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Musculação para adolescentes

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Academic year: 2021

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Musculação para adolescentes

Dr. José Maria Santarem

Este tema tem sido tratado de maneira inadequada em nossa imprensa, com

matérias exagerando os riscos do treinamento com pesos para adolescentes. Desta maneira, muitos jovens podem estar sendo afastados de uma atividade física que como qualquer outra é promotora de saúde e aptidão.

Inicialmente deve ser esclarecido que os riscos do treinamento com pesos para crianças e adolescentes já estão bem estabelecidos em literatura científica e são menores do que em muitas outras atividades físicas consideradas seguras. Atualmente não se admite mais que afirmações e condutas sejam baseadas em hipóteses teóricas, sem a preocupação de buscar fundamentação em resultados de trabalhos científicos, ou pelo menos nas

impressões pessoais de quem tem experiência na área. Esses resultados ou impressões são as chamadas "evidências" ou seja, respostas da natureza que podem indicar com mais segurança onde está a verdade. Não existem evidências de que a musculação para

adolescentes seja muito perigosa. Como em toda atividade física alguns riscos existem, mas são poucos e facilmente evitáveis.

Uma das afirmações mais comuns encontradas em publicações não especializadas é a de que o desejo dos adolescentes aumentarem a massa muscular é anormal ou patológico. Não conhecemos estudos de psicologia que justifiquem essa afirmação. A impressão de muitos profissionais envolvidos com jovens praticantes de musculação é que não existe nada de anormal com esses adolescentes. Nossa opinião pessoal é de que a auto afirmação entre adolescentes é uma necessidade mais do que um desejo. Nesse sentido, a única

preocupação que os adultos devem ter com esses jovens é no sentido de evitar que essa necessidade seja canalizada exclusivamente para uma área, seja esportiva ou intelectual, em detrimento de uma formação global do indivíduo.

O prejuízo ao crescimento estrutural dos adolescentes praticantes de musculação é frequentemente apresentado como um risco do que chamam de "excesso de musculação". Não há como definir o que seja "excesso de musculação". O desempenho atlético em geral parece ser diretamente proporcional à massa muscular, e para os padrões estéticos de muitos, quanto mais músculos, melhor. Na realidade, excesso de treinamento é o que deve ser evitado. Atividade física excessiva de qualquer tipo pode diminuir a produção dos hormônios sexuais, o que é um dos indicadores da situação conhecida como "over-training". Nessa situação, o ganho de massa muscular diminui, pode ocorrer atraso no

desenvolvimento das características sexuais secundárias, mas o que acontece com o crescimento estrutural dos adolescentes não é conhecido. Uma das possibilidades é que ocorra um aumento da estatura, pois os hormônios sexuais fecham as epífises ósseas. Na musculação, todos os técnicos e professores bem formados sabem que o excesso de

treinamento deve ser evitado para que possa ocorrer aumento adequado de massa muscular. Assim sendo, excesso de treinamento não é comum na musculação, sendo muito mais frequente em outras atividades esportivas ou mesmo recreacionais.

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treinamento para hipertrofia. Não há evidências sugestivas e não é sensato imaginar que adolescentes não possam fazer o que fazem os idosos.

Algumas lesões podem ocorrer na prática da musculação, mas não são frequentes. Nos EEUU, onde 45 milhões de pessoas se exercitam regularmente com pesos, menos de 1% das consultas médicas em serviços de emergência são devidas a lesões em treinamento com pesos. Além disto, a maioria das lesões ocorrem nos levantamentos de peso competitivos e não no treinamento com pesos. Lesões graves das epífises ósseas e fraturas são muito raras. Estatísticas mostram que lesões como as distensões de músculos e ligamentos podem ser precipitadas pelo uso de cargas excessivas, treinamento mal orientado e equipamento mal projetado. Cargas excessivas em musculação são aquelas que impedem a execução correta dos movimentos, sendo a sua utilização um erro técnico primário, detectado por qualquer instrutor. Ao contrário, esforços excessivos são frequentes e inevitáveis em atividades como o futebol e outros jogos com bola. Tais esforços produzem as mesmas lesões encontradas na musculação, com muito mais frequência, e a mídia não parece estar preocupada com elas.

Praticantes de todas as modalidades esportivas também costumam frequentar academias de musculação, e se muitos deles apresentam lesões, isto não significa que tais lesões tenham sido produzidas pelo treinamento com pesos. Na verdade, o treinamento com pesos pode ser terapêutico para muitas lesões esportivas, e também profilático. Esportistas em geral, incluindo crianças, apresentam menor incidência de lesões em suas modalidades quando estão protegidos pelo fortalecimento muscular induzido pelo treinamento com pesos. A elasticidade dos músculos submetidos ao treinamento para hipertrofia aumenta, ao

contrário de afirmações que às vezes encontramos, e não há evidências de que as

articulações possam ser prejudicadas por qualquer mecanismo. Os tendões são fortalecidos pelo treinamento para hipertrofia, e as rupturas às vezes apresentadas por atletas em esforço máximo são, provavelmente, devidas ao uso de anabolizantes. Também não existe a mais remota evidência de que lesões cardíacas possam ser atribuídas ao treinamento com pesos, com ou sem excessos.

