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O impacto das notas de crédito sobre o risco Brasil : um estudo de evento

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Academic year: 2022

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  Universidade de Brasília 

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade  Departamento de Economia 

             

Vinícius Coelho dos Santos   

           

O impacto das notas de crédito sobre o risco Brasil: um estudo de  evento 

           

      Brasília, DF 

2016 

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Vinícius Coelho dos Santos 

   

       

O impacto das notas de crédito sobre o risco Brasil: um estudo de  evento 

 

       

 

   

 

Monografia  apresentada  ao  Departamento  de  Economia  da  Universidade de Brasília (UnB) como          requisito parcial à obtenção do grau        de  Bacharel  em  Ciências  Econômicas.  

       

Universidade de Brasília 

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade  Departamento de Economia 

   

 

 

Orientador: Gil Riella   

Brasilia, DF  2016 

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Vinícius Coelho dos Santos 

     

O impacto das notas de crédito sobre o risco Brasil: um estudo de  evento

 

   

 

Monografia apresentada ao Departamento de Economia da Universidade de  Brasília (UnB) como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em  Ciências Econômicas. 

 

Orientador: Gil Riella 

     

 

Banca examinadora   

____________________________________________________ 

Professor Gil Riella  Orientador 

   

____________________________________________________ 

Professora Milene Takasago  Membro da Mesa 

   

Brasília, 26 de Fevereiro de 2016 

(4)

Agradecimentos 

                                                         

    Dedico àqueles que sempre acreditaram em mim.

Pai, Mãe, Luísa e Marcela

 

(5)

Resumo 

O presente trabalho tem como objetivo analisar as notas de crédito do Brasil,        divulgadas pelas três principais agências de classificação de risco, e o impacto de        suas respectivas divulgações no risco Brasil. Foram utilizados dados diários dos        indicadores ​Emerging Markets Bond     Index Plus     ecredit default swap    ​, considerado    pelo Banco Central as principais medidas do risco Brasil. Por meio de um estudo de        evento foram calculados os retornos anormais das amostras para verificar os        impactos dos anúncios dos eventos. Os resultados obtidos indicam a existência de        retornos anormais e retornos anormais acumulados em todos os eventos estudados        para as duas amostras. 

Palavras­chave:  Notas de crédito, Risco Brasil, Estudo de evento, Retornos       

anormais.  

     

       

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(6)

   

Abstract 

This study analyzes the credit rating’s of Brazil and investigates the impact of        their respective disclosures on Brazil risk. The most used daily indicators for        measure risk Brazil are the Emerging Markets Bond       ​Index Plus   ​and credit default      swap. Trough of an event study, the abnormal returns were calculated to verify the        impact of annoucements of events. The results indicate the existence of abnormal        returns and cumulative abnormal returns in all events studied for the two samples . 

 

Keywords: ​Credit rating’s, Brazil risk, Event study, Abnormal returns   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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LISTA DE IMAGENS 

I​magem 2.1 Taxa de       ​Default acumulado em 4 anos por títulos avaliados pela S&P       

(1981 ­ 2014)...    ​..14 

Imagem 3.1   ​Superávit primário anual em relação ao PIB (2002 ­ 2014)...20       

Imagem 3.2 Dívida publica Federal ( em R$ trilhões)...21       

Imagem 3.3 Relação dívida PIB (2006 ­ 2015)...22       

Imagem 3.4 Projeção do FMI para o PIB de 2015 das 14 maiores economias…...25       

Imagem 3.5 Evolução da Taxa SELIC fixada pelo COPOM (2008 ­ 2016)...27       

Imagem 4.1 Janela de estimação e janela do evento………....30       

Imagem: 5.1 EMBI+ Brazil na janela de estimação e janela do evento………….…..36       

Imagem 5.2 CDS Brasileiro de 5 anos………..37       

Imagem 5.3 EMBI+ Brazil na janela de estimação e janela do evento………....38       

Imagem 5.4 CDS Brasileiro de 5 anos………..40       

Imagem 5.5 EMBI+ Brazil na janela de estimação e janela do evento………41       

Imagem 5.6 CDS Brasileiro de 5 anos………..42 

   

     

   

   

 

 

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LISTA DE TABELAS 

 

Tabela 2.1 Escala dos       ​rating’s ​das três principais agências de classificação de       

risco………..……….……….17 

Tabela 3.1 Classificação de risco do Brasil (2005 ­ 2014) (*)                     Upgrade; (**)    Downgrade​……….………24 

Tabela 5.1 Resultados obtidos na amostra do EMBI+ ………...35 

Tabela 5.2 Resultados obtidos na amostra de CDS ………...36 

Tabela 5.3 Resultados obtidos na amostra do EMBI+ ………...38 

Tabela 5.4 Resultados obtidos na amostra CDS………...39 

Tabela 5.5 Resultados obtidos na amostra EMBI+ ………...40 

Tabela 5.6 Resultados obtidos na amostra CDS ………...42   

     

             

 

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SUMÁRIO 

Capitulo 1. Introdução………...……….9 

Capítulo 2.  Risco………..…………...………....11 

 2.1 O que é risco de mercado e como medi­lo………...……….…...11 

2.2 ​Rating​ de crédito……….…..12 

Capítulo 3. Rebaixamento da nota de crédito do Brasil…..………....………..19 

3.1 Contas públicas………..…...19 

3.2 Porque o Brasil teve sua nota reduzida………...…….22 

3.3 Manutenção dos juros pelo Copom………...…....24 

3.4 Consequências do rebaixamento………...…....25 

Capítulo 4. Métodos e técnicas………..…...28 

4.1 Estudo de evento……….…….28 

4.2 Janela de evento e janela de estimação………..…....29 

4.3 Amostras………....30 

4.4 Retorno anormal……….……..32 

Capítulo 5. Resultados obtidos……….………….………..35 

5.1 Rebaixamento da nota de crédito pela ​standard and Poor’s………35 

5.2  Rebaixamento da nota de crédito pela ​Fitch​………..37 

5.3 Não elevação dos juros pelo Copom………..………..40 

Conclusão……….43 

Referências bibliográficas………..44 

 

   

(10)

Capitulo 1 ­ Introdução 

O objetivo deste trabalho é averiguar a existência de retornos anormais em        três eventos, os rebaixamentos da nota de crédito pelas agências       ​Standard and    Poor’s   e ​Fitch ​que resultaram na perda do grau de investimento para o Brasil e da        não elevação do juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na última reunião        do ano de 2015. 

