CIÊNCIA E INVESTIGAÇÃO: CONSIDERAÇÕES GERAIS
*
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R E S U M O :
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Discute aonmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ciência e o lugar que ela ocupa na sociedadeatual, bem com o aborda a investigação científica em seus m últiplos
aspectos e sua im portância para o desenvolvim ento da ciência.
Destaca, ainda, a necessidade da disciplina M e t o d o l o g i a nos
currículos cios cursos de Bihliotcconom ia.
P A L A V R A S - C H A V E : E pistcrnologia; Ciência; Pesquisa; M etodologia.
Jayme Wanderley
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N
caráterom om entoem inentem enteem que a Biblioteconom ia,técnico característicono Brasil, está abandonandodas décadas de 1940 eo1950, e orientando suas preocupações para a Ciência da Inform ação
(de caráter m ultidisciplinar) à procura de seus próprios fundam entos
teóricos, a inclusão da disciplina M é t o d o s e T é c n i c a s d e P e s q u i s a na estrutura
curricular (inclusão feita pelo curso de Biblioteconom ia da Faculdade de Filosofia
e Ciências de M arília, desde 1977) é de fundam ental im portância, já que esta
disciplina (que deve abordar, de início, os aspectos epistem ológicos da prática
científica) irá suprir a necessidade de conhecim entos quer na elaboração de projetos
ligados às suas atividades, quer no interior de cursos de pós-graduação ou na
atividade docente na área .
• E x t r a í d o d o c u r s o s o h r e M e t o d o l o g i a d a P e s q u i s a C i e n t í fi c a , m i n i s t r a d o p e l o ' a u t o r n o C u r s o d e
E s p e c i a l i z a ç ã o e m B i b l i o t e c a s P ú b l i c a s e
A
E s c o l a r e s , n a F a c u l d a d e d e F i l o s o f i a e C i ê n c i a s d eM a r i l i a-U N E S p , e m o u t u b r o d e 1 9 8 7 .
• • P r o fe s s o r A s s i s t e n t e D o u t o r d o D e p a r t a m e n t o d eS o c i o l o g i a e A n t r o p o l o g i a , d a F a c u l d a d e d eF i l o s o f i a
e C i ê n c i a s d e M a r i l i a -U N E S P
C i ê n c i a e i n u c s t i g a ç à o : c o n s i d c r a ç ô c s g c r a i s
baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
2 C i ê n c i a e p e s q u i s a
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A todo instante, e principalm ente nos m eios acadêm icos, ouve-se falar de
pesquisa.
E por que? A essa questão, podem os acrescentar estas outras: 1) por que
se faz pesquisa?; 2) para que se faz pesquisa>, 3) o que é pesquísai'; 4) de que tipo
de pesquisa se trata?
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É que, no m undo hodierno, a ciência ocupa lugar proem inente; o
conhecim ento científico predom ina sobre todas as dem ais form as de conhecim ento
(em pírico, filosófico, teológico, artístico etc.). A sociedade m oderna, pode-se dizer,
nasceu com a ciência, tal com o a com preendem os hoje.
M as, o que é a ciência?
Durante algum tem po, a ciência foi definida - e ainda o é, com um ente
-com o um conjunto acum ulado de conhecim entos. Essa definição é insatisfatória,
visto que as dem ais form as de conhecim ento referidas acim a, em m aior ou m enor
m edida, tam bém a satisfazem .
Com o desenvolvim ento dos estudos de F i l o s o f i a d a C i ê n c i a
( E p i s t e m o l o g i a ) e de M e t o d o l o g i a C i e n t í f i c a , a definição do que é ciência
recebeu todo um refinam ento, tal que podem os defini-Ia com o "... todo um
conjunto de atitudes e de atividades racionais, dirigido ao conhecim ento sistem ático
com objetivo lim itado, capaz de ser subm etido a verificações (BUNGE, 1960: 7).
Essa definição, a nosso ver, sintetiza os m últiplos aspectos que caracterizam
a ciência. Senão, vejam os: quando Bunge fala em "todo um conjunto de atitudes
e atividades racionais", o caráter acum ulativo do conhecim ento científico foi
deslocado do produto do conhecim ento para o processo desse conhecim ento: o
que im plica tanto um a determ inada concepção do que é a realidade objetiva
(concepção de m undo e teoria do conhecim ento), quanto um a reflexão sobre
com o investigar essa realidade (preocupação rnetodológica).
