Covered Bonds: Metodologia de Rating e
Particularidades no Brasil
Jayme Bartling, diretor sênior de finanças estruturadas
Robert Krause, analista sênior de finanças estruturadas
Agenda
Modelos de emissão de covered bonds Metodologia de rating
Teto dos ratings nos mercados emergentes
Apêndice
Qual é a diferença entre covered bonds e securitização?
Covered Bonds Securitização Tipo de
emissor
Instituição financeira Empresa de securitização / SPV
Garantias de
pagamento
Emissor e carteira de ativos segregada (dual-recourse)
Somente pool de ativos
Tipos de ativo
Filtro estabelecido por lei/contratos: créditos imobiliários com garantia em imóvel; créditos contra entidades públicas; e bancos
Muitos tipos de ativos podem ser securitizados
Pool de
ativos
Dinâmico, ou seja, ativos podem ser adicionados, para sustentar emissão de CB adicional, e substituídos
Geralmente estático, com exceção dos master trusts no Reino Unido
Tratamento contábil
Funding no balanço (dentro do balanço)
Financiamento pode ser fora ou dentro do balanço
Covered Bonds Securitização Tipos de
emissão
Normalmente juros fixos, com
vencimento único no final do prazo; também existem vencimentos
prorrogáveis e alguns poucos CBs são pass-through
Geralmente juros variáveis,e amortização pass-through
Tranching Não existe. Todos os CBs de um emissor possuem o mesmo direito contra o pool de ativos. Reforço de crédito mediante
sobrecolateralização
Existem uma ou várias classes de dívida dentro da mesma estrutura de securitização (com subordinação)
Resgate Pagamento na data de vencimento, salvo extensão. No caso de não pagamento dos CBs, liquidação (parcial) do pool de ativos
Pagamento dos títulos emitidos com o fluxo de caixa natural do pool de ativos
Hedging Posições abertas de juros e câmbio são comuns no caso de covered bonds baseados em lei específica
Geralmente hedge quase perfeito entre ativos e títulos emitidos
Covered Bonds Versus Securitização (cont.)
Agenda
Modelos de emissão de covered conds
Metodologia de rating
Teto dos ratings nos mercados emergentes
Apêndice
Qual é a diferença entre covered bonds e securitização?
Outros ativos
Estruturas Básicas de Emissão de Covered Bonds:
Modelo Integrado e Modelo de Garantia Via SPV
Instituição Financeira
Ativos elegíveis Outros Ativos Dívida unsecured Capital Agente de m onit oram en toAutoridades Reguladoras
Lei Específica
Dívida privilegia-da Inv es tidores Ativos elegíveis Dívida Capital Special Purpose Company (SPV) Pool de ativos Dívida subordinada Inv es tidores GarantiaInstituição Financeira
Autoridades Reguladoras
TrusteeAgenda
Modelos de emissão de covered bonds
Metodologia de rating
Teto dos ratings nos mercados emergentes
Apêndice
Qual é a diferença entre covered bonds e securitização?
