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0 Jato de Ar Quente Como Estímulo Aversivo: Efeitos da sua Apresentação Contingente e Não- Contingente em Rattus Norvegicus'2.

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Capítulo 35

0 Jato de A r Quente Com o Estímulo

Aversivo: Efeitos da sua

Apresentação Contingente e Não-

Contingente em Rattus

N orvegicus'2.

M d rcua Hcntcs </<• C ',itv,ilho Neto* Vivúnc VcnJu Rico ** C/nicy K d ly d i .V/A',/ Tobnts *** Prvf. Pr. Aniduri C /o u v c m Jr **** Prof. Pr. hsó Í/Utilbcrto lu^i Angcnmii*****

A grande maioria dos trabalhos estudando os efeitos dos eventos aversivos em laboratório adotou o choque elétrico como punidor positivo ou reforçador negativo (Azrin & Holz, 1975, p. 463; Baron, 1991, p. 176; Domjan & Burkhard, 1993, p. 283). Os princípios estabelecidos sobre contingências aversivas se apóiam na generalidade presumida dos efeitos obtidos com esse estímulo particular e em testes assistemáticos com outros estímulos aversivos, especialmente com o som (ver, por exemplo, Azrin, 1958; Barry & Degelman, 1961; Herman & Azrin, 1964; Holz & Azrin, 1962; Knutson & Bailey, 1974). Como o choque elétrico possui certas propriedades peculiares (Azrin & Holz, 1975; Catania,

1999; Lattal & Perone, 1998), toma-se necessário incorporar diferentes estímulos de maneira sistemática para testar a generalidade das relações funcionais até agora observadas.

Desde 2002 está sendo testado na UFPA a função aversiva de um jato de ar quente (JAQ) emitido por um secador de cabelos. O equipamento é fácil de obter e de adaptar às caixas de condicionamento operante comumente usadas, com baixo custo financeiro e com parâmetros físicos padronizados e replicáveis.

Foram concluídas até agora quatro pesquisas testando o efeito do JAQ como estímulo punidor positivo (Sp+). Em um primeiro estudo (Carvalho Neto e cols, Submetido)

* UFPA; **Mestranda/UFPA; ***Mestranda/UFPA; ****UNESP-Bauru; , ****UNESP-Bauru

1 Os autores agradecem os valiosos comentários e sugestões dos professores Solange Calcagno, Romariz da Silva Barras, Maria Helena Hunziker e Carlos Barbosa Alves de Souza e de todos os membros do Grupo de Pesquisa Sobre Contingências Aversivas e Comportamento Criativo da UFPA que ajudaram a construir o presente texto. 3 Trabalho parcialmente financiado através de bolsas de Mestrado CAPES (2* autora) e CNPq (3* autora).

400 Marcuti R. ile Ctirvalho Neto, Vivliinc V Rico, l}r<Ky K. »1» S. Anwurl C/ouvctii I r , losó Q . I. An^cnimi

(2)

foi testada a função do JAQ (concorrendo com reforçamento positivo continuo) após o fortalecimento de uma resposta em esquema contínuo. Tanto em esquema contínuo (CRF) quanto em esquema intermitente (FR3) de apresentação do evento, observou-se a supressão do responder (na ordem de ‘‘"{98,4% e “|71,15%, respectivamente).

Em um segundo estudo (Maestri & Carvalho Neto, 2004), após dez sessões de punição, de forma continua para um grupo e intermitente (FR3) para outro, ambas concorrendo com o reforçamento positivo continuamente apresentado, observou-se que a função supressora do JAQ foi mantida ao longo de todo o experimento (com queda de

"186,27% no grupo CRF e de “151,45% no grupo FR3).

Em um terceiro estudo (Ribeiro & Carvalho Neto, 2004) foi avaliado o efeito da ordem de apresentação do esquema de punição, de contínuo para intermitente (FR3) em um grupo e de intermitente (FR3) para contínuo em outro (todos concorrendo com reforçamento positivo contínuo). O JAQ funcionou como Sp+ em ambas as condições e o efeito supressor foi maior no esquema contínuo nos dois grupos. Esses resultados também sugerem que prevaleceu o tipo de esquema usado e não a experiência prévia (efeito de ordem de exposição) com o Sp+.

