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Archai nº 21: revista completa Publicado por:

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Archai nº 21: revista completa

Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra URL

persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/42805 DOI: DOI:https://doi.org/10.14195/1984-249X_21 Accessed : 28-Oct-2022 21:49:19

impactum.uc.pt

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21 | sep.-dec. 2017

Revista sobre as origens do pensamento ocidental Journal on the Origins of Western Thought

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Archai: Revista de Estudos sobre as Origens do Pensa- mento Ocidental é uma publicação quadrimestral da Cátedra UNESCO Archai: As Origens do Pensamento Ocidental.

É publicada no Brasil (Universidade de Brasília/Anna- blume) e em Portugal (Imprensa da Universidade de Coimbra) em versões impressa e eletrônica. 

A avaliação dos artigos submetidos é feita pela modali- dade blind-review.

Archai está catalogada no Web of Science

(Thomson Reuters/ESCI), L’Année Philologique, Philoso- pher‘s Index, DOAJ, Phil Brasil, Philpapers, Latindex, Cengage Learning, Google Schoolar, BASE, PKP Index no Portal de Periódicos da CAPES. Recebeu avaliação de fator de impacto 5.171 no Scientific Journal Impact Fac- tor e foi avaliada pelo recente Qualis CAPES com a nota máxima (A2) na área de Filosofia.

EDIÇÃO:

Imprensa da Universidade de Coimbra Annablume Editora

EMAIL:

imprensa@uc.pt URL:

http://www.uc.pt/imprensa_uc

VENDAS ONLINE:

http://livrariadaimprensa.uc.pt http://www.annablume.com.br IMPRESSÂO:

Annablume

PROJETO GRÁFICO: Rodolfo Lopes DIAGRAMAÇÃO: Mickael Silva

COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO: Maria João Padez de Castro

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Carolina Pinto

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Infothes e Tesauro

Archai: Revista sobre as Origens do Pensamento Ocidental – Archai: Journal on the Origins of Western Thought, n.º 21 (sep./dec. 2017).

Brasília, 2017 [Impressa e eletrônica].

Quadrimestral.

Título português / inglês ISSN 2179 -4960.

e -ISSN 1984 -249X.

DOI: https://doi.org/10.14195/1984 -249X_21 1. Filosofia. 2. História da Filosofia. 3. História Antiga.

4. Literatura. 5. Estudos Clássicos. 6. História do Pensamento Ocidental.

CDU 101 CDD 100

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA Rua da Ilha, 1

3000-214 Coimbra Tel.: (+351) 239 247 170 http://livrariadaimprensa.uc.pt http://www.uc.pt/imprensa_uc

ANNABLUME EDITORA

Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 554 – Pinheiros 05415-020 – São Paulo – SP

Televendas: (5511) 3539 0225 – Tel.: (5511) 3539 0226 vendas@annablume.com.br

www.annablume.com.br Revista Archai/ Archai Journal Universidade de Brasília Caixa Postal: 4497 70904-970, Brasilia, DF Phone: +5561310777040 Email: archaijournal@unb.br Website: www.archai.unb.br/revista

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EDITORES PRINCIPAIS / PRINCIPAL EDITORS

Gabriele Cornelli (Universidade de Brasília, Brasil) – Editor Responsável – cornelli@unb.br

Rodolfo Pais Nunes Lopes (Universidade de Brasília, Brasil) – Editor Adjunto – rodolfolopes@unb.br

COMISSÃO EDITORIAL / EDITORIAL BOARD

Anna Marmodoro (University of Oxford, United Kingdom) - anna.marmodoro@philosophy.ox.ac.uk Barbara Sattler (University of Saint Andrews, United Kingdom) - bs21@st-andrews.ac.uk

Delfim Leão (Universidade de Coimbra, Portugal) - leo@fl.uc.pt

Dennys Garcia Xavier (Universidade Federal de Uberlândia, Brasil) – dennysgx@gmail.com Donald Morrison (Rice University, Houston, USA) - donaldm@rice.edu

Francesc Casadesus (Universitat de les Illes Balears, España) - fran.casadesus@uib.es Francesco Fronterotta (Università La Sapienza di Roma, Italia) - francescoips@gmail.com Giovanni Casertano (Università degli Studi di Napoli, Federico II, Italia) - casertan@unina.it Graciela Marcos de Pinotti (Universidad de Buenos Aires, Argentina) - grelmarcos@gmail.com Loraine de Fátima Oliveira (Universidade de Brasília, Brasil) – loraine@unb.br

Marcelo Carvalho (Universidade Federal de São Paulo, Brasil) - carvalho.marcelo@unifesp.br Maria Cecília Nogueira Coelho (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) – deltos@gmail.com Michael Erler (Universität Würzburg, Deutschland) - michael.erler@uni-wuerzburg.de

Miriam Campolina Peixoto (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) - mcdpeixotobh@gmail.com Oliver Renaut (Universitè Paris Ouest, Nanterre La Défense, France) - o.renaut@gmail.com

Phillip Horky (Durham University, United Kingdom) - phillip.horky@durham.ac.uk Richard McKirahan (Pomona College - Los Angeles, USA) - rdm04747@pomona.edu Sandra Rocha (Universidade de Brasília, Brasil) - sandralu@unb.br

COMISSÃO CIENTÍFICA / SCIENTIFIC COMMITTEE

Aldo Dinucci (Universidade Federal de Serjipe, Brasil) - aldodinucci@yahoo.com.br Anastácio Borges (Universidade Federal de Pernambuco, Brasil) - abaraujojr@uol.com.br

André Leonardo Chevitarese (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil) - andrechevitarese@yahoo.com.br.

Anna Motta (Freie Universität Berlin, Alemanha) - an.motta@gmail.com

Edrisi Fernandes (Universidade de Brasília, Brasil) - edrisi.fernandes@vicunha.com.br Fernando Muniz (Universidade Federal Fluminense, Brasil) - fernandomuniz@id.uff.br Fernando Rey Puente (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) - ferey@uol.com.br Fernando Santoro (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil) - fsantoro68@gmail.com Francisco Lisi (Universidad Carlos III de Madrid, España) - flisi@hum.uc3m.es

Franco Ferrari (Università degli Studi di Salerno, Italia) - fr.ferrari@unisa.it

Franco Trabattoni (Università degli Studi di Milano, Italia) - franco.trabattoni@unimi.it Hector Benoit (Universidade Estadual de Campinas, Brasil) - hbenoit@uol.com.br Henrique Cairus (Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil) - hcairus@ufrj.br José Gabriel Trindade Santos (Universidade Federal do Ceará, Brasil) - jtrin41@gmail.com Katia Pozzer (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil) - pozzer@terra.com.br

nº 21, sep.-dec. 2017

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Luc Brisson (CNRS, Paris - France) - lbrisson@agalma.net

