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ASPECTOS MORFOLÓGICOS DE FRUTOS, SEMENTES, PLÂNTULAS E MUDAS DE JATOBÁ-DO-CERRADO (Hymenaea stigonocarpa Mart.ex Hayne) - FABACEAE 1

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ASPECTOS MORFOLÓGICOS DE FRUTOS, SEMENTES, PLÂNTULAS E MUDAS DE JATOBÁ-DO-CERRADO (Hymenaea stigonocarpa Mart.ex Hayne) - FABACEAE

1

1Aceito para publicação em 18.06.2000; da Dissertação de Mestrado/DCF/

UFLA; Cx. Postal 37, 37200-000, Lavras-MG.

2Profs. Departamento de Ciências Florestais/UFLA.

3Prof. ESACMA; Doutorando/DAG/UFLA; e-mail: raf@ufla.br

4Profa. Depto. de Agronomia/UNIOESTE; 85960-000, Marechal Cândido Rondon-PR.

SORAYA ALVARENGA BOTELHO2, ROBÉRIO ANASTÁCIO FERREIRA3,MARLENE DE MATOS MALAVASI4 E ANTONIO CLAUDIO DAVIDE2

RESUMO - O presente trabalho teve como objetivos descrever e ilustrar os aspectos morfológicos externos e internos de frutos e sementes, do processo germinativo e a morfologia das plântulas e mudas de jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.ex Hayne). Os resultados apresentados contribuem para ampliar o conhecimento da flora lenhosa do cerrado, auxiliam na interpretação de testes de germinação em laboratório e na produção de mudas no viveiro, bem como, na identificação de plântulas e mudas em estudos de regeneração natural.

Termos para indexação: morfologia, Hymenaea stigonocarpa.

MORPHOLOGICAL ASPECTS OF FRUITS, SEEDS AND SEEDLINGS OF THE JATOBÁ- DO-CERRADO (Hymenaea stigonocarpa Mart.ex Hayne) - FABACEAE

ABSTRACT - The objectives of the present paper were to describe and to illustrate the internal and external morphological aspects of fruits, seeds, and the morphology of germination process and seedlings of the jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart.ex Hayne.) The results could enhance the knowledge of wood flora from the “cerrado”, contributing to the interpretation of germination tests in laboratory and seedling production in nursery, as well as for seedlings identification in natural reforestation studies.

Index terms: morphology, Hymenaea stigonocarpa.

INTRODUÇÃO

O estudo da morfologia de frutos e sementes é necessá- rio devido a importância dessas estruturas na identificação botânica, principalmente nos locais onde se recebe apenas frutos e sementes para as análises de rotina (Oliveira & Pe- reira, 1984). A partir do conhecimento da morfologia de se- mentes pode-se obter informações sobre germinação, arma- zenamento, viabilidade e métodos de semeadura (Kuniyoshi, 1983) e segundo Beltrati (1992), as estruturas morfológicas e anatômicas são muito importantes para a identificação de se- mentes na agricultura, horticultura como também na paleobotânica, arqueologia e fitopatologia.

Os trabalhos relativos à descrição da morfologia de plântulas têm recebido atenção já há algum tempo, seja como

parte de estudos morfo-anatômicos ou com a finalidade de ampliar o conhecimento sobre determinada espécie ou grupo sistemático, visando o reconhecimento e identificação de plan- tas de uma determinada região, sob o aspecto ecológico (Oli- veira, 1993). No entanto, segundo a autora, a morfologia de plântulas não tem sido empregada na Taxonomia, talvez por falta de dados referentes a alguns “taxa” ou a falta de tradi- ção, uma vez que somente os caracteres da planta adulta são frequentemente utilizados.