Em um quarto estudo (Magalhães & Carvalho Neto, 2004) foi testado o efeito da apresentação contínua do JAQ (concorrendo com reforçamento positivo contínuo) após diferentes histórias de fortalecimento prévio (CRF, VR5 e VI5"). Observou-se uma queda de “ {92,91 % no grupo CRF 4, de u {88,08% no grupo CRF 8, de "{98,98% no grupo VR5 e d e " |97,78% no grupo VI5”. Ocorreu, portanto, a supressão parcial do responder (acima de " {88%) independentemente do esquema de fortalecimento prévio.

Note-se que em todas as condições testadas o JAQ, nas especificações físicas aqui descritas e usando um total de 22 ratos, suprimiu parcialmente o responder, mostrando- se um punidor efetivo nos contextos utilizados.

Sendo o JAQ um evento supressor do responder quando disposto de maneira contingente, como um punidor positivo, seria também capaz de suprimir o responder quando apresentado de maneira não contingente a uma classe de respostas?

Camp, Raymond & Church (1967) testaram alguns procedimentos envolvendo a apresentação contingente, com e sem atraso do choque elétrico, e a apresentação não contingente deste mesmo estímulo sobre a freqüência da resposta de pressão à barra em ratos. Em um dos experimentos, 84 ratos foram divididos em seis grupos: um grupo de apresentação contingente do choque elétrico sem atraso (0.0 segundos), composto por

18 ratos; dois grupos com atraso diferenciados (7.5 e 30 segundos, respectivamente), compostos por 18 ratos cada; um grupo de apresentação não contingente do choque; um de apresentação contingente com atraso de 2.0 segundos; e um grupo controle (não recebia choques), cada um composto por 10 ratos. Todos os ratos foram submetidos inicialmente a 10 sessões de treino discriminativo durante as quais respostas de pressão à barra na presença de um estímulo auditivo eram conseqüenciadas com pelotas de alimento. Em seguida, cada grupo foi submetido a 12 sessões de apresentação do choque com intensidades variando de 0.1 a 2.0 mA. A apresentação do choque após cada resposta ocorria para cada grupo da seguinte forma: apresentação sem atraso (grupo 1), apresentação com atraso de 2.0 segundos (grupo 2), com atraso de 7.5 segundos (grupo 3) e com atraso de 30 segundos (grupo 4). Na ausência do estímulo auditivo, choques eram liberados aproximadamente a cada 2 minutos independente da emissão da resposta para o grupo 5 (apresentação não contingente) e o grupo 6 não recebia choques. Em

Sobre C om portiim cnlo e C o r iiíç « 1 o 401

(3)

todas essas condições de apresentação do choque, em 50% das tentativas todas as respostas de pressáo à barra eram seguidas de reforçamento e nas tentativas restantes (50%) o esquema de reforçamento variou entre os grupos.

Os resultados indicaram uma maior freqüência de respostas no grupo controle do que nos outros grupos. Os grupos de apresentação não contingente e contingente com atraso de 30 segundos demonstraram uma freqüência de respostas maior do que nos grupos contingente com um atraso menor (7.5 e 2.0 segundos). Por fim, o grupo de apresentação contingente sem atraso demonstrou uma supressão da resposta maior do que todos os outros grupos. Portanto, quanto mais imediata a apresentação do punidor, maior a supressão do responder. A comparação entre apresentação contingente sem atraso e não contingente mostra que a supressão seria mais acentuada na primeira. A supressão de uma resposta pode ser função da mera apresentação do estímulo aversivo, como ocorreu durante a apresentação não contingente, e também pode ser primordialmente função de uma relação temporal entre a resposta e o estímulo aversivo, fato demonstrado pela supressão da resposta durante a apresentação contingente.

De acordo ainda com Camp & cols. (1967), a definição de comportamento operante como aquele sensível às conseqüências parece ser válida não apenas quando se refere à apresentação de um estimulo apetitivo independente do responder, mas também quando se trata da apresentação de maneira contígua de um estímulo aversivo. Dessa forma, torna-se necessário investigar os efeitos distintos das relações de contingência entre resposta e estímulo e os efeitos das apresentações dos estímulos (Catania, 1999).

