Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM IISSN on-line: 2179-4588
Relato de experiências com lúdico na sala de aula
Maria da Graça Martins Silveira e Viviane Kanitz Gentil
pp.graca@hotmail.com; vivianegentil@gmail.com
Resumo
Este relatório tem como objetivo descrever a atuação dos bolsistas do Subprojeto PIBID Pedagogia- URCAP/Bagé, bem como as contribuições do lúdico no letramento e a construção do conhecimento dos educandos, possibilitando-lhes maneiras de trabalhar em sala de aula e de atingir todos os alunos, facilitando assim, o processo de aprendizagem na alfabetização, junto da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Creusa Brito Giorgis, na qual sou professora com turmas de anos iniciais do
Ensino Fundamental e supervisora do subprojeto em questão.
Palavras chave: PIBID, letramento, lúdico.
Abstract
This report aims to describe the performance of grantees Subproject PIBID Pedagogy URCAMP / Bage, as well as the contributions of playfulness in literacy and knowledge building of students, enabling them to ways of working in the classroom and reach all students thus facilitating the process of learning in literacy, with the Municipal School of Basic Education teacher Creusa
BritoGiorgis, where I teach classes in the early years of elementary school and supervisor of the subproject in question.
Keywords: PIBID, literacy, playful
1. Contexto do relato
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Profª Creusa Brito Giorgis, fundada em 29 de março de 1995, localizada à rua Ponciano Maciel Maia Giorgis, nº 2950, bairro João Galvão Vargas em Bagé, que atualmente conta com a equipe diretiva composta pela diretora Darlene Gonçalves Braga, supervisora Mirta Ferreira Pereira e orientadora Daniela Marques Leal, com o quadro funcional formado por 22 professores, 10 funcionários e aproximadamente 380 alunos, funcionando nos turnos manhã e tarde com Ensino Fundamental de 9 anos e a noite com Brasil Alfabetizado, teve o privilégio de contar com o projeto PIBID (Programa de Incentivo a Bolsistas à Iniciação a Docência) por iniciativa da Coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que em parceira com a Universidade da Região da Campanha – Campus Bagé, sob a coordenação da professora M. Sc. Viviane Kanitz Gentil, proporcionou aos acadêmicos do subprojeto de Pedagogia, intitulado “Práticas de Letramento, uma proposta interdisciplinar” a inserção no cotidiano escolar. Projeto que aconteceu devido a disponibilidade de cindo bolsistas: Arthur Garibaldi, Bruna Amaral, Fabiana Robaina, Marta Beatriz da Silva e PétryaBischoof, com a minha supervisão.
Os jogos são um dos vários recursos que o professor tem à sua disposição. Através de jogos os alunos aprendem vários conceitos. No processo de alfabetização, eles são um grande aliado do professor, pois através da utilização dos jogos, as aulas se tornam mais atrativas e os alunos aprendem brincando, de uma maneira prazerosa, mas o professor necessita planejar bem uma aula para utilização dos jogos, senão, perde-se o objetivo da aula, que é a construção do conhecimento pelo aluno.
O trabalho realizado em nossa escola confirma os resultados de pesquisas relacionadas às contribuições dos jogos no processo de alfabetização e letramento. Durante os jogos e brincadeiras as crianças adquirem diversas experiências, interagem com outras pessoas, organizam seu pensamento, tomam decisões, cria maneiras diversificadas de jogar, brincar e produzir conhecimentos.
O grupo utilizou em sua prática atividades lúdicas, com a finalidade de despertar o interesse dos alunos pelo trabalho, principalmente àqueles com grande dificuldade de aprendizagem, pois deste modo os mesmos manteriam atenção para as atividades a serem realizadas.
Nesse sentido os jogos e as brincadeiras são instrumentos pedagógicos importantes e determinantes para o desenvolvimento da criança, pois no jogar e no brincar as mesmas desenvolvem habilidades necessárias para o seu processo de alfabetização e letramento.
2. Detalhamento das atividades
Antes do início da prática das atividades na escola realizou-se o diagnóstico das turmas com aplicação do teste da psicogênese e de jogos, após a análise dos mesmos foi elaborado o planejamento, o calendário e as atividades a serem executadas nas salas de aula.
Durante o trabalho realizado na escola, os bolsistas utilizaram vários recursos lúdicos para trabalhar com os alunos, como jogos, teatro, construção de palavras, entre outros.
