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APRESENTADA
ÁFACULDADE DEMEDICINA DO RIO DE JANEIRO,
E PERANTE ELLA SUSTENTADA EM9DE DEZEMBRO DE1852
POR
S /
H/
MUOtyfea
àcemen /
aDOUTOREM MEDICINA PELA MESMA FACULDADE,
NATURALDACIDADEDE CAMPOS(RIO DE JANEIRO), PRESIDENTEDAASSOCIAÇÃOLITTERARIAFLUMINENSE,
FILHO LEGITIMO DE
Felicio
doNascimento Silva
.*
1.0SCIENCIAS MEDICAS
.Quemoléstiaspredominãosobreos que se empregão nasfabricas de tabacoe charutos estabelecidas nacidade doRio deJaneiro?
Devem
-
se porventuraattribuir os resultados daobservação exclusivameníe ás emanações,por quepassãoduranteo seu fabrico ?
2.0
SCIENCIAS ACCESSORIAS
.Tratardo chumbo,seus oxydosesaes,c meio dereconheceressescorpos
. 3.0 SCIENCIAS CIR
ÚRGICAS
.De que dependeamortenas lesõestraumaticas?
Ograndeempenho daintclligcnciahumana
.
devesa-
loserou transformaprevenirou remover o mal-
loembem.
,neutrali-
(MAXIMASDOMARQUEZ DE MARICáPAO
.
60).
RIO DE JANEIRO
.TYPOGRAPHIADE NICOLÁO LOBOMANNA JUNIOR,
RUA D'AJUDAN
.
°57.
1852
.'
M Ü JiMlK M EUSIHOM
DO RIO DE JANEIRO .
I
DIRECTOR
OEXM
.
®SR.
CONSELHEIRO DR.
JOSE1MARTINSDA CRUZJOBIM.
LENTES PROPRIETáRIOS. Os SRS
.
DOUTORES.
1
.
®ANNO.
F
.
DEP.
CâNDIDOF
.
F.
ALLEMAô2
.
° ANNO.
. . .
Physica Medica.
BotanicaMedica, cprincí pios elementaresdr Zoologia
.
Cliimica Medica
,
cprincípioselemental®*»de Mineralogia.Anatomiagerale descriptiva
.
I
J
.
V.TORRES HOMEM J.
M.
NONES GARCIA3
.
"ANNO.
J
.
M.
N.
GARCIA,Examinador.
L
.
DEA.
P.
DACUNHAU.*ANNO
.
J
.
B.
DAROSA,Examinador. .
J.J.DASILVA
J
.
J.
DECARVALHO,Presidente.5
.
® ANNO.
Anatomiageralcdescriptiva
.
Physiologia
.
Pathologla geralcexterna
.
Palhologia geralcinterna.
Pharmacia,Matéria Medica,especialmentea Brasileira,TherapeuticaeArtede formular
. }
i Operações,
) relhos
.
í Partos,Moléstias demulherespejadasepari
-
S das,c de meninos recem
-
nascidos.
Anatomia topographlca cAppa
-
C
.
B.MONTEIRO.
L
.
DAC.FEIIO\G. ANNO
.
Hygienec Historia de Medicina
.
MedicinaLegal
.
T
.
G.
DOSSANTOS.
J
.
M.DAC.
JOBIM. . .
ClinicaexternacAnat.
Pathologica respcctiva.
. . .
Clinica internacAnat.
1’athologica respcctiva.
LENTES SUBSTITUTOS
.
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I
Secção Medica.
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^ I
SecSecçãçãooCirde Scicnciasúrgica.
Accessorias.
2
.
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°M.
F.
P.
DECARVALHO. . . .
5
.
“ao6.
°M.
DEV.
PIMENTELA
.
F.
MARTINSM.M
.
DEMORAESEVAI.LE,Examinador.
V
.
FERREIRADE ABREU. . . .
.. . . .
F
.
BONIFáCIO DEABREU,Examinador. .
A
.
M.DEMIRANDAECASTRO F.
G.
DAROCHAFREIRESECRETARIO PR
.
LUIZ CARLOSDAFONSECA.
iV
.
li.
AFaculdadenãoapprova,nemdesaprovaasopiniões emittidas nas'IVsesmirilu-
são apresentadas
.
’1AOS MANES
D E M E L
CARIMIOSO ME
Lina lagrima pungente de d ô r
esaudade , um adeos
lugubre entre
aexist
ência e
alembranç a .
A MINHAMUITO PREZADA MAE
AILLUSTRJSSIMASENHORA
D . JUSTA OCT
ÀVL 4 NN
ÀDO NASCIMENTO SILVA .
Estampando vossonome em minha these, oprimeiro frueto deminha fracaintelligencia,étudo que posso fazer em recompensadoquanto,fizes
-
tesá vossofilho,afimde chegar a posição, quehojeoccupa nasociedade. Dignae
-
vos,poisrecebel-
a como a mais cordial expressão demeu amor filial.A MINHA CARA IRMÃA
AILUSTRÍSSIMASENHORA «!
1). MARIA AUGUSTA DONASCIMENTOSILVA
.
Signalda mais pura amisadefraternal
.
AOMEU RESPEITÁVEL TIO EBOMAMIGO
OEXCELLENTÍSSIMOSENHOR
JOSINO
DONASCIMENTO SILVA .
Presidenteda Provínciade S.Paulo,OfficialMaior da Secretariada Justiça,
cx-Dcputado áAssembléaGeraleProvincial do Rio de Janeiro, BacharelFormado emDireitopela Academiade S.Paulo,
Socio Honorárioda AssociaçãoLitteraria Fluminense
.
Hoje, que hei tocadoamela daslides Académicas, hoje que vejorealisa
-
dasasminhasevossas esperanças,e completadaminhaaugusta missão, per
-
mitia,meusegundopae
,
que eu cumpra umdeverdegratidão,todaaespontaneidade domeucoração,eu vosdôuma mesquinha,massin
-
cerademonstraeção demeureconhecimento pelos inqualificáveisbenefícios que de vós heirecebido.
Maso que podereifazern’este momento,digno de vós?
. ..
Assim concedei-
mea honra de gravarvosso nome nha These, comoexpressão da maisdecididae firme amisade, eda mais eternagratidão.
e quecom
queseja
emmi
-
A*MINHA ESTIMADA TIA
AEXM
.
*SR.
*I).
MARÍAJESÜINADA ROCHAESILVA.
Respeito,amisade, econsideração.AOSMEUS AFFE1ÇOADOS PRIMOS.
Signaldesympathia.
A’1LLM\SR*
.
