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Fadiga e Potencialização Pós-Treinamentos de força máxima e Resistência de Força em Indivíduos Treinados: Um Estudo Piloto

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Fadiga e Potencialização Pós-Treinamentos de força máxima e Resistência de Força em Indivíduos Treinados: Um Estudo Piloto

Bernardo Neme Ide1,2; Ricardo Abrantes do Nascimento3

1Faculdades Metropolitanas de Campinas, Metrocamp, Grupo Devry, Campinas, São Paulo, Brasil;

2Laboratório de Bioquímica do Exercício, Labex, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brasil.

3Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brasil.

Autor para correspondência Bernardo Neme Ide E-mail: bernardo_311@hotmail.com

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RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi realizar um estudo piloto sobre a fadiga e potencialização neuromuscular Pós-treinamentos de força máxima e resistência de força em indivíduos treinados em força.

Para análise da fadiga, observamos o comportamento da Força Pico e da Taxa de Desenvolvimento de Força (TDF) no exercício Leg Press 45º, nos momentos Pré e Pós- treinamentos. Pós-treinamento de força máxima, a Força Pico não apresentou queda, mas sim um incremento de ~3% (Pré=7033 N; Pós=7232 N). Já no protocolo de resistência de força, a mesma apresenta uma redução de ~59% (Pré=8150 N; Pós=3369 N). Pós-treinamento de força máxima, a TDF apresentou quedas (~30% em 30ms, 50ms e 100ms; ~7% em 200ms;). Pós- treinamento de Resistência de força, a TDF também apresentou quedas de maior magnitude (~44% em 30ms, ~48% em 50ms, ~53% em 100ms e ~49% em 200ms. A Força Pico Pós- treinamento de resistência de força apresentou uma redução de ~59%.

Palavras Chave: Dano Tecidual Induzido pelo Exercício; Taxa de Desenvolvimento de Força;

Adaptações Neurais; Potencialização neuromuscular.

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INTRODUÇÃO

O treinamento de força tradicional representa um dos métodos mais eficientes para promover o aumento da força e hipertrofia muscular (FOLLAND e WILLIAMS 2007, CORMIE, MCGUIGAN et al. 2011). A exposição crônica ao método incrementa a capacidade de produção de força, atribuída à ênfase em adaptações didaticamente divididas em neurais e musculares (FOLLAND e WILLIAMS 2007, CORMIE, MCGUIGAN et al. 2011). Em indivíduos treinados em força, ênfases em adaptações neurais são mais induzidas por treinamentos de força máxima, enquanto que as musculares/morfológicas são mais induzidas pelos de resistência de força (KRAEMER e HÄKKINEN 2002, KRAEMER 2008).

Frente a execução do treinamento de força, observamos de forma aguda um declínio do desempenho e atividade neuromuscular reduzida, denominada de fadiga neuromuscular (WARREN, LOWE et al. 1999, BYRNE, TWIST et al. 2004, ALLEN, LAMB et al. 2008). O fenômeno é caracterizado por ser multifatorial, reversível após um período de recuperação e com magnitude dependente da carga de treinamento aplicada (CHAPMAN, NEWTON et al.

2006, BISHOP, JONES et al. 2008, IDE, LEME et al. 2011). O processo contrário a fadiga é a potencialização do desempenho, um fenômeno que se refere ao aumento na produção de força e potência, após a realização de uma determinada atividade contrátil (BAKER 2003, CHIU, FRY et al. 2003, SALE 2004, ROBBINS 2005, BATISTA, UGRINOWITSCH et al. 2007, CHATZOPOULOS, MICHAILIDIS et al. 2007, KILDUFF, BEVAN et al. 2007).

Fadiga e potencialização parecem coexistir (RASSIER e MACINTOSH 2000, MACINTOSH e RASSIER 2002). Protocolos de treinamento como os de resistência de força (volumes e intensidades médias a altas e pausas mais curtas), frequentemente induzem a fadiga imediatamente após as sessões (WARREN, LOWE et al. 1999, BYRNE, TWIST et al. 2004, IDE, LEME et al. 2011). Frente a tais protocolos e dependendo da carga de treino aplicada e do nível de treinamento dos indivíduos, a recuperação neuromuscular pode variar de 48 a 96 horas (NEWTON, MORGAN et al. 2008, IDE, LEME et al. 2011). Por outro lado, protocolos como os de força máxima (altas intensidades, volumes baixos e pausas mais longas), apesar de também induzirem a fadiga (HAKKINEN 1993, CAMPOS, LUECKE et al. 2002, WALKER, DAVIS et al. 2012), também podem induzir a uma potencialização do desempenho. A atividade contrátil intensa e de curta duração, mostra-se algumas vezes como uma estratégia interessante para promover respostas agudas e crônicas no desempenho de modalidades que exigem força e

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potência, configurando-se em uma metodologia de treinamento denominada de “Treinamento Complexo”.

