Engenharia de Alimentos UTFPR, Campo Mourão, PR, Brasil
13 a 16 de setembro de 2016
DESENVOLVIMENTO DE DOCE DE ABÓBORA COM
COCO E MUCILAGEM DE QUIABO SEM ADIÇÃO DE
AÇUCAR: ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E SENSORIAIS
Brenda Caroline dos Santos Vale – brendavalleutp@yahoo.com.br – UTP Michelli Aparecida Bertolazo – michelli.silva@utp.br – UTP Ana Carolina Alencar de Barros – anacaroab@gmail.com – UTP Telma Souza e Silva Gerbara - nutritel65@gmail.com Paula Mattanna – paulamattanna@gmail.com – UTP Resumo. O desenvolvimento de novos produtos tem grande importância devido á grande concorrência e necessidade de produtos específicos. A abóbora é de grande aceitação no mercado e possui muitos nutrientes, fibras e principalmente baixa caloria. Já o quiabo tem poder considerável em reduzir o nível de colesterol e ajudar a manter os níveis de açúcar no sangue. O objetivo deste trabalho foi desenvolver doces cremosos de abóbora com coco, com adição de mucilagem de quiabo e sem adição de açucares. Foram desenvolvidas duas formulações, uma utilizando um adoçante natural (stévia) e outra utilizando um adoçante artificial (sucralose) e foram realizadas análises sensoriais de aceitação, intenção de consumo e preferência, além de análises físico-químicas de valor de pH e graus Brix, análise da composição centesimal (umidade, cinzas, lipídios, proteínas e carboidratos) e elaboração da informação nutricional dos produtos. Os resultados obtidos garantiram a qualidade dos produtos formulados, os quais apresentaram baixo valor calórico total, além de expressiva aceitação dos mesmos pelos provadores, o índice de aceitação dos produtos foi de 81,77% para o doce adoçado com sucralose e 76,44% para o doce adoçado com stévia.
Palavras-chave: Desenvolvimento de produtos; Abóbora; Quiabo; Edulcorante; Diet. 1
1. Introdução 2
A procura dos consumidores por novidades tem diminuído sua fidelidade 3
entre marcas, aumentando a forte competitividade entre elas. Buscando cada vez 4
mais novidades, o tempo de vida dos produtos lançado tem diminuído. Tudo isto 5
cobra grande agilidade e eficiência das empresas para apresentarem sempre novos 6
produtos em cada vez menos tempo (WILLE et al, 2004). 7
A abóbora, pertence à ordem Cucurbitales, família Cucurbitaceae e espécie 8
Cucurbita moschata, faz parte do consumo tradicional da população há muitos anos.
9
É um alimento rico em betacaroteno, possuindo na sua composição química: sais 10
minerais, poucas calorias, água, hidratos de carbono, proteínas, gorduras, vitamina 11
A, vitaminas do complexo B, vitamina C, além de ser muita rica em 12
fibras.(CARDOSO, SILVA e MACEDO, 2014).
13
O Brasil possui excelentes condições climáticas para o cultivo do quiabo 14
(Hibiscus esculentus L.), sendo cultivado nas regiões Nordeste e Sudeste (MOTA et 15
al., 2000). Universidades brasileiras realizaram estudos que indicam que o quiabo
16
tem o poder de reduzir consideravelmente o colesterol, e ainda controlar os níveis de 17
açúcar do sangue. A mucilagem é indicada para diabetes, pois é rica em fibras e 18
ajuda no controle de glicose do organismo aumentando assim a sua sensação de 19
saciedade. O quiabo é riquíssimo em vitaminas como, por exemplo, a vitamina A, a 20
vitamina B1, vitamina B2, os minerais, as proteínas e as fibras (SILVA, 2006). 21
Stevia rebaudiana, normalmente referida como Stévia, trata-se de uma planta
22
nativa da América Central e do Sul, que pertence à mesma família do girassol e da 23
chicória. Encontram-se nas suas folhas, dois principais compostos glicosídeos, de 24
sabor adocicado: esteviosídeo e o rebaudiosídeo A. Estes compostos são 200 a 300 25
vezes mais doces que o açúcar, de tal forma que uma pequena quantidade é 26
suficiente para obter a doçura desejada. Estes componentes estão sendo alvo de 27
estudos de segurança e de apreciação, pois permitem o doce sem aumentar a 28
ingestão diária de energia, por não conterem calorias significativas (EUFIC, 2009). 29
Entre os edulcorantes artificiais, destaca-se a sucralose, cujo o uso foi 30
aprovado pela legislação brasileira em novembro/95. Nos produtos "light" e "diet" o 31
edulcorante sucralose pode ser utilizado isoladamente ou associado a outros 32
edulcorantes, para que o produto tenha uma melhor estabilidade e aceitação do 33
consumidor em relação ao sabor final do produto (ADOLFO LUTZ, 2005). 34
O coco (Cocos nucifera L.)é bastante utilizado na produção de alimentos pela 35
indústria alimentícia. Os principais componentes do coco são lipídeos, proteínas, 36