I).
EMERENCI ANA ANTONIACAMPISTA.
Tributode gratidãocamisade
.
*
A*MINHA MADRINHA
A ILLM
.
*SR.
*D.
JESU1NA EMILIA DA SILVA.
Signalde lembrança.
A’ ILLM
.
*SR*.
D.
ROSA MARIA DE JESUSMARQUES ESUA FAMÍLIA,E EM PARTICULAR
ASILLM**
.
SR”.
D.
ROSATHEODORA DOS SANTOS, ADELAIDE CAROLINA PINTO.
Expressãoderespeitosaccordial amisade.
AO ILLM0
.
SR.DR.
JOSE PEREIRA RECO.
Homenagem aotalento, tributo ao saber.AOILLM*SR
.
DR.
MAXIMIANNOMARQES DE CARVALHO.
Demonstraçãodereconhecimento
.
AO ILLM
- .
SR.
ANTONIOJOSÉ VICTORINO DEBARROS.
O olvidonao será a recompensadevassosobséquios
.
AOILLM
.
° SR.
JOSE DE CARVALHO E SILVA EA TODASUA FAMÍLIA.
Exígua,porém sinceracxpressíío de minha verdadeira amisade
.
AOSMEUS PARTICULARES AMIGOS
OSILLUSTRISSIMOSSEMIORES
Padre Mestre Joaquim Ferreira da Cruz Belmonte .
Joaquim Pinto Netto Machado .
Dr . José Maria de Andrade .
Dr . Manuel Francisco Povoa Ferreira .
Firmino
dosSantos Pacheco .
Jo
ãoBaptista Pereira . Jeronymo Baptista Pereira .
Domingos José de Campos Braga .
Pedro Leite de Souza Bastos .
José Joaquim Pereira d
’Azevcdo .
Eraco,mas verdadeirotestemunho deminha constanteamisade
.
AOSMEUSCOLLEGASE AMIGOS
OSSENHORESDOUTORES
Francisco José Vieira . Joaquim de Oliveira Garcia .
Manoel José de Oliveira .
Manoel Teixeira de Souza Leite . Pedro Antonio Vieira
daCosta .
Antonio Francisco Gomes .
Lembrançadotempoque junto passá mos
.
AOS II
.
LUSTRISSI\IOSSKNHORES.
I í orinenegildo Rodrigues de Alvarenga .
José Pereira Tinoco .
Manoel Hil
ário Pires Ferr
ão.
Kduardo Pimenta Bueno .
Pequenaprova de sympalliia e afleição.
Maxiinianno Augusto Pinto .
Gratidão
.
A ASSOCIAÇÃO LITTEIIAR IA FLUMINENSE
E KM PARTICULAR AOS ILI
.
USTRISS1 MOSSENIIORESAlbino Rodrigues de Alvarenga .
José Julio Dreys . Antonio José de Freitas .
Antonio Achilles
doMiranda Varej
ão.
Signaldereconhecimento,etributo de gratidão pela confiança quesempre em mim depositasteis
.
AOS MEUSDIGNOS LENTES DA FACULDADE DE MEDICINA
.
OS ILLUSTRISSIMOSSENHORESDOUTORES
Francisco Bonifacio de Abreu .
José Maurício Nunes Garcia . Francisco Ferreira
deAbreu .
Jos
éBento
daRosa .
Signal deacatamento,respeitoeveneração
.
AOILLUSTRISSIMO SENHORDOUTORJOÃOJOSÉDECARVALHO.
Agradecimentoeterno, não sópelabondadecom quevosdignasteisacodir á supplicu devosso discípulo,acceilandoa presidência desuathese, como lambem pelas maneiras polidas,delicadas, catleucionaescomquesempreo haveis tratado
.
saiiail ® mm ®
9
Que mol
éstias predomiii û o sobre os que sc empreg à o nas labricas de tabaco
,e charutos
,estabelecidas na cidade do llio de Janeiro ? Devem - se por ventura atlribuir os resultados da observa
ção exclusiva mente
ã emana
ções porque pass â o durante o seu fabrico ?
HWI WHS ,
9ÎOK
*
Ç arniolestias pr
édomin
ât)sobre os que
seemprtgâo nas Fabricas de tabaco
,e cbarulos
,estabelecidas na cidade do Rio de Janeiro?
Deveni - se por ventura altribuir os resultados da observa
ção exclusivamente à emana
ções porque pass â o durante o seu fabrico ?
»
Antes deentrarmos na apreciaçãodenossoponto, epara melhor sabermos que moléstiaspredominSo nosqueseemprcgSo nas differentes preparações dotoria,tabaco, julgamos
—
seus caracteresconveniente breves considerabotânicos,—
e analyse chimicaçõessobre. —
asua—
histo-
CAPITULO PRIMEIRO .
1)A HISTORIA
.
FoinoséculoXVI queodescobrimentodo tabacoleveorigem ;trèsparles domundo disputarão entre siemqual deseussoloshouveraelleprimeiro bro
-
tadoquerendocadaumaparasiagloria de haver elle nascido primeiro emseu seio;sóa Africanãofez reclamações
.
Alais tarde osgrandes escriptores,
tentarãoporlongosannos essaporfia,uns em favordaEuropa,outrosda Asia, outros da America;prevaleceuporéma opinião dosúltimos.
Mas aquestãonão selimitouaisto,
foi maislonge;jáse não queria saberdondeeraind ígena este importante vegetal,mais simquemfoi seu descobridor,c secomeçou aserco-
nhecido naEuropapela descoberta da America
.
QuandoColombo abordou á America,certospadres indianos,a quemosnaturaes davãoonomcdcPiaches, tinhão o costume de fumar as folhas deumcerto vegetal paraseparccercmins-
piradospelasortede excitação mentalemque ficavão
.
Homan Pane, eremita sus-
-
i-
Hespanhol,passa,naopinião dcalgunshistoriadores,por seroEuropèoque primeiro descobrioque estas folhas pertenciãoaotabaco
.
Todosos autores variãonaépoca em que esteimportanteacontecimentoteve lugar ; porém o quenãosoffreamenorduvida éque poucodepois de conhecerestaplanta que produzia estas folhas deque seserviãoosíndios,Fernando Cortez as envioua CarlosV.em1519.
Alguém porémainda opinaque,deve
-
seo seudescobrimentoao almirante inglezDrak, conquistador daVirgínea,e seuprimeiro introductor,noNorte daEuropa;após estes apresentão-
seainda Sir WalterRaleigh,emuitos ou-
tros ;de sortequetorna
-
seimpossível chegar-
sea um accordo a este res-
peito,podendo
-
scapenasdizerqueotabaco foi bemconhecido naEuropa no meiado doséculo XVI. Diz D.
