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Comercialização do papel para reciclagem em Campo Grande - MS

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Comercialização do papel para reciclagem em Campo Grande - MS

Paulo Tarso Sanches de Oliveira

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS paulotarsoms@hotmail.com

Getúlio Ezequiel da Costa Peixoto Filho

Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMADES getuliojjc@uol.com.br

Dulce Buchala Bicca Rodrigues

Programa de Pós-graduação em Tecnologias Ambientais. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS dulce_bbr@yahoo.com

Antonio Conceição Paranhos Filho

Prof. Dr., Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; Departamento de Hidráulica e Transportes.

DHT/CCET/UFMS.

paranhos@nin.ufms.br

Resumo: O aumento da quantidade gerada de resíduos sólidos urbanos ocasiona diversos impactos ambientais, principalmente na disposição final. Uma das alternativas para reduzir o volume de resíduos a serem dispostos é a reciclagem. Dentre os materiais amplamente utilizados no cotitiano humano o papel destaca-se pelo elevado uso, assim, surge a necessidade de serem desenvolvidos estudos relacionados com a comercialização desse resíduo para reciclagem. Deste modo, o objetivo deste trabalho é analizar a comercialização do papel para reciclagem no Município de Campo Grande – MS. Para tanto, realizou-se uma pesquisa junto a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMADES) das empresas licenciadas que prestam serviços de comercialização para reciclagem de papel. Posteriormente, gerou-se um questionário fechado que avaliou a quantidade desse material encaminhado à reciclagem, preço médio de compra e venda, número de funcionários, salário médio, dentre outros. Em Campo Grande foram coletados para reciclagem 1.873t perfazendo um índice de reciclagem de 66,70%. Pode-se estimar que com a venda desse material coletado para reciclagem tenha movimentado no ano de 2006 R$

2,9 milhões. Observou-se que existe um mercado consolidade de compra e venda de papel para reciclagem e que esse mostra-se crescente.

Palavras-chave: Resíduos Sólidos; Reciclagem; Papel.

1. Introdução

Diariamente, em especial nos centros urbanos, são produzidas substanciais e crescentes quantidades de resíduos sólidos, o que tem levado progressivamente ao agravamento dos impactos associados (STREB, 2004). Vive-se numa crise em relação aos resíduos sólidos urbanos gerados, pois ao mesmo tempo em que cresce o volume produzido, resultante do aumento do consumo, mais dispendiosas tornam-se as alternativas de disposição dos resíduos (VEIGA, 2004). Deste modo, torna-se necessária a implantação de técnicas e procedimentos contidos em um Sistema Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos (SIGRSU). De acordo com Rolim (2000), o adequado gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos torna-se necessário, com o objetivo de evitar ou minimizar os agravos à saúde e à poluição ambiental, como também manter aspectos estéticos e de bem estar para a população, contribuindo para um desenvolvimento sustentável. Para Morales (2004) a necessidade de abordar um processo contínuo de desenvolvimento sustentável requer profunda modificação

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de atitudes, valores e visões de cada participante da sociedade. Para desenvolver efetivas estratégias integradas de desenvolvimento, deve-se formular, comunicar, discutir, avaliar e administrar projetos, de acordo com o conceito de desenvolvimento sustentável, desde sua concepção até a transferência da responsabilidade do gerenciamento e transformação do ambiente.

De acordo com Monteiro et al. (2001), o gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos é em síntese, o envolvimento de diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final do lixo, elevando assim a qualidade de vida da população e promovendo o asseio da cidade, levando em consideração as características das fontes de produção, o volume e os tipos de resíduos, as características sociais, culturais e econômicas dos cidadãos, e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais. Para tanto, as ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento, que envolvem a questão, devem ser processar de modo articulado, segundo a visão de que todas as ações e operações envolvidas encontram-se interligadas e comprometidas entre si.

