PROFª DRª. BRUNA T S BESERRA 2021
REVISÃO DE ANATOMIA
E FISIOLOGIA DO
Segmento mais dilatado do tubo
digestório → reservatório entre o
esôfago e o intestino delgado.
ANATOMIA DO ESTÔMAGO
É dividido em:
Cárdia, Fundo, Corpo e Região Pilórica (antro e canal pilórico)
ANATOMIA DO ESTÔMAGO
Visão interna: pregas gástricas Coloração: “marrom avermelhado”
ESTRUTURA DA PAREDE DO ESTÔMAGO
Camadas de fora para dentro:
1) Serosa;
2) Camada muscular externa (oblíqua, longitudinal e circular);
3) Submucosa;
FUNÇÕES DO ESTÔMAGO
➢
Função motora
1. Armazenamento de grandes quantidades de alimento até que ele possa ser
processado;
2. Mistura do alimento com secreções gástricas até formar uma mistura
semilíquida denominada quimo;
3. Esvaziamento lento do quimo do estômago para o intestino delgado, a uma
vazão compatível com a digestão e absorção adequadas pelo intestino delgado.
ARMAZENAMENTO NO ESTÔMAGO
• O alimento mais recente fica mais próximo da
abertura esofágica, e o alimento mais antigo, no fundo do estômago.
• Distensão do estômago → reflexo vagovagal
MISTURA E PROPULSÃO DO ALIMENTO
▪ Ondas constritivas peristálticas fracas, denominadas ondas de mistura, iniciam-se nas porções média e superior da parede estomacal e movem-se em direção ao antro, uma a cada 15 a 20 segundos.
▪ À medida que progridem, estas ondas ganham intensidade, algumas tornam-se extremamente intensas e fornecem um poderoso potencial de ação peristáltica formando anéis constritivos em direção ao piloro.
▪ A abertura do piloro é pequena e alguns ml de contEÚdo antral são ejetados para o duodeno e
grande parte do contEÚdo é ejetado de volta para o
corpo do estômago → retropulsão (mecanismo de
❖ Para entendermos melhor esta função, dividiremos as glândulas estomacais de acordo com a localização no estômago:
❖ Região cárdica
❖ Região FÚndica (incluindo corpo e fundo do estômago)
❖ Região pilórica
FUNÇÃO SECRETORA DO ESTÔMAGO
1. Região cárdica: glândulas de lÚmen amplo que possuem células produtoras
de:
- Muco
- Lisozima
- Íons H+ e Cl- (pouco)
2. Região FÚndica (composta pelo fundo e corpo): possui glândulas de grande
variedade de células:
- Células de revestimento
- Células regenerativas (do tipo células-tronco)
FUNÇÃO SECRETORA DO ESTÔMAGO
2. Região FÚndica (composta pelo fundo e corpo) (continuação):
- Células oxínticas (parietais): especializadas na produção de ácido clorídrico e fator intrínseco
- Células pépticas (principais): liberam enzimas e proenzimas (pepsinogênio e lipase gástrica)
- Células enteroendócrinas: secretam hormônios que atuam localmente (no estômago) ou em outros órgãos
3. Região pilórica
- Muco
- Lisozima
GLÂNDULAS MUCOSAS
❖ Células mucosas superficiais: secretam grande quantidade de muco viscoso que cobre a mucosa estomacal com uma camada gelatinosa de muco (mais de 1mm) → barreira de proteção da parede estomacal e lubrificação do
transporte do alimento.
Este muco é alcalino → a parede estomacal subjacente normal não é exposta à secreção altamente ácida do HCl.
Estímulo de secreção da glândula mucosa:
GLÂNDULAS DA REGIÃO FÚNDICA
1. Células mucosas do pescoço: secretam basicamente muco;
2. Células parietais ou oxínticas: secretam ácido clorídrico e fator intrínseco;
GLÂNDULAS DA REGIÃO PILÓRICA
1. Células mucosas
2. Células enteroendócrinas ou células G → secretam hormônio
SECREÇÃO DE ÁCIDO CLORÍDRICO
A estimulação das células parietais para produzir e secretar HCl é feita basicamente por dois mecanismos:
1. estimulação da produção de histamina pelas células semelhantes às
enterocromafins (ECL) feita através da gastrina liberada pelas células G do antro;
2. estimulação colinérgica pelo sistema nervoso entérico a partir das
Mistura vigorosa dos sucos gástricos transporta a gastrina rapidamente para as células semelhantes às enterocromafins (células ECL) no corpo do estômago
As células ECL localizam-se na submucosa, muito próximas das glândulas da região FÚndica → liberam histamina no espaço
adjacente às células parietais das glândulas.
