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Tese Luzileide Correia Lima

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE ARTES E LETRAS

FACULDADE DE LETRAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS NEOLATINAS DOUTORADO EM LETRAS NEOLATINAS

Representações sociais, identitárias e linguísticas na região de

fronteira de Roraima, Brasil-Guiana-Venezuela

Luzileide Correia Lima

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Representações sociais, identitárias e linguísticas na região de

fronteira de Roraima, Brasil-Guiana-Venezuela

Luzileide Correia Lima

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas, Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos, opção: Língua Espanhola).

Orientador: Prof. Dr. Pierre François Georges Guisan

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CIP - Catalogação na Publicação

Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidos pelo (a) autor (a).

TERMO DE APROVAÇÃO L 732r LIMA, LUZILEIDE CORREIA.

Representações sociais, identitárias e linguísticas na região de fronteira de Roraima, Brasil-Guiana-Venezuela

/ LUZILEIDE CORREIA LIMA. – Rio de Janeiro: 2017.

351 f. Il.

Orientador: PIERRE FRANÇOIS GEORGES GUISAN.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de

Janeiro Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas, Rio de Janeiro, 2017.

1. REPRESENTAÇÃO. 2. LÍNGUAS. 3.

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Representações sociais, identitárias e linguísticas na região de

fronteira de Roraima, Brasil-Guiana-Venezuela

LUZILEIDE CORREIA LIMA

Tese de Doutorado submetida ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Doutora em Letras Neolatinas.

Aprovado por:

___________________________________________________ Prof. Dr. Pierre François Georges Guisan (Orientador)

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

___________________________________________________ Profª. Dra. Angela Maria Silva Correa (Membro)

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

___________________________________________________ Profª. Dra. Annita Gullo (Membro)

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

___________________________________________________ Prof. Dr. Haroldo Eurico Amoras dos Santos (Membro)

Universidade Federal de Roraima (UFRR)

___________________________________________________ Prof. Dr. Xoan Carlos Lagares Diez (Membro)

Universidade Federal Fluminense (UFF)

___________________________________________________ Profª. Dra. Sonia K. Reis (Suplente)

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

___________________________________________________ Profª. Dra. Telma Cristina de Almeida Silva (Suplente)

Universidade Federal Fluminense (UFF)

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RESUMO

Representações sociais, identitárias e linguísticas na região de fronteira de Roraima, Brasil-Guiana-Venezuela

Luzileide Correia Lima

Orientador: Prof. Dr. Pierre François Georges Guisan

Resumo para a Tese de Doutorado submetido ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas, Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos, opção: Língua Espanhola).

O Estado de Roraima faz parte da faixa de fronteira brasileira, e, além disso, faz parte também da região amazônica, conhecida e admirada internacionalmente. As particularidades de Roraima o tornam um estado singular, fornecendo temas para pesquisas nos mais variados campos de estudo, no entanto, estudos sobre a relação de suas fronteiras e representações ainda são incipientes. Roraima faz fronteira com dois países, Venezuela (língua espanhola) e Guiana (língua inglesa), e dois estados federados brasileiros, Amazonas e Pará. É o único estado brasileiro com tríplice fronteira trilíngue (português, espanhol e inglês). Outra particularidade do estado é sua questão territorial, pois, o estado possui quase 90% de seu território

em faixa de fronteira, além de outras destinações institucionais, estando “disponível”

apenas 10% de seu território para desenvolvimento econômico, por exemplo. A diversidade da população, das línguas e cultura do estado também é relevante. A partir destas informações, a presente tese objetiva identificar as representações sociais, identitárias e linguísticas demonstradas por uma amostra de moradores e representantes institucionais da região de fronteira de Roraima, na capital Boa Vista e nas cidades-gêmeas do lado brasileiro de Pacaraima, Bonfim, observando os fenômenos de línguas em contato que os mesmos apresentam. Para cumprir esse objetivo, são adotados os seguintes métodos e procedimentos: método de abordagem (base lógica da pesquisa científica): dialético; método de procedimento (etapas concretas da pesquisa): qualitativo e quantitativo, utilizando o modelo misto da metodologia qualitativa e quantitativa para análise dos dados; e técnica de coleta de dados: entrevista semiestruturada com questões abertas para um universo de amostra aleatória simples, cujos critérios de seleção estão detalhados em capítulo próprio desta tese. O aporte teórico sobre fronteira, território, territorialidade e multiterritorialidade é trazido à tona. Além disso, a base teórica que envolve as teorias de representações sociais, identitárias e linguísticas, de teóricos como Moscovici, Durkheim, Deschamps e Moliner, Houdebine-Gravaud e outros é discutida em capítulo específico, bem como a análise da entrevista realizada, devidamente baseada em torno do campo teórico exposto. Como resultado, propomos uma pirâmide de representações demonstradas pelos entrevistados, isto é, uma tentativa de classificação hierárquica de representações.

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RESUMEN

Representaciones sociales, identitárias y lingüísticas en la región fronteriza de Roraima, Brasil-Guiana-Venezuela

Luzileide Correia Lima

Orientador: Prof. Dr. Pierre François Georges Guisan

Resumen para a Tese de Doutorado submetido ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas, Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Letras Neolatinas (Estudos Linguísticos Neolatinos, opção: Língua Espanhola).

El Estado de Roraima forma parte de la línea de frontera de Brasil. Aparte de esto, forma parte de la región amazónica, conocida y admirada internacionalmente. Las peculiaridades de Roraima lo transforman en un estado singular, proporcionando temas para estudios en los más diversos campos de estudio. Sin embargo, estudios sobre la relación de sus fronteras y representaciones aún son insignificantes. Roraima hace frontera con dos países: Venezuela (lengua española) y Guyana Inglesa (lengua inglesa), y los dos estados de la federación brasileña: Amazonas y Pará. Es el único estado brasileño con frontera trilingüe (portugués, español e inglés). Otra particularidad del estado es la cuestión territorial, pues el estado posee casi 90% de su territorio en la línea de frontera, fuera otras destinaciones institucionales, estando disponible apenas un 10% de su territorio para el desarrollo económico, por ejemplo. La diversidad de la población, de las lenguas y la cultura del estado también son importantes. Partiendo de estas informaciones, la presente tesis tiene por objetivo identificar las representaciones sociales, identitarias y lingüísticas demostradas por una muestra de habitantes y representantes institucionales de la región fronteriza de Roraima, que incluyen la capital del estado, Boa Vista y las ciudades gemelas del lado brasileño, Pacaraima y Bonfim, observando los fenómenos de las lenguas en contacto que estas presentan. Para alcanzar este objetivo, fueron adoptados los siguientes métodos y procedimientos: abordaje (base lógica de la investigación científica) – dialéctico; método de los procedimientos (etapas concretas del estudio) cualitativo y cuantitativo, siendo usado el modelo mixto de la metodología cualitativa y cuantitativa para análisis de los datos e; técnica de colecta de datos: entrevista semiestructurada, con preguntas abiertas, para un universo de muestra aleatoria simple, cuyos criterios de selección fueron detallados en un capítulo propio de esta tesis. El aporte teórico sobre frontera, territorio, territoriedad y multiterritoriedad es considerado con cuidado. Aparte de esto, la base teórica que envuelve las teorías de representaciones sociales, identitarias y lingüísticas, de teóricos como Moscovici, Durkheim, Deschamps e Moliner, Houdebine-Gravaud, entre otros, es discutida en capítulo en elaboración, bien como el análisis de la entrevista realizada, debidamente sustentada en torno del campo teórico expuesto. En consecuencia, proponemos una pirámide de representaciones demostrada por los entrevistados, es decir, un intento de clasificación jerárquica de las representaciones.

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Agradecimentos

Ao Deus soberano, Jeová, pela vida e por tudo que nos tem proporcionado, mesmo que de modo imerecido.

A minha amada mãe, Rosileide, por todo o apoio nesse percurso, mesmo nos momentos difíceis sempre me disponibilizou força e teve paciência. Ao meu pai (in memoriam), pelo exemplo de força diante de adversidades. Aos meus avós maternos Manoel (in memoriam) e Zilda (in memoriam) pelo exemplo de determinação na luta diária pela vida, mesmo ao enfrentar dificuldades aquém de suas possibilidades. Aos meus avós paternos Manoel e Antônia (in memoriam) pelo pioneirismo em vir para Roraima há mais de meio século e aqui formar família. Aos meus irmãos, Luzilândia, Isabelle Cristina, Camille Vitória, Luiz Filho e Alexandre Temístocles, pelo amor, alegria, companheirismo e carinho proporcionados.

