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O DIREITO POR QUEM O FAZ: LEI DE DROGAS. VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA. LEI DE DROGAS. VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE.

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ANO 16 - Nº 197 - Abril/2009 - ISSN 1676-3661

O DIREITO POR QUEM O FAZ:

LEI DE DROGAS. VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA.

INCONSTITUCIONALIDADE.

Supremo Tribunal Federal HC 97.976

Decisão monocrática proferida em 09.03.2009 – DJE 12.03.2009

Trata-se de habeas corpus, com pedido de medida liminar, impetrado contra decisão, que, emanada do E. Superior Tribunal de Justiça, restou consubstanciada em acór- dão assim ementado:

“Recurso ordinário em habeas corpus.

Tráfico ilícito de drogas. 17 pedras de crack e 1 bucha de maconha. Prisão em flagrante em 24.04.08. Liberdade provisória. Vedação legal.

Norma Especial. Lei 11.343/2006. Fundamen- tação idônea. Parecer do MPF pelo desprovi- mento do recurso. Recurso desprovido.

1. A vedação de concessão de liberdade pro- visória, na hipótese de acusados da prática de tráfico ilícito de entorpecentes, encontra am- paro no art. 44 da Lei 11.343/06 (nova Lei de Tóxicos), que é norma especial em relação ao parágrafo único do art. 310 do CPP e à Lei de Crimes Hediondos, com a nova redação dada pela Lei 11.464/2007.

2. Referida vedação legal é, portanto, ra- zão idônea e suficiente para o indeferimento da benesse, de sorte que prescinde de maiores digressões a decisão que indefere o pedido de liberdade provisória, nestes casos.

3. Ademais, no caso concreto, presentes in- dícios veementes de autoria e provada a mate- rialidade do delito, a manutenção da prisão cautelar encontra-se plenamente justificada na garantia da ordem pública, tendo em vista a expressiva quantidade e variada de entorpe- centes apreendidos (17 pedras de crack e 1 bu- cha de maconha).

4. Recurso desprovido, em conformidade com o parecer ministerial” (RHC 24.718/MG, rel. min. Napoleão Nunes Maia Filho).

O E. Superior Tribunal de Justiça, ao jul- gar o recurso ordinário em habeas corpus, justificou a medida excepcional da prisão cautelar ora questionada, dentre outros ar- gumentos, sob o de que “referida vedação le- gal é, portanto, razão idônea e suficiente para o indeferimento da benesse, de sorte que prescinde de maiores digressões a decisão que indefere o pedido de liberdade provisória, nestes casos”.

Sendo esse o contexto, passo a apreciar o

pedido de medida liminar.E, ao fazê-lo, ob- servo que os elementos produzidos nesta sede processual revelam-se suficientes para justificar, na espécie, a meu juízo, o acolhi- mento da pretensão cautelar deduzida pela Defensoria Pública da União, eis que con- correm, no caso, os requisitos autorizado- res da concessão da medida em causa.

Mostra-se importante ter presente, no caso, quanto à Lei nº 11.343/2006, que o seu art. 44 proíbe, de modo abstrato e a priori, a conces- são da liberdade provisória nos “crimes pre- vistos nos art. 33, caput e § 1º e 34 a 37 desta lei”.

Cabe assinalar que eminentes penalis- tas, examinando o art. 44 da Lei nº 11.343/

2006, sustentam a inconstitucionalidade da vedação legal à liberdade provisória pre- vista em mencionado dispositivo legal (Ro- gério Sanches Cunha, “Da repressão à pro- dução não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas”, in Luiz Flávio Gomes [coord.], Lei de Drogas Comentada, pp. 232/233, item n. 5, 2ª ed., 2007, RT; Flávio Oliveira Lucas,

“Crimes de uso indevido, produção não autorizada e tráfico ilícito de drogas – Co- mentários à parte penal da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006”, in Marcello Granado [coord.], A Nova Lei Antidrogas: Teoria, Crítica e Comentários à Lei nº 11.343/06, pp.

113/114, 2006, Editora Impetus; Francis Rafael Beck, “A Lei de Drogas e o surgi- mento de crimes ‘supra-hediondos’: uma necessária análise acerca da aplicabilidade do artigo 44 da Lei nº 11.343/06”, in André Luís Callegari e Miguel Tedesco Wedy [orgs.], Lei de Drogas: Aspectos Polêmicos à Luz da Dogmática Penal e da Política Crimi- nal, pp. 161/168, item n. 3, 2008, Livraria do Advogado Editora, v.g.).

Cumpre observar, ainda, por necessá- rio, que regra legal, de conteúdo material virtualmente idêntico ao do preceito em exame, consubstanciada no art. 21 da Lei nº 10.826/2003, foi declarada inconstitucio- nal por esta Suprema Corte. (...)

Essa vedação apriorística de concessão de liberdade provisória, reiterada no art.

44 da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), tem sido repelida pela jurisprudência do Su- premo Tribunal Federal, que a considera incompatível, independentemente da gra-

vidade objetiva do delito, com a presunção de inocência e a garantia do due process, dentre outros princípios consagrados pela Constituição da República.

Foi por tal razão, como precedentemen- te referido, que o Plenário do Supremo Tri- bunal Federal, ao julgar a ADI 3.112/DF, rel. min. Ricardo Lewandowski, declarou a inconstitucionalidade do art. 21 da Lei nº 10.826/2003, (Estatuto do Desarmamento), em decisão que, no ponto, está assim emen- tada: “(...) V - Insusceptibilidade de liberdade provisória quanto aos delitos elencados nos arts. 16, 17 e 18. Inconstitucionalidade re- conhecida, visto que o texto magno não auto- riza a prisão ex lege, em face dos princípios da presunção de inocência e da obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de prisão pela autoridade judiciária competente.”

Essa mesma situação registra-se em re- lação ao art. 7º da Lei do Crime Organiza- do (Lei nº 9.034/95), cujo teor normativo também reproduz a mesma proibição que o art. 44 da Lei de Drogas estabeleceu, a priori, em caráter abstrato, a impedir, desse modo, que o magistrado atue, com autono- mia, no exame da pretensão de deferimen- to da liberdade provisória. (...)

Vê-se, portanto, que o Poder Público, es- pecialmente em sede processual penal, não pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal, ainda mais em tema de liberdade individual, acha-se essencialmente condi- cionada pelo princípio da razoabilidade.

Como se sabe, a exigência de razoabili- dade traduz limitação material à ação nor- mativa do Poder Legislativo.

O exame da adequação de determinado ato estatal ao princípio da proporcionalida- de, exatamente por viabilizar o controle de sua razoabilidade, com fundamento no art.

5º, LV, da Carta Política, inclui-se, por isso mesmo, no âmbito da própria fiscalização de constitucionalidade das prescrições nor- mativas emanadas do Poder Público.

Esse entendimento é prestigiado pela ju- risprudência do Supremo Tribunal Federal, que, por mais de uma vez, já advertiu que o Legislativo não pode atuar de maneira imo- derada, nem formular regras legais cujo con- teúdo revele deliberação absolutamente di-

LEI DE DROGAS. VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE.

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vorciada dos padrões de razoabilidade.

Coloca-se em evidência, neste ponto, o tema concernente ao princípio da propor- cionalidade, que se qualifica — enquanto coeficiente de aferição da razoabilidade dos atos estatais (Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, p. 56/

57, itens ns. 18/19, 4ª ed., 1993, Malheiros;

Lúcia Valle Figueiredo, Curso de Direito Ad- ministrativo, p. 46, item n. 3.3, 2ª ed., 1995, Malheiros) — como postulado básico de contenção dos excessos do Poder Público.