Uma das etapas que compõe um SIGRSU é a reciclagem, no entanto, essa não deve ser considerada a solução para todos os resíduos sólidos, mas sim, uma das ferramentas desse sistema, que deve conter ainda a sensibilização da população, diminuição de geração de resíduos na fonte, reutilização, coleta seletiva, compostagem e destinação final adequada.

A reciclagem pode ser definida como o processamento de materiais que já foram utilizados para algum fim, em matéria-prima para a produção de novos produtos. Segundo Saroldi (2005), alguns benefícios de reciclar componentes presentes no lixo são a diminuição do volume de resíduos a ser aterrado, a preservação dos recursos naturais, economia de energia, diminuição dos níveis de poluição da água e do ar e geração de empregos no segmento de recicláveis. Para Kligerman (2000), a reciclagem será uma maneira eficaz de combater o problema dos resíduos sólidos se estiver associada a outros métodos de manipulação. Tudo deve estar agregado a uma política de gestão integrada, que vise a adoção de medidas para reduzir a geração: a utilização de tecnologias mais limpas na produção industrial; o reaproveitamento de tudo que for possível e, por fim, tratamento final dos resíduos adequado.

Deste modo, o objetivo deste trabalho é avaliar a situação da comercialização do papel para a reciclagem no Município de Campo Grande – MS, além de descrever quantitativamente alguns benefícios ambientais, sociais e econômicos obtidos por meio da reciclagem.

2. Materiais e Métodos

A metodologia utilizada foi baseada em 2 (duas) etapas: caracterização quantitativa e qualitativa dos resíduos sólidos urbanos e estudo do mercado de reciclagem do papel.

2.1 Caracterização quantitativa e qualitativa dos resíduos sólidos urbanos

Esta etapa baseou-se no levantamento de dados junto a Secretaria Municipal de Serviços e Obras Públicas (SESOP) e Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMADES), em que foram disponibilizados dados qualitativos e quantitativos da geração de resíduos sólidos em Campo Grande.

Utilizando o valor de geração per capita de resíduos sólidos expressa em kg/hab.dia, associado à estimativa populacional de Campo Grande em 2006, obtido no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estimou-se a quantidade diária de resíduos sólidos produzidos no município em 2006.

A composição física (qualitativa) dos resíduos sólidos apresenta as porcentagens (geralmente em peso) das várias frações dos materiais constituintes do lixo (BIDONE & POVINELLI, 1999). O conhecimento dessa composição é essencial para a definição das providências a serem tomadas com os resíduos sólidos, desde sua coleta até seu destino final, de uma forma

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sanitária economicamente viável, considerando que cada comunidade gera resíduos diversos (OLIVEIRA & PEIXOTO FILHO, 2007).

Utilizando a caracterização qualitativa e quantitativa, pode-se determinar a quantidade estimada de papéis gerados diariamente em Campo Grande no ano de 2006.

2.2 Estudo do mercado de reciclagem do papel

O estudo do mercado de recicláveis é uma etapa fundamental para o sustentabilidade de um programa de gerenciamento integrado de resíduos sólidos, principalmente no que tange ao processo de reciclagem. Deve-se alertar para a necessidade de existência de mercado para os produtos reciclados e para o fato de que nem todos os materiais são técnica e economicamente recicláveis. Segundo Fernandes (2001), para atribuir melhores contornos ao mercado de recicláveis, devem ser consideradas as seguintes hipóteses: a viabilidade econômica dos processos de reciclagem, a viabilidade econômica da remoção de entulhos e a viabilidade econômica da exploração do lixo como matéria-prima do processo de produção de insumos e adubos.

Nesta etapa foi gerado um questionário fechado, sendo este aplicado às empresas que comercializam materiais recicláveis (papel), no período de outubro a novembro de 2006. O referido questionário avaliou a quantidade de material reciclado, preço de compra e venda, número de funcionários (empregos diretos e indiretos), salário médio, quantidade gasta de energia, água e transporte. Deste modo, realizou-se junto a SEMADES, um levantamento de dados referente às empresas licenciadas que realizam a comercialização papel para a reciclagem. Posteriormente aplicou-se o questionário as referidas empresas.