Para isso foram utilizadas as metodologias de estudo de evento e cálculo de        retornos anormais propostas por Soares, Rostagno e Soares (2002), Paxson e        Wood (1998) e MacKinlay (1997). Assim foram estimados os retornos anormais de        cada evento para os períodos descritos e por meio do teste       ​t de  ​student  observou­se a existência ou não de retornos anormais. 

A existência de retornos anormais indicaria que os eventos em questão        trazem novas informações para os investidores, alterando os níveis de risco do        mercado brasileiro. Para o cálculo dos retornos anormais foi utilizado como                     proxy do  risco Brasil os índices       ​Emerging Markets Bond     Index Plus (EMBI+)     e ​credit default    swap (CDS). 

Após esta introdução, no capítulo 2 foi realizada uma revisão de        literatura a respeito dos       ​rating’s   de crédito. Os motivos de sua existência, o conceito,        as criticas e os principais agentes que movimentam a industria de                     rating foram os    temas abordados. 

No capítulo 3 foi realizada uma analise do recente cenário econômico        brasileiro para que possamos entender os principais motivos que levaram as        agências ​S&P   e​Fitch ​a rebaixarem a nota de crédito brasileira. Ao final do capítulo        uma analise sobre o terceiro evento estudado, a não elevação de juros pelo Copom. 

No capítulo 4 foram apresentadas as principais técnicas utilizadas para        realizar um estudo de evento. Os parâmetros como a janela de estimação, a janela        de evento e as ​proxy’s​ escolhidas para medir risco de mercado foram apresentadas. 

(11)

No capítulo 5 foram apresentados os resultados obtidos após os testes        realizados, concluindo pela existência de retornos anormais nas janelas dos eventos        estudados. 

                               

         

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Capitulo 2 ­ Risco 

2.1 O que é risco de mercado e como medi­lo 

O conceito de risco de mercado é difuso, os diferentes atores do mercado        financeiro o interpretam de diferentes formas, não há portanto uma única definição.       

Podemos entender risco de mercado a partir da interpretação que os agentes do        mercado dão. 

Segundo o banco de investimento         ​J.P. Morgan   (2015)​​risco de mercado é        definido como a possibilidade de ocorrência de perdas resultantes da flutuação nos        valores de mercado, ou seja, os investidores e as empresas criam expectativas a        respeito dos preços das ações, do PIB, da inflação e de outras variáveis        macroeconômicas. 

Segundo ​Crisótomo (2009),   ​risco de mercado é o constante potencial que sua        carteira de títulos tem de sofrer perdas devido a variações nos fatores de risco.       

Estes são os componentes de um mercado, que são frequentemente voláteis e        exercem uma pressão significativa sobre os preços. Entre os fatores de risco estão        os preços das ações, as taxas de juros, o câmbio e preços das ​comodities. 

O risco de mercado não é facilmente observável e portanto existem diversas        proxy's  ​para mensurá­lo. Bali, Cakici e Chabi­Yo (2011) propuseram algumas        medidas de risco que dependem principalmente de variáveis macroeconômicas e        concluíram que o risco de mercado sobe quando o mercado está caindo e diminui        quando o mercado está subindo. Um aumento do risco de mercado, geralmente        está associado a uma crise econômica, a um aumento da taxa de juros ou a um        aumento da inflação. 

Roger, Silva, Neder e Silva (2013) utilizaram os       ​rating’s   de crédito divulgados    pelas três principais agências de classificação de risco, como       ​proxy de risco de      mercado, para analisar o impacto de tendências de reclassificação no mercado        brasileiro. Os autores concluíram que, além de possuir conteúdo informacional        relevante, os ​rating's são boas proxy's​ para medir risco de mercado. 

(13)

Murcia, Murcia e Borba (2013) analisaram se anúncios de mudanças dos        rating's ​de crédito no mercado brasileiro impactam as decisões dos agentes. Os        autores concluíram que os agentes do mercado reagem aos anúncios e portanto        interpretam os ​rating's ​de crédito como uma medida do risco de mercado. 

Como podemos perceber, risco de mercado possui um conceito subjetivo, os        diferentes agentes do mercado o interpretam de diferentes formas e portanto        possuem diferentes métodos para identificá­lo. Entretanto o mercado financeiro ao        longo dos anos desenvolveu algumas ideias afim de homogeneizar o conceito de        risco de mercado, uma dessas ideias é o ​rating​ de crédito. 

2.2 Rating de crédito 

2.2.1 Conceito de Rating 

Segundo a    ​US Securities and Exchange Comission         (2003)​, agência que      regula o mercado financeiro do Estados Unidos, um       ​rating ​de crédito representa a        opinião de uma determinada agência de classificação de risco, a partir de uma data        específica, refletindo a capacidade da empresa em manter suas obrigações. 

A ​Internacional organization of security comission         (2004)​, órgão de regulação        mundial de valores mobiliários e mercado futuro, define               rating de crédito   como uma    opinião sobre a qualidade de crédito de uma entidade, de uma divida ou sobre a        segurança de um emitente de tais obrigações, utilizando um sistema próprio de        classificações. Os   ​rating​'s de crédito não são recomendações de compra, venda ou        manutenção de qualquer obrigação. 

Segundo a comissão de valores mobiliários,       ​Instrução CVM no 521, p.2 de 25        de abril de 2012,​ entidade que regula e fiscaliza o mercado de capitais no Brasil: 

"Classificação de risco de crédito: atividade de opinar sobre a        qualidade de crédito de um emissor de títulos de participação ou de        dívida, de uma operação estruturada, ou qualquer ativo financeiro        emitido no mercado de valores mobiliários." 

O banco de investimento       ​J P Morgan     (2015) define   ​rating de crédito como a        opinião de uma agência a respeito da possibilidade de perdas pelo não recebimento       

(14)

de valores contratados juntos ao emissor, resultante da incapacidade econômico e        financeira deste emissor.  

Para o   ​Banco do Brasil (2015),       ​rating de crédito esta relacionado com a        possibilidade de emissores de títulos e valores mobiliários não cumprirem parcial ou        totalmente suas obrigações, de não pagarem tanto o principal como os respectivos        juros. 

Essas definições nos dão um panorama sobre o conceito de                   rating   decrédito  para as agências reguladoras e para os agentes do mercado. Os principais termos        utilizados foram, opiniões, qualidade de crédito, risco de perdas e emissor de títulos.       

Entretanto, seria interessante entender como a própria indústria de                 rating conceitua  os ​rating's​ de crédito. 