Outro erro comum é confundir suplementos alimentares com drogas anabolizantes, ou imaginar que a utilização de suplementos possa ser o primeiro passo em direção às drogas. A impressão da maioria dos profissionais envolvidos nessa questão é que os suplementos podem afastar os praticantes das drogas, por satisfazerem a necessidade psicológica que algumas pessoas têm de utilizar algum "aditivo" ao treinamento. Esses produtos são alimentos industrializados que têm a qualidade de trazer praticidade para a alimentação dos esportistas, embora as suas apresentações em pó, comprimidos, líquidos concentrados ou cápsulas lembrem remédios. Não existem evidências de prejuízos reais à saúde decorrentes do uso sensato de suplementos alimentares.

O maior risco para a saúde dos esportistas em geral é a tentação do uso de drogas que possam favorecer o desempenho ou os resultados do treinamento. Entre essas, as mais utilizadas são os esteróides ou andrógenos anabolizantes. Entre seus efeitos estão a

hipertensão arterial, dislipidemia, aterosclerose, tromboses, infartos cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, hemorragias digestivas, gangrenas, esterilidade, hipogonadismo, hepatite, degeneração hepática, estímulo para alguns tipos de tumores, agressividade excessiva e depressão grave. Fato inegável é que muitos praticantes de musculação são usuários dessas drogas, mas deve ser lembrado que em outras áreas esportivas os mesmos produtos são amplamente utilizados. Apesar disto, não se pode condenar o esporte em função de que muitos de seus adeptos utilizam drogas. Também muitos são os exemplos de homens e mulheres que redefiniram suas vidas no sentido da saúde em função da prática esportiva. Todos os setores da nossa sociedade estão permeados pela utilização de drogas em geral, seja por razões de estímulo para produção artística e intelectual, desempenho físico ou simplesmente prazer. Esse panorama inclui o tabaco e o álcool, responsáveis por muitas doenças, mortes e dramas sócio-familiares.

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http://saudetotal.com.br/artigos/atividadefisica/adolescente.asp

Exercício físico e saúde

Em toda a história da humanidade, a atividade física vigorosa sempre esteve associada

com a imagem de pessoas saudáveis. Basta lembrarmos dos jogos olímpicos que começaram

na Grécia 776 antes de Cristo! Mens sana in corpore sano, diziam os romanos.

Popularmente existe a tendência para considerar todas as pessoas iguais, sendo as

diferenças individuais atribuídas a fatores ambientais tais como hábitos de vida e alimentação,

entre outros, e esquece-se os fatores hereditários, genéticos. É importante lembrar que a

saúde das pessoas repousa sobre duas colunas : a

constituição genética e as condições

ambientais. Entretanto, agora, vamos dedicar-nos a estas últimas, porque a consciência e a

preocupação com as heranças genéticas, não deve levar à posição de negligência do papel dos

fatores ambientais. Dentre estes, que estimulam a saúde das pessoas, estão os

exercícios

físicos, ao lado da boa alimentação , da higiene, das imunizações, da vida em ambiente

saudável, do sono e da recuperação adequada dos esforços físicos e mentais.

Consideração de importância é a de que os benefícios do exercício são comuns à todos

os tipos de atividade física, esportiva ou laborativa, desde que os esforços não sejam excessivos

em relação à condição física da pessoa. O exercício é uma forma de sobrecarga para o

organismo. Sobrecargas bem dosadas estimulam adaptações de aprimoramento funcional de

todos os órgãos envolvidos, mas quando excessivas, produzem lesões ou deterioração da

função. O sedentarismo caracteriza-se por uma ausência de sobrecargas para todo o sistema

neuro-músculo-esquelético e metabólico, levando ao enfraquecimento progressivo de

estruturas com funções biomecânicas, e à alterações funcionais que estatisticamente se

correlacionam com maior incidência ou gravidade de doenças. Com base em estudos

epidemiológicos e fisiopatológicos, formou-se o consenso de que os exercícios estimulam a

saúde em diversos aspectos:

1. Alívio de tensões emocionais: a atividade física é reconhecida como uma forma

eficiente de aliviar o stress emocional, diminuindo assim um importante fator de risco

para diversas doenças crônicas.

2. Melhora da composição sanguínea: os exercícios em geral tendem a normalizar os

níveis de glicose, gorduras e diversas outras substâncias no sangue, que podem estar

alterados e trazer riscos aos portadores.

3. Redução da pressão arterial:

pessoas ativas fisicamente tendem a ter níveis

pressóricos mais baixos, e os exercícios em geral auxiliam a diminuir a pressão arterial

dos hipertensos.

4. Estímulo ao emagrecimento: qualquer tipo de exercício estimula a redução da gordura

corporal, diminuindo assim a possibilidade da pessoa desenvolver doenças como a

aterosclerose, o diabetes e outras.