A literatura já se mostrou muito bem consolidada em relação ao fato que a potencialização do desempenho depende do volume, intensidade e velocidade de execução dos exercícios (CHIU, FRY et al. 2003, CHIU, FRY et al. 2004), sendo que os exercícios com velocidade e intensidade elevadas apresentando-se como mais eficientes (CHIU, FRY et al.

2003). Todavia, além das variáveis citadas, o histórico de treinamento dos sujeitos também parecem interferir diretamente na magnitude da PPA e da fadiga (HAMADA, SALE et al.

2000). Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi realizar um estudo piloto sobre a fadiga e a potencialização Pós-treinamentos de força máxima e resistência de força em indivíduos treinados em força. Nossa hipótese inicial foi de que o protocolo de resistência de força induziria uma maior magnitude de fadiga e o de força máxima induziria uma potencialização do desempenho Pós-treino. Entretanto, no presente estudo, o desempenho neuromuscular analisado de formas distintas através das alterações na Força Pico e Taxa de Desenvolvimento de Força, em um teste de contração voluntária máxima isométrica no aparelho de Leg Press 45°.

MATERIAIS E MÉTODOS Desenho experimental

O presente trabalho caracterizou-se como um estudo piloto sobre a fadiga e a potencialização neuromuscular induzida por protocolos de treinamento de força máxima e resistência de força em indivíduos treinados em força. Dois indivíduos treinados em força foram submetidos a uma sessão de treinamento onde o desempenho neuromuscular foi analisado nos momentos Pré e Pós-treinamentos. Para análise das alterações no desempenho, observamos a Força Pico e a Taxa de Desenvolvimento de Força no exercício de Leg Press 45°. Duas visitas ao laboratório foram requisitadas para coleta de dados. A primeira foi destinada a familiarização com os equipamentos e testes e uma semana depois, os indivíduos retornaram ao laboratório para execução dos treinamentos. 48 horas antes das sessões, foi requisitado aos sujeitos a abstenção de exercícios extenuantes e o consumo de álcool, tabaco ou cafeína. Os testes foram realizados na mesma hora do dia e sob a supervisão dos pesquisadores envolvidos no estudo. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (N° 48114515.2.0000.5404). A Tabela 1 apresenta as características dos indivíduos e os treinamentos realizados pelos mesmos.

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Tabela 1. Características dos indivíduos e protocolos de treinamento realizados.

Indivíduo Protocolo de treinamento realizado

Idade (anos)

Tempo de treino de força (anos)

Altura (m)

Massa (kg)

% de gordura

1 Resistência de força 26 12 1.80 105 8.2

2 Força máxima 33 11 1.83 95 10.5

A composição corporal foi obtida pelo método duplamente indireto, através da mensuração da espessura de dobras cutâneas. Para o cálculo da densidade corporal, foi utilizada a equação de Jackson e Pollock (1978) e para o percentual de gordura corporal a fórmula de Siri (1993).

Sessões de treinamento

Os protocolos de treinamento foram realizados no aparelho de Leg Press 45° (Tonus Fitness Equipment®, Model RT 009) e tiveram suas intensidades prescritas por zonas de repetições máximas (FRY 2004). O protocolo de treinamento de resistência de força foi composto por 4 séries de 20 repetições máximas (RM) e 1 minuto de intervalo entre elas; o de força máxima foi composto por 4 séries de 4 RM e 3 minutos de intervalo entre elas. O volume de carga e intensidade dos treinamentos foram calculados de acordo com os procedimentos recomendados por Haff (2010) -Ver Equações 1 e 2 abaixo.