Essa é a razão pela qual a doutrina, após destacar a ampla incidência desse postula- do sobre os múltiplos aspectos em que se desenvolve a atuação do Estado — inclusi- ve sobre a atividade estatal de produção normativa — adverte que o princípio da proporcionalidade, essencial à racionali- dade do Estado Democrático de Direito e imprescindível à tutela mesma das liber- dades fundamentais, proíbe o excesso e veda o arbítrio do Poder, extraindo a sua jus- tificação dogmática de diversas cláusulas constitucionais, notadamente daquela que veicula, em sua dimensão substantiva ou ma- terial, a garantia do due process of law (Raquel Denize Stumm, Princípio da Proporcionali- dade no Direito Constitucional Brasileiro, pp.

159/170, 1995, Livraria do Advogado Editora;

Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Direitos Humanos Fundamentais, p.p 111/112, item n.

14, 1995, Saraiva; Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional, pp. 352/355, item n. 11, 4ª ed., 1993, Malheiros). (...)

Isso significa, dentro da perspectiva da extensão da teoria do desvio de poder ao plano das atividades legislativas do Esta- do, que este não dispõe de competência para legislar ilimitadamente, de forma imo- derada e irresponsável, gerando, com o seu comportamento institucional, situações normativas de absoluta distorção e, até mesmo, de subversão dos fins que regem o desempenho da função estatal.

A jurisprudência constitucional do Supre- mo Tribunal Federal, bem por isso, tem cen-

surado a validade jurídica de atos estatais, que, desconsiderando as limitações que incidem sobre o poder normativo do Estado, veicu- lam prescrições que ofendem os padrões de razoabilidade e que se revelam destituídas de causa legítima, exteriorizando abusos inacei- táveis e institucionalizando agravos inúteis e nocivos aos direitos das pessoas (RTJ 160/

140-141, rel. min. Celso de Mello – RTJ 176/

578-579, rel. min. Celso de Mello - ADI 1.063/

DF, rel. min. Celso de Mello, v.g.).

Daí a advertência de que a interdição legal in abstracto, vedatória da concessão de li- berdade provisória, como na hipótese pre- vista no art. 44 da Lei nº 11.343/2006, incide na mesma censura que o Plenário do Supre- mo Tribunal Federal estendeu ao art. 21 do Estatuto do Desarmamento, considerados os múltiplos postulados constitucionais violados por semelhante regra legal, eis que o legislador não pode substituir-se ao juiz na aferição da existência, ou não, de situa- ção configuradora da necessidade de utili- zação, em cada situação concreta, do ins- trumento de tutela cautelar penal. (...)

Tenho por inadequada, desse modo, para efeito de se justificar a decretação da pri- são cautelar da ora paciente, a invocação

— feita pelas instâncias judiciárias infe- riores — do art. 44 da Lei nº 11.343/2006, especialmente depois de editada a Lei nº 11.464/2007, que excluiu, da vedação legal de concessão de liberdade provisória, to- dos os crimes hediondos e os delitos a eles equiparados, como o tráfico ilícito de en- torpecentes e drogas afins.

Vale referir, também, que não se reveste de idoneidade jurídica, para efeito de jus- tificação do ato excepcional de privação cautelar da liberdade individual, a alega- ção de “complexidade do caso”, “índice de criminalidade” e “necessidade de produ- ção de provas” (fls. 47).

Tenho para mim que a prisão cautelar da ora paciente, nos termos em que foi manti- da, apoiou-se em elementos insuficientes, destituídos de base empírica idônea, reve-

LEI DE DROGAS. VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE.

lando-se, por isso mesmo, desprovida de necessária fundamentação substancial. (...)

Sendo assim, tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de medida limi- nar, para, até final julgamento desta ação de habeas corpus, suspender, cautelarmente, a eficácia da decisão que manteve a prisão em flagrante da ora paciente, referentemen- te ao Processo nº 105.08.260705-9 (2ª Vara Criminal da comarca de Governador Va- ladares/MG), expedindo-se, em conse- quência, o pertinente alvará de soltura em favor dessa mesma paciente, se por al não estiver presa.

Comunique-se, com urgência, transmi- tindo-se cópia da presente decisão ao E.

Superior Tribunal de Justiça (RHC 24.718/

MG), ao E. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (HC 1.0000.08.477311- -8/

00) e ao mm. juiz de Direito da 2ª Vara Criminal da comarca de Governador Va- ladares/MG (Processo nº 105.08.260705-9).

Celso de Mello

Relator

COBRANÇA ANTECIPADA DE CUSTOS EM AÇÃO PENAL PÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu, no dia 17/03/2009, que é inconstitucional a cobrança anteci- pada das diligências de oficial de Jus- tiça que vinha sendo feita no Estado de São Paulo com base no Provimen- to nº 27/2006 do TJSP (Procedimen- to de Controle de Administrativo nº 200810000027096). Para conferir a ín- tegra do voto do conselheiro Paulo Lobo, acesse:

http://www.ibccrim.org.br/site noticias conteudo.php?not_id=13261

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EMENTAS

Penal. Código Penal Militar. Extinção da punibilidade pela reparação do dano no peculato na modalidade culposa. Expressa previsão legal.

“A reparação do dano é causa de extin- ção da punibilidade no peculato culposo (CPM, art. 303, §§ 3º e 4º). No caso em espécie, há prova inequívoca de que o pa- ciente ressarciu o dano antes da sentença irrecorrível, o que torna evidente o cons- trangimento legal a que está sendo subme-

tido. Ordem concedida.” (STF - 1ª T. - HC 95.625 - rel. Ricardo Lewandowski - j.

10.02.2009 - DJE 06.03.2009).

Processo penal. Extradição.

Dupla tipicidade. Dupla punibilidade.

Conduta atípica no Brasil.

Indeferimento do pedido.

“O sistema de contenciosidade limita- da, que caracteriza o regime jurídico da extradição passiva no direito positivo bra-

sileiro, não permite qualquer indagação probatória pertinente ao ilícito criminal cuja persecução, no exterior, justificou o ajuizamento da demanda extradicional pe- rante o Supremo Tribunal Federal. Reve- lar-se-á excepcionalmente possível, no en- tanto, a análise, pelo Supremo Tribunal Federal, de aspectos materiais concernen- tes à própria substância da imputação pe- nal, sempre que tal exame se mostrar in- dispensável à solução de controvérsia per-

STF

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SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

tinente (a) à ocorrência de prescrição pe- nal, (b) à observância do princípio da du- pla tipicidade ou (c) à configuração even- tualmente política tanto do delito atribuí- do ao extraditando quanto das razões que levaram o Estado estrangeiro a requerer a extradição de determinada pessoa ao go- verno brasileiro (...). Não se concederá a extradição, quando o delito que a motivar constituir infração penal impregnada de mínima ofensividade, assim considerado o ilícito criminal passível de pena privativa de liberdade igual ou inferior a 1 (um) ano”

(STF - Pleno - Extr. 1.145 - rel. Celso de Mello - j. em 18.12.2008 - DJU 27.02.2009).

Penal e processo penal. Estelionato e extorsão. Imputação impassível de comprovar a materialidade dos supostos delitos. Denúncia inepta.

Trancamento da ação penal.

“Crimes de estelionato e extorsão. Pe- dido de trancamento da ação penal. De- núncia inepta. Imputação genérica ou abs- trata, impossível de comprovar a mate- rialidade dos supostos delitos. Em se tra- tando de crime de estelionato, o dolo de

obtenção de vantagem, mediante indução ou manutenção da vítima em erro, deve ser inicial. O intento lesivo deve coexistir com o início da execução, não se caracte- rizando o delito do art. 171 do Código Penal quando, como no caso concreto, a teórica intenção lesiva tenha nascido a posteriori, na busca de proveito indevido antes não visado, situação que se caracte- rizaria como mero inadimplemento con- tratual. (...) Para que se perfaça o delito de extorsão, é indispensável o uso de violên- cia ou grave ameaça por parte do agente, circunstâncias sequer aventadas na denún- cia, não se podendo, de outro lado, tomar a teórica exigência de quantia em dinhei- ro, condicionando a entrega de cópia do contrato, como indicativo de vis compul- siva” (STF - 2ª T. - HC 87.441 - rel. Gil- mar Mendes - j. 16.12.2008 - DJU 13.03.2009).