Cada agência de classificação de risco tem sua própria definição do papel de        suas classificações (    ​rating de crédito). Segundo Langohr e Langohr (2008) a Fitch        enfatiza o caráter subjetivo de todos seus       ​rating​'s, destacando a importância da          probabilidade de    ​default  ​e as possibilidades de perda para os investidores, a        Moody's ressalta a independência de sua opinião e enfatiza a predisposição do        emissor em cumprir suas obrigações, a      ​Standard and Poor's     se concentra na      credibilidade do emissor e do cenário ao qual ele esta inserido. Segundo os autores,        as três agência concordam no sentido que seus       ​rating's ​representam opiniões    quanto a probabilidade do emissor de um título mobiliário entregar os rendimentos        esperados em sua totalidade. 

2.2.2 Conceito de default e a necessidade dos ratings 

O ​default ​está no centro da discussão da indústria de       ​rating​, apesar de seu        conceito permitir diversas interpretações. Segundo Langohr e Langohr (2008) uma        análise adequada do risco de         ​default ​e sua devida mensuração desempenha um        papel fundamental na precificação de ativos (dividas, ações e notas de crédito) e na        determinação dos ​rating's​ de crédito. 

Segundo  ​Vazza e Kraemer (2014)       ​default     é o descumprimento de uma      cláusula contratual, envolvendo um credor e um devedor, por parte do devedor.       

Comumente conhecido como calote de dívida, quando um emissor de dívida, seja       

(15)

um país ou uma empresa, não efetua, dentro do prazo preestabelecido parcial ou        totalmente, o pagamento de uma obrigação. 

Langohr e Langohr (2008) afirmam que independente do emissor ou da não        ocorrência de um     ​default, ​nenhum título esta completamente isento do risco de        default. ​Sendo grande ou pequeno, não exitem garantias suficientes que eliminem        totalmente o risco. Como o futuro é incerto, uma estimação do risco de       ​default   é subjetiva, existindo diversos métodos para sua realização. 

Default  ​é um fenômeno comum no mercado, recentemente ocorreu um        grande debate politico na União Europeia sobre o possível default (calote da dívida)        da Grécia, suas consequências para todo o bloco e uma possível ajuda financeira        foram negociadas. Em 2001, segundo o economista       ​Jill Hedges (2015)    ​, ocorreu o      maior ​default ​da história, quando a Argentina deixou de pagar US$ 95 bilhões        referentes a títulos de dívida​

Imagem 2.1 Taxa de ​Default​ acumulado em 4 anos por títulos avaliados pela S&P  (1981 ­ 2014) 

 

Fonte: Vazza e Kraemer (2014). Elaboração própria. 

Por ser um fenômeno frequente, os investidores vão querer saber quais os        títulos e ativos financeiros que estão sujeitos a maiores riscos de                     default. Segundo    Langohr e Langohr (2008) os         ​rating's de crédito possuem um papel fundamental       

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nesse cenário, diminuindo a assimetria informacional e os custos de tais        informações para os investidores e diminuindo os custos operacionais dos        emissores. Assim os investidores vão poder otimizar seus investimentos e os        emissores vão conseguir transacionar sem a necessidade de intermediários. 

Os mercados financeiros dos países estão cada vez mais integrados, por isso        há um grande numero de variáveis que afetam ou podem vir a afetar títulos e ativos        financeiros, para um investidor seria muito dispendioso realizar diversas analises de        todo o mercado afim de otimizar seus investimentos. 

Segundo Lucinda e Saito (2009), em um mercado de captação de recursos        com assimetria informacional, os potenciais investidores estão longe dos emissores        de títulos. Os investidores não têm informações suficientes a respeito dos emissores        e portanto de seus riscos. Os emissores não vão conseguir captar os recursos        desejados. Nesse cenário surge o intermediário (um banco) que por possuir        informações relevantes sobre os emissores, eles pegam recursos dos investidores a        uma taxa de juros e repassam para os emissores a uma taxa de juros maior. Um        rating ​de crédito possibilita o canal direto entre as duas partes, mitigando esses        custos de transação, o equivalente à receita do intermediário. 

De certa forma, os        ​rating's ​possibilitam a criação de um mercado mais        eficiente. Sua existência está condicionada a informações relevantes e        principalmente à credibilidade. Segundo       ​Gomes e Cresto (2010) grande parte dos        fundos de investimento de países desenvolvidos possuem normas que exigem um        rating​ mínimo para realizar investimentos em algum título. 

Segundo Feio e Carneiro (2012) o mercado de       ​rating existe desde o século        19, quando empresas, principalmente bancos, forneciam informações aos        comerciantes sobre a solvência de seus clientes, analisando principalmente a        capacidade desses clientes em honrar compromissos financeiros devidos no futuro,        tendo em vista a qualidade dos fiadores. 

2.2.3 As agências de classificação de risco 

Os ​rating's ​de crédito são parte do sistema financeiro mundial e descrevem o        importante papel das agências de classificação de risco, emissárias dos       ​rating's. 

(17)

Atualmente existem inúmeras agências, entretanto, segundo       ​Council on Foreing      Relations  (2015)  ​Fitch, Standard and Poor's         e ​Moodys são as três principais.       

Conhecidas por   ​"The Big Three"    ​, juntas elas controlam 95% do mercado mundial de        rating ​de crédito. 

Fundada em 1914, a       ​Fitch Ratings     é uma das três maiores agências de        classificação de risco do mundo, possui sede em Nova York, NY, Estados Unidos.       

Empresa privada que emite       ​rating's​, principalmente de crédito, dentro de uma escala        própria que varia da nota AAA até a nota D. 

A ​Standard and Poor's       foi fundada em 1840, possui sede em Nova York, NY,        Estados Unidos. Trabalha com a emissão de       ​rating's ​de crédito sobre empresas,        títulos e países. Possui escala própria de classificação, que varia de acordo com o        risco de ​default. 

A agência   ​Moody's​, fundada em 1909, possui duas sedes uma em Nova        York, Estados Unidos e outra em Londres, Inglaterra. Classifica títulos, empresas e        países de acordo com o grau de investimento, possui escala própria e independente        para realizar suas avaliações. 

