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OS CAMPONESES: uma leitura necessária

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OS CAMPONESES: uma leitura necessária

Marcelo do NASCIMENTO ROSA Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de

Goiás/Regional Catalão. Membro do Núcleo de Pesquisa Geografia, Trabalho e Movimentos Sociais – GETeM/CNPq.

Bolsista CAPES/CNPq E-mail: marcelo.geoufg@gmail.com José Henrique Rodrigues STACCIARINI Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão. E-mail: jhrstacciarini@hotmail.com

INTRODUÇÃO

A compreensão da existência e vida camponesa na atualidade exige um olhar atento às transformações capitalistas ocorridas no campo nas últimas décadas do século XX e início do século XXI, bem como as interferências que as mudanças ocorridas nesse período têm provocado ao território camponês. Nesse sentido, o campesinato como parte da sociedade capitalista apresenta novas facetas econômicas, sociais e culturais que, longe de representar uma “descamponesação”, tece novas e diferentes estratégias de trabalho e produção, regada pela luta política.

Esse fato tem sido questionado por muitos estudiosos que não concebem a capacidade dessa população em se reproduzir socialmente. Assim, parte-se da compreensão de que o campesinato está inserido no modo capitalista de produção, reproduzindo-se pela contradição do capital ou por meio da luta pela terra oriunda dos movimentos sociais.

Essas transformações têm provocado diversas interpretações acerca da existência e reprodução do campesinato porque, ao contrário de muitas teses, o fato é que o desenvolvimento capitalista não tem provocado o seu desaparecimento. Os camponeses têm buscado a sua recriação, seja com a luta pela Reforma Agrária, seja

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com o desenvolvimento de diferentes estratégias que possibilitem a existência e a permanência na terra já conquistada.

Para compreender esse processo, é preciso promover a reflexão sobre a existência camponesa e a pertinência desse conceito para a análise desses sujeitos que vivem e trabalham na terra e que procuram na terra muito mais do que renda, mas a concretização de um modo de vida pautado na autonomia do trabalho e na reprodução social baseada em profundos vínculos familiares e comunitários. Enquanto metodologia do trabalho científico busca-se a revisão teórica conceitual dos diferentes elementos constituidores da questão agrária brasileira, sobre tudo do campesinato.

OS CAMPONESES UMA REFLEXÃO TEÓRICA

Buscar compreender os camponeses no início do século XXI é para além de remontar pressupostos teórico-metodológicos, admitir a existência desses sujeitos em meio às mudanças que ocorrem de forma acelerada no contexto do capitalismo mundializado. A partir da contextualização na totalidade, repleto, de manifestações desiguais e contraditórias que resultam em construções territoriais singulares, é que persegue se o objetivo de conhecer os camponeses para, dessa forma, entender suas estratégias de reprodução social.

No Brasil, no campo, as relações sociais de produção e trabalho capitalistas são caracterizadas por formas rentistas não apenas na extração da mais-valia para a acumulação capitalista. Paulino (2006, p.28) mostra que “a extração do excedente social está fundamentada em formas de apropriação do território baseadas no privilégio da concentração da propriedade privada da terra”, e isso se transforma em um instrumento de acumulação de capital tanto pela apropriação da renda da terra quanto porque a terra fica inacessível à maior parte dos trabalhadores e que, aos seus proprietários, é dado um poder que os isenta de qualquer obrigação de fazer com que a terra cumpra a sua função social. Com isso, é reduzida a oferta de trabalho onde predomina a concentração

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fundiária, gerando um excedente de mão de obra incapaz de ser absorvidos pelos demais setores da economia.

Esse processo atende a lógica de acumulação do capital, diminuindo as condições de vida dos trabalhadores. Martins (1994, p.129), ao falar dessa particularidade do desenvolvimento do capitalismo no Brasil, não a toma apenas relacionada às atividades desenvolvidas no campo:

Enquanto para o modelo europeu no centro do desenvolvimento capitalista está o capital, no modelo brasileiro, profundamente marcado pela tradição da dependência colonial, a terra é essencial para o desenvolvimento capitalista porque propícia uma acumulação de capital com base no tributo e na especulação, isto é, com base na renda da terra.

Essa particularidade se sustenta na manutenção de uma estrutura fundiária altamente concentrada que marca a ocupação do território brasileiro e a história de índios, negros, caboclos etc que têm suas trajetórias marcadas pela luta contra a exclusão que esse modelo de apropriação da terra produz no país há séculos. Contudo, há que se lembrar de que, diante do desenvolvimento capitalista desigual e contraditório (Smith, 1988), pode-se afirmar a existência de tipos diferentes de relações de produção no campo.