Ratings de Covered Bonds
Rating correspondente à probabilidade de inadimplência (PD)
do covered bond, que é determinado em função de:
> Issuer Default Rating (IDR) do emissor
> Fator de descontinuidade (D-Factor) do programa de covered bonds
> Resultado da simulação dos fluxos de caixa da carteira de ativos e dos CBs emitidos, resultando na sobrecolateralização mínima entre a carteira e os CBs para cada nível de rating
Ajuste para saber o nível esperado de recuperação do
investimento no CB após a sua inadimplência
> Em conformidade com os critérios gerais da Fitch sobre Ratings de Recuperação
=
+/-Três Passos Para Determinar o Rating dos Covered
Bonds
IDR: Issuer Default Rating; OC: Sobrecolateralização; PD: Probabilidade de inadimplência; CB: Covered Bond. Fonte: Fitch Ratings
IDR (=rating mínimo dos CBs correspondente à PD) Rating máximo alcançável dos CBs correspondente à PD Rating dos CBs correspondente à PD Rating dos CBs AAA AA+ AA AA-A+ A Passo 1: combinar D-Factor com IDR Passo 2: simulação dos fluxos de caixa Passo 3: calcular o ajuste de recuperação
Passo 1: Determinação do D-Factor e Combinação
com IDR
IDR (=rating mínimo dos CBs correspondente à PD) Rating máximo alcançável dos CBs correspondente à PD Rating dos CBs correspondente à PD Rating dos CBs AAA AA+ AA AA-A+ A Passo 1: combinar D-Factor com IDR Passo 2: simulação dos fluxos de caixa Passo 3: calcular o ajuste de recuperação
IDR: Issuer Default Rating; OC: Sobrecolateralização; PD: Probabilidade de inadimplência; CB: Covered Bond. Fonte: Fitch Ratings
Fator de Descontinuidade (D-Factor)
Segregação dos Ativos
Gestão de Liquidez Administração Alternativa Supervisão dos CBs 45% 35% 15% 5% Ponderação D–Factor que vai de 0% a 100% Descontinuidade de 100%, caso > Segregação dos ativos e/ou
> Gestão de liquidez e/ou
> Administração alternativa
não sejam suficientemente fortes
Componentes abordados na análise de descontinuidade:
Nota de 0 a 10 atribuída para cada complexo temático
IDR
D-Factor
100% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 14% 10% 5% 0%
AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA
AA+ AA+ AA+ AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AA AA AA+ AA+ AA+ AA+ AAA AAA AAA AAA AAA AAA AA- AA- AA AA AA+ AA+ AA+ AAA AAA AAA AAA AAA A+ A+ AA- AA- AA- AA AA AA+ AA+ AAA AAA AAA
A A A+ AA- AA- AA AA AA+ AA+ AAA AAA AAA
A- A- A A+ A+ AA- AA- AA AA+ AA+ AAA AAA BBB+ BBB+ A- A A+ A+ AA- AA AA+ AA+ AAA AAA BBB BBB BBB+ BBB+ A- A A+ AA- AA AA AA+ AAA BBB- BBB- BBB BBB BBB BBB BBB+ A A+ AA- AA AAA BB+ BB+ BBB- BBB- BBB- BBB BBB BBB+ A- A AA- AAA BB BB BB+ BB+ BBB- BBB- BBB BBB BBB+ A- AA- AAA BB- BB- BB BB BB+ BB+ BBB- BBB BBB BBB+ A AAA B+ B+ BB- BB BB BB+ BB+ BBB- BBB BBB A- AAA B B B+ BB- BB- BB BB+ BBB- BBB- BBB BBB+ AAA B B- B B+ BB- BB- BB BB+ BBB- BBB- BBB+ AAA CCC+/CCC CCC+/CCC B- B B+ BB- BB- BB BB+ BBB- BBB AAA
Combinação do IDR Com D-Factor
Matriz de PD de Covered Bonds:
D-Factor: Segregação dos Ativos (45%)
Segregação dos
Ativos
A carteira de ativos é efetivamente segregada das reivindicações dos outros credores do emissor? A segregação também é válida para
sobrecolateralização “excedente”?
Existe risco de claw-back se sobrevier a insolvência do emissor?
Existem providências contra o risco de comingling, ou seja, que pagamentos pertecentes ao pool de ativos sejam misturados com outras receitas do emissor insolvente?
Existe proteção contra risco de set-off (compensação de créditos) por parte de devedores do emissor?
D-Factor: Gestão de Liquidez (35%)
Gestão de Liquidez
Qual o tempo necessário para vender ativos da carteira? Tempo concedido pelo mecanismo de proteção contra déficit de liquidez, no caso de insolvência do emissor Amortização pass-through Vencimento prorrogável / exigências mínimas regulatórias
“Pre Maturity Test”
Diretrizes públicas de liquidez Diretrizes internas de liquidez Casamento “natural “ de prazos e ativos substitutos com liquidez
D-Factor: Administração Alternativa (15%)
Administração
Alternativa
Existem providências para nomear um administrador independente antes da insolvência do emissor, a fim de que sejam resguardados os interesses dos investidores em CBs?
O administrador poderá vender partes da carteira ou tomar empréstimos?
Os ativos que fazem parte da carteira poderão ser
facilmente identificáveis nos sistemas de TI do emissor? O emissor usa sistemas de TI padronizados?
Qual é o grau de automatização do reporting relacionado à carteira?
D-Factor: Supervisão dos CBs (5%)
Supervisão dos CBs
O regulador bancário monitora especificamente os emissores de CBs (reporting, cenários de estresse etc.)?
