Análise dialógicodiscursiva da atividade dos cuidadores de idosos em instituições geriátricas do Recife
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(2) LUDMILA MOTA DE FIGUEIREDO PORTO . ANÁLISE DIALÓGICODISCURSIVA DA ATIVIDADE DOS CUIDADORES DE IDOSOS EM INSTITUIÇÕES GERIÁTRICAS DO RECIFE . Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Linguística. Área de concentração: Linguagem, Trabalho e Sociedade. Orientadora: Prof a . Dr a . Maria Cristina Hennes Sampaio. . Recife 2010.
(3) Porto, Ludmila Mota de Figueiredo Análise dialógicodiscursiva da atividade dos cuidadores de idosos em instituições geriátricas do Recife / Ludmila Mota de Figueiredo Porto. Recife : O Autor, 2010. 104 folhas: il. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CAC. Linguística, 2010. . Inclui bibliografia. 1. Linguística. 2. Ergolinguística. 3. Análise do discurso. 4. Envelhecimento 5. Linguagem trabalho. I.Título. 801 . CDU (2.ed.) . 410 . CDD (22.ed.) . UFPE CAC201025.
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(5) Dedico este trabalho ao meu pai, Fernando, por ter me ensinado que nem sempre é possível fazer o melhor, mas é preciso ser intenso, para viver e cantar esta vida maravilhosa..
(6) AGRADECIMENTOS . À Prof a . Maria Cristina Hennes Sampaio, minha orientadora, pelas portas que me abriu e caminhos que me ajudou a percorrer; pela confiança que depositou em mim desde a época da iniciação científica; pelo exemplo de competência e ética profissional; À Prof a . Dóris Cunha, por ter me proporcionado um maravilhoso engrandecimento acadêmico na disciplina de Teoria Dialógica e no Grupo de Estudos Bakhtinianos; À Prof a . Judith Hoffnagel, por questionar tudo, sempre, fazendo com que seus alunos repensem seus trabalhos, na disciplina de Metodologia, uma verdadeira terapia de grupo; À Prof a . Kátia Magdala, pelas indicações bibliográficas na área da Saúde e pela força, desde a iniciação científica. Aos meus companheiros de PósGraduação, em especial; Leo, Carlinhos, Cléber, e Aguinaldo, pela amizade que firmamos; da Literatura, não poderia deixar de agradecer a Denise, minha parceira de traduções e a Cristhiano Aguiar, meu amigo escritor. Às gestoras das instituições e aos cuidadores, sem a colaboração dos quais este trabalho não teria sido possível; A Fernando e Angela – meus pais – por terem me proporcionado o maior bem, a educação; por acreditarem na minha capacidade e pelo incentivo ao longo da vida, meus eternos cuidadores, meus amores; Aos meus queridos irmãos Duina, Catarina e Fernando pelo apoio moral, financeiro e jurídico, mas principalmente por sempre me incitarem a crescer; Às minhas queridas tias, Lúcia e Danúzia, pelo apoio no desenvolvimento da dissertação, quando estive em São Paulo; À vovó Genilda, exemplo de memória viva e, principalmente, de subversão; à vovó Ivete, eterna professora; À Isabel e João (Gordo), pelas risadas nos momentos de tensão, pela compreensão e acolhimento na fazenda, onde desenvolvi parte deste trabalho; À Laura, responsável por tornar minha vida mais leve nos últimos anos, graças à dança e à sua companhia; À Iá, por toda a força que me deu nos últimos meses, por me ouvir nos momentos delicados de redação do trabalho, pelo apoio estratégico que me ofereceu, por estar presente em minha vida; Aos meus amigos de longas datas: Silvia, Cecília, Thiago, Ivna, André, Herlon, Alice e Juliano, por me ensinarem que amizade é sinônimo de amor. À Severina (in memoriam), uma mulher de caráter forte e coração de mãe; À Bárbara, por ter me despertado para a pesquisa; pelas pontes construídas e pelos momentos de estudo compartilhados..
(7) “ Por isso eu pergunto a vocês no mundo Se é mais inteligente o livro ou a sabedoria? O mundo é uma escola, a vida é um circo, Amor, palavra que liberta, já dizia o profeta” Marisa Monte.