carboidratos, além de apresentar alto teor de fibras (5,4%) e gorduras saturadas e 37
insaturadas. Durante o seu processo industrial, após retirada da polpa e dos óleos, 38
tem-se como resíduo o coco ralado são lipídeos, proteínas, carboidratos, além de 39
apresentar alto teor de fibras (5,4%) e gorduras saturadas e insaturadas. 40
O objetivo deste trabalho foi desenvolver doces cremosos de abóbora com 41
coco, com adição de mucilagem de quiabo e sem adição de açucares, servindo 42
como uma opção à consumidores que necessitam de dietas com restrição de 43
açucares. Para tal, foram desenvolvidas duas formulações, uma utilizando um 44
adoçante natural (stévia) e outra utilizando um adoçante artificial (sucralose). Foram 45
realizadas análises sensoriais de aceitação, intenção de consumo e preferência, 46
além de análises físico-químicas de valor de pH e graus Brix, análise da composição 47
centesimal (umidade, cinzas, lipídeos, proteínas e carboidratos) e elaboração da 48
informação nutricional dos produtos. 49
50
2. Materiais e métodos 51
2.1 Elaboração das formulações 52
Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Técnicas Dietéticas e 53
Nutrição e no Laboratório de Bromatologia da Universidade Tuiuti do Paraná durante 54
o primeiro semestre de 2016. 55
A abóbora utilizada, da espécie Cucurbita moschata, foi doada por um 56
pequeno produtor da região de Curitiba – Pr. Os demais ingredientes utilizados 57
(quiabo, coco ralado desidratado sem açúcar, adoçantes estévia e sucralose) foram 58
adquiridos em supermercados da região de Curitiba-PR. 59
A abóbora, de massa 4,5 kg foi devidamente sanitizada em água corrente e 60
sabão líquido neutro. Após higienização foi retirada a casca e sementes, cortada em 61
cubos pequenos e cozida em panela de ferro estéril. Para obtenção da mucilagem 62
de quiabo, foi acondicionado em recipiente de vidro, devidamente fechado com 63
papel filme, em geladeira de um dia para outro. 64
Para cada formulação, utilizou-se como base de cálculo 10 g de mucilagem 65
de quiabo para cada 100 g de abóbora já cozida pura (sem adição de água ou 66
conservante) e 10% de coco desidratado. Então para 1.960 kg de amostra de 67
abóbora foram utilizadas 196 g de mucilagem de quiabo pura e 100 g de coco. Após 68
o cozimento da abóbora, foi batida em liquidificador para melhor homogeneização e 69
adicionou-se a mucilagem de quiabo e coco nas proporções citadas acima, sem ser 70
novamente aquecida. 71
A partir desta formulação base, foram elaborados dois tratamentos. Os 72
tratamentos foram adoçados buscando-se o mesmo teor de doçura entre as duas 73
formulações. 74
O Tratamento 1 (T1) foi adoçado com sucralose. Para 1.100 kg de doce foi 75
adicionado cerca de 171 gotas de adoçante artificial ou 5,9 g. 76
O Tratamento 2 (T2) foi adoçado com stévia. Para 1.100kg de doce foi 77
adicionado cerca de 114 gotas de adoçante natural ou 6,3g. 78
79
2.2 Análises Físico-Químicas 80
As análises físico-químicas foram realizadas em triplicata nos tratamentos T1 81
e T2, com resultados expressos como a média ± desvio padrão. Foram realizadas as 82
seguintes análises: pH por potenciometria com pHmetro digital e análise de graus 83
Brix (sólidos solúveis totais) com uso de refratômetro, segundo normas do Instituto 84
Adolfo Lutz (IAL, 2008). 85
Para a análise da composição centesimal foram realizadas as análises de 86
umidade, cinzas, proteínas e lipídeos (AOAC, 2005; TACO, 2011). 87
A determinação de carboidratos foi realizada segundo recomendação da 88
TACO (Tabela de Composição de Alimentos), utilizando-se a fórmula 1 abaixo: 89
90
% de Carboidratos= 100 – (% de umidade + % de cinzas + % de proteínas + 91
% de gordura) (1)
92 93
Com base na composição centesimal realizou-se também a determinação das 94
informações nutricionais e valor calórico total, seguindo recomendações da RDC nº 95
360, de 23 de dezembro de 2003, da ANVISA (BRASIL, 2003). 96
97
2.2.1 Determinação da informação nutricional e valor calórico 98
Para a determinação da informação nutricional e valor calórico seguiu-se as 99
recomendações das RDC’s nº 359 e 360, de 23 de dezembro de 2003, da ANVISA 100
(BRASIL, 2003a; BRASIL, 2003b). Os valores foram calculados segundo a Tabela 1. 101
Além disso, a porção considerada nos cálculos foi de 20 g, ou, como medida caseira 102
indicada pela legislação “uma colher de sopa”, conforme indicação de consumo para 103
este produto na categoria “Doce em pasta”. 104
105
Tabela 1. Valores diários recomendados para consumo.