Marcelo Boeri (Universidad Alberto Hurtado, Chile) - marcelo.boeri@gmail.com

†Marcelo Pimenta Marques† (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) - marquess56@ufmg.br Marco Zingano (Universidade de São Paulo, Brasil) - mzingano@usp.br

Marcus Mota (Universidade de Brasília, Brasil) - marcusmotaunb@gmail.com

Maria Aparecida Montenegro (Universidade Federal do Ceará, Brasil) - mariamonte7@hotmail.com Markus Figueira (Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil) - markusficus@gmail.com Noburu Notomi (Keio University, Japan) - notomi@hc.cc.keio.ac.jp

Pedro Paulo Funari (Universidade de Campinas, Brasil) - ppfunari@uol.com.br

Rodrigo Brito (Universidade Federal de Sergipe, Brasil) - www.rodrigobrito@gmail.com Thomas Robinson (University of Toronto, Canada) - tmrobins@chass.utoronto.ca Zélia de Almeida Cardoso (Universidade de São Paulo, Brasil) - zlvdacar@usp.br

COMITÊ DE REDAÇÃO / MANUSCRIPT COMMITTEE

Ália Rodrigues (Universidade de Brasília) – Coordenadora – archaijournal@unb.br Alexandre Schimel (Rio de Janeiro)

Gilmário Guerreiro da Costa (Brasília) Guilherme Motta (Rio de Janeiro) Jonatas Rafael Alvares (Rio de Janeiro) Renato Matoso (Rio de Janeiro)

nº 21, sep.-dec. 2017

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nº 21, sep.-dec. 2017

EDITORIAL

Gabriele Cornelli ...9

ARTIGOS / ARTICLES

O conceito estóico de phantasia: de Zenão a Crisipo The Stoic concept of phantasia: from Zeno to Chrysippus

Aldo Dinucci ...15 En torno a la φύσις. ¿Qué entendían los griegos por φυσικός?

On φύσις. What did the Greeks understand by φυσικός?

Alberto Bernabé Pajares ...39 The concept of the Sun as ἡγεμονικόν in the Stoa

and in Manilius’ Astronomica

Eduardo Boechat ...79 La memorización de las epítomes en la comunidad epicúrea

y la redefinición de la praxis filosófica

The memorization of epitomes in the Epicurean community and the redefinition of philosophical praxis

Rodrigo Braicovich ...127 Tum longas condimus iliadas: a Helena de Propércio

Tum longas condimus iliadas: the Propertius’ Helen

Paulo Martins ...159 Sobre a dificuldade de compreender

o sentido de movimento em Aristóteles On the difficulty of understanding the sense of movement in Aristotle

Rafael Mello Barbosa ...207 Mētis and violence in Machiavellian political theory

Regina Queiroz ...223

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nº 21, sep.-dec. 2017

Some notes on Sextus Empiricus' method of approaching the téchnai Rodrigo Pinto de Brito,

Alexandre Arantes Pereira Skvirsky, Lauro Iane de Morais ...251

TRADUÇÃO / TRANSLATION Platão. Cartas: Carta III

Plato. Letters: Letter III

Rodolfo Lopes e Gabriele Cornelli ...283

NOTAS / NOTES

La filosofia virtuale di Parmenide, Zenone e Melisso Uno sguardo alle prossime Lezioni Eleatiche

The Virtual Philosophy of Parmenides, Zeno, and Melissus A Glance to the Upcoming Eleatic Lectures

Livio Rossetti ...297

RESENHAS / REVIEWS

Review: Anderson, Peter J. (2015). Seneca: selected dialogues and consolations.

Indianapolis; Cambridge, Hackett Publishing Company

Aldo Dinucci ...337 Resenha: Laks, A.; Most, G. (2016). Early Greek Philosophy (9 vols.).

Cambridge MA, Loeb Classical Library. Laks, A.; Most, G. (2016). Les débuts de la Philosophie, des premiers penseurs grecs à Socrate. Paris, Fayard

Livio Rossetti ...341 Diretrizes para autores ...351 Submission Guidelines ...361

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nº 21, sep.-dec. 2017 Gabriele Cornelli

Universidade de Brasília (Brasil) cornelli@unb.br

Editorial

Escrevo este Editorial em um avião que atravessa o Atlântico. Parece-me um símbolo de nossa querida revista Archai, que entre os dois lados da tradição ocidental, aquela europeia e aquela americana, en- contra há quase uma década seus caminhos e aposta suas pontes. A Cátedra UNESCO Archai está a cada ano mais consolidada em suas redes internacionais de pesquisa, assim como sua política editorial, da qual a revista Archai é certamente a peça central e mais querida por todos nós.

Mais uma vez o presente número apresenta para os leitores uma seleção de Artigos de grande origi- nalidade e, ao que tudo indica, profundo impacto na comunidade. A começar pelo longo e exaustivo artigo de Aldo Dinucci dedicado a um conceito

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nº 21, sep.-dec. 2017

central para a tradição estóica como a phantasía.

O renomado filólogo ibérico Alberto Bernabé dedica-se por sua vez à desanima precisa do termo physikós no interior da literatura grega antiga, desde as origens até o século III aEC. A centralidade do termo para todo a reflexão filosófica é inegável.

Isso torna o detalhado e compreensivo artigo de Bernabé aqui publicado um marco essencial para qualquer estudo de filosofia antiga daqui em di- ante. Com o artigo de Eduardo Boechat voltamos ao estoicismo, para uma discussão de grande el- egância e atenção filológica sobre o Hegemonikon cósmico, conforme aparece em Manílio. Rodrigo Braicovich enfrenta em seu artigo um lugar comum da interpretação do epicurismo que diz respeito à pedagogia do movimento: esta estaria centrada na memorização das doutrinas. Ao contrário, o artigo oferece uma leitura mais integrada da pedagogia epicurista, onde as epitomes tem um lugar menos central, ainda que mais preciso. O artigo de Paulo Martins (atualmente Presidente da Sociedade Bra- sileira de Estudos Clássicos e estimado latinista) nos transporta para os versos da poesia de Propércio e nos entrega gentilmente aos braços de Helena.

Martins analisa os usos da imagem poética de He- lena em Propércio, observando especificamente a metáfora: “Cíntia é Helena.” O artigo de Rafael Mello Barbosa parte da necessidade de compreender a noção de movimento em Aristóteles de maneira não-redutivista, como parece ser o caso desde os primeiros comentadores. Enfim o instigante artigo de Regina Queiroz dedica-se à recepção do conceito de metis no interior da filosofia política de Maquiavel, indicando a centralidade da apropri- ação do conceito antigo para a definição da melhor

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nº 21, sep.-dec. 2017

conduta politica do Príncipe. A secção dos artigos do presente volume encerra-se com um artigo de Rodrigo Brito et alii dedicado ao ataque que Sexto Empírico lança contra as technai em seu Contra os Professores, examinando seus pressupostos teóricos, suas formas e suas consequências.