Tabela 2.1 Escala dos ​rating’s ​das três principais agências de classificação de risco  Fitch Ratings  Standard and Poor’s  Moody's 

Grau de investimento (Alto) 

AAA  AAA  Aaa 

AA+  AA+  Aa1 

AA  AA  Aa2 

AA­  AA­  Aa3 

A+  A+  A1 

A  A  A2 

   A3 

Grau de investimento (Baixo) 

BBB+  BBB+  Baa1 

BBB  BBB  Baa2 

BBB­  BBB­  Baa3 

Grau especulativo (Médio) 

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BB+  BB+  Ba1 

BB  BB  Ba2 

BB­  BB­  Ba3 

B+  B+  B1 

B  B  B2 

   B3 

Risco alto de inadimplência 

CCC  CCC+  Caa1 

CC  CCC  Caa2 

C  CCC­  Caa3 

RD  CC  Ca 

D  C  C 

  D   

Fonte: Fitch Rating (2015); Standard and Poor’s (2015); Moody’s (2015). Elaboração própria.  

O grau de concentração das três agências no mercado de       ​rating de crédito    pode ser explicado pela confiança que os agente possuem por estas agências. No        mercado financeiro a credibilidade dos participantes é decisiva na hora de fechar        negócios. Entretanto, desde a crise iniciada em 2007 as três principais agências        vêm sendo alvo de fortes críticas por parte dos agentes do mercado (governos,        instituições financeiras e investidores). 

Segundo ​Vazza e Kraemer (2014) em 2008, as "      ​Big Three  ​" atribuíram bons      rating's  ​(grau de investimento) ao banco         ​Lehman Brothers    semanas antes do      mesmo entrar com o pedido de concordata. As três agências não previram a        falência dos bancos Islandeses, alguns deles possuíam       ​rating "triple   A", nota    máxima na escala das agências. Antes da crise os títulos de dívida do próprio        governo Islandês eram considerados bons pelas três agências. 

Entre as principais críticas as três agências, está o fato que durante a crise as        próprias instituições financeiras contratavam as agências para emitir relatórios a        respeito dos títulos, entre eles os títulos       ​subprime ​classificados como   ​"triple A"   

mesmo quando seus próprios analistas os consideravam ''      ​junk"​, fato descoberto      depois da crise em       ​email's ​pessoais trocados entre os analistas, segundo a revista        The Economist (2013). 

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Segundo a revista     ​The Economist   (2013) ​é indiscutível que as agências de        classificação fizeram um péssimo trabalho na avaliação dos títulos mencionados        pouco antes da crise. O conflito de interesse existente quando as agências analisam        títulos referentes às instituições financeira que as contrataram para o serviço põe        em risco toda a estrutura do mercado financeiro e corrói a confiança das próprias        agências. 

                                     

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Capítulo 3 – Rebaixamento da nota de crédito do Brasil  3.1 Contas públicas 

Segundo Langohr e Langohr (2008) para o mercado financeiro internacional        manter as contas públicas em ordem implica que o país tem capacidade de pagar o        que deve, ou seja, tem menos risco de crédito e, portanto, poderá ser um bom        destino para capitais internacionais. Sua dívida é confiável. Quanto menor a dívida        em relação ao PIB, mais o país mostra que é um “bom pagador” e portanto é maior        a chance de conseguir taxas de juros mais baixas quando tiver que pedir dinheiro        emprestado. 

Importância do superávit 

O ​superávit primário é a diferença entre a arrecadação tributária do período        corrente e os gastos da administração direta (incluindo o Tesouro Nacional,        Previdência social e o Banco Central). Um       ​superávit primário positivo significa que o          país economizou parte do que arrecadou para pagar os juros da dívida pública. 

No final da década de 90, segundo Martello (2014) o Brasil estava muito        endividado, em 1998 o governo fez um acordo com o FMI, Banco Mundial e o BIS        por uma ajuda de cerca de US$ 41 Bilhões, para isso teve que se comprometer a        cumprir diversas exigências como estabilidade econômica e reformas na        previdência social. Em 1999, o então presidente Fernando Henrique Cardozo        implantou a meta de superávit primário. Em 2000 a lei de responsabilidade fiscal foi        sancionada com o intuito de ajudar no cumprimento das metas de      ​superávit  primário. 

Imagem 3.1 ​Superávit​ primário anual em relação ao PIB (2002 ­ 2014) 

(21)

  Fonte: Banco Central do Brasil (2015). Elaboração própria. 

Caso o   ​superávit seja negativo, o país incorrerá em um       ​déficit primário, o que      significa que o gastos foram maiores do que as receitas e assim haverá um        aumento da dívida pública. Em 2014 ocorreu um déficit primário, de 0,63% do PIB,        pela primeira vez desde a criação das metas de       ​superávit,   o que indica, segundo      Martello (2014) um descontrole fiscal. 

Dívida pública federal consiste basicamente na dívida contraída pelo Tesouro        Nacional para financiar o        ​déficit  orçamentário do governo federal, incluindo o        refinanciamento da própria dívida. Contraída principalmente pela emissão de títulos,        onde o devedor, o governo, recebe o dinheiro e se compromete a pagar o valor        devido acrescido de juros para o credor, qualquer investidor interessado em adquirir        tais títulos. 

Imagem 3.2 Dívida publica Federal ( em R$ trilhões). 

(22)

  Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional (2016). Elaboração própria. 

Segundo dados coletados no Banco Central, em 2014 a relação dívida PIB        atingiu 57,2% o seu maior percentual desde 2006, quando este indicador começou a        ser calculado. A expectativa do próprio Banco Central é de que em 2015 a dívida        atinja 66,9% do produto interno bruto. Um aumento de 17% em relação ao período        anterior. 

A dívida pública brasileira vem crescendo principalmente pelo descontrole        das contas públicas, agravado pela queda da arrecadação. A inflação vem        acelerada, atingiu 10,67% em 2015 e para tentar contê­la o Comitê de política        Monetária (COPOM) elevou a taxa básica de juros. Como diversos títulos públicos        federais são indexados pela SELIC, os juros da dívida aumentaram. Além desses        fatores, o Produto Interno Bruto brasileiro encolheu, influenciando o aumento da        relação dívida PIB. 

Imagem 3.3 Relação dívida PIB (2006 ­ 2015) 

(23)

  Fonte: Banco Central do Brasil (2016). Elaboração Própria. 

Segundo Bolle o principal problema da dívida pública brasileira é a tendência        de aumento contínuo, o que reflete a incapacidade do governo em controlar as        contas públicas. Aumentando a desconfiança dos empresários em uma recuperação        rápida da economia. 

