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Extradição à luz do caso Robinho

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Academic year: 2023

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

LARISSA EMILY SOUSA LOPES ESTEVES

DIREITO INTERNACIONAL - EXTRADIÇÃO À LUZ DO CASO ROBINHO

SÃO PAULO 2022

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DIREITO INTERNACIONAL - EXTRADIÇÃO À LUZ DO CASO ROBINHO

Artigo científico apresentado ao Curso de Direito da Universidade São Judas Tadeu, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. Ms. Kim Modolo Diz

Data da aprovação: ___/___/___

Banca Examinadora:

Professor Orientador: Kim Modolo Diz

Professor Arguidor:_______________________

Professor Arguidor:_______________________

São Paulo 2022

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DIREITO INTERNACIONAL - EXTRADIÇÃO À LUZ DO CASO ROBINHO

Larissa Emily Sousa Lopes Esteves

RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo entender melhor sobre o tema da extradição e para isso trago o Caso Robinho que está sendo muito repercutido tanto no Brasil quanto na Itália, local onde tudo aconteceu. A finalidade geral da pesquisa é demonstrar os principais motivos pelo qual Robinho e seu amigo não foram extraditados.

Diante disso o trabalho apresentará o conceito, a natureza jurídica da extradição, o histórico, a legislação interna, além de expor o caso e elencar formas de punição para que o ato não fique impune com o refúgio dos criminosos ao seu país de origem.

O ex-jogador não poderá ser extraditado por vedação constitucional, independente de existir tratado de extradição entre os dois países.

A metodologia abordada na pesquisa será a exploratória e bibliográfica pois trago um ponto de vista da extradição através da Constituição Federal, livros, revistas e dissertações, será utilizado também a pesquisa aplicada.

Palavras-chave: Extradição; Punição; Constituição; Tratado de Extradição; Caso Robinho.

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INTERNATIONAL LAW - EXTRADITION IN LIGHT OF THE CASE ROBINHO

ABSTRACT

The present work of completion of the course aims to better understand on the subject of extradition and for this I bring the Robinho Case that is being very repercussioned both in Brazil and in Italy, where it all happened. The general purpose of the research is to demonstrate the main reasons why Robinho and his friend were not extradited.

In view of this, the work will present the concept, the legal nature of extradition, history, domestic legislation, in addition to exposing the case and list forms of punishment so that the act does not go unpunished with the refuge of criminals to their country of origin.

The former player cannot be extradited by constitutional fence, regardless of whether there is an extradition treaty between the two countries.

The methodology addressed in the research will be exploratory and bibliographic because I bring a point of view of extradition through the Federal Constitution, books, journals and dissertations, applied research will also be used.

Keywords: Extradition; Punishment; Constitution; Extradition Treaty;

Robinho case.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 6

1 ASPECTOS GERAIS DA EXTRADIÇÃO ... 6

1.1 Conceito e natureza jurídica ... 6

1.2 Evolução histórica da Extradição ... 8

1.3 História da extradição no Brasil ... 9

1.4 Legislação interna ... 10

2 ANÁLISE DE CASO ... 12

2.1 História ... 12

2.2 Processo ... 13

2.3 Lei Penal Italiana ... 18

3 COMENTÁRIOS ACERCA DO CASO ... 18

3.1 Perspectivas para que a pena seja executada no Brasil ... 18

CONCLUSÃO ... 21

REFERÊNCIAS ... 22

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INTRODUÇÃO

O trabalho tratará sobre o instituto jurídico da Extradição do curso de Relações jurídicas internacionais à luz do caso Robinho.

Extradição tem como objetivo conter delitos internacionais, visando paz entre os estados, além de representar uma cooperação jurídica internacional para que criminosos que cometeram delito no exterior não busquem refúgio em seu país de origem, fazendo com que não fiquem impunes dos crimes cometidos.

O caso objeto de estudo deste trabalho é o do ex-jogador da seleção brasileira Robson de Souza mais conhecido como Robinho e seu amigo Ricardo Falco que também é brasileiro, condenados pela justiça Italiana à 9 anos de prisão pelo crime de violência sexual em grupo.

No decorrer deste trabalho serão analisadas as decisões que foram tomadas em diferentes instâncias pela justiça italiana acerca do caso.

Serão apresentados o conceito da extradição, para compreendermos a evolução história do instituto no Brasil e no mundo além de mostrar a história do caso e a evolução processual elencando o que pode ser feito para que o ex-jogador não fique impune em territórios nacionais.

1 ASPECTOS GERAIS DA EXTRADIÇÃO

O instituto de extradição é considerado como um meio de cooperação jurídica internacional mais eficiente e eficaz, permitindo a entrega de uma pessoa que está sendo acusada de um crime, para que possa responder a processos ou para que cumpra pena em seu país de origem e que não fique impune do delito praticado.