Ainda, por ser "um conjunto de atividades racionais", a ciência não é
apenas um produto do cérebro hum ano, m as o pensam ento científico, sobretudo,
obedece a um rigor e lógica próprios.
°
rigor, na investigação científica, im põe regras invioláveis no uso dalíngua: o significado das palavras deve ser claro, preciso e com suas fronteiras
bem dem arcadas: "As regras da lógica são obedecidas a qualquer custo. A
genealogia de cada enunciado tem de ficar clara: foi observado? Foi m edido?
Com o foi m edido? Quem disse? Quais as suas credenciais técnicas para dizê-lo?
°
estilo da apresentação dos resultados é seco, preciso e direto. A adjetivação é
circunspecta" (CASTRO, 1978:2).
"Dirigido ao conhecim ento sistem ático com objetivo lim itado".
Conhecim ento sistem ático significa que há um a coerência interna a esse
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conhecim ento, isto é, há um a articulação entre os seus sistem as de referências,
suas teorias e hipóteses, suas fontes de inform ações (FERRARI, 1982: 15), já que "
os seres e os fatos estão interligados por determ inadas relações, e o objetivo do
conhecim ento científico é justam ente estabelecer e reproduzir esse encadeam ento
(CERVO e BERVIAN, 1973: 17).
"Com objetivo lim itado". A ciência não estuda tudo, nem ao m esm o tem po,
e tam pouco está preocupada com suas causas últim as ou prim eiras; isso é tarefa
da Filosofia. Por exem plo, questões com o: qual o sentido da vida?
°
hom em éum ser m oral?, não concernem à ciência, m as à Filosofia.
A ciência é factual, ocupando-se de fenôm enos e processos que têm
lugar na realidade objetiva, perceptíveis pelos sentidos ou por instrum entos.
A ciência é sem pre tópica, isto é, dirige suas vistas para um fragm ento da
realidade, o que não significa que não seja geral, pois o conhecim ento científico
procura, sem pre, discernir as características com uns de tipos e objetos e as leis
gerais ou as condições em que os fenôm enos são "produzidos".
"Capaz de ser subm etido a verificações". Essa é a característica fundam ental
do conhecim ento científico, a qual provocou a revolução científica m oderna. "O
hábito de testar e corrigir os conceitos pelas suas consequências na experiência
tem sido a m ola m estra no m ovim ento de nossa civilização (a partir de Copérnico)
... Este é o hábito da verdade, sem pre dedicado, sem pre urgente ... " Q. Bronowski,
apud CASTRO, 1978: 88). Ou seja, "a verificação consiste em testar a consistência
de ser em piricam ente válida ou provável um a afirm ação, um dado, um a hipótese
ou um a teoria" (TRUJILLO, 1982: 15).
Essa definição de ciência não só requer com o determ ina um tipo específico
de pesquisa ou investigação: a científica, exatam ente o m eio pelo qual se produz
o conhecim ento científico.
Por outro lado, a questão "por que se faz pesquisa" rem ete-nos aos
objetivos da ciência.
Ao longo do tem po, o hom em procurou com preender a realidade que o
cerca - natural, social ou espiritual - com o objetivo de encontrar a m elhor
m aneira de lidar com essa realidade, a fim de satisfazer suas necessidades vitais e
seus interesses.
Durante séculos, talvez m ilênios, o hom em aprendeu no trato direto com
as coisas; sua reflexão e explicação do m undo eram lim itadas e o fazer
baseava-se nos aspectos exteriores dessas coisas.
°
encadeam ento causa-efeito se ligava aos aspectos im ediatos; não haviaa explicação de por que um fenôm eno ocorria de um a determ inada form a e não
de outra; e quando havia explicações, essas tinham o caráter em pírico - com o,
aliás, se dá, ainda, com a m aioria das pessoas - ou, então, caráter m ístico.
Não obstante a m elhoria das condições de vida e o aperfeiçoam ento das
C i ê n c i a e i n v e s t i g a ç ã o : c o n s i d e r a ç õ e s g e r a i s
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técnicas de produção, o hom em se vê às voltas com os m esm os problem as de
com o trabalhar a natureza e de com o lidar com o m eio social em que vive, para
satisfazer suas necessidades e interesses.
Entretanto, a m aneira com o procura resolver esseS problem as já não é a
m esm a: é científica.