3.2 Porque o Brasil teve sua nota reduzida? 

Standard and Poor's 

No dia 9 de setembro de 2015 a agência       ​Standard and poor's     ​rebaixou a nota      de crédito brasileira de BBB­ para BB+, retirando do Brasil o grau de investimento.       

Em seu comunicado a S&P elencou os motivos que a levou a rebaixar a nota        brasileira. Entre os principais está o orçamento proposto no final de agosto que tem        como base um     ​déficit primário de 0,3% do PIB, anteriormente a meta de       ​superávit  era de 0,7% do PIB. 

Segundo a S&P esta mudança reflete desacordos internos acerca da        composição e da magnitude necessária para realização do ajuste fiscal. Neste        cenário, a proposta do orçamento resultaria em três anos consecutivos de       ​déficits  primários e um aumento contínuo da dívida pública. Apesar do então ministro da        fazenda, Joaquim Levi, propor medidas com o objetivo de retomar a meta de       

(24)

superávit ​para 0,7% do PIB, tais medidas necessitam de aprovação do congresso        nacional. 

A dificuldade de aprovação das medidas necessárias para o ajuste fiscal,

       

propostas pelo executivo federal, pelo congresso nacional configura outro ponto        importante do relatório da S&P. Tais dificuldades estão associadas diretamente com        a crise política e indiretamente com os efeitos das investigações de corrupção na        Petrobras. A agência conclui que houve um aumento elevado do risco de crédito do        governo brasileiro, resultando no rebaixamento da nota de crédito. 

Fitch 

No dia 16 de dezembro de 2015 o Brasil sofreu o segundo rebaixamento da        nota crédito. A agência       ​Fitch ​retirou do Brasil o grau de investimento. A nota da        dívida brasileira em moeda estrangeira foi rebaixada de BBB­ para BB+ o primeiro        degrau do que é considerado pela agência grau especulativo. O rebaixamento        ocorreu um dia após o governo propor uma nova redução da meta de       ​superávit  primário. 

Segundo a Fitch, o rebaixamento reflete uma recessão mais profunda do que        se era esperado para a economia brasileira. As constantes mudanças da meta de        superávit primário corroem a credibilidade da política fiscal, evidenciando a falta de        coesão do governo. Nesse cenário aumentam as incertezas da capacidade do        governo em realizar as medidas fiscais necessárias para estabilizar o crescimento        da dívida. 

Em seu comunicado, a Fitch enfatiza que a recessão da economia brasileira        não está diminuindo, e prevê uma contração de 3,7% do PIB para 2015 e de 2,5%       

para 2016. A agência estima que o       ​déficit do governo deve ficar acima dos 10% do        PIB em 2015 e se manter acima dos 7% em 2016 e 2017. 

Tabela 3.1 Classificação de risco do Brasil (2005 ­ 2014) (*) ​Upgrade; (**)  Downgrade

Ano  Moody's  Fitch  S&P 

2005  Ba3*     

2006  Ba2*  BB*  BB* 

(25)

2007  Ba1*  BB+*  BB+* 

2008    BBB­*  BBB­* 

2009  Baa3*     

2010       

2011  Baa2*  BBB*  BBB* 

2012       

2013       

2014      BBB­** 

2015  Baa3**  BBB­** 

BB+**  BB+** 

Fonte: ​Fitch Rating’s   (2015); ​Standard and Poor’s     (2015); ​Moody’s (2015). Elaboração    própria. 

3.3 Manutenção dos juros pelo COPOM 

Segundo Martello (2016) poucos dias antes da primeira reunião do Comitê de        Política Monetária no ano de 2016 os agentes do mercado financeiro apostavam em        uma postura mais agressiva do COPOM, elevando a Selic em 0,5%, demonstrando        a preocupação do governo em combater a inflação. 

Entretanto, no dia 19 de janeiro o Fundo Monetário internacional divulgou        relatório no qual reavaliava as projeções feitas anteriormente para a economia        brasileira. Entre as principais mudanças, a revisão da contração do PIB que antes        era estimada em 1%, passou para 3,5% em 2016, isso após uma possível contração        de 3,8% em 2015. 

A percepção do mercado mudou após o Presidente do Banco Central        Alexandre Tombini divulgar nota aonde classifica como “significativas” as revisões        das projeções feitas pelo FMI. No dia seguinte, 20 de janeiro, o COPOM se reuniu e        decidiu não aumentar a taxa básica de juros, decisão que repercutiu negativamente        no mercado. 

Entre os principais motivos para a não elevação dos juros, segundo Martello        (2016) está a pressão política exercida pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que        vêm se manifestando contrário a um ajuste fiscal mais forte. Além disso, os sinais        de que a economia está passando por uma recessão mais forte do que a prevista       

(26)

faz com que o setor produtivo também pressione o governo para manutenção da        taxa básica de juros. 

Imagem 3.4 Projeção do FMI para o PIB de 2015 das 14 maiores economias 

  Fonte: FMI. Elaboração própria. 

3.4 Consequências do rebaixamento  Perda de investimentos 

Segundo Gerbelli (2015) os efeitos da perda do grau de investimento pelas        agências ​Standard and Poor’s       e ​Fitch tenderão a se prolongar por vários anos.       

Reforça as incertezas do mercado internacional em uma rápida recuperação da        economia brasileira. Com isso o fluxo de investimentos para o Brasil deve diminuir e        as empresas terão dificuldades tanto na captação de recursos quanto na        desaceleração da atividade econômica. 

Antes do    ​downgrade   o crescimento da economia já era baixo, agora o        rebaixamento surge como mais um obstáculo para o governo. Por exemplo, dados        coletados na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de        Capitais (AMBIMA) mostram que a capitação de recursos por empresas brasileiras       

(27)

no exterior foram de US$ 8,059 bilhões entre janeiro e dezembro de 2015. No        mesmo período do ano passado foram de US$ 45,488 bilhões, uma queda de mais        de 82%. 

Segundo Bolle (2015) diversos fundos de pensão estrangeiros possuem        regras que os restringem a aplicar recursos apenas em país que possuem grau de        investimento, dado por pelo menos duas das três principais agências de        classificação de risco. Como consequência do rebaixamento da               Fitch, segunda    agência a rebaixar a nota de crédito brasileira, o Brasil deve perder grande parte de        seus investimento estrangeiros, dado que o volume gerido por tais fundos é enorme. 

Segundo Bolle (2015) em consequência da perda do grau de investimentos e        da redução de fluxos de capitas estrangeiros para o Brasil, vêm ocorrendo no        mercado brasileiro uma desvalorização cambial. O encarecimento do dólar encarece        uma diversidade de produtos que possuem em sua matriz algum insumo importado        e esse efeito precisona a inflação interna. 