1.1 Conceito e natureza jurídica

O conceito de extradição é avaliado por diversos doutrinadores. Para Francisco Rezek, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, ele avalia extradição como:

A entrega por um Estado a outro, e a pedido deste, de pessoa que em seu território deva responder a processo penal ou cumprir pena (...). A extradição pressupõe sempre um processo penal: ela não serve para

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a recuperação forçada do devedor relapso ou do chefe de família que emigra para desertar dos seus deveres de sustento da prole.1

Marcelo Dias Varella, diz que:

A extradição é o envio do estrangeiro que cometeu um crime no exterior, para ser processado ou julgado, ou então para lá cumprir sua pena, depois de ter sido condenado. (...) Trata-se de um ato bilateral, pois depende, de um lado, da solicitação do Estado interessado na extradição do estrangeiro que se encontra em território nacional, e, de outro, da manifestação de vontade do Estado brasileiro.2

Já Accioly, Casella e Silva denominam a extradição como:

Ato mediante o qual um estado entrega a outro estado indivíduo acusado de haver cometido crime de certa gravidade ou que já se ache condenado por aquele, após haver-se certificado de que os direitos humanos do extraditando serão garantidos.3

Em virtude do exposto é possível perceber que tal instrumento de extradição a princípio representa a cooperação entre os estados com o intuito de combater a criminalidade e especialmente impedir que a pessoa vá a outro país buscando refúgio para tentar se livrar das penalidades.

A extradição é amparada por um acordo celebrado entre Estados, e se faz necessário atender o conjunto de requisitos impostos no texto ratificado, se caso não tiver acordo já celebrado entre os estados, é possível fazer o pedido de extradição formulado com uma promessa de reciprocidade de tratamento de casos análogos entre os estados concretizado por nota diplomática, e declarado tais comprometimentos a extradição pode ser realizada nos mesmos padrões da promessa.

Para que uma extradição ocorra, o crime cometido no país requerente também tem que ser considerado crime no Brasil, além de não estar prescrito, a condenação não pode ultrapassar o limite de pena máxima aplicada no Brasil, e o extraditando não poderá ser um brasileiro nato.

Apesar dos requisitos citados acima, tivemos um marco para a história do Brasil, onde uma brasileira nata chamada Cláudia Hoerig, foi extraditada aos Estados Unidos da América, para que cumprisse sua pena lá pelo crime praticado, tal

1 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: Curso elementar. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2018. P.239.

2 VARELLA, Marcelo D. Direito internacional público. 7 ed. Editora Saraiva, 2019. P.206.

3 ACCIOLY, Hidelbrando; CASELLA, Paulo B.; SILVA, Geraldo E. do N. Manual de Direito Internacional Público. 25 ed. Editora Saraiva, 2021. P.176.

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fato somente ocorreu, pois a acusada teria reivindicado sua nacionalidade brasileira quando obteve a nacionalidade americana voluntariamente, as decisões tomadas foram juridicamente corretas e embora a decisão tenha sido inédita, após tal fato não ocorreu nenhuma outra extradição de brasileiro nato, vale ressaltar que apesar de Cláudia ter perdido a nacionalidade brasileira, ao ser extraditada a pena não pôde ultrapassar o limite da pena máxima estabelecida no Brasil.

1.2 Evolução histórica da Extradição

Segundo Celso D. Albuquerque Mello:

(...) a essência da extradição, isto é, conduzir um indivíduo para fora de um Estado a fim de entregá-lo a outro Estado, existia na prática internacional da antiguidade.4

O instituto da extradição se consagra na antiguidade oriental, entre as civilizações do Egito e Israel, foi firmado um tratado em 1291 a.C entre Ramsés II e Hattisuli, rei dos Hititas, este acordo evidentemente não possuía as mesmas características dos acordos firmados hoje em dia, isso porque apenas os presos políticos poderiam ser extraditados, fato que não acontecia com criminosos comuns, além de que nesta época a premissa da devolução dos acusados sempre vinha junto com uma ameaça de guerra.

Já Artur de Brito Gueiros Souza5, em concordância com Jiménez de Asúa, reconhece que o primeiro tratado de extradição firmado, ocorreu em 1376 entre o Conde de Saboia e o Rei da França Carlos V, o objetivo do tratado era impedir que criminosos acusados de delitos comuns perante o poder público francês, fugissem para Saboia e impedir também que o mesmo acontecesse no inverso procurando asilo no território francês.