Vllóa,que sendoo tabaco muitoantigfrnoOriente, antesquesetivessedescobertooNovo Mundo,era quasi impos
-
sível,queellenão setivesseespalhadonoOrientepara Europapelocommer
-
ciodo Mediterrâneo;commercio quefaziãoosVenezianos, antes queosPor
-
tugueses tivessemdobradoo CabodaBoa Esperançaem 1487
.
O queunica-
mentepodíamosasseveraréqueo usodotabacogeneralisou
-
semuitona EuropadepoisdadescobertadoNovoMundo,que tanto concorreu para os progressos da civilisação.
Estaplanta,naturaldaAsia eda America, recebeu cm cadaumadessas Nações nomesdifferentes, assimosMexicanos davão
-
lhe onome de Vett ou deQuauryett; osPeruvianos,de Sayoi,ouSayri; nas Floridasediversas outraspartes daAmerica,o seu nomeconhecidoeraPetumouPetun; no Brasil, diz o Sr.
Macgrave,queescreveu em1(550,eraella denominadaPe-
tima,suasfolhasPetimaoba, e oscachimbosem que fumavão osnaturaes, Petimbaoba; no idiomachinez, naslínguas Malaia, Arabica,Tartarae no Sanscrit, osseusnomeserãode Ven,Tambracu,Vouly,Tameck, eDumra
-
patra. Alguns naturalistas,querem queonomedc tabaco venha deuma das cidades mexicanas, chamada Tabasco: (O autor do
—
Essai politique de la Nouvelle Espagne—
observa que estapalavra pertencei» lingua doHaiti S.
Domingos);algunsBotânicos aindaqueremque o nomedetabaco,pelo qual é hoje conhecida esta planta, tire decannas ocas,chamadasporcertos ind ígenasda America tabacos, e das quaes elles se serviãopara a fumar;po-
rém aetymologia mais seguida,eameuvermaiscerta:é aquella dos natu
-
ralistas
.
NaEuroparecebeunomesdifferentes conforme osindiv íduosquea intro
-
duzião: na França, em15G5, foique se teveconhecimentodestaplanta, pelo filho deum notáriodeNimes, EmbaixadordeFranciscoII, rei deFrança, nacòrlcde Portugal,onde então reinava D.Sebastião;chamava
-
seelle João ou—
5—
Nicot, c aplanta dcnominou
-
se Nicotiana cm honra deseu introductory sendo por talnomeaindahoje conhecida nascicncia:(*)nessa mesma occa-
siãosendoapresentada á Catharina de Medieis,mãi doRei,cdepois aoGrão
-
Priorde Lorena;assim de Catharina de Medieis tomou
-
lheonomede herva•
laRainha,cdo Grão-
Prior deLorena,o appcllidodehervadoGrão-
Prior.
Na Italia recebeu o nome de herva de Sancta Croce e de Torna
-
bona,o primeiro de cardeal Sancta Croce, Nuncio apostolico emLisboa,e osegundo de Nicoláu Tornabona,legadonacortedeFranciscoII
.
OsItalia-
nos receberãoo tabacocommuitoreconhecimento,emil louvores tributarão aquemlhestinhafeito tãograndefavor
.
OsPortuguezes residentes no Bra-
silderão
-
lheainda onomede hervaSancta,pelaaltaidéa quefaziãodesuas maravilhosas propriedades: dessa origem lhes vierão iguahncnte ainda o nome de panacea antartica, meimendro doPerú, hervade todososmales,antídoto dadesgraça:era omaisquesepoderiadizerdeumaunica substan
-
cia !Cercadade tantoprestigio,depressa atrombetadafama se fez séarpor todaparte,sendo então muicubicada;porém logolheappareccrãotambém poderosos antagonistas, e, como Jiz o padre Labat, cilafoi entãocomoo pomode discórdia, que accendeu uma guerra vivaentre os sábios
.
Vários monarchesfizerão lavrar decretoseordenações em »niepunião compenas atrozescmesmo infamantes atodos osindivíduos quede talplantafazião Os Mahomctanosforão de todos osseusantagonistasosmais inexcora-
*
uso.
vois. AssimAmurat IV,Imperador dosTurcos, prohibio o seu uso coma pena de morte;omesmo fizerãoSha
-
Abas eSeac,filho deMirsa,ambossophis daPersia; peloquevirão
-
seosPersas deixarem assuascidades,ere-
fugiarem
-
senos montes para se entregarem a esteseugosto favorito.
No en-
tretanto nem todosos Musulmanos levarãoseu zelo tãolonge
,
pois alguns prohibiãoousodestaplanta,unicamentecoraaamputaçãodo nariz,porser aparte mais culpada, como-
aconteceu também noDucado de Moscovia.
Nestepaiz seredigio um codigo deleisem1634contra os apaixonados do tabaco
.
Os christãos, comquantonãosemostrassemtãorígoristascontraousodo tabaco,não lheforão por isso muito affeiçoados
.
Assim, naInglaterra, aRainha Elisabeth,pensandoqueseussúbditosseharbarisassem, entregan-
do
-
seaos mesmos gostos dos selvagens, proscreveu o usodo tabaco:da mesmamaneira,JacquesI.
Na Suissa tambémfoiseu usomaisoumenos(*) Outrosquerem queotabacosó fosse introduzido em Françanoanno de 1G‘2G,ealgum tempodepoisdo embarque deDyval de.\ ainbuc, paraconquista das antilhas
,
notempodo ministériodo cardeal Richelieu.
2
—
G—
stigmatizado,dizendo
-
se que o crime de fumar eravedado por Deos, como o rouboeoassassínio.
Na Americamesma,
onde ellatevenascimento,nem sempre foi livreplantar-
see usar-
sedo tabaco; assimnaTransylvania uma ordenança de1689ameaçou de perdade bensaquclles queplantassem, e multasde3 até 200 florins forãoimpostasaquclles quefizessemuso delia.
Não foisó a poder soberano que se apresentou a guerrear comvehe-
manciac calorousodo tabaco ;areligiãotambém oacompanhou;paraisso tinha ella bastanterobustez e prestigio, muita coragem eboa disposição
.
Assim umpontífice
,
UrbanoVII, ainda que virtuosoeinstru ído,tomoua pennadeproposito parafazerumaBuliaespecial,em 1024,prohibindo-
ode-
baixoda penadeexcommunhãona igrejadeS
.