A Hymenaea stigonocarpa Mart.ex Hayne, conhecida

como jatobá-do-cerrado, jutaí, jatobá-capo, jatobá-de-casca-

fina, jitaí ou jutaicica é de ocorrência nos estados do Piauí,

Bahia, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Pau-

lo, sendo comum nas formações abertas do cerrado e campo

cerrado (Corrêa, 1984 e Lorenzi, 1992). A sua madeira pode

ser empregada na construção civil e naval (Corrêa, 1984 e

Lorenzi, 1992). A polpa dos frutos é farinácea, bastante apre-

ciada pelas populações rurais, “in natura” ou na forma de

geleia, licor, bolos, pães e mingaus (Silva et al., 1994). A

polpa, é utilizada ainda na medicina popular como laxante e

a resina é afrodisíaca e usada também para curar cistites

(Brandão, 1993). A resina, quando misturada à cachaça, apre-

(2)

senta propriedades tônicas (Gavilanes & Brandão, 1992). A árvore é ornamental, própria para arborização urbana em ge- ral e também para a recuperação de áreas degradadas, já que é bastante procurada pela fauna, tornando-se uma espécie apta para estas finalidades (Lorenzi, 1992).

Face ao exposto este trabalho teve, os seguintes objeti- vos: a) descrever e ilustrar os caracteres morfológicos exter- nos e internos de frutos e sementes de jatobá-do-cerrado; b) descrever o processo germinativo; c) descrever a morfologia externa das plântulas e mudas.

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta, beneficiamento e armazenamento - Os frutos foram coletados na Fazenda Brejão da Mannesmann Flores- tal, no município de Brasilândia, MG, em agosto de 1996.

Foram escolhidas cinco matrizes, distantes no mínimo 100m entre si, levando-se em consideração a altura, o diâmetro a altura do peito (DAP), a forma da copa, a intensidade de frutificação e o estado fitossanitário e a mesma coloração descrita no trabalho, pois esta foi feita imediatamente após a coleta.

Para a extração das sementes, os frutos foram quebrados com martelo de borracha e as sementes foram deixadas em balde com água, por aproximadamente seis horas, para a fer- mentação da polpa. A remoção da polpa foi feita através do atrito das sementes em peneira (5mm). Após a limpeza e se- cagem, as sementes foram acondicionadas em saco plástico (não se determinou o teor de água das sementes), eliminan- do-se as mal conformadas, com injúrias mecânicas e/ou predadas e em seguida, armazenadas em câmara fria com tem- peratura entre 6

o

C e 9

o

C e umidade relativa de 75%, no La- boratório de Sementes Florestais/DCF/UFLA.

O número de sementes por quilograma e peso de mil sementes, foi determinado através de oito subamostras de 100 sementes, as quais foram pesadas em balança de precisão, segundo recomendações das Regras para Análise de Semen- tes (Brasil, 1992). Foi realizada também a contagem do nú- mero de sementes por fruto em uma amostra de 100 frutos.

Aspectos morfológicos de frutos e sementes - para a descrição da morfologia externa e interna dos frutos e se- mentes foram utilizadas 100 unidades, escolhidas aleatoria- mente. As observações foram feitas com auxílio de lupa de mesa e microscópio estereoscópico binocular (com aumento de 0,63; 0,8; 1,0; 1,25; 1,16; 2,0; 2,5; 3,2; 4,0 e 5,0X). No estudo de frutos, foram considerados os seguintes aspectos:

tipo, coloração, dimensões, textura e consistência do peri- carpo, deiscência, número de sementes por fruto, número de

sementes normais e anormais e número de sementes predadas.

Para as sementes, os aspectos externos observados e descri- tos foram aquelas mais freqüentemente empregados em estu- dos de identificação morfológica: coloração, textura e con- sistência do(s) tegumento(s), forma e bordo das sementes;

posição do hilo, da micrópila e da rafe. Os aspectos internos foram: cotilédones, eixo hipocótilo-radícula e plúmula. As sementes foram escarificadas e hidratadas durante 48 horas para facilitar o estudo da morfologia interna. Foram medidos comprimento, largura e espessura dos frutos e sementes. As medidas das sementes foram obtidas com paquímetro de pre- cisão de 0,1mm e para os frutos foi empregada Suta Haglof.

Os métodos e os termos empregados foram baseados nos tra- balhos de Font-Quer (1963); Radford et al. (1974); Ferri (1977); Barroso (1984); Ferri et al. (1981); Kuniyoshi (1983);

Feliciano (1989); Beltrati (1992); Joly (1993); Chaves (1994);

Damião-Filho (1993); Vidal & Vidal (1995) e Amorim (1996).