O crescimento da inflação preocupa o governo, que desde 2013 vem        elevando a taxa básica de juros com objetivo de controlar a inflação. O aumento da        taxa de juros tem consequências sobre toda a economia brasileira. Para o governo        ocorre um encarecimento do crédito e aumento da dívida, dificultando ainda mais o        ajuste fiscal e agravando a crise política. Os juros mais altos inibem os        investimentos das empresas, gerando desemprego e colaborando ainda mais para        recessão do país. 

Imagem 3.5 Evolução da Taxa SELIC fixada pelo COPOM (2008 ­ 2016) 

(28)

  Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria. 

                                 

(29)

Capítulo 4 – Métodos e técnicas  4.1 Estudo de evento 

Segundo Soares, Rostagno e Soares (2002), estudo de evento é um método        que consiste em verificar a influência de eventos específicos na performance de        títulos e empresas, através da investigação dos efeitos de tais eventos no preços        dos títulos e empresas no mercado financeiro. 

Segundo Paxson e Wood (1998) um estudo de evento se trata de uma        pesquisa empírica amplamente utilizada nas áreas de finanças e contabilidade,        onde se estuda o impacto de eventos econômicos ou financeiros no comportamento        do mercado de títulos. Assim, baseando­se no comportamento dos títulos pode se        inferir a influência dos eventos. 

Segundo MacKinlay (1997) um estudo de evento possui sete fases: 

1 ­ Definição do evento e da janela. 

2 ­ Seleção da amostra. 

3 ­ Medição do retorno anormal. 

4 ­ Procedimento de estimação. 

5 ­ Procedimento de teste. 

6 ­ Resultados empíricos. 

7 ­ Interpretações e conclusões. 

Definição do evento e da janela 

Segundo Mackinlay (1997) o primeiro passo para realização de um estudo de        evento e a definição do evento a ser estudado, identificando a data da realização do        mesmo. Por exemplo, se o evento for um anúncio de dividendos, a data do evento        deve ser a data do anúncio. A janela do evento será o período ao qual os títulos        serão analisados. Dentro da janela devem ser incluídos alguns dias após a data do        evento em questão, com o objetivo de incluir possíveis ajustes realizados no        mercado após o anúncio. Devido à possível ocorrência de informação privilegiada,        deve­se incluir na janela alguns dias antes da data do evento. 

Seleção de amostra 

Os critérios para seleção da amostra devem ser explicitados, podendo estar        relacionados com os mais diferentes motivos. Como no caso de ações, a verificação       

(30)

em um determinado setor. Segundo Mackinlay (1997) o importante é que a amostra        escolhida esteja ligada com o evento estudado. 

Medição do retorno anormal 

Segundo Soares, Rostagno e Soares (2002) a avaliação do impacto de um        evento sobre um título deve ser medido estimando o retorno anormal deste título. O        retorno anormal de um título é medido pela diferença entre o retorno real de um        título menos seu retorno esperado. Segundo Mackinlay (1997) os dois principais        métodos de estimar o retorno anormal de um título são, o retorno médio e o retorno        de mercado. 

Procedimento de estimação 

Para que seja possível estimar os parâmetros do modelo, é necessário        utilizar um subconjunto dos dados, conhecido como janela de estimação. Segundo        Soares, Rostagno e Soares (2002) geralmente se utiliza o período anterior a janela        do evento. Num estudo de evento que utiliza dados diários a janela de estimação        pode utilizar 30, 60, 90 ou até 120 dias anteriores ao evento. O período de evento        geralmente não é incluído na janela de estimação para evitar a influência do evento        na estimação dos parâmetros. 

Procedimento de teste 

Após a estimação dos parâmetros já é possível calcular os retornos        anormais. Nesta fase é importante definir a hipótese nula a ser testada​

Resultados empíricos 

Os resultados empíricos seguem a formulação tradicional de resultados        econométricos. Além dos resultados básicos deve­se apresentar o diagnóstico com        o intuito de identificar possíveis contaminações da amostra. 

Interpretações e conclusões 

Os resultados empíricos devem ser apresentados com o intuito de concluir os        efeitos do evento nos preços dos títulos estudados. Outras análises podem ser        adicionadas para distinguir diferentes cadeias teóricas 

4.2 Janela de estimação e janela do evento 

Os três eventos estudados estão descritos na seção anterior, são eles os        dois rebaixamentos da nota de crédito brasileira os quais ocasionaram a perda do       

(31)

grau de investimento, e a não elevação dos juros pelo Copom na última reunião do        comitê em 2015. 

A janela de estimação consiste do trigésimo segundo dia até o terceiro dia        anteriores ao evento em questão. A janela do evento consiste do segundo dia        anterior ao evento até o segundo dia posterior ao evento. Onde a data 0        corresponde ao dia do anuncio do evento. 

Imagem 4.1 Janela de estimação e janela do evento 

  Elaboração própria. 

4.3 Amostras 

O risco Brasil é um conceito que busca expressar o risco de crédito que os        investidores estrangeiros se submetem ao investir no mercado brasileiro. Segundo        relatório do Banco Central do Brasil (2015) os dois principais indicadores utilizados        pelo mercado para mensurar o risco Brasil são o EMBI+Br e ​Credit Default Swap. 

4.3.1 EMBI+Br 

O ​Emerging Markets Bond     Index Plus  ​, mais conhecido como EMBI+, é um        indicador criado e calculado pelo Banco       ​J.P. Morgan Chase    ​. É um índice ponderado          que mede o retorno de instrumentos de dívida externa de países emergentes. Para        a maioria das carteiras a data base é 31 de dezembro de 1993, quando o índice foi        criado. 

O EMBI+ é composto por três tipos de instrumentos de dívida externa dos        países emergentes,    ​bradies​, eurobônus e empréstimos externos de entidades        soberanas. Inicialmente calcula­se os retornos diários para cada instrumento        individual, após calcula­se a média aritmética dos retornos diários ponderados pelo        valor de mercado para cada tipo de dívida. Ao final, calcula­se a média aritmética        dos retornos diários medidos dos três tipos de instrumentos de dívida, ponderados        pelos respectivos valores de mercado. 