A seção de Tradução acolhe a terceira Carta de Platão, que continua o projeto de publicação de todas as Cartas de Platão proposto pelos dois Editores da revista. O tom ressentido de Platão contra a traição de Dioniso é certamente o marco mais significativo das páginas apresentadas.

A revista antecipa orgulhosamente, em uma Nota, as lições sobre a assim-chamada filosofia virtual dos eleatas que serão proferidas pelo professor Livio Rossetti, na próxima edição de Eleatica (28-30 de Setembro de 2017), evento já tradicional para o panorama internacional dos estudos pré-socráticos, que conta com o apoio da Cátedra UNESCO Archai desde o ano de 2009.

Duas Resenhas, uma dedicada a um recente livro sobre Sêneca e a segunda aos nove livros da recentíssima coleção Laks-Most Early Greek Philosophy, publicada pela LOEB, já amplamente saudada como o novo Diels-Kranz, concluem um volume rico de estímulos, novidades e boas ideias.

Permitam-me ao final uma última observação sobre este volume: a internacionalização da revista é mais uma vez evidente ao olharmos para os idiomas de seus textos. Publicamos desta vez 5 textos em inglês, 2 em espanhol, 1 em italiano e 5 em português.

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nº 21, sep.-dec. 2017

Esperamos ansiosamente pelo próximo número 22, de 2018, quando a revista cumprirá 10 anos de existência, para podermos celebrar e fazer um balanço do percurso.

Com os melhores votos de uma boa leitura!

Oceano Atlântico, 21 de Julho de 2017

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nº 21, sep.-dec. 2017

artigos | articles

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nº 21, sep.-dec. 2017 Aldo Dinucci - Universidade Federal de Sergipe (Brasil)

aldodinucci@yahoo.com.br

O conceito estoico de phan- tasia: de Zenão a Crisipo

The Stoic concept of phantasia:

from Zeno to Chrysippus

DINUCCI, A. (2017). O conceito estoico de phantasia: de Zenão a Crisipo. Archai nº21, sep.-dec., p. 15-38

DOI: https://doi.org/10.14195/1984 -249X_21_1

Resumo: Neste artigo trataremos da questão da tradução do termo phantasia, dos principais conceitos imediatamente relacionados à noção, da distinção entre a concepção de phantasia de Cleantes e dos desenvolvimentos realizados por Crisipo.

Palavras-chave: Phantasia, Estoicismo, Cleantes, Crisipo.

Abstract: In this paper we will deal with the question of the translation of the term phantasia, with closely related con- cepts, with the distinction between Cleanthus’ conception of phantasia and the developments made by Chrysippus.

Keywords: Phantasia, Stoicism, Cleanthes, Chrysippus.

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Aldo Dinucci, ‘O con- ceito estoico de phan- tasia: de Zenão a Cri- sipo’, p. 15-38

nº 21, sep.-dec. 2017

Introdução

A noção de phantasia1 é de fundamental importância para a compreensão da filosofia estoica por se rela- cionar a questões lógicas, epistemológicas e éticas, estabelecendo a relação entre o hegemonikon (a parte diretriz da mente humana) e o mundo e possuindo simultaneamente um caráter corpóreo (na medida em que é uma alteração do hegemonikon causada por um objeto exterior), lógico (pois o mais importante tipo de phantasia dos seres racionais possui conteúdo proposicional) e epistemológico (pois através da phan- tasia os seres racionais podem efetivamente conhecer o mundo). Ao longo deste artigo, trataremos dos princi- pais conceitos imediatamente relacionados à noção de phantasia, da distinção entre a concepção de phantasia de Cleantes e dos desenvolvimentos realizados por Crisipo, deixando para outro trabalho a análise dessa noção em estoicos posteriores.

Após nossa análise, na conclusão, procuraremos responder à seguinte questão. Quanto às críticas de Crisipo à analogia de Cleantes, os comentadores defendem duas posições básicas: (i) Crisipo teria somente desenvolvido a concepção de Cleantes;

(ii) Crisipo teria produzido uma nova concepção

1 Há grande divergência entre os comentadores quanto à tradução do termo grego phantasía no contexto estoico: Lesses (1998), Annas (1991) e Sorabji (1990) traduzem o termo por “aparência”

(appearance); Frede (1983) e Long & Sedley (1987) preferem “impres- são” (impression); Inwood e Gerson (1988) optam por “apresentação”

(presentation); A. Long (1991) usa posteriormente “representação”

(representation), substituindo sua tradução anterior, “impressão” (im- pression), para evitar confusão com o conceito humeano homônimo.

No presente artigo, entretanto, nos limitaremos a transliterar o termo.

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Aldo Dinucci, ‘O con- ceito estoico de phan- tasia: de Zenão a Cri- sipo’, p. 15-38

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de phantasia, tornando obsoleta a de Cleantes.

A posição (i) é sustentada por Long & Sedley (1987a, p. 2392), Annas (1991, p. 72-75), Modrak (1993, p. 99) e Shields (1993, p. 333-4), que consideram que a intepretação de Cleantes em termos de sim- ples correspondência foi aperfeiçoada por Crisipo.

A posição (ii) é sustentada por Lesses (1998, p. 6), para quem “Crisipo parece criticar Cleantes por aceitar uma concepção ingênua de phantasia mental que implica que phantasiai perceptivas são cópias de qualidades que os objetos representados possuem”.

1. A noção estoica de phantasia e seu desen- volvimento de Zenão a Crisipo

Em primeiro lugar, falemos muito brevemente sobre o caráter corpóreo3 da mente (psyche) para os estoicos. Para o Pórtico, dois princípios funda- mentais perfazem o cosmos: um ativo, ora chamado de logos (a razão universal), ora de fogo inteligente, e identificado com a divindade que estrutura o mundo (cf. D.L. 7.134; Aécio4 1.7.3); outro passivo, a matéria inerte. Dos quatro elementos, dois são ativos (fogo e ar) e dois são passivos (água e terra).

Os dois ativos se combinam para produzir pneuma, que, ao perpassar todos os corpos, sustém cada um deles através de um movimento simultâneo para

2 Cf. Sedley (1993, p.329-330).

3 Preferiremos qualificar os estoicos de corporalistas e não materialistas, pois a segunda opção implica anacronismo, já que o materialismo, enquanto posição filosófica, é moderno.

4 Doxógrafo e filósofo que viveu entre os séculos I e II d.C.

Nenhuma obra sua nos chegou, a não ser dois extratos: um em Pseudo- -Plutarco (Placita Philosophorum) e outro em Estobeu (Eclogae Physicae).

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Aldo Dinucci, ‘O con- ceito estoico de phan- tasia: de Zenão a Cri- sipo’, p. 15-38

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dentro (que mantém cada corpo unificado) e para fora (que confere a cada corpo suas qualidades).

