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TOXICIDADE DO AGROTÓXICO BENZOATO DE EMAMECTINA E O PAPEL DA AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-ANVISA

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TOXICIDADE DO AGROTÓXICO BENZOATO DE EMAMECTINA E O PAPEL DA AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA-ANVISA

WÉLTIMA TEIXEIRA CUNHA

SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA

DIRETORIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA E SAÚDE AMBIENTAL – 20ª DIRES

INTRODUÇÃO – O uso dos agrotóxicos nas lavouras do Brasil,segundo o Ministério do Meio Ambiente, teve início na Revolução Verde, na década de 1950, quando houve mudanças na maneira tradicional de produção agrícola, daquela época.Esse novo modelo iniciou-se com a inserção de novas tecnologias, visando uma larga produção. Para tanto,foi necessário o uso extensivo de agrotóxicos, com a finalidade de controlar doenças e aumentar a produtividade.O benzoato de emamectina é um larvicida/inseticida considerado de segunda geração.OBJETIVO -Levantar informações sobre a toxicidade do agrotóxicoBenzoato de Emamectina e como se dá o registro para a comercialização, na Agencia Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA.

METODOLOGIA - Este estudo constitui-se de uma revisão da literatura especializada.RESULTADO – Em todas as pesquisas realizadas nas espécies testadas, causaram efeitos neurológicos tais como: tremores, redução da capacidade motora, midríase, alteração histológica e degeneração neuronal.

DISCUSSÃO - As pesquisas mostraram que essa substância quando introduzida no organismo pelas vias oral, dérmica ou inalatória e independente da dose, causaram nas espécies testadas sérios problemas neurológicos.

CONCLUSÃO – As pesquisas comprovaram a toxicidade do principio ativo do benzoato de emamectina, através dos testes realizados em algumas espécies de mamíferos, tais como: camundongos, ratos, coelhos e cães. Ela é causadora de danos neurológicos a saúde desses animais. Portanto, fica evidente a ação altamente tóxica desse agrotóxico. Os agrotóxicos, para serem produzidos, exportados, importados, comercializados e utilizados devem ser previamente registrados em órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências regidas pelos órgãos federais: Agencia Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA, Ministério do Meio Ambiente-IBAMA, Ministério da Agricultura e Abastecimento-MAPA

Palavras-chave: 1.Toxicologia dos Agrotóxico 2. Benzoato de emamectina 3.

Helicoverpa Armigera.

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INTRODUÇÃO

O Brasil tem 5.181.645 propriedades rurais cadastradas segundo levantamento da Diretoria de Ordenamento da Estrutura Fundiária do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Desse quantitativo, a Bahia é o estado que ocupa o segundo lugar, com o total de 561.682 em imóveis rural de pequeno, médio e grande porte. Tem o maior número de agricultores familiares do país, mais de 665 mil.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmam que as intoxicações por agrotóxicos chegam aproximadamente a três milhões anuais.

Deste quantitativo, 2,1 milhões de casos acontecem nos países em desenvolvimento, a exemplo do Brasil. E 20 mil pessoas morrem no mundo, destas 14 mil estão os países denominados de terceiro mundo(PERES, OLIVEIRA-SILVA, DELLA-ROSA, 2005)

O uso dos agrotóxicos nas lavouras do Brasil, segundo o Ministério do Meio Ambiente, teve início na Revolução Verde, na década de 1950, quando houve mudanças na maneira tradicional de produção agrícola, daquela época.

Esse novo modelo iniciou-se com a inserção de novas tecnologias, visando uma larga produção. Para tanto, foi necessário o uso extensivo de agrotóxicos, com a finalidade de controlar doenças e aumentar a produtividade.

Existem aproximadamente cerca de 200 tipos de agrotóxicos diferentes e o Brasil é considerado o campeão mundial de consumo de agrotóxicos desde 2008, com o consumo de 673 mil toneladas, no entanto, em 2010 ultrapassou a casa de 1 milhão de toneladas destinados ao cultivo da soja, de milho e plantações de cana, para o a fabricação do etanol (ANVISA, 2010).

Muitos deles são proibidos em vários países, mas no Brasil persiste com o uso de diferentes tipos de agrotóxicos cujos princípios ativos são altamente tóxicos, tendo como consequência amodificaçãoda atividade do sistemanervoso central, bem como de promover mutações genéticas de elevados graus que podem causar neoplasias” (CARNEIRO et al, 2012). Entre os agrotóxicos mais utilizados no Brasil estão:

Aabamectinaque é um inseticida e acaricida de classe toxicológica I, utilizado nas plantações de algodão, batata, cravo, crisântemo, ervilha, figo, feijão, manga, melancia, melão, morango, pera, pimentão, rosas, tomate, vagem, uva, citros, feijão, maçã, mamão, pepino, pêssego e batata. Pode causar toxicidade reprodutiva.