106
Valor Energético 2000 kcal
Carboidratos 300g
Proteínas 75g
Gorduras Totais 25g
2.3 Análise sensorial 108
Os testes de aceitação, intenção de consumo e preferência foram realizados 109
em cabines individuais com luz branca no Laboratório de Análise Sensorial de 110
Nutrição da Universidade Tuiuti do Paraná. 111
Participaram da análise 50 provadores não treinados, que foram conduzidos 112
as cabines individuais com luz branca e que responderam à ficha apresentada 113
(ANEXO A). Foram oferecidos água e bolacha cream cracker como normalizadores 114
de análise. As amostras foram apresentadas codificadas com código de três dígitos, 115
na temperatura de consumo habitual do produto. Foram servidas cerca de 20 116
gramas de cada amostra em copos plásticos de 50 mL. 117
Os testes sensoriais foram realizados segundo metodologia proposta por 118
DUTCOSKY (2013). Para a análise de aceitação utilizou-se uma escala hedônica de 119
nove pontos, os provadores deveriam avaliar as amostras de forma global, 120
atribuindo valores que variavam de 1-“desgostei extremamente” a 9-“gostei 121
extremamente”. Já no teste de intenção de consumo, utilizou uma escala de nove 122
pontos variando desde 1-“só comeria isto se fosse forçado (a)” até 9-“comeria isto 123
sempre que tivesse oportunidade”. No teste de preferência, os provadores indicaram 124
qual era sua amostra preferida. 125
Para o cálculo do Índice de aceitabilidade (IA) dos produtos foi adotada a 126
expressão: IA (%) = A x 100 / B, na qual, A= nota média obtida para o produto, e B= 127
nota máxima dada ao produto. O IA com boa repercussão é considerado ≥ 70 % 128 (DUTCOSKY, 2013). 129 130 2.4 Análise estatística 131
Os dados do estudo foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as 132
médias comparadas entre si através do teste de Tukey, ao nível de 5% de 133
probabilidade de erro. Os resultados foram analisados através do programa SPSS 134
13.0 e do programa Excel, utilizando o delineamento de blocos inteiramente 135 casualizados. 136 137 3. Resultados e discussões 138 3.1 Análises Físico-Químicas 139
Os resultados das análises físico-químicas de pH e graus Brix estão 140
apresentados na Tabela 2. Pode-se observar que não houve diferença estatística 141
(p<0.05) para os valores de pH entre os tratamentos T1 (4,82±0,05) e T2 142
(4,88±0,61). Em estudo realizado por Martini (2008), em que foram elaborados 143
doces de abóbora sem adição de açúcar e com diferentes edulcorantes, os valores 144
de pH variaram de 4,00 a 4,60, dependendo do edulcorante utilizado. Já em estudo 145
feito por Gebert e Mattei (2014), em que foram elaborados doces de abóbora e 146
maracujá, com adição de açúcar cristal, os valores de pH variaram de 3,18 a 4,68, 147
cujo valores estão próximos ao presente estudo. 148
149
Tabela 2. Análise físico-químicas de pH e °Brix dos doces de abóbora elaborados.
150
Tratamento** pH °Brix
T1 4,82 ± 0,05a 11,0º
T2 4,88 ± 0,61a 10,5º
* Resultados são as médias ± desvio padrão de determinações em triplicata.