Em programas de CBs contratuais (sem lei específica) não existe
supervisão específica
Nota “0”
O instrumento de CB tem um histórico significativo no país?
Os CBs são instrumentos de funding importantes para os bancos locais?
Já houve medidas por parte das autoridades para assegurar o pagamento pontual aos investidores dos CBs?
Passo 2: Simulação dos Fluxos de Caixa da Carteira e
dos CBs
IDR (=rating mínimo dos CBs correspondente à PD) Rating máximo alcançável dos CBs correspondente à PD Rating dos CBs correspondente à PD Rating dos CBs AAA AA+ AA AA-A+ A Passo 1: combinar D-Factor com IDR Passo 2: simulação dos fluxos de caixa Passo 3: calcular o ajuste de recuperação
IDR: Issuer Default Rating; OC: Sobrecolateralização; PD: Probabilidade de inadimplência; CB: Covered Bond. Fonte: Fitch Ratings
Modelo de Fluxo de Caixa de CB
O rating dos CBs corresponde ao mais alto nível de estresse aplicado sobre os fluxos de caixa que permite à carteira -incluindo a sobrecolateralização - honrar pontualmente as
amortizações de principal e juros dos CBs emitidos.
passa falha AA+ AA etc A falha falha AA+ AA A passa Cenário de Estresse PD dos Covered Bonds Modelo Fluxo de Caixa Rating máximo dos CBs alcançável com base na PD Issuer Default Rating
Aplica cenários de estresse de risco de crédito (resultando na análise da
carteira), de mercado etc. sobre os fluxos de caixa
Descompassos de Vencimento Entre Ativos e CB
São Comuns e Também Precisam Ser Simulados
Evento Opções Premissas da Fitch Déficit Venda de ativos Empréstimos > Liquidez do mercado > Custo de funding do comprador > Descontos (genéricos e fire sale) Excedente Re-investimento a curto prazo Juros reduzidos conforme o cenário de estresse 0 10 20 30 40 50 60 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6
Balanço acumulado na conta virtual (direita) Perfil de amortização dos CB (esquerda)
Perfil de amortização do pool de ativos (esquerda)
(EURbn) (EURbn)
Passo 3: Cálculo do Ajuste de Recuperação
IDR (=rating mínimo dos CBs correspondente à PD) Rating máximo alcançável dos CBs correspondente à PD Rating dos CBs correspondente à PD Rating dos CBs AAA AA+ AA AA-A+ A Passo 1: combinar D-Factor com IDR Passo 2; simulação dos fluxos de caixa Passo 3: calcular o ajuste de recuperação
IDR: Issuer Default Rating; OC: Sobrecolateralização; PD: Probabilidade de inadimplência; CB: Covered Bond. Fonte: Fitch Ratings
Maximum notching Ratings de Recuperação Classificação Taxa de Recuperação(%) Grau de investimento Grau Especulativo RR1 Excepcional 91-100 +2 +3 RR2 Alta 71-90 +1 +2 RR3 Boa 51-70 +1 +1 RR4 Média 31-50 - -RR5 Abaixo da Média 11-30 -1 -1 RR6 Baixa 0-10 -1/-2 -2/-3
Fornecer Benefício à Recuperação Após
Inadimplência dos CBs (Ratings de Recuperação)
Fonte: Fitch Ratings
Se a segregação dos ativos for muito fraca, o rating do programa analisado
será igual ao IDR do emissor!