As atividades foram planejadas de maneira a considerar o saber anterior da criança como ponto de partida para seu desenvolvimento, cumprindo com a função do professor, que de acordo com Gasparin
(2002), “consiste em aprofundar e em enriquecer essas concepções, ou retificá-las, esclarecer as contradições, reconceituando os termos de uso diário”. (GASPARIN, 2002, p.20).
Dessa forma, a prática desenvolvida teve como objetivos articular os jogos e as brincadeiras aos conteúdos escolares: propiciar as crianças o conhecimento sobre o uso social da leitura e da escrita, estimular a sensibilidade, a percepção e a análise crítica, proporcionando a construção do conhecimento.
O brincar revela a estrutura do mundo da criança, como se organiza o seu pensamento, às questões que ela se coloca como vê o mundo à sua volta. Na brincadeira, a criança explora as formas de interação humana, aprende a lidar com a espera, a antecipar ações, a tomar decisões, a participar de uma ação coletiva (BRASIL. 2007, p.9).
Dentre os jogos que foram trabalhos: jogo da memória de letra inicial/desenho ou sílabas/desenho (consiste em um conjunto de peças viradas e duplicadas onde o aluno deverá encontrar par), dominó (é composto pelas letras e ilustrações, onde o aluno formará o abecedário através da letra/ilustração/letra), trilha (forma-se no chão uma trilha com imagens/palavras, o aluno deverá jogar o dado e conforme a letra exposta o mesmo deverá caminhar até esta, ou então falar uma palavra), desta forma desenvolve a oralidade e reconhece o alfabeto.
Vygotsky (2002) evidencia que é através de uma situação imaginária que a criança desenvolve o pensamento abstrato, bem como que é no final do desenvolvimento da pré-escola que surgem as regras e quanto mais rígidas elas são, maior será a exigência de atenção da criança, assim mais tenso e agudo será o brinquedo.
Em relação ao teatro, foram usados fantoches de personagens, existentes na escola, inclusive foi feita a apresentação dos amigos da escola, que eram as crianças representando um animal, desenvolvendo a criatividade, a atenção e a concentração dos mesmos.
Vygotsky (2002), enfatiza a importância da mediação para o desenvolvimento da criança, assim, o professor parte do conhecimento que os alunos já possuem sobre o conteúdo a ser trabalhado, ou seja, enquanto mediador do conhecimento, trabalhará na zona de desenvolvimento proximal da criança, para que esta se aproprie do conhecimento científico sistematizado.
Segundo Vygotsky (2002):
A zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento mental prospectivo do discente, ou seja, trata-se de um estágio do processo de aprendizagem em que o aluno necessita da ajuda de uma pessoa mais experiente que saiba o conteúdo que está sendo trabalhado.
Com base na discussão de Vygotsky (2002), percebe-se a importância que as brincadeiras e os jogos com regras possuem para o desenvolvimento da criança. Nesta perspectiva Galvão (2008, p.41) afirma que as crianças ao brincarem ou jogarem “precisam interagir com “alimento cultural”, isto é, linguagem e conhecimento”, bem como que o ritmo pelo qual estas se desenvolvem nunca ocorre de forma linear, ou seja, o desenvolvimento da criança é sempre marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas.
Através do jogo o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. Os jogos não são apenas uma forma de entretenimento, são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Para manter seu equilíbrio com o mundo a
criança precisa brincar, criar e inventar. Com jogos e brincadeiras, a criança desenvolve o seu raciocínio e conduz seu conhecimento de forma descontraída e espontânea, no brincar, ela constrói um espaço de experimentação, de transição entre o mundo interno e externo.
De acordo com Tezani (2004), ao desenvolver um trabalho com jogos está não só desenvolvendo os aspectos cognitivos da criança, mas passando também a enfatizar os aspectos afetivos que são resgatados durante estes momentos lúdicos.
Tendo por base a contribuição dos jogos e brincadeiras para o processo de alfabetização e letramento, pretendeu-se durante a prática deste projeto trabalhar com atividades lúdicas que auxiliassem as crianças a inserirem-se no mundo letrado e na aquisição do código da língua escrita, uma vez que, segundo Soares (2004), o letramento é a participação das crianças em experiências variadas com a leitura e a escrita. É o conhecimento e a interação com diferentes tipos e gêneros textuais de material escrito, ou seja, o indivíduo letrado é aquele que já conhece a função social que esta exerce.
