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(1)

<

A488m a.2

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

Departamento de. Engenharia de Produçâo--

~ACROECONOMIA - uma introdução

(NoçÕes bãs i• as sobre as questoes (macro) econom1cas

da atualidade)

COMPILAÇÃO: João Amato Neto

SÃO CARLOS 1985 Publicação 044/85

(2)

et ....

~~ÚJ

Cutt. A Sd.4 (

Q.,

&

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - Nos termos da Lei que resguarda os Direitos Autorais, é proibida a reprodução total ou parcial deste trabalho, de qualquer forma ou por qualquer meio -eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, de fotocó- pia e de gravação - sem pennissão, por escrito, do(s) autor(es).

(3)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENBARIA DE SÃO CARLOS Departamento de Engenharia de Pro9ução

SEM-107 - ECONOMIA

APRESENTAÇÃO

Tendo como objetivo maior oferecer aos alunos das v a

-

rias modalidades da Engenharia algumas noç~es b~sicas sobre as

quest~es (macro) econ~micas da atualidade, e que se reelaborou este material, tendo como ponto de parti~a uma an~lise critica feita pelo Prof. Luiz Carlos Bresser Pereira em relação aos ms:

delos rigidos e est~ticos da microeconomia neoclissica conven- cional.

Em seguida sao apresentados, de uma forma ~ bastante elementar e resumida, alguns textos de dois ~conomi~tas dos mais reconhecidos dentro do pensamento econômi~o dest~ seculot John Maynard Keynes e Michal Kalecki.

S~o apresentados, tamb~m, outros textos que procuram discutir algumas das questoes conjunturais mais candentes dR P

conomia brasileira dos dias atuais - a recessao e a inflação (vide a este propÓsito o artigo de Yoshiaki Nakano).

Assim

ê

que, longe de se pretender esgotar o as s un- to, buscou-se apenas fornecer aos leitores deste mat;erial al- guns elementos que pudessem contribuir para o esclarecimento de alguns dos problemas mais importantes da ecpnom~a e da so- ciedade como um todo, questoes esta que, via-d~-regra,

contram alguma explicaç~o ao nÍvel macro.

Gostaria de agradecer a colaboração do colega

so en-

-

Pro f.

Felipe Luiz Gomes e Silva na escolha e seleção de alguns arti- gos e ao Sr. Antonio Gallo, pela sua dedicação esmero nos trabalhos de datilografia e organizaç~o final deste material.

São Carlo~~ outubro/1985 João Amato Neto

(4)

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLQS Departamento de Engenharia de Produção

MACROECONOMIA uma introdução

Í N D I C E

_ _ _ _ _ "!""" _ _ _ _ .,..

Página

I - ABSTRAÇÃO E ALIENAÇÃO DA MICROECONOMIA •..•..•. ·~· 1

l i - MACROECONUMlA - Introdução

...

'

...

,

...

,.

.

I I I - A "TEORIA GERAL" DE KEYNES . . . 1 , . . • • • • 10

IV- O MECANISMO DO AUGE ECONÔMICO . . . • 1 • • 16

V - RECESSÃO E INFLAÇÃO

...

'

... . 22

VI - ASPECTOS POLÍTICOS DO PLENO EMPREGO . . . • . . . 26

VII- BIBLIOGRAFIA CONSULTADA . . . , .. ,. ••••• 31

(5)

I - ABSTRAÇÃO E ALIENAÇÃO DA MICROECONOMIA

LUIZ CARLOS B. PEREIRA.

A análise microeconomica neo-clássica, que se coloca no centro do pensamento dos economistas durante cerca de sessenta a- nos, e que até hoje é ensinada e discutida, veio representar um gEande avanço e ao mesmo tempo um grande retrocesso da ciência eco nom1ca. Do ponto de vista positivo, a teoria da utilidade marginal

torna mais fácil a unificação da teoria da distribuição e da produ çao. O conceito de marginalidade, que da utilidade marginal é logo estendido para os conceitos mais práticos e objetivos de receita marginal e produtividade marginal, permite um grande desenvolvimen to da análise econ~mica. E esta análise, em grande parte ainda gr~

ças

ã

idéia de marginalidade, sofre um grande impulso através d~

1 ntrodução de métodos de análise matemática.

Em contrapartida, a microeconomia neo-clâssica, examina- da sob outros pontos de vista, irá significar um retrocesso.Em pri meiro lugar, a análise econ~mica chega a um tal ponto de abstração e sofisticação matemática, que perde contato com a realidade e dei xa de efetivamente descrevê-la. Ao invés de analisar e explicar o funcionamento dos sistemas economicoos realmente existentes, a teo ria econ~mica transformou-se em algo semelhante a um método ou um~

construção lÓgica. Não importa verificar se a concorrência perfei- ta existe, não vale a pena discutir se empresa, trabalhadores e consumidores efetivamente se comportam desta ou daquela maneira. O importante é construir um esquema conceitual lógico, que escapa ao campo das ciências substantivas, da análise do que é, para entrar no campo de um deve ser racionalmente. Schumpeter, que foi um eco- nomista altamente comprometido com a escola neo-clássica, reconhe-

ce e defende esta posição ao declarar:

"Há, todavia, também um outro caminho para interpretar o nosso conhecimento conceitual, que é mais semelhante

ã

LÓgica. Se es tabeleço, por exemplo, que - sob determinadas condiçÕes - o lu cro imediato de uma empresa será maximizado quando para um de~

terminado produto o custo marginal se iguala

ã

receita margi- nal (esta Última igualando-se ao preço, no caso de concorrên-- cia pura) é-me lÍcito dizer que estou formulando a lÓgica da situação de um resultado que é verdadeiro, se for uma regra de lÓgica geral, independentemente de alguém agir, ou não, sempre em conformidade com ela. Tal fato significa que há uma classe de teoremas econ~micos que são normas ou ideais lógicos (não, porém, éticos ou polÍticos). E que, evidentemente, diferem de outra classe de teoremas econ~micos que se baseiam diretamente na observação, como, por exemplo, o que afirma que a expectati va a respeito de aumento das oportunidades de emprego afeta os

gastos dos operários com bens de consumo".

Ora, toda ênfase da análise microecon~mica foi dada âque le primeiro tipo de teoremas econômicos. A teoria econ~mica trans~

formou-se assim em um complexo e sofisticado modelo, frequentemen- te exposto em termos matemáticos, que só podia ser compreendido por economistas capazes e treinados. Perdeu, todavia, interesse pa ra os homens práticos, para os polÍticos, para os responsáveis pe~

la polÍtica econ~mica dos paÍses. Estes, especialmente,viam-se fre quentemente com seus problemas multiplicados, porque a análise eco nÔm1ca não so nao os ajudava na formulação de sua política econômi ca, já que em Última análise reduzias suas recomendaçÕes ao "lais~

sez faire", mas, só lhes criava problemas. Isto porque, quando sua intuição ou sua experiência ditavam que era necessária esta ou a- quela política econ~mica, logo surgiam as críticas, baseadas na a- nálise microecon~mica.