Aos meus tios Francisco Correa e Manoel Júnior por me guiar em minhas viagens, de pesquisa de campo e de estudos. Ao tio Francisco Correa e família pelo apoio e união familiar e convivência em momentos de lazer. À tia Socorro e família (Raquel e filhos Flávio Neto e Cecília, Mônica e filha Ester Victória, e José Júnior) pelo suporte tecnológico e apoio em muitos momentos, sem esquecer a boa vizinhança. À tia Rosa e tio Leandro e família (filhos Mateus, Camila e Beatriz e genro Adans) pelos momentos de lazer e de atividades espirituais juntos. À tia Rosinira e família (Angela Cristina, David e Caroline) e à tia Fransquinha e filha Thaiane pelas palavras de elogio e de incentivo. À prima Franklene pelo suporte metodológico. À tia Marileide e tio Antônio e família (filhos Diego, Artur, Ana Daniela e Bruna Letícia e neta Gabriela) pelo apoio, palavras e companhia em alguns momentos, dentre eles o lazer. A minha família, como um todo, pelo prestimoso apoio e motivação para concluir esta jornada.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Pierre François Georges Guisan, estimado professor que conseguia, mesmo em pouco tempo, instruir tanto e me ajudou a colocar em palavras o que eu realmente gostaria de pesquisar.

Aos meus professores no Doutorado, Pierre François Georges Guisan, Maria Aurora Consuelo Alfaro Lagorio, Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold, Sônia Kapps Reis, Tânia Reis Cunha, Andrea Lombardi, Antonio Francisco de Andrade Júnior e João Baptista de Medeiros Vargens, pelo ensinamento usufruído, que representou para mim um aprendizado há muito desejado, sanando dúvidas que tinha, e por isso, agradeço cordialmente.

À Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que, por meio do Doutorado em Letras Neolatinas, possibilitou a realização de um sonho, não só de obtenção de título, mas principalmente de conhecimento. Aos funcionários da Secretaria de Pós-Graduação da Faculdade de Letras/UFRJ, Nádia Remanowsky, Patrícia Barbosa Oliveira e José Augusto Vianna, pela prontidão, eficiência, atenção e carinho ao me atender.

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Mestrado, pela ajuda, paciência, companheirismo, amizade, incentivo, motivação, ensinamento e tudo que fizeram e fazem por mim, que direta ou indiretamente colaboraram para eu estar aqui, em especial a essas amigas que compartilharam seu dia a dia comigo na estada no Rio de Janeiro, resultando em amizades verdadeiras que quero preservar por muitos e muitos anos. A outros colegas da UFRJ que também me apoiaram nesse percurso, como Luíz Guilherme Jimenez Comolli e Vitor da Cunha Gomes.

A querida Valéria Melani Santos Rabelo, agradeço a amizade, ao apoio e a hospitalidade que tem demonstrado, ao carinho e cuidado efetivos a minha pessoa. Um tesouro que encontrei na cidade do Rio de Janeiro!

À Universidade Federal de Roraima (UFRR), pela concessão do afastamento para cursar o doutorado e todo o apoio dispensado a esta técnica. Aos professores João Luis Gomes Moreira, Marcelo Batista de Souza, Maria Edith Romano Siems-Marcondes, Gioconda Santos e Souza Martinez, Rosângela Duarte, Gilson Costa de Souza, Héctor José Garcia Mendoza, José Luis Gutiérrez Angulo e Antônio Edilson Araújo da Silva pelo apoio nesse período anterior e durante o curso. Aos meus colegas de trabalho da UFRR pelo incentivo e palavras de carinho, em especial às minhas colegas secretárias executivas da Reitoria e aos técnicos da Diretoria de Administração de Recursos Humanos, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis, Núcleo de Estudos Comparados da Amazônia e do Caribe (Necar) e Diretoria de Tecnologia da Informação, dentre eles destaco o apoio de Luciano da Silva Oliveira, Maria Antonia Oliveira, Oton Melo, Acácia Duarte, Maria José, Jucilene do Carmo, Dânia Bríglia, Bruna Magalhães, Eweline, Consolata, entre muitos outros estimados colegas que me apoiaram mesmo sem perceber, quando mostravam interesse no andamento do curso, me encorajavam dizendo que daria tudo certo e em ações efetivas que me auxiliavam para a realização do curso.

Aos professores da UFRR que com suas valiosas palavras me instruíram e colaboraram com esta tese, Elder José Lanes, Maria das Graças Santos Dias, Rodrigo Cardoso Furlan, Nélvio Paulo Dutra Santos, Orlando de Lira Carneiro, Edlamar Menezes da Costa, Calvino Camargo e Francilene Rodrigues dos Santos, com conversas e material de pesquisa. Agradeço em especial ao professor Haroldo Eurico Amoras dos Santos pelos caminhos indicados, que serviram de bússola para entender mais sobre Roraima.

Aos membros de minha banca de qualificação, meu orientador e professores doutores Annita Gullo e Xoan Carlos Lagares Diez, pelas considerações e sugestões, que procurei acatar após esse momento do estudo.

Aos membros de minha banca de defesa, meu orientador e professores doutores Angela Maria Silva Correa, Annita Gullo, Haroldo Eurico Amoras dos Santos e Xoan Carlos Lagares Diez, pelas avaliações e palavras de elogio, apoio e as sugestões no momento final do doutoramento.

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Aos colaboradores Coronel Barroso, Anderson e Luciana, da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento de Roraima (SEPLAN-RR), que me auxiliaram com a disponibilização de mapas de Roraima.

À Ana Kelly Andrade da Silva pelas conversas esclarecedoras sobre cultura indígena roraimense, no que se referem a artesanato, línguas, habitat, etc.

Aos vizinhos Alessandra Mendes Carvalho e André Luis Silva Gomes pelo suporte tecnológico.

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“Portanto, todas as coisas que

querem que os homens façam a vocês, façam também a eles. De fato, isso é o que a Lei e os

Profetas querem dizer”

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Lista de Figuras

Figura 1: Fronteiras de Roraima... 29

Figura 2: Mapa político do Brasil destacando o Estado de Roraima ... 30

Figura 3: Marco Brasil-Venezuela número zero, na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, no alto do Monte Roraima ... 31

Figura 4: Principais jazidas do Estado de Roraima ... 40

Figura 5: Monte Roraima ... 42

Figura 6: Monte Roraima na Tríplice Fronteira Brasil-Venezuela-Guiana ... 42

Figura 7: Mapa político com Terras Indígenas de Roraima ... 57

Figura 8: Municípios da Faixa de Fronteira em 2003... 78

Figura 9: Arranjos Produtivos Locais na Faixa de Fronteira e Eventos de Organização Produtiva na Faixa de Fronteira entre 2004 e 2007 ... 82

Figura 10: Localização das cidades-gêmeas ao longo da Faixa de Fronteira ... 86

Figura 11: Cidades-gêmeas e tipologia das sub-regiões da Faixa de Fronteira ... 87

Figura 12: Faixa de Fronteira (150 km) e Terras Indígenas de Roraima ... 88

Figura 13: Arcos e sub-regiões da Faixa de Fronteira ... 89

Figura 14: As fronteiras e rodovias de Roraima ... 102

Figura 15: Linha de fronteira e faixa de fronteira Brasil-Venezuela ... 105

Figura 16: Municípios da linha de fronteira em destaque ... 117

Figura 17: Terras Indígenas de Pacaraima ... 124

Figura 18: Rotas e comunidades indígenas em Pacaraima ... 125

Figura 19: Fenômenos de línguas em contato no Município de Pacaraima... 132

Figura 20: Terras Indígenas de Bonfim ... 141

Figura 21: Rotas e comunidades indígenas em Bonfim ... 142

Figura 22: Fenômenos de línguas em contato de Bonfim ... 144

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Distribuição das áreas institucionais do Estado em 2011 ... 33

Tabela 2: Unidades de conservação da natureza, área total, municípios abrangidos e decretos de criação ... 35

Tabela 3: Municípios do Estado de Roraima, áreas e data de criação ... 35

Tabela 4: Terras Indígenas, municípios abrangidos, área total e população indígena no ano de 2013 ... 54