Esse duplo movimento constitui o tônus de cada coisa. Há quatro níveis de tonicidade: hexis, dos corpos inanimados; physis, das plantas; psyche, dos animais; hegemonikon, a capacidade racional e diretriz dos seres humanos (cf. D.L. 7.138-9, Philo 2.22.3). As demais funções psíquicas humanas (os cinco sentidos, a função procriativa, a função da fala e a razão) são extensões do hegemonikon (cf. D.L.

7.157). Essas concepções, que para os estoicos fazem parte da física, subjazem ao conceito de phantasia que investigaremos aqui.

O primeiro ponto que inquiriremos acerca do desenvolvimento do conceito estoico de phantasia de Zenão a Crisipo passa pela divergência entre Crisipo e Cleantes, que nos é informada em por- menores por Sexto (Math. 7.228-31) e referida por Diógenes Laércio (D.L. 7.49.1).

Consideremos em primeiro lugar o relato de Sexto:

(7.228.5) Então (1) phantasia é, segundo eles [, os es- toicos], impressão na mente. Sobre isso imediatamente também divergem. (2) Cleantes, com efeito, entendeu a impressão como elevação e depressão, do mesmo modo que ocorre com a impressão por meio de sine- tes sobre a cera. (7.229.1) Mas (3) Crisipo considerou tal impossível. Com efeito, primeiro (3.1), diz <ele>, é preciso, quando o pensamento tiver a phantasia de um triângulo e um quadrado, que o mesmo corpo tenha diferentes formas em si simultaneamente e se torne triângulo e quadrado ou também circulo, o que é efetivamente impossível. (7.229.5) Então, (3.2) sub- sistindo simultaneamente muitas phantasiai em nós, a

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Aldo Dinucci, ‘O con- ceito estoico de phan- tasia: de Zenão a Cri- sipo’, p. 15-38

nº 21, sep.-dec. 2017 mente terá muitos formatos, (7.230.1) o que é pior que

o primeiro. Então ele conjecturou ter sido dito antes por Zenão “alteração”, de modo a ser tal a definição:

(4) “phantasia é alteração da mente”, e não mais sendo impossível (7.230.5) o mesmo corpo, em um <único e mesmo tempo>, existindo phantasiai em nós, receber numerosas alterações. Pois do mesmo modo que o ar, quando muito falam simultaneamente, recebendo um indizível número de diferentes golpes, comporta muitas alterações, assim também o hegemonikon, possuindo phantasiai diversificadas, sofre algo análogo a isso.5

Nessa passagem temos o seguinte: (1) a definição de phantasia como impressão na mente (typosis en psychei), que é afirmada como ponto pacífico entre os estoicos; (2) a afirmação de que Cleantes entendeu a impressão como elevação e depressão, do mesmo

5 S.E. Math. (7.228.5) φαντασία οὖν ἐστι κατ’ αὐτοὺς τύπωσις ἐν ψυχῇ. περὶ ἧς εὐθὺς καὶ διέστησαν· Κλεάνθης μὲν γὰρ ἤκουσε τὴν τύπωσιν κατὰ εἰσοχήν τε καὶ ἐξοχήν, ὥσπερ καὶ <τὴν> διὰ τῶν δακτυλίων γινομένην (7.229.1) τοῦ κηροῦ τύπωσιν, Χρύσιππος δὲ ἄτοπον ἡγεῖτο τὸ τοιοῦτον. πρῶτον μὲν γάρ, φησί, δεήσει τῆς διανοίας ὑφ’ ἕν ποτε τρίγωνόν τι καὶ τετράγωνον φαντασιουμένης τὸ αὐτὸ σῶμα κατὰ τὸν αὐτὸν χρόνον διαφέροντα ἔχειν περὶ αὑτῷ σχήματα ἅμα τε (7.229.5) τρίγωνον καὶ τετράγωνον γίνεσθαι ἢ καὶ περιφερές, ὅπερ ἐστὶν ἄτοπον· εἶτα, πολλῶν ἅμα φαντασιῶν ὑφισταμένων ἐν ἡμῖν, παμπληθεῖς καὶ τοὺς σχηματισμοὺς ἕξειν τὴν (7.230.1) ψυχήν, ὃ τοῦ προτέρου χεῖρόν ἐστιν. αὐτὸς οὖν τὴν τύπωσιν εἰρῆσθαι ὑπὸ τοῦ Ζήνωνος ὑπενόει ἀντὶ τῆς ἑτεροιώσεως, ὥστ› εἶναι τοιοῦτον τὸν λόγον

“φαντασία ἐστὶν ἑτεροίωσις ψυχῆς”, μηκέτι ἀτόπου ὄντος (7.230.5)

<τοῦ> τὸ αὐτὸ σῶμα, ὑφ’ ἓν [κατὰ τὸν αὐτὸν χρόνον] πολλῶν περὶ ἡμᾶς συνισταμένων φαντασιῶν, παμπληθεῖς (7.231.1) ἀναδέχεσθαι ἑτεροιώσεις· ὥσπερ γὰρ ὁ ἀήρ, ὅταν ἅμα πολλοὶ φωνῶσιν, ἀμυθήτους ὑπὸ ἓν καὶ διαφερούσας ἀναδεχόμενος πληγὰς εὐθὺς πολλὰς ἴσχει καὶ τὰς ἑτεροιώσεις, οὕτω καὶ τὸ ἡγεμονικὸν ποικίλως φαντασιούμενον ἀνάλογόν τι τούτῳ πείσεται.

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modo que ocorre com a impressão de um sinete sobre a cera; (3) a afirmação de que Crisipo consi- derou tal impossível, pois (3.1) é preciso, quando o pensamento tiver a phantasia de um triângulo e um quadrado, o mesmo corpo possuir diferentes forma- tos em si simultaneamente e, consequentemente, (3.2) subsistindo simultaneamente muitas phanta- siai em nós, a mente terá muitos formatos. A partir disso, (4) temos a atribuição de Crisipo a Zenão de Cítio da definição de phantasia como “alteração”

(heteroiosis) na mente. Não se trata propriamente de uma nova definição, mas de precisar o sentido de typosis que aparece na definição (1), isto é, que essa impressão não é como a de um sinete sobre a cera, mas como uma modificação na mente, isto é, no hegemonikon. (5) Essa redefinição comporta a possibilidade de coexistirem ao mesmo tempo na mente humana numerosas alterações.

Diógenes Laércio, como dissemos, refere-se sinte- ticamente a essa divergência entre Cleantes e Crisipo acerca da phantasia:

(1) <A phantasia é> impressão na mente [typosis en pychei], quer dizer, (4) alteração [alloiosis], como Crisipo sustenta no segundo capítulo do Da Mente.