O acefato é um inseticida de classe toxicológica III usado no cultivo de amendoim, brócolis, couve, couve-flor, crisântemo, fumo, melão, repolho, rosa, soja, tomate, batata e citros. Causa neurotoxicidadelevando ao aumento decélulas carcinogênicas.

O glifosatoé um agrotóxico herbicida, usado para combater ervas daninhas no cultivo de maçã, nectarina, pêssego, pera, banana, café, cacau, soja, trigo, cana de açúcar e ameixas. O seu efeito é altamente tóxico causa efeitos neurológicos.

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De acordo com o pelo Ministério da Saúde o excesso de agrotóxico no organismo causa sérios problemas de intoxicação, sendo considerado o segundo maior causador de intoxicações no Brasil(FARIA, FASSA, FACCHINI, 2007).

Entre essa população,destaca-se os trabalhadores do campo, que durante a utilização dos agrotóxicos, contaminam o local de trabalho, eles própios, a produção e o meio ambiente, ocasionando as intoxicações (PIGNATI, MACHADO, CABRAL, 2007).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária afirma que,cerca de 14 substâncias, contidas na composição dos agrotóxicos, mais utilizados no Brasil estão sendo estudados e provavelmente muitos dos agrotóxicos produzidos e utilizados no Brasil terão seu uso vetado.

A Bahia é o estado do Nordeste que mais usa agrotóxico e está entre os oito estados do Brasil.

Os agrotóxicos são utilizados no cultivo de milho, soja, cenoura, tomate, cebola, uva, melão, manga, melancia, cebola, goiaba, cacau, abacaxi, batata inglesa, algodão, eucalipto e fumo (SINDAG, 2014).

Existem alguns inseticidas que são liberados e usados na cultura brasileira, tais como o baculovírus é um inseticida biológico, seu principio ativo é o vírus VPN-HzSNPV, é recomendado para soja e algodão.

Utilizado desde algumas décadas no Brasil, o inseticida biológico oBacillusthuringiensis.

O produto clorantraniliprole é um inseticida químico usado nas lavouras de soja e algodão.

O agrotóxico indoxacarbe é um inseticida químico de uso nas lavouras de Algodão e Soja.

O clorfenapyr também éum inseticida de uso indicado para o controle da lagarta em algodão e soja.

Já o inseticida larvicidabenzoato de emamectina não é aplicado nas lavoras brasileiras, em razão da solicitação de registro, por parte da empresa produtora, a Syngenta em 2003, ter sido negado pela ANVISA, em 2007.

O indeferimento do registro do produto para liberação da importação para comercialização se deve ao fato de que a equipe da gerência de análise toxicológica da ANVISA foi subsidiada com 21 estudos, realizados em 1992, 1993, 1994 e 1995.

O principio ativo do benzoato de emamectin foi testado em ratos, camundongos, coelhos e cães e o resultado evidenciou sérios problemas neurotóxicos considerados de maior ou menor grau, tais como tremores ataxia, alterações morfológicas no SNC e nos nervos periféricos. Em cães e coelhos foram observadas alterações nos nervosdo cérebro,da coluna vertebral, atrofia nos nervos ciático, ótico e nos músculos esqueléticos (ANVISA, 2007).

Com a devastação inicialmente das culturas de algodão e soja, pelas lagartas helicoverpa armigera, em 2012 e 2013, a empresa produtora e o MAPA solicitaram da ANVISA liberação em caráter emergencial para importação do produto, o que resultou em outra negação ao pedido de registro.

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Vale destacar que oInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA posicionou-se, também, desfavorável à solicitação de registro emergencial.

Devido a esses achados, esse estudo visa levantar informações sobre a toxicidade do agrotóxico Benzoato de Emamectina e como se dá o registro na Agencia Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA.

MATERIAL E MÉTODO

Este estudo constitui-se de uma revisão da literatura, realizada a partir de dezembro de 2013. Utilizou as seguintes bases dados SCIELO, LILACS e MEDLINE, livros, reportagens e artigos. As palavras-chave utilizadas foram:

toxicologia dos agrotóxico, benzoato de emamectina e helicoverpa armigera.

Totalizando-se em 10 documentos, dentre eles o parecer técnico de indeferimento, da ANVISA.

RESULTADO – Em todas as pesquisas, que compõem o parecer da ANVISA,foram realizadas nas espécies testadas compostas por camudangos, ratos, coelhos e cachorros, o benzoato de emamectinacausou efeitos neurológicos a alterações tais como: tremores, redução da capacidade motora, midríase, alteração histológica e degeneração neuronal.Em ratas e coelhas foi observado malformação nas doses média e alta. Já as reportagens trazem informações sobre os danos neurológicos que o agrotóxico, benzoato de emamectina, pode causar em seres humanos e no meio ambiente.

DISCUSSÃO - As pesquisas mostraram que essa substância quando introduzida no organismo pelas vias oral, dérmica ou inalatória e independente da dose, causaram nas espécies testadas sérios problemas neurológicos.