Tabela 5: População Indígena por Região ... 56

Tabela 6: População Indígena por Município ... 56

Tabela 7: População de Roraima – Período de 1940 a 2010 ... 61

Tabela 8: Lista das Cidades-Gêmeas da Faixa de Fronteira - Roraima ... 85

Tabela 9: Terras Indígenas de Pacaraima ... 121

Tabela 10: Censo da População Indígena - Pacaraima (2013) ... 121

Tabela 11: População Indígena de Pacaraima ... 126

Tabela 12: Distribuição de área institucional por município (participação) – Bonfim (2011) ... 137

Tabela 13: Terras indígenas, área total, população indígena do Município de Bonfim ... 138

Tabela 14: Censo da População Indígena de Bonfim (2013... 139

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Lista de Fotos

Foto 1: BR-174 sentido Boa Vista/Pacaraima, proximidade da Comunidade Indígena

Boca da Mata, com transeuntes indígenas e não indígenas na rodovia ... 321

Foto 2: Parte do Linhão de Guri (Hidrelétrica de Guri), BR-174 sentido Boa Vista/Pacaraima ... 321

Foto 3: Parte do Linhão de Guri (Hidrelétrica de Guri), BR-174 sentido Santa Elena de Uairén/Pacaraima ... 322

Foto 4: Chegada ao Posto da SEFAZ-RR em Pacaraima, BR-174 sentido Boa Vista/Pacaraima ... 322

Foto 5: Chegada ao Posto da SEFAZ-RR em Pacaraima, BR-174 sentido Boa Vista/Pacaraima ... 323

Foto 6: 3º Pelotão Especial de Fronteira – Exército Brasileiro, em Pacaraima ... 323

Foto 7: Chegada ao Posto do Ministério da Fazenda / Receita Federal na linha de fronteira Brasil-Venezuela, em Pacaraima ... 324

Foto 8: Pátio do Ministério da Fazenda / Receita Federal na linha de fronteira Brasil-Venezuela, visto do sentido Santa Elena de Uairén/Pacaraima ... 324

Foto 9: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, na linha de fronteira Brasil-Venezuela, em Pacaraima ... 325

Foto 10: Fórum Eleitoral de Pacaraima, na linha de fronteira Brasil-Venezuela ... 325

Foto 11: Chegada à Aduana Principal Ecológica de Santa Elena de Uairén, na linha de fronteira Brasil-Venezuela ... 326

Foto 12: Placa indicando limite Venezuela-Brasil, na linha de fronteira ... 326

Foto 13: Placa da Polícia Federal na chegada ao Brasil, vindo da Venezuela, na linha de fronteira ... 327

Foto 14: Entrevista com o Senador da República Romero Jucá Filho, Boa Vista-RR ... 327

Foto 15: Entrevista com o Senador da República Romero Jucá Filho, Boa Vista-RR ... 328

Foto 16: Marcos fronteiriços em Pacaraima-RR ... 328

Foto 17: Entrevista com as Sras. Rita Caúla e Raimunda Uchôa Lessa (Mundinha) (sentido horário), Pacaraima-RR ... 329

Foto 18: Entrevista com o Sr. João Bosco F. Pereira, Pacaraima-RR ... 329

Foto 19: Entrevista com o Sr. Eulises Antonio, Pacaraima-RR ... 330

Foto 20: Entrevista com o Sr. Maurício Macêdo da Silva, Pacaraima-RR ... 330

Foto 21: Entrevista com a Sra. Rosa Helena Batista Teixeira e o Sr. Francisco Gomes de Souza, Pacaraima-RR ... 331

Foto 22: Entrevista com a Srta. Cássia Kiss Silva Lourenço, Pacaraima-RR ... 331

(15)

Foto 24: Entrevista com a Sra. Antonia Florinda Silva Nascimento (Albertina),

Pacaraima-RR ... 332

Foto 25: Entrevista com a Sra. Rossy Mercedes Ruiz Reategui Paes, Pacaraima-RR ... 333

Foto 26: Entrevista com a Srta. Kenia Carvelis Sáez Páez, Pacaraima-RR ... 333

Foto 27: Posto da Polícia Federal e Receita Federal, Bonfim-RR ... 334

Foto 28: Posto da Polícia Federal e Receita Federal, Bonfim-RR ... 334

Foto 29: Ponto sobre o rio Tacutu, fronteira Brasil-Guiana, sentido Lethem(GY) a Bonfim (BR) ... 335

Foto 30: Entrevista com o Sr. Wélio P. de Sousa, Bonfim-RR ... 335

Foto 31: Entrevista com a Sra. Andrezilene P. Peres, Bonfim-RR... 336

Foto 32: Entrevista com a Sra. Maria Luzia M. Rodrigues, Bonfim-RR ... 336

Foto 33: Entrevista com a Srta. Williany da Silva Filgueira, Bonfim-RR ... 337

Foto 34: Entrevista com a Sra. Maria Gilbertina da Silva Filgueira, Bonfim-RR ... 337

Foto 35: Entrevista com a Sra. Lisete Spies, Prefeita de Bonfim, Boa Vista-RR .... 338

Foto 36: Entrevista com a Sra. Lisete Spies, Prefeita de Bonfim, Boa Vista-RR .... 338

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Lista de Siglas e Abreviaturas

ALADI - Associação Latino-Americana de Integração ALALC - Associação Latino-Americana de Livre Comércio ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APA - Áreas de Preservação Ambiental

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CARICOM - Caribbean Community

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DETRAN - Departamento Estadual de Trânsito

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FUNAI - Fundação Nacional do Índio

HA - Hectare

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Biodiversidade

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária MERCOSUL - Mercado Comum do Sul

ONGs - Organizações não governamentais

SEPLAN-RR - Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento de Roraima

SPI - Serviço de Proteção aos Índios TCA - Tratado de Cooperação Amazônico TI - Terra Indígena

(17)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 20

2 CONHECENDO RORAIMA: ESPAÇO, HISTÓRIA E DIVERSIDADE ... 25

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO RORAIMENSE ... 25

2.1.1 A Amazônia ... 25

2.1.2 O Estado de Roraima ... 27

2.2 QUESTÃO TERRITORIAL DE RORAIMA ... 32

2.3 ASPECTOS ECONÔMICOS ... 36

2.4 ANTECEDENTES HISTÓRICOS ... 43

2.4.1 De Fazenda Real a Município de Boa Vista do Carmo ... 49

2.4.2 De Território do Rio Branco/Roraima a Estado de Roraima ... 50

2.5 A POPULAÇÃO DE RORAIMA ... 52

2.5.1 As populações indígenas ... 52

2.5.2 Os migrantes ... 59

2.6 ASPECTOS DA DIVERSIDADE CULTURAL ... 62

2.7 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ... 67

3 FRONTEIRAS: CONCEITOS E TIPOLOGIAS ... 69

3.1 FRONTEIRA ... 69

3.1.1 Conceitos... 69

3.1.2 Tipos de fronteira ... 71

3.1.3 Áreas de estudo sobre fronteira ... 74

3.1.4 Política externa de fronteiras ... 75

3.1.5 O Programa de Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira (PDFF) e a Faixa de Fronteira de Roraima ... 77

3.2 TERRITÓRIO, TERRITORIALIDADE E MULTITERRITORIALIDADE... 93

3.3 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ... 99

4 A REGIÃO DE FRONTEIRA DE RORAIMA ... 101

4.1 OS ESPAÇOS LIMÍTROFES INTERESTADUAIS: AMAZONAS E PARÁ ... 101

4.2 AS FRONTEIRAS INTERNACIONAIS: VENEZUELA E GUIANA ... 103

4.2.1 A fronteira com a Venezuela ... 103

4.2.2 A fronteira com a Guiana ... 108

4.3 OS MUNICÍPIOS DE LINHA DE FRONTEIRA DE RORAIMA ... 115

4.3.1 Linha da fronteira Brasil-Venezuela: o município de Pacaraima ... 115

4.3.2 Linha da fronteira Brasil-Guiana: o município de Bonfim... 133

(18)