Issuer Default Rating
D-Factor
Sobrecolateralização
Resumo: Variáveis Determinantes do Rating de
Covered Bonds
Ponto de partida da análise de rating de CB e corresponde ao rating mínimo dos CBs
Indica a distância máxima entre a
probabilidade de inadimplência dos CBs e a probabilidade de inadimplência do
emissor
Protege contra o risco de crédito da carteira de ativos, contra os riscos de mercado e contra os descompassos entre ativos e CBs
Determina o nível de recuperação após a inadimplência dos CBs
Ratings de Covered Bond Atribuídos Pela Fitch
Em agosto de 2010, a Fitch mantinha ratings para:
>
116 programas de CBs:
–
91 lastreados por créditos imobiliários (residenciais e comerciais)
–
25 lastreados por créditos a entidades públicas
>
Emitidos por mais de 100 instituições financeiras…
>
…de 16 países diferentes
D-Factors Atribuídos Pela Fitch a Programas de
Mortgage Covered Bonds
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
ALE LUX UK PRT IRL GRC FRA DNK NLD ITA NOR CAN SUI ESP USA
(%) Dispersão (min-max)
Fonte: Fitch Ratings
Comparação Entre Ratings Atribuídos
0
20
40
60
80
100
AAA
AA+
AA
AA-
A+
A
A-
BBB+
BBB
BBB-Rating dos CB Rating dos CB com base na PD IDR do emitente
Fonte: Fitch Ratings
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Modelos de emissão de covered bonds Metodologia de Rating
Teto dos ratings nos mercados emergentes
Apêndice
Qual é a diferença entre covered bonds e securitização?
Limites de Rating de Covered Bonds na Escala
Internacional em Mercados Emergentes e no Brasil
> A exemplo de transações de finanças estruturadas, em mercados emergentes, os
ratings de covered bonds na escala internacional são influenciados pelo rating soberano e pelo teto país (Metodologia: “Criteria for Existing Asset Securitization in Emerging
Markets: Sovereign Constraints”).
> Dependendo da avaliação do risco de evento (event risk) no país estudado e das medidas tomadas para mitigá-los, a Fitch limita os ratings de programas de finanças estruturaas/CB a, no máximo, quatro níveis acima do teto país.
> Além disso, em cenários em que o rating está acima do rating soberano, a Fitch aplica estresses severos na avaliação do riscos de crédito e de mercado da carteira.
> No caso do Brasil, o rating soberano é BBB- (Perspectiva Positiva) e o teto país, „BBB„. Portanto, o rating de um programa de covered bonds no Brasil não poderia chegar, atualmente, a uma categoria de rating acima de „A„ na escala internacional (Moeda Local e Estrangeira).
Agenda
Modelos de emissão de covered bonds
Metodologia de rating
Teto dos ratings nos mercados emergentes
Apêndice
Qual é a diferença entre covered bonds e securitização?
Desafios na Atribuição de Ratings no Brasil
>
Vantagem de rating CB vs. IDR limitado para grandes bancos
Os ratings na escala nacional dos grandes bancos no mercado de crédito imobiliário são muito altos: AA+ (bra), no caso da Caixa; AAA (bra), no caso de Itaú-Unibanco, Bradesco, Santander, entre outros.
Na escala internacional, estes bancos possuem ratings entre BBB e BBB+, ou seja, igual ou acima do teto país. Para obter ratings acima dessa categoria, a carteira precisa suportar estresses pesados, e a sobrecolateralização exigida será alta.
…mas CBs emitidos por bancos médios poderiam obter ratings bem acima do seu
IDR!
>
Mercado secundário de créditos imobiliários residenciais pouco
líquido no Brasil
Programas de CB que dependem da venda da carteira (ou de parte dela) para enfrentar pagamentos devidos aos investidores seriam vistos criticamente pela Fitch.
Provavelmente, aplicariam-se descontos altos sobre o principal dos ativos a serem vendidos (modelagem dos fluxos de caixa).
Possíveis Modelos de Emissão de Covered Bonds de
Financiamento Hipotecário no Brasil
>
Letra Financeira (LF) / CDB
– Com a introdução da LF, os bancos brasileiros tem à disposição um instrumento nacional de dívida de longo prazo. Através de cessão fiduciária de títulos de crédito, as LF poderiam ser lastreadas por créditos imobiliários com garantia em alienação fiduciária de imóvel residencial.
– CDBs também podem ser lastreados por ativos e emitidos com prazos mais longos do que os atualmente vistos no mercado.
>
Letra de Crédito Imobiliário (LCI)
– Instrumento parecido com o CB. É emitido por instituição financeira e “lastreado” por créditos imobiliários, mas não existe segregação dos ativos servindo como “lastro” que permita conferir às LCIs um rating acima o IDR.
– Porém, mediante contratos adicionais, as LCI possivelmente poderiam ser garantidas por uma carteira de ativos.
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Modelos de emissão de covered bonds Metodologia de rating
Rating caps nos mercados emergentes
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Qual é a diferença entre covered bonds e securitização?