PedroemRoma:oquecom justarazãodeulugar aapparcccr em Romaumpasquim concebido nestaspa-
lavras dePsalmos de David:
—
contra folium quod vento rapilur,ostendisffi-
potentiamtuam, etstipulamsiceam persequeris
—
,contra uma folha que o vento arrebata,ostentais o vosso poder e perseguis umafolhasecca.
Esta Bulladeexcommunhãofoi renovada pelosuccessor deUrbano,
por Innocen-
cio II,Bonifacio VIII, lnnoccncioX,Clemente XIcoutros
.
Emalgumasreligiões mais observantesoseuuso foi vedadonas igrejas, comprivaçãodevoz activa e passiva, isto é,sobpena de não poderem ser eleitos enem poderemescolher aoutros para superiores c para outrosoffi
-
cios da ordem
.
Na Hespanha,
França, Portugal, o púlpitotornou-
se umdos meiosde dirigir ao uso desta planta as mais acerbascensuras
.
Amedicina também não sedeixouficar por muito tempomuda e silen
-
ciosa;munindo
-
sedetodo o seuprestigiocinfluencia moral, ellaveiotam-
béma seu turnointervir na grande questãoquese agitavacontra ousodo tabaco
.
E quejuizmaiscompetente capropriadoqueella ?Suaarmamais poderosa, seuargumentode bronze,erão diversosfactosqueos medicosapre-
sentavãoc quenãodeixavãodeproduzir amais viva impressão,sobretudoem umséculotãodespidode luzesecivilisação como oXVI; esses factos,cuja maior parte erãopoucodignosdeser referidos,pela razãodeseremfabulosos capochryphos
.
Porém, apezardassatyras reaes c dasbarbaras proscripções dosMaho
-
metanos
,
elle pòdc resistir victoriosamente atodaessa immensacruzadaou liga dopodersoberano, da religião eda medicina;cnãofoiisso o mais:o tabaco invadio todoomundo, epor maneira tal, que,passadosnão muitos annos,um cantinhodaterranãohouve, pormais abjectoe ignotoquefosse emqueseushabitadoresnãooconhecessem eusassem,
não o estimassem, ainda de preferencia aos alimentos e aobjectesde pura necessidade.
CAPITULO SEGim
CARACTERES BOTÂ
NICOS .
Xocotianatabacum
,
dafamilia dasSolancus edas petandria monogynea deLinneo.
Raiz
—
ramosa,esbranquiçada e de um sabor acre.
Caule
—
rainoso, vertical, pubcscente,viscoso,
a velludndo,cylindricoc da altura de3a\pés,simples,
pouco ramificadonasuapartesuperior.
Folhas
—
alternas, muigrandes,simples,
rentes, ovaes,
agudas, planas,membranosas, seu apice um pouco agudo,e estreitando
- se
na base,
suasnemirasmui salientesnodorso, suacóréverde claro,cheiroviroso
.
Flores
—
d’umabellacôr derosa,cheiro viroso, saboracredispostascm pa-
nicula naextremidadedosramos, calicetubuloso,persistente;corollamo
-
nopetala, regular,infundibiliforme
,
ligeiramentepubcscente parafóra,
de-
vididoem seulimboemcincoponlasagudase curtas,seutuboé cylindrico: estâmesem numerode cinco, do comprimento do tubo,inseridosnomeio desuaaltura; filetes delgados: antheras ovoides, obtusas, bifidasinferior
-
mente, de duos logesoppostas,abrindo
-
sc porumafenda longitudinal:o pistilo secompõemde umovário ovoide,agudo, truncadoemsuabase, ap-
plicadosobreumdisco hipogynco,amarello
,
poucodistineto,
exceptopelasua cAr,da parteinferior doovário: ovário de duas logescontendo cadauma um numeroextraordinário depequenosovulos, cobrindo toda a superficie de dois tropliospermas muitosalientes, convexos,adhérentes aosepto pelo meio:o estylete époucomais oumenosdocomprimentodosestâmes,
liso, cylindrico,umpouco alargado emseuapice,que sustentaumstigma achata-
do,convexocligeiramente bilobado
.
t
CAPITULO TERCEIRO .
DA ANALYSE CHIMICA
.
O extracto das folhasfrescas da nicotiana tem sidomuitasvezesana
-
lysadas
. —
PosselteRcimann descobrirãoum principiochamadonicotiana, alcoidetransparente, incolorliquido de umcheiro simelhante aodotabaco; saboracre.
Rerseliusvioque uma só gotad’esta substanciaera suflicicnte para matar um cão.
Colhco d'cllaum oleo volatil analogoácamphora, que Hcrmbstacdchamou nicoliamna, extracto amargo,
gomma,
alguns—
8—
sacs, eresina verde
.
Vauquelin obteve um principio acre, volatil, solú-
vel noalcool enaagua, designado por muitos chimicoscomo nomede labaccina,e no qual querem queresida apropriedadeembriagantecvirosas do tabaco
. —
Otabaco preparadonasfabricas, e quetem sitio fermentado, varia muito nos seus princípios constitutivos, e desenvolve princípios novos.(Giacomini).
CAPITILO QUARTO
.OLE MOLÉSTIAS PREDOMINÀOSOBRE OS QUE SEEMPREGÂO NAS FABRICAS DE
CHARUTOS
E RAPÉDORIODE JANEIRO?O tabacoéusado de très formas:em pó, tomado pelonariz; fuma
ï
ocmascado
.
O tabacoem pó,oué simples,ou lhe misturãoalgunsingredientes,como amoníaco, etc
.
:ao primeiro tem sedado onomedeesturro.
aosegundoo de rapé.
Oesturro éusado desde o tempodeCatharina deMedecis;seus medicos o aconselhavão a seufilho CarlosIX,pelas continuas dores de cabe-
ça quesoffria
.
Otabacoassimtomado,
entre os indivíduosmalacostuma-
dos, produz espirrosmaisoumenos violentos,maisoumenosrepetidos, de
-
pendendo dográo de susceplibilidadedamembrana pituitária
.
O espirroas vezeséseguido deaugmentodesecreções d’esta membrana;os olhos tor-
não
-
selagrimejantes,etodooorganismosoflrcummovimento convulsivo, pela influenciaque elle exercesobreo systemanervoso, e segundo alguns pódemmesmo sobrevir hemorrhagias bastantes graves.
Oquesempre acon-
teceaos tomadoresdetabaco, é o embotamento do olfacto
,
a membrana pituitária perdesua excitabilidade,porquecobre-
sedeumacamadaimmun-
da eespessa
.