O EMBI+Br é um índice que reflete o comportamento de títulos da dívida        externa brasileira. O     ​spread do EMBI+Br é o valor utilizado pelos investidores como       

(32)

medida do risco Brasil e corresponde à média ponderada dos prêmios de tais títulos        em relação aos papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos. Este        prêmio é conhecido como ​spread over treasury

O mercado utiliza o EMBI+Br para medir a capacidade do Brasil em honrar        seus compromissos. Quanto maior a pontuação do indicador, maior o risco de        crédito do Brasil. Assim para atrair capital estrangeiro para financiar sua dívida,        quando ocorre uma elevação do         ​spread no EMBI+Br, o governo brasileiro deverá        pagar maiores taxas de juros em seus papéis. Atualmente o EMBI+Br é composto        por 14 papéis emitidos pelo Brasil no exterior. 

4.3.2 Credit Default Swaap 

O ​Credit Default Swap    ​, mais conhecido como CDS, é um acordo bilateral que        permite a uma das partes comprar um seguro contra o evento de crédito de um        determinado emissor. O emissor é conhecido como entidade de referência e o        evento de crédito inclui a inadimplência, falha no pagamento, reestruturação da        dívida ou falência do emissor. 

O comprador do CDS, ou seja, aquele que entra no       ​swap para se proteger do        risco de crédito terá o direito de vender um bônus, em renda fixa, para a outra ponta        do ​swap​. Para isso o comprador deverá efetuar pagamentos periódicos até o fim do        contrato ou até a ocorrência do evento de crédito. Esses pagamentos são realizados        sobre uma porcentagem do valor principal do contrato, são conhecidos como       ​spread  e representam o custo do seguro para o comprador. 

O prêmio do CDS é utilizado como medida de risco da entidade emissora e é        cotado em pontos base. Se um investidor estrangeiro compra uma proteção contra        um evento de crédito para títulos soberanos brasileiros, ele fará pagamentos        periódicos ao vendedor até o fim do contrato ou até a ocorrência do evento de        crédito. Caso o evento não aconteça, o contrato se encerra. E caso aconteça, o        vendedor pagará ao comprador um montante que compense sua perda devido ao        evento de crédito, imunizando o comprador ao risco de crédito. Quanto maior a        probabilidade de ocorrência do evento de crédito, maior será o valor do prêmio do        CDS. 

A liquidação do CDS pode ocorrer por meio de entrega física ou liquidação        financeira. Na entrega física o comprador do CDS entregará seu bônus para o       

(33)

vendedor e receberá em troca o valor de face acordado no contrato. Na liquidação        financeira um agente predeterminado irá avaliar o valor do bônus no mercado,        assim o vendedor terá que pagar a diferença entre o valor de mercado do bônus e o        valor de face, após o evento de crédito. 

Segundo relatório do Banco Central do Brasil (2015), as companhias de        seguros, corretoras,   ​hedge funds  ​, fundos de pensão, empresas, fundos mútuos e        agências governamentais são os agentes que mais compram CDS. Além dos        bancos, que atuam tanto na compra quanto na venda dos seguros. Mas o CDS        pode ser utilizado para outros fins que não proteção, como especulação, por        exemplo. Um investidor que tem perspectivas positivas em relação a um emissor        pode assumir uma posição vendida no CDS e se beneficiar da não ocorrência do        evento de crédito. 

4.4 Retorno anormal 

O primeiro passo necessário para verificar possíveis retornos anormais é        calcular os retornos diários dos títulos selecionados na amostra durante os períodos        da janela de estimação e da janela do evento. Os retornos diários foram calculados        pela seguinte fórmula: 

Rt = ln( Pt / Pt­1

Onde,       ​Rté a taxa de retorno do título na data t,       ​Pté o preço do título na data          t, ​Pt­1 é o preço do título na data t­1. 

Segundo Soares, Rostagno e Soares (2002) o uso do logaritmo natural        ocorre quando adotamos como pressuposto o regime de capitalização contínua. O        objetivo da utilização desse regime é tornar a distribuição de frequência mais        simétrica, isso deve aproximar a distribuição de frequência dos retornos calculados        da distribuição normal. 

Segundo Brown e Warner (1980, 1985) exitem três modelos estatísticos que        não dependem de argumentos econômicos e são amplamente utilizados para        calcular retornos anormais. Esses modelos são: 

1 ­ Retornos ajustados ao mercado: 

Os retornos são obtidos pela diferença entre os retornos dos títulos e os        retornos da carteira de mercado no mesmo período. 

Ai,t = Ri,t ­ Rm,t 

(34)

Onde ​Ai,t     é o retorno anormal do título i no período t e       ​Rm,t     é o retorno do    portifolio​ de mercado no período t. 

2 ­ Retornos ajustados ao risco e ao mercado: 

Os retornos anormais dos títulos são observados pela diferença dos retornos        individuais em relação ao retorno do       ​portifolio calculado utilizando o modelo de fator        simples. 

A​i,t = R​i,t ­ ∂​i ­ ß​iR​m,t 

Onde ∂   ​i e ß​i são parâmetros da regressão linear envolvendo os retornos do        título e os retornos do mercado.  

3 ­ Retornos anormais ajustados à média: 

Os retornos anormais são medidos pela diferença entre os retornos        observados e a média dos retornos correspondentes. 

Ait = Ri,t ­ R

Onde ​Ri representa a média simples dos retornos do título i para um período        passado. É um modelo amplamente utilizado, possui simplicidade na estimação dos        parâmetros e grande aceitação na área. Em virtude disso o modelo foi utilizado        neste trabalho. 

A partir dos retornos anormais         ​Ait para cada data t foram calculados os        retornos cumulativos durante a janela de evento, correspondente a 5 dias. A formula        utilizada no calculo foi: 

ACit = ∑Ait 

Para testar se os retornos anormais durante a janela do evento são        significativamente diferentes de zero, as seguintes hipóteses foram testadas: 

H​0: O retorno anormal agregado no período analisado é significativamente        diferente de zero.  

H​1:  O  retorno  anormal  agregado  no  período  analisado  não  é  significativamente diferente de zero. 

A técnica estatística utilizada para averiguar a existência de retornos        anormais na janela do evento foi o teste       ​t de ​student. ​A partir dessa técnica        procurou­se determinar a significância estatística dos retornos anormais. Para isso,        foram calculados os desvios padrões dos retornos das séries para padronizar cada        retorno anormal.  

(35)

ZAi = Ai / ∂ ZACi = ACi / ∂

Onde  ​i  corresponde ao desvio padrão do título i durante o período        considerado. 