Processo penal. Prisão cautelar fundada unicamente em

conteúdo de entrevista da paciente.

Liberdade de expressão. Autodefesa.

“A prisão cautelar da paciente se apoia,

exclusivamente, no conteúdo de entrevis- ta concedida a programa de televisão. En- trevista pela qual a paciente, com o legí- timo propósito de autodefesa, narrou sua própria versão aos fatos criminosos a ela mesma imputados. A análise dos autos evidencia ilegítimo cerceio à liberdade de locomoção da paciente. Circunstân- cia que autoriza o abrandamento da Sú- mula 691/STF. No caso, o Juízo proces- sante indeferiu o direito de a paciente apelar em liberdade e decretou a sua pri- são preventiva. (...)Decisão que se apoiou, tão-somente, no conteúdo de en- trevista televisiva, em que a paciente sim- plesmente apresentou a sua versão para o fato pelo qual foi condenada a uma pena de 30 (trinta) anos de reclusão (crime de latrocínio). Fundamento que não tem a força de corresponder à finalidade do artigo 312 do CPP” (STF - 1ª T. - HC 95.116 - rel. Carlos Britto - j. 03.02.2009 - DJE 06.03.2009).

Jurisprudência compilada por

Eduardo Augusto Velloso Roos Neto e Renato Stanziola Vieira

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Penal. Roubo circunstanciado.

Emprego de arma de fogo sem apreensão e perícia.

Exclusão da majorante

“A necessidade de apreensão da arma de fogo para a implementação da causa de aumento de pena do inciso I, do § 2º, do art. 157, do Código Penal, tem a mesma raiz exegética presente na revogação da Súmu- la n. 174, deste Sodalício. Sem a apreensão e perícia na arma, nos casos em que não é possível aferir a sua eficácia por outros meios de prova, não há como se apurar a sua lesividade e, portanto, o maior risco para o bem jurídico integridade física. Or- dem parcialmente concedida para excluir a causa de aumento referente ao emprego de arma, reduzindo as penas impostas” (STJ - 6ª T. - HC 114.534 - rel. Jane Silva - j.

09.12.2008 - DJU 02.03.2009).

Penal. Falsidade ideológica.

Crime-meio para o descaminho.

Ação penal já trancada quanto a este delito. Falta de justa causa.

“Partindo-se exclusivamente da versão contida na denúncia, isto é, que a falsidade ideológica — ocultação da real empresa importadora de produtos na cadeia de im- portação — foi instrumento para a supres- são do pagamento de II, IPI, PIS e Cofins por parte da referida empresa, resta claro que o falso não foi nada mais do que o cri- me-meio para a execução do descaminho ou outro crime contra a ordem tributária

eventualmente incidente à espécie. O pre- térito trancamento da ação penal com re- lação ao crime-fim (descaminho, nos au- tos do HC 109.205/PR) não autoriza a per- secução penal dos acusados pelo crime- meio, sob pena de se praticar absurdos re- sultados, eis que o crime fiscal pode ser alvo de adimplemento, o que extinguiria a punibilidade dos investigados. Nítida a falta de justa causa para a persecução penal dos acusados em juízo em relação exclusiva- mente ao crime-meio, claramente absor- vido pelo crime-fim, sendo, pois, imperio- so o trancamento da ação penal. Calcan- do-se a decisão em fatores eminentemente objetivos, mister a extensão dos efeitos be- néficos do julgado em benefício dos co- réus da ação penal de conhecimento. Inte- ligência do artigo 580 do Código de Pro- cesso Penal. Ordem concedida para tran- car a ação penal ajuizada contra os pacien- tes no que tange ao delito de falsidade ide- ológica, estendendo-se seus efeitos aos co- réus da ação penal de conhecimento” (STJ - 6ª T. - HC 123.342 - rel. Jane Silva - j.

06.02.2009 - DJU 02.03.2009).

Penal. Estelionato tentado. Troca de etiqueta de preço entre mercadorias de supermercado. Mínimo desvalor da ação. Princípio da insignificância.

“A conduta perpetrada pelo agente — tentar obter vantagem indevida, em prejuí- zo de estabelecimento comercial, colocan- do em mercadoria mais cara, etiqueta de

preço de outra, trinta e cinco reais mais barata —, insere-se na concepção doutri- nária e jurisprudencial de crime de baga- tela, já que a ação não resultou em perigo concreto e relevante, de modo a lesionar ou colocar em perigo bem jurídico tutela- do pela norma penal. As circunstâncias de caráter eminentemente pessoal não inter- ferem no reconhecimento do delito de ba- gatela, uma vez que este está relacionado com o bem jurídico tutelado e com o tipo de injusto, e não com a pessoa do acusado, que não pode ser considerada para a apli- cação do princípio da insignificância, sob pena de incorrer no inaceitável Direito Penal do autor, incompatível com o siste- ma democrático. Ordem concedida para anular a decisão condenatória” (STJ - 5ª T.

- HC 118.702 - rel. Laurita Vaz - j. 18.12.2008 - DJU 16.02.2009).

Penal. Crime de explosão (artigo 251 do Código Penal).

Fogos de artifício. Inexistência de perigo concreto. Atipicidade.

“Estando o tipo do art. 251 do CP, crime de explosão, entre aqueles denominados de perigo comum, é de se exigir, como cir- cunstância elementar, a comprovação de que a conduta explosiva causou efetiva afronta à vida e à integridade física das pes- soas ou concreto dano ao patrimônio de outrem, sob pena de faltar à acusação a de- vida demonstração da tipicidade. Por isso, ação de arremessar fogos e artifícios em

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TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS

Penal. Conflito aparente de normas.

Absorção do crime de usurpação pelo crime ambiental.

“Quando o agente extrai recursos mine- rais, sem a competente autorização legal, altera o mundo naturalístico uma só vez, havendo, no caso, um conflito aparente de normas. É de atentar-se que o art. 2º da Lei 8.176, de 1991, estabelece que constitui cri- me contra o patrimônio, na modalidade de usurpação, (...) explorar matéria-prima pertencente à União, sem a devida autori- zação legal (...), e o art. 55 da Lei 9.605, de 1998, define como crime o executar (...) extração de recursos minerais sem a com- petente autorização. A conduta, nos dois crimes, é a mesma, razão porque muitos entendem que esta última norma, por ser posterior, derrogou o art. 2º da Lei 8.176, de 1991, modificando a pena, reduzindo-a.

Recurso que se nega provimento” (TRF 1ª R. - 3ª T. - AP 2005.41.00.001764-9 - rel. Tou- rinho Neto - j. 16.02.2009 - DJU 6.03.2009).

Penal. Parcelamento do débito.

Princípio da consunção. Crime contra a ordem tributária previsto no art. 1º, inciso IV, da L. 8.137/90.

“Resulta da análise da exordial acusató- ria rejeitada que o fim último querido pelo denunciado ao apresentar os recibos falsos de serviços odontológicos em questão fora o de reduzir ou suprimir o tributo devido a título de Imposto de Renda Pessoa Física, conduta subsumível, em tese, ao tipo penal previsto no art. 1º, inciso IV, da Lei 8.137/

90. Destarte, verificada a suspensão do cré- dito tributário, em virtude do regular par- celamento junto ao Fisco, resta impossível a instauração de feito criminal visando à condenação pelos crimes de falsidade ideo- lógica e uso de documento falso em sua forma autônoma, uma vez que restaram absorvidos pelo hipotético crime-fim de

TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS

sonegação fiscal.” (TRF 5ª R. - 3ª T. - RSE 2008.83.00.017444-0 - rel. Vladimir Carva- lho - j. 12.02.2009 - DJU 26.02.2009).