A presente pesquisa buscou: (a) Comparar os efeitos de duas diferentes formas de apresentar o JAO (apresentação contingente em CRF e não contingente em FT10'') sobre o responder operante previamente fortalecido em esquema contínuo; (b) Comparar os subprodutos emocionais de cada tipo de contingência aversiva.

M ÉTO DO

Sujeitos; Seis ratos albinos (Rattus norvegicus, Wistar), machos, com idade no início do experimento de aproximadamente 10 meses, obtidos junto ao Biotério da UNESP de Botucatu, experimentalmente ingênuos, em privação de água de 24 horas antes de cada sessão experimental e fornecimento continuo de comida na gaiola-viveiro. Os animais eram acomodados em duas caixas de polipropileno forradas com serragem: Grupo Punição + CRF com cinco sujeitos (dois não usados) e Grupo Não Contingente com quatro sujeitos (um não usado). Ambas as caixas ficavam alojadas em uma Estante Ventilada Para Camundongos e Ratos da Alesco Indústria e Comércio Ltda (mod. ALE 9902.001) com controle constante de temperatura (20°) e umidade (65%). Os animais eram conduzidos em grupo nas sessões de fortalecimento e individualmente nas sessões de enfraquecimento da resposta e eram imediatamente devolvidos a estante logo após as sessões, quando recebiam então 10 minutos de água.

Ambiente da Pesquisa: As sessões de fortalecimento da resposta de pressão á barra foram realizadas no Laboratório de Psicologia Experimental da UNESP-Bauru. As sessões que envolveram a apresentação do JAQ foram realizadas no Laboratório de Psicobiologia e Psicopatologia Experimental da UNESP-Bauru.

Equipamentos & Materiais: Para as sessões de fortalecimento operante foram utilizadas seis Caixas de Condicionamento Operante Modelo 3 da Insight Equipamentos Ltda, todas alojadas em Cabines de Isolamento Térmico e Acústico (Modelo padrão da Insight). As

M.IIWS R. ilo C .hv.iIIw Neto, Vrvwme V Rkt>, (yr.iiy K. tLi S. fobia», Am.iun C/uuvru Ir , liwé (./■ I. An#ci<imi

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sessões envolvendo apresentação do Sav foram realizadas em uma Caixa de Condicionamento Operante Modelo FUNBEC adaptada: o teto era constituído de uma tela de arame (com orifícios em formato quadrangular de 0,5 cm cada) que separava o interior da caixa de um secador de cabelo acoplado sobre a caixa de condicionamento (Para detalhes sobre o equipamento, ver Carvalho Neto & cols., Submetido). O secador da marca TAIFF, modelo Turbo 6000,1700w, com cinco possíveis combinações de intensidade do deslocamento do ar e temperatura do jato e nível de ruído de 85 db. A intensidade do jato de ar quente aqui adotada foi a intermediária do equipamento (número 2). O jato era acionado por um período de 5 segundos e aumentava a temperatura em aproximadamente 2 graus Celsius em um raio de 10 cm. Uma filmadora (Panasonic NVRZ315 BR) usada somente nas sessões de apresentação do JAQ, cronômetro, folhas de registro e caneta. Procedimento Geral: Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos de três sujeitos cada. Um Grupo Contingente (Punição + CRF) e um Grupo Não Contingente (FT10"). Na primeira fase todos foram expostos a sessões de estabelecimento e fortalecimento da resposta de pressão à barra e em uma segunda fase aos procedimentos específicos de exposição ao JAQ. (Ver Figura 1)

Grupos

Fase 1(Modolagom da RPB)

Fase 2(Fortalecimento da

RPB)

Fase 3(Condição Aversiva 1)

Fase 4(Condição Aversiva 2)

A. JAQ Contingente

Aquisição da RPB

CRF (água)

(5 sessões de 60’ cada)

_ 5’ iniciais: CRF (água).

„ 25’ CRF (água)+CRF (JAQ)

(Uma sessão de 30)

_ 30':CRF (água)+CRF (JAQ)

(Uma sessão)

B: JAQNão Contingente

Aquisição da RPB

CRF (água)

(5 sessõos de 60’ cada)

_ 5’ iniciais: CRF (água).