Daí poderm os dizer que a ciência procura explicações balizadas por
finalidades e interesses, traduzidas por: 1) aum ento e m elhoria do conhecim ento,
em term os de eficiência e eficácia; 2) descobertas de novos fatos ou fenôm enos; 3)
aproveitam ento espiritual; 4) aproveitam ento m aterial do conhecim ento e 5)
estabelecim ento de certo tipo de controle sobre a natureza (FERRARI, 1982: 3).
Poder-se-á objetar que a ciência é tarefa de poucos e que a m aioria das
pessoas não tem preocupações científicas. Se é certo que ninguém vive
cientificam ente, não é m enos certo que assistim os a um a progressiva cientificização
da sociedade.
Finalm ente, o que é
pesquisa-Podem os defini-Ia com o um a atividade voltada para a solução de problem as~
cujo objetivo é descobrir respostas para questões previam ente colocadas, através
do em prego de procedim entos científicos ( CERVO et BERVIAN, 1973: 65),
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3 M e t o d o l o g i a
Não se faz pesquisa sem m étodo.
Há duas atitudes m uito com uns em relação ao m étodo: a daqueles que se
preocupam exageradam ente com ele, procurando ler tudo e todos os autores
antes de se decidir a "arregaçar as m angas" e partir para a investigação. Essa
atitude não leva, praticam ente, a nada: não é porque alguém leu "quinhentos
livros" de didática, que sabe m inistrar aulas. E há a atitude de apressados que,
sem o m ínim o conhecim ento de m étodo ou do que seja pesquisa, m etem -se a
pesquisar. Enquanto os prim eiros perm anecem indecisos, sem pre no m esm o lugar,
os segundos são incautos, os fam osos "aprendizes de feiticeiros".
Se devem os evitar a "ditadura" do m étodo (a exagerada preocupação
com o m étodo acaba por tolher a pesquisa), tam pouco devem os iniciar um a
investigação sem nenhum em basam ento
onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
rnetodológico, isto é, devem os evitar oprocedim ento de procurar os m anuais apenas para solucionar problem as "locais",
específicos. Só está em condições de resolver problem as específicos, quem tem
um a visão de conjunto da m etodologia e da pesquisa.
Por outro lado, não há um discurso unívoco, único, sobre o m étodo,
advindo daí, talvez, a m aior parte das dificuldades de se lidar com m etodologia.
Não há m anuais plenam ente satisfatórios sobre o assunto.
Não obstante saberm os que deixarem os, tam bém , m uito a desejar, abordarem os
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Ciência e investigação:c o n s i d e r a ç ô e s g e r a i s
alguns aspectos do m étodo, partindo do pressuposto de que, dado o nível de
desenvolvim ento do pensam ento científico, há um conjunto de procedim entos que
constituem os alicerces do m étodo científico. Por outro lado, não cabe discutir, aqui, os
diferentes m étodos em pregados na prática científica.
Iniciem os por procurar entender o que é m étodo, no sentido am plo do term o. ')
Etim ologicam ente, m étodo - vocábulo de origem grega - significa a form a de
l
proceder ao longo de um cam inho; é, portanto, um procedim ento adotado pelo \
hom em para atingir determ inado fim . Nesse sentido, o m étodo é em pregado em qualquer )
dom ínio da atividade hum ana.
O que distingue o m étodo científico do m étodo em geral?
O m étodo científico é o "conjunto de seqüências operacionais, sustentada~'
num a sistem ática m anipulação para alcançar determ inado fim científico" (FERRARI,
1982: 19)
Esse conjunto de sequências operacionais constituem os processos ou
procedim entos do m étodo científico, com o seguem :
1) form ular questões ou propor problem as e levantar hipóteses;
2) efetuar observações e m edidas;
3) registrar, tão cuidadosam ente quanto possível, os dados coletados com o
intuito de responder às questões form uladas ou com provar a hipótese levantada;
4) elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões que estejam em desacordo com as observações ou com as respostas resultantes;
5) generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos que
envolvem condições sim ilares;
6) prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que surjam certas relações (CERVO et BERVIAN,1973: 68).
Não obstante o objeto de um a determ inada investigação requerer técnicas
especializadas, os procedim entos propostos acim a podem ser utilizados em qualquer
tipo de investigação.
4 P l a n e j a m e n t o d a i n v e s t i g a ç ã o
Não há "receita definitiva" sobre com o planejar a investigação; entretanto,
crem os que o roteiro abaixo pode ser em pregado com resultados positivos.