Observou-se que em Campo Grande existem cerca de 40 (quarenta) “empresas” que comercializam materiais recicláveis, no entanto, o mercado é dominado por 6 (seis) dessas, o restante das empresas funcionam como receptadoras, pois vendem os materiais coletados a estas seis empresas. Deste modo, o questionário foi aplicado às empresas que controlam o mercado de comercialização de materiais recicláveis em Campo Grande.

3. Resultados e discussões

3.1 Reciclagem do papel no Brasil

Os papéis geralmente são classificados como de impressão/escrever, de embalagens, de fins sanitários, cartões, cartolinas e papel para imprensa. De acordo com a Figura 1 pode-se verificar que o consumo do papel no Brasil classificado como embalagem representa 48%, seguido do papel de imprimir e escrever 24%, assim, pode-se dizer que o maior consumo de papel é proveniente das atividades comerciais (escritórios, lojas, supermercados, armazéns, depósitos e etc.), haja vista ser essas atividades, que fazem maior uso dos papéis denominados de embalagens, imprimir e escrever.

FIGURA 1 – Consumo brasileiro por tipo de papel Fonte: BRACELPA (2007)

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A origem do papel que é encaminhado para a reciclagem é proveniente principalmente de atividades comerciais, já que são os maiores consumidores, (escritórios, lojas, supermercados, armazéns, depósitos), e em quantidades menores de residências e outras fontes, como instituições, escolas e universidades.

De acordo com a Figura 2 pode-se verificar que a atividade comercial é responsável por 86%

dos papéis encaminhados para a reciclagem. Os papéis de origens residenciais correspondem a apenas 4% dos papéis encaminhados para a reciclagem.

86%

10% 4%

Atividades industriais e comerciais Residenciais Outras fontes

FIGURA 2 – Origem das aparas no Brasil Fonte: FAO, (1993 apud D´ALMEIDA & NEVES, 2000)

De acordo com Calderoni (2003), a reciclagem de papel no Brasil, constitui-se em atividade antiga, datando dos primórdios da indústria papeleira, entre 1910 e 1920, embora tenha ganhado mais expressão somente a partir de 1970.

Segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA) o Brasil consumiu em 2005 aproximadamente 3,4 milhões de toneladas de papéis recicláveis, e, desses, o papel ondulado (papelão) corresponde a 62,5% seguido do branco 12,3% e misto 6,4% (Tabela 1).

TABELA 1 - Taxa de recuperação de papéis recicláveis por tipo de geração (2005)

Tipo Quantidade (1.000t) Porcentagem (%)

Ondulado 2.148,8 62,5

Brancas 424,1 12,3

Mistas 219,8 6,4

Jornais 157,7 4,6

Kraft 262,1 7,6

Cartolinas 87,9 2,6

Tipografia 80,8 2,4

Outras 56,6 1,6

Total 3.437,8 100

Fonte: (BRACELPA, 2007)

Nas regiões Sul e Sudeste (onde estão localizados os principais fabricantes), as taxas de recuperação variam de 44% a 64%; nas demais regiões, o índice cai para 16%. Existem, no país, cerca de 128 empresas recicladoras, que compram mais do que a metade do total de fibras, e outras 19 que concentram os menores volumes. O consumo per capita brasileiro é um

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dos mais baixos do mundo (39,5kg) e, no ranking mundial de produção de papel e celulose, o Brasil ocupa as 11ª e 7ª posições, respectivamente (CEMPRE, 2006).

A quantidade de recuperação de papeis recicláveis no Brasil se mostrou crescente de 1996 a 2005, com taxa de evolução anual média de 6,6% (Tabela 2), no entanto, o Brasil ainda exibe um desempenho muito aquém do já alcançados por grande número de paises. Em 2005 o Brasil alcançou uma taxa de reciclagem do papel de 46,8% (BRACELPA, 2007).