(8) RESUMO . O acelerado envelhecimento da população brasileira, nos últimos trinta anos, acarretou a necessidade de ampliação dos serviços especializados de atendimento ao idoso. Nesse contexto, a atividade do cuidador de idosos ganhou importância no mundo do trabalho, embora ainda seja comum a ideia de que esses trabalhadores carecem da qualificação profissional necessária. Assim, este estudo teve o objetivo de configurar a atividade dos cuidadores de idosos, os quais trabalham em instituições geriátricas de Recife/PE, uma das capitais com maior número proporcional de idosos no Brasil. Para tanto, realizaramse entrevistas narrativas com dez cuidadores de idosos, em três instituições geriátricas de Recife, além de observações naturais desses cuidadores em atividade, incorporadas posteriormente à análise. As entrevistas foram transcritas, descritas, interpretadas e analisadas qualitativamente, à luz do método dialógicodiscursivo, uma forma de conhecimento de natureza sóciocultural de sujeitos históricos, através da linguagem, que é considerada uma forma de trabalho (SAMPAIO et al., 2006, a;b). O objeto de estudo – a atividade dos cuidadores de idosos foi abordado a partir de duas perspectivas teóricometodológicas: a Teoria Dialógica da Linguagem, desenvolvida pelo filósofo russo Bakhtin e seu Círculo, e uma Teoria do Trabalho Humano, que se situa na confluência da Ergologia (SCHWARTZ, 1997; 2000b) e da Ergonomia, as quais dialogam com a Linguística (FAÏTA, 2002; 2005). Assim, a atividade dos cuidadores de idosos foi configurada, por um lado, a partir das práticas linguageiras desses trabalhadores no âmbito da atividade profissional; por outro, das ações corporais e gestuais incorporadas na atividade desses trabalhadores. Constatouse que esses cuidadores mobilizam sentidos diversos, demonstrando uma compreensão ativa do envelhecimento e da velhice humanos, evocando em suas falas o discurso do Outro (BAKHTIN, 2003) – a fim de contestálo, atribuindolhes novos sentidos; no que concerne ao plano da atividade, esses trabalhadores mostraram uma competência (SCHWARTZ, 1998) baseada na herança histórica do seu trabalho, no saber prático da atividade, independentemente de terem freqüentado cursos de capacitação para cuidadores de idosos. Dessa forma, embora os cuidadores possuam uma riqueza nas formas de agir em situações singulares, eles ainda prescindem da utilização de um saber mais formal, fato que permite afirmar que o gênero profissional ‘cuidador de idosos’ ainda está em formação, pois ainda não foram suficientemente construídos os recursos comuns necessários para a resolução dos problemas surgidos no exercício da atividade, por isso os cuidadores de idosos são tachados como desqualificados. No entanto, para que o gênero ‘cuidador de idosos’ seja constituído, devese considerar o saber prático da atividade desses cuidadores como um valioso instrumental para reorientar as prescrições do saber formal, a fim de aperfeiçoar a competência desses trabalhadores. . PALAVRASCHAVE: Análise dialógicodiscursiva. Atividade. Cuidador de idosos. Competência..
(9) ABSTRACT . In thirty years, the Brazilian people have grown old very quickly, and from this fact, the need for increasingly specialized services for caring for elderly people has arisen. In this context, the activity of caregivers has gained relevance in the work market, despite the wellknown idea that these workers lack the necessary qualifications for their job. Therefore, this study is aimed at configuring the activity of caregivers of the elderly who work in geriatric institutions in Recife/PE, one of the capitals with the largest number of elderly people in Brazil. In order to do so, narrative interviews were carried out individually with ten caregivers, in three different geriatric institutions, as well as naturalistic observations of them while working, which were incorporated afterwards into the analysis. The narrative interviews were transcribed, described, interpreted and qualitatively analyzed through a dialogicdiscursive method, a means of knowing social and culturally historical subjects through language, which is considered as a form of work (SAMPAIO et al. 2006 a;b). The object of this study – the activity of the caregivers of the elderly – was approached from two theoretical and methodological perspectives: Bakhtin’s Dialogical Theory of Language, and Schwartz’s Work Theory (1997; 2000b), which is based on the confluence of Ergology and Ergonomy in dialogue with Linguistics (FAÏTA, 2002; 2005). Afterwards, the activity of the caregivers of the elderly was studied, on one hand, through language practices of the workers in the scope of their professional activity; and on the other hand, through corporal actions and gestures incorporated into their work. It was observed that the caregivers configured diverse meanings, revealing an active comprehension of getting old and old age, and invoking in their speech a discourse of the Other (BAKHTIN, 2003). In order to contest it and by bringing new meanings to it with relation to their job, these workers proved to be competent (SCHWARTZ, 1998) concerning their practical knowledge of the job, although they may or may not have attended any previous qualification course for caregivers. In this way, despite these caregivers having a rich knowledge on how to act in singular situations, they still lack a more formal knowledge, a fact which permits us to deduce that the professional genre ‘the caregiver of the elderly’ is still being formed, as a resource to solve problems that can emerge in the activity are not constituted at all. This can explain why these caregivers are classified as incompetent. However, in order to establish this professional genre, their practical knowledge must be taken into account as a valuable tool in redirecting the prescriptions of formal knowledge to improve the competence of the caregiver of the elderly. . KEYWORDS: Dialogicdiscursive analysis. Activity. Caregivers of the elderly. Competence..