Hnter¥na
INIBIÇÃO DA SECREÇÃO GÁSTRICA
• Presença do alimento no ID inicia um reflexo enterogástrico reverso, transmitido através do sistema nervoso mioentérico, que inibe a secreção gástrica de HCl;
• Seja devido:
• Distensão das paredes duodenais;
• Aumento da acidez na região
• Detecção de produtos da digestão (gorduras, proteínas, carboidratos), etc.
Isto tudo sinaliza que o ID está “trabalhando intensamente” e precisa que o estômago “reduza um pouco a secreção”!
INIBIÇÃO DO ESVAZIAMENTO GÁSTRICO
Especialmente regulado pelo duodeno, de acordo com:
- Grau de distensão do duodeno
- Grau de acidez do quimo duodenal
- Irritação da mucosa duodenal
- Grau de osmolaridade do quimo
- Presença de determinados produtos da digestão proteica
HORMÔNIOS INTESTINAIS E SEU EFEITO SOBRE A SECREÇÃO E
ESVAZIAMENTO GÁSTRICOS
Hormônio Estímulo para liberação
Alvos da ação Efeitos primários
Colecistocinina (CCK) Presença de ácidos graxos e alguns aminoácidos Vesícula biliar, pâncreas e estômago
Estimula a contração da vesícula biliar e a secreção de enzimas pancreáticas; inibe o esvaziamento gástrico e secreção ácida
Secretina Presença de ácido Pâncreas e estômago
Estimula a liberação pancreática de
bicarbonato de sódio; inibe o esvaziamento gástrico e secreção ácida
Peptídeo inibidor gástrico (GIP) Glicose, ácidos graxos e aminoácidos Células B do pâncreas, estômago
SECREÇÃO E ATIVAÇÃO DE PEPSINOGÊNIO
• Secretado na forma inativa pelas células pépticas das glândulas da
região FÚndica.
• Contato com o HCl → clivado em pepsina ativa
• A pepsina atua como uma enzima proteolítica ativa em um meio ácido
DIGESTÃO DE PROTEÍNAS NO ESTÔMAGO
SECREÇÃO DE FATOR INTRÍNSECO
A substância fator intrínseco, essencial para absorção de vitamina B12 no íleo, é secretada pelas células parietais juntamente com a secreção de ácido clorídrico.
Quando as células parietais produtoras de HCl são destruídas, o que ocorre frequentemente na gastrite crônica, o indivíduo pode desenvolver:
- Hipocloridria ou Acloridria (diminuição ou ausência de secreção ácida estomacal);
ABSORÇÃO DA VITAMINA
B12 (CIANOCOBALAMINA)
1) As células parietais do estômago secretam o fator intrínseco (FI)
3) Forma, então, um complexo com duas proteínas (transcobalamina 1 e 2), e via circulação sanguínea, chega ao seu destino metabólico, o fígado.
2) O complexo FI + vit.
B12 é transportado para o
íleo, onde, com ajuda do cálcio e um pH acima de 6, a vitamina se desliga do fator intrínseco.
REFERÊNCIAS
Guyton & Hall - Tratado de Fisiologia Médica -
PROFª DRª. BRUNA T S BESERRA 2021
DOENÇAS DO
ESTÔMAGO
DISPEPSIA
Dor epigástrica (centrado na parte superior do
abdômen - epigástrio) predominante com duração de
pelo menos 1 mês. Isso pode estar associado a
qualquer outro sintoma gastrointestinal superior,
como plenitude epigástrica, náusea, vômito ou azia,
desde que a dor epigástrica seja a principal
preocupação do paciente.
EPIDEMIOLOGIA
~ 20% da população apresenta sintomas de dispepsia em todo o mundo.
A dispepsia é mais comum em mulheres, fumantes e em uso de antiinflamatórios não esteroidais;
Pacientes com dispepsia têm expectativa de vida normal, porém, os sintomas impactam negativamente na qualidade de vida.
DISPEPSIA - CLASSIFICAÇÃO
Secundária à Doença Orgânica: resultante de distintas doenças, como lesões
específicas (Úlcera péptica, DRGE, câncer gástrico e colelitíase).