TABELA 2 - Evolução na taxa de recuperação de papéis recicláveis (1996 a 2005)

Ano Quantidade (1.000t) Evolução Anual (%)

1996 2.180 18,45

1997 2.239 2,74

1998 2.295 2,48

1999 2.416 5,28

2000 2.612 8,11

2001 2.777 6,33

2002 3.017 8.66

2003 3.005 -0,42

2004 3.360 11,83

2005 3.438 2,31

Fonte: (BRACELPA, 2007)

Muitos são os papéis confeccionados total ou parcialmente com fibras provenientes de aparas.

De acordo com D´almeida & Neves (2000), os papéis reciclados retornam ao mercado como:

papel de impressão e escrever; embalagens; cartões; papéis para fins sanitários. Uma pequena parte destas aparas é utilizada para a fabricação de artesanatos.

Ao contrario do que acontece na reciclagem do vidro e o alumínio, o papel não se constitui em substituto da matéria-prima virgem, mas com ela deve combinar-se. Isso decorre devido ao fato de que o papel, assim como ocorre com o plástico, sofre, após cada utilização, uma perda de parte de suas propriedades. Segundo D´almeida & Neves (2000), uma fibra celulótica não pode ser reciclada infinitamente, pois suas características de resistência são perdidas após um certo número de reciclagens. Estudos indicam uma faixa de 7 a 10 vezes.

Para alguns tipos de papéis a reciclagem é economicamente inviável e, portanto, diz-se que não são recicláveis. Entre eles, tem-se: papel vegetal ou glassine; papel impregnado com substâncias impermeáveis à umidade (resina sintética, betume, etc.); papel-carbono; papel sanitário usado, tais como papel higiênico, papel toalha, guardanapo e lenços de papel; papel sujo, engordurado; certos tipos de papéis revestidos (com parafina e silicone) (D´ALMEIDA

& NEVES, 2000)

3.2 Caracterização quantitativa dos resíduos sólidos

A Tabela 3 mostra a evolução da quantidade anual dos resíduos sólidos coletados no Município de Campo Grande, no período de 1985 a 2006. Pode-se constatar que em 20 (vinte) anos, de 1985 a 2005, a quantidade coletada de resíduos sólidos aumentou em média 7,27%

ao ano. Este crescimento pode ser explicado pelo aumento da população urbana, melhoria da qualidade de vida, mudança de hábitos e costumes.

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TABELA 3 - Quantidade de Resíduos Sólidos Coletados em Campo Grande no período de 1985 a 2006.

Ano Resíduos Coletados (ton) Ano Resíduos Coletados (ton)

1985 43.925,69 1996 122.806,10

1986 53.560,50 1997 127.376,29

1987 57.911,30 1998 134.295,86

1988 57.498,10 1999 140.771,68

1989 64.947,86 2000 147.124,56

1990 77.815,99 2001 157.684,20

1991 88.952,44 2002 160.693,75

1992 88.201,21 2003 160.692,91

1993 90.388,15 2004 171.249,31

1994 95.495,44 2005 172.370,03

1995 111.573,79 2006 78.151,12*

* Até o mês de maio de 2006. Fonte: PLANURB, (2006)

Em Campo Grande a geração per capita em 2006 foi estimada em 0,815 kg/hab.dia (Tabela 4) e a população estimada em 765.247 habitantes (IBGE, 2006).

TABELA 4 – Projeção das taxas de geração per capita no período de 2005 a 2007 Ano Taxa de geração “per capita”

projetada (kg/hab.dia)

2005 0,793

2006 0,815

2007 0,838

Fonte: Campo Grande (2000)

Assim, utilizando a taxa de geração per capita e a população estimada da Capital em 2006, pode-se calcular a geração total de resíduos sólidos no município em 624 t/dia.

3.3 Caracterização qualitativa dos resíduos sólidos

De acordo com a Figura 3, pode-se verificar o percentual de cada componente em relação ao peso total do lixo coletado em Campo Grande.