4 . 1 E s c o l h a d o t e m a e d e t e r m i n a ç ã o d o p r o b l e m a
O planejam ento da pesquisa é um a previsão sistem atizada do conjunto de
operações a serem realizadas com o objetivo de estudar um assunto ou um fenôm eno.
Éim prescindível, portanto, iniciar o planejam ento da investigação pela escolha
do tem a e determ inação do problem a a ser pesquisado.
C i ê n c i a e i n u c s t i g a ç ã o . c o n s i d e r a ç õ e s g e r a i s
yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o
m elhor cam inho para se chegar a isso é colocando questões: por que? paraque? qual o valor e a importância do fenôm eno ou do problem a a ser pesquisado? o
que se está pretendendo descobrir?
onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
É o m om ento, principalm ente para os iniciantes, de indecisôes e angústias:
com o selecionar o assunto ou delim itar o problem a? Há critérios a serem seguidos?
Vejam bem : selecionar um assunto significa elim inar outros que, por
algumarazão plausível, devem ser evitados. O
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c r i t é r i o , aqui, é o da r e l e v â n c i a ep r i o r i d a d e . Qualquer assunto pode ser objeto de investigação. No entanto,
procura-se, por razões intelectuais (desejo de conhecer ou com preender) ou práticas (conhecer
para realizar um plano ou realizá-Io de m aneira m ais eficiente), aqueles assuntos ou
tem as originais ou que, m al definidos, exigem um a precisão e clareza m aiores.
Se por um lado, devem os evitar os assuntos "fáceis" ou de pouco interesse -que não trazem contribuição algum a à ciência -, por outro, convém não es-quecer -que
a escolha deve recair em um assunto adequado à capacidade e à form ação do
pesquisador, o que significa que deve haver um a certaf a m i l i a r i d a d e do pesquisador
com o assunto que pretende investigar. Essa fam iliaridade, quando não existe, pode
ser conseguida de, pelo m enos, três m aneiras:
a) o pesquisador se coloca na posição dos sujeitos que pretende estudar.
W . A. Candill, por exem plo, "internou-se com o paciente em um sanatório
para doentes m entais a fim de m elhor entender o seu funcionam ento" (CASTRO,
1978:90). Aqui, no Brasil, foi m uito divulgado o caso da antropóloga que, para estudar
a prostituição, foi residir em um a zona do m eretrício. É claro que tais exem plos são
exagerados, chegando m esm o às raias do absurdo.
b) consultar especialistas no assunto, visitar instituições ou agências em que
pesquisas de m esm o tipo ou sem elhantes estejam sendo desenvolvidas.
c) o procedim ento m ais com um para se conseguir essa fam iliaridade é o da
p e s q u i s a b i b l i o g r á f i c a .
Éatravés dela (assim com o pela consulta a especialistas) que vam os
tom ar conhecim ento do que já foi pesquisado, sob que perspectivas e com o foi
pesquisado.
Énecessário salientar que a pesquisa bibliográfica não term ina com a escolha
do assunto, m as é um procedim ento contínuo, que se encerra, na verdade, apenas
com a publicação dos resultados da investigação.
Ainda, a d e t e r m i n a ç ã o o u d e l i m i t a ç ã o d o p r o b l e m a se faz necessária em
razão da tendência m uito com um de se propor assuntos ou tem as m uito abrangentes
e que, por sua com plexidade, não perm item o aprofundam ento. Tem as extensos ou
m uito com plexos revelam , na m aioria das vezes, pouca fam iliaridade com o assunto
ou, então, pouca prática de pesquisa.
Com o se delim ita o assunto a ser investigado?
Pode-se decom por o assunto em suas partes constitutivas.
6 0
PONMLKJIHGFEDCBA
R . b ra s . B ib lio te e o n . e D o e ., S ã o P a u lo , v . 2 6 , n.1/2, p . 5 5 -6 3 , ja n ./ju n .1 9 9 3C i ê n c i a e i n u e s t i g a ç â o . c o n s i d e r a ç õ e s g e r a i s
Se esse procedim ento não for possível, recorre-se à fixação das circunstâncias,
sobretudo de tem po e espaço: indica-se o quadro histórico e geográfico em cujos
lim ites se localiza o assunto (CERVO e BERVIAN, 1973: 75).
Um a outra form a de delim itar o assunto é o pesquisador explicitar sob que
ponto de vista vai realizar a investigação: se sociológico, psicológico, ete.
4 .2 E s t a b e l e c i m e n t o d o o b j e t i v o o u o b j e t i v o s d a i n v e s t i g a ç ã o
É preciso saber porque se está investigando.