Dispepsia Funcional: refere-se a pacientes com dispepsia em que a endoscopia (e outros exames quando relevantes) descartou a patologia orgânica que explica os sintomas do paciente.
GERAL
DIETOTERAPIA
TRATAMENTO
• Tratamento baseado no sintoma predominante;
•Tratamento de sintomas psicológicos;
• Medicamentos como bloqueadores H2 e inibidores da bomba de prótons (diminuem o tempo de acidez intra- gástrica);
• Procinéticos (medicamentos que atuam na motilidade gástrica).
• Dieta balanceada em qualidade e quantidade;
• Consistência modificada para facilitar a digestão (branda a pastosa);
• Alimentar-se em local tranquilo;
• Comer devagar;
• Volume reduzido, fracionamento aumentado;
GASTROPARESIA
DisTÚrbio motor do estômago →
diminuição da força contrátil da musculatura do estômago, quando o nervo vago é danificado por doença ou
lesão e os mÚSculos do estômago param
de trabalhar normalmente.
A gastroparesia retarda ou interrompe o movimento do alimento do estômago para o intestino delgado.
Etiologia:
• • • •
Doenças como Diabetes, Parkison,
esclerose MÚltipla;
Estados pós-operatórios; Origem idiopática;
Medicamentos:
• Opiáceos (analgesia - morfina),
• Anticolinérgicos (atropina);
SINTOMAS
• Principal sintoma: sensação de saciedade precoce (desconforto que se acentua
antes ou depois da ingestão de alimentos e ocorre mesmo após pequenas refeições)
• Náuseas e vômitos;
• Eructação e soluço;
• Dor na região do estômago;
• Perda de apetite e, consequentemente, perda de peso.
•OBS: em pacientes entubados, com uso de nutrição enteral, é comum
TRATAMENTO
Medicamentos Procinéticos: aumentam a motilidade gástrica (metoclopramida,
domperidona, cisaprida);
DIETOTERAPIA:
➢ Dieta individualizada, equilibrada em quantidade e qualidade;
➢ Alimentos gordurosos e ricos em fibras retardam o esvaziamento gástrico → consumir moderadamente;
➢ Volume reduzido, fracionamento aumentado;
GASTRITE
DEFINIÇÃO:
Processo inflamatório da mucosa gástrica.
CLASSIFICAÇÃO:
➢ Aguda;
➢ Crônica;
Processo inflamatório mucoso agudo, habitualmente de natureza transitória.
Etiologia:
• Bactéria Helicobater pylori: causa muito importante
• Uso maciço de medicamentos especialmente antiinflamatórios não-esteróides
(AINEs) como aspirina e ibuprofeno;
• Álcool, drogas como cocaína;
• Tentativas de suicídio, como ocorre com ácidos e álcalis
• Em situações de estado crítico (queimaduras graves, traumatismos); etc.
Helicobacter pylori, bactéria Gram
negativa resistente, diagnosticada pela primeira vez em 1982 por MARSHALL e WARREN.
Suporta o ambiente hostil do estômago (ácido forte, muco pegajoso e constante agitação);
Possui forma espiralada e flagelos que auxiliam sua locomoção.
(IVth Brazilian Consensus Conference on Helicobacter pylori infection, 2018)
FONTES DE INFECÇÃO E TRANSMISSÃO
Ser humano o ÚNIco reservatório natural do H. pylori;
Transmissão de H. pylori pode ocorrer por meio de:
❖ VIA ORAL-ORAL: vômito, refluxo esofágico, placa dentária ou saliva
(controverso);
❖ VIA FECAL-ORAL: fezes humanas e água (controverso) → contaminação de
alimentos e água;
❖ TRANSMISSÃO IATROGÊNICA OU GASTRO-GÁSTRICA: instrumentos
utilizados durante biópsia por via endoscópica podem servir como uma fonte de infecção (estudos sugerem que mesmo após desinfecção).
FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO
- Infância → período de maior risco para a aquisição deste patógeno devido ao maior contato interpessoal nesta fase da vida.
- elevado nÚmero de pessoas morando na mesma casa;
- partilha da cama entre crianças e adultos;
- ambientes insalubres e condições sanitárias precárias no domicílio e peridomicílio.
HELICOBACTER PYLORI
Com seus flagelos e forma espiral, a bactéria penetra no muco gástrico e pode ser encontrada no muco gástrico ou na superfície das células epiteliais.