(6)

2

Dentro dessa linha, a ciência economica muda inclusive de nome. Seu nome, desde o Século XVII, era Economia Política.Todos os clássicos o usaram. Embora pudesse merecer críticas, este nome mar- cava bem a preocupação da economia com o geral, com o sistema econo mico como um todo, e ainda salientava o total compromisso desta cien c i a c o m o m u n do r e a 1 e c o m as f o r mas de i n te r v i r "p o 1 i t i c a me n te " no mesmo. A economia era política porque estava indissoluvelmente asso ciada ao comportamento dos governos e dos indivíduos no sentido de alcançar os objetivos economicos dos seus respectivo~ países. As no vas tendências, abstratas e alienadas da teoria economica, nao se adaptavam mais ao título Economia PolÍtica. Marshall, nao obstante tivesse uma visão social e polÍtica superior

à

dos economistas de seu tempo, foi o pr~me~ro a sugerir a mudança para um nome mais am- plo e mais neutro: Economia (Economics, em inglês, distinguindo-se de economy, que significa o sistema econômico real; em português não foi possível essa distinção). A antiga Economia Política, agora com seu nome mudado, podia pretender foros de ciência pura. Não era mais necessário confundir a ciência e a arte econômica. A Economia era u ma ciência pura, podendo, sem d~vida, ~ua análise ser ~til para a Política Econômica. Esta seria dominada por juízos de valor, por ob jetivos a serem atingidos, enquanto que a econom~a permaneceria no Olimpo da ciência pura.

O CARÁTER IDEOL6GICO DA MICROECONOMIA

O curioso, porém, é que talvez a Economia ou Economia Po- lÍtica nunca fora mais condicionada por juízos de valor como então.

Cobria-se, sem d~vida, de uma carapaça científica respeitável, mas citarmos dois fatos para demonstrar o profundo sentido ideolÓgico da economia neo-clâssica. Em primeiro lugar, sabemos que a base da revolução marginalista ou neo-clâssica foi a teoria do valor subje- tivo, baseado na utilidade marg{nal. Ora, esta teoria possui, sem dÚvida, méritos. Não vamos agora discuti-los. É inegável, porém,que seu surgimento está intimamente ligado

à

situação incÔmoda, do pon- to de vista ideolÓgico, em que Marx havia colocado o capitalismo, a poiando-se na teoria clássica do valor trabalho.

Outro exemplo do caráter ideolÓgico da microeconomia nos e dado pela ênfase que é concedida

à

concorrência perfeita. Na ver- dade, toda a análise é nela baseada, tendo como coroamento a teoria

(talvez fosse mais adequado dizer visão) do equilÍbrio geral. Não importa que a concorrência perfeita seja uma pura abstração,que nao tenha nenhuma relação com a realidade. Isto sequer é discutido. Afi nal ninguém estã afirmando que a concorrência perfeita existe ou não. O que se está fazendo é uma simples hipótese: se prevalecerem as condiçÕes da concorrência perfeita, as consequências serão estas e mais aquelas. Mas, perguntaríamos, por que construir toda uma com plexa teoria sobre hipóteses que sabemos não serem verdadeiras? A concorrência perfeita pode existir eventual e transitoriamente em um ou outro setor da economia, mas, na maioria absoluta dos casos,o oligopÓlio ou a concorrência monopolÍstica são a forma dominante de mercado. Tratar-se-á, por acaso, de um simples exercício intelec-

tual? Não, trata-se, antes de mais nada, de uma genial justifica~ão do Capitalismo e das economias de mercado. A hipótese da concorren- cia perfeita é tantas vezes repetida, que passa para a categoria das idéias implÍcitas. E desta categoria para transformar-ie em algo real e característico das economias capitalistas~ é um p!:sso. Para isto, nao é preciso afirmar explicitamente que a concorrencia per- feita

é

a forma de mercado dominante, muito menos ~nica .. Basta, si~

plesmente, concluir ou pelo menos sugerir que as economias capita-- listas possuem as qualidades de eficiência e correta distribuição de renda, que a concorrência perfeita assegura. Nos termos de Gunnar Myrdall 1

(7)

''a 'livre concorrência', em bases lÕgicas e reais, torna-se mais do que uma série de suposiçÕes abstratas, usadas como instrumen to na anilise ·das relaçÕes causais de fatos. Converte-se em um desideratum polÍtico".

Em outras palavras, um modelo abstrato, como é a concorrencia perfei ta, criado por motivos evidentemente ideolÓgicos, sofreu, imediata-~

mente, um processo de retificação, foi transformado em realidade.

Poderíamos citar outros exemplos do sentido ideolÓgico da Microeconomia neo-clássica. Os dois acima enumerados, porém, parecem -nos suficientemente expressivos. A Economia PolÍtica, embora perde~

do esse nome, continuava essencialmente polÍtica em seus fundamento~

A economia clássica de Smith e de Ricardo também fora pro- fundamente condicionada por fatores de ordem ideolÓgica. Havia, po- rém, uma grande diferença. O caráter ideolÓgico da Economia Política c 1 ás s ~c a ~i nJ~~ --':~ c:_~_E_~!=~r-.t!-~ se n_c:~a 1 me ~~-=-~~_Luci o~ á r~ o . E r a. a ex- pressao v~va e paTp~tante déC.emergenc~a da burgues~a ~ndustr~al. As- sestava suas armas contra instituiçÕes obsoletas, como a política in tervencionista e monopolista do mercantilismo, ou cont~a classes so~

ciais que estavam emperrando o desenvolvimento industrial, como a dos senhores de terras. Enquanto isto, a Microeconomia neo-clássica, era o fruto de uma ideologia essencialmente conservadora e imobilis- ta. O capitalismo já se havia consolidado economicamente; a burgue- sia assumira o poder político; agora se viam ambos sob o ataque das novas correntes socialistas. A teoria econÔmica neo-clássica surge

ass~m como um excelente instrumento de defesa da ordem estabelecida.

Não e, portanto, de espantar que a análise microeconÔmica fosse essencialmente estática e que a preocupação com o desenvolvi-- mento economico e o crescimento da riqueza das naçÕes, que fora cen- tral para os clássicos, fosse quase completamente esquecido pelos neo-clássicos. Da mesma forma, ·o caráter abstrato, alienado e não-o- peracional da Microeconomia torna-se perfeitamente compreensível. To das essas características da teoria econÔmica neo-clâssica eram o fruto de uma sociedade que, depois de passar por uma extraordinária revolução econÔmica, social e polÍtica a partir da segunda metade do século anterior, chegara, no Último quartel do Século XIX a uma s~­

tuação de estabilidade, com o crescimento da população, inclusive,co meçando a reduzir-se, e agora necessitava de uma teoria econômica conservadora.

(8)

II - MACROECONOMIA Introdução

Nos sistemas econÔmicos característicos das modernas soc~e dades industriais, principalmente nas sociedades capitalistas, as or ganizaçÕes produtivas, ou sejam as firmas, não apresentam limite pa~

ra o seu crescimento. Este processo de crescimento consiste no prÓ- prio crescimento do mercado, ou seja, o crescimento da firma estã in

timamente relacionado com o processo de acumulação de capital como um todo. Assim sendo, as pequenas firmas, que se constituíam na for-

~~· exemplar de organização produtiva na microeconomia (teoria da fiE ma), deixam de ser representativas nos atuais modelos interpretati- vos da realidade econÔmica, onde predominam as empresas e mais signi ficativamente as grandes empresas de capital aberto, sejam transna~

cionais (ETN's), nacionais de capital privado, ou estatais.

