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Atividades educativas como meio de socialização de idosos institucionalizados.

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Academic year: 2022

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Atividades educativas como meio de socialização de idosos institucionalizados.

SIEXBRASIL: 17775

Área temática principal: Saúde

Área Temática secundária: Promoção de saúde e qualidade de vida.

Linha programática: Educação em Saúde.

Autoria

Luciana Fonseca de Moura, aluna bolsista

Anadias Trajano Camargos, Coordenadora, Mestre e docente

Instituição

Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Departamento de Enfermagem Aplicada da UFMG

Projeto de Extensão “Atividades educativas e assistenciais com idosos de Instituição de Longa Permanência”

Palavra-chave: idoso

Introdução e objetivos

O presente artigo relata experiências vivenciadas em Instituição Asilar de Longa Permanência, através das atividades educativas com os idosos. As mesmas se desenvolveram no âmbito do Projeto de Extensão “Atividades Educativas e Assistenciais com Idosos de Instituição de Longa Permanência” da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais.

Pretende-se com este trabalho que nossos relatos sirvam estímulos a outros profissionais, no intuito de buscarem uma maior compreensão sobre o processo de envelhecimento e de suas peculiaridades de forma a direcionarem esforços na construção de um futuro digno e humano a todos os idosos.

Sabe-se que o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que vem adquirindo características peculiares no Brasil dada a velocidade com que vem se instalando. É interessante que sempre tivemos o conceito de que éramos um país jovem e que o problema do envelhecimento era assunto dos países desenvolvidos considerados de primeiro mundo.

Entretanto, os dados vêm nos mostrar que não é essa a realidade que se instalou e continua instalando no país.

Segundo os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil, hoje, já pode ser considerado um país estruturalmente envelhecido. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirma que, em 2030 o Brasil terá a sexta população mundial de idosos em números absolutos. No Brasil, segundo o IBGE, havia cerca de sete milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos em 1980 e estima-se para o ano 2025 que essa população atingirá, aproximadamente, 34 milhões de idosos no Brasil.

Sabe-se que essa transição demográfica está sendo acompanhada por uma transição epidemiológica, com uma mudança no perfil de morbi-mortalidade da população, sendo as

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doenças infecto-contagiosas substituídas pelas doenças crônico-degenerativas. O grande problema dessas doenças é que além de crônicas geram incapacidades e dependência, fatores que são considerados como as maiores adversidades da saúde associadas ao envelhecimento.

Daí então a importância de se oferecer aos idosos alternativas que atendam às diferentes condições biológicas, psicológicas e sociais dos mesmos, valorizando a promoção da saúde e a prevenção das incapacidades que essas doenças podem desvirtuar nas pessoas. Segundo Cruz et al (1995) e Araújo et al, (1998) apud Oliveira et al (1999) destacam que “ é necessário que os profissionais de saúde se mantenham atentos a quaisquer alterações nos idosos e intervenham, prontamente e de forma adequada visando uma melhor adaptação do indivíduo ao processo de envelhecimento”, além disso devem avaliar periodicamente os idosos, buscando detectar os fatores de risco decorrentes de alterações que comprometem o estado de saúde do mesmo.

Barroso (1999), destaca que mesmo na velhice extrema é importante que as pessoas não percam o interesse pelas alegrias da vida. É igualmente essencial que prossigam desenvolvendo tarefas físicas e intelectuais e que a sociedade continue a se beneficiar com sua eficiência.

Para Veras (1997), “o principal objetivo das medidas preventivas na terceira idade não é reduzir as taxas de mortalidade, mas melhorar a saúde e a qualidade de vida dos idosos, de modo que eles tenham suas atividades menos afetadas por doenças crônicas”.

Os idosos têm a necessidade e o direito de sentir-se bem e importante no meio em que vivem.

Para isso as ações de saúde pública exigem políticas específicas, as quais devem ter como objetivo maior a integração do idoso ao seu meio, procurando mantê-lo com o máximo de capacidade funcional e independência física e mental, na tentativa de evitar ou minimizar as conseqüências das doenças crônicas sobre o organismo.

É necessário sensibilizar todos os seguimentos da sociedade, principalmente os profissionais de saúde que estão em contado direto com esta população, para a responsabilidade de favorecer a autonomia dos idosos, no limite máximo de suas possibilidades, independente do grau de dificuldades particulares que possam apresentar. É uma idéia errônea a de que as transformações anatômicas e fisiológicas que ocorrem com as pessoas da terceira idade são doença.