(10) SUMÁRIO . INTRODUÇÃO........................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 – O ENVELHECIMENTO E O CUIDADOR DE IDOSOS ........... 15 1.1 O envelhecimento no mundo e no Brasil............................................................ 15 1.2 As instituições geriátricas e o idoso institucionalizado ....................................... 16 1.3 O cuidador de idosos ......................................................................................... 18 CAPÍTULO 2 – TEORIA DIALÓGICA NO ÂMBITO DA ATIVIDADE ............ 23 2.1 Situando conceitos na área da Ergologia ............................................................ 23 2.2 Linguagem e Trabalho ....................................................................................... 31 2.3 O linguista na análise da atividade ..................................................................... 33 2.4 Gênero e estilo................................................................................................... 35 CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA.......................................................................... 37 3.1 O contexto da pesquisa ...................................................................................... 37 3.2 Caracterização do corpus discursivo .................................................................. 37 3.3 Instrumentos...................................................................................................... 39 3.3.1 A entrevista narrativa .................................................................................. 39 3.3.1.1 Procedimentos ............................................................................................. 40 3.3.2 As observações naturais .............................................................................. 41 3.4 Teoria e método dialógicodiscursivo no âmbito da atividade ............................ 42 CAPÍTULO 4 – O ENVELHECIMENTO E A VELHICE RESSIGNIFICADOS 48 4.1 Envelhecimento e trabalho................................................................................. 48 4.2 O envelhecimento como híbrido biológicosocial: outros sentidos ..................... 56 4.3 Envelhecimento, velhice e saúde........................................................................ 61 4.4 Envelhecimento e velhice como conquistas........................................................ 66 CAPÍTULO 5 – CONFIGURANDO A ATIVIDADE DOS CUIDADORES DE IDOSOS NAS INSTITUIÇÕES GERIÁTRICAS DO RECIFE ............................. 72 5.1 A atividade dos cuidadores de idosos nas instituições geriátricas do Recife........ 72 5.2 Competência, usos de si e gestão na atividade dos cuidadores de idosos ............ 81 CONCLUSÕES......................................................................................................... 91 REFERÊNCIAS........................................................................................................ 94 ANEXO A................................................................................................................ 100 ANEXO B................................................................................................................ 102.
(11) 9 . INTRODUÇÃO . O Brasil sofreu uma rápida mudança no seu perfil demográfico, a partir da segunda metade do século XX: de país jovem, passou a ser considerado um país velho, uma vez que, em 2002, 9,3% da população brasileira já atingira 60 anos de idade (IBGE, 2002). Segundo a Organização Mundial de Saúde (2005), estimase que o país terá, até 2025, 32 milhões de pessoas idosas, ocupando o sexto lugar entre os países com maior número de idosos do mundo. Sabese que o aumento da expectativa de vida não garante necessariamente ao idoso viver com saúde e qualidade. Assim, o impacto imediato do aumento da população idosa, no Brasil, trouxe sérias repercussões para o sistema de saúde, particularmente no que se refere às novas demandas de assistência social a esse segmento. Daí a premente necessidade de investimento em ações preventivas de saúde, ampliação de Instituições de Longa Permanência e de formação de profissionais habilitados, como enfermeiros, terapeutas ocupacionais e cuidadores de idosos. Diante dessa realidade, a questão do envelhecimento ganhou atenção especial em estudos acadêmicos, fato que tem suscitado um produtivo diálogo interdisciplinar, envolvendo a área da Saúde e diversas outras áreas do conhecimento, como as Ciências Humanas e Sociais. Assim, baseado no aporte teórico da Sociolinguística, Dino Preti (1991) empreendeu um estudo pioneiro no Brasil, envolvendo a relação entre linguagem e envelhecimento, o qual tinha o objetivo de descrever os aspectos sociolingüísticos da comunicação entre idosos, como a falta de organização sintática e as repetições, decorrentes da idade avançada. Mas, é no campo de investigação das teorias do discurso e da enunciação que a importância da relação entre linguagem e envelhecimento vem sendo evidenciada nos últimos anos, através de estudos inter e multidisciplinares. É o caso da Tese de Doutorado desenvolvida por Sobrinho (2006), no Programa de PósGraduação em Letras da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a qual revela as contradições existentes nos discursos da velhice e sobre a velhice, engendradas no âmbito das relações de produção da sociedade capitalista. Já Sampaio et al. (2007), do Grupo de Pesquisa Linguagem, Sociedade, . Saúde e Trabalho (Universidade Federal de Pernambuco/CNPq), realizaram estudos.