5 REALIZANDO A PESQUISA: MÉTODOS E PROCEDIMENTOS ... 147

5.1 CONHECIMENTO POPULAR E CONHECIMENTO CIENTÍFICO ... 147

5.2 A CIÊNCIA ... 150

5.2.1 O conceito de ciência ... 150

5.2.2 Classificação da ciência ... 153

5.2.3 A pesquisa científica ... 155

5.3 MÉTODO ... 156

5.3.1 Conceito de método ... 156

5.3.2 Método e seu desenvolvimento histórico ... 157

5.3.3 Classificação de método ... 161

5.4 METODOLOGIA QUANTITATIVA E QUALITATIVA ... 169

5.5 REALIZAÇÃO DA PESQUISA ... 174

5.5.1 Procedimentos ... 174

5.5.2 Entrevistas ... 175

5.5.3 Coleta de dados... 179

5.5.4 Descrição da organização dos dados ... 181

5.5.5 Roteiro de entrevista ... 182

5.6 A PESQUISA DE CAMPO ... 182

5.6.1 Diário de Campo da Viagem para Fronteira Brasil-Venezuela ... 183

5.6.2 Diário de Campo da Viagem para Fronteira Brasil-Guiana ... 186

5.6.3 Diário de Campo das Entrevistas com as Autoridades ... 189

5.7 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ... 193

6 IDENTIDADE E REPRESENTAÇÕES: CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS... 194

6.1 IDENTIDADE E PROCESSOS IDENTITÁRIOS ... 195

6.1.1 Os processos identitários ... 198

6.2 A CONTRIBUIÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES À TEMÁTICA DA IDENTIDADE ... 200

6.2.1 As representações identitárias ... 200

6.3 AS REPRESENTAÇÕES COLETIVAS, DO SOCIAL E SOCIAIS ... 202

6.3.1 As Representações Coletivas ... 203

6.3.2 As Representações do Social ... 205

6.3.3 As Representações Sociais ... 207

1) Modelos teóricos das representações sociais... 208

a) A abordagem sociogenética das representações sociais ... 208

(19)

c) A abordagem sociodinâmica ... 211

2) As representações sociais como marcadores identitários ... 212

a) Assimilação, contraste, dissimilação ... 212

3) As representações sociais como produtos identitários ... 213

a) A noção da aposta... 213

4) As representações sociais como reguladores identitários ... 214

a) Valorização de si mesmo e representações sociais... 214

6.3.4 Processos e Representações ... 215

1) Um esquema dinâmico da identidade ... 215

2) Estratégias identitárias ... 216

3) Quadros ou referentes identitários ... 217

4) Construções identitárias ... 217

6.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ... 218

7 ANALISANDO AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, IDENTITÁRIAS E LINGUÍSTICAS NA REGIÃO DE FRONTEIRA DE RORAIMA ... 220

7.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ... 220

7.1.1 Perfil dos Entrevistados em Pacaraima ... 220

7.1.2 Perfil dos Entrevistados em Bonfim ... 221

7.1.3 Perfil das Autoridades Entrevistadas ... 221

7.2 AS REPRESENTAÇÕES SOBRE O ESTADO DE RORAIMA ... 224

7.2.1 Panorama Histórico ... 224

a) Moradores do Município de Pacaraima, na fronteira Brasil-Venezuela ... 225

b) Moradores do Município de Bonfim, na fronteira Brasil-Guiana ... 229

c) Autoridades do Estado de Roraima ... 230

7.2.2 Desenvolvimento ... 234

a) Moradores do Município de Pacaraima, na fronteira Brasil-Venezuela ... 234

b) Moradores do Município de Bonfim, na fronteira Brasil-Guiana ... 238

c) Autoridades do Estado de Roraima ... 243

7.3 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, IDENTITÁRIAS E LINGUÍSTICAS ... 251

7.3.1 Representações Sociais ... 251

a) Moradores do Município de Pacaraima, na fronteira Brasil-Venezuela ... 252

b) Moradores do Município de Bonfim, na fronteira Brasil-Guiana ... 258

c) Autoridades do Estado de Roraima ... 264

7.3.2 Representações Identitárias ... 275

(20)

b) Moradores do Município de Bonfim, na fronteira Brasil-Guiana ... 278

c) Autoridades do Estado de Roraima ... 280

7.3.3 Representações Linguísticas ... 282

a) Moradores do Município de Pacaraima, na fronteira Brasil-Venezuela ... 282

b) Moradores do Município de Bonfim, na fronteira Brasil-Guiana ... 287

c) Autoridades do Estado de Roraima ... 289

7.4 HIERARQUIZANDO AS REPRESENTAÇÕES ... 290

7.5 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ... 292

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 296

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 301

APÊNDICES ... 313

Apêndice I: Roteiro prévio de entrevista com Informantes Moradores ... 313

Apêndice II: Roteiro prévio de entrevista com Informantes Representantes Institucionais: ... 314

Apêndice III: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE ... 315

Apêndice IV: Termo de Autorização de Uso de Imagem e Voz ... 316

Apêndice V: Glossário de Fenômenos de Línguas em Contato ... 317

Apêndice VI: Fotos das pesquisas de campo ... 321

ANEXOS ... 340

(21)

1 INTRODUÇÃO

Roraima é o estado federado do Brasil localizado no extremo norte do país, cuja natureza, potencialidades econômicas, diversidade cultural – população, língua, arte tornam singular. É o único estado brasileiro com tríplice fronteira trilíngue. Em outras palavras, faz fronteira com a Venezuela cujo idioma oficial é o espanhol, e com a Guiana – que tem como idioma oficial o inglês. Esses países também possuem outras línguas, como as indígenas, e fenômenos de línguas em contato, como o crioulo na Guiana. Outros estados fronteiriços brasileiros, por mais que tenham sua tríplice fronteira, não é fronteira trilíngue. É possível afirmar que, seja mais que fronteira trilíngue, pois se adicione ao português, espanhol e inglês as línguas indígenas. Não podemos deixar de mencionar ainda a existência dos fenômenos de línguas em contato encontrados nessa região de fronteira.

Os estudos sobre as fronteiras de Roraima ainda são incipientes. Alguns tratam das relações internacionais, em termos de integração, cooperação, segurança; política externa; ainda outros trazem viés econômico sobre, por exemplo, integração entre os países fronteiriços, bem como sobre acordos e tratados bilaterais (LIMA, 2011b; SANTOS, 2012). Sobre Roraima podemos encontrar estudos que trazem sua história econômica, história política, atualidades, dilemas enfrentados com respeito a questões territoriais, fundiárias (CERINO, 2015; MAGALHÃES, 2006, 2008; SANTOS, 2004).

Esta pesquisa se propõe estudar representações sociais, identitárias e linguísticas no âmbito da região de fronteira de Roraima, proposta esta inédita até o presente momento. Ao longo do texto, outros apontamentos inéditos também são apresentados: a análise multidisciplinar do tema, as entrevistas para a pesquisa de campo, mapas com fenômenos de línguas em contato nas cidades-gêmeas fronteiriças do lado brasileiro e pirâmide de representações, isto é, uma tentativa de classificação hierárquica de representações.

O primeiro capítulo da tese aborda o Estado de Roraima, apresentando e analisando aspectos econômicos, históricos, territoriais, sua população, geografia, para que o leitor possa conhecer esse estado brasileiro singular.

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responsabilidade da Funai estão mais de 50% do território roraimense. Nesse contexto, questões de território, territorialidade, multiterritorialidade e conceitos e tipologias de fronteira são temas que necessitam ser abordados. O segundo capítulo analisa os conceitos e tipologias de fronteira.

Ainda em relação à temática de fronteira, o terceiro capítulo apresenta a região de fronteira de Roraima, analisando as cidades das linhas de fronteira, com mapeamento das línguas e dos fenômenos de línguas em contato das referidas cidades. No quarto capítulo, os métodos e procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa doutoral, que dão seu embasamento científico, são apresentados.

O quinto capítulo traz contribuições teóricas sobre identidade e representações. Desta forma, o estudo das representações sociais, identitárias e linguísticas demonstradas pelos informantes moradores e representantes institucionais da região de fronteira de Roraima, por meio de entrevistas, constituem o corpus desta pesquisa. Com base nas pesquisas de representação identitária (DESCHAMPS, MOLINER, 2009), será possível analisar dos processos identitários às representações sociais (MOSCOVICI, 1976), perpassando pelas representações linguísticas, encontradas nas entrevistas. Estudar as representações por meio da representação de línguas, da identidade e do social para aquelas populações e instituições nessa região de fronteira traz cenário único de estudo. Além disso, serão discutidas teorias que corroborem a temática proposta e que venham a enriquecer a pesquisa.