No entanto, Gilda Maciel Corrêa Meyer Russomano6, acredita que os primeiros sinais de regras positivas pertinentes a extradição se encontrava nas leis romanas, onde o acusado de ofender estrangeiro ou comprometer a situação de paz

4 MELLO, Celso D. Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. 2º vol., 15 ed. Editora Renovar, Rio de Janeiro, 2004. p. 1020.

5 SOUZA, Artur de Brito Gueiros. As novas tendências do direito extradicional. Editora Renovar, Rio de Janeiro, 1998. p. 47.

6 RUSSOMANO, Gilda Maciel Corrêa Meyer. A Extradição no Direito Brasileiro. 3 ed. Revista dos Tribunais, São Paulo 1981.

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entre Roma e um país amigo, era conduzido perante o tribunal dos recuperadores, e lá decidiria se ele devia, ou não ser entregue ao outro Estado.

Camila Tagliani Carneiro7, divide a evolução histórica da extradição em três períodos, onde o primeiro se dá quando houve a entrega de Sansão realizada pelos israelitas para os filisteus no século XVII. O segundo período, aconteceu entre o século XVII e o século XIX, em virtude de um tratado celebrado entre a França e os Países-Baixos. E o terceiro período se inicia por volta do século XIX, marcado pela consolidação dos aspectos que caracterizam a extradição, concedido pelo Código Bustamante, assinado em 20 de fevereiro de 1928, em Havana, Cuba, por mais de quinze países sul-americanos, incluindo o Brasil e sendo considerado o tratado mais importante ratificado pelo Brasil, promulgado pelo decreto Nº18.871.

É possível perceber que o instituto de extradição passou por uma evolução bastante curiosa, más que apesar disso é claro o verdadeiro objetivo do pedido de extradição, que é contribuir para a harmonia entre os Estados e equilibrar a paz social.

1.3 História da extradição no Brasil

É de suma importância ao presente trabalho analisarmos a história da extradição no Brasil, para uma compreensão do caso que será exposto no artigo.

Segundo Cahali8, a concessão de extradição pelo Brasil, conforme tratados internacionais, foi admitida tranquilamente, e no período de 1826 a 1836, após a independência do país, diversos tratados foram firmados, ainda que a legislação interna no Império tenha sido bastante omissa.

Já para Carneiro9 o Brasil por ser um país que incentivava a vinda de estrangeiros, neste instante se viu diante de muitos pedidos de extradição, forçando- o a buscar a regulamentação do instituto, gerando a circular de 4 de fevereiro de 1847, onde o Brasil gerou diversos tratados bilaterais e declarações de reciprocidade com países como Uruguai, Argentina, Portugal, Peru e Equador.

7 CARNEIRO, Camila Tagliani. A extradição do ordenamento jurídico brasileiro. Memória Juripdica, São Paulo, 2002. P 23-24.

8 CAHALI, Yussef Said. Estatuto do Estrangeiro. Revista dos Tribunais, São Paulo, 2011. P 261-262.

9 CARNEIRO, Camila Tagliani. A extradição do ordenamento jurídico brasileiro. Memória Juripdica, São Paulo, 2002. P 27-29.

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Somente a partir do final do século XIX que o Poder Judiciário passou a intervir no processo de extradição e nos eventuais pedidos de habeas corpus, já que antes era considerado apenas como um processo de caráter administrativo e extralegal, pois não possuía controle jurisdicional.

Com a Constituição de 24 de fevereiro de 1891, disposições sobre a extradição tiveram maior frequência na legislação brasileira, com leis e artigos sobre o procedimento de concessão do instituto.

Cahali10 nos mostra que a Lei nº2.416 de 1911, permitiu que brasileiros fossem extraditados, porém em 1934 isso mudou restando proibida a extradição de nacionais, consagrando-se interferência necessária do Poder Judiciário nas extradições que poderiam ser concedidas mesmo sem prévio tratado.

As normas de extradição previstas no Código de Bustamante, expandiu a legislação brasileira sobre o tema, o que versou a criação do anterior Estatuto do Estrangeiro que foi um marco histórico, regido pelo decreto lei Nº914/1969 que buscava exigências extralegais para a admissão do estrangeiro no período de ditadura militar no país.

Durante o período militar foram elaboradas diversas leis de grande importância, sendo uma delas o Estatuto do Estrangeiro Lei Nº6.815/1980, o estatuto prevaleceu em vigor após a promulgação da constituição federal de 1988 e continuou vigente até 24 de maio de 2017, quando expressamente foi revogado pela nossa atual Lei de Migração Nº 13.445/17 vigente no nosso ordenamento jurídico.

Houve um avanço significativo na segurança jurídica a partir da lei de migração, visto que atualmente é observado todos os princípios constitucionais atrelados a um processo, caminhando positivamente em relação aos princípios inerentes a dignidade da pessoa humana.