(3) Pois não se deve compreender a phantasia [7.50.5]

como um golpe de sinete, (3.3) já que é impossível ocorrer muitos golpes ao mesmo tempo e no mesmo lugar. (D.L. 7.50 ss.6)

6 φαντασία δέ ἐστι τύπωσις ἐν ψυχῇ, τουτέστιν ἀλλοίωσις, ὡς ὁ Χρύσιππος ἐν τῷ δευτέρῳ Περὶ ψυχῆς ὑφίσταται. οὐ γὰρ δεκτέον τὴν τύπωσιν οἱονεὶ τύπον σφραγιστῆρος, ἐπεὶ ἀνένδεκτόν ἐστι πολλοὺς τύπους κατὰ τὸ αὐτὸ περὶ τὸ αὐτὸ γίνεσθαι. Cf. S.E. Math 7.168-75; 227-231.

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Aldo Dinucci, ‘O con- ceito estoico de phan- tasia: de Zenão a Cri- sipo’, p. 15-38

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Nesse passo, temos novamente a (1) definição de phantasia como impressão (typosis). Chamemos essa de definição estoica genérica de phantasia.

A seguir, Diógenes precisa o que dissera, (4) definindo a phantasia como alteração na mente e atribuindo essa definição a Crisipo, como Sexto, além de remetê- la ao tratado crisipeano Da mente, hoje perdido.

Diógenes não utiliza o termo heteroiosis, empregado por Sexto, mas um sinônimo: alloiosis. Chamemos essa de definição crisipeana genérica de phantasia.

Como na passagem de Sexto, há uma crítica (3.3) à analogia da impressão sobre a cera. Analisaremos essas críticas detidamente mais à frente.

Sintetizando o que há em comum em ambos os relatos doxográficos, temos duas definições de phantasia: (1) a estoica genérica, como impressão na mente, e (4) a crisipeana genérica, como alteração.

À definição (1) associa-se a (2) analogia da impressão sobre a cera de Cleantes, que é (3) declarada inad- equada por Crisipo.

Pelo que vimos, para Crisipo, a metáfora da impressão sobre a cera implica uma falsa analogia segundo a qual o sinete está para a impressão as- sim como o objeto externo está para a phantasia.

Essa analogia, além da relação de semelhança entre objeto exterior e phantasia, acarreta também que a phantasia tem unicamente como causa o obje- to exterior. Essa concepção passiva de phantasia vai claramente de encontro à teoria crisipeana da causalidade. Segundo essa teoria, uma das muitas inovações que Crisipo trouxe ao Pórtico, toda causa é um corpo que age sobre outro corpo, produzindo um efeito incorpóreo. Por exemplo: um bisturi, que

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é um corpo, se torna a causa, na carne, que é outro corpo, do predicado incorpóreo “ser cortada”7. Toda causa é um princípio ativo, e todo movimento (kine- sis) e qualidade (schesis) requer uma causa que, em última instância, se remete ao pneuma que pervade todas as coisas e é causa primeira de todas elas.

Há, assim, causas qualitativas e causas cinéticas. Ao contrário de qualidades, todo movimento requer uma causa antecedente8. Há causas próximas e au- xiliares e causas perfeitas e principais9. Em alguns casos (como no do perfazimento da phantasia), são necessárias duas instâncias causais: o objeto externo ou a causa antecedente; o fator interno ao objeto no qual o efeito ocorre, a causa perfeita e principal10. A (7) analogia da phantasia com a luz, atribuída a Crisipo por Aécio, parece ter como fundamento tal doutrina da causalidade:

Crisipo diz diferirem estas quatro coisas. (6) Phantasia, com efeito, é afecção que ocorre na mente, mostrando em si mesma também o que a produziu. Por exemplo:

quando, através dos olhos, vemos algo branco, é afecção o que ocorre através da visão na mente. Também <se- gundo> isso se diz que temos afecção porque o branco que subjaz nos move. De modo semelhante também através do tato e do olfato. (7) A phantasia é dita com base no que ocorre com a luz, pois, do mesmo modo que a luz mostra a si mesma e as outras coisas que estão 7 Cf. Stob. Ecl. 1.138.23 – 1.139.4; Cic. Fat. 41-5; Plutarco, Das contradições dos estoicos c.47.

8 Proegoumenon – cf. Cic. Fat. 21, 40, 41, 43.

9 Cic. Fat. 41.

10 Cic. Fat. 43. Esta é a interpretação ortodoxa acerca da causa- lidade estoica. Cf. Botros, 1985; Dobbin, 1991; A. Long, 1968; Sedley, 1993. Para uma interpretação alternativa, cf. Susanne Bobzien, 1999.

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nº 21, sep.-dec. 2017 ao seu redor, também a phantasia mostra a si mesma

e o que a produziu. (Aécio 4.12.1-5 - Pseudo-Plutarco, Placita Philosophorum, 900 D5 ss.)11

A citação começa com outra definição de phan- tasia atribuída a Crisipo: (6) afecção (pathos) que ocorre na mente. Essa – que chamaremos de definição física crisipeana de phantasia – é mais precisa que a definição genérica crisipeana apresentada acima:

(4) alteração na mente. Na definição física, é pre- cisado o tipo de alteração que ocorre no processo da produção da phantasia: uma afecção (pathos).

Na acepção física, pathos é definido como impulso (horme12), e o impulso, genericamente falando, é definido como um rápido movimento (phora) da mente em direção a algo13. Como vimos acima, todo movimento requer uma causa antecedente, pelo que podemos concluir ser esta, no caso da phantasia, o objeto exterior. A (6) analogia da luz evidencia esse fato, o que implica que a causa antecedente da phantasia (que é desta a causa próxima e auxiliar) não basta para explicar a phantasia. A relação entre

11 Χρύσιππος διαφέρειν ἀλλήλων φησὶ τέτταρα ταῦτα. φαντασία μὲν οὖν ἐστι πάθος ἐν τῇ ψυχῇ γινόμενον, ἐνδεικνύμενον ἐν αὑτῷ καὶ τὸ πεποιηκός· οἷον, ἐπειδὰν δι› ὄψεως θεωρῶμέν τι λευκόν, ἔστι πάθος τὸ ἐγγεγενημένον διὰ τῆς ὁράσεως ἐν τῇ ψυχῇ· καὶ <κατὰ> τοῦτο τὸ πάθος εἰπεῖν ἔχομεν, ὅτι ὑπόκειται λευκὸν κινοῦν ἡμᾶς. ὁμοίως καὶ διὰ τῆς ἁφῆς καὶ τῆς ὀσφρήσεως. εἴρηται δ› ἡ φαντασία ἀπὸ τοῦ φωτός·

καθάπερ γὰρ τὸ φῶς αὑτὸ δείκνυσι καὶ τὰ ἄλλα τὰ ἐν αὐτῷ περιεχόμενα, καὶ ἡ φαντασία δείκνυσιν ἑαυτὴν καὶ τὸ πεποιηκὸς αὐτήν.

12 “Paixão é uma espécie de impulso” (en eidei to pathos tes hormes esti) – Ário Dídimo 9b 32-33.

13 “Impulso é um rápido movimento da mente em direção a algo”

(hormen einai phoran psyches epi ti kata genos) – Ário Dídimo 9.31-32.

