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Escravidão, ontem e hoje: aspectos jurídicos e econômicos

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Academic year: 2017

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CARLOS HOMERO VIEIRA NINA

ESCRAVIDÃO ONTEM E HOJE: ASPECTOS JURÍDICOS E

ECONÔMICOS DE UMA ATIVIDADE INDELÉVEL SEM FRONTEIRA

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre, no Curso de Mestrado em Direito Internacional e Econômico no Programa de Pós-graduação da Universidade Católica de Brasília – UCB.

Orientadora: Profa. Dra. Arinda Fernandes

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RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade identificar os aspectos jurídicos e econômicos que se fazem presentes nas diversas fases da escravidão a que está submetida a humanidade, quais sejam: a escravidão antiga, a escravidão histórica e a escravidão contemporânea. Trata-se de uma análiTrata-se historiográfica com ênfaTrata-se nos aspectos jurídicos e econômicos do fenômeno da escravidão ontem e hoje, ressaltando suas principais diferenças e similaridades, que em termos metodológicos foi embasado na extensa leitura de títulos ligados ao tema e uma ampla pesquisa em documentos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), visando à coleta de dados sobre o assunto. Quase tão antiga quanto o homem, a escravidão, nas suas diversas fases, nem sempre teve significados, formas e objetivos iguais, mas sempre teve em comum, a motivação econômica, com ou sem respaldo legal. Embora sem a pretensão de esgotar o tema, a dissertação restringe-se, no que se refere à escravidão antiga à ocorrida na Grécia e em Roma. No que se refere à escravidão histórica, ela se limita ao período que vai da metade do século XV até o final do século XIX, com destaque para o Brasil. Já com relação à escravidão contemporânea, das diversas formas tipificadas como tal, o estudo aborda aspectos do tráfico internacional de pessoas e, com maior ênfase, o trabalho forçado e suas implicações jurídicas e econômicas no mundo atual. São apresentados os principais instrumentos internacionais de combate e prevenção da escravidão, tráfico de pessoas e de outras instituições e práticas análogas à escravatura, de modo especial as Convenções da OIT.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 17

1.1PERGUNTAS DA PESQUISA... 18

1.2OBJETIVOS DA PESQUISA... 19

1.3METODOLOGIA DA PESQUISA... 19

1.4AMPARO TEÓRICO DA PESQUISA... 22

2 A ESCRAVIDÃO ANTIGA... 31

2.1 A ORIGEM DA PALAVRA ESCRAVO... 31

2.2 ASPECTOS JURÍDICOS E ECONÔMICOS DA ESCRAVIDÃO ANTIGA... 32

2.3 A ESCRAVIDÃO GREGA... 34

2.3.1 Aspectos jurídicos e econômicos da escravidão grega... 36

2.4 A ESCRAVIDÃO ROMANA... 39

2.4.1 O incremento e os inconvenientes da escravidão romana... 40

2.4.2 Aspectos jurídicos e econômicos da escravidão romana... 40

3 A ESCRAVIDÃO HISTÓRICA... 46

3.1 ASPECTOS JURÍDICOS E ECONÔMICOS DA ESCRAVIDÃO HISTÓRICA... 47

3.2 A ESCRAVIDÃO HISTÓRICA NO BRASIL... 49

3.2.1 Aspectos jurídicos e econômicos da escravidão histórica no Brasil... 50

3.2.2 O desmonte do sistema escravagista no Brasil... 53

3.3 O ABOLICIONISMO... 57

3.4 A LEGISLAÇÃO SOBRE A ESCRAVIDÃO NO BRASIL IMPÉRIO... 58

3.4.1 A lei de 7 de novembro de 1831... 61

3.4.2 A lei de 4 de setembro de 1850... 62

3.4.3 Decreto de 6 de novembro de 1866... 63

3.4.4 A lei de 28 de setembro de 1871... 64

3.4.5 A lei de 28 de setembro de 1885... 67

3.4.6 A lei de 13 de maio de 1888... 69

4 A ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA... 71

4.1 DADOS COMPARATIVOS ENTRE AS ESCRAVIDÕES CONTEMPORÂNEA E HISTÓRICA... 76

4.2 O TRABALHO FORÇADO: A NOVA FACE DA ESCRAVIDÃO... 77

4.3 AS FORMAS CONTEMPORÂNEAS DE ESCRAVIDÃO... 83

4.3.1 O tráfico de pessoas... 84

4.3.2 O comércio sexual... 86

4.3.3 A imigração ilegal... 88

4.4 O TRABALHO FORÇADO COMO CONSEQUÊNCIA DO TRÁFICO DE PESSOAS... 91

4.5 A GEOGRAFIA E O LUCRO DO TRABALHO FORÇADO NO MUNDO... 94

4.5.1 A estimativa do lucro com o trabalho forçado... 97

4.5.2 A realidade do trabalho forçado no mundo... 99

4.6 AS MEDIDAS ECONÔMICAS E JURÍDICAS DE COMBATE AO TRABALHO FORÇADO... 102

4.7 A ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA NO BRASIL... 107

4.7.1 As providências do Brasil para combater o trabalho forçado... 109

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5 MEDIDAS ATUAIS DE COMBATE À ESCRAVIDÃO E OS TRATADOS... 119

5.1 A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA... 120

5.1.1 O boicote econômico ao trabalho escravo... 123

5.2 OS TRATADOS E A ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA... 124

5.2.1 A Organização das Nações Unidas (ONU)... 125

5.2.1.1 A Convenção sobre a escravatura assinada em Genebra, em 25 de setembro de 1926 e emendada pelo Protocolo aberto à assinatura ou aceitação na sede da ONU, Nova York, em 7 de dezembro de 1953... 126