Oliveira (1994) ensina que, de um lado, têm-se relações tipicamente capitalistas, nas quais os trabalhadores se encontram totalmente separados dos meios de produção, inserindo-se no mercado como portadores da mercadoria força de trabalho. Desta forma, a realização da atividade agrícola ocorre pelo contrato de compra e venda, no qual os trabalhadores são os vendedores e os proprietários são os compradores dessa mercadoria. E como só o trabalho pode criar valor, à medida que o proprietário da terra compra a força de trabalho, controla o seu produto/valor, deduzindo deles apenas a parte que será convertida em salário e que garantirá a reprodução da força de trabalho.

Por outro lado, têm-se as relações não tipicamente capitalistas. Estas podem ser encontradas nas formas de sujeição violenta empregadas com os trabalhadores destituídos dos meios de produção, nas quais os proprietários obtêm a força de trabalho

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sem o mecanismo de compra e venda como acontece em muitos casos de trabalho análogo à escravidão registrada pelo Ministério do Trabalho em propriedades do agronegócio. E nas formas autônomas de trabalho, resultado do controle dos meios de produção por quem tem a força de trabalho, mesmo que mobilize a família e, periodicamente, contrate força de trabalho complementar e, assim, assegura a produção/reprodução camponesa.

Almeida (2006, p.85) demarca esses diferentes tipos de relações,

Enquanto na agricultura capitalista, a mercadoria primordial dos trabalhadores é a força de trabalho, sendo como as demais transacionada no emaranhado das relações econômicas, nas unidades camponesas a inserção dos trabalhadores não se dá nesses mesmos moldes, pois que o que eles têm a oferecer não é a mercadoria força de trabalho, mas a renda camponesa da terra.

Contudo, os capitalistas também conseguem assegurar a transferência da renda da terra produzida pelos camponeses, para si, transformando-a em capital e garantindo-lhes a maior parte do território. Isso explica a lógica contraditória do modo capitalista de produção, cuja expansão “além de redefinir antigas relações, subordinando-as à sua produção, engendra relações não capitalistas igual e contraditoriamente necessárias à sua reprodução.” (Martins, apud Oliveira, 1986, p.67).

A partir dessa interpretação é possível afirmar, como faz Paulino (2006), a existência de dois tipos de propriedade privada da terra: a capitalista e a camponesa. Na propriedade capitalista a terra é terra de negócio1, seja pelo fato de constituir um

instrumento de exploração do trabalho alheio, logo, de extração de mais-valia, seja pelo fato de ser mantida como instrumento de especulação (reserva de valor).

Quanto à propriedade camponesa, constitui-se em terra de trabalho, porque a exploração está restrita ao regime de trabalho familiar e, dessa forma, não se configura como instrumento de acumulação de capital, mas de sobrevivência da família. Só é possível compreender essa dualidade terra de trabalho x terra de negócio se se afirmar

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o caráter contraditório do desenvolvimento capitalista, que comporta tanto a propriedade privada capitalista quanto a propriedade privada camponesa da terra.

Contudo, esses dois tipos de propriedades possuem princípios opostos. No caso da propriedade capitalista prevalece o critério D-M-D’ (dinheiro – mercadoria – mais dinheiro), mostrando que o dinheiro na agricultura é investido para produzir mercadoria que, ao ser comercializado, deve assegurar um retorno monetário maior do que o que foi investido. Já na propriedade camponesa, o princípio é outro: M-D-M (mercadoria – dinheiro – mercadoria), em que a produção de mercadoria tem o objetivo de obter dinheiro para a aquisição de mercadorias que não são produzidas na terra camponesa, mas que são indispensáveis à reprodução da família.

Essa dualidade, aparentemente paradoxal, cria muitas divergências entre pesquisadores, principalmente entre aqueles que perdem de vista o caráter contraditório do modo capitalista de produção e isso resulta em diferentes posturas teórico-metodológicas adotadas para explicar a existência (ou o desaparecimento) dos camponeses no capitalismo. No caso do Brasil, ainda há dificuldade da discussão sobre a existência ou não de traços feudais no campo.

Esse debate retoma Lenin (1982). Buscando interpretar o processo capitalista, o autor elegeu como pontos de análise a acumulação e a exploração e apontou que o escravismo moderno não se diferencia em nada do feudalismo e disso derivaram (derivam) confusões interpretativas que definem o campesinato como um resto de feudalismo.

Contudo, é certa a diferença entre o feudalismo e o escravismo moderno, já que o escravismo se deu no interior do capitalismo, em que o próprio trabalhador escravo era fator de reprodução do capital e, antes mesmo de produzir riqueza a partir de seu trabalho, já permitia o enriquecimento daquele que intermediava o seu comércio. E, por se tratar de uma relação mercantil não pode ser comparada à servidão feudal, no qual não havia mobilidade do trabalho de forma alguma.