A
Es)sRasearçeãaoçõpesronmãoovoidcoarrpeemlaeumretaosdeo →o es tlôureia imbeargaond,é quebrada em amônia,moasgánsascraergbiôõnesicpor.óximas às bactérias, criando, assim, um nicho com p
BH) Rperaóxçãimoo adoeneunteruo,trqauliezapçeãrmo itedoa
sobárcevidivoêncclioaríddaribcaoctdéroias.uco gástrico pela amônia
PATOGENIA
Digestão de proteínas no estômago → grande quantidade de ureia (produto da degradação do nitrogênio dos aminoácidos).
(posteriormente é convertido a bicarbonato)
PATOGENIA
Helicobacter pylori → epitélio gástrico
Ativação imunológica
Migração de células inflamatórias
DIAGNÓSTICO
– HELICOBACTER PYLORI
• Endoscopia, biópsia do estômago, teste da Urease (Helicobacter Pylori).
Ocorre devido ao uso de medicamentos antiinflamatórios como aspirina, ibuprofeno, cetoprofeno, diclofenaco e meloxicam;
A maioria dos casos é assintomática, porém pode haver até o surgimento de
complicações como sangramento ou perfuração de uma Úlcera gástrica ou
duodenal.
Subgrupos de usuários de AINEs em risco aumentado de complicações gastroduodenais:
- pacientes idosos, acima de 60 anos, especialmente mulheres;
- antecedentes de doença ulcerosa péptica;
- uso concomitante de corticosteroides;
- tabagismo e o uso de álcool potencializam o risco de complicações.
QUADRO CLÍNICO (depende da etiologia):
•Dor epigástrica intensa e inflamação da mucosa
gástrica;
•Pode ser mais facilmente revertida;
•Dor, náusea, vômito, dispepsia, anorexia, cefaléia,
hemorragia nos casos graves (hematêmese), melena.
OBS: a primo-infecção por H. pylori geralmente
passa despercebida pela maioria dos pacientes. Gastrite agudaaoexame
de endoscopia
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO (a depender da etiologia):
•Antiácidos;
•Inibidores da bomba de prótons (IBP), como omeprazol e pantoprazol;
•Antibióticos
•OBS: No caso de infecção por H. pylori: associação dessas substâncias em
doses elevadas e por período prolongado.
Ocorrendo dor intensa e hemorragia digestiva: Suspensão temporária de alimentação VO por 24/48 horas, e administração endovenosa de líquidos, glicose e eletrólitos. Se não houver melhora clínica, iniciar NPP ou NPT.
Evolução do Quadro Clínico:
▪ Realimentação gradativa com dieta líquida;
▪ Evoluir em DHP, progressivamente;
▪ Volumes moderados, fracionamento aumentado;
▪ Controle de agentes agressivos: álcool, cafeína, chocolate, pimenta.
Importante
• Deve-se evitar restrições alimentares excessivas e desnecessárias,
Evolução crônica e insidiosa do processo inflamatório
estomacal
•
Precede outras lesões gástricas: ÚLceras e neoplasias.
Etiologia:
• H. pylori (mais de 95% das gastrites crônicas);
• Imunológica (autoimune) → gastrite tipo A;
• Tóxicas (álcool);
• Pós-cirÚRgicas: refluxos das secreções duodenais biliares;
• Outras causas: tuberculose, sífilis, etc.
Metaplasia intestinal: quando as células do estômago são substituídas por células que se assemelham às que revestem o intestino
Gastrite antral: secreção gástrica normal ou
elevada graças à manutenção das glândulas oxínticas íntegras (na região de corpo e fundo);
risco aumentado para Úlcera duodenal.
Gastrite no corpo do estômago: secreção ácida
reduzida devido à destruição progressiva da mucosa oxíntica → gastrite crônica superficial e alterações atróficas com tendências a progredir com o passar dos anos e desenvolver metaplasia intestinal.
Gastrite crônica do corpo gástrico + atrofia acentuada → eleva de
3 a 4 vezes o risco de carcinoma gástrico.
Pangastrite: em todo o estômago
Gastrite crônica ao exame de endoscopia
SINTOMATOLOGIA
• A gastrite crônica do antro associada a H. pylori é habitualmente
assintomática.
• Nos quadros sintomáticos, observa-se: pirose, eructações, náuseas, vômitos,
dor abdominal, diarreia (ocasionalmente) e perda de peso.