Penal. Parcelamento L. 10.522/02.

Interpretação benéfica.

“O sistema de parcelamento de dívidas cria- do pela Lei nº 10.522/2002 — sistema geral de parcelamento da União — é análogo, como programa de benefício ao contribuinte, ao Re- fis (Lei nº 9.964/2000) e Paes (Lei nº 10.684/

2003)” (TRF 4ª R. - 8ª T. - AP 2003.70.03.007428- 1 - rel. Luiz Fernando Wowk Penteado - j.

11.03.2009 - DJU 18.03.2009).

Penal. Crime contra o Sistema Financeiro Nacional. Gestão fraudulenta. Habitualidade.

Multiplicidade de ações penais.

Inadequação. Princípio da

proporcionalidade. Racionalidade da jurisdição criminal.

“Considerando que o crime tipificado no artigo 4º, caput, da Lei nº 7.492/86, consoan- te majoritário entendimento doutrinário (...) pressupõe habitualidade, a qual é incompa- tível com a continuidade delitiva, solução normalmente utilizada para reprimir uma sucessão de atos criminosos, revela-se des- proporcional a imposição de outra sanção penal a réus que já foram condenados pelo crime de gestão fraudulenta perpetrado logo após as condutas apontadas no presente fei- to (...). Não é possível que os réus conti- nuem a sofrer com as misérias do processo pe- nal só porque a acusação achou convenien- te propor múltiplas ações penais sobre fatos vinculados a um mesmo contexto delitivo.

Tal estratégia, apesar de, aparentemente, su- gerir um aumento das chances de condena- ção dos crimes do colarinho branco, vem se revelando absolutamente ineficaz, porquan- to assoberba o Poder Judiciário e o próprio Ministério Público Federal com o proces-

samento de feitos repetitivos, ensejando uma multiplicação de incidentes processuais de toda ordem (coisa julgada, litispendência, restituição de coisas apreendidas etc.), o que dispersa drasticamente a jurisdição penal, gerando, muitas vezes, o lamentável re- conhecimento da prescrição da pretensão punitiva estatal, em razão da impossibilida- de material de levar todos os feitos à fase executiva. Diante da complexidade proces- sual inerente aos crimes financeiros, em que, apesar da especialização da varas federais criminais, ainda são julgadas condutas deli- tivas praticadas no final do século passado (década de noventa), urge que os órgãos res- ponsáveis pela persecução penal passem a atuar com mais racionalidade, sincronia e objetividade, sem o comportamento assaz precipitado em instaurar um número infi- nito de feitos criminais, porquanto mais vale um processo-crime bem instruído, com acervo probatório robusto e, portanto, com chances efetivas de responsabilização penal, do que várias ações, com provas fragmentá- rias. A autoridade do Poder Judiciário não pode se restringir a uma lógica meramente quantitativa. Impõe-se, desse modo, a pre- valência do paradigma da racionalidade ju- risdicional criminal para orientar todas as etapas do processo penal submetidas ao cri- vo do magistrado, do recebimento da de- núncia à execução penal” (TRF 4ª R. - 8ª T. - AP 1999.70.00.026606-0 - rel. Cláudia Cris- tina Cristofanij. 28.01.2009 - DJU 12.02.2009).

Penal. Denunciação caluniosa.

Investigação administrativa.

Trancamento. Denegação da ordem.

“O crime de denunciação caluniosa exi- ge que o agente impute falsamente a alguém a prática de um delito (real ou fictício), tendo plena ciência de sua inocência, de- vendo, com isso, causar a instauração de

SUPERIOR TRIB. DE JUSTIÇA

local ocasionalmente despovoado, cuja consequência danosa ao ambiente foi nenhuma, não pode ser tido pela vertente do crime de explosão, podendo, no máxi- mo se referir à contravenção do art. 28 do Decreto-lei 3.688/41, a qual se encontra abrangida pela prescrição. Ordem conce- dida para trancar a ação penal” (STJ - 6ª T.

- HC 104.952 - rel. Maria Thereza de Assis Moura - j. 10.02.2009 - DJU 02.03.2009).

Processo penal. Tráfico de drogas.

Concessão de liberdade provisória.

Possibilidade, inclusive após sentença condenatória de primeiro grau.

“A Sexta Turma desta Corte vem deci- dindo no sentido de que, com o advento da Lei nº 11.464/2007, que alterou a redação do art. 2º, II, da Lei 8.072/90, tornou-se pos-

sível a concessão de liberdade provisória aos crimes hediondos ou equiparados, nas hipóteses em que não estejam presentes os requisitos do art. 312 do Código de Proces- so Penal. No caso, a negativa da liberdade provisória está fundamentada tão-só na gra- vidade abstrata do crime, nas consequên- cias que ele causa à sociedade e, sobretudo, na sua hediondez, motivação, por certo, insuficiente para manter a prisão cautelar.

Certo que a quantidade de droga constitui elemento fático determinante na avaliação da necessidade da prisão cautelar, notada- mente para assegurar a ordem pública.

Entretanto, na espécie, foram apreendidos em poder do paciente 461,48 gramas de maconha, sendo encontrado, ainda, no lo- cal, 35 arbustos da planta denominada Can- nabis Sativa L., o que não se mostra sufi-

ciente, por si só, para justificar a segrega- ção cautelar. Ademais, o paciente é primá- rio, de bons antecedentes, o que é reconhe- cido na própria sentença condenatória, que fixou a pena-base no mínimo legal, não sen- do considerado, pois, em nenhum momento da análise das circunstâncias do art. 59 do Código Penal, a quantidade da substância entorpecente apreendida. Ordem concedi- da para assegurar ao paciente o direito de aguardar em liberdade o trânsito em julga- do da condenação, mediante condições a serem estabelecidas pelo Juízo de primei- ro grau, sob pena de revogação” (STJ - 6ª T.

- HC 115.630 - rel. Og Fernandes - j.

16.12.2008 - DJU 02.03.2009).

Jurisprudência compilada por

Leopoldo Stefanno Leone Louveira

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investigação policial ou ação judicial con- tra a pessoa. Não exige o tipo penal a ins- tauração de processo administrativo em sentido estrito, contraditório destinado à apuração de faltas disciplinares, mas sua mera investigação — correlatamente à in- vestigação criminal pelo Inquérito Policial.

(...) O arquivamento posterior dessas in- vestigações, antes da fase contraditória ad- ministrativa, não é causa infirmadora do tipo penal do art. 339 CP, mas justamente indício da falsidade dos fatos imputados.

Presentes esses elementos, verifica-se a ti- picidade em tese do fato, sendo devido o prosseguimento da ação penal” (TRF 4ª R.

- 7ª T. - HC 2009.04.00.004318-0 - rel. Néfi Cordeiro - j. 03.03.2009 - DJU 11.03.2009).

Penal. Aumento da pena.

Elementares do tipo.

Ne bis in idem.

“Ao requerer o aumento, o Ministério Público considerou como desfavoráveis as próprias elementares do tipo legal no qual incorreu o apelado: ter agido intencional- mente, com naturalidade e intenção de ob- ter proveito patrimonial, ter mantido em depósito as mercadorias ilegais e não ter a vítima contribuído para a prática delituo- sa. Dessa forma, não podem ser considera- das para o aumento da reprimenda, sob pena de ser o apelado duplamente sancio- nado pelo mesmo fato.” (TRF 5ª R. - 2ª T. - AP 2005.83.08.000925-4 - rel. Joana Caroli- na Lins Pereira - j. 03.02.2009 - DJU 18.02.2009).

Processo penal. Delito descrito no art. 1º, inc. I, §§ 1º e 2º do Decreto-lei nº 201/1967.