Germinação - foi realizada no Laboratório de Sementes Florestais/DCF/UFLA. As sementes foram colocadas em ban- dejas de polietileno (41,0x36,0x7,6cm), tendo como substrato areia peneirada, lavada e autoclavada (120

o

C por 20 minu- tos). A assepsia das sementes foi feita com água sanitária durante dois minutos e, em seguida foram lavadas em água destilada. A iluminação empregada foi contínua, com luz bran- ca fluorescente e a temperatura constante de 26

o

C. Para ace- lerar o processo germinativo foi feita a escarificação manual das sementes com lixa, na extremidade oposta ao eixo-em- brionário, com base no trabalho realizado por Guimarães et al. (1995).

Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições de vinte e cinco sementes. A germina- ção foi considerada quando os caracteres normais estavam visíveis: raiz primária, hipocótilo, cotilédones, epicótilo e emis- são dos protófilos. Paralelamente ao teste de germinação foram semeadas 100 sementes para descrever o processo germinativo.

Aspectos morfológicos das plântulas e mudas - para o

acompanhamento do desenvolvimento de plântulas e mudas,

foram produzidos 100 indivíduos, através de semeadura dire-

ta, na casa de vegetação do DCF/UFLA, onde foram coloca-

das duas a três sementes em sacos de polietileno preto

(15,0x25,0x0,1cm). O substrato utilizado foi terra de subsolo

e esterco de boi curtido na proporção 3:1 + 2kg de superfosfato

simples por m

3

de substrato. As mudas foram regadas diaria-

mente e a cada dois meses foi feita adubação de cobertura

com 10g de sulfato de amônio e 2,5g de cloreto de potássio

em um litro de água destilada, sendo colocados 3ml em cada

recipiente. O estádio de plântula foi considerado quando os

protófilos já estavam totalmente formados e o de muda, a

(3)

partir do surgimento do 2

o

protófilo. Os elementos vegetativos descritos e ilustrados foram os mesmos sugeridos por Roderjan (1983): raiz (principal e secundárias), colo, hipocótilo, cotilédones, epicótilo, protófilos de 1

a

ordem, caule jovem e protófilos de 2

a

ordem. Os termos empregados para estas fa- ses estão de acordo com os trabalhos de Font-Quer (1963);

Ferri et al. (1981); Kuniyoshi (1983); Roderjan (1983);

Feliciano (1989); Oliveira (1993); Chaves (1994) e Amorim (1996). Os aspectos morfológicos foram ilustrados manual- mente, a olho nu ou com o auxílio de lupa de mesa e micros- cópio estereoscópico binocular (com aumento de 0,63; 0,8;

1,0; 1,25; 1,16; 2,0; 2,5; 3,2; 4,0 e 5,0X).

Foi coletado material botânico da espécie para herbori- zação e identificação, o qual foi seco em estufa, com cir- culação de ar forçada, a temperatura de 68

o

C, por um pe- ríodo de 24 horas, sendo que este mesmo procedimento foi utilizado para as exsicatas das mudas. O material do processo germinativo e da fase de plântula foi fixado em FAA (1:1:8 - formaldeído, ácido acético glacial e álcool etílico 70%) (Johansen, 1940) e posteriormente conservados em ál- cool etílico 70GL (Jensen, 1962). A coleção testemunha foi depositada no LSF/DCF/UFLA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Germinação: 74%

Número de sementes por quilograma: 290 Peso de mil sementes: 3455,35g

Número de sementes por frutos: 4,73 (1 a 10) - Sementes normais: 3,95 (0 a 10)

- Sementes anormais: 0,15 (0 a 7) - Sementes predadas: 1,82 (0 a 8)