Inconvenientes mais perigosos, mas não tãofrequentes, se pódemdar maquellesqueabusão do tabaco, comopolypos c afTcoçfíesulce-
«
rosasdo nariz
.
Absorvidoelle pódeser levadoaocerebro,
(pietãoproximo está doorgão desuaimmcdialaacção eoceasionar ahi accidentes graves.
Umavezcontrahidoo habitodotabaco, édillicil desupportar asua falta, lorna
-
se uma necessidade tão urgente como o propriopão.
Paraprovar essa verdade, basta citarmoso factonarrado porMerat noGrande Diccio-
nariodeSciencias Medicas«Lembra
-
me que, havinteannos,dizelle,1820,herborizandona lloresladeFontainebleau
,
encontreium homem deitadono chãcom umao; pensavalastimosa-
o morto, quando approximandovoz,secutinhatabaco, lendo- -
melhe dito que nd-
clle, perguntouão,tornou a-
me, cahir immediatameute sem conhecimento.
Esteestado nãocessou senão—
9-
quandoeulhetrouxeummateiro quelhedoulogomuitas pitadas, eellenos contou então que se tinha posto a caminho pensando trazer a sua caixa de tabaco,oquepoucodepois vioserfalso ; que tinha andado quanto pôde, que,sentindo umanecessidadeimperiosa, lhe foiimpossívelirmaslon
-
ajuntouqueteriamorrido,seeu o nãosoccorrcsse
.
Comquantofosse tudo bem prova a necessidade extrema que elle masge,e
isto exagerado, com sentia. »
O Jornal dosConhecimentosuteis refere
-
nos também oladoseguinte, igualmente significativo: « Umdiscí pulointerno de primeira classe da Salpétrière, moço muito instru ído e que dava grandes esperanças, conhecendoquantos incommodos traz.
comsigo o habito do tabaco, tentou deixar-
se delle.
Nos primeiros dias sentio singularalegria , inspiraçõespoe-
ticas, oppostasao seuestadoordinário;depois experimentoumorosidade, taciturnidade, cóleramesmo,apezar de serelle dotadode uracaraclersua
-
ve,cheiodemansidão eter muito império sobre simesmo; duranteanoite teveumacspecie de delirio, ideasextravaganteseincohérentes,estado este quedurou muitos dias.»Cstesdousfactos, além de outros que poderíamos citar,claramentc deixãoveros consequências que comsigotrazohabitodo tabaco. Istodecertoéum dos grandes inconvenientesdo seuuso domestico, poisdestamaneira ohomemsujeitou
-
seamais umanecessidadeimperiosa.Quandosequizerdeixarsimelhante uso, necessárioé proceder
-
sea issocommuita prudência,esóleniaegradualmenteseconsegue umtal(im
.
O esturroque hoje époucousado, nãoé moisdo que o tabaco torrado edepois soccadoem um pilãodemadeiraoupedra,atéficar reduzidoapó, essepó é passadoempeneiras maisoumenosfinas,segundo ográ udesubii
-
lesa exigido.O rapéqueestá hojemaisem voga, é compostode muitos cor
-
pos excitantes,queseajunlãoparalhe dar maiorexlracção ;suapreparação é maiscomplicada evarianas differentes fabricas
.
Otabacofumadoéomaisgeralmenteusado. Paizesha,queoprazer da maioriadeseushabitantes,é passarquasi todo otempoem casas proprias unicamente parafumar,oquedão onomedeslaminets, comonota
-
senonortedatrança,llelgica ellollanda,e namaior parte da Allemanha
.
No Orienteofumarécommun)aos doussexos,oquetambém acontece emalgu-
maspartes da llcspanhaeemquasitodasasrepublicasamericanas deorigem hespanhola
.
No Brasiltambémquasicommumaosdous
Oseu uso nahuropa édoidoaos porluguezes que tinhão estado índiasOccidentacs
.
Na trança começou-
seafumar no reinaift) de Luiz Kill.
No Brasil é mui antigo ;porém nacôrte éonde o seuusoé mais algumasprovíncias,(comoS.
Paulo) o fumar é emsexos.
nas
3
—
l o-
gerai. Coin effeito,desde omais baixográo da escala socialao mais alto todos fumSo, e seHoracioaindavivesse,talvez nãoduvidasse dizer também do charuto: Equo pulsai pede pauperumque tabernas, reyuniqueturres ! Ospropriosvelhos,que,arreigados desdeasuamocidade aoviciodo,rapé, soffrera maisdepressaafome
,
doque afaltadclle,irestosúltimostempos tem desertadopara o charutoIE das crianças bem se pôde dizer, como Kotzebue failando d'aquellasdas ilhasSandwich, que aprendera a fu-
mar antesdesaber andar!
Os indivíduos não acostumadosaeste vicio, soffrera abundancia de salivação,fraqueza, vomitos evacuações alvinas, suores frios, íinalmente todos ossymptomasde umaembriaguez ; os dentes, ura dosmais beilos ornamentos dabocca,podem soffrer Jc talabuso;sua còr torna
-
se fer-
ruginosa, pela perdadoesmalte. Poderá
s
osfumadoresresponder-
mequ£aesseinconveniente o asseio e cuidado podemfacilmente remediar; mas para issoer3mister que estivessem sempre em lugar quepudessemfazel
-
o.
Para que essa camada oleo rezinosa fossedestruída, era precisoser logo tiradacomumaescova molhadaemagua; porém quaes as consequências? O calor demasiadoque produz a fumaçadocharuto, augmenta a tempe
-
ratura d'esses orgãos; oque deverá dar lugar, em virtude de uma das propriedades do calorico a uma dilatação maisou menos notável nas suas moléculas:entretanto,que aaguatem uma temperatura mui baixa rela
-
tivamente áquelia, em que seachaa bocca do indiv íduo que fuma; ora, ofrioobra,emsentidointeiramenteinversodo calor,e pois pelarapidaag
-
gregação das moléculasdos corpos nos cazosdedilatação, tão repentina e brusca poderá seressaacção do frio,que emresultadonão se possa terumaunião perfeita;d’abi resultaráconsequentementea fragilidade dos dentes. A experiencia nosmostra queas pessoas que uzãofumar eque abusão dosliquides frios, possuemos dentes quebrados;além deoutros prejuízos,ummáuhálito,edifliculdadeda mastigação.