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6. Aumento da massa muscular: a atividade física habitual leva à um aumento do volume

e força dos músculos, protegendo as articulações e favorecendo a aptidão física.

7. Desenvolvimento da aptidão física: os exercícios aumentam a capacidade das pessoas

realizarem esforços, permitindo assim maior autonomia motora, condição conhecida

como boa qualidade de vida.

Um dos aspectos que não pode ser esquecido, em função de sua importância para a

vida em sociedade, é a deterioração da forma do corpo consequente ao sedentarismo. A falta

de exercícios leva à diminuição progressiva da massa muscular e à tendência para o acúmulo

de gordura. Tendo os músculos consistência firme e formas arredondadas, sua função é

modeladora, tanto no homem quanto na mulher. O tecido adiposo, de consistência flácida e

sem forma definida, é o elemento deformante do corpo.

Nas cidades, a solução mais habitual para o sedentarismo imposto pelo trabalho

intelectual são as atividades esportivas . Clubes, academias e empresas que fabricam

equipamento profissional e doméstico para ginástica proliferam nas regiões urbanizadas de

todo o planeta, em consonância com a consciência das pessoas quanto à necessidade de

atividade física. Atividades recreacionais como caminhadas, passeios ciclísticos, pescarias,

camping e náutica também envolvem razoável e benéfica atividade física, mas devido ao seu

caráter geralmente esporádico, devem ser complementadas com outras formas de exercício

mais frequente.

Uma questão que costuma receber ênfase injustificada é a indicação da atividade física

supostamente ideal. O que se pode afirmar do ponto de vista do conhecimento científico é que

todas as formas de exercício possuem mais ou menos os mesmos efeitos salutares acima

elencados. Assim sendo, não se justifica classificar as diversas atividades físicas como mais ou

menos salutares, a não ser que se considere a incidência de traumas, que evidentemente pode

variar entre as diversas formas de exercício. A opção por uma ou outra forma de atividade

física deve ficar por conta do prazer que cada pessoa encontra na sua prática

. Pessoas

extrovertidas costumam apreciar atividades coletivas com bola e ao ar livre, nos clubes e

praças esportivas. As pessoas mais introvertidas geralmente preferem atividades individuais

em academias, e quando as suas personalidades não são adequadas nem para estes locais, os

exercícios em casa podem ser os ideais.

Algumas atividades esportivas exigem um grau mínimo de aptidão física, abaixo da

qual não é possível a sua prática. Quando uma pessoa pretende dedicar-se à alguma

modalidade de esporte para a qual não está preparado, deve iniciar um programa de

condicionamento físico para melhorar seus níveis de aptidão.

Independentemente do tipo de atividade, aspecto de alta relevância é adequar o grau

de esforço do exercício à condição física atual da pessoa . Qualquer tipo de exercício pode ser

graduado nas suas características de realização, podendo então ser classificado como suave,

moderado ou exaustivo, de acordo com o nível de sobrecargas impostas ao organismo.

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Escolhido o tipo de exercício com base na preferência e na condição física da pessoa,

uma adequada orientação técnica é fundamental. Nos clubes e academias professores e

técnicos poderão oferecer a orientação adequada em cada modalidade esportiva. Para as

pessoas que preferirem os exercícios domésticos, é importante seguir as

orientações dos

equipamentos utilizados, geralmente fornecidos por meio de folhetos ou vídeos.

Qualquer

dúvida deverá ser esclarecida com profissionais de educação física, muitos dos quais estão se

dedicando à função de treinadores pessoais.

A avaliação inicial de alguém que deseja iniciar um programa de condicionamento

físico é um outro aspecto que merece algumas considerações. As recomendações para

atividade física de populações estabelecidas pelos "Centers for Disease Control and

Prevention" e pelo "American College of Sports Medicina", dos Estados Unidos (Pate et al,

1995), esclarecem que a maioria das pessoas adultas não necessitam consulta médica antes de

iniciar um programa de exercícios suaves ou moderados. Homens acima de 40 anos e mulheres

acima de 50 anos, devem consultar um médico nas seguintes situações: desejo de praticar

exercícios intensos; quando apresentarem doenças crônicas do tipo diabetes, hipertensão

arterial e aterosclerose; quando apresentarem fatores de risco para doenças crônicas tais como

tabagismo e obesidade. Na consulta médica serão avaliados os antecedentes familiares e

pessoais, os sinais e sintomas de doenças em geral, e exames laboratoriais poderão estar

indicados. Um deles é o eletrocardiograma realizado durante exercício em bicicleta

ergométrica ou esteira, que pode evidenciar estágios iniciais de doenças cardíacas, caso em

que estarão contra indicados exercícios exaustivos de qualquer tipo. Avaliação detalhada da

composição corporal e das qualidades de aptidão não é uma necessidade para realizar

exercícios com segurança e eficiência, desde que as pessoas sejam bem orientadas por um

profissional competente. Mudanças de hábitos alimentares podem ser necessárias para que as

pessoas possam atingir os seus objetivos, e neste caso uma consulta com nutricionista poderá

ser importante.

Referências

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