151
** T1: Doce de Abobora desenvolvido com adoçante artificial sucralose. T2: Doce de abobora
152
desenvolvido com adoçante natural Stévia.
153
ªMédias com letras subscritas diferentes na mesma coluna são estatisticamente diferentes (p<0,05).
154 155
Os resultados de graus Brix foram de 11,0 e 10,5 para os tratamentos T1 e 156
T2, respectivamente. A escala Brix é comumente utilizada na indústria de alimentos 157
para indicar a quantidade de sólidos solúveis presentes na amostra. No caso do 158
presente estudo, como não foi adicionado açúcar, os sólidos solúveis referem-se a 159
quantidade de açúcar naturalmente presente na abóbora, representado pela frutose. 160
A legislação brasileira não define valores de graus Brix para geleias ou doces 161
cremosos que não são adicionados de açúcar. O produto adicionado de 162
edulcorantes recebe a denominação diet e, portanto, atende à legislação de 163
alimentos para fins especiais (BRASIL, 1998). 164
Os resultados da análise da composição centesimal, que englobou a análise 165
de carboidratos, proteína, gordura, umidade e cinzas, está apresentado na Tabela 3. 166 167 168 169 170 171
Tabela 3. Análise da composição centesimal dos doces de abóbora elaborados.
172
Tratamento** Carboidratos* Proteína* Gordura* Umidade* Cinzas*
T1 15,66 ± 1,03a 0,64 ± 0,56a 0,85 ± 0,03a 81,46 ± 0,93a 1,07 ± 0,18a
T2 15,18 ± 0,7a 0,69 ± 0,73a 0,81 ± 0,48a 81,54 ± 0,1a 1,14 ± 0,1a
*Valores expressos em porcentagem. Resultados são as médias ± desvio padrão de
173
determinações em triplicata.
174
** T1: Doce de Abobora desenvolvido com adoçante artificial sucralose. T2: Doce de abobora
175
desenvolvido com adoçante natural Stévia.
176
ªMédias com letras subscritas diferentes na mesma coluna são estatisticamente diferentes
177
(p<0,05).
178 179 180
Pode-se observar que não houve diferença significativa entre os dois 181
tratamentos (T1 e T2). Os valores de carboidratos no presente estudo englobam a 182
porção fibra das amostras, conforme realizado pela Tabela Brasileira de 183
Composição de Alimentos. 184
Em estudo realizado por Mendonça (2005), o valor de proteína foi de 1,2%, 185
porém foi desenvolvido um doce cremoso em pasta com consistência mais firme do 186
que o doce desenvolvido no presente estudo. 187
Havendo a concentração dos nutrientes pela evaporação de água, o que pode 188
ser notado também no teor de umidade, onde no estudo de Mendonça (2005), a 189
média de umidade foi de 58,2%, enquanto no presente estudo os valores de 190
umidade foram de 81,46 e 81,54% para os tratamentos T1 e T2, respectivamente. 191
O baixo teor de gordura nos doces é resultado dos ingredientes utilizados, já 192
que a abóbora, utilizada no processamento, apresenta em média quantidade de 193
0,1% de lipídios (TACO, 2011). O valor encontrado no presente estudo de 0,85% 194
(T1) e 0,81% (T2), resultado da concentração dos ingredientes durante o cozimento. 195
O teor de cinzas está relacionado com a quantidade de minerais na amostra. 196
No presente estudo, os valores encontrados foram de 1,07% para T1 e 1,14% para 197
T2, resultado dos minerais presentes na abóbora, coco e na mucilagem de quiabo. 198
Silva (2006), a mucilagem de quiabo apresenta em média teor de cinzas de 7,53%, 199
pois os minerais solúveis em água passam para a mucilagem quando do processo 200
de extração da mesma, o que resultou, no presente estudo, em um doce de abóbora 201
com boa concentração de minerais. 202
3.2 Determinação da informação nutricional e valor calórico 204
Os resultados da informação nutricional e valor calórico dos doces são 205
apresentados nas Tabelas 4 e 5. 206
Tabela 4. Informação nutricional e valor calórico da porção do doce de abóbora desenvolvido com
207
sucralose (T1).
208
Quantidade por porção
Porção de 20 g (1 colher de sopa)
VD(%)* Valor Energético 14,83 kcal 0,74% Carboidratos 3,13 g 1,04% Proteínas 0,19 g 0,26% Gorduras Totais 0,17 g 0,68%
*Porcentagem de Valores Diários de referência, com base em uma dieta de 2.000 kcal.
