Informativo nº 56 Setembro/2018
• AMÉRICA/EUROPA OCIDENTAL
MILITARES VENEZUELANOS SE ENCONTRAM COM AMERICANOS E É CRIADA UMA NOVA ALIANÇA COM A CHINA
O governo venezuelano classificou como absolutamente inaceitável e injustificável que funcionários do governo dos Estados Unidos se reúnam em segredo com militares venezuelanos. O posicionamento do governo veio após o The New York Times ter informado que funcionários do governo Trump haviam se encontrado com um ex- comandante militar venezuelano. Posteriormente, o presidente da China, Xi Jinping, e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, formaram uma nova aliança baseada em acordos múltiplos com o intuito de criar uma parceria estratégica abrangente onde temas como educação, agricultura, comércio, cultura e recursos humanos farão parte desta nova fase das relações entre os países. O país que ainda atravessa uma grande crise teve agora protestos contra a falta da gasolina. Bloqueando rotas com os carros protestando contra a escassez de gasolina, dezenas de venezuelanos foram as ruas de San Cristóbal para uma paralisação. A situação de calamidade no país tem se alastrado ao longo de todos os setores e os protestos do setor de combustíveis demonstram uma crise de abastecimento em um país rico em petróleo.
MISSÃO DE DIRETOS HUMANOS DEIXA A NICARÁGUA
A Organização das Nações Unidas (ONU), responsável por uma missão de direitos humanos na Nicarágua, deixou o país logo após ter sido expulsa pelo governo. A decisão foi tomada pelo governo do presidente Daniel Ortega, que ordenou a retirada da missão, dois dias após a publicação de um relatório criticando o clima de medo nos países da América Central, onde mais de 300 pessoas foram mortas.
MORRE IMPORTATNE MEMBRO DAS FARC NA COLÔMBIA
As forças armadas colombianas mataram um perigoso dissidente das FARC. Victor David Segura, foi identificado pelo presidente colombiano, Ivan Duque, como o líder do grupo.
Segundo Duque, Segura foi responsável pelos crimes de tráfico de drogas, assassinatos, extorsão, deslocamento forçado e sequestros, sendo que sua irmã também era uma agente rebelde de alto escalão. A guerra com o grupo, por hora tem estado em paz, com o mesmo tendo se convertido em um partido político.
GOVERNO DOS EUA CHAMA EMBAIXADORES PARA TRATAR SOBRE RECONHECIMENTO DA CHINA
Os Estados Unidos chamaram os chefes de suas missões na República Dominicana, El Salvador e Panamá para consultas sobre as decisões dos governos desses países de romper relações diplomáticas com Taiwan e mudar para a China. No México, tem havido especulações de que a China poderia estar interessada em investir em projetos de infraestrutura a serem lançados pelo presidente eleito Andrés Manuel López Obrador.
Depois que a China continental assumiu a representação do país nas Nações Unidas em 1971, a maioria dos países trocou o reconhecimento de Taiwan para Pequim como a real representante do Estado chinês. Tipicamente, ambos os lados competiram pelos aliados através de medidas financeiras.
• ÁSIA/LESTE EUROPEU
MIANMAR É OFICIALMENTE DENUNCIADO
O mês de setembro apenas demonstrou o que já era esperado em Mianmar: a crise de refugiados tem se tornado cada vez pior. Em meio a pressões internacionais de Estados e ONG’s, a ONU publicou um relatório que acusa o chefe do exército e outros cinco oficiais superiores de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra contra a minoria Rohingya, acusações que foram formalizadas no Conselho de Direitos Humanos. O governo de Mianmar rejeitou ambas as medidas, o relatório e as denúncias, alegando que não havia concedido qualquer permissão para que pesquisas fossem realizadas dentro do país, portanto não tem plenas condições de chegar a conclusões. Em meio às acusações de abusos contra a minoria Rohingya, houveram protestos no país contra a condenação de dois repórteres que foram presos por estarem cobrindo a crise, o que foi considerado como censura do jornalismo local. Apesar dos problemas, os EUA pretendem enviar 185 milhões de dólares aos refugiados em Bangladesh para que estes sejam repatriados.
RÚSSIA REALIZA EXERCÍCIOS MILITARES
A Rússia iniciou neste mês o maior exercício militar desde a queda da União Soviética.