A velhice nunca deve ser confundida com doença, a saúde e o bem-estar do idoso estão relacionados intimamente a autonomia e independência que o mesmo possui, devemos, pois ressaltar que estas transformações necessitam de um cuidado que envolva os aspectos biopsicossociais e não apenas o físico do idoso para se evitar que as doenças se instalem. Uma doença muito comum no mundo contemporâneo é a que damos o nome “depressão”. Esta doença que está distante do imaginário biológico crônico-degenerativo, talvez seja uma das mais terríveis, e devem também ser enfrentadas e combatidas junto à população idosa.

Acredita-se que, se a sociedade entender que o processo de envelhecimento é dinâmico, progressivo, caracterizado por diversas manifestações nos campos biológicos, psíquico e social que ocorre ao longo da vida, de forma diferenciada em cada indivíduo, pode-se evitar este mal, pois assim passará a dar importância e apoio emocional a esta população que muito precisa. Nesta perspectiva, e frente à problemática emergencial, principalmente quando nos deparamos com uma sociedade que tem demonstrado o não preparo para lhe dar com o idoso e extrema indiferença no convívio com esse, é que o docente e discente do Projeto de Extensão “Atividades Educativas e Assistências com idosos de instituição de longa permanência” se sensibilizam para uma atuação mais efetiva nas questões gerontológicas.

Para isso, buscamos promover a qualidade de vida dos idosos, bem como manter um relacionamento mais amigável com eles, através da utilização de atividades de dinâmicas coletivas ou individuais, nas quais valorizamos o lúdico como meio de estimulação pessoal.

Para Gonçalves & Perpétuo (2000) “A vivência, o jogo, o lúdico, viabilizado através de

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dinâmicas de grupos possibilitam o surgimento das condições propícias para a constituição do grupo e do ensino-aprendizagem”. Acrescentam ainda esses autores que o uso de dinâmicas nos processos alternativos de educação em grupo visa proporcionar momentos educativos que possibilitem ao grupo vivenciar situações inovadoras.

Segundo Beal et al (1972), as técnicas mais tradicionais de estimular a ação grupal já têm nomes consagrados e as mais familiares são debate, painel, simpósio, dramatização, diálogo, entrevista e reunião de comissão.

Para Fritzen (2000) “as atividades desenvolvidas através de Dinâmica de Grupo, devem dar importância ao papel do animador, o qual esclarece que para haver mais espontaneidade num grupo formado por pessoas que ainda não se conhecem existem uma oportunidade valiosa de suas identidades passadas, adotando novos nomes, ocupação, lugar onde nasceu”.

Neste sentido, um dos participantes do projeto explica as atividades a serem desenvolvidas com os idosos, no intuito de promover maior integração do grupo, e conseqüentemente ter maior êxito na realização do trabalho.

Os atores do projeto de extensão desenvolvem ações educativas e promoção da saúde junto aos idosos institucionalizados na Casa do Ancião, respeitando os idosos no seu espaço político/sócio/cultural, através da implantação e implementação de atividades e dinâmicas que visam estimular autonomia e favorecer o autocuidado através do conhecimento sobre sua saúde. Neste sentido, Brunner e Suddarth (2002) colocam que “os idosos precisam aprender a adquirir novas atividades e interesses para sua qualidade de vida...”. Mediante o exposto, e visto a necessidade de se desenvolver ainda mais atividades educativas e de recreação com idosos, é que este artigo surgiu. Pretende-se com este relatar nossas experiências vividas com as atividades desenvolvidas no asilo destacando a importância da educação em saúde para esta população. Pretende-se ainda que nossos relatos sirvam de estímulos a todos no intuito de buscarem maior compreensão do processo de envelhecimento e suas peculiaridades de forma a direcionarem esforços na construção de um futuro digno e humano a todos os idosos.

Metodologia

As Atividades educativas foram desenvolvidas no âmbito do Projeto de Extensão “Atividades Educativas e Assistenciais com Idosos de Instituição de Longa Permanência” da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no período de abril a julho de 2005. O palco das ações foi a “Casa do Ancião” da Cidade de Ozanan, local onde docente e discente da Escola de Enfermagem integrados ao projeto atuam há mais de 20 anos. A Casa acolhe atualmente 96 idosos, sendo 45 independentes, 28 parcialmente dependentes e 23 tolamente dependentes. O projeto tem como objetivos desenvolver atividades educativas e assistenciais com idosos de em instituição de longa permanência; sensibilizar as pessoas idosas a participar de promoção a saúde; estimular sua autonomia; favorecer o autocuidado dos idosos através do conhecimento sobre sua saúde, bem como a capacitação dos cuidadores.