Já o sexto e último capítulo, com base nos conhecimentos da região estudada e suas particularidades, os aportes teóricos e metodológicos e de posse da entrevista realizada, apresentará a análise da entrevista, sendo o âmago da presente tese. Ao final de cada capítulo trazemos as considerações parciais, que vêm a enriquecer mais ainda a discussão e análise da presente pesquisa.

Juntamente com a introdução e as considerações finais, os seis capítulos constituem a estrutura desta tese, além dos elementos pré-textuais e pós-textuais. Entre os elementos pós-textuais, apresentamos os roteiros prévios de entrevista, os documentos apresentados durante as entrevistas a fim de angariar a sua devida autorização, glossário com fenômenos de línguas em contato, fotografias, dentre outros.

(23)

dinâmico resultante de dupla constatação quanto às semelhanças e diferenças entre o indivíduo, os outros e alguns grupos. A fim de explicar esses fenômenos, diversos processos são retomados, e, eles, por sua vez, intervêm na elaboração de conhecimentos e de crenças sobre si mesmo, os outros e os grupos de pertença e de não pertença dos indivíduos, permitindo ainda fazer diversas comparações, das quais decorre finalmente a percepção de semelhanças e diferenças, que é a base do sentimento de identidade‟ (DESCHAMPS, MOLINER, 2009).

Conceituar a identidade como esse sentimento dinâmico de semelhanças e diferenças (eu sou mulher, ele é homem; eu sou brasileira, ele é francês) nos conduzirá a interrogar-nos sobre a natureza das cognições nas quais se apoia este sentimento. A noção de representação permite obter respostas a esta questão, propondo a existência de estruturas cognitivas relativamente estáveis, subjacentes ao sentimento de identidade, ao mesmo tempo em que elas o cristalizam. Desse modo, é trazida a noção de representações identitárias, com declínio em termos de representação de si mesmo e de representação intergrupo. Além disso, pode-se observar que os processos que estão envolvidos para a elaboração dessas representações identitárias são, por sua vez, modulados por outras representações, tais como coletivas, do social ou sociais (DESCHAMPS, MOLINER, 2009). As representações da língua do indivíduo estão envolvidas nas representações sociais, por exemplo.

Reportando para a presente pesquisa, a questão das representações sociais, identitárias e linguísticas é trazida à tona, em referência à territorialidade da região de fronteira de Roraima. Em se tratando da formação territorial, Roraima mede 22,4 milhões de hectares, e, desses, 10,3 milhões são reservados exclusivamente para os indígenas, sendo proporcionalmente o estado federado brasileiro com maior área de terras destinadas aos indígenas. Do território de Roraima, 53,80% são ocupados por Unidades de Conservação e Terras Indígenas (GUÍA, 2008, p. 28). Nesse contexto, no estado há sobreposição de Terras Indígenas, Unidades Federais de Conservação, municípios e a demarcação da fronteira propriamente dita.

Diante desse cenário da fronteira em estudo e suas peculiaridades, para se entender as representações sociais, identitárias e linguísticas demonstradas pelos entrevistados, algumas questões surgem e merecem discussão e análise:

(24)

O que representa a fronteira onde moram / trabalham?

Quais forças moldam as identidades na fronteira?

Será que se trata de simples reflexos do mundo, ou de realidades subjetivas

a identidade demonstrada pelos informantes?

Qual o peso relativo dos fatores identitários que atuam ao lado da língua,

como a cultura, a religião, considerando a língua como principal fator de identidade

numa fronteira nacional? Quais as relações entre língua e identidade?

Como os indivíduos da região de fronteira se autodefinem: brasileiros,

venezuelanos, guianenses, indígenas, estrangeiros, etc.?

Quais são as línguas envolvidas nessa fronteira?

Qual é a língua que eles imaginam falar?

Que papel essa língua desempenha?

Como são definidas – nas representações – as qualificações de imigrante,

de indígena, de nacional, de estrangeiro, e outras?

Com base nesse problema, propomos a hipótese segundo a qual a reflexão sobre a identidade vem marcada por constatação paradoxal: cada um pode sentir-se ao mesmo tempo semelhante e diferente dos outros. Sendo assim, o sentimento de identidade resulta de um conjunto de características, tanto pessoais como sociais, que se combinam em configuração particular para cada um. Essas características são fruto de diferentes processos, graças aos quais construímos e geramos conhecimentos sobre nós mesmos e sobre os outros. É possível distinguir processos sociocentrados e egocentrados; entre os segundos, distinguimos representações identitárias, coletivas, do social e sociais. Esses processos têm caráter geral e resultam na formação de conjuntos de saberes e de crenças cujas estruturas são relativamente comparáveis de um indivíduo ao outro. E esses conjuntos, que são

(25)

como a língua, a religião, a etnia, com características de região fronteiriça, considerados construções identitárias para o surgimento das representações sociais.

Nesse sentido, traçamos os seguintes objetivos. Como Objetivo Geral:

Identificar as representações sociais, identitárias e linguísticas demonstradas por amostra de moradores e representantes institucionais da região de fronteira de Roraima, nas cidades-gêmeas de Pacaraima, Bonfim e da capital Boa Vista, observando os fenômenos de línguas em contato que os mesmos apresentam.

Como Objetivos Específicos esboçamos os seguintes: *Discutir as questões de territorialidade da região estudada; *Realizar entrevista com público-alvo no lócus escolhido;

*Analisar as entrevistas com base na pesquisa teórica realizada, identificando as representações sociais, identitárias e linguísticas dos entrevistados;

(26)

2 CONHECENDO RORAIMA: ESPAÇO, HISTÓRIA E DIVERSIDADE

Falar de um estado com menos de 30 anos de existência após a sua promulgação, e ainda em formação, é tido como desafio, considerando

principalmente que “as informações disponíveis são esparsas e a massa crítica intelectual é ainda limitada” (VIZENTINI, 2012, p. 7), mas esses fatores não devem ser empecilhos para a sua abordagem, levando-se em consideração especialmente o potencial que o Estado de Roraima apresenta.

O nome “Roro-imã” que nomeia o Estado de Roraima, possui diferentes significados. Na língua Macuxi significa “Monte Verde”, já para os indígenas Pemón

e Taurepang quer dizer “Mãe dos Ventos” (GUÍA, 2008, p. 78; LIMA, 2014, p. 15). De qualquer modo, esses significados ressaltam a natureza local, e ainda mais, mostram a diversidade populacional e linguística encontrada no estado.

Este capítulo objetiva apresentar o Estado de Roraima em aspectos como o seu espaço geográfico, história e diversidade. Nesse contexto, a territorialidade, a economia e os potenciais do estado também serão analisados. Sobre as fronteiras nacionais e internacionais de Roraima, estas serão abordadas nos capítulos seguintes, desde a conceituação de fronteiras à realidade encontrada na região estudada.

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO RORAIMENSE

2.1.1 A Amazônia

(27)

(Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Rondônia, Roraima e Tocantins) e possui 11.250 km de fronteiras com sete países sul-americanos (Bolívia, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela), possuindo ainda cerca de 50% do potencial hidroelétrico do país‟ (FREITAS, 2004; CARVALHO, 2007, p. 28).

Em termos de biodiversidade, a Amazônia possui aproximadamente „30% das florestas tropicais do planeta e cerca de 1/3 de toda a biodiversidade mundial, apresenta cerca de 350 toneladas de biomassa por hectare de floresta amazônica. Os inventários de 2004 apontavam a existência de 427 espécies de anfíbios (70% do Brasil e 10% do mundo), 3.000 espécies de peixes (50% da América do Sul e Central e 23% do mundo), 380 espécies de répteis (80% do Brasil e 6% do mundo), 430 espécies de mamíferos (80% do Brasil e 9% do planeta) e cerca de 1.300 espécies de aves (77% do Brasil e 13% do mundo)‟ (FREITAS, 2004).

A Amazônia possui área de 6,4 milhões de km2, com 63% desse total no

território brasileiro, sendo 63% de florestas densas, abertas e estacionais, 22% de vegetação nativa não florestal, savanas, campos naturais e campinares, e 15% de área desmatada até o ano de 2009‟, conforme relata Pereira et al. (2010).