(12) 10 . enunciativodiscursivos com uma amostra da população de idosos do município de Sairé, situado na região do agreste pernambucano, demonstrando o papel da memória, do habitus e da capacidade funcional dos idosos na atribuição de novos sentidos sobre o ser velho e a . velhice, para a promoção do envelhecimento saudável. A Análise Dialógica do Discurso, na confluência da Análise Ergológica da Linguagem, na atividade profissional, já se havia mostrado bastante produtiva tanto para a área da Linguística quanto para a área da Saúde, em estudo anterior, quando Sampaio et al. (2005) empreenderam um projeto de pesquisa participante junto a uma equipe de profissionais do Hemope 1 , a fim de obter um diagnóstico sobre as causas da baixa adesão dos acompanhantes de pacientes às ações educativas empreendidas pela Comissão de infecção Hospitalar da instituição. Nesse estudo, Sampaio et al. (2005) identificaram que a falta de interação prejudicava a compreensão das informações sobre prevenção por parte dos acompanhantes e que o estabelecimento de estratégias de promoção da interação entre equipe e acompanhantes promovia a instauração do diálogo entre eles e dos acompanhantes entre si, favorecendo a compreensão das informações, a negociação e a cooperação em relação às práticas de prevenção. Os resultados dos estudos acima referidos, obtidos no domínio da Análise Dialógica do Discurso e da Análise Ergológica da Linguagem, na atividade profissional, mostramse, assim, teórica e metodologicamente relevantes para os estudos que envolvem a relação entre linguagem, trabalho e saúde. Nesta linha, optouse pela realização de um estudo direcionado para a atividade exercida por cuidadores de idosos em Instituições de Longa Permanência situadas em Recife, tendo em vista que é uma das capitais brasileiras com maior número de idosos, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro e de Porto Alegre (IBGE, 2000). Ademais, a ocupação do cuidador de idosos tem conquistado um espaço cada vez maior no mundo do trabalho, diante da necessidade de ampliação de serviços especializados de atendimento ao idoso institucionalizado, em decorrência do envelhecimento acelerado da população brasileira. Na área da Saúde, grande parte das pesquisas acadêmicas sobre os cuidadores de idosos (CARNEIRO et al., 2009; SALIBA et al., 2007) são de caráter quantitativo ou estão voltadas para o estudo do perfil desses trabalhadores, visando a oferecer subsídios para a . 1 . O Hemope é um hospital para tratamento hematológico o qual faz parte da Fundação Hemope, uma instituição vinculada à Secretaria de Saúde do Governo do Estado de Pernambuco..
(13) 11 . elaboração de cartilhas ou manuais que os oriente, a fim de minimizar a falta de qualificação especializada desses profissionais. Nesse sentido, nos últimos anos, a Prefeitura de Campinas – SP e a de Florianópolis SC, por exemplo, preocuparamse com o lançamento de manuais técnicos para cuidadores de idosos. Em 2008, o Ministério da Saúde publicou o Guia Prático do Cuidador de Idosos, para ser utilizado em todo o Brasil. Ressaltase que não existe qualquer material que esteja voltado especificamente para os cuidadores de idosos que trabalham em instituições geriátricas, embora, de maneira geral, o conteúdo desses manuais possa também lhes ser útil. No entanto, apesar dos esforços para a qualificação desses trabalhadores, é comum a ideia de que os cuidadores de idosos, em sua maioria, permanecem desqualificados para o exercício de seu trabalho, como pode ser comprovado pelo teor do Projeto de Lei N o 2372/2001 (ANEXO A), em trâmite no Congresso Nacional. Considerando que a qualificação dos cuidadores passa pela apreensão enunciativo discursiva de um novo gênero profissional, o qual se supõe estar em processo de formação, algumas questões podem ser problematizadas no âmbito dessa esfera de atividade: De que forma os cuidadores de idosos, os quais trabalham em instituições geriátricas do Recife, ressignificam as concepções de envelhecimento e velhice humanos, através da linguagem e de suas ações? De que maneira as atividades que configuram o trabalho dos cuidadores de idosos são expressas por eles e dialogam com o discurso do Outro? A competência dos cuidadores de idosos baseiase principalmente em que ingredientes? Como os cuidadores fazem uso de si e se posicionam diante das dimensões gestionárias de seu trabalho? Partese da hipótese de que o gênero profissional ‘cuidador de idosos’ ainda se encontra em formação, ou seja, que no meio profissional dos cuidadores de idosos, ainda não foram reunidos os recursos comuns necessários para a resolução dos problemas surgidos no exercício da atividade, por isso a dificuldade de regulamentála. Cabe salientar que o objeto de estudo a atividade dos cuidadores de idosos tem uma dupla face, uma discursiva e outra social, uma vez que se trata, de um lado, das práticas linguageiras desses profissionais, ou seja, de uma ação (trabalho) que é executada, através da linguagem, no âmbito da atividade profissional – e, de outro, de ações corporais e gestuais incorporadas na atividade desses trabalhadores. Em vista disso, o objeto será abordado a partir de duas perspectivas teóricometodológicas: a Teoria Dialógica da Linguagem, desenvolvida pelo filósofo russo Bakhtin e seu Círculo, e uma Teoria do Trabalho Humano,.