Defesa prévia. Inexistência de notificação dos acusados. Ofensa ao princípio do contraditório. Nulidade.

“Nos processos relativos aos crimes de- finidos pelo artigo 1º do Decreto-lei nº 201/

1967, é impostergável o atendimento ao dis- posto no seu artigo 2º, inciso I, em respeito à garantia do devido processo legal. Apela- ção provida para acolher a preliminar de nulidade e cassar todos os atos processuais a partir do despacho de recebimento da denúncia, inclusive” (TRF 1ª R. - 4ª T. - AP 2000.37.00.001688-6 - rel. Hilton Queiroz - j. 16.02.2009 - DJU 5.03.2009).

Processo penal. Suspensão condicional do processo. Atribuição para

propositura. Controle jurisdicional.

“Cabe privativamente ao Ministério Público Federal a proposta de suspensão do processo, o qual, inicialmente, sugere as condições para a sua efetivação. O juiz, por sua vez, poderá especificar outras con- dições adequadas aos fatos e à situação pes- soal do acusado (§ 2º, artigo 89, Lei n. 9.099/

95). (...) O Ministério Público Federal não tem o poder absoluto de definir as condi- ções propostas para a suspensão do proces-

so, sem qualquer limite, cabendo também ao juiz o papel de promover as adequações que se fizerem necessárias, de acordo com a lei. No entanto, ao juiz não é conferido o poder de indeferir uma condição que en- contra apoio na lei e na jurisprudência”

(TRF 3ª R. - 2ª T. - AP 2000.61.13.001569-7 - rel. João Consolim - j. 10.02.2009 - DJU 19.02.2009).

Processo penal. Prisão cautelar.

Pena restritiva de direitos.

Retorno do réu ao país.

“Fundamentada a necessidade de prisão preventiva na garantia da aplicação da lei penal, com o retorno do réu ao país, o for- necimento de seu atual endereço, não se entrevê risco real à eficácia da persecução penal, desaparecendo, portanto, o pressu- posto da medida cautelar. Imperioso ob- servar a possível desproporcionalidade de se atingir a liberdade pessoal do acusado, como custódia cautelar ante a bastante pro- vável aplicação de condenação final ape- nas restritiva de direitos. Ordem de habeas corpus concedida” (TRF 3ª R. - 5ª T. - HC 2008.03.00.050617-2 - rel. Erik Gramstrup - j. 02.02.2009 - DJU 20.02.2009).

Processo penal. Mutatio libelli.

Violação do princípio da correlação entre a acusação e a sentença. Nulidade.

“A denúncia atribuiu aos réus a conduta de, em concurso de agentes, ter deixado de recolher imposto de importação e imposto sobre produtos industrializados (...) relati- vos a importação de mercadorias, apresen- tando à fiscalização documentos (guias DARFs) com autenticações de recolhimen- to falsas, e em nenhum momento imputa aos réus (...) a conduta de obter, para si mesmos ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo da empresa. A sentença, con- tudo, entendeu restar comprovada a práti- ca, pelos réus (...) de crime de estelionato.

A sentença destoa da acusação, na medida em que profere condenação por fato não imputado na denúncia, e destarte, de rigor a o reconhecimento da nulidade por viola- ção ao princípio da correlação entre a acu- sação e a sentença. É firme na doutrina e jurisprudência que o réu defende-se dos fatos narrados na denúncia. Se durante a instrução a prova aponta para a prática de conduta delituosa diversa da indicada na denúncia deve o juiz proceder na forma do artigo 384 e parágrafo único do Código de Processo Penal” (TRF 3ª R. - 1ª T. - AP 2001.61.04.001387-4 - rel. Márcio Mesquita - j. 03.02.2009 - DJU 16.02.2009).

Processo penal. Depositário Infiel.

Prisão civil. Tratados internacionais.

Alteração de entendimento.

“O plenário do STF, no julgamento do RE 466.343, reafirmou a ilegalidade da pri- são decorrente de dívidas, sejam elas fruto

de depósito judicial ou de alienação fidu- ciária. Evoca-se a aplicação do Pacto In- ternacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa Rica (art. 7º, 7), ratificados pelo Bra- sil, sem reservas, no ano de 1992, em cujo bojo proíbe-se a prisão civil do depositá- rio infiel. Não obstante a divergência exis- tente na Suprema Corte acerca do status dos referidos diplomas internacionais, se constitucional (Celso de Mello, Cezar Pe- luso, Eros Grau e Ellen Gracie) ou supra- legal (Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Ri- cardo Lewandowski, Carmen Lúcia e Me- nezes Direito), o certo é que na prática, foi unânime a decisão que veio dizer que não existe mais prisão de depositário infiel no Brasil. Ordem concedida” (TRF 3ª R. - 6ª T. - HC 2008.03.00.040556-2 - rel. Lazarano Neto - j. 08.01.2009 - DJU 19.01.2009).

Processo penal. Custódia em presídio federal. Prorrogação. Necessária observância dos requisitos legais.

“Nos termos da legislação vigente, a pri- são em estabelecimento penitenciário fe- deral ocorrerá pelo prazo máximo de 360 dias, prorrogável de forma excepcional, mediante solicitação motivada pelo juízo de origem, imediatamente após o decurso do período (art. 10, § § 1º e 2º, da Lei 11.671/

08). O termo inicial da prorrogação é o dia seguinte ao término do prazo anterior e não a data da decisão judicial que solicita a re- novação (artigo 10, § 4º). O magistrado es- tadual deverá remeter ao Juízo Federal os autos da execução penal, relativamente aos presos recolhidos no presídio federal, em tempo razoável, para não incidir em afron- ta à norma legal (art. 6º)” (TRF 4ª R. - 8ª T.

- HC 2009.04.00.002856-6 - rel. Élcio Pi- nheiro de Castro - j. 25.02.2009 - DJU 04.03.2009).

Processo penal. Investigação criminal.

Trancamento pelo magistrado.

Habeas corpus de ofício

“Atua o magistrado na investigação cri- minal como órgão garante, da legalidade pública e dos direitos dos investigados. Não serve o juiz, porém, como agente investi- gador ou seu condutor primário, tampou- co cabendo-lhe correicionar a direção in- vestigatória dada pelo agente policial ou ministerial. Não obstante, justamente como juiz das garantias, nada impede ao magistrado (ao contrário, isso é seu dever funcional) atuar impedindo a ilícita perse- cução penal, quando seja caso de habeas corpus de ofício. Ou seja, se percebe a ins- tauração ou desenvolvimento de inquérito policial sem justa causa, ou se verifica que é buscado o indiciamento sem prévia pro- va do crime e indícios de autoria, tais ile- galidades poderão e deverão ser corrigidas pelo Magistrado — não como participante do inquérito (que não é), mas como auto-

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TRIBUNAIS DE JUSTIÇA

Penal. Reincidência. Agravante.

Inimputabilidade. Inaplicabilidade.

“…não se consideram as infrações pra- ticadas pelo apelado, enquanto menor de 18 anos, para efeito de agravar o regime prisional estabelecido na sentença conde- natória, já que ele era, por disposição legal, inimputável, isto é, irresponsável perante a sociedade e o Direito, porque estava fora do alcance da norma penal” (TJCE - 1ª C.

- AP 2006002739518 - rel. Luiz Gerardo de Pontes Brígido - DOE 12.03.2009 - ementa não-oficial).

Penal. Princípio da proporcionalidade.

Reflexos no direito administrativo.