Becker (2009, p. 35) ressalta que a enorme riqueza natural configura a Amazônia como coração ecológico do planeta, de modo que a natureza tem sido

“valorizada como capital de realização atual ou futura e como fonte de poder para a ciência contemporânea”.

Além disso, por conta de sua riqueza e “importante papel que desempenha nas estabilidades mecânicas, termodinâmicas e químicas dos processos

atmosféricos em escala” mundial, a Amazônia tem despertado interesse e tem sido

fruto de cobiça internacional. Também, o conjunto de tais características tem reforçado sua importância geopolítica, em especial quando se trata da exaustão a que grande parte dos recursos naturais foi submetida em diversas partes do planeta.

No entanto, tais interesses despertados assumem variadas posições na „rede de

relações de poder que a geopolítica mundial engendra, que vai além das funções

que a região representa para o controle climático do planeta‟, considerando o “discurso político de lideranças mundiais, cujos pronunciamentos deixam clara sua visão política e econômica sobre a região”, enfatiza Carvalho (2007, pp. 28-9).

(28)

não conseguem pagar suas dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios, suas fábricas”. Para Carvalho, o teor desse discurso,

sem rodeios e sem respeito ao princípio da autodeterminação dos povos, dá fundamento à hipótese de que os processos históricos em curso na Amazônia não são auto-determinados nem definidos no interior da região, mas são articulados com interesses externos, econômicos e políticos, como atestam os diversos investimentos estrangeiros que realizam na região (CARVALHO, 2007, p. 29).

Nesse sentido, o Movimento da Solidariedade Ibero-Americana, em sua edição especial sobre Roraima (MSIA, 2015, p. 2), critica ressaltando que, como

parte final do “engessamento” da Amazônia, Roraima, com maior parte do seu território, quase 90%, “engessado por uma política ambiental-indigenista imposta ao Brasil por uma poderosa rede de organizações não governamentais (ONGs)

financiadas por governos e fundações privadas dos EUA e da Europa”, até mesmo “corre o risco de se tornar uma unidade federativa disfuncional”.

Novamente, economia, política e ecologia tem se articulado interdependente,

de modo especial na Amazônia, onde o jogo dos interesses disputados “ganha

contornos e especificidades distintos, cujo conhecimento remete a uma dialética que

valorize a visão integrada das diversas formas do saber” destaca Carvalho (2007, p. 29). Já Leff (2003) enfatiza que a complexidade e a diversidade do ecossistema amazônico só podem ser compreendidas a partir da abordagem transdisciplinar, sustentada numa nova racionalidade, focada na complexidade ambiental. 1

A Amazônia tem sido caracterizada pelo vazio demográfico, com predomínio da agricultura migratória, pecuária extensiva e extrativismo (VALOIS, 2003). A atividade de extrativismo, por sua vez, compreende a extração de produtos do ecossistema, podendo ser produtos vegetais, animais ou minerais. A história da ocupação da Amazônia está associada à história do extrativismo na região.

2.1.2 O Estado de Roraima

Nesse contexto amazônico está o Estado de Roraima. O estado possui área de 224.228,980 km2 de extensão territorial e localiza-se no extremo norte brasileiro, tendo espaços limítrofes interestaduais com dois estados federados do Brasil, Amazonas e Pará, e dois países, a República Cooperativa da Guiana e a República Bolivariana da Venezuela, sendo ao norte e noroeste a Venezuela, a leste a

(29)

República Cooperativa da Guiana, ao sul e oeste o Amazonas e a sudeste o Pará, como mostra a figura 1 (GONDIM et al., 2013, p. 55). Em comparação com o Brasil, Roraima possui 2,63% da área total do país (SEPLAN, 2009a, p. 13). Nesse sentido, a fim de visualizar Roraima dentro do Brasil, a figura 2 a seguir traz mapa com esse destaque.

Do total da área do estado, 95% localizam-se acima da Linha do Equador e

89,27% do seu território está “dentro da faixa de fronteira, considerada fundamental

para a defesa do território nacional” (GONDIM et al., 2013, p. 55), ou seja, 199.964,80 km2 de seu território estão dentro da faixa de fronteira internacional que, de acordo com a Constituição brasileira, a área de faixa de fronteira é de 150 km2 a partir da linha de fronteira internacional (BRASIL, 1988). Roraima possui 15 municípios, sendo a capital o município de Boa Vista. Os seus municípios são fronteiriços ou estão na faixa de fronteira internacional. Com a Venezuela são 964 km de fronteira, e já com a Guiana são 958 km (GONDIM et al., 2013, p. 55). Ainda como marcos de Roraima, há o fato que sua capital, Boa Vista, é a única capital brasileira situada totalmente no hemisfério norte e que, localizado no estado está o Monte Caburaí2, reconhecidamente na atualidade como o ponto mais setentrional do

país (SOUZA, 2012, p. 9). Nesse sentido, o correto é dizer “Do Caburaí ao Chuí” e não “Do Oiapoque ao Chuí”, em referência aos extremos norte e sul do Brasil3.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2012, a população do estado era de 450.479 habitantes, com densidade demográfica de 2,01 hab./km2, sendo uma das mais baixas do país. A população é composta por povos indígenas, migrantes brasileiros e estrangeiros. Dentre os migrantes brasileiros, as maiores colônias são de gaúchos, pernambucanos, cearenses e maranhenses (GUÍA, 2008, p. 78).

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(32)

Figura 3: Marco Brasil-Venezuela número zero, na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, no alto do Monte Roraima4

As regiões norte-nordeste e leste de Roraima são tradicionalmente habitadas pelas etnias indígenas „Macuxi5, Wapixana, Ingarikó, Taurepang e

Patamona. As comunidades Yanomami e Ye‟kuana ocupam a região noroeste e

oeste, e o centro-sul vem sendo ocupado por fazendas de gado de corte em sistema extensivo e por projetos de assentamento humano incentivados pelo poder público a partir de meados da década de 1970. Também, nos extremos sul e sudeste estão situadas as etnias indígenas Waimiri-Atroari e Wai-Wai, respectivamente‟, de acordo com Barbosa et al. (2006, pp. 21-2). A parte histórica desse capítulo dá conta da formação populacional e dos fluxos migratórios, trazendo panorama da mescla populacional existentes no estado objeto de estudo.

Com base nos dados do ano de 2000, Roraima pode ser dividido fitofisionomicamente em três grandes ambientes: (1) sistemas florestais (densos e abertos), com cerca de 70% da área atual; (2) sistemas não florestais, caracterizados pelas savanas (16%) e campinas-campinaranas6 do interflúvio rio

Branco rio Negro (11%) e (3) sistemas antrópicos, representados por pastagens,

4 Fronteira Brasil-Venezuela. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fronteira_Brasil-Venezuela.

Acesso em: 28/06/2013.

5 Devido à dificuldade em pluralizar algumas denominações indígenas, na década de 1950, a

Associação Brasileira de Antropologia juntamente com a Associação Brasileira de Linguística resolveram que a melhor solução é pluralizar os artigos definidos que antecedem as denominações indígenas (ABA, 1954). Nesse respeito, adotamos essa prática nesta tese.

6 “As campinas e campinaranas são ecossistemas amazônicos, associados a solos pobres e

arenosos frequentemente sujeitos ao alagamento periódico consequente da flutuação do lençol freático. Apesar de estes ecossistemas ocuparem aproximadamente 7% da Amazônia legal, há

(33)

florestas secundárias e cultivos agrícolas (3%). Os dois primeiros grupos de ambientes formam intrincado mosaico de estruturas fisionômicas naturais distribuídas em função do relevo, do solo e das condições climáticas a que estão relacionadas (BARBOSA et al., 2006, p. 19). Detém quase a totalidade da bacia do rio Branco, que, por sua vez, é formada pelos rios Uraricoera e Tacutu (GONDIM et

al., 2013, p. 56).