(14) 12 . que se situa na confluência da Ergologia 2 (SCHWARTZ, 1997; 2000b) e da Ergonomia 3 as quais dialogam com diversos aportes disciplinares, entre eles, a Linguística (FAÏTA, 2002; 2005), tendo como ponto de confluência teórica o conceito de atividade. As práticas linguageiras (discursos) da atividade profissional compreenderão principalmente duas dimensões de análise: de uma linguagem no trabalho (a enunciação, o discurso na atividade, ou seja, em situação de trabalho) e de uma linguagem sobre o trabalho (quando a linguagem é usada para descrever sua própria atividade), através da qual o sujeito entrevistado é estimulado a acessar a memória da atividade, no momento da narrativa, ao mesmo tempo em que contrasta essa memória com sua forma própria de exercer atividade. A terceira dimensão de análise, a linguagem como trabalho, isto é, quando o trabalhador fala para o outro, seu colega de trabalho, ou fala para si mesmo, para orientarse na própria atividade (TEIGER, 1995 apud NOUROUDINE, 2002), será abordada quando for oportuno, uma vez que complementa as outras duas. Tendo em vista que a atividade do cuidador de idosos faz parte da área da Saúde, considerouse importante situar, no primeiro capítulo deste estudo, o contexto em que se tornou relevante essa atividade no Brasil: o acelerado envelhecimento da população brasileira nos últimos trinta anos. Mais adiante, apresentase o processo de institucionalização do idoso, suas causas e consequências; os estudos etnográficos sobre o trabalho dos auxiliares de enfermagem em clínicas de repouso americanas, além dos estudos sobre os cursos de formação para cuidadores de idosos em instituições geriátricas do Rio de Janeiro. O segundo capítulo deste trabalho é dedicado à delimitação da abordagem utilizada na análise de dados, mais precisamente, à confluência entre a Ergologia e Linguística, a qual se dá com base na Teoria Dialógica bakhtiniana. Para tanto, fazse um percurso desde os estudos sobre o trabalho, empreendidos na perspectiva da Ergonomia, que separava o trabalho prescrito do trabalho real, passando pelo surgimento da Ergologia, segundo a qual o trabalho prescrito é constantemente renormatizado pelo trabalho real. Para abordar a complexidade dessa relação, a Ergologia dialoga com outras disciplinas, entre elas, a Linguística, em que a linguagem é vista como reveladora dos problemas imediatos das situações de trabalho 2 . A Ergologia é uma abordagem científica criada pelo filósofo Yves Schwartz (1997;1998;1999;2000a; 2000b; 2004) a qual se volta para a compreensão do trabalho humano (atividade) em situação, observando as problemáticas que envolvem a relação entre o trabalho prescrito (patrimônio cultural acumulado sobre o trabalho, transmitido entre as gerações) e o trabalho real (patrimônio vivo das atividades do trabalho). 3 A Ergonomia surgiu como disciplina em meados do século XX, com o objetivo de estudar a execução de tarefas pelo trabalhador, considerando a dicotomia entre o trabalho prescrito e o trabalho real..
(15) 13 . (FEITOSA, 1998), assumindo um lugar privilegiado para a compreensão das ações dos profissionais e dos sentidos que eles produzem e mobilizam na esfera da atividade (FAÏTA, 2002). Considerouse relevante dedicar o terceiro capítulo exclusivamente à metodologia adotada neste estudo, a qual situa o contexto em que foi desenvolvida a pesquisa, a caracterização do corpus discursivo analisado e os instrumentos utilizados na coleta dos dados, com seus respectivos procedimentos de pesquisa. Mas, é o último tópico que merece destaque nesse capítulo, uma vez que explicita de que forma a teoria dialógica bakhtiniana é utilizada também como um método de análise qualitativa de dados. A questão metodológica, na teoria bakhtiniana, é abordada a partir do ensaio Metodologia das ciências humanas (BAKHTIN, 2003, p. 393410), em que Bakhtin propõe que o objeto de estudo das ciências humanas seja o homem, um ser que se encontra em constante interação e, por isso, só pode ser estudado sob o ponto de vista dialógico. Além de perpassar os sujeitos, o princípio dialógico perpassa a relação do texto com outros textos, sem a qual não é possível chegar ao sentido concreto do enunciado O método dialógicodiscursivo é utilizado, no quarto capítulo, para analisar de que forma as concepções de envelhecimento e velhice aparecem nos discursos dos cuidadores de idosos entrevistados, com base nas seguintes categorias: alteridade, serevento, ato . responsável e responsivo, memória , significação e tema, compreensão ativa , acento apreciativo e entonação expressiva. Essas concepções foram eleitas para análise, porque sua compreensão é esperada dos cuidadores de idosos, como uma exigência para o exercício de sua atividade. É necessário salientar que essas categorias não foram estabelecidas previamente, mas após a observação das aberturas que os dados ofereciam para a construção dos sentidos dos discursos. Assim, se essas categorias são utilizadas na análise, é porque os cuidadores de idosos mostramse posicionar diante do discurso do Outro; tomam atos responsáveis e responsivos, mediante a compreensão ativa dos discursos e ações alheias; empregam entonações expressivas a determinadas palavras; atualizam a significação de palavras no discurso, constituindo os temas de seus enunciados; deslocamse discursivamente de uma memória retrospectiva para uma memória prospectiva, atribuindo novos sentidos às palavras, no inacabável diálogo que se instaura, ao longo do tempo, entre sujeitos e discursos..
