• Nenhum resultado encontrado

Rev. Assoc. Med. Bras. vol.57 número4

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. Assoc. Med. Bras. vol.57 número4"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

À BEIRA DO LEITO

367 Rev Assoc Med Bras 2011; 57(4):367-368

INTRODUÇÃO

A incidência de colelitíase em pacientes cirróticos está duas vezes aumentada quando comparada à população em geral. Isso ocorre devido a hemólise intravascular, hi-peresplenismo, aumento dos níveis de estrogênio e redu-ção da motilidade e do esvaziamento vesicular.

A colecistectomia em pacientes cirróticos está asso-ciada à elevada taxa de morbimortalidade, relacionada a perda excessiva de sangue, insuiciência hepática pós- operatória e sepse. Desde a introdução da videolaparos-copia para o tratamento da litíase vesicular, tem-se dis-cutido se os pacientes cirróticos se beneiciariam dessa técnica.

O objetivo deste estudo é comparar a colecistectomia laparoscópica à aberta em pacientes cirróticos com cole-litíase sintomática.

MÉTODO

Realizou-se revisão da literatura por meio de pesquisa na base de dados MEDLINE com o uso da estratégia de bus-ca (liver cirrhosis) AND (laparoscopic cholecystectomy) na interface Clinical Queries (herapy/Narrow). As buscas foram encerradas em maio de 2011.

Foram selecionados, por meio da leitura dos títulos e resumos, apenas ensaios clínicos controlados e randomi-zados comparando a abordagem laparoscópica à aberta em pacientes cirróticos com colelitíase.

Medicina baseada em evidências

A colecistectomia laparoscópica é segura em pacientes com cirrose

hepática?

WANDERLEY MARQUES BERNARDO1, FELIPE TOYAMA AIRES2

1 Doutorado em Cirurgia Torácica pela Universidade de São Paulo; Especialização em Medicina Baseada em Evidências e em Desenvolvimento de Ensaios Randomizados, EBM Centre,

University of Oxford; Coordenador do Projeto Diretrizes AMB-CFM; Professor de Medicina Baseada em Evidência, Faculdade de Medicina de Santos (UNILUS), Santos,SP

2 Acadêmico, UNILUS, Santos,SP

©2011 Elsevier Editora Ltda.Todos os direitos reservados.

Os desfechos analisados foram incidência de compli-cações intra e pós-operatórias (descompensação da fun-ção hepática, hemorragia, encefalopatia, infecfun-ção de ferida operatória) e tempo de hospitalização.

A análise dos dados dicotômicos foi realizada por uma tabela 2 x 2 e comparada pelo teste qui-quadrado. A análise das variáveis contínuas foi realizada pela dife-rença entre médias. Adotou-se como nível de rejeição de hipótese de nulidade um valor igual ou menor que 0,05. Utilizou-se o programa RevMan 5 para a realização da metanálise dos dados.

RESULTADOS

Esta revisão incluiu dados de três ensaios clínicos ran-domizados1-3, totalizando 220 pacientes (108 no grupo Colecistectomia Laparoscópica [CL] e 112 no grupo Co-lecistectomia Aberta [CA]). No grupo CL, 76 pacientes foram classiicados como Child A, 28 Child B e 4 Child C. No grupo CA, 75 pacientes eram Child A, 34 Child B e 3 Child C.

Complicações intra e pós-operatórias. A incidência de complicações pós-operatórias foi de 15,7% no grupo CL e de 32,1% no grupo CA. A cirurgia laparoscópica reduziu o ris-co de ris-complicações em 17% (IC 95% 0,06 a 0,27; p = 0,003) quando comparada à cirurgia aberta, sendo necessário tra-tar seis pacientes para se obter esse benefício (Figura 1).