Ao aplicarmos a técnica de dinâmicas estabelecemos que assumiríamos o papel de animador para esclarecer aos idosos como as atividades teriam que ser realizadas para ter êxito.

Uma vez constituído o grupo, procurou-se atender e trabalhar a individualidade de cada idoso.

Por tratar-se de um grupo heterogêneo decidimos desenvolver atividades de recreação, educativas e culturais, respeitando as limitações de cada um .

No primeiro encontro foi desenvolvida a dinâmica denominada de “cara metade” a qual tinha como objetivo promover interação entre os idosos independentes e entre esses e os facilitadores do Projeto de Extensão;

No segundo encontro foi desenvolvida a Dinâmica “Batata quente”. Essa atividade foi destinada a atender aos idosos semi-dependentes e independentes. No terceiro encontro foi realizado momento de reflexão nas enfermarias tendo sido aproveitado as músicas do CD do

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Pe Marcelo Rossi, atendeu-se dessa forma idosos dependentes e semidependentes. No quarto encontro foram feitas visitas aos quartos dos idosos que não participavam das atividades para leitura de mensagem e bate-papo. No quinto encontro foi trabalhada a importância da arte por meio de pinturas e artesanato. No sexto encontro foi trabalhada artes por meio de atividade com colagem de papel crepom. No sétimo encontro a dinâmica “balão quente, pergunta inteligente”. No oitavo encontro a dinâmica “Cosme e Damião”.

Os sujeitos do nosso trabalho foram os idosos convidados que voluntariamente se dispuseram participar das atividades.

Resultados e discussão

Através da dinâmica “cara metade” foi proporcionado aos idosos maior interação entre si, e interação desses com os facilitadores. Para realização de tal, várias figuras foram cortadas em duas partes e misturadas entre si. Foram então distribuídas aleatoriamente entre os idosos e os facilitadores. Assim, cada qual deveria achar a sua “cara metade”, ou seja, a outra parte da figura com o colega. Achado a “cara metade”, cada dupla colava a figura em um painel montado para tal fim e apresentava-se ao grupo propiciando-os conhecê-lo melhor. A fala era aberta a eles e os mesmos poderiam expressar livremente o que quisessem. Feito a colagem, os facilitadores discorreram sobre a importância e a necessidade do bom relacionamento entre os idosos, e a figura ora colada, ora separada foi usada como metáfora para tal discurso.

Tentamos mostrar aos idosos que, a nossa vida é como a figura cortada ao meio, não tem o seu tamanho valor se não nos encontramos em alguém um amigo. A vida pode ser bem mais gostosa de ser vivida se ao contrário de nos fecharmos a boas amizades, irmos ao encontro dela e dos momentos de alegria que ela nos traz. Percebeu-se que ao final da atividade os idosos se mostraram mais descontraídos e o aniversário de uma das idosas foi um estímulo para iniciarem as cantigas. O encontro terminou com muita música e sorrisos.

Com a dinâmica “Batata quente” foi possível o desenvolvimento de atividade do corpo em movimento e integração entre o grupo. Foi realizado um circulo com cadeiras, em que os idosos sentados iam passando a bola um para o outro enquanto a música tocava. Ao parar a música, o idoso que estivesse com a bola na mão teria que pagar uma prenda, e esta era escolhida pelos participantes da roda de brincadeiras. As prendas mais solicitadas foram, imitar um bicho, seguido de cantar uma música e dançar forró. Percebeu-se que os idosos se encontravam à vontade, pois várias vezes o próprio idoso escolhia a prenda que queria pagar.

Isto revelou para nós facilitadores da atividade que os idosos encontravam na brincadeira uma forma de expressar seus desejos, os quais muitas vezes, são encobertos pela vergonha de se expressarem visto tamanha discriminação, falta de atenção e valor dado aos seus anseios. Esta atividade possibilitou a participação de idosos independentes e semi-dependentes que se encontravam em cadeiras de rodas. Ao término da brincadeira foi solicitado que colocássemos mais música de forró, e todos caíram na dança, inclusive as debilitadas que se encontravam em cadeira de rodas, que da forma que lhe era possível requebraram a cintura e entraram no ritmo.