De acordo com Soares não basta aprender a ler e escrever (ser alfabetizado), é preciso incorporar a prática da leitura e da escrita para envolver-se com seus usos: ler livros, jornais, preencher um formulário, um requerimento, redigir uma carta...
Por meio do desenvolvimento do projeto, pode-se verificar que os jogos e brincadeiras possibilitam grandes contribuições para o desenvolvimento da criança no processo de alfabetização e letramento.
Faz-se necessário ressaltar que os processos de desenvolvimento e de aprendizagem envolvidos no jogar e no brincar contribuíram de forma significativa nos processos de apropriação do conhecimento, uma vez que, quando as crianças durante as atividades lúdicas, foram submetidas a respeitarem regras, aprenderam a dominar seu próprio comportamento, desenvolveram o pensamento abstrato, a percepção visual, o autocontrole, a observação e a memorização. Sendo assim, pode-se constatar que os jogos e brincadeiras foram utilizados como instrumento pedagógico de suma importância para o desenvolvimento dos educandos nas habilidades físicas, cognitivas, afetivas e sociais.
3. Análise e discussão do relato
Assim entende-se a grande responsabilidade que o professor deve ter com a educação de seus discentes, uma vez que, o verdadeiro papel do educador é o de fazer com que os alunos, por meio de mediações, se apropriem do conhecimento científico, sistematizado, contribuindo assim para uma educação transformadora.
A escolha de materiais e a adaptação de jogos foram feitas de modo a facilitar o encontro entre divertimento e aprendizagem. Com um pouquinho de criatividade e dedicação, podem-se transformar as aulas em momentos agradáveis e produtivos, que despertem o interesse de todos.
Com a atuação dos bolsistas que desenvolveram suas atividades através do lúdico, viabilizando condições para o aprendizado de alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, verificou-se a importância da ludicidade na sala de aula, pois partindo de atividades prazerosas os educandos começaram a construção do conhecimento, resultado que foi percebido pelas professoras titulares das turmas.
O projeto o qual acompanhei seu desenvolvimento e está comprovado na escola que foi de grande contribuição na construção do conhecimento do aluno, pois um trabalho que é pensado, planejado durante vários encontros e desenvolvido com entusiasmo interesse dos bolsistas tem tudo a dar certo, e, esse foi o objetivo do PIBID em nosso estabelecimento de ensino, pois acrescentou junto ao trabalho dos professores, fez a diferença na escola, os alunos demonstraram interesse e não queriam faltar às aulas, alguns estavam tão entusiasmados que diziam para os pais que não podiam faltar a aula devido ao projeto.
A comunidade escolar também ficou agradecida com a chegada de um projeto que realmente demonstrou comprometimento e diferença na escola, pois muitas vezes os projetos são lindos, mas na prática não é obtido o êxito esperado.
Devido à importância do trabalho desenvolvido, pais, professores e alunos estão aguardando a continuação do projeto para o próximo semestre letivo, inclusive pais de alunos que não são do ciclo de alfabetização anseiam por uma oportunidade para seus filhos.
4. Considerações finais
Pode-se ressaltar que o trabalho com jogos didáticos é de suma importância e a cada descoberta surgem novas ideias e adaptações que facilitam o processo de alfabetização alunos.
O jogo é um estímulo tanto para o desenvolvimento do intelecto da criança quanto para sua relação interpessoal, fundamental para o processo de aprendizagem infantil, pois contribui para a formação de sujeitos críticos e atuantes.
Pelo êxito do trabalho realizado pelos bolsistas do PIBID, que demonstraram dedicação, responsabilidade e comprometimento na escola constata-se a eficácia da ludicidade na sala de aula.
Referências
GASPARIN. J. L. Uma Didática para a Pedagogia Histórico Crítica. Campinas-SP: Autores Associados, 2002.
SOARES. M. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, n 25, Rio de Janeiro jan/abr, 2004. Disponível em http://www.scielo.br.Acesso em 01 de setembro de 2008.
PARANÁ/SEED. Currículo Básico para a escola Pública do Paraná. Curitiba. PR SUED/DEPG, 1990.
TEZANI, T. C. R., O Jogo e os Processos de Aprendizagem e Desenvolvimento: aspectos cognitivos e afetivos. (artigo publicado), 2004. Disponível em: http://www.psicopedagogiaonline.com.br Acesso em:
20 ago.2005.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente: O Desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 200