“Tendo em vista que a aprovação em concurso público não confere aos candi- datos aprovados o direito subjetivo à no- meação, existindo apenas expectativa de direito, é desnecessária a citação de to- dos os demais candidatos aprovados no certame, já que a decisão não interferirá na esfera jurídica de seus interesses. Pre-

TRIBUNAIS DE JUSTIÇA

cedentes do STJ. A previsão editalícia de investigação social e funcional, a despei- to da inexistência de autorização legal, mostra-se necessária, em respeito ao princípio constitucional da moralidade administrativa (CF, art. 37, caput). No presente caso, o candidato fôra elimina- do por constar registro da prática de in- fração penal tida como de pequeno po- tencial ofensivo, após o exame das cir- cunstâncias do caso, sendo, assim, tal fato não tem o condão de macular a sua repu- tação, pela própria natureza delitiva, a ponto de lhe impedir o acesso a cargo público, ainda mais quando fôra decre- tada a extinção da punibilidade, pelo cumprimento da suspensão processual, com sentença transitada em julgado des- de 15.10.2003, devendo-se, portanto, apli- car o princípio da proporcionalidade, analisando-se cada situação posta”

(TJCE - C. - MS 2008001606782 - rel.

Lúcia Maria do Nascimento Fiúza Bitu - DOE 09.03.2009 - ementa não-oficial).

Penal. Falsa Identidade. Autodefesa.

“É atípica a conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial, objetivando encobrir antecedentes crimi- nais e evitar uma possível prisão. Trata-se do exercício do direito de autodefesa asse- gurado constitucionalmente” (TJDF - 1ª TRC - AP 2008.01.1.020078-8 - rel. Carmen Bittencourt - j. 03.03.2009 - DJU 13.03.2009).

Penal. Recurso de apelação. Furto.

Monitoramento de toda a ação por circuito interno de TV.

Crime impossível. Absolvição mantida.

“Estando o agente sendo observado e seus passos, desde o início, monitorados pelo circuito interno de TV e pelos segu- ranças da loja, os quais, inclusive, aguarda- ram o momento apropriado para detê-lo e acionar a polícia, forçoso concluir que este jamais conseguiria chegar à consumação de subtração, tornando a tentativa em cri- me impossível, já que o meio empregado revelou-se absolutamente incapaz de pro-

TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS

ridade judicial” (TRF 4ª R. - 7ª T. - RSE 2005.72.00.004758-6 - rel. Gilson Luiz Iná- cio - j. 03.12.2009 - DJU 12.02.2009).

Processo penal. Aumento de pena definido em sede de embargos de declaração. Intimação da defesa para contrarazões aos embargos.

“Os impetrantes não se insurgem contra o que foi decidido nos embargos ou na senten- ça condenatória, mas tão-somente contra a ausência de oportunidade de os réus se pro- nunciarem acerca de embargos opostos pela acusação. (...) A aplicação das leis processuais no Brasil deve ter sempre como norte os prin- cípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal. Essa abordagem deve ter muito maior ênfase em se tratando de matéria penal, por ser ação que tutela o bem da liberdade. Nesses casos, os princípios constitucionais assumem o lugar- tenente na atuação do Judiciário, constituin- do-se causa de nulidade a sua não observân- cia. (...) constitui coação ilegal o julgamento de embargos, que resultou em aumento de pena, sem que tenha havido a oportunidade de a defesa dos réus apresentarem contrara- zões” (TRF 5ª R. - 4ª T. - HC 2008.05.00.109190- 7 - rel. Lazaro Guimarães - j. 12.12.2008 - DJU 04.03.2009).

Penal. Operação de câmbio sem o necessário registro exigido pela legislação (art. 10 da L. 7.492/86).

Justa causa para a instauração de ação penal.

“Cuida-se de decisão que calca seus fun- damentos no entendimento de que os fatos narrados na vestibular acusatória constituí-

ram mera falha administrativa a que incor- reu a empresa, ao não comunicar ao Banco Central, no mesmo dia, a venda de dezes- sete mil dólares americanos, vindo a fazê- lo apenas um dia depois. (...) é inegável que houve irregularidade administrativa. Con- tudo, esta foi eficazmente sanada, seja por- que as informações necessárias foram de- vidamente prestadas, conquanto serodia- mente, seja com a imposição da multa suso referida. E, nitidamente, assiste razão ao prolator da decisão verberada quando con- sidera a eiva de pequena monta, porquanto efetivamente o foi, e, inegavelmente, não alcançou as raias do ilícito. É certo afirmar que as instâncias administrativa e penal são independentes. Todavia, as informações colhidas na esfera extrajudicial devem sem- pre de ser levadas em consideração, não se mostrando viável movimentar o aparelho repressor estatal para perseguir a incrimi- nação de condutas apenas pelo demasiado apego à letra da lei, até porque, conforme é cediço, a esfera criminal começa justamen- te onde termina a esfera cível, e a lei penal apenas deve ser acionada quando a sanção cível se mostrar ineficaz. Sob esse prisma, já decidiu o c. TRF da 3ª Região que, não obstante a independência das instâncias administrativa e penal, há que se conside- rar, no caso em tela, até por força da unici- dade do direito, que os atos revestidos de licitude civil não podem, ao mesmo tem- po, serem considerados ilícitos penais (RCCR 2479/SP, des. Luiz Stefanini, deci- são unânime da Primeira Turma, em 9 de agosto de 2005)” (TRF 5ª R. - 3ª T. - RSE 2000.81.00.034801-2 - rel. Vladimir Carva- lho - j. 12.02.2009 - DJU 26.02.2009).

Processo penal. Habeas corpus.

Salvo conduto para depositário que se reputou infiel.

Pacto de San Jose da Costa Rica.

“A despeito da coisa julgada encartada na sentença cuja execução deu ensejo ao comando para que os pacientes, sob pena de prisão, devolvessem o dinheiro referen- te às contribuições previdenciárias devidas pelos empregados do empreendimento que titularizavam, e que teriam sido retidas e não repassadas ao INSS, o fato é que o Su- premo Tribunal Federal houve por bem, em cotejo ao Pacto de San Jose da Costa Rica, definir que não mais subsiste a possibili- dade de prisão cível para a hipótese de infi- delidade do depositário. Em altura que tal, a manutenção de ordem como a combati- da, sobre representar agressão ao texto do diploma que o Brasil ratificou, afrontaria a autoridade do Excelso Pretório para ditar o sentido, o alcance e a vigência do texto constitucional, o que, de maneira irretor- quível, vulneraria alguns dos valores lumi- nares da República (a supremacia da cons- tituição, com sua força normativa; a liber- dade etc.) — maiores e mais significativos, na hipótese, que a segurança jurídica em- butida na res iudicata” (TRF 5ª R. - 3ª T. - HC 2008.05.00.101398-2 - rel. Paulo Rober- to de Oliveira Lima - j. 11.12.2008 - DJU 26.02.2009).

Jurisprudência compilada por

Camila Vargas, Danyelle da Silva Galvão José Carlos Abissamra Filho, Karla Lini Maeji, Marcela Venturini Diório e Vinicius Scatinho Lapetina

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duzir o resultado almejado” (TJMG - 3ª C. - AP 1.0317.07.072058-4/001(1) - rel. Pau- lo Cezar Dias - j. 27.01.2009 - DOE 12.03.2009).

Penal. Fornecimento de bebida alcoólica a adolescente (art. 243 do ECA). Desclassificação de ofício.

Contravenção penal do art. 63, I, do DL. 3.688/1941.

“No caso em tela, de ofício, operou-se a desclassificação do crime para o previsto no artigo 63, inciso I, da Lei de Contraven- ções Penais, razão pela qual se remete o processo ao juízo competente. A Consti- tuição Federal estabelece a competência absoluta dos Juizados Especiais Criminais para o julgamento de infrações desta estir- pe” (TJPR - 5ª C. - AP 0499061-4 - rel.

Marcus Vinicius de Lacerda Costa - j.

26.02.2009 - DOE 13.03.2009 - ementa não- oficial).

Penal. Adulteração de sinal identificador de veículo automotor.