A existência do campesinato permite a apropriação da renda, sendo que o camponês não comparece como vendedor da mercadoria força de trabalho, exceto em

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ocasiões esporádicas, quando isso constitui em recurso para a manutenção da condição camponesa, como é o caso da venda da força de trabalho em períodos entressafras.

Entretanto, como salienta Vergés (2011), a venda periódica da força de trabalho não descaracteriza o camponês como sujeito social, desde que todo o esforço seja para garantir a permanência e a autonomia de seu trabalho dentro da terra camponesa. E há que se lembrar de que em um modo de produção no qual o fim é a acumulação de capital e não necessariamente a proletarização, essa situação é perfeitamente coerente. Dessa forma, como ensina Oliveira (2002), é fato que o capitalismo provoca ao mesmo tempo o surgimento de classes sociais diversas e a transformação completa de antigos papéis, fazendo com que as permanências estejam presentes de formas modificadas.

A inserção do Brasil na rota mercantil, com a territorialização dos europeus e o extermínio de diferentes formas de organização comunal pela “contaminação” capitalista de todas as relações, fez com que indígenas e negros grupos aprisionados, coagidos e dissidentes que, em luta pela liberdade e por terras livres, estabeleceram uma união entre si e com os europeus banidos do pacto de acumulação instalado no país, dessem origem ao campesinato brasileiro e sua incansável luta pela terra de trabalho. A busca da terra tem sido a resposta ao histórico processo de expulsão e migrações imposto pelo próprio avanço do capital. É a posse da terra, mesmo que precária, que afasta o assalariamento e permite a reafirmação da autonomia do trabalho.

Outrossim, como retrata Oliveira (2002), a Lei de Terras de 1850, com a transformação da posse em propriedade, mostra processos distintos que consolidaram o campesinato no Brasil. Durante todo o período em que vigorou o critério de posse o campesinato se constituiu numa classe precária, em migração permanente em decorrência das concessões de títulos de sesmarias dados à população branca, aos fidalgos e demais escolhidos pela Coroa portuguesa e depois pelo império brasileiro. Assim, como retrata Martins (1995), os camponeses estavam ausentes da composição de forças produtivas reconhecidas como tal.

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Contraditoriamente, é a transformação da terra em mercadoria que permite a inserção do campesinato como classe no cenário das representações políticas. O camponês deixa de ser “sobrante” e passa a integrar o sistema pelo simples fato de se tornar proprietário, independentemente do tamanho da terra, numa sociedade em que o critério de inclusão é a propriedade privada. Enfim, é o reconhecimento jurídico-institucional do pequeno agricultor autônomo que vai consolidar, no pacto político, a existência camponesa.

Outro ponto de discussão e de discordância em relação aos camponeses é referente a concepções fundamentadas na ideia de que os camponeses são seres sociais isolados, ausentes de relações de mercado por se dedicarem à autossuficiência de forma rústica. Essa concepção tem origem em Kautsky (1980), que compartilhava de parte das ideias de Lenin e Marx. Apesar de se reconhecer a importância do pensamento de tais teóricos, é necessário indagar a integral transposição de suas análises para a realidade de hoje, uma vez que seus estudos analisaram um universo muito particular e um tempo histórico com profundas transformações urbano-industriais. Todavia, muitos pesquisadores da questão agrária tomaram os estudos de Lenin e Kautsky como profecia, desconsiderando que o território é dinâmico e adquire feições próprias produzidas pelo permanente movimento da realidade.

Esse posicionamento tem levado vários estudos sobre os camponeses a adotarem uma leitura congelada da realidade, conduzindo à uma abordagem preconceituosa do papel político dos camponeses em nossa sociedade. Isso é tão real que, ao buscarem mediação com setores progressistas – “comunistas” – as Ligas Camponesas foram orientadas a partir de concepções clássicas que as levaram a um distanciamento de suas verdadeiras aspirações e a uma “disfarçada” tutela.

É essa incapacidade de compreender o verdadeiro sentido das lutas camponesas que levou e leva à perda da unidade entre os partidos e organizações populares que, na maioria das vezes, significa um refluxo das lutas, como o que aconteceu com as Ligas Camponesas, o qual culminou no golpe militar de 1964. Paulino (2006, p. 38) argumenta sobre essa dificuldade de compreensão do ideário camponês.

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Entende-se que essa dificuldade provém da não consideração de um elemento essencial que orienta a utopia camponesa, a busca destinada da autonomia, da liberdade de dispor de seu tempo, espaço e saber de acordo com os sonhos e projetos construídos ao longo das próprias tradições.

Isso permite dizer que o progresso material dos camponeses está condicionado à garantia da autonomia, que somente a propriedade individual da terra parece lhes assegurar. Oliveira (2002) adverte que é preciso ter cuidado com leituras apressadas, pois não se pode tirar dos camponeses o sonho histórico da produção individual autônoma e que somente sua experimentação será capaz de levar à sua superação.