Aspectos morfológicos dos frutos - O fruto (Figura 1A-C) é um legume seco, indeiscente, monospérmico ou polispérmico (mais comum), alongado, ápice arredondado ou levemente retuso, base arredondada e bordo inteiro ou leve- mente ondulado; comprimento médio de 11,1cm (variando de 8,7 a 16,8cm), largura média de 3,6cm (2,1 a 6,5cm) e espessura média de 3,1cm (2,0 a 4,3cm), dimensões seme- lhantes a média de cinco procedências estudadas por Botelho (1993) com 11,02cm, 3,6cm e 3,1cm, respectivamente; a tex- tura é rugosa devido a presença de pontuações, pequenas, salientes e arredondadas; apresenta a linha de sutura proemi- nente circundando todo o fruto; a coloração varia do mar- rom-claro ao marrom-escuro (quase negro); pedúnculo de consistência lenhosa e formado pelo cálice persistente;

pericarpo espesso, lenhoso e bastante resistente (Figura

1D-E); epicarpo delgado, formado por pequenas bolsas que liberam exsudado pegajoso; mesocarpo mais espesso e duro e endocarpo fino, com pequenas bolsas de exsudados tam- bém presentes; parte interna lisa e amarelada. Envolvendo as sementes há o arilo, amarelo-esverdeado, macio, fibroso-fa- rináceo, com cheiro característico e sabor doce, constituindo a polpa.

Aspectos morfológicos das sementes - A semente é eurispérmica, globosa, largo-oblonga, obovada, achatada, ápice arredondado ou levemente truncado e base arredonda- da ou afinada (Figura 2A-D); superfície irregular com algu- mas depressões; comprimento médio de 18,95mm (variando de 17,8 a 28,4mm), largura média de 16,4mm (11,5 a 22,6mm) e espessura média de 14,45mm (9,3 a 19,7mm); testa forma- da por duas camadas: a externa é lisa, de coloração variando entre conhaque, tabaco e marrom, opaca e córnea; a camada interna é esponjosa e que absorve grande quantidade de água.

Hilo heterócromo, pequeno, orbicular, localizado na base da semente e forma uma leve proeminência na região hilar (Fi- gura 2A-D). Calaza uma saliência mais clara do que o tegumento, abaixo do hilo. Micrópila inconspícua. Embrião de coloração creme, com forma semelhante à semente e com pólo radicular pouco perceptível, por estar recoberto pelos cotilédones (Figura 2E-F). Cotilédones crassos, carnosos, com bordos recurvados e forma um sulco na linha de sutura (Figu- ra 2F). Rafe marrom-clara, localizada na linha de sutura sob o tegumento, contornando os cotilédones. Eixo-embrionário curto, cilíndrico, ocupado quase totalmente pelo eixo hipocótilo-radícula, polo radicular arredondado e plúmula rudimentar (Figura 2G-H).

Aspectos morfológicos da germinação - A germina-

ção (Figura 2I-N) tem início com a emissão da raiz primária a

partir do 5

o

dia da semeadura, na base da semente, próximo

ao hilo e de coloração amarelo-esbranquiçada até tornar-se

ferrugínea-clara e com coifa amarelada; alonga-se rapidamen-

te, sendo sinuosa, cilíndrica, espessa, glabra e tenra; raízes

secundárias curtas e finas, sinuosas, tenras, esbranquiçadas e

posteriormente adquirem coloração ferrrugínea-clara. A raiz

primária adquire consistência lenhosa e apresenta fendas com

descamações na superfície. Raízes com pêlos simples, curtos

e translúcidos. Cotilédones soldados, forçando o rompimen-

to do tegumento até a completa remoção, passam à coloração

rosa quando semi-abertos, carnosos, crassos, sésseis, glabros,

com ápice arredondado, base auriculada e bordo inteiro; quan-

do completamente abertos, apresentam-se opostos, discolores

(coloração avermelhada na face dorsal e verde-clara na face

ventral). Tegumento com profundas rachaduras em função

da hidratação, permanecendo aderido aos cotilédones até li-

(4)

FIG. 1. Aspectos do fruto de Hymenaea stigonocarpa Mart.ex Hayne: A - vista frontal; B - vista dorsal; C - vista lateral; D - seção tranversal do fruto; E - seção longitudinal.

Legenda: ar - arilo; cv - cavidade do fruto; en - endocarpo; ep - epicarpo; me - mesocarpo; pd - pedúnculo;

s - semente.