Volume de carga (kg) = número de séries x número de movimentos x carga (kg) (1) Intensidade do treinamento (kg) = Volume de carga / número total de movimentos (2) Força Pico e Taxa de Desenvolvimento de Força

A Força Pico e a Taxa de Desenvolvimento de Força foram extraídas do teste de contração voluntária máxima isométrica (CVM) realizado no equipamento de Leg Press 45°

(Tonus Fitness Equipment®, Model RT 009) e a força mensurada através de uma célula de carga acoplada ao mesmo. Os sujeitos foram instruídos a exercer a máxima produção de força de forma mais rápida e forte possível, por um período de 3 segundos, relaxando logo em seguida.

Foram realizadas cinco tentativas, intercaladas por 2 minutos de pausa, sendo a média dos três maiores resultados utilizados para as análises. Para cada indivíduo, o equipamento foi ajustado para que a angulação da articulação dos joelhos ficasse em aproximadamente 70° e a do quadril em 110° (extensão completa =0°), sendo o posicionamento dos pés mantido constante durante

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o teste. Foi fornecido um retorno visual da produção de força, através de uma projeção da tela do computador, assim os voluntários eram sempre vigorosamente encorajados a superar os valores visualizados. A força foi mensurada por uma célula de carga (Reaccion®, modelo CZCB-500, capacidade nominal de 1000kg, sensibilidade de -2±10mv/V, erro combinado menor do que 0.03%, sobrecarga máxima de alterações de até 150% da capacidade nominal), conectada ao Leg Press 45°. A célula foi calibrada antes de cada análise individual e seu sinal foi adquirido pelo canal auxiliar do aparelho de eletromiografia EMG system (MyosystemBr1 - DataHominis Ltda). Esse canal possui uma corrente máxima para circuitos de condicionamento externos de ±10 mA, impedância de entrada de 108 Ohms/2pF, corrente de bias de entrada de ±150 nA máxima, proteção contra sobre tensões de +5 Vdc, um ganho de entrada de 1.0, filtros passa baixa para eliminação de ruídos de 1kHz e resposta linear de 0 Hz a 1kHz. Também foi utilizado um pré-condicionador da marca DataHominis® Ltda, modelo C500, com impedância de entrada de 10 GΩ/2pF, corrente de bias de entrada de 2 nA, RRMC de 110 dB 60Hz, ganho de tensão de 186.66 vezes e saída média de 2.5 Vdc. A Força Pico foi estabelecida como o valor mais alto encontrado na parte estável do sinal de força. Para tanto, uma média móvel de intervalos de 500ms foi calculada para suavizar o sinal. O início da fase estável foi determinado a partir do momento em que o valor da média móvel for menor que 1 e o final estabelecido a partir do momento em que seu valor for menor que -0.5. O início da contração foi definido como o ponto a partir do qual a curva exceder os valores basais em 15 N. A taxa de desenvolvimento de força (TDF) foi calculada a partir da inclinação da curva força/tempo (∆força/∆tempo) nos intervalos de 0–30, 0–50, 0–100, e 0–200 ms relativos ao início da contração. Tais parâmetros foram obtidos através de específicas rotinas criadas no software MatLab 7 (The MathWorks, Natick, Massachusetts, USA).

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Figura 1. A: Curva força/tempo; B: taxa de desenvolvimento de força nos intervalos de 0–30, 0–50, 0–100, e 0–200 ms relativos ao início da contração.

RESULTADOS

A Tabela 2 ilustra a carga utilizada pelos indivíduos ao longo das séries. A Figura 2 ilustra o volume de carga e a intensidade empregada nos treinamentos. O protocolo de força máxima mostrou-se mais intenso e menos volumoso. Já o de resistência de força foi mais volumoso e menos intenso.

Tabela 2. Cargas externas de treinamento empregadas nas sessões de treino de força máxima e resistência de força.

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0

1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Foa (N)

Contração Voluntária Máxima

Força Pico = 8533.8828N

Tempo (ms)

0 50 100 150 200 250 300

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Foa (N)

Tempo (ms)

Taxa de Desenvolvimento de Força (TDF)

TDF 30ms = 15795.3808N/s TDF 50ms = 24653.4812N/s TDF 100ms = 37003.0698N/s TDF 200ms = 25663.3832N/s

A B

Protocolo de treino 1a 2a 3a 4a

Força Máxima (4x4RM 3') 310 330 310 310

Resistência de Força (4x20RM 1') 290 290 250 210 Carga por série (kg)

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Figura 2. A) Volume de carga e B) intensidade empregada nos treinamentos de força máxima e resistência de força.

As Figuras 3 e 4 ilustram as curvas Força/Tempo extraídas do teste de CVM nos momentos Pré e Pós-treinos de resistência de força e força máxima.