1.4 Legislação interna

No Brasil, a extradição está prevista na Constituição Federal além da Lei de Migração. A corte onde é processado e julgados os pedidos de entrega de suspeitos tem como sede única de pronunciamento o Supremo Tribunal Federal.

Segundo Sarlet, Mitidiero e Marinoni:

10 CAHALI, Yussef Said. Estatuto do Estrangeiro. Revista dos Tribunais, São Paulo, 2011. P 262.

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Do processo de extradição participa necessariamente o Poder judiciário, o que, no caso do Brasil cabe ao Supremo Tribunal Federal de acordo com o previsto no artigo 102, I, g, da Constituição Federal (...) O instituto é aplicado aos crimes comuns e não alcança os crimes políticos. Aponta-se igualmente a necessidade de um mínimo de gravidade e de que não esteja extinta punibilidade por decurso do tempo, seja pela lei do requerente, seja pela lei brasileira.11

A Lei de Migração expressa a extradição no Capítulo VIII, Seção I, e em seu artigo 83, fala sobre as condições para concessão da extradição, in verbis:

São condições para concessão da extradição:

I – Ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis penais desse Estado; e II – Estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a processo penal ou ter sido condenado pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena privativa de liberdade.12

Diante disso, no que tange o primeiro inciso Nucci13 diz que a extradição só pode ocorrer se for possível a verificação de que o Estado tem competência necessária para processar e julgar o acusado, sendo essa exigência um tanto quanto óbvia.

O inciso II do mesmo artigo nos traz que para ser concedida a extradição é exigido que tenha uma sentença condenatória, com pena privativa de liberdade, visto que não caberá extradição onde forem aplicadas penas de restrição de direitos ou pagamento de multa.

A extradição pode ser vista de duas formas, de um lado a extradição ativa que ocorre quando o Brasil é o Estado requerente, inexistindo legislação que proíba a extradição de brasileiros que tenha cometido crime no seu país e que depois esteja no exterior, do outro lado temos a extradição passiva ocorrendo quando o Brasil é o Estado requerido e neste caso a Constituição proíbe a extradição de brasileiros natos e naturalizados, podendo ocorrer somente em algumas exceções, senão vejamos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

11 SARLET, Ingo Wolfgang; MITIDIERO, Daniel; MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de Direito Constitucional. 9.

ed. Editora Saraiva, São Paulo, 2020. P 759.

12 Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm/. Acesso em: 20 out. 2022.

13 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. 2.ed. Revista dos Tribunais, São Paulo 2007. P 386

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(...)

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.14

Sobre a proibição de extradição de um brasileiro nato, Araújo cita:

A negativa à extradição de brasileiros, não significa que estes fiquem imunes, pois de acordo com o art. 7, 11, ''b'', do CÓDIGO PENAL ficam sujeitos à nossa lei, o brasileiro que cometer um crime no estrangeiro, desde que haja a ocorrência dos seguintes requisitos: entrar o agente em nosso território, ser o fato punível também no país em que foi praticado, estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição, não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí 23 cumprido a pena e não ter sido perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.15

2 ANÁLISE DE CASO

Neste capítulo iremos analisar o “Caso Robinho”, trata-se do ex-jogador de futebol Robson de Souza e seu amigo Ricardo Falco, julgados e condenados na Itália a nove anos de prisão acusados pelo crime de violência sexual em grupo contra uma jovem albanesa.

2.1 História

Robinho e Ricardo Falco foram acusados de participar do crime de violência sexual em grupo contra uma jovem albanesa que na época tinha 23 anos e que comemorava seu aniversário com duas amigas na Sio Café, boate muito famosa na região de Milão, na madrugada de 22 de janeiro de 2013.

A jovem não teve o nome revelado durante o processo e segundo Agência Italiana de Notícias16 a vítima relatou que estava na boate junto com duas

14 Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm/. Acesso em: 13 nov.

2022.

15 ARAÚJO, Luis Ivani de Amorim. Curso de Direito Internacional Público. 10.ed. Forense, Rio de Janeiro, 2002. P 93.

16 Disponível em: https://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/esporte/futebol/2018/02/22/tribunal-de-milao-diz- que-robinho-desprezou-vitima-de-abuso_a76c06d5-6894-494e-a49a-5baae7a46069.html/. Acesso em: 07 nov.

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amigas comemorando o seu aniversário quando encontrou Robinho e mais cinco amigos, além de sua esposa. A jovem conta que já conhecia o Jogador e alguns de seus amigos e que em determinado momento suas amigas foram embora e Robinho levou a esposa para casa e retornou a boate com seus amigos.