209 210
Pode-se observar na Tabela 4 que em uma porção de 20 g, ou 1 colher de 211
sopa diária e dieta de 2.000 kcal, o tratamento T1 tem o valor energético de 14,83 212
kcal, contendo 3,13 g de carboidratos, 0,19 g de proteínas e 0,17 g de gorduras 213
totais. 214
215
Tabela 5. Informação nutricional e valor calórico da porção do doce de abóbora desenvolvido com
216
stévia (T2).
217
Quantidade por porção
Porção de 20 g (1 colher de sopa)
VD(%)* Valor Energético 15,01 kcal 0,75% Carboidratos 3,04 g 1,01% Proteínas 0,20 g 0,26% Gorduras Totais 0,23 g 0,92%
*Porcentagem de Valores Diários de referência, com base em uma dieta de 2.000 kcal.
218 219
Para o tratamento T2, uma porção de 20 g, ou uma colher de sopa diária e 220
dieta de 2.000 kal, contém valor energético de 15,01 kcal, 3,04 g de carboidratos, 221
0,20 g de proteínas e 0,26 g de gorduras totais, conforme observado na Tabela 5. 222
Comparando os dois tratamentos, observamos que as diferenças nutricionais são 223
mínimas entre os tratamentos (T1 e T2). 224
225
3.3 Análise sensorial 226
Participaram da análise sensorial 50 provadores não-treinados, sendo 30% 227
homens e 62% mulheres, com idade entre 18 e 40 anos, 8% dos provadores não 228
preencheram o sexo e idade na ficha sensorial. 229
Através das médias das notas da análise de aceitação sensorial dos doces de 230
abóbora produzidos (Tabela 6), não foi detectada diferença significativa entre os 231
tratamentos pelo teste de Tukey (p<0,05). Observa-se que os tratamentos obtiveram 232
boa aceitação sensorial, pois as médias se encontram dentro do intervalo que vai de 233
“gostei moderadamente” a “gostei muito”. 234
Para o tratamento T1, obteve-se uma média de 7,36 pontos, seguindo a 235
escala hedônica de nove pontos utilizada, o que gerou um percentual de 81,77% de 236
aceitabilidade entre os provadores não treinados. 237
Para o tratamento T2, a média obtida foi de 6,88 pontos, gerando 76,44% de 238
aceitabilidade entre os provadores não treinados. 239
Segundo DUTCOSKY (2013), para o produto ser considerado “aceito 240
sensorialmente” o índice de aceitabilidade deve ser de no mínimo 70%, estando os 241
valores do presente estudos acima deste valor, comprovando assim a aceitação dos 242
doces de abóbora com coco e mucilagem de quiabo desenvolvidos. 243
244
Tabela 6. Análise da aceitação sensorial dos doces de abóbora elaborados.
245
Tratamento** Média das notas Índice de
aeitabilidade T1 7,36ª 81,77 % DP* 0,91 - T2 6,88ª 76,44 % DP* 1,54 - *DP: desvio padrão 246
** T1: Doce de Abobora desenvolvido com adoçante artificial sucralose. T2: Doce de abobora
247
desenvolvido com adoçante natural Stévia.
248
ªMédias com letras subscritas diferentes na mesma coluna são estatisticamente diferentes
249
(p<0,05).
250 251
Os resultados obtidos na análise sensorial variaram entre “Gostei 252
extremamente” e “Desgostei extremamente”. Dos 50 provadores, 6% assinalaram 253
que gostaram extremamente, 42% gostaram muito, 34% gostaram moderadamente, 254
14% gostaram ligeiramente e 4% acharam indiferente para o tratamento T1, cujos 255
resultados são expresso na Figura 1. 256
Para o tratamento T2, dos 50 provadores, 10% assinalaram que gostaram 257
extremamente, 32% gostaram muito, 24% gostaram moderadamente, 20% gostaram 258
ligeiramente, 4% indiferente, 4% desgostaram ligeiramente e 6% desgostaram 259
moderadamente, cujos resultados são expressos na Figura 1. 260
Na ficha sensorial, no espaço destinado aos comentários dos provadores, 261
nenhum dos provadores comentou que havia gosto de quiabo, ou algum gosto 262
estranho no produto, sendo a adição de 10% de mucilagem no doce totalmente 263
mascarada pelo sabor da abóbora e pela doçura proveniente dos adoçantes 264
utilizados, o que é uma grande vantagem para o enriquecimento nutricional do 265
produto, já que a mucilagem contribui para a menor velocidade de absorção de 266
açucares e melhora do índice glicêmico (SILVA, 2006). 267
268
269
Gráfico 1: Porcentagem de provadores que marcaram cada um dos níveis da
270
escala hedônica indicada nos tratamentos T1 (Doce de Abóbora com coco adoçado com
271
sucralose) e T2 ( Doce de Abóbora com coco adoçado com stévia).