O exercício mobilizou mais de 300 mil militares perto da fronteira com a China para demonstrar força. Futuramente, o exercício pretende fazer exercícios conjuntos com o exército chinês. Além do exercício, um novo sistema de guerra eletrônica russo foi identificado no leste da Ucrânia. O sistema tem como função interferir em sinais eletrônicos, impedindo a comunicação entre eles. Quanto à campanha na Síria, o Ministério da Defesa russo declarou que, em conjunto com a Turquia, a Rússia irá criar uma zona desmilitarizada, na região de Idlib, para separar os rebeldes das forças governamentais que se encontram no local.
RELAÇÕES ENTRE AS COREIAS MELHORAM
Ao longo do último mês, as relações entre Coreia do Norte e Coreia do Sul melhoraram significativamente, a ponto de haver a criação de um escritório conjunto dos dois países.
O escritório agora existe com o intuito de estabelecer um canal de comunicação permanente e fortalecer os laços entre os dois países. A abertura deste escritório foi uma das medidas estipuladas entre os líderes coreanos na primeira cúpula realizada. Além do escritório, o governo sul-coreano pediu aos EUA que estes declarem o fim da Guerra da Coreia como um incentivo para que a Coreia do Norte se engaje ainda mais na desnuclearização. Apesar da boa relação entre os dois países, a Coreia do Norte ainda sofre com sanções internacionais, que acabam causando crises humanitárias, já que ONGs ficam impedidas de enviar recursos ao país.
• ORIENTE MÉDIO
IÊMEN
A Organização das Nações Unidas (ONU) vai sediar conversações de paz entre o governo do Iêmen apoiado pelos sauditas e os rebeldes Hutis apoiados pelo Irã. É o primeiro diálogo entre os dois grupos desde 2016. A ONU classifica o conflito no Iêmen como a pior crise humanitária do mundo. As negociações acontecerão em Genebra e marcam uma esperança do fim da guerra civil que começou em março de 2015. Além disso, aconteceram protestos contra a deterioração da situação econômica do país e o enfraquecimento da moeda, que bloquearam estradas na cidade de Aden e fecharam lojas e escritórios do governo. O rial, moeda iemenita, perdeu mais de metade de seu valor ante o dólar norte-americano deste o início da guerra civil. O aumento dos preços colocou algumas commodities básicas fora do alcance de muitos iemenitas, e o banco central tem tido dificuldade de pagar os salários do setor público. A guerra criou uma crise humanitária e econômica no país já empobrecido. Isso implica no fato de mais de cinco milhões de crianças estarem ameaçadas de fome no Iêmen, indicou a ONG Save the Children. Em um relatório, a organização britânica advertiu para o risco "de uma fome
sem precedentes". A retomada de uma ofensiva das forças pró-governo no porto estratégico de Hodeida põe em risco o acesso à ajuda humanitária e já tem um impacto econômico sobre os civis, apontam especialistas. O Programa Mundial de Alimentos da ONU diz que cerca de dois terços da população do Iêmen não sabem de onde virá sua próxima refeição e que milhares estão "precariamente próximos" da fome.
SÍRIA
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia alertou os Estados Unidos e seus aliados sobre os riscos de se adotar medidas perigosas na Síria em meio às recentes tensões em torno de Idlib, último enclave rebelde no país. Ainda tratando das tensões em Idlib, o Centro Russo de Reconciliação comunicou que combatentes rebeldes teriam levado recipientes com substâncias químicas baseadas em cloro para o povoado de Jisr al- Shughur, localizado na província em questão, a fim de filmar encenações de um alegado ataque químico. EUA, França, Reino Unido e outros países ameaçaram realizar um ataque sem precedentes contra a Síria caso ocorra um novo incidente envolvendo o uso de armas químicas pelas forças leais ao presidente Bashar al-Assad. Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse em uma entrevista coletiva que tomará uma decisão muito rápida sobre a retirada das tropas norte-americanas da Síria assim que o grupo terrorista Estado Islâmico for considerado erradicado. Quatro aviões russos decolaram da base aérea de Hmeimim e efetuaram ataques de alta precisão contra alvos do grupo terrorista Frente al-Nusra na província síria de Idlib, afirmou o representante oficial do Ministério da Defesa russo, major-general Igor Konashenkov. O Observatório Sírio disse que os ataques aéreos russos foram os primeiros por 22 dias e ocorreram horas depois de três caças pró-governo terem sido derrubados por foguetes rebeldes na área de Jabal Turkmen, em Latakia. Além disso, o regime sírio e aviões russos bombardearam centros médicos e bases de defesa civil em Idlib na ofensiva militar contra o último grande bastião rebelde.