Nesta nova realidade (macroeconô~ica) as empresas procuram fora de s~ as razoes de sua existência, voltando-se para a economia na sua totalidade; a empresa é uma realidade em constante crescimen- to, procurando crescer tanto ou mais que o mercado ou mais que as ou tras firmas, caracterizando-se assim uma nova configuração da compe~

tição capitalista. Agora assiste-se o inverso do que se propunha na microeconomia, isto

é,

a oferta se antecipa

ã

demanda, e

é

por este motivo dentre outros que a empresa precisa sempre estar criando capa cidade adicional, geralmente ociosa, crescendo

ã

frente do seu prÓ~

pr~o mercado.

O u t r a c a r a c te r Í s ti c a i mp o r t a n te de s t as no v as " f i r mas " de hoje

é

que estas não são mais definidas tanto pelos tipos de produ-

tos que ela produz e vende, mas sim pela sua relação no sistema eco- nÔm~co como unidades de capital. Suas decisÕes a respeito do quê, co mo e a que quantidade produzir são agora. baseadas mais nas avalia:.:- çoes a respeito do futuro da eeonomia (expectativas).

Surge então um novo conceito como sendo determinante no pr~

cesso decisório da empresa, no que tange às suas expectativas de cres cimento: a demanda agregada de toda a economia, conceito este que e~

volve um outro elemento importante que

é

o grau de incerteza ou ris-

co

do empreendimento (Keynes).

Ponto de vista microeconÔmico Macroeconomia keynesiana

I

I

o

I I

OBS.

D.A.

o

DE D.A

d o

d

q

do ponto de vista macroeconomico nao existe indepe~dência en- tre a oferta e a procura. Estas, ao contrário, estao intimamen te relacionadas.

(9)

5 Um outro aspecto marcante nos dias atuais é que praticame~

te nenhuma empresa moderna produz através de seus próprios recursos, mas sim recorrendo ao sistema financeiro (creditício), o que aponta para

o

novo caráter do sistema capitalista, ou seja, o capitalismo financeiro como o denominam alguns autores ou capitalismo monopolis- ta, como querem outros.

Dentro deste novo cenário evidencia-se logo de início uma primeira contradição no que se refere ao perfeito funcionamento dos sistemas economicos. Esta contradição se revela no fato de que, ape- sar das decisÕes empresariais estarem constantemente influenciadas por variáveis macroeconômicas (nível geral de investimento, consumo, renda etc.), as açÕes dos capitalistas não são tomadas em conjunto, como decisÕes de uma classe social de interesses comuns, pois nao e- xiste um p~_e_j_aJn~n_t_o glCJ_~-~1 que norteie todas aqueLas açÕes, visto que é a concorrência

-Tnte

rcapr-t:::~aiis ta na busca de 1 ucros extras e sempre crescentes (através do domínio do progresso técnico e da aber tura de novos mercados) que gera expectativas e se constituem no mo~

tor de funcionamento destas economias. Um dos sintomas do não funcio n a me n t o a c o n te n t o de s te s i s tem a r e f 1 e te - s e n as c h a ni a das 11 c r i s e s de

liguidez", que marcou o início dos anos 30 (quebra da Bolsa de Nova York) e que volta no início desta década (1980).

1 - Determinação da Renda: Q papel do investimento e do consumo dos capitalistas

Um dos ma1ores economistas deste século, Michal Kalecki, procurou

decisÕes

analisar em vários textos de sua imensa obra os efeitos das capitalistas na formação e na distribuição da renda.

Na sua análise do papel do investimento (I) e do consumo dos capitalistas (Cc) na determinação da renda, Kalecki parte de um esquema teórico relativo a um,a economiá simplificada, utilizando-se das seguintes suposiçÕes:

a) Economia fechada e sem setor governo;

b) Sistema econômico composto por 3 (três) departamentos:

Depto. I - produtor de bens de capital (de investimento) matérias-primas essenciais (insumos básicos)

grados verticalmente.

e de in te- Depto. II - produtor de bens de consumo dos capitalistas e maté-

ria-prima necessária (integração vertical).

Depto. III - produtor de bens de consumo dos assalariados.

c) Os trabalhadores não poupam (salário = consumo dos trabalhadores), ou seJa, eles gastam em bens de consumo tudo aquilo que ganham.

d) Não há, neste tipo de economia, problemas de acumulação de ques. Tudo que é produzido é vendido.

-

e) Os preços são constantes, isto quer dizer que os valores pressos em termos reais e não nominais.

s ao esto-

ex- Todas estas hipóteses podem ser sistematizadas em uma ma- triz ( "t ab 1 e a u") :

I II

wl w2

pl

Pz

I C c

onde~

III TOTAL

w3

w

p3 p

Cw y

, /

s

ç;)' {' í:

)

(10)

6

deptos.

Logo:

wl' w2. w3

..

salários pagos aos I, II, III, respectivamente.

w = wl + w2 + w3

pl' P2, p3 = lucros obtidos nos p = lucro to tal do sistema = pl +

I renda do depto. I

Cc= w2 + P2 renda do depto. II Cw= w

3 + P

3

=

renda do depto. ILI

trabalhadores dos

3 deptos.

p2 + p3

Y = renda total do sistema = W + P

=

I + Cc + Cw.

Partindo-se da hip~tese de que os trabalhadores nio pou- pam, todo o l~c~o (P

3) gerado no departamento III será "distribuÍ-- do " p e 1 os s a 1 a rJ_ os dos outros do i s de p a r ta me n tos , i s to

é :

P3 wl + w2j (1)

Somando-se, algebricamente, (P1 + P2) aos dois membros da e q u a ç a o ( 1) , te r e mos :

ou seja:

P I t Cc

\ ----c

A) :;;r

~(B)/

o lucro do sistema (P) é determinado pelo gasto dos capit~

listas em investimentos

(I)

e no seu pr~prio consumo (Cc).

Note-se que a relaçio de causalidade

é

a (B), ou seja.

I + Cc -+ P

visto que os capitalistas sao os un~cos que têm acesso ao sistema creditício (financeiro), havendo portanto uma real autonomia nos gas tos dos capitalistas em relaçio aos gastos dos assalariados. Este

to ficou bem sintetizado em uma célebre frase de Kalecki: "Os capita listas ganham o que gastam. ao passo que os assalariados gastam o que ganham".

Das colocaçÕes feitas acima, decorre uma outra conclusio muito importante para a análise econômica que diz respeito ao fato das decisÕes de investimento, que se constituem no motor do cresci-- mento econômico (geraçio de lucro e de renda), serem tomadas nos pe- rÍodos anteriores

à

pr~pria geraçio dos lucros.

Outra séria advertência de Kalecki aparece na sua afirma- çao de que toda análise macroeconômica nio pode estar desvinculada de uma análise institucional do sistema.

Eliminando-se a suposiçio de uma economia fechada. e passan do para uma situaçio mais pr~xima da realidade, onde aparecem os se=

tores externo (comércio exterior) e o setor governo, temos a seguin- te configuraçio na determinaçio da renda nacional bruta; a preço de mercado (YNB )

pm

(11)

X Ib C c

Cw

G

-

Ib G X M

(1)

M

( 2) ( 3 ).

w

Ib

w_::::.-~

Ib

p C c

-

p

-

TD C c

TIND eM~ TIND

-

TD

'---..---"

G - T

ti'

I I

'-~

G X - M

X

-

M

Investimento bruto

Compras e gastos do governo

ExportaçÕes ImportaçÕes

Tributação indireta (ICM, IPI, ISS) Tribut ação direta (I.R~ ).

p - T

d

7

Temos anteriormente ,

as s ~ m, uma nova

de uma maneira mais geral que. a fÓrmula na determinação do lucro

apresentada do sistema:

OBS.