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sinete e impressão sobre a cera faz do primeiro o agente e da segunda um mero efeito de sua ação; já a relação entre luz e objeto iluminado é distinta, pois se, por um lado, é preciso que haja um objeto para que a luz o mostre, por outro, o objeto não pode ser de modo algum apontado como causa da luz, que efetivamente mostra a si mesma. Em outros termos, ainda que a phantasia tenha como causa antecedente o objeto exterior que efetua um movimento ou uma afecção no hegemonikon, este, ao receber o movi- mento (que, podemos dizer, chama a sua atenção para a causa do movimento), inicia o processo de compreender o que o afetou, participando ativa- mente do processo de perfazimento de phantasia, que efetivamente se dá nele e por meio dele.

Diógenes Laércio apresenta sucintamente uma descrição estoica do processo da produção da phan- tasia na mente humana. Após observar que “é pela phantasia que a verdade das coisas é conhecida” (D.L.

7.49.1), acrescenta que “a phantasia precede, depois o pensamento, sendo capaz de exprimir, exibe por meio da palavra o que experiencia pela phantasia”

(D.L. 7.49.7-50.1)14. Podemos aí constatar os dois momentos através dos quais a phantasia se perfaz: o primeiro é aquele no qual a phantasia ocorre. Deve- -se compreender aqui phantasia no sentido genérico do termo. Em D.L. 7.51, Diógenes Laércio menciona a distinção entre a phantasia racional (logike) e a irracional (alogos), sendo a primeira humana e a segunda própria dos demais animais. Assim, na pas-

14 προηγεῖται γὰρ ἡ φαντασία, εἶθ› ἡ διάνοια ἐκλαλητικὴ ὑπάρχουσα, ὃ πάσχει ὑπὸ τῆς φαντασίας, τοῦτο ἐκφέρει λόγῳ. Cf. à frente análise detalhada dessa frase.

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sagem supracitada, a phantasia aparece nesta última acepção, rementendo-se ao processo de produção da phantasia no ser humano considerado genericamente, como animal. Trata-se de distinção conceitual usada para descrever o processo de produção da phantasia, já que é evidente que não pode haver, propriamente falando, phantasia irracional na mente humana, pois o ser humano é especificamente racional. Entretanto, a descrição do processo fala de dois momentos dis- tintos: o primeiro, no qual o objeto exterior efetua uma modificação no hegemonikon; o segundo, no qual o hegemonikon exibe linguisticamente o que o afetou. A mente humana, como já notamos, é cons- tituída de pneuma em certo grau de tonicidade, no estado de hegemonikon. Nesse estado, o pneuma se torna capaz de identificar o que o afetou, razão pela qual “o pensamento, sendo capaz de exprimir (dia- noia eklaletike), exibe por meio da palavra (logoi) o que experiencia (paschei) pela phantasia”. Assim, a diferença entre a phantasia animal e a racional é que esta é literalmente inscrita na razão: o movimento é produzido pelo objeto externo no hegemonikon, atingindo-o através de suas extensões sensoriais, e, ao perceber o movimento, o hegemonikon, causa perfeita e principal da phantasia, evidencia racio- nalmente a afecção.

Voltemos uma vez mais sobre as críticas de Cri- sipo à analogia da impressão sobre a cera do modo a compreendê-las. São elas:

(3.1) Não é possível que o hegemonikon tenha simultaneamente a phantasia de um triângulo e um quadrado, pois um corpo não pode possuir, ao mesmo tempo, diferentes formas (schemata) em si;

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(3.2) Não é possível que o hegemonikon tenha diferentes phantasiai, já que terá então diferentes formatos (schematismous) simultâneos;

(3.3) Não é possível que o hegemonikon tenha diferentes phantasiai, já que sofrerá diferentes golpes ao mesmo tempo e no mesmo lugar.

A crítica (3.1) parece implicar que, para Cleantes, o hegemonikon literalmente toma a forma da coisa representada. Isto é: ao perceber um quadrado, torna-se quadrado; ao perceber um triângulo, torna- se triângulo. Portanto, ao perceber simultaneamente um quadrado e um triângulo, teria de se tornar simultaneamente um quadrado e um triângulo, o que é impossível. Mas esse não pode ser o caso, pois Sexto acabara de afirmar, antes de relatar essa crítica de Crisipo, que “Cleantes [...] entendeu a impressão como elevação e depressão, do mesmo modo que ocorre com a impressão por meio de sinetes sobre a cera” (S.E. Math 7.228.5). O alvo de (3.1), desta forma, é a analogia de Cleantes da impressão sobre a cera, que, como vimos, supõe semelhança entre a phantasia e o que a produziu e a concepção do he- gemonikon como corpóreo. Assim, segundo Crisipo, se uma phantasia fosse tal qual uma impressão sobre a cera, ao perceber simultaneamente um triângulo e um quadrado, o hegemonikon teria que possuir simultaneamente em si impressos os diferentes forma- tos, o que Crisipo declara ser impossível. A crítica (3.2) parece-nos ser simplesmente a consequência de (3.1): se o hegemonikon não pode simultaneamente ter em si impressos no mesmo lugar tais diferentes formatos, tampouco pode ter em si diferentes phan- tasiai. Teríamos, portanto, o seguinte argumento:

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1. É preciso, quando o pensamento tiver a phan- tasia de um triângulo e um quadrado, que o mesmo corpo tenha diferentes formas em si simultaneamente e se torne triângulo e qua- drado ou também circulo;

2. Logo, subsistindo simultaneamente mui- tas phantasiai em nós, a mente terá muitos formatos.

A crítica (3.3) parece-nos um argumento distinto:

receber simultaneamente diferentes phantasiai sig- nifica receber simultaneamente e no mesmo lugar golpes diversos, o que é impossível.

Tais críticas não parecem fazer sentido se pensarmos em um pedaço de cera de certo tamanho, que pode certamente receber impressões de diferentes formatos simultaneamente. Para a crítica de Crisipo se tornar compreensível, é preciso ter em mente o que Sexto nos diz em Math. 7.228.5: Cleantes se refere especificamente à impressão de sinetes sobre a cera. Tal impressão servia para lacrar cartas: um pequeno pedaço de cera era derretido e colocado em uma carta lugar para lacrá-la de modo que apenas o destinatário a pudesse ler (pois qualquer outro que abrisse a carta teria que romper o lacre, evidenciando a violação). Sobre a cera ainda mole, aplicava-se o sinete, que imprimia o símbolo nele inscrito. De fato, como vimos, Diógenes Laércio observa que a concepção de Cleantes implica o recebi- mento de diversos golpes simultaneamente e no mesmo lugar (D.L. 7.50). Assim, tal analogia implica haver um pequeno espaço, no qual nem diversas formas podem ser impressas simultaneamente, nem diversas phantasiai podem ser impressas simultaneamente, nem

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diversos golpes podem atingi-lo simultaneamente, pelo que Crisipo a descarta.

