularmente Salvador no que diz respeito à liderança doméstica feminina e a mudança no padrão ocupacional feminino. Porto Alegre também alcançou valores dignos de nota nos

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indicadores sobre liderança doméstica feminina e a integração da mulher cônjuge à esfera pública do trabalho.

Nos demais municípios centrais das áreas metropolitanas do país o ICG apresentou intensidades distintas, variando de 61,0 em Recife a 52,46 em Curitiba. Em geral os fatores que mais contribuíram para esse quadro foram também a instabilidade das uniões, a formação de uniões sem vínculos legais bem como a mudança no modelo de família com núcleo patriarcal quando se trata da dimensão da família. Já entre os fatores que compreendem a dimensão da condição feminina destacaram-se também aqueles voltados para o adiamento do casamento para idades acima dos trinta anos e a integração da mulher cônjuge `a esfera pública do trabalho, mesmo nas fases mais adversas do seu ciclo de vida que correspondem ao período no qual os filhos são pequenos.

Por fim, não se pode esquecer dos aspectos de natureza demográfica, como os da estrutura por idade e sexo que podem contribuir para um maior peso de determinados indicadores simples, a exemplo do celibato feminino que alcançou um valor significativo em Belo Horizonte, cidade que apresenta um desiquilibrio na estrutrura por sexo, favorecendo a população feminina.

Para finalizar, importa ressaltar que a estruturação dos “novos habitus de gênero” não obedeceu às fronteiras regionais do país. A difusão desses valores no espaço metropolitano permite supor que a mudança nos “habitus de gênero” não resultou apenas da incorporação de novos valores de comportamento. A estruturação dos “novos habitus de

gênero “, parece guardar, também, relação com o quadro de desigualdades sociais que

marca a sociedade brasileira, com impactos evidentes sobre a família e a condição feminina.

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Referências

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