Por fim, o teste ​t de student​ foi calculado utilizando as seguintes formulas: 

t = (ZAi) (√n)  t = (ZACi) (√n) 

Onde ZA  ​i e ZAC  ​i representam os retorno anormais padronizados no período        analisado, ​​é a quantidade de retornos diários utilizados na janela de estimação.       

Para encerrar e por meio do teste       ​tde​student   é possível determinar de acordo com          o cada grau de significância aceitar ou não a hipótese nula. 

                                         

(36)

Capitulo 5 ­ Resultados obtidos 

A partir do teste         ​t de student foram testados para cada evento analisado as        significâncias do retornos anormais       At   e dos retornos anormais acumulados       ACt  descritos na seção anterior, para os níveis de 1%, 5% e 10%. 

5.1 Rebaixamento da nota de crédito pela Standard and Poor’s. 

EMBI+ 

Tabela 5.1 Resultado do teste 

 

(*) Significativo a 1%; (**) Significativo a 5%; Significativo a 10%. Elaboração própria. 

Os resultados obtidos na amostra do índice EMBI+ Brazil indica a existência        de retornos anormais diários nos dois dias anteriores assim como no dia do evento        e no primeiro dia posterior. O resultado indica que existem retornos anormais        acumulados durante toda a janela do evento, sendo significativo ao nível de 1%. 

Imagem: 5.1 EMBI+ Brazil na janela de estimação e janela do evento 

(37)

  Fonte: IPEADATA. Elaboração própria. 

CDS 

Tabela 5.2 Resultado do teste 

 

(*) Significativo a 1%; (**) Significativo a 5%; Significativo a 10%. Elaboração própria.  

Para a amostra do       ​credit default swap     os resultados indicam ausência e          baixos níveis de significância nos dias ­2 e 0 respectivamente. Já nos dias ­1, 1 e no       

(38)

retorno acumulado do período os resultados indicam a existência de retornos        anormais ao nível de 1%. 

Imagem 5.2 CDS Brasileiro de 5 anos 

 

  Fonte: Bloomberg. Elaboração própria. 

5.2 Rebaixamento da nota de crédito pela Fitch. 

EMBI+ 

Tabela 5.3 Resultado do teste 

(39)

 

 (*) Significativo a 1%; (**) Significativo a 5%; Significativo a 10%. Elaboração própria.  

Os resultados obtidos na amostra EMBi+ Brazil para o evento do        rebaixamento da nota crédito pela agência       ​Fitch ​indicam a existência de retornos          anormais em todos os períodos, sendo baixo o nível de significância apenas no dia        1. O resultado do retorno acumulado no período indica que existe retorno anormal        sendo aceito ao nível de 5%. 

Imagem 5.3 EMBI+ Brazil na janela de estimação e janela do evento. 

 

(40)

Fonte: IPEADATA. Elaboração própri​a. 

CDS 

Tabela 5.4 Resultado do teste 

 

(*) Significativo a 1%; (**) Significativo a 5%; Significativo a 10%.Elaboração própria.  

Os resultados obtidos na amostra de       ​credit default swap     indicam a existência      de retornos anormais nos dias ­2, ­1, 0 e 2, sendo aceitos ao nível de significância        de 1%. O resultado do retorno acumulado no período é aceito ao nível de 1%. 

Imagem 5.4 CDS Brasileiro de 5 anos 

(41)

  Fonte: Bloomberg. Elaboração própria​. 

5.3 Não elevação de juros pelo Copom   

EMBI+ 

Tabela 5.5 Resultado do teste 

 

(*) Significativo a 1%; (**) Significativo a 5%; Significativo a 10%. Elaboração própria. 

(42)

Os resultados obtidos na amostra do índice EMBI+ Brazil indicam a        existência de retornos anormais nos dias ­2, 0, 1 e 2. Entretanto no dia ­1 o        resultado não conclui pela ocorrência de retornos anormais, sendo a hipótese H      ​0  para esse dia não aceita ao nível de significância de 10%. 

Imagem 5.5 EMBI+ Brazil na janela de estimação e janela do evento   

  Fonte: IPEADATA. Elaboração própria. 

  CDS 

Tabela 5.6 Resultado do teste 

(43)

 

(*) Significativo a 1%; (**) Significativo a 5%; Significativo a 10%. Elaboração própria. 

Os resultados obtidos no teste para o CDS indicam a existência de retornos        anormais nos dias ­2, ­1, 1 e 2. O resultado do teste       ​t de ​student para o retorno      acumulado no período é aceito ao nível de significância de 1%. 

Imagem 5.6 CDS Brasileiro de 5 anos   

  Fonte:​ Bloomberg​. Elaboração própria. 

(44)

Conclusão 

Este trabalho buscou investigar a ocorrência de retornos anormais em três        eventos distintos. Para isso foi selecionado o período conhecido como janela do        evento, sendo composto por cinco dias. Além do próprio dia em que o evento ocorre        foram selecionados os dois dias anteriores e posteriores. Para cada dia da janela do        evento foi calculado o retorno anormal testado através do teste ​t de student.  

Em geral, foram encontradas evidências a favor da existência de retornos        anormais nos dias da janela do evento. Em todas as amostras do três eventos,        foram encontradas evidências da existência de retornos anormais acumulados na        janela do evento. 

A existência de retornos anormais indica que a ocorrência dos eventos        estudados traz novas informações ao investidores o que alteraria o nível de risco do        Brasil medido pelos indicadores EMBI+ Br e       ​credit default swap     brasileiro de cinco      anos. A existência de retornos anormais nos dias anteriores ao evento indicam um        transbordamento de informação relativas ao evento antes mesmo da ocorrência. 

Antes das ocorrências dos rebaixamentos do       ​rating brasileiro, os agentes do        mercado já o esperavam. Mesmo assim os anúncios dos eventos geraram retornos        anormais. Este fato indica que não somente a situação política e econômica, que        levou o Brasil a ter sua nota rebaixada, tem efeito sobre o risco Brasil, mas o próprio        anúncio do evento também produz este efeito. 

Este trabalho contribui para literatura existente a respeito de retornos        anormais e   ​rating’s de crédito. Dentro da metodologia de retornos anormais foi        utilizado para o cálculo dos retornos esperados o modelo ajustado à média. Este        modelo possui algumas limitação, pois não incorpora ajustes do mercado. Para        tornar a análise mais robusta, poderiam ser utilizados modelos mais sofisticados e        precisos na detecção de retornos anormais, como o modelo ajustado ao mercado        descrito por Brown e Warner (1980). 

         

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