_ 25’:CRF (água)-* FT10" (JAQ)

(Uma sessão de 30')

_ 30’:CRF (água)+FT10" (JAQ)

(Uma sessão de 30’)Não Ocorrida

Fig. 1; Delineamento experimental com exposição ao Jato de Ar Quente, concorrentemento ao reforçador positivo (água), de forma Contingente (CRF) o Não-Contingente (FT10"). Procedimentos Específicos:

As sessões de instalação e fortalecimento da RPB para todos os sujeitos seguiram o padrão clássico, com modelagem, autoshaping e CRF em sessões de 60 minutos em média.

Para o Grupo Contingente, na 1a sessão de Punição+ a água permanecia disponível em regime de CRF contingente á RPB durante os 5 primeiros minutos. Após esse período a água permanecia disponível em regime de CRF contingente à RPB, mas também, no mesmo regime, durante 5 segundos, um jato de ar quente era acionado a cada RPB. Essa parte da sessão durou 25 minutos. Na 2“ sessão de Punição* não houve um período inicial de 5 minutos de CRF de água sem a presença do JAQ, iniciando já com a punição* e pelo mesmo tempo total (30 minutos).

Sobre C'omporl«ime»to e C o g n içã o 403

(5)

Para o Grupo Não Contingente houve apenas uma sessào de apresentação do JAQ. Nos primeiros 5 minutos a água estava disponível em CRF e não havia um Sav programado. Em seguida, durante 30 minutos, um JAQ era acionado por 5 segundos a cada 10 segundos, independentemente do que o sujeito estivesse fazendo (FT10").

Foi registrado, na fase de instalação e fortalecimento da RPB, o total de respostas de pressão à barra de cada sessão. Nas sessões usando o estímulo aversivo, todas filmadas, registrou-se todos os comportamentos dos sujeitos, bem como o tempo de imobilidade dos mesmos durante as sessões. Registrou-se adicionalmente se os animais urinavam e defecavam e, no segundo caso, quantas bolas fecais eram expelidas por sessão.

R esultados e d iscu ssã o

Observou-se nas sessões envolvendo apresentação do JAQ uma redução na freqüência da classe de resposta previamente fortalecida independentemente do esquema de apresentação, CRF (contingente) ou FT10" (não contingente). Entretanto, a apresentação contingente suprimiu parcialmente o responder (percentuais de queda por sujeito de: PC1:

" j 84,87% e " |95,4%; PC2: "J 88,98% e "J 88,98%; PC3: " [ 92,02% e "189,57%, respectivamente), enquanto que a apresentação não contingente suprimiu integralmente o responder nos três sujeitos (FT 1, FT2 e FT3:" Jl 00%3). (Ver Figura 2).

8.0 T 4 5 ■ c 4.0 ■ 2 3.6-

Taxa de RPB - Grupo P +

á ,i0 ,

$ 2.5 •

& 2,0 ■ 8 1.S ■

<r 1,0 • 0.5 ■

0.0 •

(üsssm

Î n p c i

--- ; D PC?

*! " — ...1 BPC3

1

CRF1 CRF2 CRr3 CRF4 CRhfi Modm CRr P+ P* Sa mAo

Taxa de RPB - Grupo Fl 10"

C H M CNFIi CRF3 CRF4 CRF6 Média CRF

Ssstâo

Fn<r

Fig. 2: Taxa de RPB ao longo das sessões nos dois Grupos (Contingente e Não-Contingente).

3 A segunda sessão programada de exposição ao evento aversivo não foi realizada no Grupo Não Contingente em função de problemas técnicos Incontornáveis.

404 Mcirvus H. tic C'cwviillw Neto, VM.irw V Riu), Qn*cy K. <Li S. lobia», Anviuri C'/ouvtii Ir , kwí C/. T. Antfcntmi

(6)

Tipicamente, os padrões de fortalecimento da resposta nos primeiros cinco minutos preliminares da primeira sessão de condição aversiva foram similares (positivamente acelerados) nos dois Grupos, mas ao iniciar o período de exposição ao JAQ os desempenhos diferenciaram-se. No Grupo Contingente o responder foi reduzido de freqüência, mas não integralmente, pois algumas respostas ainda ocorriam ao longo da sessão. No Grupo Não Contingente houve, em contraste, uma supressão absoluta do responder, não sendo registrada nenhuma RPB durante esse período (Ver Figura 3).