Figura 3. Curva Força/Tempo extraída do teste de contração voluntária máxima nos momentos Pré e Pós treinos de resistência de força. A: curva força/tempo Pré-treino; B: taxa de desenvolvimento de força nos intervalos de 0–30, 0–50, 0–100, e 0–200 ms relativos ao início

Força Máxima (4x4RM 3')

Resistência de Força (4x20RM 1')

Volume de carga (kg) 5040 20800

0 5000 10000 15000 20000 25000

Volume de cargha (kg)

Volume de carga dos treinamentos

A

Força Máxima (4x4RM 3')

Resistência de Força (4x20RM 1')

Intensidade (kg) 315 260

0 50 100 150 200 250 300 350

Intensidade (kg)

Intensidade do treinamentos

B

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0

1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Foa (N)

Contração Voluntária Máxima

Força Pico = 3369.1373N

Tempo (ms)

0 50 100 150 200 250 300

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Foa (N)

Tempo (ms)

Taxa de Desenvolvimento de Força (TDF)

TDF 30ms = 7584.9716N/s TDF 50ms = 10897.166N/s TDF 100ms = 15832.1435N/s TDF 200ms = 13130.33N/s

C D

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0

1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Foa (N)

Contração Voluntária Máxima

Força Pico = 8533.8828N

Tempo (ms)

0 50 100 150 200 250 300

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Foa (N)

Tempo (ms)

Taxa de Desenvolvimento de Força (TDF)

TDF 30ms = 15795.3808N/s TDF 50ms = 24653.4812N/s TDF 100ms = 37003.0698N/s TDF 200ms = 25663.3832N/s

A B

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da contração no momento Pré-treino; C: curva força/tempo Pós-treino; D: taxa de desenvolvimento de força nos intervalos de 0–30, 0–50, 0–100, e 0–200 ms relativos ao início da contração no momento Pós-treino.

Figura 4. Curva Força/Tempo extraída do teste de contração voluntária máxima nos momentos Pré e Pós treinos de força máxima. A: curva força/tempo Pré-treino; B: taxa de desenvolvimento de força nos intervalos de 0–30, 0–50, 0–100, e 0–200 ms relativos ao início da contração no momento Pré-treino; C: curva força/tempo Pós-treino; D: taxa de desenvolvimento de força nos intervalos de 0–30, 0–50, 0–100, e 0–200 ms relativos ao início da contração no momento Pós- treino.

A Tabela 3 ilustra a variação da Força Pico Pós-treinamentos e a Figura 5, a variação percentual da Força Pico Pós-treinamentos de força máxima e resistência de força.

Tabela 3. Valores absolutos da Força Pico nos momentos Pré e Pós-treinamentos.

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0

1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Foa (N)

Contração Voluntária Máxima

Força Pico = 7335.1372N

Tempo (ms)

0 50 100 150 200 250 300

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Foa (N)

Tempo (ms)

Taxa de Desenvolvimento de Força (TDF)

TDF 30ms = 10898.7454N/s TDF 50ms = 16031.6711N/s TDF 100ms = 22946.9051N/s TDF 200ms = 19958.3189N/s

A B

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 0

2000 4000 6000 8000 10000

Foa (N)

Contração Voluntária Máxima

Força Pico = 7453.9997N

Tempo (ms)

0 50 100 150 200 250 300

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000

Foa (N)

Tempo (ms)

Taxa de Desenvolvimento de Força (TDF)

TDF 30ms = 6743.2606N/s TDF 50ms = 9556.4008N/s TDF 100ms = 14293.6818N/s TDF 200ms = 16572.6958N/s

C D

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Figura 5. Variação da Força Pico Pós-treinamentos.

Pós-treinamento de força máxima, a Força Pico não apresentou queda, mas sim um incremento de ~3% (Pré=7033N; Pós=7232N). Já Pós protocolo de resistência de força, apresentou uma redução de ~59% (Pré=8149,8N; Pós=3369,1N).

A Tabela 5 ilustra as alterações na Pós-treinamentos de força máxima e resistência de força e a Figura 6 mostra a porcentagem na alteração da TDF Pós-treinamentos.

Tabela 4. Alterações na TDF nos intervalos 0-30, 0-50, 0-100 e 0-200ms relativos ao início da contração, nos momentos Pré e Pós-treinamentos.