Ocontactoda fumaça sobreos orgãossalivares,sobre tudo nos indiví
-
duosqueseachão aindapoucoacostumados afumar,dálugara que as se
-
creções do sueco salivarsejãoem grande quantidade; oquealémde outros inconvenientes,deveserprejudicialaotrabalhodigestivo quedepois se haja dcfazer;primeiramentepor que essagrandesecreçãodeverá produziruma faltaou diminuiçãomesseliquido reconhecidamente indispensável para guiarexercício defuneçãotão importante;depoisporqueorgãosaffeitosa umaexcitaçãotão poderosaeforte, deixãoordinariamentede sentir aacção doscorpos*maisfracoscomosãoosalimentos
.
Do uso que fazem do tabaco omais prejudicial ásaude,além deim
-
ore
-
—
11—
mundo cnojento, ésem duvida alguma omascar
.
Esseusodá logar,mais do queocharuto, á excitação das glandulassalivaes, e necessariamente á pouca digeslabilidade dos alimentos. Tem maiores incovcnientes sobre os dentes,porque aerosta queforma sobreestes, não selimita sómente á suaface posterior e ospontos de juncçãoentre si, massim envolve-
oscompletamente
.
Ainda bem que dos très modos de que nos servimos do tabaco, éesseomenosusadoentre nós.
Atéaqui temosfeito brevesconsiderações sobreasdifferentes manei
-
ras depreparar, e usar do tabaco, passemos agora adar conta do que sabemos, já por outros, já pornós, a respeito dasmoléstiasque predo
-
rainão sobre os que seempregão nas fabricasdetabaco
.
Rqmazzini,Fourcroy,CadetGassicourt,Tourtelle,Percyc
.
Mératapon-
taiao"Tima infinidade demoléstias, que,segundoelles, ceifâoesta classe
de trabalhadores; mais Parent
-
Duchatelet, considerando como apocry-
phes osefl’eitosattribuidos,poresses aulhores,aotabaco,colheuinforma
-
ções dos empregadosdasdiversasfabricas daFrança, eo que d'ellas pode concluirfoi, queosobreirosempregados nasfabricasnão contrahemdoen
-
ças particulares á sua profissão, e que o trabalho não lhes prejudica alongevidade
.
Muitosfactospodíamoscitar para provar esta asserção,mas julgamos sufficiente oter havido em uma fabrica deTolouse 3 homens, um de idade de73 annos, outro de75 eoutrode80 annos,
dos quaes o primeirooccupava-
senamanipulação dotabaco havia 40annos.Quanto ás investigações que com onosso acanhado talento pudemos fazer, nasfabricasde charutos e tabaco do Rio de Janeiro, ellasestão inteiramente de accordo com as de Parent
-
Duchatelet, notamos apenasque os trabalhadores d'essas fabricas soflrem a principio, antes quese habituem aesseofficio
.
Portanto, concluímosqueessa infinidadede ado-
çõesnarradas poresses authores , são gratuitas
.
Na verdade na época actual ninguémdirá que os trabalhadoresdasfabricasdecharutose rapé, são sujeitos ácancros,polypos, dcsynterias, c outras muitasdoenças se-
melhantes, como estabelecerãoos authores citados.E si alguma molés
-
tia pode proviraos que nellas se empregão, pensamos que nãopódeser ontra, senãomoléstias do apparelho respiratório,eporquealém damanei
-
raque elles trabalhão, fazendo rápidosesforçoscom os braços para en
-
rolarem o fumoe comprimindocom o ante
-
braço a caixa thoraxica, oppime lambem o pulmão, impedindod’estasorte alivrerespiração, uma outracausamaisfortesedá (principalmente nospretos;estestem em ge-
ralumacòrmacilenta, e soffrem ainiudoentre nós de bronchite, e algu
-
mas vezes dephthisica pulmonar ; isto seexplica perfeitamentepelains
-
-
12—
pirarãoconstante de part ículas espalhadas naathmosphcra dos lugareson
-
de trabalhão, as quaesentretendo poruma acção physico
-
chimica,umairritaçãobronchial constante, podem pelacontinuação deuma acção cons
-
tituir maistardeonúcleo deumaaffecçãotuberculosa.
Qualquer podeter a prova doque avançamos, entrando em uma ta
-
brica de charutos c rapé naforça do trabalho, c fallando ou tomando forte inspiração com a bocaaberta
.
A tosse, c um estado como desu-
focação serão os primeiros incommodos experimentados. Talvez depen
-
da isso de serem noRio deJaneiro asfabricas decharutos e rapé cm geral cm casas mui baixas,pouco espaçosas e mal arejadas ;porém o factoé verdadeiro,e tal qualoapresentamos.
CAIMTIILO 01
ÏMO
.DEVE
-
SE POR VENTURAATTRIBU1R OSRESULTADOSDASOBSERVAÇÕESEXCLUS1VAMENTE ÁS EMANAÇÕESDOFUMO NOS DIVERSOS ESTADOS
POR QUEPASSADURANTE SEU FABRICO?
Por muito tempo foi considerada a nicotiana como uma substancia narcotica
-
acre, até que o illustreGiacopiiui, erguendo daItaliaum bra-
do que tem achado echo em toda a parte onde ha intelligeneia e boa fé, nos viesse mostrarcom sua lógica robusta queessa substancia tem uma acção verdadeirameutehyposlhenica
.
Para bemconheceressa\erdadeé mistér quea acção da nacotiana seja estudada empessoa que não faça usod'clla, porque o habito dimi
-
nuo muitoe pode mesmo nullifícarcompleteraenteosseusefleitos
.
A ni-
cotiana,assim comoIoda a substancia,applicada sobre alibra vivaproduz logouma impressãoque dopendedassuasqualidades mecanicas, physicas ou chimicas;porém d’esde o momentoemque esta substancia entra milaçãoorganica,perdeessaspropriedades, e adquireuma nova, quese chamadynamica. A primeira acçãolimita
-
sea parte sobre queellaéaplicada ; a dynamicaexerce uma acção sobretoda a economia
.
Assim temos adistinguir primeiro oefleito primitivo deirritação local, determina asqualidades já anteriormente citadas, como prurido, espir-
ros,corrimento demuita mucozidade pelasnarinase de lagrimas abundantes
.
Acephalgia maisou menosintensa, atordoamentos,e uma sortede em
-
naassi
-
que
—
13—
briagucz,sãoos effeitosdiversos dos primeiros, dependendo da absorpção dealgumas parcellas danicotiana
.
Asdifferentes cspcciesde tabacooffc-
recem
de um d*cstes effeitos éemrazão inversa da outra
.