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FIG. 2. Aspectos da semente e da germinação de Hymenaea stigonocarpa Mart.ex Hayne: A-D - semente; E-F - embrião fechado; G - embrião aberto mostrando o eixo embrionário; H - detalhe do eixo embrionário; I-N - estádios da germinação; M - detalhe do surgimento dos protófilos.

Legenda: c - cotilédone; co - coleto; ex - eixo embrionário; h - hilo; hp - hipocótilo; p - protófilo;

pc - pecíolo; rp - raiz primária; rs - raiz secundária; tg - tegumento.

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bertarem-se completamente (Figura 2I-L). Coleto inicialmente pouco perceptível até ocorrer um anelamento bem distinto nesta região, ou através da diferença de coloração e do diâ- metro entre a raiz e o hipocótilo (Figura 2I-N). Hipocótilo apresenta rápido alongamento, inicialmente curvado (Figura 2J) até ficar reto (Figura 2L e N), cilíndrico, longo, espesso, de consistência herbácea, de coloração avermelhada no ápice próximo à inserção dos cotilédones e esbranquiçada na re- gião basal, com presença de pêlos simples, curtos, finos e somente perceptíveis quando visto no microscópio estereos- cópico. Protófilos simples, surgem quando os cotilédones estão semi-abertos (Figura 2J-L e N), projetando-se para fora dos cotilédones, verde-escuros, membranáceos, largo-ovóides, ápice arredondado, base levemente hastada e bordo inteiro ou irregular, com nervação evidente (Figura 2M) e adquirem a coloração verde-clara. A germinação é epígea fanero- cotiledonar.

Aspectos morfológicos das plântulas - A plântula (Fi- gura 3A) apresenta raiz primária axial, longa, sinuosa, cilín- drica, de coloração bege na base e camurça em direção ao ápice, com coifa amarelada, de consistência tenra tornando- se lenhosa; raízes secundárias, finas, tenras, cilíndricas, da mesma coloração da raiz primária, ao longo da qual estão distribuídas; raízes terciárias curtas, finas, cilíndricas e ten- ras. As raízes apresentam pêlos simples, translúcidos, somente perceptíveis quando visto no microscópio estereoscópico. Co- leto bem evidente, anelado, demarcando o início da raiz.

Hipocótilo longo, reto, grosso, cilíndrico, liso, de consistên- cia herbácea, verde-claro com tons avermelhados e apresenta uma camada de pêlos simples, muito pequenos, brancos, adpressos no hipocótilo e somente perceptíveis quando visto sob microscópio estereoscópico. Cotilédones opostos, carno- sos, crassos, isófilos, sésseis, com forma semelhante a des- crita na germinação, discolores (creme-esverdeados na face ventral e arroxeados na dorsal), sem nervação evidente e in- seridos no hipocótilo quase verticalmente. Epicótilo verde- escuro, levemente elíptico em seção transversal, base dilata- da, glabro e de consistência herbácea; na inserção dos cotilé- dones há presença de pêlos simples, longos e esbranquiçados.

Protófilos simples assimétricos, com alguns apresentando-se ovóides, ápice arredondado, base levemente hastada ou obtu- sa, bordo inteiro ou irregular, sub-sésseis, concolores (verde- musgo), nervação bem evidente impressa na face dorsal e imersa na ventral, foliáceos, membranáceos, apresentando pontuações translúcidas em todo o limbo; pecíolo pequeno, acanalado e espesso; na base dos protófilos há uma pequena estípula falciforme, verde-claro e glabra. Gema apical inserida lateralmente no eixo epicotilar e ao lado dos protófilos.