Entretanto, mais importante que essas críticas é que a analogia da impressão sobre a cera implica uma concepção do hegemonikon como corpóreo no sentido passivo do termo, enquanto ele, pneuma com certa tonicidade, é corpóreo no sentido ativo.

Trocando em miúdos, a matéria passiva é espessa, como um pedaço de cera ou de pedra ou de madeira, enquanto o hegemonikon é fluido, perpassando, como pneuma, o corpo humano. Se um pedaço de cera admite impressões no sentido passivo da palavra, o mesmo não se dá com o hegemonikon:

os sentidos são extensões dele mesmo; portanto, as percepções lhe chegam através dessas extensões de modo fluído, não ao modo de impressões sobre uma matéria maleável, mas ao modo de movimen- tos que o afetam, aos quais ele, sendo ativo, reage.

Eis a razão pela qual Crisipo introduz ainda outra metáfora: (7) a analogia do ar. É dito na citação de Sexto apresentada acima: “Pois do mesmo modo que o ar, quando muitos falam simultaneamente, recebendo uma miríade de diferentes golpes, com- porta muitas alterações, assim também o hegem- onikon, possuindo phantasiai diversificadas, sofre algo análogo a isso” (S.E. Math. 7.230.7). O ar é um dos elementos ativos constitutivos do Cosmos. E o próprio pneuma é uma combinação do fogo com o ar, pelo que a modificação que lhe é possível a partir de um objeto externo é da ordem do movimento.

Isso exclui a possibilidade de que o hegemonikon tome a forma do objeto externo – o que faz, como já dissemos, é reagir a esse movimento identificando racionalmente o objeto externo.

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2. O debate entre Zenão de Cítio e Arcesilau sobre a phantasia e sua relação com as ino- vações propostas por Crisipo

A doutrina estoica da phantasia sofrera, em seus primórdios, duros ataques da parte da Academia.

Cícero (Acad. Post. 77 ss.) assim nos informa quanto a esse debate15: Arcesilau, dialogando com Zenão de Cítio, tenta mostrar que mesmo o sábio deve reter o assentimento em ocasiões nas quais não se pode distinguir entre uma phantasia compreensiva e uma phantasia não-compreensiva (akataleptos), pelo que a phantasia compreensiva não pode ser guia para a ação correta (já que não haveria critério para diferenciar a phantasia compreensiva da não compreensiva). Zenão contra-argumenta que duas coisas não podem ser idênticas e que o sábio é capaz de efetuar as distinções que os homens comuns não alcançam e que a suspensão de juízo generalizada resulta em apraxia, incapacidade de agir (i.e. ao suspender o juízo sobre tudo, o cético ficará como o medieval asno de Buridan, incapaz de escolher uma via para a ação e, logo, reduzir-se-á à inatividade).

O cético redargue que a afirmação do sábio estoico como capaz de efetuar a distinção o torna o próprio critério, que, por isso, se faz inacessível ao homem comum e circular. Entretanto, para os estoicos, como vimos acima, o que distingue o homem dos demais animais é justamente o hegemonikon, com o qual se assente ou não às phantasiai. Portanto, argumentam os estoicos, prescindir desse assentimento, como o quer Arcesilau, é fundamentalmente impossível para

15 Para maiores detalhes sobre esse debate, remetemos o leitor a Dinucci & Brito, 2014.

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o ser humano, pois isso significa ter de abrir mão da própria natureza humana16. Arcesilau responde a isso com o critério do razoável (eulogon), guia da ação reta sem compromisso com a verdade17.

Esse debate antecede e explica as inovações com as quais Crisipo guarnece conceitualmente os critérios estoicos para identificar a phantasia compreensiva, defendendo a noção estoica de phantasia dos ataques dos acadêmicos. Os critérios estoicos18, que em parte emergem do debate de Zenão de Cítio com Arcesi- lau, nos são informados por Diógemes Laércio (D.L.

7.47): “<a phantasia> compreensiva, que é o critério das ações, dizem <os estoicos>, (a) é a que advém de algo que existe, (b) de acordo com o que existe, (a.1) carimbada e impressa <pelo que existe>”19. Comentemos sumariamente esses critérios.

O critério (a), que nos diz que a phantasia é com- preensiva por “advir de algo que existe”, constitui a resposta de Zenão de Cítio a Arcesilau, de acordo com o que nos é informado por Cícero. De fato, Diógenes Laércio, alguma linhas depois, acrescenta:

“A <phantasia> não compreensiva ou não <advém>

do que existe ou <advém do que existe>, mas não <é>

16 Quanto a esse debate, cf. Plut. Ad. Col. 1122 A-F.

17 S.E. Contra os lógicos I.158.

18 Apresentaremos aqui os critérios delineados até Crisipo. Es- ses critérios se modificaram ao longo da história antiga do estoicismo, constituindo um problema sempre debatido, como o é ainda hoje no âmbito da filosofia.

19 καταληπτικὴν μέν, ἣν κριτήριον εἶναι τῶν πραγμάτων φασί, τὴν γινομένην ἀπὸ ὑπάρχοντος κατ› αὐτὸ τὸ ὑπάρχον ἐναπεσφραγισμένην καὶ ἐναπομεμαγμένην·

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segundo isso mesmo que existe” (D.L. 7.46.5)20. Conse- quentemente, ser originada de algo que existe constitui uma das notas distintivas da phantasia compreensiva, pelo que não pode ser jamais ser idêntica à phantasia não-compreensiva. Com esse critério, Zenão descarta a possibilidade de que haja uma phantasia que não advenha do que existe idêntica a uma que advenha do que não existe, como aquela que se tem em um sonho ou em uma alucinação21. O critério (b) para Zenão e Cleantes significa que a phantasia compreen- siva é semelhante àquilo que a imprimiu, enquanto para Crisipo significa que a phantasia compreensiva corresponde ao objeto externo. Quer dizer: o hegem- onikon, após perceber e interpretar a modificação que recebe do objeto externo, traduz linguisticamente o que o afetou, perfazendo a phantasia racional. Caso a descrição seja verdadeira, a phantasia é compreen- siva e está de acordo com o objeto externo. Caso a descrição seja falsa, a phantasia é não-compreensiva e não está de acordo com o objeto externo. O crité- rio (c) enfatiza a relação causal entre a phantasia e o objeto externo, sua causa antecedente, bem como que a phantasia compreensiva tem de ter como causa antecedente um objeto exterior22. Esse critério é, sob o ponto de vista de Zenão, a afirmação da phantasia

20 ἀκατάληπτον δὲ ἢ τὴν μὴ ἀπὸ ὑπάρχοντος, ἢ ἀπὸ ὑπάρχοντος μέν, μὴ κατ› αὐτὸ

δὲ τὸ ὑπάρχον· τὴν μὴ τρανῆ μηδὲ ἔκτυπον. Cf. Cic. Acad. 1.40-42;

Sedley (2014).