5.2.1.2 A Convenção suplementar sobre a abolição da escravatura, do tráfico de escravos e das instituições e práticas análogas à escravatura, de 7 de setembro de 1956... 127

5.2.1.3 O Protocolo de Palermo... 130

5.2.2 A Organização Internacional do Trabalho (OIT)... 133

5.2.2.1 A Convenção nº 29, de 1930, sobre o trabalho forçado... 135

5.2.2.2 A Convenção nº 105, de 1957, sobre a abolição do trabalho forçado... 138

5.2.3 A Organização dos Estados Americanos (OEA)... 140

5.2.3.1 Convenção americana sobre direitos humanos de 1969 – O Pacto de São José da Costa Rica... 140

5.3 O BRASIL E OS TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS... 141

5.3.1 O Brasil e o combate à escravidão no Mercosul... 143

6 CONCLUSÕES... 145

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17

INTRODUÇÃO

Embora tão antiga quanto o homem, a escravidão nem sempre teve significados, formas e objetivos iguais, mas decerto sempre apresentou algo em comum no decorrer da sua história: a motivação econômica, com ou sem respaldo legal.

A escravidão, para as tribos primitivas, era apenas um momento de espera, antes que os vencedores devorassem os vencidos, deles apropriando-se de sua força e coragem. O escravo tinha então um valor de uso, mas não de troca; e, na sua crença, a morte lhe assegurava a vida, incorporando em outro corpo o seu espírito guerreiro.1

No momento seguinte, o escravo já não é o alimento, mas aquele que o produz. É o braço de um grupo, quase um membro da família, temente ao mesmo deus e dele recebendo igual proteção.2

A necessidade de mobilizar a força de trabalho para tarefas superiores à capacidade de um indivíduo ou de uma família existe desde a Pré-história, e surge da acumulação de recursos e do poder em mãos determinadas. Quando não alcançada pela cooperação, busca-se a força de trabalho indispensável pela compulsão, ou seja pela força das armas ou da lei ou do costume, em geral por ambos. O significado dessa compulsão, como esclarece Finley, é bem diferente da inerente ao trabalho assalariado, que abstrai conceitualmente a força do trabalho do homem que a possui. O trabalho forçado pode assumir variadas formas e, entre elas, a escravidão. O trabalhador assalariado, quando aceita um emprego, cede também um pouco da sua independência, mas essa perda não pode ser classificada como aquela que sofrem os escravos.3

O abolicionista brasileiro Joaquim Nabuco, no final do século XIX, antes portanto do holocausto da II Guerra, dizia que a história não

offerece no seu longo decurso um crime geral que pela perversidade, horror, e infinidade dos crimes particulares que o compoem, pela sua duração, pelos seus motivos sordidos, pela deshumanidade do seu systema complexo de medidas, pelos proventos d’elle tirados, pelo

1 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. op. cit.,p. 34. 2 Ibid., p. 34.

3 FINLEY, Moses I.

Escravidão antiga e ideologia moderna – Tradução de Norberto Luiz Guarinello. Rio de

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18

numero das suas victimas, e por todas as suas consequencias, possa de longe ser comparado á colonização Africana da America.4

A escravidão é vista pelo mundo civilizado como uma aberração do comportamento humano ou, no mínimo, como algo restrito aos tempos em que os homens eram menos racionais, uma prática de povos bárbaros, limitada a regiões não civilizadas. O que é incorreto. A escravidão atravessou o século XX e permanece neste novo século, embora de maneira dissimulada. No passado dos povos, há a presença do escravismo como prática, quando não como instituição – em ambos os casos fazendo parte do inconsciente coletivo da sociedade humana. Os povos que não a exercitaram formam uma minoria tão inexpressiva que, do ponto de vista acadêmico, somente servem para confirmar a regra.5

Comete anacronismo quem se refere à escravidão como algo de outros tempos. Ela é atual. Quando ela se tornou uma forma econômica antiquada, ressurgiu repaginada e se desenvolveu nos países de civilização capitalista. Os que viviam em países e tempos em que a escravidão constituía um instrumento geral ou indispensável da produção, ainda que negassem a ela fundamento natural, admitiam a sua necessidade econômica, com base jurídica no direito civil.6 Condenável por todos, o certo é que a escravidão atravessou os séculos e permanece nos dias de hoje.

Para levar a bom termo metodológico, serão colocadas algumas questões como preliminares, como segue:

1.1 PERGUNTAS DA PESQUISA

Dentre as questões que serão trazidas ao debate, procurar-se-á verificar: a) até que ponto o interesse econômico tem pautado, através dos tempos, as medidas jurídicas de amparo ou da condenação da escravidão pelo mundo? b) desde quando, e quais as medidas que vêem sendo adotadas para combater a escravidão no mundo globalizado contemporâneo? c) os grupos sociais mais vulneráveis ao trabalho escravo são hoje diferentes dos grupos sociais no

4 NABUCO, Joaquim.

O Abolicionismo – introdução de Izabel A. Marson e Célio R. Tasinafo. Brasília: Editora

Universidade de Brasília, 2003, p.131.

5 FEMENICK, Tomislav R. Os escravos – Da escravidão antiga à escravidão moderna. São Paulo: CenaUn,

2003, p. 13.

6 CICCOTTI, Ettore.

Referências

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