Fig. 3: Freqüência da RPB de um sujeito do Grupo Contingente (PC2) o do Grupo Não Contingente (FT10") durante a primeira sessão de exposição ao Sav. A linha vertical no minuto

cinco marca o início da apresentação do JAQ.

Os dados aqui descritos são diferentes dos produzidos com choque elétrico por Camp

& cols. (1967), no qual a supressão observada foi maior durante a punição positiva sem atraso do que durante a apresentação não contingente. Esta diferença pode ser atribuída especialmente ao procedimento adotado em cada estudo. Mais à frente a questão será retomada.

Em relação â produção de respostas emocionais, observou-se que todos os sujeitos expostos ao evento aversivo de maneira não contingente defecaram e urinaram durante o experimento, enquanto apenas um sujeito do Grupo Contingente urinou durante a sessão, não sendo registradas respostas de defecaçào nesse Grupo (ver Figura 4).

Sujellos PC 1 (Contingent*)

Defecar (Condição Aversiva 1)

Nâo

Urinar (CondiçAo Aversiva 1)

Nâo

Defecar (Condição Aversiva 2)

Nâo

Urlner (CondiçBo Aversiva 2)

Nâo PC2(Contingente)

PC3( Contingente)

Nflo Nâo ’

Nâo Nâo

___ Nâo

’ Nâo

Sim __

“ Nâo FT1(NAo

Contingente) Slm(3 pelotas) Sun

FT2(Nío

Contingente) Sim(4 pelotas) Sim

FT3(NAo

Contingente) Sim(3 pelotas) Sim

Fig. 4: Respostas emocionais (defecar e urinar) apresentadas por cada sujeito em cada Grupo (Contingente e Não-Contingente).

Sobre Comportamento e C'onniv<U>

(7)

A mera apresentação de um evento aversivo parece não ser condição suficiente para induzir a ocorrência das respostas emocionais. A natureza, a intensidade e, no presente estudo, a forma como esse evento é apresentado parecem ser relevantes. Os dados sustentariam que a aversividade, entendida como a freqüência de respostas emocionais geradas por um estímulo aversivo, seria maior em uma condição incontrolável (não contingente) do que na situação controlável (contingente). Como durante as sessões do Grupo Não Contingente houve uma exposição maior aos episódios aversivos (FT10"), alternativamente, os dados poderiam ser interpretados como um efeito da densidade diferencial da apresentação do JAQ e não do esquema em vigor em cada grupo. Essa diferença na densidade da estimulação aversiva poderia explicar a incompatibilidade entre os dados desse estudo e os do Camp & cols. (1967). Um procedimento acoplado, no qual o número de eventos e o momento da sua apresentação seriam igualados nos dois grupos, poderia controlar essa variável, separando os dois efeitos. Apenas após a realização desse controle seria possível saber se o JAQ teria realmente efeitos distintos do choque elétrico nesse contexto.

Um padrão comportamental adicional observado nos sujeitos submetidos ao JAQ não contingente foi o aumento da freqüência de respostas de fuga genericamente denominadas de "respirar fora da caixa" (focinhar a tela e o piso, colocando o focinho fora da caixa e respirando aceleradamente) na segunda metade da sessão. Tais respostas indicam que a apresentação continuada do JAQ produziu uma elevação na temperatura interna da própria caixa, que parece funcionar também como um aversivo (mais precisamente um reforçador negativo). Logo, além da propriedade "calor em contato direto com o JAQ" também parecer haver uma outra em ação: “elevação da temperatura interna da caixa". A redução inicial do responder, quando a temperatura interna ainda não havia sido elevada significativamente, não poderia ser atribuída a produção de respostas de fuga incompatíveis, mas ao longo da sessão os dois efeitos poderiam se somar, suprimindo integralmente o responder previamente fortalecido.