A denúncia da violência sexual foi feita após seis meses do acontecimento e foi iniciada pelo procurador Stefano Ammendola. Segundo depoimento da vítima, os réus a teriam oferecido bebida até deixá-la inconsciente e incapaz de se opor.

De acordo com a Agência Italiana de Notícias17, na reconstrução elaborada pelo Ministério Público, o grupo levou a jovem para um camarim da boate e, se aproveitando de seu estado, manteve “Múltiplas e consecutivas relações sexuais com ela”.

A procuradoria da cidade de Milão apontou Robinho e mais cinco amigos como participes do crime, estando Ricardo Falco incluso, no entanto os outros quatro amigos de Robinho ambos brasileiros foram apenas citados neste processo pois deixaram a Itália durante as investigações e por consequência respondem a um processo à parte. À época dos fatos, Robinho jogava no Milan desde 2010 e permaneceu até o ano de 2014. Robinho sempre se considerou inocente, inclusive em abril de 2014 quando interrogado afirmou que toda a relação que teve com a vítima foi consensual de sexo oral e que nenhuma pessoa havia participado, consoante noticiado pelo veículo de mídia Correio Braziliense18, Robinho ressaltou que seu único arrependimento foi ter sido infiel a sua mulher. A defesa de Ricardo Falco também alegou inocência ao seu cliente e pediu que se caso houvesse condenação que a pena aplicada fosse a mínima.

2.2 Processo

Em 2014 foram iniciadas as investigações e a Justiça italiana autorizou a interceptação de gravações telefônicas do jogador com outros cinco amigos que

17 Disponível em: https://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/esporte/futebol/2018/02/22/tribunal-de-milao-diz- que-robinho-desprezou-vitima-de-abuso_a76c06d5-6894-494e-a49a-5baae7a46069.html. Acesso em: 07 nov.

2022.

18 Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/esportes/2022/10/5041798-governo-da-italia-pede- extradicao-de-robinho-condenado-por-estupro.html/. Acesso em: 20 out. 2022.

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participaram do crime, além de escutas no carro utilizado por Robinho na Itália. Houve uma perícia realizada por determinação da justiça que identificou sêmen de Ricardo Falco nas roupas da jovem. Em 16 de outubro de 2020, Lucas Ferraz19 consoante noticiado por veículo de mídia especializado com autorização da justiça teve acesso as gravações que foram transcritas senão vejamos:

Falco: –Ela se lembra da situação. Ela sabe que todos transaram com ela.

Robinho: – O (NOME DE AMIGO 1) tenho certeza que gozou dentro dela.

Falco: – Não acredito. Naquele dia ela não conseguia fazer nada, nem mesmo ficar em pé, ela estava realmente fora de si.

Robinho: – Sim.

Ferraz nos mostra também que no primeiro de mês de monitoramento foi mostrado uma interceptação onde o músico Jairo Chagas que tocou na boate na noite dos fatos avisou Robinho sobre as investigações e segundo transcrições o jogador respondeu:

– Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu.

Robinho completou:

– Olha, os caras estão na merda... Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei aquela garota. Vi (NOME DE AMIGO 2), e os outros foderam ela, eles vão ter problemas, não eu... Lembro que os caras que pegaram ela foram (NOME DE AMIGO 1) e (NOME DE AMIGO 2) .... Eram cinco em cima dela.

No mesmo mês, Jairo e o jogador voltaram a mencionar sobre o ocorrido, e na sentença o diálogo foi transcrito:

Robinho: – A polícia não pode dizer nada, eu direi que estava com você e depois fui para casa.

Jairo: – Mas você também transou com a mulher?

Robinho: – Não, eu tentei. (NOME DE AMIGO 1), (NOME DE AMIGO 2), (NOME DE AMIGO 3) ...

Jairo: – Eu te vi quando colocava o pênis dentro da boca dela.

Robinho: – Isso não significa transar.

19 Disponível em: https://ge.globo.com/sp/santos-e-regiao/futebol/times/santos/noticia/as-gravacoes-do-caso- robinho-na-justica-italiana-a-mulher-estava-completamente-bebada.ghtml/. Acesso em: 11 nov. 2022.

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Ferraz20 alude que nas investigações foram reunidas conversas entre os amigos do jogador que estavam presentes no local do crime e que inclusive um deles demonstrou preocupação quando soube do início das investigações:

NOME DE AMIGO 4: – Irmão, tive dor de barriga de nervoso, eu me preocupo por você, amigo.