Sendo assim, por falta de um instrumento teórico eficiente para compreender os camponeses em face às novas configurações instaladas à medida que o próprio modo de produção evolui, esses sujeitos da terra é transformado em meros trabalhadores familiares, supostamente redefinidos pela perda da importância da terra e pela transformação em “proletários” parciais, o que implica a perda da dimensão de classe. Essa transformação de camponeses em trabalhadores familiares tem uma grande carga ideológica e objetiva bani-los do pacto político.

Um dos principais argumentos de que teria ocorrido o desaparecimento dos camponeses é o fato de eles estarem inseridos no mercado, e que as relações mercantis são inerentes ao modo capitalista de produção. Chayanov (1974) reconhece o fato, mas de outro ponto de vista. Para ele, a inserção no mercado é uma estratégia de fortalecimento, por permitir aos camponeses se dedicarem com mais afinco aos cultivos mais rentáveis, adquirindo no mercado aquilo que não produzem em suas propriedades ou que lhes roubaria mais tempo.

Para os camponeses o objetivo do ganho é distinto da lógica de reprodução ampliada capitalista. Chayanov (1974) apresenta como resultado de seus estudos que para os camponeses, a obtenção de dinheiro tem o objetivo de melhorar as condições de trabalho e, com isso, diminuir o esforço, garantindo mais bem estar para a família. Sendo assim, o fato de os camponeses estarem inseridos no mercado não os torna menos

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camponeses, pois eles mantêm a autonomia na produção com o trabalho familiar e o destino de seus esforços é a sua reprodução social.

Além do mais, apesar da vinculação ao mercado, é necessário dar atenção a uma das características da propriedade camponesa: a cultura do excedente. Para os camponeses a seleção dos cultivos que resultarão em excedentes para a venda é definida pela capacidade de consumo interno da família. Assim, caso houver qualquer problema na comercialização, a família pode consumir esses produtos. Quando um camponês escolhe plantar comercialmente, ou seja, de forma que o excedente seria tão grande que a família não conseguiria consumi-lo, se ele controlar os canais de comercialização, por exemplo, com a venda direta aos consumidores, isso também não descaracteriza sua atividade como não estritamente capitalista.

Dessa forma, os rendimentos da família camponesa são a somatória dos proventos percebidos pela família, seja na forma de produtos colhidos e consumidos por ela mesma, seja na forma de dinheiro obtido com transações desses produtos. Porém, quanto maior for a parte da produção destinada ao consumo, maior a segurança alimentar da família e menor a necessidade de recorrer ao mercado para satisfazer as necessidades básicas. Mesmo quando alguns produtos puderem ser comprados em situação vantajosa, levando em conta a relação custo-benefício, os camponeses não estariam perdendo sua autonomia.

Muitos autores, como o próprio Abramovay (1990), por não acreditarem no poder de pressão dos agricultores explicam a inserção das políticas públicas na agricultura camponesa como uma válvula de escape para salvaguardar as bases da expansão capitalista que permita o consumo de bens duráveis, ou seja, a expansão de mercado para os produtos industrializados. Mas há de se ponderar. Paulino (2006) ensina que essa leitura tráz muitas implicações, inclusive a de que “os camponeses são sujeitos passivos, incapazes de influenciar projetos políticos mais amplos” (PAULINO, 2006, p.54)

Dessa forma, o conceito e a existência do campesinato não são problemas teóricos, mas base de projetos políticos de intervenção na realidade.

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Assim, ao se eleger as relações econômicas como centro de análise, o mercado passa a ser agente exclusivo e os camponeses deixam de ser sujeitos criadores de sua própria existência, pois o mercado assume essa tarefa. Imbuídos dessa concepção teórica muitos teóricos propõem a substituição automática de camponês por agricultor familiar, excluindo as demais dimensões que constituem o “modo de ser e de viver” camponês, incluindo a sua apropriação do território.

Afirmar a existência do campesinato como parte do capitalismo é não sentenciá-lo ao isolamento das condições produtivas definidas por esse modo de produção e visualizar a possibilidade de produção do capital na lógica da reprodução camponesa, dada pela constante readequação capitalista para manter as condições de reprodução ampliada.

Soma-se a isso, o fato de que na propriedade camponesa a acumulação monetária (quando ocorre) terem por objetivo a garantia da satisfação das necessidades de consumo da família, a curto, médio e longo prazo. E isso também demonstra uma lógica avessa à capitalista, uma vez que a “acumulação de capital segue o princípio do investimento associado à expansão do trabalho assalariado” (VERGÉS, 2011, p. 83).

Sendo assim, é necessário compreender os camponeses à luz das contradições do modo capitalista de produção e do movimento constante da realidade, ou seja, a partir de sua singularidade “de ser e de viver”.

REFERÊNCIAS

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