• O principal significado clínico da gastrite crônica associada ao H. pylori reside
na sua estreita associação etiológica com:
➢ Úlcera péptica duodenal (98% dos pacientes infectados);
➢ Úlcera gástrica (75% estão infectados);
• Inflamação crônica da mucosa, sem erosão;
• Duas principais causas: autoimune e infecção por Helicobacter pylori.
• Mecanismo de ocorrência: há uma células parietais (ou oxínticas): HCL e
fator intrínseco - hipocloridria ou acloridria, podendo resultar em deficiência de vit.12 (→ risco de anemia megaloblástica ou perniciosa).
➢ Consistência modificada: geralmente branda (é comum a dispepsia);
➢ Volumes moderados, fracionamento aumentado;
➢ Evitar: agentes flatulentos, bebidas e condimentos picantes, estimulantes em
geral;
➢
Na gastrite atrófica, monitorar aporte de Vit. B12.
ÚLCERA PÉPTICA
Gástrica
ÚLCERA PÉPTICA - DEFINIÇÃO
MECANISMOS DE FORMAÇÃO DAS ÚLCERAS
PÉPTICAS
Causadas principalmente por:
➢ Infecção por Helicobacter pylori;
➢ Uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) → aspirina e
ibuprofeno
ASPECTOS CLÍNICOS DA ÚLCERA PÉPTICA
➢ Pode ser assintomática;
➢ Desconforto epigástrico, queimação ou dor contínua;
➢ Anemia, hemorragia franca ou perfuração;
➢ Dor piora durante à noite;
➢ Náuseas, vômitos e perda de peso;
ÚLCERA GÁSTRICA
•
Menos frequente;
•
Localização mais comum: curvatura do antro;
ÚLCERA GÁSTRICA AGUDA
➢ Lesão aguda da mucosa gástrica → acometem principalmente enfermos
graves/UTI;
➢ Chamadas de “Úlceras de estresse”, Úlceras de Curling (comuns em pacientes
queimados) ou Úlceras de Cushing (traumas neurológicos);
➢ Teoria mais aceita: redução do volume do plasma circulante → importante alteração da circulação sanguínea da mucosa → isquemia da mucosa gástrica → processo inflamatório local → diminuição da produção de muco
ÚLCERA DUODENAL
• Mais frequente
• Prevalência igual em homens e mulheres
PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES
1- Hemorragia digestiva: perda de sangue, vômitos semelhantes a borra de
café (hematêmese), fezes escuras (melena – presença de sangue digerido nas
fezes);
2- Perfuração: quando a Úlcera é muito profunda e perfura a parede do
estômago ou do duodeno;
3- Estenose: quando a cicatriz que se forma nas Úlceras antigas provoca
DIAGNÓSTICO
• Exames como Endoscopia Digestiva Alta (EDA)
• Teste da Urease: detectar presença de metabólitos da uréia (confirmação da
TRATAMENTO
1. Inibir a secreção ácida gástrica
- Antagonistas do receptor H2 da histamina (cimetidina, famotidina);
- Drogas inibidoras da bomba de próton (omeprazol, pantoprazol, lanzoprazol);
2. Erradicar a bactéria H. pylori (antibióticos);
3. Úlceras de estresse: prevenção com drogas específicas (lanzoprazol,
pantoprazol, cimetidina, ranitidina).
4. Cirurgia:
➢ Mais raras, somente em situações muito específicas;
TRATAMENTO NUTRICIONAL
Em caso de complicações → avaliar caso: geralmente, suspensão temporária de alimentação VO e administração endovenosa de líquidos, glicose e eletrólitos. Se não houver melhora clínica, iniciar NPP ou NPT.
Quadro Clínico estável:
▪ Consistência: depende da tolerância individual (Líquida a Pastosa na fase
aguda; Branda a Normal na recuperação);
▪ Volumes moderados, fracionamento aumentado;
▪ Controle da ingestão de alimentos com poder irritante estomacal;
ALIMENTOS A SEREM EVITADOS NA GASTRITE
E DOENÇA ULCEROSA
▪ Bebidas alcoólicas: o álcool é um potente irritante da mucosa
gastrintestinal
▪ Café, mesmo que seja do tipo descafeinado, leva ao aumento
da produção de ácido gástrico, resultando em irritação da mucosa
▪ Chocolate contém xantinas que contribuem para a irritação
ALIMENTOS A SEREM EVITADOS NA GASTRITE
E DOENÇA ULCEROSA
▪ Refrigerantes à base de cola são relacionados ao aumento
da produção ácida. Além disso, por serem gasosos, provocam distensão gástrica e podem relacionar-se a dispepsia
▪ Pimenta vermelha possui capsaicina, substância irritante
TABUS ALIMENTARES NA GASTRITE E ÚLCERA
Uso de leite para
“alcalinização gástrica e
alívio da
dor”.