Matéria Organica

63%

Plástico (duro e mole) - 12%

Madeira - 1%

Pedras- 1%

Couro e Borracha 1%

Pano e Estopa 2%

Papel e papelão 15%

Vidro - 2%

Metais ferrosos e não ferrosos -

3%

FIGURA 3 – Composição Gravimétrica dos resíduos sólidos coletados em Campo Grande Fonte: (Campo Grande, 2000)

Considerando a geração diária de 624t, calculada para o ano de 2006, pode-se estimar a quantidade dos diversos tipos de resíduos sólidos apresentados na Figura 3. Assim, do total de resíduos sólidos coletados diariamente no município, 393,12t seria composto por matéria

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orgânica, 93,6t de papel e papelão, 74,88t de plástico duro e mole, 18,72t de metais ferrosos e não ferrosos, 12,48t pano e estopa, 6,24t madeira, 12,48t vidro, 6,24t couro e borracha e 6,24t pedras.

3.4 Comercialização do papel para a reciclagem em Campo Grande

O papel é o material reciclável mais comercializado em termos de quantidade, pelas empresas desse setor em Campo Grande, sendo também o material gerado em maior quantidade (PEIXOTO FILHO et al. 2007). O consumo anual per capita do município é de 44kg, superior ao per capita brasileiro de 39,5kg (BRACELPA, 2007).

São consumidos mensalmente 2.808t de papel, sendo comercializados para a reciclagem 1.873t/mês, perfazendo um índice de reciclagem de 66,70%. Este superior ao índice médio obtido no Brasil de 46,90% (CEMPRE, 2006).

Das 1.873t/mês que são encaminhadas para a reciclagem, o papelão corresponde a aproximadamente 63,00%.

A Tabela 5 apresenta os dados utilizados para quantificar os ganhos obtidos através da reciclagem do papel.

TABELA 5 – Dados utilizados

Reciclagem do papel

Quantidade consumida em Campo Grande (2006) 2.808t/mês Quantidade comercializada em Campo Grande para

reciclagem (2006) 1.873t/mês

Per capita 44Kg/ano

Índice de reciclagem em Campo Grande 66,7%

Participação percentual de papéis na massa dos RSU

coletada em Campo Grande 15%

Economia alcançada em energia(1) 70,5%

Tarifa de energia elétrica(2) 220,86/MWh

Consumo de água(1) 29.202 L/t

Tarifa de abastecimento de água em Campo Grande para

indústrias com consumo superior a 10 m3(3) R$ 7,05/m3

Matéria-prima(4) A cada tonelada reciclada de papel evita-se o corte de 22 árvores de florestas de replantio

Diminuição quanto à poluição atmosférica(1) 74%

Fonte: 1Calderoni (2003); 2ANEEL (2006); 3Águas Guariroba S/A (2006); 4CEMPRE (2004)

De acordo com Calderoni (2003), a economia de energia elétrica obtida por meio da reciclagem do papel proporciona uma redução de 3,51 MWh/t, pois a produção a partir da matéria-prima virgem requer 4,98 MWh e, a partir de aparas, 1,47 MWh. Deste modo, considerando a tarifa de energia elétrica de R$ 220,86/MWh (ANEEL, 2006), tem-se uma economia proporcionada pela reciclagem do papel de R$ 775,22/t. O município comercializa aproximadamente 66,70% dos papéis gerados, ou seja, 1.873t/mês, assim, no ano de 2006 pode-se estimar uma quantidade de 22.476t de papel reciclado, perfazendo uma economia anual de energia elétrica de cerca de R$ 17,4 milhões. Valor este suficiente para atender a demanda anual de energia elétrica de 11.722 residências de classe média em Campo Grande, utilizando mensalmente 214 kWh. A economia de energia elétrica “perdida” pelo restante não reciclado é calculada em torno de R$ 8,7 milhões.