Pré 7033.0 Pós 7232.0 Pré 8149.8 Pós 3369.1 Força Máxima (4x4RM 3')

Resistência de Força (4x20RM 1') Força Pico (N)

3%

-70% -59%

-60%

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

Alteração %

Alterações na Força Pico

Força Máxima (4x4RM 3') Resistência de Força (4x20RM 1')

30ms 50ms 100ms 200ms Pré 9513.2 14022.0 20214.2 17211.0 Pós 6743.3 9556.4 14293.7 16092.2 Pré 14517.1 22771.2 35705.2 25757.5 Pós 8152.3 11866.7 16868.2 13130.3 Resistência de Força (4x20RM 1')

Taxa de desenvolvimento de força (N/s)

Força Máxima (4x4RM 3')

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Figura 6. Alterações na Taxa de Desenvolvimento de Força Pós-treinamentos de força máxima e resistência de força.

Pós-treinamento de força máxima, a TDF apresentou quedas de ~30% em 30ms, 50ms e 100ms e ~7% em 200ms. Pós-treinamento de Resistência de força, a TDF também apresentou quedas de maior magnitude da ordem de ~44% em 30ms, ~48% em 50ms, ~53% em 100ms e

~49% em 200ms.

DISCUSSÃO

O presente trabalho caracterizou-se como um estudo piloto sobre a fadiga e a potencialização neuromuscular induzidas por protocolos de força máxima e resistência de força em indivíduos treinados em força. Nossa hipótese inicial, foi de que o protocolo de resistência de força induziria uma maior magnitude de fadiga e o de força máxima uma potencialização do desempenho Pós-treino. Os principais achados foram que, no indivíduo que realizou o treinamento de resistência de força, houve uma redução de ~59% na Força Pico (ver Figura 5).

Já no indivíduo que realizou o treinamento de força máxima, observamos um incremento de

~3%, ou seja, uma potencialização do desempenho. Entretanto, ao analisarmos as alterações na TDF, observamos que ambos os indivíduos apresentaram fadiga. Pós-treinamento de força máxima, a TDF apresentou quedas de ~30% em 30ms, 50ms e 100ms e ~7% em 200ms. Pós- treinamento de resistência de força, a TDF apresentou quedas de maior magnitude, da ordem de ~44% em 30ms, ~48% em 50ms, ~53% em 100ms e ~49% em 200ms (ver Figura 6). Dessa forma, nossa hipótese inicial de que o protocolo de resistência de força induziria uma maior

-29% -32% -29%

-7%

-44% -48%

-53% -49%

-60%

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

30ms 50ms 100ms 200ms

Alterão %

Intervalos de tempo relativos a início da contração Alterações na Taxa de Desenvolvimento de Força

Força Máxima (4x4RM 3') Resistência de Força (4x20RM 1')

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magnitude de fadiga foi confirmada, mas a potencialização do protocolo de força máxima ocorreu apenas para a Força Pico.

Uma vez que a literatura evidencia a ação dos músculos que são estimulados acentuadamente - apresentando declínio progressivo em seu desempenho e atividade neuromuscular reduzida (WARREN, LOWE et al. 1999, BYRNE, TWIST et al. 2004, ALLEN, LAMB et al. 2008) - a fadiga observada após o protocolo mais volumoso, de resistência de força, era um comportamento esperado, mas não unicamente observado frente a esse tipo de estímulo. Frente a treinos de força máxima dinâmicos (20x1 mov., com uma intensidade de 100% de uma repetição máxima no exercício de agachamento), Häkkinen e colaboradores (1993), observaram uma fadiga significativa de 24,1±14,4% na força dos homens e de 20,5±11,8% nas mulheres. Recentemente, Walker e colaboradores (2012) também investigaram a fadiga induzida por treinamentos de força máxima (15x1 repetição máxima, com 3’ de pausa entre as séries) e de resistência de força (5x10 repetições máximas, com 2’ de pausa entre as séries) no exercício de Leg Press horizontal. No estudo, a força isométrica bilateral e a atividade neuromuscular foram acessadas nos momentos, Pré, durante e 30 minutos pós-treino. Ambos os treinamentos causaram reduções na força máxima isométrica (força máxima: 30±6,4% e resistência de força: 48±9,7%). Juntamente com os resultados do presente estudo piloto, podemos inferir que ambos os treinamentos podem induzir uma fadiga, todavia com magnitudes diferentes.