TABUS ALIMENTARES NA GASTRITE E ÚLCERA
Consumo de frutas ácidas “piora os sintomas”.
Depende. O pH do estômago (por volta de 2) é mais ácido que qualquer fruta (p. ex., o pH do suco de laranja é em torno de 3), por isso não seria necessário evitá-las. No entanto, alguns pacientes relatam dispepsia após ingerir alimentos cítricos.
Portanto, é recomendado respeitar a tolerância do paciente, sem
CÂNCER DE ESTÔMAGO
No Brasil, o câncer de estômago é o 3º tipo mais frequente entre homens e o 5° entre as mulheres.
Três tipos histológicos:
➢ Adenocarcinoma (responsável por 95% dos tumores); ➢ Linfoma, diagnosticado em cerca de 3% dos casos;
➢ Sarcoma, iniciado em tecidos que dão origem aos mÚSculos e aos ossos.
ETIOLOGIA
• H. pylory , gastrite atrófica e metaplasia intestinal;
• Carnes vermelhas processadas → aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos associados a maiores riscos de câncer.
• Nitrato e nitrito usados como conservantes de conservas, picles, defumados, carnes
curadas, embutidos e de alguns vegetais induzem a formação tumoral, visto que, os compostos N-nitroso e o nitrato transformam-se em nitrito, um óxido desestabilizado, levando a um aumento na produção de radicais livres e lesão celular.
• Fatores de risco:
Infecção por H. pylori
gastrite crônica ativa
gastrite crônica atrófica (décadas)
metaplasia intestinal, displasia
ADENOCARCINOMA GÁSTRICO
(Adaptado de Lacy & Rosemore, 2001)
TRATAMENTO
• Geralmente CIRÚrgico: gastrectomia parcial ou radical (total);
• No tratamento cirÚRgico é retirada parte ou todo o estômago, além dos nódulos
linfáticos próximos. Esta é a principal alternativa terapêutica e muitas vezes, a
ÚNIca chance de cura;
PREVENÇÃO
• Dieta balanceada, composta de vegetais crus, frutas cítricas e alimentos ricos
em fibras;
• Vitamina C: frutas e verduras frescas → antioxidante;
• Reduzir o consumo de alimentos defumados, enlatados, com corantes ou
conservados em sal;
• Combater a bactéria Helicobacter pylori;
CUIDADOS NUTRICIONAIS
• Conduta determinada pelo local do tumor, natureza do distÚRbio
funcional, estágio da doença e tratamento CIRÚrgico adotado;
• Anorexia: quase sempre presente;
• Terapia nutricional especializada: quase sempre necessária (enteral → sonda pós-pilórica ou jejunostomia; nutrição parenteral se aporte via enteral não for possível);
• Indicada dieta adaptada às condições clínicas do paciente: VET,
REFERÊNCIAS
Moayyedi P, Lacy BE, Andrews CN, Enns RA, Howden CW, Vakil N. ACG and CAG Clinical Guideline: Management of Dyspepsia. Am J Gastroenterol. 2017 Jul;112(7):988-1013. doi: 10.1038/ajg.2017.154. Epub 2017 Jun 20. Erratum in: Am J Gastroenterol. 2017 Sep;112(9):1484. PMID: 28631728.
Ford AC, Marwaha A, Sood R et al. Global prevalence of, and risk factors for, uninvestigated dyspepsia: a meta-
analysis. Gut 2015;64:1049–1057.
COELHO LGV, MARINHO JR, GENTA R, RIBEIRO LT, PASSOS MCF, ZATERKA S et al . IVTH BRAZILIAN CONSENSUS CONFERENCE ON HELICOBACTER PYLORI INFECTION. Arq. Gastroenterol. 2018; 55(2):97-121.
Lacy BE, Rosemore J. Helicobacter pylori: ulcers and more: the beginning of an era. J Nutr. 2001 Oct;131(10):2789S- 2793S.
Instituto Nacional de Câncer. Câncer de estômago, 2020. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-
cancer/cancer-de-estomago.