Existem agrotóxicos liberados que são utilizados na lavoura brasileira, para combater a lagarta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou compreender a toxicologia do agrotóxico benzoanto de emamectina, em razão dos intensos debates ocorridos nos últimos dois anos. Alguns setores da sociedade vêm debatendo constantemente a toxicidade desse inseticida, para a saúde dos seres humanos, em destaque a saúde dos trabalhadores. A saúde ambiental e sobre a impossibilidade de ser registrado para comercialização no Brasil. A relevância do tema e as pesquisas realizadas em espécies de mamíferos, apontam a necessidade de mais estudos para proteger a saúde dos trabalhadores, da população consumidora e do meio ambiente. Fica evidente que esse agrotóxico, em especial, constitui um campo para o desenvolvimento de mais estudos.

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A referência legal e também considerado o mais importante é a Lei nº 7802/89, que estabelece o processo de registro de um produto agrotóxico, regulamentada pelo Decreto nº 4074/02.

No entanto, os agrotóxicos, para serem produzidos, exportados, importados, comercializados e utilizados devem ser previamente registrados em órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências regidas pelos órgãos federais: Agencia Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA, Ministério do Meio Ambiente-IBAMA, Ministério da Agricultura e Abastecimento-MAPA.

Estes órgãos são responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura, respectivamente. Daí a grande responsabilidade da ANVISA que baseada na toxicidade comprovada em animais de laboratório e no que diz os art. 3º § 5º da Lei 7802/89 e no art. 20 do Decreto 4074/02 que expressam “O registro para novo produto agrotóxico, seus componentes e afins, será concedido se a sua ação tóxica sobre o ser humano e o meio ambiente for comprovadamente igual ou menor do que a daqueles já registrados, para o mesmo fim”, apresentou desfavorável ao registro, entrada e comercialização dobenzoato de emamectina, mesmo tendo sido solicitado liberação para atender a uma situação emergencial fitossanitária, que ocorreu nas lavouras de soja e algodão, na região oeste da Bahia, evitando assim a exposição da população trabalhadora e consumidora de alimentos.

Portanto, faz-se necessário a realização sistemática de vigilância da saúde dos trabalhadores que exercem suas atividades no campo e vigilância ambiental, para que seja praticado o principio da precaução.

REFERÊNCIAS

ANVISA. Reavaliação de agrotóxico: 10 anos de proteção à população.

Brasília, 2 de abril de 2009. Disponível em:

<http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2009/020409.htm> Acesso em: 10 abril 2014.

ANVISA. Parecer técnico de indeferimento do produto técnico a base do ingrediente ativo benzoato de emamectin. Brasília, 2007.

BRASIL. Lei Federal Nº 7.802, de 11 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto Federal Nº 4.074, de 04 de janeiro de 2002. Normas gerais sobre o

uso de agrotóxicos. Disponível em

<http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/Leis/L7802.htm> Acessado em: 04 jan.

2014

_______Ministério do Desenvolvimento Agrário. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Instrução Especial INCRA Nº 20, de 28 de maio de 1980. Aprovada pela Portaria/ MA 146/1980, estabelece o Módulo Fiscal de cada Município, previsto no Decreto nº 84.685 de 06 de maio de 1980. Diário Oficial da União, Seção I p. 11.606. 12 jun. 1980b. Disponível em: <http://www.incra.gov.br/index.php/institucionall/legislacao--/atos- internos/instrucoes/file/129-instrucao-especial-n-20-28051980>. Acesso em: 12 dez. 2013.

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_______Ministério do Meio Ambiente. Agrotóxico. Disponível em

<http://www.mma.gov.br/seguranca-quimica/agrotoxicos >Acesso em: 30 de jun. 2014.

CARNEIRO; Pignati; Giraldo; Rigotto. Dossiê I: Agrotóxicos e alimentos; 98p;

2012;www.abrasco.org.br

FARIA, N. M. X.; FASSA, A. C. G.; FACCHINI, L. A. Intoxicação por agrotóxicos no Brasil: os sistemas oficiais de informação e desafios para realização de estudos epidemiológicos.Ciênc. saúde coletiva. vol.12, n.1, pp.

25-38. 2007.

PEREZ F.; OLIVEIRA-SILVA J. J.; DELLA-ROSA H. V.; et al. Desafios ao estudo da contaminação humana e ambiental por agrotóxicos. Ciênc Saúde Coletiva. 2005; 10: 27-37.

PIGNATI WA, MACHADO JNH, CABRAL JF. Acidente ruralampliado: o caso das “chuvas” de agrotóxicos sobre acidade de Lucas do Rio Verde-MT.

Ciênc. saúde colet.2007 Jan/Mar;12(1):105-114.

SINDAG. Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola. Disponível em:<http:// www. sindag.com.br>Acesso em: 04/03/2014.

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