(16) 14 . O último capítulo deste estudo é dedicado à configuração da atividade dos cuidadores de idosos nas instituições geriátricas do Recife, através, sobretudo, dos conceitos da Ergologia. Ao contrário do capítulo quatro, esse centrase mais na análise do conteúdo das falas dos cuidadores, embora se estabeleçam diálogos com o discurso contido no Guia Prático do Cuidador, ou na literatura sobre cuidadores de idosos, quando pertinente, para dar respaldo à análise. Enfim, sem a pretensão de esgotar o conhecimento sobre a atividade do cuidador de idosos nas instituições geriátricas do Recife, este estudo constituise, antes, como uma tentativa de iniciar um diálogo com esses trabalhadores, para lhes dar direito à palavra..
(17) 15 . CAPÍTULO 1 – O ENVELHECIMENTO E O CUIDADOR DE IDOSOS . 1.1 O envelhecimento no mundo e no Brasil . O cenário demográfico mundial vem se caracterizando, principalmente nos últimos anos, pelo crescimento da população idosa, decorrente do aumento da expectativa de vida do homem. O Japão, o Canadá e os países europeus enfrentaram o fenômeno do envelhecimento gradativamente, ao longo de todo o século XX, fato que lhes permitiu encarar as demandas provenientes da faixa etária mais avançada com maior preparo social, econômico e estrutural. O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, sofreu um acelerado envelhecimento populacional, sobretudo nos últimos trinta e cinco anos: de país jovem, passou a ser considerado um país envelhecido, uma vez que atualmente os idosos representam 11,1% de sua população (IBGE, 2006). A tendência é que o Brasil assuma o sexto lugar entre os países com maior número de velhos do mundo até 2025, chegando a 32 milhões de idosos, segundo a Organização Mundial de Saúde (2005). Na sociedade brasileira, diferentemente daquelas que valorizam os anciãos, como é o caso de algumas sociedades africanas, para as quais a morte de um velho é como a extinção de uma biblioteca (ASSEMBLEIA MUNDIAL..., 2002), o idoso é visto como um fardo, já que “uma sociedade que valoriza a produtividade e a riqueza material acima de outros valores é compreensivelmente orientada para a juventude” (AGICH, 2008, p. 112). Sob essa perspectiva, a juventude trabalha, produz e pode acumular o capital, enquanto que a senilidade representa um custo para o Governo e para a sociedade. O contraste entre as formas de encarar a velhice não se restringe, no entanto, ao binômio Ocidente x Oriente: não existe apenas uma velhice, como se os idosos compusessem um classe homogênea e, por isso, chegar aos 60 anos de idade não é atingir o marco inicial dessa (única) velhice: os idosos são pessoas, que carregam crenças, valores, condições sócioeconômicas, histórias de vida etc., o que faz da velhice uma questão complexa e um desafio à generalização fácil (CORTELLETTI; CASARA; HERÉDIA, 2004; AGICH, 2008)..