Além das alterações na força máxima, o presente estudo objetivou o monitoramento das alterações na TDF. O parâmetro permite avaliar a produção de força nas fases iniciais da contração muscular (100 a 200ms), representando um aspecto crucial no desempenho em modalidades de força e potência (AAGAARD, SIMONSEN et al. 2002). Isso se devido ao fato de que na maioria dos esportes, o tempo disponível para produção de força é extremamente reduzido (80 a 200 ms), o que nos remete a um pequeno problema, pois, para que a força máxima seja alcançada, geralmente são necessários intervalos de tempo maiores do que 300ms.

Dessa forma, constatamos que não temos tempo hábil para a expressão da força máxima (AAGAARD 2003, AAGAARD e ANDERSEN 2010), ou seja, nessas situações - onde o tempo para imposição de força é extremamente reduzido - a TDF e não mais a força máxima, apresenta-se como aspecto mais relevante para o desempenho físico (AAGAARD 2003, AAGAARD e ANDERSEN 2010).

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Dessa maneira, podemos inferir que os incrementos na TDF constituem um dos benefícios funcionais mais importantes induzidos pelo treinamento de força e potência. É necessário tanto para atletas de alto rendimento, que precisam impor muita força em intervalos de tempo relativamente limitados (50 a 250ms), quanto para indivíduos idosos, que frequentemente necessitam lidar com perturbações posturais inesperadas (AAGAARD 2003).

Recentemente, tanto observações experimentais reportadas na literatura, como os dados do presente estudo piloto, apontam também para a TDF como um parâmetro mais sensível do que a força máxima, no acompanhamento da fadiga e dos danos teciduais induzidos pelo exercício (PENAILILLO, BLAZEVICH et al. 2015).

No tocante a potencialização da força máxima observada Pós-treinamento de força máxima, o resultado era esperado frente ao protocolo devido a suas características de intensidade e volume. Intensidades próximas do máximo ativam o espectro inteiro de unidades motoras (HENNEMAN 1991), sendo um aspecto importante relativo à PPA, pois o fenômeno é reportado como de maior manifestação nas fibras do tipo II do que nas do tipo I. Tais fibras são mais susceptíveis aos mecanismos responsáveis pela manifestação da PPA, como por exemplo, a fosforilação de miosinas de cadeia leve (SWEENEY, BOWMAN et al. 1993, HAMADA, SALE et al. 2000). Os experimentos que estudam o fenômeno da PPA, sugerem que os mecanismos moleculares responsáveis pelo fenômeno seriam a fosforilação regulatória da porção leve das moléculas de miosina, juntamente com um aumento na excitabilidade dos motoneurônios alfa (HODGSON, DOCHERTY et al. 2005). A fosforilação da porção leve das moléculas de miosina é dependente da atividade de enzimas citosólicas como a cálcio/calmodulina, cuja atividade confere às moléculas de troponina uma maior sensibilidade aos íons cálcio, favorecendo então a exposição dos sítios ativos da molécula de actina e consequentemente a formação de pontes cruzadas - fenômeno que ocorre principalmente em fibras de contração rápida (SWEENEY, BOWMAN et al. 1993). O conjunto desses eventos, pode criar então um ambiente favorável no que se diz respeito à produção de força e potência em esforços musculares subsequentes (SWEENEY, BOWMAN et al. 1993, RASSIER e MACINTOSH 2000).

CONSIDERAÇÕES FINAIS E FUTURAS PERSPECTIVAS

Os resultados do presente estudo piloto nos levam a inferir que, possivelmente protocolos de treinamento de alto volume podem induzir maiores magnitude de fadiga em indivíduos treinados em força. Além disso, a TDF mostrou-se como um parâmetro mais

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sensível na detecção da fadiga neuromuscular, uma vez que a força pico foi potencializada Pós- treino de força máxima. Uma clara limitação do presente estudo, foi o fato dos indivíduos terem realizado apenas um protocolo de treinamento. Tal aspecto nos limitou em relação a discussão dos dados de fadiga e potencialização, bem como na comparação de cargas externas do treinamento – uma vez que os indivíduos apresentavam diferentes nível de força inicial. Para o futuro experimento sobre a fadiga e potencialização objetivaremos aumentar o número de voluntários, mas distribuí-los em grupos onde o nível de força fique equalizado. O modelo experimental de cross over também deve ser implementado para uma futura análise pareada dos dados, fornecendo uma maior consistência para os resultados.

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