Segundo a transcrição das gravações, Robinho disse:

– Telefonei a (NOME DE AMIGO 3), e ele me perguntou se alguém tinha gozado dentro da mulher e se ela engravidou. Eu disse que não sabia, porque me recordo que eu e você não transamos com ela porque o seu pênis não subia, era mole... O problema é que a moça disse que (NOME DE AMIGO 1), (NOME DE AMIGO 2) e (NOME DE AMIGO 3) a pegaram com força.

Outra ligação transcrita no processo, está com (NOME DE AMIGO 3), o jogador ressaltou que “não havia prova de que fizemos alguma coisa”.

Tais transcrições foram essenciais para a sentença dos acusados, e foi considerado uma “autoacusação”.

De acordo com a agência italiana de notícias21, em 23 de novembro de 2017 a Nona seção do Tribunal de Milão condenou Robinho e Ricardo Falco a nove anos de prisão por violência sexual em grupo com abuso de condições de inferioridade física e mental da jovem, visto que ela havia ingerido bebida alcoólica. O caso foi analisado por três juízes sendo presidido pela Mariolina Panasiti, com participação da Juíza Piera Gasparini e do Juiz Simone Luerti que decidiram pela pena após “avaliar a personalidade dos perpetrados de abuso”.

Ferraz22 diz que segundo a sentença, numa das conversas monitoradas dentro do carro de Robinho, o jogador e Ricardo Falco combinaram as respostas que dariam à Justiça. Falco comentou que a “nossa salvação” era que não tinha na boate nenhuma câmera que flagrasse eles com a jovem.

20 Disponível em: https://ge.globo.com/sp/santos-e-regiao/futebol/times/santos/noticia/as-gravacoes-do-caso- robinho-na-justica-italiana-a-mulher-estava-completamente-bebada.ghtml/. Acesso em: 11 nov. 2022.

21 Disponível em: https://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/esporte/futebol/2017/11/23/robinho-e-condenado- a-9-anos-por-violencia-sexual_8f8f4db5-db31-4a4f-96c7-0ab206329ac5.html/. Acesso em: 07 nov. 2022.

22 Disponível em: https://ge.globo.com/sp/santos-e-regiao/futebol/times/santos/noticia/as-gravacoes-do-caso- robinho-na-justica-italiana-a-mulher-estava-completamente-bebada.ghtml/. Acesso em: 11 nov. 2022.

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O tribunal de Milão diz que Robinho e seu amigo Ricardo Falco, mostraram um “desprezo absoluto” pela vítima “exposta a humilhações repetidas, bem como a atos de violência sexual pesados” conforme conversas interceptadas, além disso segundo Agência Italiana de Notícias 23, o relatório de quase 28 páginas dizia:

Termos chulos e desdenhosos, sinais inequívocos de falta de escrúpulos e quase consciência de uma futura impunidade”

ressaltando que “isso levou o acusado até mesmo a rir várias vezes do incidente, destacando assim um absoluto desrespeito pela condição da jovem.

Em 10 de dezembro de 2020, a Corte de Apelação de Milão equivalente ao segundo grau presidido pela Juíza Francesca Vitale, em audiencia única manteve a condenação que havia sido aplicada em primeiro grau aos réus e durante o julgamento a defesa exibiu fotos de redes sociais da vítima para demonstrar que a mesma consumia bebidas alcoólicas, questionando suas condições psíquicas, porém tais teses foram desconsideradas pelo tribunal diz a agência italiana de notícias24.

A magistrada Francesca Vitale escreveu que:

A vítima foi humilhada e usada pelo jogador e seus amigos para satisfazer seus instintos sexuais.

(...)

O fato é extremamente grave pela modalidade, número de pessoas envolvidas e o particular desprezo manifestado no confronto da vítima, que foi brutalmente humilhada e usada para o próprio prazer pessoal.

Em 19 de janeiro de 2022, a Corte de Cassação da Itália, presidida pelo Juiz Luca Ramacci e composta por cinco juízes condenou o brasileiro Robinho e seu amigo Ricardo Falco a nove anos de prisão além do pagamento das custas de todo o processo, mantendo a mesma pena imposta em primeiro e segundo grau, essa é a última instancia da Justiça italiana, sendo assim não cabe mais recurso e a execução da pena é imediata.

Segundo Janaina Cesar25 consoante noticiado por veículo de mídia especializado a jovem albanesa durante todo o julgamento que durou cerca de 30

23 Disponível em: https://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/esporte/futebol/2018/02/22/tribunal-de-milao-diz- que-robinho-desprezou-vitima-de-abuso_a76c06d5-6894-494e-a49a-5baae7a46069.html/. Acesso em: 07 nov.

2022.

24 Disponível em: https://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/esporte/futebol/2020/12/10/corte-italiana-

mantem-condenacao-de-robinho-por-violencia-sexual_49d7fe00-eaad-4efd-98a2-17d85bb75def.html/. Acesso em: 08 nov. 2022.