Adulteração grosseira com fita isolante. Atipicidade.

“A aposição de fita isolante nas placas de veículo, por método extremamente pre- cário, facilmente perceptível a olho nu, di- ficultando a identificação de uma letra e um número, passível de sanção adminis- trativa, não configura, todavia o delito pre- visto no art. 311 do Código Penal uma vez que não afronta a fé pública no que tange à propriedade e ao registro dos veículos au- tomotores” (TJPR - 2ª C. - AP 0546416-4 - rel. Noeval de Quadros - j. 19.02.2009 - DOE 13.03.2009 - ementa não-oficial).

Penal. Processo penal.

Queixa-crime. Crime de calúnia previsto na Lei de Imprensa e no CP.

Responsabilidade criminal da pessoa jurídica. Impossibilidade.

“Consoante disposto no artigo 37 da Lei 5.250/67, a responsabilidade pelos crimes cometidos através da imprensa e das emis- soras de radiodifusão é sucessiva e não so- lidária, sendo que, primeiramente respon- de os autos da transmissão, que no pre- sente caso é a pessoa de L.A. — apresen- tador do (...) —, sendo do diretor do pro- grama, somente quando o autor estiver ausente do País, ou não tiver idoneidade para responder pelo crime. Baseado no preceito constitucional, contido nos arti- gos 173, § 5º e 225, § 3º, parte da doutrina tem se posicionado pela possibilidade de responsabilização criminal da pessoa ju- rídica apenas no que tange aos crimes pra- ticados contra a ordem econômica, finan- ceira e economia popular e condutas e ati- vidades consideradas lesivas ao meio am- biente. Sem adentrar no mérito da polê- mica questão, de ser possível ou não so- frer a pessoa jurídica sanção penal, ainda que se baseasse o apelante no entendimen-

to de parte da doutrina que aceita a res- ponsabilidade criminal da pessoa jurídi- ca, ainda assim, a questão aventada não se enquadraria, pois trata-se de crime de ca- lúnia e não contra a ordem econômica ou financeira, bem como contra o meio am- biente. “Agravo regimental em petição. Pro- cessual penal. Interpelação judicial. Lei de Impresa. Crime de injúria. Sujeito passivo:

pessoa jurídica — A pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo dos crimes de injúria e ca- lúnia, sujeitando-se apenas à imputação de difamação. Precedentes. Cuidando-se de si- tuação em que caracterizado, em tese, crime de injúria, é incabível a ação penal que tenha por objeto a apuração de ofensa à honra de pessoa jurídica de direito público. Consequên- cia: inviabilidade de prosseguimento da me- dida preparatória de interpelação judicial.

Agravo regimental a que se nega provimento”

(STF. AgR 2491/BA. relator min. Maurício Corrêa. Tribunal Pleno. Julgado em 11/04/

2002)” (TJPR - 2ª C. - AP 0451098-7 - rel.

Lidio José Rotoli de Macedo - j. 19.02.2009 - DOE 06.03.2009 - ementa não-oficial).

Penal. Denunciação caluniosa.

Arrependimento eficaz.

Caracterização. Absolvição.

Falso testemunho. Retratação.

Extinção da punibilidade.

“Tendo a agente se retratado em tempo hábil, evitando maiores desdobramentos da investigação policial, impõe-se a absolvi- ção. Crime, falso testemunho. Retratação.

Extinção da punibilidade. A retratação dos acusados, no interrogatório, conforta o en- tendimento do § 2º, art. 342, CP, mormente se ausente qualquer informação a respeito do desdobramento do procedimento onde teria ocorrido o falso. Extinção da punibi- lidade declarada” (TJRS - 4ª C. - AP 70026801332 - rel. José Eugênio Tedesco - j. 19.02.2009 - DOE 09.03.2009).

Processo penal. Flagrante delito.

Conversão em prisão preventiva.

“Mesmo que o flagrante estivesse carac- terizado, não se pode, diante do estado fla- grancial, transformar este em prisão pre- ventiva sem a prova de sua necessidade”

(TJDF - 2ª T. - HC 2008.00.2.019599-3 - rel.

Silvânio Barbosa dos Santos - j. 12.02.2009 - DJU 11.03.2009).

Processo penal. Habeas Corpus.

Porte ilegal de arma de fogo.

Prisão em flagrante. Liberdade provisória. Ausência dos requisitos da prisão preventiva. Ordem concedida.

“A prisão antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória constitui medida excepcional, de cunho acautelató- rio, justificável apenas nos estritos casos previstos no art. 312 do CPP. Sem estes pres- supostos, a custódia cautelar se constitui em intolerável antecipação de culpabilida- de, atentando frontalmente o que dispõe o

art. 5º, inciso LVII da Constituição Fede- ral. De igual modo, se ao final da persecu- ção criminal por porte ilegal de arma não restar materializada a imposição de cárce- re, face à possibilidade de substituição da pena corporal por restritivas de direitos, iló- gica a manutenção da privação de sua liber- dade durante a instrução criminal, devendo o status libertatis ser restabelecido, em ho- menagem ao princípio da presunção de inocência constitucionalmente garantida”

(TJMG - 3ª C. - HC 1.0000.08.488199-4/

000(1) - rel. Antônio Armando dos Anjos - j. 27.01.2009 - DOE 04.03.2009).

Processo penal. Prisão cautelar.

Acidente de trânsito. Ordem pública.

“A prisão preventiva justifica-se somen- te quando presentes e devidamente funda- mentados os requisitos do art. 312 do Có- digo de Processo penal, conforme dispõe o inciso IX do art. 93 da Constituição Fede- ral. Descabe manter a custódia do paciente que foi preso em flagrante após acidente de trânsito com vítima fatal, uma vez que a gravidade do fato não deve ser compreen- dida como abalo à ordem pública, por cons- tituir consequência natural do delito”

(TJMT - 3ª C. - HC 6057/09 - rel. Luiz Fer- reira da Silva - j. 16.02.2009 - DOE 03.03.2009).

Processo penal. Ausência de manifestação do órgão acusador sobre a possibilidade de suspensão condicional do processo. Nulidade.

“Ao oferecer a denúncia, nos crimes que a pena mínima for igual ou inferior a um ano, incumbe ao Ministério Público pro- por a suspensão do processo ou justificar porque não o faz. Descumprida a recomen- dação legal, tornam-se ineficazes os atos judiciais subsequentes, sob pena de se frus- trar o benefício legal em favor do acusado e da administração da própria justiça. Pre- cedente do col. Superior Tribunal de Justi- ça. Considerando-se a nulidade do feito, bem como, a proibição da reformatio in pe- jus indireta, vislumbra-se a ocorrência da prescrição retroativa” (TJPR - 5ª C. - AP 0506133-8 - rel. Lauro Augusto Fabrício de Melo - j. 05.03.2009 - DOE 13.03.2009 - ementa não-oficial).

Processo penal. Conflito negativo de competência. Jecrim e

Vara Comum. Competência do STJ.

“Consoante o disposto no art. 105, inci- so I, alínea ‘d’ da Constituição Federal, compete ao STJ dirimir conflito entre Jui- zado Especial e Vara Criminal da Justiça Comum, haja vista a inexistência de vincu- lação jurisdicional entre os Juizados Espe- ciais e o Tribunal de Justiça. Precedentes do col. Superior Tribunal de Justiça” (TJPR - 5ª C. - Conf. Comp. 0535114-8 - rel. Raul Vaz da Silva Portugal - j. 19.02.2009 - DOE 13.03.2009 - ementa não-oficial).

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TRIBUNAIS DE JUSTIÇA

Processo penal. Prisão cautelar por conveniência da instrução criminal.

Ré não encontrada. Posterior comparecimento ratificando endereço declarado. Cessação dos efeitos para custódia cautelar.