Por outro lado, as Forças Democráticas da Síria, lideradas pelos curdos, lançaram, com a ajuda da coalizão liderada pelos EUA, uma ampla ofensiva na semana passada para capturar o último bolsão do Estado Islâmico na Síria. Por fim, as ações de Israel obrigaram a Rússia a tomar medidas de resposta para garantir a segurança dos seus militares na Síria, declarou o Ministro da Defesa russa, Sergei Shoigu. A Rússia, então, vai entregar os sistemas de defesa antiaérea S-300 ao exército sírio. Tal medida tem como objetivo
garantir a segurança dos militares russos no país após o incidente com o avião IL-20, abatido no espaço aéreo sírio, que matou 15 militares.
ISRAEL
Os Estados Unidos anunciaram que estão terminando de financiar a UNRWA, uma agência da ONU para refugiados palestinos. Há muito tempo, Washington é o maior doador individual da agência, fornecendo mais de US$ 350 milhões por ano. A decisão seguiu-se a outra tomada por Washington, em 24 de agosto, de cancelar mais de US$ 200 milhões em ajuda bilateral aos palestinos em Gaza e na Cisjordânia. Líderes palestinos condenaram duramente as medidas dos EUA, enquanto Benjamin Netanyahu, Primeiro- Ministro israelense, às elogiou. O Primeiro-Ministro também considerou que os líderes europeus não estão enfrentando o Irã da maneira que deveriam. O Irã, com seu programa nuclear e sua participação no conflito sírio, representa um dos temas centrais da política externa de Israel. Para Netanyahu, a Europa deveria seguir o exemplo dos Estados Unidos e se retirar do acordo firmado com Teerã em 2015, referente a seu programa nuclear, aplicando as devidas sanções. Além disso, aviões de guerra israelenses bombardearam um posto do Hamas no leste da Faixa de Gaza. Aeronaves israelenses tiveram como alvo um ponto de observação aliado às Brigadas Ezzedine al-Qassam, o braço armado do movimento de resistência Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007. Dessa forma, líderes de Gaza disseram que as conversações de cessar-fogo com Israel foram interrompidas. O oficial do Hamas, Sami Abu Zuhri, culpou a Autoridade Palestina, com sede na Cisjordânia, pelo impasse, por manifestar forte oposição às negociações. Abu Zuhri disse que, em resposta, seu grupo militante islâmico está realizando protestos em novos locais ao longo das fronteiras de Gaza com Israel. O Hamas tem liderado protestos semanais desde março, exigindo o fim do bloqueio israelense-egípcio que paralisa Gaza desde que o grupo assumiu o controle da faixa costeira. Os israelenses mataram 135 palestinos nos protestos e deixaram milhares de feridos.
TURQUIA
Na cúpula realizada em Teerã, para discutir o confronto final na guerra da Síria, na fortaleza rebelde de Idlib, ficou clara a preocupação do Chefe de Estado turco, que tenta
impedir outra avalanche de até 800.000 refugiados em seu país, que já abriga três milhões de exilados sírios. Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e do Irã, Hasan Rohani, negociaram os passos para finalizar o conflito no país.
Ainda temendo a avalanche, Ancara pediu apoio internacional para o cessar-fogo na região tomada pelos rebeldes, ao mostrar para o Conselho de Segurança da ONU que um ataque nesta província poderá ser o gatilho para o aumento de refugiados. Além disso, o presidente turco disse, em entrevista coletiva, que a expansão de um "pântano de terror", a leste do rio Eufrates, sob alguns de seus aliados, continua sendo o "maior problema"
para a Síria no futuro. Ressaltando que nenhum país foi mais afetado pela guerra civil síria do que a Turquia, ele disse que chamaria a atenção para as crises humanitárias em seu discurso na Assembleia Geral. Por fim, a polícia turca prendeu cinco suspeitos de serem membros do Estado Islâmico em vários ataques realizados em Ancara, com outras operações planejadas para deter outros quatro suspeitos. As operações estavam em andamento para capturar quatro suspeitos com mandados de detenção pendentes pelo Gabinete do Procurador-Geral.
• ÁFRICA
AL SHABAAB PROMOVE ATAQUES NA SOMÁLIA E POLÍCIA QUENIANA PRENDE AGENTE LIGADO AO GRUPO
O grupo terrorista Al Shabaab assumiu a autoria de um ataque com carro bomba próximo a uma escola na cidade de Mogadíscio, capital da Somália. Além dos feridos, 12 pessoas foram mortas. Em outro ataque, um carro bomba chocou-se com um escritório do governo no distrito de Hodan, também na capital. Dias depois, o grupo jihadista promoveu mais um ataque com a explosão de dois carros bombas em Mogadíscio, deixando uma pessoa morta e outra ferida.Em Lamu, no Quênia, a polícia prendeu um homem supostamente ligado ao grupo terrorista Al-Shabaab. Um membro da direção do departamento de investigações criminais do distrito de Lamu, Comandante Paul Leting, declarou que foram apreendidos objetos que poderiam ser explosivos e que após investigar o suspeito, pretendem prender mais pessoas envolvidas.