Aspectos morfológicos das mudas - A muda (Figuras 3B e 4) apresenta raiz primária longa, espessa, tuberosa, ci- líndrica, lenhosa, de coloração amarelada a ferrugínea-escu- ra, apresentando descamações, expondo uma nova superfície amarelo-clara, estriada e bastante ramificada; raízes secun- dárias finas, longas, sinuosas, cilíndricas, tenras e da mesma coloração da raiz primária; raízes terciárias finas, curtas, ten- ras e cilíndricas. Colo apresentando-se semelhante ao descri- to na fase de plântula. Caule jovem com hipocótilo reto, gla- bro, marrom-avermelhado, com estrias salientes conferindo- lhe uma forma quadrangular na base e cilíndrico em direção ao ápice, na região de inserção dos cotilédones; ocorre a desca- mação de toda a epiderme do hipocótilo expondo uma nova superfície, marrom-clara, rugosa, com estrias e lenticelas;

cotilédones persistentes, murchando de forma uniforme até tornarem-se marrom-escuros; quando caem, deixam uma ci- catriz bem evidente no caule, expondo duas gemas vegetativas pequenas e salientes; epicótilo com o primeiro internó verde- claro, cilíndrico, de base alargada, piloso na inserção dos pro- tófilos, sendo os pêlos esbranquiçados, finos e longos, com lenticelas presentes em toda a extensão, pequenas e arredon- dadas; epicótilo acima dos protófilos longo, fino, reto e ver- de-claro. Protófilos de primeira ordem simples, opostos, ovóides ou assimétricos, concolores (verde-claros), de con- sistência cartácea e com pontos translúcidos no limbo; pecíolo curto, espesso, acanalado e verde-claro; na base do epicótilo há uma pequena gema vegetativa verde-clara e escamiforme, inserida entre os protófilos. Protófilos de segunda ordem com- postos, com dois folíolos, de forma elíptica ou oblongo- elíptica, ápice arredondado, base oblíqua, com bordo inteiro, de consistência membranácea até tornarem-se cartáceos, com pontos translúcidos em toda a extensão do limbo, de colora- ção inicialmente avermelhada até tornarem-se concolor (ver- de-claros) quando completamente expandidos, com face dorsal opaca e ventral brilhosa, com nervação peninérvea bem evidente em ambas as faces, com nervura principal impressa na face dorsal e imersa na ventral; pecíolo longo, glabro, ci- líndrico, verde-claro e com leve pulvino; peciólulo curto e espesso. Gema apical protegida por uma estípula foliácea (Fi- gura 3B-C), de coloração avermelhada ou esbranquiçada, soldada no dorso, senescente e caem quando as folhas estão completamente expandidas.

Aos seis meses de idade, a muda apresentou altura mé-

dia de 18,16cm e diâmetro médio do colo de 5,52mm. Nesta

fase do desenvolvimento, observou-se uma característica

marcante da espécie que foi a mudança na sucessão foliar de

protófilos de primeira ordem simples para protófilos de se-

gunda ordem compostos, com dois folíolos, confirmando a

(7)

FIG. 3. Plântula e início do desenvolvimento da muda de Hymenaea stigonocarpa Mart.ex Hayne: A - plântula; B - início do desenvolvimento da muda; C - detalhe da folha composta com estípula na base.

Legenda: c - cotilédone; co - coleto; e - epicótilo; fo - folíolo; hp - hipocótilo; p - protófilo; pc - pecíolo; rp - raiz

primária; rs - raiz secundária; rt - raiz terciária; st - estípula.

(8)

FIG. 4. Muda de Hymenaea stigonocarpa Mart.ex Hayne Legenda: ci - ciatriz do cotilédone; cl - caule jovem; co - coleto;

fo - folíolo; p - protófilo; rp - raiz primária; rs - raiz

secundária; rt -raiz terciária.

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afirmativa de Meisenhelder (1969) de que as primeiras fo- lhas verdadeiras de algumas espécies podem diferir das suas folhas definitivas.

CONCLUSÃO

Os aspectos morfológicos podem ser usados em estudos taxonômicos, para auxiliar na interpretação de testes de ger- minação realizados em laboratório, contribuir para ampliar o conhecimento sobre os métodos de produção de mudas, como também, para a identificação da espécie no campo, nos traba- lhos de regeneração natural, facilitando o seu reconhecimen- to nos estádios iniciais do desenvolvimento.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Manuel Losada Gavilanes - DBI/UFLA, pela leitura crítica e valiosas sugestões.

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Referências

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