P - T = Ib + Cc +

D (G T) +

'----v----"' déficit orça

mentário -

(X M)

~

saldo na balança come rei al

uma séria advertência de Kalecki aparece na sua afirmação de que toda a análise macroecon~mica não pode estar desvinculada de uma análise institucional mais ampla, se se deseja entende r melhor o funcionamento real de todo o sistema capitalista.

2 - O sistema bancário - A moeda - Criação de depósitos

Como todos sabemos, as economias modernas passaram a depen der cada vez mais do funcionamento do sistema financeiro,composto p;

los bancos comerciais , Banco Central e out~os agentes financeiros~

que desempenham a função de oferecer crédito ou dinheiro (seja em moeda corrente ou moeda escriturai) ao sistema produtivo industrial, agrfcola e comercial. Neste sentido, cabe aqui algumas consideraçÕei sobre o sistema bancário e sobre a moeda. ·

O Sistema Bancário: a função econ~mica primordial dos ban- cos comerciais é a de manter depósitos em conta corrente e aceitar saques sobre eles. Em suma, os bancos servem para proporcionar i ec~

nomia o maior componente possfvel do meio circulante. O sistema ban- eário como um todo pode fazer aquilo que um banco isolado não pode, ou seja, expandir seus empréstimos e investimentos muitas vezes, a partir das novas reservas de dinheiro criadas para ele pela Receita Federal (ou Banco Central).

~ A Moeda: moderno meio de troca e a unidade padrão sao expressos os preços e as dfvidas ..

na qual

«i'< Meio-Circulante {M):

lação fora dos bancos, mais os

soma de moedas e papel-moeda em c~rcu

depósitos em conta corrente.

(12)

o

FunçÕes Clássicas da Moeda

19) meio de troca permite-nos transacionar a nossa renda nacional e o nosso produto total.

29) Unidade de conta - atraves da moeda exprimir os preços para transaçoes correntes e futuras.

39) Meio de entezouramento - usamos a moeda para manter p~

lo menos uma parte de nossa riqueza.

49) Reserva de valor: esta função da moeda refere-se

à

gua.E_

da de dinheiro como uma precaução contra uma despesa súbita inesperada.

Para que o sistema econÔmico possa estar continuamente em funcionamento há a necessidade de que haja disponível dinheiro em quantidade suficiente, circulando no interior de toda a economia, pa ra auxiliar na realização de todas as transaçÕes de mercadorias. As~

sim sendo, define-se um conceito bastante relevante na teoria monetá ria que é o de "velocidade de circulação d·a moeda" (V); este define o ritmo segundo o qual o estoque de dinheiro está girando anualmente para liquidar transaçÕes de renda; seu cálculo e mostrado a seguir:

onde:

OBS.

I v

p M Q

I

~

nÍvel médio dos preços produto real da economia

me~ o circulante.

na realidade o num erador_P ___ Q.._ e calculado através de uma soma t6ria que va~ redundas n~

[ PNB = n L:

i =1

P. ~

referente a todos os bens e serviços produzidos na economia du rante um ano.

3 - A reserva federal e a polÍtica monetária do Banco Central

Todas as economias mistas do mundo capitalista moderno ~e apo~am em um Banco Central (Reserva Federal) que realizam, em Última anã!ise, a função de expandir ou contrair a moeda e o crédito, em re laçao com as condiçÕes conjunturais de crescimento ou de recessão ao sistema produtivo como um todo (indÚstria, comércio, agricultura etc.).

~ O Banco Central: é um banco "especial" que o governo dos vários países organizam (instituem) com a finalidade de ajudar os g~

vernos em suas transaçÕes, coordenar e controlar os meios de pagame~

to (M) do país e suas condiçÕes de crédito.

E,

ainda, ele o respons~

vel pela determinação do nível de "encaixe" (reserva) que os bancos comerciais devem manter para evitar as crises de liquidez destes, quando de uma inesperada situação de altas retiradas (saques) e de baixa nos depÕsitos.

Para melhor entendimento de como a polÍtica monetária do Banco Central (B. C.) afeta a determinação da renda, verifiquemos a ~ lustração a seguir:

(13)

Reservas B. C. A

BANCOS COMER- CIAIS

B M

(meio ci culante

PolÍtica Fiscal

(taxa de juro e dispo- ni bi li dade de

crédito)

PNB,P,Q

D

EXTRAÍDO DE: SAMUELSON, Paul A. Introdução

à

analise econom1ca.

Vol. 1, p. 335.

As~lm, podemos resumir que o Banco Central e um banco para banqueiros e o seu dever primordial é o de controlar a base moneta- rla (dinheiro ~ais reservas bancarias) e, através do controle desse

"dinheiro de alta potência", controlar o me1o circulante da comunida de.

No Brasil, especificamente, existe o Conselho Monetário Na cional (C.M.N.) e o Ministério do Planejamento que se constituem nas instancias superiores da polÍtica monetária, subordinando o Banco Central as suas decisÕes mais estratégicas.

(14)

lO

I I I - A "TEORIA GERAL" DE KEYNES LUIZ CARLOS B. PEREIRA.

Na "Teoria Geral",Keynes apresenta-nos uma análise pessi- mista do sistema econômico capitalista. Sua teoria é uma teoria ma- croeconomica, que, ao contrário da teoria microeconÔmica anterior, nio toma a produçio total como um dado e o pleno emprego como uma de corrência inerente ao sistema, colocando como incógnitas a alocaçi~

dos fatores de produçio entre as diversas possíveis aplicaçÕes, atra ves do mecanismo dos preços, e a consequente remuneraçio dos fatores.

Ao invés de uma teoria estritamente estática e otimista, como era a teoria neoclássica, Keynes nos apresenta uma teoria macroeconômica re lativamente dinâmica, cujas incógnitas fundamentais sio o volume de- produçio e o nível de emprego decorrente. Além disso, ao invés de partir da analise do comportamento individual dos agentes m1croecono m1cos- os consumidores e os produtores, Keynes adota uma abordagem macroeconomica, partindo diretamente do estudo dos agregados economi

cos básico: a renda, o consumo, a poupança, o investimento,dentro de uma economia monetária. O comportamento de consumidores, investido- res, especuladores continua a ser analisado, mas diretamente em fun- çao dos agregados economicos acima enumerados. E a teoria monetária, que na microeconomia constitui-se em um capÍtulo

à

parte da teoria econÔmica, é ~enamente integrada

à

macroeconomia keynesiana. A macro economia clássica, que examinamos anteriormente, é uma construçao dos economistas posteriores a Keynes que, lendo nas linhas e entreli nhas dos autores clássicos, chegaram àquele modelo. Na verdade, po- rém, todo o centro da análise econÔmica clássica era de base microe- conom1ca. Keynes inaugura a abordagem macroeconomica, integrando, ao mesmo tempo, a teoria monetária.

A macroeconomia keynesiana conta com dados, que nao va- riam; variáveis independentes,.que as dividem em funçÕes de comport~

mento e decisÕes do governo; uma variável dependente intermediaria;

as variáveis dependentes finais e algumas identidades fundamentais.