VIOLÊNCIA INTERÉTNICA MATA 15 NO MALI E ANGLÓFONOS SE REBELAM NO CAMARÕES
15 homens, pertencentes a etnia Tuaregue, foram mortos por pastores Fulani a 45 km a oeste de Menaka, no Mali, próximo à fronteira com o Níger, em virtude de disputas por zonas de pastoreio e irrigação. No ataque, homens armados adentraram a aldeia tuaregue em motocicletas e miraram principalmente nos homens adultos da comunidade. Em Camarões, rebeldes queimaram ônibus e bloquearam o trânsito na parte noroeste do país, região de idioma inglês. Esse acontecimento demandou a presença de tropas adicionais do exército. Com o retorno da atividade escolar no Camarões, os grupos separatistas chamaram novamente um boicote às escolas na região anglófona. Os separatistas, que reivindicam a porção Noroeste e Sudoeste do Camarões, afirmam que o currículo escolar é discriminatório e, portanto, deve ser boicotado. Um tiroteio, nas proximidades do hotel onde o Ministro da Educação, Youssouf Adidja Alim, estava hospedado em Bamenda, capital da região Noroeste, deixou três separatistas mortos. Além disso, sete crianças e um professor foram sequestrados em uma cidade próxima, sendo que quatro crianças e o professor já foram liberados. Os separatistas permitiram a abertura das escolas, porém não deram nenhuma garantia de segurança. O Exército de Camarões declarou que 27 separatistas morreram em uma operação nas proximidades de Wuh, também na região Noroeste. As autoridades também declararam que capturaram ao menos 30 armas de fogo pertencentes aos separatistas.
• ONU
ACNUR ALERTA AUTORIDADES SOBRE TRÁFICO HUMANO E GRUPOS ARMADOS CONCORDARAM COM A MANUTENÇÃO DO CESSAR-FOGO
NA LÍBIA
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) alertou as autoridades líbias para que tomem medidas contra os criminosos que estão tirando
proveito da situação de desespero de milhares de refugiados e imigrantes para a prática de tráfico humano. Os criminosos estão infiltrando-se entre agentes da ACNUR utilizando roupas e logotipos semelhantes aos da agência de refugiados. Ainda, a Organização das Nações Unidas, através de sua Missão de Apoio na Líbia (UNSMIL), anunciou que os grupos armados que disputam o controle de Trípoli, capital do país, concordaram com a criação de um mecanismo para “consolidar” um cessar-fogo recentemente acordado. Através de uma postagem em uma rede social, a Missão anunciou que “as partes concordaram em congelar os movimentos de suas forças, um mecanismo de monitoramento e verificação para consolidar o cessar-fogo, além do desenvolvimento de um plano para retirar grupos armados de locais soberanos e infraestrutura crítica em Trípoli”. O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres comentou que estava alarmado com o número crescente de violações do cessar-fogo na capital da Líbia, Trípoli, que já causaram a morte de dezenas de civis. Por fim, o Conselho de Segurança decidiu prorrogar até 15 de setembro de 2019 o mandato da UNSMIL, que é considerada uma missão política especial integrada para apoiar um processo político inclusivo, levando em conta o desenvolvimento econômico e melhorias na segurança nacional, no âmbito do Acordo Político da Líbia e o Plano de Ação da ONU para o país.
UTILIZAÇÃO DE ARMAS QUÍMICAS E CRIAÇÃO DE ZONA DE PROTEÇÃO DE CIVIS NA SÍRIA
Investigadores de Direitos Humanos da ONU disseram que forças do governo da Síria dispararam gás cloro, arma química proibida, em um subúrbio rebelde de Damasco e na província de Idlib. De acordo com uma autoridade da ONU, os incidentes elevam para 39 o número de ataques químicos que a Comissão de Inquérito sobre a Síria documentou desde 2013. Ademais, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, pronunciou-se a favor do acordo selado entre os governos da Rússia e da Turquia para criação de uma zona de amortecimento desmilitarizada, com o intuito de proteger os civis que vivem em Idlib, na Síria.