(18) 16 . Diante do acelerado crescimento da população idosa brasileira, é premente a necessidade de ampliação de serviços especializados de atendimento a esse contingente populacional, entre os quais se destaca o trabalho exercido pelo cuidador de idosos em Instituições de Longa Permanência (doravante ILPs), isto é, o cuidador formal, que é remunerado para dar assistência aos idosos residentes nessas ILPs. Para estudar a atividade do cuidador de idosos, fazse necessário, primeiramente, contextualizar seu ambiente de trabalho – as instituições geriátricas – e o públicoalvo de seu trabalho, os idosos institucionalizados. . 1.2 As instituições geriátricas e o idoso institucionalizado . Segundo Cortelletti, Casara e Herédia (2004), os asilos, ou abrigos, ou instituições geriátricas, ou instituições de longa permanência são espaços destinados a abrigar pessoas idosas em tempo integral e de forma permanente, oferecendolhes cuidados com a saúde e algumas atividades de ocupação e lazer. Embora as autoras não façam distinção entre essas denominações, neste trabalho, darseá preferência ao uso dos termos instituições geriátricas, . instituições de longa permanência ou a sigla ILPs, pois a palavra asilo possui uma carga semântica negativa e os abrigos nem sempre estão destinados às pessoas idosas. Responsáveis por assumir os cuidados com a população idosa que, por quaisquer motivos, não podem contar com a família na velhice, as instituições de longa permanência geralmente mantêm sua estrutura a partir de três principais fontes: a aposentadoria dos idosos, doações particulares e ajuda de órgãos públicos. Sua estrutura tem caráter híbrido, entre a informalidade e a formalidade: Essas instituições caracterizamse, de um lado, como uma comunidade que reside sob o mesmo teto e utiliza os mesmos espaços físicos e, por outro, como uma organização formal, estruturada funcionalmente, com hierarquias definidas pela divisão do trabalho interno (CORTELLETTI; CASARA; HERÉDIA, 2004, p. 18). . Com respeito à divisão do trabalho nas instituições de longa permanência, é comum a presença de gestores, zeladores, cozinheiros, técnicos em enfermagem, cuidadores de idosos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e nutricionistas. Fisioterapeutas, médicos, dentistas e estagiários de diversas áreas também compõem o quadro funcional, ainda que.
(19) 17 . itinerante, das instituições geriátricas. Tantos profissionais, que se revezam em plantões de até 12 horas diárias, têm a missão de suprir os cuidados com uma média de trinta idosos residentes, de faixas etárias diversas, com problemas de saúde e histórias de vida singulares. Ainda, no que condiz à infraestrutura das ILPs brasileiras, Souza e Minayo (2004) chamam a atenção para o fato de que, em sua maioria, essas instituições carregam o estigma do espaço designado ao depósito de pessoas que sofrem com o desafeto da família e padecem da condição financeira necessária para suprir os cuidados advindos da velhice. É comum se pensar de maneira negativa na institucionalização do idoso, sobretudo quando as experiências de muitos idosos nas ILPs envolvem a perda da autonomia, confusão mental com respeito ao tempo e à realidade, perda da identidade, sensação de solidão e isolamento (LAIRD, 1979). Os índices apontados em determinados estudos também preocupam: já foi constatado que até 75% dos moradores de clínicas de repouso nos Estados Unidos possuem deficiência mental em algum grau (LARSEN; LO; WILLIAMS, 1986 apud AGICH, 2008, p. 122). Ocorre que os idosos que passam a morar nessas instituições precisam se adaptar à nova realidade e às regras da nova moradia: O processo de internação numa instituição asilar representa muito mais do que simplesmente mudança de um ambiente físico para outro. Representa para o idoso a necessidade de estabelecer relações com todos os aspectos de seu novo ambiente, ajustarse ao novo lar mais do que o lar a ele, considerarse abandonado, ansioso e com medo da ideia de passar os últimos anos da vida num lugar estranho, em meio a desconhecidos. [...] A bagagem trazida é a sua história de vida, da qual é obrigado a abrir mão no momento da institucionalização, em detrimento à sua inserção na nova condição de vida. A troca de meio provoca a passagem de um mundo amplo e público para um mundo restrito e privado, fazendo com que os idosos se recolham a um estado de mutismo, perdendo sua vez ao diálogo [...] (CORTELLETTI; CASARA; HERÉDIA, 2004, p. 1920). . Não raro, a opção pela institucionalização do idoso, muitas vezes um alívio para a família, é vista por ele como pior do que a própria morte (COHEN, 1988). Os principais motivos pelos quais ela ocorre, referidos pela literatura pertinente na área (VIEIRA, 2003; CORTELLETTI; CASARA; HERÉDIA, 2004), são os seguintes: falta de condição financeira, dependência de outrem para a realização das atividades de vida diária e a ausência de suporte familiar, para dar conta dos cuidados diários necessários nessa fase da vida. Nesse sentido, questões como o afeto da família, o cuidado e o acompanhamento necessários são frequentemente associadas à ideia de que o idoso institucionalizado sofre de abandono, mas é preciso ressaltar que, na verdade, o fator ‘condição financeira’ possui o maior peso nessa situação. Como bem explica Silva Sobrinho (2007, p. 108), “o discurso da velhice pobre vai fazer eco para o abandono da classe trabalhadora”, uma vez que:.