272 273
Os resultados obtidos no teste de intenção de consumo (Figura 2) variam 274
entre “Comeria isto sempre que tivesse oportunidade” e “Só comeriam isto se fosse 275
forçado(a)”. Dos 50 provadores que analisaram o Tratamento 1, 14% responderam 276
que “Comeriam isto sempre que tivesse oportunidade”, 10% que “Comeria isto muito 277
frequentemente”, 18% que “Comeriam frequentemente”, 30% que “Gostaram disto e 278
comeria de vez em quando”, 18% que “Comeriam isto se tivesse acessível, mas não 279 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 T1 % T2 % GOSTEI EXTREMAMENTE GOSTEI MUITO GOSTEI MODERADAMENTE GOSTEI LIGEIRAMENTE INDIFERENTE DESGOSTEI LIGEIRAMENTE DESGOSTEI MODERADAMENTE DESGOSTEI MUITO DESGOSTEI EXTREMAMENTE
se esforçariam para isto” e apenas 8% (4 provadores) que “Não gostaram disto, 280
mas comeriam ocasionalmente” e 2% (1 provador) “Raramente comeria isto”. 281
Para o tratamento T2 (Figura 2), dos 50 provadores, 8% “Comeriam isto 282
sempre que tivesse oportunidade”, 16% “Comeriam isto muito frequentemente”, 16% 283
“Comeriam frequentemente”, 28% “Gostaram disto e comeriam de vez em quando”, 284
16% “Comeriam isto se tivesse acessível, mas não se esforçariam para isto”, 10% 285
“Não gostaram disto, mas comeriam ocasionalmente” e apenas, 4% (2 provadores) 286
“Raramente comeriam isto” e 2% (1 provador) “Só comeria isto se não pudesse 287
escolher outro produto”. 288
289
Gráfico 2. Intenção de consumo dos avaliadores quanto aos tratamentos T1 (Doce de Abóbora com
290
coco adoçado com sucralose) e T2 (Doce de Abóbora com coco adoçado com stévia)
291 292
Além dos testes afetivos de aceitação e intenção de consumo, também foi 293
realizado o teste afetivo de preferência, onde não foi observada diferença estatística 294
(p<0,05) entre os dois tratamentos, já que 23 avaliadores preferiram T1 e 25 295
avaliadores preferiram T2, ou seja, não houve uma preferência estatística entre os 296
dois tratamentos testados. 297
298
4. Conclusão 299
300
Pode-se concluir que os doces de abóbora com coco e mucilagem de quiabo 301
foram bem aceitos sensorialmente pelos avaliadores. As diferenças entre os dois 302
tratamentos foram mínimas, tanto para as análises físico-químicas quanto 303 0 5 10 15 20 25 30 35 T1 T2 % DE R ES PO STA S
Comeria isto sempre que tivesse oportunidade
Comeria isto muito frequentemente Comeria frequentemente
Gosto disto e comeria de vez em quando
Comeria isto se tivesse acessivel, mas não me esforçaria para isto Não gosto disto, mas comeria ocasionalmente
Raramente comeria isto So comeria isto se não pudesse escolher outro produto
sensoriais, demonstrando que os dois adoçantes utilizados mostraram-se eficazes 304
na substituição do açúcar e diminuição do valor calórico dos produtos desenvolvidos. 305
O sabor da mucilagem de quiabo não foi notada pelos avaliadores na análise 306
sensorial do produto, demonstrando o potencial de sua utilização e abrindo outras 307
possibilidades para estudos futuros de comprovação de sua eficácia no que diz 308
respeito a sua ação em conjunto com adoçantes artificiais ou naturais, para controlar 309
a taxa de açúcar no sangue. 310
311
5. Referências 312
AOAC Internacional. Official Methods of analysis of anlaysis. 16th ed. 2nd rev. 2005.
313
BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n° 29, de 13 de janeiro de 1998. Aprova
314
Regulamento Técnico referente a Alimentos para Fins Especiais. Diário Oficial da União; Poder
315
Executivo, Brasília, 1998.
316
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