Dados:

1. Quantidade de trabalho e capital;

2. Qualidade do trabalho e capital (tEfnologia) 3. Grau de concorrencia;

4. Gosto dos consumidores;

5. Estrutura social que determina a distribuiçio da renda;

6. Oferta agregada determinada pelo nível de emprego dado o estoque de capital.

Estes dados carater estático e de

da macroeconomia keynesiana mostram bem o curto prazo.

Variáveis Independentes

1. FunçÕes de comportamento

seu

- baseadas em espectativas a respeito do comportamento dos indi ví duo s

1. Funçio comum (e poupança)

- propensão psicológica a consumir face a variaçao na renda 2. Funçio investimento

- expectativas psicolÓgicas de lucro 3. Preferência pela liquidez

- expectativas psicolÓgicas quanto a variaçao da taxa de Ju- ros

4. Procura transacional - e acautelatória - velocidade da moeda - hábitos de pagamento da economia.

(15)

2. DecisÕes do Governo

- polÍtica econômica do Governo 1. Quantidade de moeda oferecida

- política monetária

2. Dispêndio do Governo-Investimentos PÚblicos - política fiscal

3. Carga tributária - política fiscal.

Variável Dependente Intermediária 1. Taxa de juros

- determinada pelas variáveis anteriores.

Variáveis Dependentes Finais 1. Renda

2. Emprego

3. N Í v e 1 de preços . Identidades Fundamentais

1. Renda igual a consumo mais investimento 2. Poupança igual a renda menos consumo 3. Investimento igual a poupança

4. Multiplicador igual ao inverno da propensão marginal a poupar 11

S. Procura de moeda ou preferência pela liquidez igual a procura por motivos transacionais e acautelat6rios mais a procura espe- culativa.

Examinemos, agora, como se interrelacioam estes elementos.

Em termos extremamente resumidos, podemos afirmar que a macroecono- mia keynesiana, exposta na General Theory, é uma teoria do emprego baseada na idéia de procura agragada efetiva. O nível de emprego de- pende da procura agregada efetiva, ou seja, da renda. Esta tem como principal componente o consumo, que depende da renda disponível (fun ção consumo), e que tende a crescer a uma taxa menor do que a renda (propensão marginal a consumir inferior

à

unidade). Resulta daÍ uma tendência ao aumento de propensão média

à

poupança. O aumento da po~

pança deve ser compensado pela outra componente básica da procura a- gregada efetiva: o investimento. Este,, que através do mecanismo do multiplicador, determina o nÍvel da renda, é, na verdade, a variável fundamental do modelo keynesiano, devido ao fato de que o investimen to é uma variável que pod= ser manipulada com relativa facilidade:

enquanto que o consumo, nao.

O investimento, por sua vez, depende da rela~ão entre a e- ficiência marginal do capital e da taxa de juros (funçao investimen- to). Enquanto a primeira for superior

à

segunda, valerá a pena ~nves

t i r.

A taxa de juros, no modelo keynesiano,

é

determinada pela oferta e pela procura de moeda (não pela oferta e procura de poupan- ça e investimento, respectivamente, como queriam os clássicos). A o- ferta de dinheiro vai depender fundamentalmente das autoridades mone tárias, enquanto que a procura vai depender dos motivos transacio- nais e de precaução, que variam em função da renda, e que, dados os hábitos de pagam ento da comunidade, determinam a velocidade---renda

constante da moeda, e do motivo especulativo ou desejo de entesoura- mento.

O motivo~e_s_:Q.~_f_u~ivo, que

é

talvez a contribuição mais o- riginal e importante de Keynes

à

teoria econômica, torna viável o en tes ouramen to, co lo c ando por terra a ~cLe__S--ªY.__e _a .. te__Q_l:Í-a-.q~I v--a~q_e_da. O motivo e s p e cu 1 ativo v ar:.i_a_-.e-m--f-u-n-ç..ao. ___ d-ª.--t.a-x.a_d..e-J-u-r-G-S . Uma taxa de juros elevada, que geralmente acompanha as situaçÕes de prosperidade, desestimulará os especuladores a manter (ou desejar a manter) dinheiro em forma lÍquida. Preferirão mantê-los em tÍtulos.

(16)

No momento, porem, em que entramos em crise economica, e que a taxa de juros ca~r, a perda (de juros nao ganhos) em que incorrerá o esp~

culador será pequena. Por outro lado, como o valor dos títulos esta- rã elevado, poderá ser interessante vend~-los e aumentar sua liqui- dez, de forma que, no momento em que os títulos voltem a baixar de preços (ou seja, no momento em que a taxa de juros volte a crescer), o especulador forma fundos lÍquidos.

Por outro lado, a efici~ncia marginal do capital, que nao e outra coisa senao a previsão média dos empresários em relação a seus lucros futuros, vai depender da atual taxa de lucros, e do grau de otimismo ou seja pessimismo dos empresários em relação ao desen- volvimento de procura efetiva.

Desta análise, Keynes tira as seguintes conclusÕes em sua Te o ri a Geral:

Os investimentos, que já vimos serem o fator essencialmen- te dinimico do modelo keynesiano, não aumentam em grau suficiente pa ra cobrir a crescente taxa de poupança, causada pela propensão margT nal a consumir inferior ã unidade. Há assim uma tendência permanente ao subconsumo, que é agravada pela distribuição desigual da renda, e que os investimentos não conseguem cobrir. Resulta daÍ a depressão

crônica do sistema capitalista, e a possibilidade de o desemprego manter-se de forma indefinida.

Por que os investimentos seriam insuficientes se deixados ao sabor dos mecanismos do mercado? Porque as situaçÕes de crise ca- racterizam-se, essencialmente, por uma crise de confiança de consumi dores e empresários, aqueles reduzindo suas compras de bens de consu mo, estes baixando o nível de efici~ncia marginal do capital, ou se- ja, prevendo lucros futuros menores.

Por outro lado, a taxa de juros, depende da ::;ferta, e da procura da moeda, tem um nível mínimo abaixo do qual nao cai. Trata- -se da chamada "armadilha keynesiana da liquidez". A p a r t i r / de um

C e r tO n Í V e l ( b a i X O ) da t a X a de j U r OS , a p r O CU r a de moe<:fa-s~r i a p e r- feitamente eTãsfica-em-relação

ã

taxa de juros. Isto significa que a curva de p~ocura da moeda, a partir desse ponto, tornar-se-ia hori- zontal, paralela

ã

abcissa onde se mede a quantidade de moeda. Em ou tras palavras, a partir desse ponto, dessa taxa de juros, os especu- ladores estariam desejosos de obter a maior quantidade de moeda. Nes ses termos, a taxa de juros não baixaria mais. De nada adiantaria que as autoridades monetárias aumentassem a oferta da moeda.

Ora, este momento, em que a taxa de juros havia alcançado o nível mínimo da armadilha da liquidez, situação aliás típica das é pocas de recessão, ou seja de redução da procura efetiva, tenderia normalmente a coincidir com uma previsão de lucros futuros muito bai

xa, devido às perspectivas pessimistas dos investidores, em face a recessao. O resultado seria uma redução ainda maior dos investimen-- tos, os quais poderiam permanecer nesse nível reduzido indefinidamen te, já que o mecanismo automático do mercado, para correçao da anoma lia, ou seja, a redução da taxa de juros, não funcionaria, por jã ter sido alcançado o ponto da armadilha da liquidez.