Quanto à economia do consumo de água, Calderoni (2003) considera que a reciclagem proporciona uma redução no volume requerido, da ordem de 29,20 L/t. Assim, com o montante anual de 22.476t comercializado para a reciclagem, a economia de água alcançada no ano de 2006 em Campo Grande é da ordem de 656.344,15 m3. Considerando a tarifa de abastecimento de água em Campo Grande para indústrias com consumo superior a 10 m3 de R$ 7,05/m3 (Águas Grariroba, 2006), a economia anual em termos monetários obtidos com a

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reciclagem papel é de R$ 4,63 milhões. A “perda” com o restante não coletado para a reciclagem é da ordem de 327.646,44 m3 o equivalente a R$ 2,31 milhões.

A cada tonelada reciclada de papel evita-se o corte de 22 árvores de florestas de replantio (CEMPRE, 2004). Assim, pode-se estimar que reciclando 22.476t no ano de 2006, seriam poupadas 494.472 árvores.

De acordo com a Tabela 6 pode-se verificar a quantidade de papel coletado para a reciclagem, de acordo com sua classificação. Esta classificação foi realizada de acordo com as informações obtidas nas empresas de comercialização de materiais recicláveis em Campo Grande.

TABELA 6 – Quantidade de material coletado para a reciclagem em Campo Grande, dividido por tipo Classificação Quantidade (t/mês)

Papelão 1.179,00

Misto 370,00

Branco 324,00

Considerando os preços médios obtidos na comercialização do papel em Campo Grande, pode-se estimar que com a venda do montante de 22.476t coletados em 2006 para reciclagem, movimentou-se em Campo Grande cerca de R$ 2,9 milhões. Valor este suficiente para manter anualmente 434 postos de trabalho com salário de R$ 550,00.

Observou-se que nenhuma empresa de grande porte realiza a reciclagem do papel em Campo Grande, no entanto, estão em processo de Licenciamento Ambiental 4 (quatro) empresas que reciclarão esse material.

A Tabela 7 demonstra os ganhos obtidos, possíveis e “perdidos” por meio da reciclagem do papel em 2006.

TABELA 7 – Ganhos obtidos, possíveis e “perdidos” através da reciclagem

Ambiental Social1 Econômico

Ganho anual Água = 656.344,15m3

Árvores = 494.472 434 postos de trabalho R$ 17,4 milhões2 R$ 4,63 milhões3 Ganho anual possível Água = 983.990,59m3

Árvores = 741.312 715 postos de trabalho R$ 26,1 milhões2 R$ 6,94 milhões3

“Perda” anual Água = 327.646,44m3

Árvores = 246.840 281 postos de trabalho R$ 8,7 milhões2 R$ 2,31 milhões3

1Postos de trabalho (estimados), obtidos com a venda dos papéis as empresas de comércio de materiais recicláveis, com salário de R$ 550,00; 2Economia em energia elétrica; 3Economia monetária do consumo de água.

4. Considerações Finais

Este estudo fornece evidencias de que a reciclagem do papel é rentável e benéfica à área ambiental, social e econômica, porém não pode ser considerada a completa solução para esse tipo de resíduo. Para tanto, é necessário ser desenvolvida uma política pública que vise à implantação de um Sistema Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos (SIGRSU), que contemple: a sensibilização da população a não geração, a reutilizar quando possível, a implantação de um programa de coleta seletiva eficiente, dar apoio às empresas do ramo de comercialização e reciclagem, através de incentivos fiscais e compra dos materiais produzidos por estas empresas e por fim, dispor em área adequada, de maneira correta, os resíduos que não podem ser mais processados ou reutilizados.

Os papéis reciclados podem ser introduzidos nas diversas secretarias da Prefeitura Municipal, que poderia usar os papéis reciclados na emissão de ofícios, licenças e comunicados. Esta é

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uma das varias maneiras que o órgão gestor poderia utilizar com o intuito de incentivar o setor de reciclagem.

É importante o apoio dado a este setor, pois o mesmo ajuda a promover o asseio da cidade, além de propiciar a geração de emprego, minimizar a extração de matéria prima (recursos naturais) e melhorar as condições de destino final em aterro, aumentando sua vida útil.

Referências

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Referências

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