“A prisão cautelar decretada por conve- niência da instrução processual e para as- segurar a aplicação da lei penal, por conta da não localização da ré, e desde que não existam outros motivos, não subsiste por ter a paciente declarado nos autos, através de advogado constituído, que seu endereço é o mesmo constante da denúncia, e que comparecerá a todos os atos do processo.

A existência de outra ação penal contra a paciente não obsta a revogação da medida.

A uma, porque se trata de fato ocorrido anteriormente ao ajuizamento da ação pe- nal de que trata este habeas. A duas, porque o fundamento da prisão cautelar não foi a existência de outra ação penal, e sim a não localização da ré para citação. Ordem con- cedida” (TJPR - HC 0554047-4 - rel. Luiz Cezar Nicolau - j. 19.02.2009 - DOE 06.03.2009 ementa não-oficial).

Processo penal. Habeas Corpus.

Ausência de justa causa.

Denunciação caluniosa.

“Inconstitucionalidade e ilegalidade do chamado arquivamento implícito. Viola- ção do dever de fundamentação das deci- sões e atos administrativos. Crime de de- nunciação caluniosa cuja existência — ele- mentar para a justa causa — depende, lógi- ca e juridicamente, da extinção formal da investigação criminal ou do processo pe- nal com a expressa conclusão de que o au- tor da notícia crime sabia inocente o apon- tado suspeito. Impossibilidade de o Minis- tério Público apoiar-se na investigação ori- ginal, fruto de notícia da paciente, para denunciá-la pelo crime do artigo 399 do Código Penal, sem que esta mesma inves- tigação haja sido concluída formalmente com o arquivamento pelo reconhecimento da inexistência dos fatos informados. Ma- nifesta ilegalidade que importa em proce- dência do pedido na ação de habeas corpus para extinguir o processo criminal em face da paciente por falta de justa causa” (TJRJ - 5ª C - HC 2008.059.07867 - rel. Geraldo Prado - j. 18.12.2008 - ementa não oficial).

Processo penal. Revisão criminal.

Quadrilha. Perda da tipicidade.

“Havendo sido o revisionando denuncia- do e condenado pelo tribunal do júri, em concurso material com os injustos de tenta- tiva de homicídio qualificado, também, pelo crime de quadrilha, entretanto, posterior- mente, tendo havido a absolvição de um dos demais três coréus das mesmas imputações contra todos constantes do libelo inaugural, restou descaracterizada a configuração da- quele referido tipo penal de quadrilha, e importa acolhese a procedência da ação para,

igualmente, absolvê-lo do mesmo injusto ora questionado, mantida no mais aquela respectiva sentença” (TJRJ - Seção Crimi- nal - Rev. Crim. 2007.053.0066 - rel. Leite Araujo - j. 28.01.2009 - ementa não-oficial).

Processo penal. Correição parcial.

Indeferimento de degravação de depoimentos prestados em audiência de instrução e julgamento e

armazenados em disco compacto.

Violação à ordem constitucional.

“O indeferimento da degravação dos depoimentos colhidos em audiência invia- biliza o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, representando afronta aos princípios constitucionais da ampla defesa e do devido processo legal, com negativa de vigência ao artigo 5º, inciso LV, da Cons- tituição Federal. Correição parcial deferi- da” (TJRS - TRC. - Cor. Parc. 71001961580 - rel. Angela Maria Silveira - j. 16.02.2009 - DOE 19.02.2009).

Processo penal. Direção sem habilitação. Ausência de perigo a terceiro. Manutenção da sentença absolutória.

“Para a configuração do tipo penal do artigo 309, do CTB, necessário que o agen- te esteja dirigindo veículo automotor sem habilitação ou com habilitação cassada, sendo que em ambas as situações o condu- tor deve criar uma situação de perigo à in- columidade de terceiro, o que não restou demonstrado. Apelação improvida” (TJRS - TRC - HC 71001990704 - rel. Angela Ma- ria Silveira - j. 09.03.2009 - DOE 12.03.2009).

Processo penal. art. 366, CPP.

Prescrição.

“Suspensão do processo pelo art. 366 do CPP. Decisão que declara extinta a punibi- lidade do acusado fundamentada no lapso prescricional correspondente à pena em abs- trato. Admissibilidade. A Constituição Fe- deral de 1988 instituiu crimes imprescrití- veis — racismo e atuação de grupos arma- dos dirigidos contra a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito. Leis infraconstitucionais que não têm o condão de direcionar em sentido contrário, criando novas hipóteses de delitos imprescritíveis, sob pena de inconstitucionalidade. Art. 366 do CPP não introduziu nova modalidade de crime imprescritível; apenas faz referên- cia à suspensão do curso prescricional. Tal suspensão não pode perdurar eternamente, devendo ser passageira. Extinção da punibi- lidade pela ocorrência da prescrição da pre- tensão punitiva em abstrato mantida” (TJSP - 7ª C. - RSE 990.08.092594-6 - rel. Sydnei de Oliveira Jr. - j. 05.02.09).

Processo penal. Ato infracional.

Tráfico de drogas. Laudo definitivo.

Imprescindibilidade.

“…a materialidade do tráfico de entor-

pecente deve ser comprovada pela apreen- são da droga e pelo laudo toxicológico de- finitivo, elaborado por peritos criminalís- ticos especializados, não bastando a simples identificação preliminar para constatar que se trata de uma das substâncias indicadas em lei ou relacionadas pelo órgão oficial competente. Inexistindo prova da materia- lidade, a absolvição do apelante é a medida de rigor” (TJSC - C. - AP 20080646123 - rel.

Solon d’Eça Neves - j. 27.02.2009 - DOE 18.03.2009 - ementa não-oficial).

Processo penal. Recurso de ofício versus Apelação. L. 11.689/08.

“Sob a regência processual anterior, se o juiz, no rito dos delitos contra a vida, ab- solvesse sumariamente o réu, deveria re- correr de ofício. Com as novas disposições trazidas pela Lei nº 11.689/08, o recurso cabível é a apelação, extinto, por decorrên- cia lógica, e em boa hora, o impropriamen- te denominado recurso ex officio” (TJCE - 1ª C. - REO 2000022213695 - rel. Luiz Gerardo de Pontes Brígido - DOE 12.03.2009 - ementa não-oficial).

Processo penal. Inquérito.

Valor probatório.

“O inquérito policial possui valor pro- batório relativo, vez que por ser meramen- te informativo e estando desprovido das garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório, não pode servir de base para fundamentar uma condenação se tais provas não forem confirmadas em juízo”

(TJGO - 1ª C. - AP 348312213 - rel. Rozana Fernandes Camapum - j. 12.02.2009 - DJU 09.03.2009).

Execução penal.

Falta de vaga em estabelecimento adequado. Fixação em

regime menos gravoso.

“Tem-se como ilegal o cumprimento de pena em regime mais gravoso do que o fi- xado na sentença condenatória, uma vez configurar desvio da finalidade da preten- são executória. Ao apenado condenado a cumprir pena em regime semiaberto, quan- do, inexistindo vaga em estabelecimento penal adequado, há que ser garantido o cumprimento de pena no referido regime, inclusive em penitenciária, até o surgimen- to de vaga em estabelecimento prisional destinado ao semiaberto” (TJRN - Câm.

Crim. - HC 2008.010579-9 - rel. Armando da Costa Ferreira - j. 20.02.2009).

Jurisprudência compilada por

Adriano Galvão Dias Resende, Alice Matsuo, Anderson Bezerra Lopes, Andrea Lua Cunha Di Sarno, Camila Benvenutti, Cecília Tripodi, Caroline Braun, Daniel Del Cid, Fernanda Carolina de Araújo, Fernando Gardinali Caetano Dias, Nestor Eduardo Araruna Santiago, Priscila Pamela dos Santos e Rafael Carlsson Gaudio Custódio

Referências

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