Em relação à cobertura vegetal, 61,7% são de florestas, 34,7% são vegetação nativa não florestal e 3,6% de área desmatada, conforme dados até 2009. Em 2011, a cobertura florestal era de 54% e a área desmatada já havia atingido mais de 4,3% (MAGALHÃES, 2008; INPE, 2011; PEREIRA et al., 2010). Roraima possui três zonas climáticas, usando o aporte da classificação de Köppen7: (1) “Aw” – predomina nas áreas de savana do norte-nordeste, com pluviometria média anual variando de 1.100 – 1.700 mm; “Af” – caracterizado pela dominância de sistemas florestais úmidos de baixa altitude da região sul, com pluviometria acima de 2.000

mm anuais; e (3) “Am” – forma uma espécie de corredor intermediário entre as savanas e as florestas úmidas, com pluviometria variando de 1.700 2.000 mm a. a. (BARBOSA, 1997). De modo geral, embora haja variações microclimáticas entre os extremos norte e sul do estado, o período seco (médio) se estende de dezembro a março, e a fase úmida (média) é mais pronunciada entre os meses de maio e agosto (BARBOSA et al., 2006, pp. 20-1).

Além dessas características, a questão territorial de Roraima tem sua singularidade, que, nesta pesquisa é relevante analisar. Este é o tema do próximo tópico.

2.2 QUESTÃO TERRITORIAL DE RORAIMA

Em termos de espaço geográfico, Roraima possui 22.429.898 (vinte e dois milhões, quatrocentos e vinte e nove mil e oitocentos e noventa e oito) hectares, mas, destes, 53,80% de seu território é ocupado por Unidades de Conservação e

7“ Classificação climática de Köppen-Geiger, mais conhecida por classificação climática de Köppen, é

o sistema de classificação global dos tipos climáticos mais utilizada em geografia, climatologia e ecologia. A classificação foi proposta em 1900 pelo climatologista alemão Wladimir Köppen, tendo sido por ele aperfeiçoada em 1918, 1927 e 1936 com a publicação de novas versões, preparadas em colaboração com Rudolf Geiger (daí o nome Köppen-Geiger). A classificação é baseada no pressuposto, com origem na fitossociologia e na ecologia, de que a vegetação natural de cada grande

(34)

Terras Indígenas8. O território destinado exclusivamente para os povos indígenas

ocupa 10.401.843 de hectares do estado, sendo, desse modo, proporcionalmente, o estado federado brasileiro que possui maior área de terras destinadas aos povos indígenas, neste caso, destinando 46,20% do seu espaço (GUÍA, 2008, p. 28).

No entanto, além das Terras Indígenas, institucionalizadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), temos as Unidades Federais de Conservação, sob os cuidados do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), que representam 7,60% da área espacial do estado, e as áreas de preservação ambiental (APA), com seus 13,80%. As áreas institucionais envolvem outros órgãos também, tais como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e as terras reservadas para assentamento sob os seus cuidados – 6,00%; e o Exército9 – 1,20%. Desse modo, o espaço sob os cuidados da União totaliza 74,20% e apenas 25,80% são de áreas livres (SEPLAN, 2014a, p. 16).10 Nesse aspecto, a tabela 1 a seguir apresenta a distribuição da área institucional por município, no ano de 2011.

Tabela 1: Distribuição das áreas institucionais do Estado em 2011 Área institucional por município (participação)

Município Funai ICMBio Incra APA Militar Institucio-Total nal

Área

Rema-nescente Total

Alto

Alegre 75,50% 6,20% 4,40% 86,10% 13,90% 100,00%

Amajari 60,20% 6,90% 2,60% 69,70% 30,30% 100,00%

Boa Vista 24,80% 13,80% 0,70% 39,30% 60,70% 100,00%

Bonfim 21,20% 2,10% 1,90% 25,10% 74,90% 100,00%

Cantá 7,20% 22,00% 29,20% 70,80% 100,00%

Caracaraí 16,20% 20,10% 4,20% 32,20% 5,40% 78,20% 21,80% 100,00%

Caroebe 54,40% 12,40% 66,70% 33,30% 100,00%

Iracema 75,70% 8,80% 84,60% 15,40% 100,00%

Mucajaí 56,20% 1,90% 9,30% 67,40% 32,60% 100,00%

Normandia 96,40% 96,40% 3,60% 100,00%

Pacaraima 97,90% 97,90% 2,10% 100,00%

8“As áreas protegidas para Brito (2008) são espaços que objetivam proteger e manter a diversidade

biológica, os recursos naturais e culturais, através de instrumentos legais ou outros meios institucionais específicos. Esses espaços são criados e geridos nos diversos níveis da administração pública, seja federal, estadual ou municipal. Aqui, consideraremos as áreas protegidas em Unidades

de Conservação (Lei 9.985 de 18 de julho de 2000) e Terras Indígenas (TIs)” (SEPLAN, 2014a, p.

15).

9 Em Roraima, encontramos a Base da Força Aérea Brasileira (FAB)/Aeronáutica; Batalhões,

Pelotões e Brigada do Exército; e, ainda, uma representação da Marinha.

10 Para alguns, 90% do território de Roraima está de algum modo “engessado” (MSIA, 2015),

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Rorainó-polis 19,30% 7,70% 7,60% 46,90% 81,40% 18,60% 100,00%

São João

da Baliza 47,90% 6,60% 54,50% 45,50% 100,00%

São Luiz 12,00% 12,00% 88,00% 100,00%

Uiramutã 99,70% 14,60% 99,70% 0,30% 100,00%

RORAIMA 46,20% 7,60% 6,00% 13,80% 1,20% 74,20% 25,80% 100,00% Fontes: SEPLAN-RR/Centro de Geotecnologia, Cartografia e Planejamento Territorial (CGPTERR) - Anuário 2013; SEPLAN (2014a, p. 16)

Ao analisar a tabela 1, alguns dados saltam aos olhos. Os municípios de Uiramutã (99,70%), Pacaraima (97,90%) e Normandia (96,40%) possuem mais de 90% de seu território destinado a terras indígenas. Uiramutã apresenta uma sobreposição de terra indígena e unidade de conservação. Esses três municípios também estão em linha de fronteira, no entanto, devido à rodovia de acesso, apenas o município de Pacaraima é usada como acesso na linha de fronteira, no caso, a fronteira do Brasil com a Venezuela.

Já os municípios de Alto Alegre (86,10%), Iracema (84,60%) e Rorainópolis (81,40%) possuem mais de 80% de seu território destinado a áreas institucionais. Dessas áreas, em Alto Alegre e em Iracema ocorre mais presença de terra indígena e já em Rorainópolis é de área de preservação ambiental. Em suma, conforme dados da tabela, dos 15 municípios de Roraima, 11 apresentam mais de 50% de seu território usado como área institucional, ficando apenas os municípios de Boa Vista (39,30%), Bonfim (25,10%), Cantá (29,20%) e São Luiz (12,00%) fora dessa estatística de mais de 50%, mas não deixando de possuir áreas institucionais, característica singular deste estado brasileiro. O município de Bonfim é o município de linha de fronteira com a Guiana.

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Considerando o que foi mencionado sobre as unidades federais de conservação da natureza, hoje sob os cuidados do ICMBio, a tabela 2 a seguir apresenta tais unidades presentes no Estado de Roraima e demais dados relevantes.

Tabela 2: Unidades de conservação da natureza, área total, municípios abrangidos e decretos de criação

Denominação Área (ha) Município abrangido Decreto Lei PARQUES NACIONAIS

Monte Roraima 117.147,44 Uiramutã 97887/89

Viruá 215.917,78 Caracaraí S/Nr./98

Serra da Mocidade 377.937,49 Caracaraí S/Nr./98

ESTAÇÕES ECOLÓGICAS

Ilha de Maracá 103.976,48 Amajari 86061/81

Niquiá 286.049,62 Caracaraí 91306/85

Caracaraí 87.195,54 Caracaraí 87222/82

FLORESTA NACIONAL

Roraima 3.215.507,94 Alto Alegre, Amajari,

Caracaraí, Iracema, Mucajaí 97545/89

Anauá 260.559,61 Rorainópolis S/Nr./05

Fonte: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – IBAMA, In: SEPLAN (2009a, p. 25).

Com base nos dados da tabela, é possível visualizar que das oito unidades de conservação, cinco encontram-se no município de Caracaraí. Ainda se tratando das áreas de Roraima, a fim de contextualizar, a tabela 3 a seguir apresenta as áreas dos municípios e a data de criação dos mesmos.