A taxa de juros mantida em nível baixo, próxima ou no pon- to da armadilha da liquidez, é típica das épocas de recessão, de re- duç~o da atividade econômica, porque o valor de mercado dos títulos de renda fixa tenderiam, nesse momento, a crescer, fazendo. automati camente,baixar a taxa de juros do mercado. E o valo:c dos títulos cres ceria exatamente porque nessa época os investidores, cuja previsao de lucros estava diminuindo, sentir-se-iam mais seguros aplicando o seu dinheiro em títulos de renda fixa (títulos do governo, por exem- plo), do que em investir nas empresas. Teríamos, assim, uma situaçao em que a recessão seria caracterizada, concomitantemente, por uma ta

(17)

13 xa de juros baixa, e por uma previsão de lucros futuros baixa, pessi mista, desestimulando-se indefinidamente os investimentos, já que a taxa de juros não poderia mais cair. E o resultado,naturalmente, se- ria o desemprego crônico, a procura agregada efetiva em permanente estado de recessão. Através do processo dos ciclos econômicos, have- ria, sem dÚvida, momentos de prosperidade, mas o estado normal de u- ma economia capitalista regida pelos princípios do "laissez-faire"se

ria o da recessão, senão o da depressão

e

da crise.

Para a macroeconomia keynesiana a solução clássica para o

\!'- desemprego, redução dos salários nominais não é aceitável. De um la- do porque, por motivos institucionais (organização sindical etc.) ,os salários nominais são inflexíveis para baixo. De outro lado, porque uma redução de salários implicaria em uma redução da procura efeti- va, principalmente de bens de consumo. Contra isto,argumentaram seus críticos clássicos que esta redução da procura efetiva não ocorreria porque, com a baixa dos salários, cresceria o valor real do dinheiro e cairia a taxa de juros, aumentando os investimentos. Keynes, en-

tão, lembra que esta redução não seria viável se já estivéssemos, c~

mo seria provável, no ponto da armadilha da liquidez. Keynes admite apenas uma certa redução dos salários reais, provocada por uma polÍ- tica monetária flexível, de caráter inflacionário, que seria indica- da nos momentos de cr~se. Através de um processo de ilusão moneta- ti.a_, os assalariados aceitariam até um certo ponto este tipo de redu ção de salários, e nao diminuiriam correspondentemente seus gastos

de

consumo. Seu argumento final, contra a baixa de salários nominais,po rém, é de caráter mais político do que econômico. Observa ele que~

mesmo que institucionalmente fosse viável a redução dos salários, e que não estivéssemos no ponto da armadilha da liquidez, seria tolice adotar tal política tão arriscada, já que seria tão mais simples ado tar uma política monetária de expansão do crédito, e principalmente~

UJ!la polÍtica fiscal de aumentu dos investimentos pÚblicos e de redu- Çao dos impostos.

Na política fiscal, realmente, centralizava-se a polÍtica economica de Keynes, já que a polÍtica monetária, tendente a fazer baixar a taxa de juros, seria ineficiente nos momentos mais agudos

de crise, devido

à

armadilha de liquidez. Para contrabalançar a insu ficiência do investimento privado, Keynes propunha a realização de grandes investimentos pÚblicos. Estes deveriam, preferivelmente, ser Úteis, produtivos. Mas nos momentos de crise, construir pirâmides ou abrir buracos para em seguida fechá-los, seria também uma solução.

O objetivo seria simplesmente aumentar o emprego, seja investindo produtiva ou improdutivamente. Os investimentos improdutivos tinham inclusive a vantagem de não implicar em produção futura de bens de

consumo, que teriam que ser consumidos Além dos investimentos pÚ blicos, o governo deveria estimular os investimentos privados, redu~

zindo os impostos. Esta redução poderia também estimular o consumo dependendo do tipo de imposto que fosse rebaixado. Mas o objetivo da redução dos impostos seria deixar mais recursos a disposição para in

v~stimento. -

Esta ea sÍntese da análise macroeconômica keynesiana. Trata- -se de uma análise de curto prazo e estática. Não é tão estáticaqum to ,a microeconomia neoclâssica, porque coloca a produção, o nível da renda e do emprego, como principais incógnitas. Além disso, Keynes estabeleceu uma série de pontos para uma teoria dinâmica, uma teoria do desenvolvimento econômico. A análise do acelerador dos investimen tos - o processo através do qual os investimento dependem nao apenas da eficiência marginal do capital e da taxa de juros, mas também do crescimento da renda, acelerando-se nas épocas de prosperidade - tal vez seja o melhor exemplo do que afirmamos.

(18)

Resta dizermos duas palavras sobre o nível de preços, o qual, ao lado da renda e do emprego, é também uma variável dependen- te final no sistema keynesiano. Vimos que a soma do investimento e do consumo determina a renda e o emprego. Consumo e investimento,por sua vez, vão depender de variáveis tais corno a prÓpria função consu- mo, a função investimento, a taxa de juros, a polÍtica do governo, que, assim, determinam a procura agregada. Entretanto, se a procura

agregada resultar (nas épocas de prosperidade) ser tão grande, que supere a oferta agregada, ou, em outras palavras, se consumidores e investidores desejarem consumir e investir mais do que a capacidade de produção do país, teremos urna disputa pelos bens e serviços prod~

zidos, a procura agregada superará a oferta agregada, e teremos urna elevação do nível de preços, ou seja, uma inflação de procura.

DEPOIS DA TEORIA GERAL

Ficam assim traçadas as linhas fundamentais da macroecono mia keynesiana. Para seu real conhecimento seria necessário urna expo sição muito mais extensa, com recurso de gráficos e de um sistéma de equaçÕes. Nossa finalidade atual, porém, é apenas a de darmos uma i - déia introdutória do sentido geral da revolução keynesiana. Nestes termos, este resumo parece-nos, no momento, suficiente.

A Teoria Geral obteve imediatamente urna enorme repercussa~

Foi alvo de grandes elogios, em torno das idéias nela expostas, cons titui-se imediatamente urna escola de brilhantes economistas, novas perspectivas de desenvolvimento se abriram para a ciência econômica, esta recuperou o contato com a realidade e voltou a ser operacional.

Aquelas que não se tornaram estritamente keynesianas foram profunda- mente influenciadas por Keynes. Especialmente em relação às novas ge

raçÕes de economistas, todos sofreram a influência de suas idéias~

Mesmo os economistas marxistas obtiveram no pensamento de Keynes pa~

te de inspiração e de crític~.

Assim que saiu, porém, a General Theory foi também alvo de críticas, algumas tentando minimizar o caráter original de sua con- tribuição, outras procurando negar a correção de sua análise. Muitos dos discípulos de Marshall, que pretendiam que toda a ciência econÔ- mica estava, de uma forma ou de outra, contida nos Principles, não se conformaram com a crítica, as vezes feroz, de Keynes.

Nestes termos, Keynes passou a maior parte do seu tempo, desde a publicaçio da General Theory até ao início da Skgunda Guerra Mundial, ocupado em defender-se de seus críticos e em explicar o ver dadeiro sentido de sua teoria. Porque é preciso salientar que a Teo~

ria Geral esta longe de ser um livro de leitura fácil. Além disso, Keynes continuava com febril atividade de economista, jornalista, fi nancista e mecena das artes. Em 1937, porém, Keynes sofre um primei~

ro ataque do coraçio e é obrigado a diminuir o ritmo de sua ativida- de.