O momento de reflexão nas enfermarias ao som das músicas de Pe. Marcelo Rossi teve como objetivo maior atender aos idosos dependentes e semi-dependentes acamados, os quais pelo quadro em que se encontram tornam-se impossibilitados de participar de atividades que lhe exigem maiores esforços. Para realização desta atividade foi sondado anteriormente com os idosos o que poderíamos fazer a fim de promovermos um dia mais alegre e diferente para eles. Fizemos propostas como fazer rodas de contar histórias do passado, tocar músicas de raízes e as músicas do Padre Marcelo, entre outras. O desejo de ouvir música do Padre Marcelo foi unanimidade. Todos relataram que se sentem muito bem em ouvir tais músicas.

Atendemos aos pedidos e promovemos reflexão com as idosas da enfermaria. Nestas

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reflexões, o valor que temos que dar à vida foi trabalhado, bem como o privilégio de que estes idosos alcançaram em sua vida por ter chegado à terceira idade. Sentimos nos felizes com a forma que agradeceram o encontro. Os agradecimentos foram muitos, e representaram para nós, que este grupo especificamente, é carente e que são deixados de lado quando se fazem atividades educativas e de lazer.

As visitas aos quartos dos moradores do asilo tiveram como objetivos maior fazer busca ativa dos idosos que não participavam das atividades e estimulá-los a participar das mesmas. A estratégia utilizada foi a escuta ao idoso, pois acreditamos que para se manter um bom relacionamento com estes, a escuta é uma peça fundamental, eles são geralmente muito carentes e saber ouvi-los é de extrema significância. Quem não gosta de ser ouvido, compreendido e sentir-se valorizado no que diz?. Foi baseado nesta compreensão que a visita a cada idoso se desenrolou, não havia pois pressa em acabar a visita àquele ou aquela idosa. Depois de muita conversa, foi lido uma mensagem a cada um idoso cujo titulo foi dado

“jogo do abraço”. A mensagem faz um resgate de toda a nossa vida e nos leva a imaginar desde a época em que éramos feto, até o dia em que nos encontramos para o abraço, “hoje”, dia em que foi tirado em especial para levar um sorriso e abraço a cada um dos institucionalizados. Percebemos que suscitamos nos idosos um resgate da memória de seu passado. Com exceção de um, os demais nos contaram um pouco de sua história, um longo papo foi promovido.

A atividade de artes com pintura e artesanato foi realizada juntamente com a terapia ocupacional, e promoveu interação entre as duas categorias. Pôde-se perceber que essas atividades requerem que mais de um facilitador esteja envolvido. Cada idoso têm vontade de realizar diferentes atividades, uns tem preferência ao bordado, outros à tapeçaria, outros a fazer fuxicos, e assim, requer atenção e auxílio do facilitador para diferentes trabalhos ao mesmo tempo. Foi uma experiência boa que proporcionou um trabalho dinâmico. Dos idosos participantes dessa atividade, uma se encontrava com baixo auto- estima, e sentia dificuldade de pintar algo ou fazer qualquer atividade. A terapeuta a estimulava e provocava reflexões com a idosa, até que ao final do encontro ela conseguiu fazer uma pintura. Este é um dos nossos deveres na instituição: Ajudar aos outros os livrando da baixo auto-estima ou do mal que o amofina.

A atividade de arte com papel crepom teve como objetivos promover o desenvolvimento de habilidade e criatividade dos idosos, bem como proporcionar momento de descontração. Foi distribuído aos idosos pedaços de papel crepom em diferentes cores, cola, lápis e cartolina.

Foi pedido aos mesmos que desenhassem algo para posteriormente enfeitá-lo com as buchinhas de papel crepom que eles mesmos confeccionariam. Depois de desenhado por eles próprios ou com a ajuda do facilitador, as figuras foram recortadas. Assim, colaram as bolinhas de crepom nos desenhos de acordo com sua criatividade. Aquele desenho que antes se mostrava sem vida se transformava em lindos corações apaixonados, estrelas coloridas e arco-íris. Foi interessante que muitos dos idosos que optaram por fazer os corações, ao final da atividade faziam questão de nos dar como recordação e pedia que mostrássemos para o pessoal do asilo o que tinham feito. Isto revelou que eles ficaram satisfeitos com o que produziram e que se sentiram úteis e capazes de desenvolver seus próprios trabalhos.

Com a dinâmica “bola quente, pergunta inteligente” trabalhou-se o conceito de saúde e o aspecto emocional da doença de forma lúdica. Trata-se de uma atividade em que os participantes se dispuseram assentados em círculo, e que ao passar uma música, um balão era passado de mão em mão. No momento em que a música parava, a pessoa que estivesse com o balão o estourava, e o facilitador lia a pergunta para o idoso o qual respondia. Em seguida era aberta a discussão, se mais alguém quisesse falar sobre o assunto abordado poderia falar.