Estas differençasdependem principalmente do clima, edo terreno em que a planta vegeta, de maneira dea preparar, do estadomaisou menos avançadodescccura, Assimseopódotabaconãoé húmido,emembrana petuitaria não o póde absorver; entãonão há cITeitos dymnamicos, o pó obra necessariamente estimulando a mucosa;ocontrariosedá,sehc bem pulverisado,c um poucohúmido. Afermentaçãotambém pódeinfluirsobre acçãodo tabaco, desenvolvendoprincípios salinosnovosque irrilãoasna
-
rinas, c dãolugar a effeitosdymnamicos diversos
.
‘A* salivaçãoabundanteque experimentão os indivíduos que fumão
,
é dependenteda acção mecanica ouirritante do tabaco,porque essa acção nos fumadoresé mui fraca e quasi nulla, e dá-
sccm qualquer indivíduo que trasendona bocaum pedaço de palha, ouumcorpo solido ; devemos pois concluir que oaugmentedesecreção da saliva, quese observa nos fumadores,é devidoao contactodocorpoestranhocoma mucosado paladar. Naverdade nãose nota esse facto nos fumadores, quesómente tocando com os lábios no charuto, sem o introduzir na boca, tirão a fumaça. Nãose pódeattribuirá fumaçadotabacoumaacçãocompletamente irritante, porisso queindiv íduos ha que inspirão quotidianamente,sem comtudo soffrercin amenor tosse, nem mesmoirritaçãonagarganta; phenomenos opposlos,porém se nolãoquandose absorveo vapordotabaco.
Languidez geral,entorpecimento,epertubação nasideas, sãophenomenosque se re-
velão na aquellc que pela primeira vez inspira,ou seacha envolvidoem uma atmosphcra de vapor do tabaco.
Quandose tomao tabaco pela boca,os seus effeitos mccanico
-
chimieossão muitosensíveis,eosdymnamicos
,
nota-
se, em muito maior escala.
Dilatão-
se aspupillas, a vistaseobscurece, ha vertigens,nauseas, vomitos,dearrhea; o rosto torna
-
se lívido, as extremidades frias; nota-
se suores por todoocorpo, o pulsopequenoelento, fraqueza geral,delirio,syncope,asphixia, e por fim a morte
.
Todosestes effeitos, quo se manifeslão, tomando-
seo tabaco pela boca; apresentão
-
se com maior energiaseelleé applicado a pelle despida de epiderme, ou em uma ferida.Lstes phenomenos não são certamente o cffcilo de uma irritação, de phlogozepelo contrario nosmostrãocompleta pvposthenia.Os contrários a Giacomini objectão «dizendoqueaembriaguez,produzidapelo tabacoé simelhantea dos alcoolicos;masé facil aresposta.Presccndindode outros effeitosdynamicos mui variaveis,entretanto sempre a intensidade
uma
ï
—
H—
caracteresdequenosdiviamos servir para tornar salientes as differençasentre ooutraembriaguez, limitamos as seguintes que julgamossufficientes
.
lie factoimcontestavel que a embriaguez produzida pelos alcoolicosé promptamente destruídapelaacçSo danicotiaua
.
Haja vista,
queosmelhores bebedores,são osmaiores fumantes.
Üsefleilostherapeuticos do tabaco
,
nos confirmaoque dissemos pre-
cedentemente
.
Infcnidadcsde factos clinicos, que temreferencia aeste objecto,
mais nos confirma.
Ascuras de cephalgias, de hydropisias obtida por Fowler, Gcrnctt, c Margneu, e deretenção de ourina, pelo mesmo Fowler, eporSimmonis, Carle Bingham e Wcisthery, c muitas outras moléstias.
No Riode Janeiroapplicou-
seesta substancia nasvariolas confluentes,
facto este narrado peloSr.
Dr.
Maia naHcvista Medica Flu-
minense
.
Responderemos a segunda parte do nosso ponto com as sabias obser
-
vaçõesdoDr
.
Perent-
Duchatelet,
que fez comque desaparecesse o pre-
conceito que faziãoos authores, da nicotiana como uma substancia mui irritante,csupunhãoqueas emanações dasfabricas de tabacoerão nocivas ú saude
.
Merat partilha essaopinião,edizcm um art.
do Dice, deSei.
Medicas,
depois dcnotar aflVcções nascidasdas emanações do tabaco, aconselhacomo uma medidasolutara mudança dasfabricasparafóra das cidades ;conselhoeste já lembrado por Fourcroy,c Ramazzini.
Em nossasobservações,feitascomtodoo cuidado,nasfabricasdestacapi
-
tal, tivemos a fortuna de seguir aoillustre Dr
.
francezcmseus resultados.
Por quantovimos, quebem examinadasas enfermidadesde(piesequeixão alguns moradores visinhos destes estabelecimentos
,
todas cilassereduzem aiucommodosligeirosde irritação dosbronchcos queo habitomesmoacaba porfazer desapparecer:poisos mesmosqueixosos,aomesmo tempoquese dizião muito incommodados pelas visinhançasdasfabricas,não attribuião aellas a origem dc algumas enfermidades , que tinhão occorrido em suascasas.
De modoquepodemosconcluir, queasemanaçõesdofumonos diversos estados,porquepassaduranteoseufabrico,nãosão nocivasa saude de empregados
.
uma
seus
CONCLUSÕES
.
1
.
®Os indivíduosquese empregão nas fabricas de charuto e rapé nãotem moléstiaspropriasasuaprofissão, mas oabuso doempregodessa substancia pode darcausasamoléstias.
—
15—
2
.
°Todo ovicio deve ser considerado como prejudicial áeconomia.
3
.
*Queotabaco seja um hypostenisante cephalico,
cao mesmo tempo cardíaco-
vascular,
enão umasubstancia narcóticaacre,
èincontestável.
4
.
° Posto que, numerososfactosclínicosvenhão em abono dautilidadee vantagensdotabacocomomeiothcrapcutico,todaviaellenãopodepretender á infabilidade;é variavel,
efalta muitas\ezcsasuaacção,
comoade todas as outras substancias empregadas em medicina,inclusivemesmoosditoses-
pecíficos,comoomercúrio,o enxofre
,
aquina,
etc.
5
.
°Achando-
se nasfabricas,grandenumero de trabalhadores,
ordinaria-
mentereunidosem um pequeno espaço
,
o ar vicia-
see entãodá lugara al-
gumasmoléstias que podem ser prevenidas
,
trazendo sempre asala bem are^
a por meio de ventiladores.
#
MUI ®® MEW ©
Tratar do chumbo
,seus oxydos e sacs
,c meio de reconhecer esses corpos .
33l
>aif 2BD©
in in
t I
Tratar
duclmnibo,sous
oxydos osacs
,c
moio do rcconlieoorossos corpos .