(20) 18 . Quando se define o ‘velho’ somente a partir da categoria de idade, silenciase que a grande maioria é composta de trabalhadores. É por essa ida ao silenciado, aquilo que é calado, recalcado, que podemos compreender porque a velhice é ‘ruim’, é ‘viver apulso’, é a ‘’pior idade’, e o velho é uma ‘coisa’ ‘descartável’, ‘que passou’ (SILVA SOBRINHO, 2007, p. 108109). . Se, na sociedade capitalista, o idoso já é visto como um ser improdutivo e inútil, por não servir à ideologia produtivista, quando passa à condição de institucionalizado, ele assume, de todas as formas, o papel de descartável, justificando, portanto, seu isolamento da sociedade, e sua única alternativa é a espera da morte. Por outro lado, a estrutura familiar diminuiu consideravelmente em relação à primeira metade do século XX, fato que reorganizou também os espaços físicos das residências, a cada dia, menores (MINAYO; COIMBRA Jr., 2004). Sem espaço para abrigar uma pessoa que requer atenção e cuidados advindos do avanço da idade e sem tempo para cuidar, devido ao ritmo de vida e às exigências do mercado de trabalho, as famílias têm optado pela institucionalização como uma forma de se ‘esvair’ da obrigação com o idoso e de repassála às instituições que o assumam. Nessas ILPs, cabe ao cuidador o contato direto com os idosos, daí a importância de seu trabalho. . 1.3 O cuidador de idosos . Nos Estados Unidos, foram empreendidos estudos etnográficos importantes a respeito da vida cotidiana em clínicos de repouso, a partir da perspectiva dos auxiliares de enfermagem, os provedores de cuidado primários dos idosos (VESPERI, 1983; DIAMOND, 1986 apud AGICH, 2008). Constatouse a predominância das mulheres na profissão, cujos salários baixíssimos não faziam jus ao trabalho pesado, fato que as obrigava, muitas vezes, a assumir outro emprego, para completar a renda. O papel assumido pelas auxiliares de enfermagem nessas clínicas englobava cuidados com a higienização, alimentação e demais funções básicas do cotidiano, como auxiliar os idosos a levantar da cama, por exemplo. Ademais, os idosos residentes nessas clínicas eram, em maior ou menor grau, dependentes e,.
(21) 19 . por isso, não poderiam realizar as atividades de vida diária com a segurança mínima exigida para tal (AGICH, 2008). A dependência que aflige os idosos, no entanto, não lhes tira necessariamente a autonomia 4 , que envolve o poder de decisão e escolha do idoso que recebe o cuidado em longo prazo, como é o caso dos velhos que vivem em instituições de longa permanência (AGICH, 2008). Aliás, é um consenso entre os estudiosos (MINAYO; COIMBRA Jr, 2004; VIEIRA, 2003) que a autonomia do idoso deve ser respeitada e estimulada, não importando o ambiente em que vive, tendo em vista que possui relação direta com sua qualidade de vida. Não é à toa que o cuidador é alertado para a importância da manutenção da autonomia do idoso: O bom cuidador é aquele que observa e identifica o que a pessoa pode fazer por si, avalia as condições e ajuda a pessoa a fazer as atividades. Cuidar não é fazer pelo outr o, mas ajudar o outr o quando ele necessita, estimulando a pessoa cuidada a conquistar sua autonomia, mesmo que seja em pequenas tar efas (BRASIL, 2008, p. 7, grifo nosso). . Muitas vezes, contudo, não existe um interesse, ou esforço coletivo dentro das ILPs para que a autonomia do idoso seja preservada. É o que Vesperi (1983 apud AGICH, 2008, p. 123) observou nas clínicas de repouso americanas: “[...] essas práticaspadrão das clínicas de repouso constituem assaltos impressionantes à autonomia” e se baseiam em um modelo médico de treinamento, em sua maioria. Não é à toa que “a educação dos auxiliares de enfermagem e seu trabalho diário são definidos de uma maneira física e centrada na tarefa” (DIAMOND, 1986, p. 1290). Esta, por sua vez, é “orientada antes para a ação objetiva a ser executada que para o receptor da ação” (AGICH, 1982, p. 66). A execução da tarefa, pelos auxiliares, é tão enfatizada que, durante o curso de preparo, eles são ensinados a não fazerem perguntas, nem tomar iniciativa, devem apenas obedecer às ordens de seus superiores (DIAMOND, 1986). Várias semelhanças podem ser apontadas com respeito ao trabalho desses auxiliares de enfermagem e as funções assumidas pelos cuidadores de idosos, que exercem sua atividade: A partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bemestar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida (BRASIL, 2002). . 4 . A autonomia é entendida aqui como a capacidade que o idoso tem de decidir sobre seus atos, ainda que não consiga executálos..
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