Dentro dos balões existiam perguntas tais como: Como você acha que é sua saúde? O que é ter saúde para você? O que você acha que devemos fazer para ter boa saúde? Você acha que

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está cuidando bem de sua saúde? Você acha que a brincadeira é uma forma de procurar cuidar da saúde? porquê?. Ao trabalhar cada questão procurou-se compreender quais eram as percepções dos idosos sobre o tema, seus anseios, e trabalhar o aspecto emocional da pessoa idosa em relação à doença , já que, quando se fez referência ao tema saúde, a doença e o medo de estar doente foi sempre mencionado. Assim, procurou-se mostrar que para enfrentar as doenças é preciso que a mente esteja boa, que tenhamos vontade de enfrentá-la e que se estivermos emocionalmente bem, conviveremos melhor com a doença. Procurou-se enfatizar também que um dos meios de afastar as doenças de nosso corpo é nos cuidando, e que as atividades de lazer é uma das formas que estimula o cuidado com a saúde.

A dinâmica “Cosme e Damião” propiciou uma aproximação dos participantes, integrando-os no processo total do grupo. Os idosos levantaram suas expectativas a respeito da convivência na casa ao nos contarmos sobre o seu dia. Inicialmente foi solicitado aos participantes que se dividissem em duplas, preferencialmente agrupando as pessoas que tinham menos contato um com o outro. Foi explicado aos participantes que eles conversassem entre si durante sete minutos sobre o tema ‘o meu dia de ontem’ e que cada um observasse o outro ao máximo.

Decorridos os sete minutos, foi solicitado que cada participante dramatizasse o outro. Cada um deveria caracteriza-lo de forma mais completa possível. Após a apresentação de cada pessoa, foi aberto espaço para comentários e conclusões. Alguns relatavam que o dia foi bom, que fizeram bastantes coisas, outros relatavam que não tiveram nada de interessante, outros reclamavam que não gostaram da comida, da amiga de quarto porque estava estressada, enfim, cada um com sua individualidade e com seus problemas. Procurou-se mostrar que não somos todos iguais, e que por assim ser, temos que procurar respeitar uns aos outros, temos que aprender a conviver com as diferenças e fazer delas o encanto da vida, pois se todos fossem iguais, a vida não teria o sentido que tem.

Enfim, durante os encontros pôde-se observar a melhora dos participantes ao resgatarem sua auto-estima e desenvolvimento de um sentimento de utilidade, restabelecendo o prazer em viver no contexto das perdas biopsicossociais associadas ao envelhecimento.

Conclusão

Enfim, é necessário conscientizar a população em geral sobre a necessidade de atividades educativas com a população idosa institucionalizada. É de suma importância que a sociedade e o poder público passe a ver a pessoa idosa como uma das prioridades e que sejam fomentados e ampliados programas que visem a melhoria da qualidade de vida desta população ao auxiliar o idoso na promoção de um envelhecimento saudável.

Os efeitos da diminuição natural do desempenho do idoso podem ser atenuados se forem desenvolvidos com os mesmos, programas de atividades educativas que além de educar sobre a própria saúde visem a melhoria das capacidades motoras, sociais, emocionais e intelectuais que apóiam a realização de sua vida cotidiana.

Em nossos encontros com os idosos da Casa do Ancião foi favorecido aos mesmos a oportunidade de obterem informações sobre cuidados com a saúde, bem como foram geradas condições de lazer e cultura. Pode-se perceber uma contribuição para seu desenvolvimento motor e seu crescimento social, emocional e intelectual. Além disso, também foi resgatada a importância da ocupação com finalidade de estimular o idoso para a vida e as atividades, resgatando a vontade de viver, com isso tornando a velhice mais ativa e saudável.

Buscou-se estimular os idosos às atividades realizadas conscientizando-os de que é possível prevenir e manter em bom nível a sua autonomia, se estes procuram um estilo de vida ativa, integrando a quaisquer que sejam as atividades que ocupam, integrando as atividades físicas a sua vida cotidiana. É fundamental que o idoso aprenda a lidar com as transformações de seu corpo e tire proveito de sua condição, resgatando assim a sua cidadania.

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Dessa forma concluímos que as práticas de ações educativas propiciam uma melhoria sensível da qualidade de vida com implicações sociais, psíquicas e fisiológicas.

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