— -
amuo PRIMEIRO .
*
CHUMBO,(DOLATIMPLUBUM
.
)O chumboc um dosmclaesconhecidodesde a maisremota antiguidade
.
Os alehimistas lhe derão onomemythologico dcSaturno, porque, segundo elles,estemetal devoravaosoutrosdurante a calcinação
.
Acha-
seen» 3estadosnanatureza:l.#noestado dc combinação com oxygeno eochloro; 2.®no estado de sulfureto;3
.
®noestado desacs, carbonatos,phosphates, arseniatos,c chromatos.
Reprcsenlavão-
n’opelo signal do planetaSaturno. Propriedades. —
( )chumboéum corposimples,metálico,deuincinzentoazulado,tornando
-
scembaciadoempresençado ar, porém muitobrilhantequando deproximo foi cortado.E’ muito molle, e pode serempregado facilmenteem laminas, um traçoprofundo mesmo podese fazer com a unha; passado sobre o papel deixa traçosde um cinzento metallico. A densidadedo chumbo é dc11,415; a dochumbodocommcrcio dc 11,302: a razãoé porque ahi elle nunca seacha noestado depureza
.
O pezo especifico d’esse metal, cmlugar deaugmentarparece diminuir pela acção do martello, o «pie não acontece comos outros.
Ochumbo entra em fuzãoa 33i grãos;auma temperaturamaiselevada elle volatiliza
-
sc, espargindo fumaçasmuito visí veis. Ochumbogozaa pro-
priedade de dissolver uma certa quantidade de seu oxydo, o que o faz tornar mais duro. Estasolubilidadedooxydo dc chumbonometal,explica de alguma maneira as alteraçõesque soffrcmas suaspropriedades phisicas, quandoemcontacto com oar setem conservado por muito tempo cm
—
20—
fuzSo. Misturando-sc um pouco de carvãocom ochumbo assim alterado, elleadquiredenovo todas as suaspropriedades. Ochumbo resfriando lenta- mente,cristaliza-se em pyramides dequatrolaces.
.1cçãodoar
. —
Kmcontacto comour, ochumbosetornalogo escuro,cobrindo
-
se de uma camada tenue de sub-
oxydo, que priva o restodo metal da oxydação ; noentanto oclmmho..exposto auma athiuosphera provida de acido carbonico, nenhuma alteraçãoexperimenta. O chumbo seoxydacm contacto comoarhúmido,ou com vaporesácidos. Osáci- dos mais fracos mesmodeterminão sua oxydição.Uma lamina de chumbo mergulhadan*agua dislillada cmcontactocomo ar,se oxyda rapidamente,dandonascimentoaocarbonatodechumbo branco ecrvstallisado;ocontrarioacontecese existemsaesdissohidosna«gua; aindamesmoa agua ordinário,quenãocontém senão pequenas quantidades desaes em dissolução, priva0chumbo deumacompletaalteração, oxy
-
'dando-oapenassupcrficialmcnte.
Ochumboéatacado pelo acido chloridricoconcentradoefervendo. O acidonitrico o ataca mesmoa frio. Oacidosulfuricodiluídoo atacacm temperaturaelevada.Sob ainfluenciadocalorochumbo se oxyda prompta
-
mente ,transformando
-
se emumpó cinzento ,chamado porBlciachccinza de chumbo.GAPITILO SEGIMH
).
COMBINAÇÃO DOCHUMBO COM OOXVGËNO.
Conhecc
-
schojetrèscombinaçõesdechumbocom ooxygcno,quesão :0protoxydo de chumbo PbO; deutoxydo Pb203;c0tritoxvdoPb O2.
PHOTOX Y DO I)ECIll.MHO.
Propriedades.
—
Eamarello,insí pido,anhidrico, insolúvelnaagua.Entra em infusãoumpoucoacimadovermelho escuro. Na temperaturaordinaria ooxygcnonão tem acçãosobreelle; porémumpoucomaisquentelorna-
se vermelhoe passa para0estado de deutoxydo. O mesmoaconteceCalcinando-se 0 chumbo ao comoar.
ar, formão-se pelliculascinzentas, que pela acçãoprolongada docalor se convertem cmum póamarello, a quese tem dado0nome demassicot
.
Quando0protoxydo dechumbotemsidofundido,ésusccptivcldecrystallisarcmescamas vermelhas,resfriando
-
se lentamente ao ar,eentãotemno comracrcio0nomedelelharyyrio.
—
21DEUTOXYDODECHUMBO
.
Propriedades
. —
Este corpo6 um composto deprotoxydoeperoxydo de chumbo.
Apresenta-
seempó,insípido, deuma bellacôr vermelha alaran-
jada
.
Éconhecido nocommercio pelo nomedeminium ou zarcão ,mine orange,oxyde rouge de plomb.
TUITOXYDO OUPER
-
OXYDO DE CIIU.
MBO.
Propriedades
. —
Pófino,decôr de pulga , esemsabor.
Em temperatura elevada abandonao oxygeno quecontinha,
e passa aoestado dedcutoxydo (minium).
Naotemacçíiosobreo oxygeno, nemsobre o ar;éinsolúvel nosácidosoxygcnados
.
O acido chlorydrico o decompileetransformaemproto-
chlSlureto de chumbo
.
Foidescobertopor Scheele,e examinadoporM
.
Berselius. CAPITLLO TERCEIRO .
COMPOSTOS DE CHUMBO
.
IODU11ETO DECHUMBO
.
Propriedades
. —
Temumabella côr amarella,inalterável ao ar,
solúvelna aguaquente,ondeseprecipita peloresfriamento empalhetasbrilhantesdeumamarello dourado
.
SULFUBETODE ClIUMIiO
.
Propriedades
. —
Conhecido vulgarmente debaixodonomedogaleno,
oqual se encontrananatureza.
Ênegro,brilhante,queremmassa,
querem pó, nlosendo muitofino, insipido,menosfuzivel doqueochumbo.
Oferroo decompõeestando quente.SEI
.
ENUBETO DE CHUMBO.
Propriedades.
—
Ochumboune-
seaoseleneo porumbrandocalor,fornece umamassacinzenta,porosa;inlusivelemumbrandocalor.
PHOSP1IOKETO DE CHUMBO
.
Propriedades
. —
Edeum brancoargentino;achata-
se debaixodomartelloese separaem laminas; sua fusibilidade é menordo que a do chumbo
.
Exposto ao ar torna
-
se embaciado, mesmo na temperatura ordinaria; quente,transforma-
seemacido phosphorieo eem phosphalode chumbo.
(3