21 Para maiores detalhes sobre isso, remetemos o leitor a Sedley (2014).

22 Ainda que indiretamente, como, por exemplo, o conceito abstrato de “ser humano”, que se forma a partir da visualização de indivíduos humanos.

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como typosis. Como vimos, Cleantes o lê a partir da analogia da impressão sobre a cera. Tal analogia é descartada por Crisipo, compreendendo typosis no sentido de alteração na mente que tem como causa externa e auxiliar um objeto externo, com o que tanto resgata quando desenvolve a concepção zenoniana de phantasia.

Conclusões:

Ao longo deste artigo, vimos o seguinte:

1. A definição estoica genérica de phantasia, atribuída por Crisipo a Zenão, como im- pressão (typosis) na mente, com a qual, se- gundo Sexto, todos os estoicos concordam;

2. A interpretação de Cleantes da definição acima a partir da analogia da impressão sobre a cera, Criticada por Crisipo;

3. As críticas de Crisipo a essa interpretação;

4. A definição crisipeana genérica de phantasia como alteração na mente, que Crisipo, segundo Sexto, remete a Zenão;

5. A definição crisipeana física de phantasia como afecção na mente;

6. A analogia crisipeana da luz;

7. A analogia crisipeana do ar.

Vimos também que, a partir da teoria crisipeana de causalidade, a phantasia não é mais mero efeito

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de objeto exterior na mente, como vista a partir da analogia da cera de Cleantes, pois ainda que a causa exterior da phantasia seja o objeto exterior que efetua o movimento na mente, o objeto não é senão a causa antecedente da phantasia. A causa principal desta é o próprio hegemonikon no qual o movimento é efetuado.

Envolvidas no processo de produção da phantasia há, podemos dizer, uma ação cinética perpetrada pelo objeto exterior sobre o tecido diretriz (digamos “tecido”

para enfatizar o caráter corpóreo do hegemonikon) e uma reação qualitativa do próprio tecido que realiza o esforço de interpretar racionalmente o que o afetou através das extensões sensoriais do hegemonikon.

Voltemo-nos à questão que deixamos em aberto acima sobre se Crisipo desenvolve a concepção de phantasia de Cleantes ou a supera, impondo uma nova. Em primeiro lugar, pelo que vimos, não há uma concepção de Cleantes propriamente dita, mas há o que chamamos de definição estoica genérica de phantasia e uma interpretação (esta sim de Cleantes) dessa definição a partir da analogia com impressão sobre a cera. Tal interpretação é criticada por Crisipo, que, relendo a definição estoica genérica de phanta- sia, propõe outra, a definição crisipeana genérica de phantasia. É interessante notar que o próprio Crisipo não se vê (ou não quer ser visto) como propondo uma nova definição de phantasia, pois atribui essa compreensão da phantasia a Zenão de Cítio. Assim, Crisipo, ao não concordar com a interpretação de Cleantes a partir da analogia da impressão sobre a cera, propõe uma releitura da definição estoica gené- rica, pelo que podemos dizer que ele mesmo não se vê delineando uma nova concepção de phantasia, mas tão somente oferecendo uma exegese que ele diz

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alinhar-se à de Zenão. O que efetivamente constitui uma novidade quanto à noção estoica de phantasia não é a definição de phantasia e suas sucessivas in- tepretações e releituras, mas a teoria crisipeana da causalidade que passa a subjazer à noção estoica em questão. A partir de Crisipo e fundamentada por tal teoria, a phantasia não é mais vista como causada unicamente pelo objeto exterior. Pelo contrário, o objeto exterior agora é visto somente como a causa antecedente e auxiliar. O hegemonikon passa a ser a causa principal da phantasia através do exercício de pôr em termos racionais o que o afeta. O processo de formação da phantasia envolve, portanto, duas cadeias causais. Assim, Crisipo nem desenvolve nem substitui a definição de Cleantes (posto que esta não existe), mas reinterpreta a definição estoica genérica, que atribui a Zenão, propondo uma nova fundamen- tação para tal definição, sua teoria da causalidade.

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nº 21, sep.-dec. 2017

1

* Este trabajo forma parte de un proyecto de investigación financiado por la Subdirección General de Proyectos de Investigación del MINECO (FFI2013-43126-P).

Alberto Bernabé Pajares - Universidad Complutense (España) IUCCRR albernab@ucm.es

En torno a la φύσις. ¿Qué entendían los griegos por φυσικός?

*

On φύσις. What did the Greeks un- derstand by φυσικός? *

BERNABÉ PAJARES, A. (2017). En torno a la φύσις. ¿Qué entendían los griegos por φυσικός?. Archai nº21, sep.-dec., p. 39-78

DOI: https://doi.org/10.14195/1984 -249X_21_2

Resumen: Se examinan los usos de φυσικός desde sus pri- meras atestiguaciones hasta el s. III a. C. Tras un análisis de las primeras apariciones del término, sus usos se clasifican en dos grandes grupos. En el primero, φυσικός entendido como “natural”o “innato”, se agrupan diversos apartados: a) aplicado a objetos o seres, opuesto a “artificial”, b) referido a

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Alberto Bernabé Pa- jares (2017). “En torno a la φύσις. ¿Qué enten- dían los griegos por φυσικός?.” p. 39-78

nº 21, sep.-dec. 2017

configuraciones o constituciones, c) calificando propiedades, con el sentido “inherente”, d) atribuido a producciones y efectos de la actividad natural, en la idea de que la natura- leza es un principio activo y consciente, e) designando cua- lidades capacidades, habilidades o instintos, opuestos a los

“aprendidos”, f) distinguiendo actividades, comportamientos y relaciones, de los que son resultado de las costumbres, g) aplicado a las leyes y la justicia, opuesto a “convencional”, h) con el valor de “apropiado”, “característico” e i) opuesto a “psíquico”. El segundo grupo incluye los usos en los que φυσικός se entiende como “referido a la naturaleza como objeto de estudio”.

Palabras clave: Vocabulario filosófico, filosofía griega, physikos, naturaleza.

Abstract: The uses of φυσικός from its former occurrences until the III BC. are examined. After an analysis of the first instances of the term, its uses may be classified into two large groups. In the former, φυσικός can be understood as “natural”

or “innate” and various sections can be identified: a) applied to objects or beings, as opposed to ‘artificial’, b) to refer to

“natural structures”, c) to qualify properties in the ‘inherent’

sense, d) to attribute to productions and effects of natural activity, in the sense that nature is an active and conscious principle, e) to define capacities, abilities or instincts as op- posites to ‘learned’, f) to distinguish activities, behaviours and relationships which they are the result of the customs, g) to apply to laws and justice, as opposed to ‘conventional’, h) with the idea of ‘appropriate’, ‘characteristic’ and (i) opposed to

‘psychic’. The second group includes the uses in which φυσικός is understood as ‘referring to nature as object of study’.

Keywords: Philosophical vocabulary, Greek philosophy, physikos, nature.

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