Isto nio o impede, porém, de publicar um novo ·livro, "How to Pay the War" (1940), em que examina o problema do financiamento da guerra que se iniciava. Propunha um sistema de empréstimo compul- sório, a ser pago após a guerra. Era uma idéia ousada, nova, ao esti lo de Keynes, e não foi aplicada. Em 1940 Keynes voltara a trabalha~

no tesouro. Em 1942 tornou-se diretor do Banco da Inglaterra. Nesse mesmo ano foi elevado i nobreza. Tornou-se Lord Keynes. Bario de Til ton. Era então o mais respeitado economista britânico. Embora suas idéias nem sempre fossem postas em execução, por serem excessiva-- mente revolucionárias, nem por isso deixaram de ser ouvidas.

(19)

15 Este fato ficou patente na Última grande intervenção de Keynes, antes de sua morte, na Inglaterra, em 1946, motivadapor mais um ataque do coração. Aproximava-se o fim de guerra e era preciso or ganizar as finanças internacionais para o após guerra. Realizou-se, então, nos Estados Unidos, a conferência de Bretton Woods, destinada a organizar as finanças internacionais para o após-guerra que se av~

zinhava. Keynes, como representante do Reino Unido, foi a principal figura da reunião. Apresentou um projeto revolucionário para resol- ver o problema do financiamento do comércio internacional. O ouro e as moedas-reservas nacionais (o dÓlar e a libra) seriam substituÍdos por uma moeda internacional, o Bancor, criada por um Banco Central Mundial, que o plano Keynes previa. A criação dessa moeda internacio nal implicaria em um extraordinário aumento das reservas financeiras internacionais e em uma grande flexibilidade no sistema financeiro internacional. Com isto Keynes pretendia que os países que se encon- trassem em recessão econômica e déficit de seu balanço de pagamentos não fossem obrigados a adotar qualquer uma das três medidas tradicio nais: desvalorização da moeda, deflação interna, ou restriçÕes ãs im putaçÕes. Qualquer uma dessas três medidas teria sempre efeitos nega tivos, e poderiam ser evitadas através de um sistema de financiamen=

to internacional aplo e flexível.

O plano de Keynes era excessivamente inovador. A alternati va norte-americana, consubstanciada no Fundo Monetário Internacional foi afinal adotada, fazendo-se apenas algumas concessoes ao plano Keynes.

Os Estados Unidos era naquela época, e por um perÍodo de tres décadas jâ vinha sendo um paíse sem problemas com seu balanço de pagamentos. Dessa forma, preferiram um plano mais conservador, ainda baseado no ouro e nas moedas-reservas. Certamente não previam as dificuldades que o déficit constante de seu balanço de pagamentos, a partir dos anos 50, iria lhe~ trazer. De qualquer forma, porém, o plano apresentado ror Keynes não foi aceito. Permanece, todavia, co- mo um marco da visao, da coragem intelectual e do espírito inovador de Keynes, sempre voltado para a realidade do mundo, e ne procurando intervir.

Sua obra fundamental, porém - aquela que inscreveu o nome de Keynes na história do pensamento econÔmico, não como mais um eco- nomista que trouxe contribuiçÕei significativas para a analise econo mica, mas como o economista mais importante da primeira metade do Se

culo XX, que abriu novas perspectivas para a ciência econômica - foi a Teoria Geral. Ja vimos que esta obra, embora fruto do pensamento de um economista educado na mais pura tradição neoclassica, marshal- liana, e dela aurindo muitos de seus conceitos fundamentais, consti- tui-se em uma revolução - uma revolução que sem destruir toda a ana- lise econômica pré-existente, renovou-a, abriu-lhe novas perspecti-- vas, recolocou-a em contato com o mundo.

(20)

16

IV - O MECANISMO DO AUGE ECONÔMICO*

Hichal Kalecki.

1 - Um dos sintomas mais Óbvios da depressão é o desempre- go m_<lc_iç.o. Deve-se este desemprego a escassez de equipamen.tüde capí

--- .

,.

- . . --

tal, ou SeJa, a uma 1nadequada acumulaçao de cap1tal f1xo em relaçao ao crescimento da população? Certamente não. O que ocorre é justamen te o contrário_._ O grau de ~t1tiJização do «:quipam~nto de capital-exis=

tente

e

muito p~-ue-no:_:.~<.ri.ir~an_t_g_--ª·~pressão: o equipamento ocioso

e

a

c.on...t_r_ap_a r_!: 1 da do desemprego da f o rÇã~~cfe t r aba 1

tío:-Ã-q

ue--se~--<feve~arr i buir o fato d€·--a-proprTe-tari~"dõ-e-q·ut-p-amento não utilizado não se de

cidir a produzir, se conta com uma oferta peTmanente de trabalho o- cioso? Qualquer empresário responderia ~ue isto seria pouco lucrati- vo: os preços a que poderia vender não cobririam nunca seus custos correntes, ou seja, os gastos em matérias-primas, trabalho, impos- tos etc. Deste modo, costuma-se recomendar a redução dos salários co mo remédio para a depressão. No entanto, uma das principais caracte- rfsticas do sistema capitalista

e

o fato de que o que é bom para um empresário individual não beneficia necessariamente a todos os empre sár1os como classe. Se um empresário reduz seus salários pode, "cete r1s paribus", aumentar sua produção. Mas se todos os empresários fa- zem o mesmo, o resultado será totalmente distinto.

Suponhamos que se faça uma redução geral dos salários e dos impostos (como contrapartidada da redução dos salários dos fun- cionários pÚblicos). Os empresários, como consequência da "melhor"

relação preços-salários, utilÍzam seu equipamento a plena capacida- de, desaparecendo assim o desemprego. Terá a depressão, portanto, si do vencida? Em absoluto,

e

preciso que os bens produzidos possam ser vendidos. A produção foi aumentada consideravelmente e, co~o conse- quência do crescimento da relação preços-salários, a parte da produ- ção correspondente aos lucros (incluÍda a depreciação) dos capitalis tas (empresários e os que recebem renda fixa) cresceu ainda mais. A condição necessária para que se possa conseguir o equilíbrio a este nível mais elevado

e

que a parte da produção não consumida pelos tra balhadores ou funcionários pÚblicos seja adquirida pelos capitalis=

tas com o aumento de seus lucros. Em outras palavras, os capitalis- tas devem gastar imediatamente em consumo ou investimento todos os seus lucros adicionais. Entretanto,

e

muito pouco provável que isto ocorra. Em geral, o consumo dos capitalistas varia muito pouco ao longo do ciclo econômico. ~ certo que o aumento da rentabilidade es- timula o investimento, mas este estímulo não surtirá efeito porque os empresários adiarão decisão de investir ate estarem convencidos de que o aumento da rentabilidade vai ser permanente. Na realidade,o efeito imediato do crescimento dos lucros será a acumulação de reser vas monetárias por parte dos empresários e dos bancos. Os bens cor- respondentes ao aumento dos lucros permanecerão, pois, não vendidos.

A acumulação de estoques exigirá uma nova redução dos preços dos bens que não encontrem saída. Deste modo, desaparecerá o efeito da redução dos custos. Em resumo, a diminuição dos preços, ao atenuar-

(*)Publicado em Estudios sobre Ia.::teoría de los ciclos economicos, Coleccion Demos, Ediciones Ariel, Caracas-Barcelo, 1970, capÍtu- lo 3, pp. 58/70. Publicado também em Michal Kalecki. "Selected essays on the dynamics of the capitalism economy.

Traduzido por Antonio Celso Agune e revisto pelo Prof.