Os objetivos podem seri n t r í n s e c o s , quando se procura a solução de um
problem a, ou se procura estabelecer um a nova explicação para um dado conjunto
de fenôm enos; ou extrínsecos, quando procuram satisfazer as exigências de um
. curso, por exem plo.
4 .3 J u s t i f i c a t i v a
Nesse item , discute-se a im portância da pesquisa em term os da contribuição
que os seus resultados e conclusôes trarão para a ciência ou para a solução de um
determ inado problem a.
4 .4 Q u a d r o t e ó r i c o
O quadro ou referencial teórico de um a pesquisa tem por função precisar
e organizar as idéias e os conceitos envolvidos na investigação, de form a a
torná-los m anejáveis e que possam orientar as açôes concretas.
Deve-se iniciar sua construção com a revisão bibliográfica das pesquisas e
estudos teóricos relacionados com o problem a que se. quer investigar. Essa revisão
deve ser feita de form a racional e sistem ática, iniciando-se pelas obras m ais gerais,
m ais recentes e m ais sim ples; depois recorre-se às m ais com plexas e m ais específicas.
Ao se optar por um determ inado quadro teórico, deve-se explicar porque e
definir os conceitos e term os básicos em pregados.
4 .5 S i s t e m a d e h i p ó t e s e s
A hipótese é, ao m esm o tem po, um a explicação provisória para o problem a
em estudo e um elem ento balizador da investigação e tem por função: 1) orientar
o investigador; 2) coordenar e com pletar os resultados, agrupando-os em um
conjunto de fatos, a fim de facilitar a sua inteligibilidade.
A hipótese deve ser a m ais sim ples possível; deve, ainda, ser sugerida e
verificável pelos fatos e, se possível, não contradizer nenhum a verdade já aceita
ou estabelecida, a m enos que este seja o objetivo da pesquisa.
Ciência e
TSRQPONMLKJIHGFEDCBA
i n o e s t i g a ç á o . considerações geraisbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
4 . 6 S i s t e m a d e v a r i á v e i s
yxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Estabelecer variáveis é estabelecer relações funcionais, isto é, de que
m aneira um ou vários fatores m udam quando outro ou outros m udam .
O projeto deve conter a listagem das variáveis a serem investigadas, assim
com o a função que exercerão no desenvolvim ento da pesquisa e, sobretudo, os
critérios para sua m edição.
4 . 7 M é t o d o s e t é c n i c a s
A m etodologia, no interior do projeto, deve prever: as unidades de pesquisa
ou de análise (população e am ostra), técnicas de observação (histórica, descritiva
ou experim ental); técnicas de coleta de dados (leituras, entrevistas, questionários,
análise de docum entos ou observação direta dos fatos); procedim entos e técnicas
de análise (o processo de classificação, registro e codificação dos dados); as
técnicas analíticas (lógicas ou estatísticas) que serão em pregadas para com provar
as hipóteses ou obter as conclusões.
A análise lógica é em pregada para pesquisas com poucas unidades de
investigação: estudos históricos, estudos de casos clínicos, ete. A análise estatística
- que pressupõe a análise lógica - é utilizada para grandes conjuntos de dados
onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
(M O R LES, 1971: 51).
5 C o n c l u s ã o
A ciência é o conhecim ento com provado em piricam ente.
A produção desse conhecim ento, portanto, só é possível através da
investigação.
Por outro lado, no que se refere à Biblioteconom ia, a investigação científica
é de fundam ental im portância, quando m ais não for, pelo m enos para propiciar
elem entos para que os profissionais da área possam distinguir entre p r o b l e m a
c i e n t í f i c o e problem as "práticos" da profissão; daí a necessidade de que o assunto
continue a ser objeto de estudos curricula res, no sentido de garantir sua
instrum entalidade.
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A B S T R A C T : T h ix pa pcr discusscs thc im porta ncc of S cicncc in thc
contcm porary society. A lso it presents scicntitic rcscarch inthc various aspccts
as w ell asits role as basis to the devclopmcnt of S cience.
A s a result, it is pointcd out the ím portancc of thc discipline "S cientific
M cthods" to thc dcvcloprncnt of the Brazilian library anel Inform ation
C urricula.
PONMLKJIHGFEDCBA
K e y w ords. E pistcm ology, S cience, S cicntific R cscarch, M cthodology
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C i ê n c i a e i n u e s t i g a ç ã o . c o n s i d e r a ç õ e s M e r a i s
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