Observou-se também que no Grupo Não Contingente o comportamento de "lamber as patas dianteiras e passa-las no focinho", provavelmente para reduzir a temperatura do corpo que estava em contato direto com o piso aquecido, ocorreu com freqüência. Este comportamento ocorreu já nos 10 primeiros minutos de apresentação do JAQ e poderia ser mais uma condição aversiva concorrente que tomaria qualquer outra resposta menos provável. Esses dados indicaram a necessidade de alterar o equipamento e atualmente os pisos e a barra são feitos de acrílico e não mais de metal, havendo, por isso, uma dispersão mais rápida do calor.

O efeito na redução da freqüência das respostas previamente fortalecidas pela apresentação do JAQ nas duas condições foi claro. Os dados, porém, ainda não são conclusivos sobre o efeito diferenciado da apresentação contingente e não contingente do JAQ. O que contribuiu para os patamares diferenciados de supressão ainda precisaria ser esclarecido com a descrição mais precisa dos mecanismos específicos subjacentes a cada desempenho. O equipamento aqui adotado (e o estímulo punidor por ele produzido), por sua vez, mostrou-se uma alternativa cientifica e economicamente viável para a condução de investigações experimentais sobre contingências aversivas.

R e fe rê n cia s

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4 0 6 M«irvus R. tlc Ciirvullx) Neto, V iviane V R k o , C/rucy K . «Li S. Tobús, Am»iuri (/o u v tii li , kntf C/. I, An^eriimi

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Sobre Com,'u>r1.tmcnlo e Cotfniv«!«

(9)

Anexos

(iRÜPO I: PUNIÇÁO K R? SHSSÓFS

--- --- 1--- u m o

PCI

PC 2

CRI- 1 122 RÍ’ B

1,52 R/MIN 43 RPM 1,43 R/MIN

CRI* 2 9 6 RPB~

1.6 R/MIN 6« RPB

1.0 R/MIN

CRI* 3

” 95~RPB 1.58 R/MIN 81 RÍ*B 1,35 R/MIN

CRI 4 CRI 5 Pt 1 Pt 2

CRI- Pi

7 RPB 0,23 R/MIN 4 RPB 0,13 R/MIN 94 RPB

1,57 R/MIN 62 RPB

1,03 R/MIN

81 RPB 1.35 R/MIN 66 RPB

1,1 R/MIN

17 RPB 3.4 R/MIN 21 RPB 4.2 R/MIN

2 RPB 0,07 R/MIN 4 RPB 0,13 R/MIN 117 RPB 124 RPB 84 RPB 76 RPB 147 RPB 8 RPB 4 RPB 5 RPB

PC3 1,95 1,57 0,93 1,27 2,45 1.6 0,13 0,17

R/MIN R/MIN R/MIN R/MIN R M IN R/MIN R/MIN R/MIN

Anexo 1: Total de RPB, Taxa de RPB/Min de cada sujeito, em cada sessão, do Grupo Contingente.

GRUPO 2: APRHSl-NTAÇÀO NÃO CONTINGliNTH IX ) S AVHRSIVO SKSSÒIS

" " SUJKITO

'

CRF 1 C RI* 2 ( RI 3 CRI 4 CRI 5 P'

CRI 1

Pi I T I

15 RPB 0,21 R/MIN

65 RPB 1,08 R/MIN

40 RPB 0.67 R/MIN

55 RPB 0,92 R/MIN

3 RPB 0,6 R/MIN

0 RPB 0 R/MIN

IT 2

161 RPB 2,2 R/MIN

111 RPB 1,23 R/MIN

69 RPB 1,15 R/MIN

125 RPB 2,08 R/MIN

62 RPB 1,03 R/MIN

20 RPB 4,0 R/MIN

0 RPB 0 R/MIN

FT3

58 RPB 0,97 R/MIN

142 RPB 1,89 R/MIN

106 RPB 1,18 R/MIN

91 RPB 1,52 R/MIN

155 RPB 2,58 R/MIN

11 RPB 2,2 R/MIN

0 RPB 0 R/MIN

Anexo 2: Total de RPB, Taxa de RPB/Min de cada sujeito, em cada sessão, do Grupo Não Contingente.

408 Miircus B. de C .irv.tllK) Nldo, V íw in r V Rico, C/wcy K. tki S. lobvis, Am<njri C/ouvci.i I r , losí C/. f. An#cr<imi

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