25 Disponível em: https://www.uol.com.br/esporte/futebol/ultimas-noticias/2022/03/09/recursos-de-robinho- sao-inadmissiveis-diz-sentenca-que-condenou-

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minutos manteve silêncio e quando no corredor que levava para a Corte de Cassação de Roma, questionada sobre como se sentia, a vítima não proferiu nenhuma palavra, apresentando apenas olhos marejados.

Ainda de acordo Janaina, o Supremo italiano diz que os recursos apresentados pelos réus são inadmissíveis pois entram no mérito e não cabe a corte julgá-los.

O primeiro motivo do recurso, trata-se sobre algumas das interceptações feitas, que de acordo com a defesa a tradução foi feita de forma errada, já o segundo motivo é sobre a condição de inferioridade psíquica da vítima, a defesa questionou também a credibilidade da vítima pois ela havia bebido durante a noite.

Segundo trecho de matéria publicada o Juiz diz que:

Não é permitido no âmbito da legitimidade pedir à Suprema Corte que examine as provas colhidas no julgamento do mérito, propondo-o como critério de avaliação a falta de lógica (deturpação) argumentada na motivação (dos recursos dos brasileiros). Desta forma, a Corte de Cassação é instada a sobrepor suas próprias apreciações às dos juízes de mérito e isso não é permitido.

(...)

todos os elementos de prova que a defesa pede para serem avaliados nesta Corte corroboram a credibilidade da vítima, reforçando a presunção de veracidade do seu depoimento.

Segundo Agência Italiana de Notícias26 em 15 de fevereiro de 2022 a procuradora Adriana Blasco através do ministério público de Milão encaminhou ao ministério da justiça da Itália o pedido de extradição e de prisão internacional de Robinho e Ricardo Falco, com o mandado de prisão internacional em aberto, se caso os condenados viajarem para algum país que tenha acordos de extradição com Roma, eles podem ser presos. Atualmente a Itália conta com mais de 70 nações que possuem acordos do tipo.

André Ramos27 divulgou que o Ministério da Justiça italiana pediu no dia 04 de outubro de 2022 a extradição de Robinho e de seu amigo Ricardo Falco ao Brasil, porém como já era de se esperar em 03 de novembro de 2022 a Agência

jogador.htm#:~:text=Para%20os%20ju%C3%ADzes%20que%20analisaram,janeiro%2C%20a%20condena%C3%A 7%C3%A3o%20dos%20brasileiros./. Acesso em: 07 nov. 2022.

26 Disponível em: https://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/esporte/futebol/2022/03/09/supremo-italiano-diz- que-recursos-de-robinho-sao-inadmissiveis_c4ba1abf-af00-4815-8103-c6724c6baf61.html/. Acesso em: 07 nov. 2022.

27 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-mai-26/andre-ramos-direitos-humanos-sao-eixo-central- lei-migracao/. Acesso em: 09 nov. 2022.

(18)

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Italiana de Notícias divulgou que o pedido foi negado com base no artigo 5º da Constituição Federal Brasileira que proíbe a extradição de brasileiros natos, apesar disso a Itália poderá pedir que a pena seja cumprida no Brasil.

2.3 Lei Penal Italiana

Segundo Lucas Ferraz28 os artigos que se enquadraram na condenação dos réus foram:

Artigos 609 octies e 609 bis do Código Penal Italiano:

609 octies

A violência sexual de grupo consiste na participação, da parte de várias pessoas reunidas, a atos de violência sexual referidos no artigo 609 bis.

609 bis

Qualquer um, com violência ou ameaça ou mediante abuso de autoridade, obriga outro a ter ou sofrer atos sexuais é punido com a reclusão de cinco a dez anos.

Quem induz alguém a ter ou sofrer atos sexuais está sujeito à mesma pena:

1) Abusando das condições de inferioridade física ou psíquica da pessoa ofendida no momento do fato;

2) Enganando a pessoa ofendida ao substituir o culpado por outra pessoa.

3 COMENTÁRIOS ACERCA DO CASO

Diante do caso exposto a partir deste capítulo será mostrado formas de punição para que os criminosos não saiam impunes do delito praticado.

3.1 Perspectivas para que a pena seja executada no Brasil

Sabemos que a Constituição Federal de 1988 veda a extradição de brasileiros natos segundo o artigo 5º, inciso LI “in verbis”:

28 Disponível em: https://ge.globo.com/sp/santos-e-regiao/futebol/times/santos/noticia/as-gravacoes-do-caso- robinho-na-justica-italiana-a-mulher-estava-completamente-bebada.ghtml/. Acesso em: 11 nov. 2022.