Perosa Jr.

Roberto

(21)

17 -se a vantagem conseguida pelos capitalistas mediante a redução dos custos, provocará concomitantemente o reaparecimento do desemprego e a sub-utilização do equipamento.

De fato, a redução dos salários nao produz efeitos nem se- quer durante o aumento temporário da produção anteriormente descri- to. Com efeito, nao so o investimento, mas também a utilização do e quipamento existente nao responderão imediatamente ao crescimento da

rentabilidade. Isto se deve a que, imediatamente depois da redução dos salários e antes que os empresários possam se organizar para ele var a produção com o equipamento existente,a queda dos preços pode a=

contecer. Como os empresários não usam em seguida os meios que sub- traíram dos trabalhadores para comprar bens de consumo ou de investi mente, a receita da indÚstria se reduz em uma quantidade igual.O que os empresários ganham por meio da redução dos salários, perdeu ~me­

diatamente através da diminuição dos preços. Tudo isto pode ser ob- servado em todos os paÍses durante a depressão mundial no perÍodo de 1931-1932, quando a onda de redução salariais produziu uma queda rá- pida dos preços e nao o aumento da produção.

2 - A doutrina que propÕe a redução dos salários como re- curso contra a depressao se complementa, às vezes, com um remédio contra a queda dos preços. Recomenda-se a criação de carte~s para de ter a "competição ruinosa" (de preços). Suponhamos que se tenham for mado cartéis em todas as indÚstrias e que os salários tenham se redu zido adequadamente, mas, que a diminuiçao na procura dos trabalhado=

rés não tenha nenhuma repercussão nos preços, Ja que os carte~s os mantêm em um nÍvel estável. A "melhora" na relação preços-salários po de ajudar a vencer a depressão? Na realidade, é bastante improvável que os carte~s invistam os lucros derivados das reduçÕes salariais com maior rapidez que os empresários em condiçÕes de "livre concor- /rênoia". O que ocorre é precis,amente o contrário. Tanto em um siste- ma totalmente "cartelizado", como em condiçÕes de "livre concorren-- cia", a receita da indÚstria diminuirá tanto quanto os seus custos.

Se os preços não se alteram, então serao as vendas dos bens que dimi nuirão na mesma proporção que a receita. Assim as reduçÕes salariais, que não originam qualquer aumento da produção no caso de uma econo- mia competitiva conduzem, como consequência da rigidez dos preços,em um sistema totalmente "cartelizado", a uma queda da produção e a uma elevação do desemprego.

Em um sistema "misto", formado por um setor com cartéis e outro competitivo, o resultado das reduçÕes salariais será interme- diário: a queda da produção será menor que a que se produziria em um sistema totalmente cartelizado.

3 - Do argumento anterior deduz-se que a redução nao cons- titui um remédio contra a depressão, Ja que os capitalistas não dedi caro imediatamente os lucros deri~ados dela

ã

compra de bens de ~nves timento. Vamos demonstrar que o contrário é certo: um aumento do ~n­

vestimento, per si, que nao seja acompanhado por uma diminuição nos salários, provoca um crescimento do produto.

Suponhamos que, como resultado de um importante invento, se produza um aumento no investimento associado

ã

sua difusão. Os ca pitalistas podem agora aumentar seus investimentos apesar de seus lu cros não terem crescido (não se reduziram os salários) nem tao pouco foram reduzidos seus consumo "ad hoc" (sem dÚvida, isto é muito im- provável). O financiamento do investimento adicional obtém-se por in

termédio da chamada criação de poder aquisitivo. A demanda ·de crédi=

tos bancários aumenta e os bancos satisfazem-na por meio de suas re- servas. A construção de novas fábrica por parte dos empresários faz aumentar sua demanda - a da indÚstria de bens de capital. Esta deman da adicional contribui para por em funcionamento o equipamento ocio=

(22)

18

so e absorver o desemprego. O aumento do emprego é uma fonte de de- manda adicional de bens de consumo da qual resulta, por sua vez, em um maior emprego nas respectivas indústrias. Finalmente, o desembol so dos investimentos adicionais passa diretamente e através dos ga~

tos dos trabalhadores aos bolsos dos capitalistas (suponhamos que os trabalhadores não poupem). Os lucros adicionais servem corno dep~

sitos aos bancos, cujas reservas sao, deste modo, repostas.Isto per rnite voltar a recorrer a elas para conceder os créditos adicionais para a continuaçao do investimento associado ao novo invento. Como resultado da aceleração da circulação monetária, os créditos bancã rios aumentam em uma quantidade igual ao investimento adicional e os depósitos em urna quantidade igual aos benefícios adicionais. Os empresários que realizam um investimento adicional mobilizam os lu-

cros de outros capitalistas em urna quantidade igual ao seu investi- mento. Deste modo, endividam-se, com os ditos capitalistas,pela mes ma quantidade, através dos bancos.

Nas seçoes precedentes, analisamos o problema consistente em saber se sao investidos os lucros resultantes de uma redução de custos. No caso atualmente considerado, os lucros, para expressá-lo paradoxalmente, sao investidos inclusive antes de serem obtidos. Os

lucros que não se investem não podem realizar~se, Ja que a conse-- quente caÍda da produção e dos preços os faz desaparecer. A criação do poder aquisitivo para financiar investimentos adicionais faz com que o produto se eleve acima do baixo nível alcançado na depressão,

com o qual se cr1arn lucros iguais a este investimento.

~<

Temos que lembrar que o crescimento do produto provocara um aumento na demanda de dinheiro em circulação, o qual requerera um aumento dos créditos concedidos pelo Banco Central. Se o Banco Central responde elevando a taxa de juros a um,nível tal que o lnves timento total se reduz a urna q,uantidade, igual ao investimento adiei;

nal originada pelo novo invento, nao se seguirá disto nenhum aumen- to do investimento e a situação econômica não melhorará. Assim,pois, a condição necessária para que prossiga a alta é que o crescimento

d~ taxa de juros correspondente ao aumento da demanda de dinheiro nao seja excessivo.

O que ocorre quando o novo invento tiver sido totalmente difundido e se esgotar a fonte original de alta econômica, desapar~

cendo assim o estímulo ao investimento? f inevitável então a depres são? Não, porque o elevado nível de rentabilidade, prevalecente na economia em seu conjunto, terã provocado um aumento do investimen-

to. E

é

precisamente o investimento originado pela maior rentabili- dade que intervirá quando houver se esgotado o efeito do novo lnves timento.

4 - Na seçao anterior descrevemos o auge economlco resul- tante do investimento induzido por um importante invento, o qual, a té certo ponto, e urna questão de azar. Sem um estímulo externo des~

te tipo, duraria sempre a depressao? Não cria a mesma depressão umas forças inerentes que tendem a destruÍ-la provocando um incremento ao investimento?

Suponhamos que a economia se estabiliza no "solo" da de- pressao, a um baixíssimo nível de atividade economica. Suponhamos

também que o investimento em particular tenha descido até ao ponto de nao cobrir as necessidades de reposição do equipamento de capl- tal depreciado. Suponhamos que este equipamento consiste em 2.000 plantas, 100 das quais caem de desuso cada ano, construindo-se so- mente 60: Deste modo, o equipamento de capital reduz-se em 40 plan- tas a cada ano. Sem duvida,

é

esta mesma destruição do equipamento que, depois de um perÍodo prolongado, inicia a fase de alta. Isto

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