Tabela 3: Municípios do Estado de Roraima, áreas e data de criação Municípios Absoluta (KmÁrea 2) Relativa (%) Criação Data da Lei nº

Alto Alegre 25.566,845 11,40 01.07.1982 7009/BR

Amajari 28.472,223 12,69 17.10.1995 098/RR

Boa Vista 5.687,064 2,54 09.07.1890 049/AM

Bonfim 8.095,319 3,61 01.07.1982 7009/BR

Cantá 7.664,797 3,42 17.10.1995 098/RR

Caracaraí 47.410,891 21,14 27.05.1955 2495/BR

Caroebe 12.065,543 5,38 04.11.1994 082/RR

Iracema 14.119,412 6,29 04.11.1994 083/RR

Mucajaí 12.751,255 5,68 01.07.1982 7009/BR

Normandia 6.966,777 3,11 01.07.1982 7009/BR

Pacaraima 8.028,428 3,58 17.10.1995 098/RR

Rorainópolis 33.593,892 14,98 17.10.1995 098/RR

São João da

(37)

São Luiz 1.526,892 0,68 01.07.1982 7009/BR

Uiramutã 8.065,520 3,59 17.10.1995 098/RR

RORAIMA 224.298,980 100,00 - -

Fonte: Fundação de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia (FEMACT). In: SEPLAN (2009a).

Dos dados apresentados nesta tabela, é possível observar que a capital, Boa Vista, apresenta a segunda menor área territorial, perdendo apenas para o município de São Luiz e São João da Baliza, que ficam no sul do estado, no entanto, a maior parte da população do estado está concentrada nesse município. O município de Caracaraí apresenta a maior área, mas, como já observado, é o município que apresenta as cinco diferentes áreas institucionais encontradas no estado, dispondo apenas de 21,80% do seu território.

Com respeito à criação dos municípios, Boa Vista foi levada à condição de município em julho de 1890, pertencendo à época ao Estado do Amazonas. Caracaraí se tornou município em 1955, já Alto Alegre, Bonfim, Mucajaí, Normandia, São João da Baliza e São Luiz foram levados à condição de município em 1982, e os demais municípios na década de 1990. Com exceção de Boa Vista e Caracaraí, os municípios possuem menos de 35 anos de existência como municípios.

Além disso, ainda dentro das questões territoriais de Roraima, outro fator a mencionar é que existe a sobreposição de terras institucionais, como é o caso de terras indígenas nas fronteiras; terras indígenas e unidades de conservação (como, por exemplo, o Parque Nacional Monte Roraima que está em sobreposição à Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, no município de Uiramutã) ocupando o mesmo espaço em área de fronteira. Nesse contexto, a faixa de fronteira de Roraima ocupa 89,27% do seu espaço físico.

2.3 ASPECTOS ECONÔMICOS

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garimpo para a região11. Por exemplo, em determinadas épocas, o Aeroporto

Internacional de Boa Vista12 foi o de maior movimentação do país, por conta do tráfego aéreo dos garimpos de ouro dessa região. Tais garimpos só esfriaram com a criação do Parque Nacional Yanomami, pelo então Presidente da República Fernando Collor de Melo. O referido parque trata-se de uma reserva indígena com área de 9.667,875 hectares, espalhada pelos municípios de Alto Alegre, Mucajaí e Caracaraí, no Estado de Roraima, e ainda Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas. De acordo com dados da Funai, ali vivem 6.706 indígenas (GUÍA, 2008, pp. 19, 28).

Ainda na década de 1980 começou o plantio de arroz de sequeiro nos campos do rio Branco, que, posteriormente, migrou para arroz irrigado nos vales dos rios Branco, Uraricoera, Surumu e Cauamé. Em 2009, Roraima produzia 1,3% do arroz brasileiro e abastecia 12% da região norte com a sua produção de arroz. Os campos naturais, savanas, de Roraima, possuem uma área de aproximadamente 44.000 km2, dos quais menos de 15.000 km2 são aptos para a agricultura, de acordo com dados da Embrapa, mas, fato interessante é que, para produzir nessa área não há necessidade de limpar as terras nem cortar as árvores (GUÍA, 2008, p. 28). Os problemas de fertilidade podem ser corrigidos com “a biotecnologia disponível”

(MSIA, 2015, p. 4).

Além do arroz irrigado, outras culturas encontradas em Roraima são: abacaxi, banana, melancia, mamão, manga, milho, soja e girassol. A pecuária se adaptou melhor no sul do estado. Nesse sentido, há bovinocultura do leite, bovinocultura de corte, avicultura, piscicultura, suinocultura e aquicultura (IBGE, 2015).

Nesse sentido, Roraima se torna uma promissora zona de fronteira agrícola,

pela união de vários fatores, sendo o primeiro deles “a alta produtividade na

produção de grãos e cereais, igual ou superior à das áreas mais produtivas”

brasileiras. Nesse respeito, existe a vantagem da proximidade da Venezuela, que é

“fonte de insumos para a agricultura e importante mercado consumidor de alimentos,

11 Em Roraima comumente se ouve histórias de garimpeiros, e um fato comum encontrado é que a

vasta maioria deles não enriqueceu com o garimpo, de fato, poucos são os relatos daqueles que conseguiram ganhar algum recurso na garimpagem e permanecer com ele. Mas, no campo do entretenimento, em novela exibida em 2014-2015 na Rede Globo de Televisão, intitulada “Império”, o

Comendador, personagem principal da trama, veio ao Monte Roraima, e enricou grandemente com o que ali adquiriu. Algumas cenas inclusive foram gravadas no referido monte.

(39)

de cuja importação o país é altamente dependente”. Acrescente-se ainda a vantagem de que no estado a divisão entre a vegetação de matas e do lavrado

(cerrado) é bem definida, permitindo assim “uma produção de grãos com mínimos

impactos ambientais, uma vez que prescinde de grandes desmatamentos” (MSIA,

2015, p. 4).

Além dessas vantagens, outra é “a posição geográfica e a previsibilidade do clima” em Roraima. Considerando que o estado está situado em sua maior parte no

Hemisfério Norte, por exemplo, é possível produzir soja “no período de entressafra dos outros estados produtores”. Para se entender melhor, no Centro-Oeste são necessários 130 dias para a colheita durante todo o ano, mas, por conta do clima equatorial, esse tempo de colheita é reduzido para 110 dias em Roraima. Nesse

sentido, acrescentando o “potencial de recursos hídricos para a irrigação”, existe a possibilidade de “colher três safras por ano, uma condição única em todo o mundo”.

Também, todos esses potenciais são estendidos à produção de proteína animal (MSIA, 2015, p. 4). No entanto, além da dificuldade no campo de eletricidade no estado, o escoamento da produção agrícola também pode ser problema, quando, algumas rodovias e vicinais encontram-se em situação precária, dificultando tal escoamento.

Outro potencial econômico de Roraima, além da pecuária e agricultura, são os recursos minerais, sendo uma das maiores potencialidades13 do estado. Noventa por cento de tais recursos estão em terras indígenas, conforme ratificado pela figura 4, que mostra, por exemplo, grande incidência de ouro (legendado como “Au”) na

Terra Indígena Yanomami. Considerando que ainda não houve regularização da sua

exploração, por parte da União, “a garimpagem se restringe ao ouro e diamantes de uma forma clandestina”. Os minérios mais importantes em Roraima são: urânio, topázio, nióbio, thório, cobalto, zinco, ferro, manganês, cobre, tantalita, molibdenita, bauxita, cassiterita, columbita, ouro, diamantes e muitos outros. Por conta dessa

incidência, Roraima é considerado “uma das maiores províncias minerais do país”

(CERINO, 2015, pp. 145-6).

13 “Conceitua-se potencialidade como os recursos naturais, produtos, setores, ramos ou atividades

econômicas, (disponíveis, mas não utilizados ou total ou parcialmente utilizados) que, por suas características, têm apelo suficiente para estimular ou inibir a implantação ou ampliação de uma determinada atividade econômica, considerados os limites e as características socioeconômicas e

ambientais da região” (Potencialidades do Estado de Roraima. FGV/Suframa, Manaus, 1998;

Imagem

Figura 1: Fronteiras de Roraima
Figura 2: Mapa político do Brasil destacando o Estado de Roraima
Figura 3: Marco Brasil-Venezuela número zero, na tríplice fronteira entre Brasil,  Venezuela e Guiana, no alto do Monte Roraima 4
Tabela 3: Municípios do Estado de Roraima, áreas e data de criação
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