Relatório #53 – É possível ganhar dinheiro com a alta do preço dos combustíveis?
2 de março de 2022
Olá, investidor!
Como vai?
Sumário
No relatório de hoje, falarei sobre os motivos por trás da alta dos preços dos combustíveis, fenômeno que vem pesando no bolso dos brasileiros nos últimos anos. Mostrarei, ainda, como é possível ganhar dinheiro neste cenário.
Boa leitura!
Por que os combustíveis estão mais caros?
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina comum ficou em R$ 4,53 em dezembro de 2019, antes da pandemia do coronavírus. Em janeiro deste ano, o preço médio da gasolina chegou a R$ 6,63, um aumento de R$ 2,10, ou quase 50%, em relação ao observado há cerca de dois anos.
No mesmo intervalo, o preço médio do óleo diesel saiu de R$ 3,73 para R$
5,49, um aumento de R$ 1,76 ou quase 50%, gerando revolta entre caminhoneiros e aumentando os custos operacionais de companhias que atuam no ramo de transportes.
Durante esse período, muitos eventos e fatores contribuíram para a disparada dos preços dos combustíveis, mas podemos simplificar dizendo que este fenômeno se deve à valorização do petróleo no mercado internacional e à disparada do dólar com relação ao real.
Ao final de 2019, de acordo com informações do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), o barril de petróleo tipo Brent, ou seja, aquele que é extraído no Mar do Norte e negociado na Bolsa de Londres, era negociado a US$ 67,77. Em março de 2020, quando a pandemia seguia acelerada na China e na Europa e passou a ganhar corpo no Brasil, o petróleo tipo Brent
despencou para US$ 24,88, o menor valor desde 2003. Já em 24 de fevereiro deste ano, porém, com a invasão russa à Ucrânia, o preço do barril ultrapassou a marca dos US$ 100.
Se tratando de uma commodity negociada no mercado internacional, o petróleo tem seu preço cotado na moeda norte-americana. O dólar encerrou 2019
cotado a R$ 4,01, e chegou a bater a marca de R$ 5,70 em 29 de dezembro de 2021, antes de dar início a um movimento de recuo no começo deste ano.
Portanto, a disparada da moeda norte-americana frente ao real somou-se à disparada do preço do petróleo, o que fez com que a alta dos preços dos combustíveis fosse sentida com ainda mais intensidade pelos brasileiros.
E como ficam as petrolíferas?
Ninguém gosta de pagar mais caro nos combustíveis, cuja alta acaba
impactando os preços de diversos produtos e serviços. Entretanto, empresas que atuam na exploração e no refino do petróleo tendem a apresentar
resultados muito mais robustos quando os preços da commodity estão mais altos. Sendo assim, é possível se beneficiar da alta dos preços dos
combustíveis ao investir em empresas que lucram com esse fenômeno.
Atualmente, há cinco companhias que atuam no setor listadas na B3, a Bolsa brasileira. São elas a estatal Petrobras (PETR3, PETR4), a PetroRio (PRIO3), a 3R Petroleum (RRRP3), a PetroRecôncavo (RECV3) e a Enauta (ENAT3).
O caso da Petrobras
Quando falamos de petróleo no Brasil, é impossível não pensar na gigante Petrobras, estatal fundada em 1953 durante o governo de Getúlio Vargas.
Após anos afundada em uma profunda crise, provocada por intervenções políticas na gestão da companhia e por escândalos de corrupção que
desviaram quantias bilionárias dos cofres da empresa, a Petrobras vive um dos melhores momentos de sua história, reportando resultados cada vez mais robustos e pagando mais dividendos aos acionistas – dentre os quais o governo federal, que detém 50,5% das ações ordinárias da empresa.
A Petrobras já vinha apresentando resultados sólidos nos últimos anos, colhendo os frutos da boa administração iniciada por Pedro Parente, que assumiu a presidência da estatal em 2016 com a missão de torná-la lucrativa novamente. Ainda assim, a disparada do preço do petróleo e a alta do dólar ante o real foram fatores determinantes para colocar a companhia entre as mais lucrativas do país – e entre as melhores pagadoras de dividendos da B3.
Diante desta conjuntura favorável, a Petrobras obteve lucro líquido recorde de R$ 106,668 bilhões em 2021, cifra 15 vezes maior que o lucro auferido no ano anterior.
O petróleo deve seguir em alta?
É sempre difícil prever o comportamento dos preços de um determinado ativo, mas o mercado tem motivos para acreditar que o petróleo deve sustentar cotações mais altas no curto prazo.
Primeiramente porque com a reabertura da economia global diante do controle da pandemia, tem sido observado um aumento da demanda por combustíveis fósseis em todo o planeta.
Em adição a isso, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, liderados pela Rússia, têm aumentado a produção de petróleo em um ritmo inferior ao crescimento da demanda
pela commodity, e não têm demonstrado grande preocupação com a disparada dos preços.
Por fim, a invasão russa à Ucrânia tende a elevar ainda mais os preços do petróleo, uma vez que a Rússia é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, com capacidade de produção de mais de 10 milhões de barris por dia.
O país também fornece cerca de 40% do gás natural consumido na Europa, e tem entre seus principais consumidores algumas nações que integram a
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar liderada pelos Estados Unidos.
Eleição pode representar riscos
Apesar da perspectiva de que os preços do petróleo devem seguir elevados com a demanda aquecida por combustíveis, a eleição presidencial de 2022 promete trazer volatilidade às companhias brasileiras do setor.
Isso porque a alta da gasolina e do diesel tem provocado insatisfação popular, e colocado o debate sobre mudanças na política de preços da Petrobras e cortes na tributação dos combustíveis no centro das discussões eleitorais.
É importante ter em mente que uma mudança na política de preços da
Petrobras não afetaria apenas a estatal, mas também impactaria os negócios de seus pares privados, que possuem uma participação muito menor no mercado brasileiro de óleo e gás.
Conclusão
Em suma, o petróleo e o dólar devem se manter em patamares elevados no curto prazo, criando um cenário favorável para as petrolíferas e para aqueles que possuem ações destas companhias na carteira.
Todavia, tendo em vista o impacto da alta dos preços dos combustíveis no dia a dia dos cidadãos, não é possível descartar o risco de intervenção
governamental no setor, o que pode minar os ganhos das companhias, especialmente se tratando da Petrobras.
Já conhece todas as carteiras LVNT?
Por hoje é isso, e até a próxima!
Felipe Bevilacqua.
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