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LI – Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento com tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;29

No entanto, existe algumas possibilidades de os condenados cumprirem a pena no Brasil, caso a Itália solicite, senão vejamos:

Em conformidade com a Lei de migração nº 13.445/2017, segundo seus artigos 100 e 101 a justiça italiana pode requerer que Robinho e Ricardo Falco cumpra a pena de prisão em território nacional, chamado de Transferência de Execução da Pena:

Art. 100. Nas hipóteses em que couber solicitação de extradição executória, a autoridade competente poderá solicitar ou autorizar a transferência de execução da pena, desde que observado o princípio do non bis in idem.

Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) , a transferência de execução da pena será possível quando preenchidos os seguintes requisitos:

I - O condenado em território estrangeiro for nacional ou tiver residência habitual ou vínculo pessoal no Brasil;

II - A sentença tiver transitado em julgado;

III - a duração da condenação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, 1 (um) ano, na data de apresentação do pedido ao Estado da condenação;

IV - O fato que originou a condenação constituir infração penal perante a lei de ambas as partes; e

V - Houver tratado ou promessa de reciprocidade.

Art. 101. O pedido de transferência de execução da pena de Estado estrangeiro será requerido por via diplomática ou por via de autoridades centrais.30

A transferência de execução de pena conforme artigos citados acima pode ser solicitada pela Itália para que a pena tenha início imediato no Brasil, principalmente por preencher os requisitos e por ser a melhor saída para que os réus não fiquem impunes.

Outra alternativa seria pedir a transferência do processo penal ao Brasil já que o artigo 7º do Código Penal brasileiro que trata da extraterritorialidade prevê que:

29 Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm/. Acesso em: 13 nov.

2022.

30 Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm

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Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

II – Os crimes:

b) praticados por brasileiro;

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.31

Segundo Vladimir Aras, procurador regional da República conforme cita André Ramos32 esta hipótese não é viável pois seria o caso de recomeçar o processo do zero no Brasil, e acredita que não faz sentido já que a marcha processual é para frente, Aras diz em uma série de publicações no Twitter que recomeçar o processo do zero significaria revitimizar a mulher vítima de estupro, com a desnecessária reprodução de toda instrução, o procurador completa que inclusive pode haver o risco de prescrição ao final da ação penal e diz que "Não é uma solução capaz de garantir a maior efetividade da proteção aos direitos humanos."

31 Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm

32 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-mai-26/andre-ramos-direitos-humanos-sao-eixo-central- lei-migracao/. Acesso em: 09 nov. 2022.

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CONCLUSÃO

A extradição no Brasil e no Mundo é uma forma de cooperação entre estados para que pessoas que cometeram crime no exterior não busquem refúgio em seu país de origem.

O presente trabalho trouxe os principais aspectos do instituto da extradição, bem como a evolução histórica no mundo e no Brasil para que diante disso fosse observado a atual legislação interna no país, sendo analisado o Caso Robinho, e deixando claro o porquê da negativa de extradição, tanto quanto medidas previstas na legislação brasileira que mostra como os réus poderão cumprir suas penas.

O processo está sendo muito repercutido tanto na Itália quanto no Brasil, pois além de envolver um jogador muito conhecido, o fato de ser demonstrado desprezo com a vítima e nenhum tipo de arrependimento com o ato praticado, faz com que a população se espante com a situação, principalmente porque até o presente momento os réus seguem suas vidas normalmente.

Neste sentido é certo que existe a possibilidade de cumprirem a pena imposta pela Justiça Italiana que os condenou a nove anos de prisão pelo crime de estupro, porém como visto no decorrer do processo, o procedimento se estende mais do que o esperado.

Apesar das alternativas citadas acima, a Itália pode não requerer nenhuma delas e manter o pedido de prisão internacional, solicitado ao ministério da justiça da Itália em 15 de fevereiro de 2022.

André Ramos consoante noticiado por veículo de mídia especializado diz que neste caso a Itália iria esperar eminente cumprimento do mandado de prisão expedido contra os réus em algum país que não fosse o Brasil através da difusão vermelha da Interpol conhecida como red notice.

Apesar de ainda não cumprirem a pena, Robinho vem sendo muito criticado por conta do processo e sendo prejudicado com sua carreira que se deu por encerrada no ano de 2020 quando jogou profissionalmente pela última vez.

Deste modo é possível concluir que apesar de Robinho e seu amigo Ricardo Falco não poderem ser extraditados por vedação da Constituição Federal, eles podem sim cumprir a pena no Brasil, inclusive para que não fiquem impunes de um crime tão horrendo.

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REFERÊNCIAS

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