Laparoscópica Aberta Diferença de risco Diferença de risco

Estudo n Total n Total Peso M-H, Fixo, IC 95% M-H, Fixo, IC 95%

El-Awadi S, 2009 7 55 19 55 50,0% -0,22 [-0,37, -0,06] Hamad MA, 2010 5 15 5 15 13,6% 0,00 [-0,34, 0,34] Ji W, 2005 5 38 12 42 36,3% -0,15 [-0,33, 0,02]

Total (IC 95%) 108 112 100,0% -0,17 [-0,27, -0,06]

Total de eventos 17 36

Heterogeneidade: Chi2 = 1,39, df = 2 (p = 0,50); I2 = 0%

Teste de efeito global: Z = 2,95 (p = 0,003) -0,5 -0,25 0 0,25 0,5

(2)

À BEIRADOLEITO

368 Rev Assoc Med Bras 2011; 57(4):367-368

Tempo de hospitalização.Os pacientes submetidos à ci-rurgia laparoscópica apresentaram menor tempo de in-ternação hospitalar quando comparados aos da cirurgia aberta, com diferença, em média, de 3,8 dias (IC 95% 3,35 a 4,20 dias; p < 0,00001), como demonstrado na Figura 2.

CONCLUSÃO

Em pacientes cirróticos que apresentam colelitíase sinto-mática, a videolaparoscopia é um procedimento eicaz e seguro e pode ser indicada como primeira opção para a resolução do quadro.

REFERÊNCIAS

1. Hamad MA, habet M, Badawy A, Mourad F, Abdel-Salam M, Ab-del-Rahman Mel-T et al. Laparoscopic versus open cholecystectomy in patients with liver cirrhosis: a prospective, randomized study. J Laparoendosc Adv Surg Tech A 2010;20(5):405-9.

2. El-Awadi S, El-Nakeeb A, Youssef T, Fikry A, Abd El-Hamed TM, Ghazy H et al. Laparoscopic versus open cholecystectomy in cirrhotic patients: a prospective randomized study. Int J Surg 2009;7(1):66-9.

3. Ji W, Li LT, Wang ZM, Quan ZF, Chen XR, Li JS. A randomized controlled trial of laparoscopic versus open cholecystectomy in patients with cirrhotic portal hypertension. World J Gastroen-terol 2005;11(16):2513-7.

Laparoscópica Aberta Diferença de risco Diferença entre médias

Estudo Média DP n Média DP n Peso VI, Fixo, IC 95% VI, Fixo, IC 95% El-Awadi S,

2009 1,8 1,1 55 6 1,7 55 74,9% -4,20 [-4,74, -3,66] Hamad MA,

2010 2,1 2,3 15 4,5 1,2 15 12,5% -2,40 [-3,71, -1,09] Ji W, 2005 4,6 2,4 38 7,5 3,5 42 12,6% -0,15 [-4,20, -1,60]

Total

(IC 95%) 108 112 100,0% -3,81 [-4,28, -3,35]

Heterogeneidade: Chi2 = 8,34, df = 2 (p = 0,02); I2 = 76%

Teste de efeito global: Z = 16,13 (p < 0,000001)

Figura 2 – Metanálise sobre tempo de hospitalização comparando a cirurgia laparoscópica à aberta em pacientes cirróticos com colelitíase

Imagem

Figura 1 – Metanálise sobre complicações intra e pós-operatórias comparando a cirurgia laparoscópica à aberta em pacientes  cirróticos com colelitíase.
Figura 2 – Metanálise sobre tempo de hospitalização comparando a cirurgia laparoscópica à aberta em pacientes cirróticos  com colelitíase

Referências

Documentos relacionados

Wearing an elastic abdominal support can help and must be encouraged for at least 60 days ater surgery.. Pulmonary embolism: it is a rare complication, albeit a

Laparoscopic versus open cholecystectomy in patients with liver cirrhosis: a prospective, randomized study. Laparoscopic versus open cholecystectomy in cirrhotic patients:

Porém, em pacientes com mais de 6 anos de idade em crise de asma moderada e grave e que não responderam ao tratamento convencional, foi observada melhora da fun- ção pulmonar

However, in patients older than six years of age, with moderate to severe asthma attack that did not respond to conventional treatment, there was lung function im- provement

here is no speciic data related to Histoacryl migration frequency in the endovascular therapy, but it has already been described in the treatment of bleeding gastric ulcer and

Qual a importância desempenhada pela história clínica e exame físico no diagnóstico diferencial entre infecção urinária baixa e alta.. Ausência de febre, apesar de

Dysuria and polyuria with no vaginitis symptoms results in a diagnostic probability &gt; 90%5. Dysuria and polyuria exclude the risk of urethritis

Prospective cohort study, single-center,  evaluating adult patients admitted in a 31-bed teaching multi-disci- plinary intensive care unit (ICU). he inclusion criteria were: