• Nenhum resultado encontrado

XV SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS RIO DE JANEIRO NOVEMBRO CONSIDERAcOES SOBRE ASPECTOS DE SEGURANgA DE BARRAGENS TEMA III

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "XV SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS RIO DE JANEIRO NOVEMBRO CONSIDERAcOES SOBRE ASPECTOS DE SEGURANgA DE BARRAGENS TEMA III"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

XV SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS RIO DE JANEIRO

NOVEMBRO 1983

CONSIDERAcOES SOBRE ASPECTOS DE SEGURANgA DE BARRAGENS

TEMA III

Eng9 Luiz Felipe Pierre

Centrais Eletricas Brasileiras S/A - ELETROBRAS

Rio de Janeiro

(2)
(3)

1 - INTRODUgAO

Acidentes ocorridos em barragens nos ultimos anos tem demonstra do que a despeito da evolucao das tecnicas e da arte de proje- tar tais estruturas, imprevistos ainda ocorrem colocando em ris co a sua seguranga, a de bens materiais e de populacoes que vi vem a jusante.

Uma parcela significativa desses acidentes ocorre durante a construcao e o primeiro enchimento do reservat6rio; no caso de acidentes ocorridos apos o primeiro enchimento estes tiveram por causa , em sua maioria, a incapacidade de vazao dos vertedouros.

Embora se saiba ser impossivel eliminar por completo os riscos associados a construgao e a operacao de barragens, sugere-se a implantagao de um programa de seguranca de barragens, anivel na cional, que certamente contribuira para reduzir os riscos de aci dentes bem como minimizar suas consequencias.

2 - AS GRANDES BARRAGENS NO BRASIL

0 ultimo levantamento realizado pela Comissao de Registro de Barragens do Comite Brasileiro de Grandes Barragens e publicado em (1), apontou a existencia de 687 grandes barragens no Brasil ou seja, barragens com mais de 15 metros de altura, medida do ponto mais baixo da fundayao ate a crista. Na relagao foram tam bem incluldas barragens que, embora tendo altura compreendida a penas entre 10 e 15 metros, preenchiam pelo menos uma das se- guintes condigoes:

comprimento de crista igual ou superior a 500 metros;

reservatorio com volume total superior a 100. 000 m3;

. vertedouro com capacidade superior a 2000 m3/s;

• barragens com dificeis problemas de fundagao e

• barragens de projeto nao conventional.

A maior parte das barragens com altura inferior a 15 m inclui- das na listagem o foram por possuir reservatorio com capacidade superior a 100.000 m3 e, dentre elas, a grande maioria a de pro priedade do DNOCS.

Estas 687 grandes barragens pertencem a 95 diferentes propriety

137

(4)

rios grupados segundo o quadro I, destinam- se a 11 diferentes finalidades e a distribuigao das suss idades a apresentada no quadro II.

0 quadro I mostra que , apesar de as maiores barragens brasilei ras terem sido construidas por empresas concessionarias de ener gia eletrica, esse Setor detem o controle de apenas 30% das gran des barragens , aproximadamente.

Os governos estaduais sao proprietarios de parcela significati va das grandes barragens , obras em sua grande maioria voltadas para o abastecimento d'agua e o controle de inundagoes . A opera gao dessas barragens, em cada estado , a de responsabilidade de diferentes entidades.

Virias industrias , bem como diversos pequenos municipios, pos- suem barragens cuja finalidade 6, em geral , abastecimento d'agua e/ou geragao de energia eletrica.

A pequena parcela das barragens de propriedade de empresas no ambito do Ministerio das Minas e Energia, porem fora do Setor Eletrico , merece atengao especial pelo fato de, entre elas, ha ver varias estruturas destinadas a contengao de rejeitos.

Finalmente , aparece com grande relevo o Ministerio do Interior, proprietario da maior parte das barragens brasileiras , atraves de organismos como o DNOCS , o DNOS, CODEVASF e outros, com des taque para o primeiro. Tais obras sao, fundamentalmente,destina das a irrigagao e ao combate as secas.

Constata - se ainda que ha cerca de 250 grandes barragens no Bra sil com mais de 25 anos de operagao ( quadro II ) e que, por esta razao, podem ser consideradas como estruturas merecedoras de uma certa atengao e cuja responsabilidade por sua operagao e manu tengao esta pulverizada por inumeras empresas , muitas delas, in clusive, com atividades fins tais que a barragem , apos cons- trulda, passa a merecer pouca atengao dos tecnicos das empresas proprietarias.

3 - ASPECTOS DE SEGURANgA DE BARRAGENS EM OUTROS PA!SES

Nos Estados Unidos, o Corps of Engineers , que opera cerca de 530 barragens , implantou desde 1965 um programa para inspegao

138

(5)

periodica de suas barragens. Tais inspegoes sao procedidas por engenheiros especialistas em projeto, construgao e operagao e as inspegoes sao realizadas ao final da construgao da barragem, durante o primeiro enchimento do reservatorio, anualmente, du rante os primeiros quatro anos de operagao, a cada dois anos nos quatro anos seguintes e, dal por diante, a cada cinco anos.

Pianos de emergencia e mapas de inundagao para as regioes a ju sante das barragens tern sido preparados sistematicamente, a par tir de 1978 e um programa de treinamento foi implantado visando capacitar o pessoal tecnico para atuar na area de seguranga de barragens.

Alm do Corps of Engineers, outros proprietarios de barragens nos Estados Unidos tambem desenvolveram programas com objetivos similares. 0 Bureau of Reclamation, por exemplo, apos o aciden- te com a barragem de Teton, desenvolveu um programa de seguran- ga de barragens cujas diretrizes foram:

. definir, centralizar e atribuir responsabilidades geren- ciais visando e seguranga de barragens;

promover uma critica independente do projeto, da constru- gao e da operagao inicial de enchimento de reservatorios;

. dar prioridade a reavaliagao dos projetos de barragens e- xistentes, quando tal atividade for julgada mais importan to que o desenvolvimento de novos projetos;

assegurar prioridade aos trabalhos de reparos visando a seguranga de barragens existentes.

Nas suas 337 barragens em operagio, o Bureau of Reclamation i- dentificou cerca de 2500 pontos que mereciam reparos quanto a seguranga . Os aspectos que mereceram maior numero de recomenda- goes foram os seguintes:

reavaliagio da cheia afluente de projeto;

avaliagao dos esforgos devidos a sismicidade e verifica- gao da estabilidade estrutural associada a esses esforgos;

. avaliagao das condigoes de percolagao com consequencias sobre a estabilidade;

. avaliagao de deterioragoes estruturais com reflexos na es tabilidade e desempenho provivel da estrutura em emerge-n-

139

(6)

cias ou em condicoes de carregamento excepcional;

avaliagao do equipamento eletro-mecanico com confiabilida de operacional duvidosa durante condicoes de emergencia;

avaliagao da necessidade de instrumentagao para monitori- zacao do desempenho de estruturas.

Um programa de inspecao em barragens no federais levado a efei to nos Estados Unidos pelo Corps of Engineers mostrou que, ao menos na primeira parte do programa , um tergo das 8.800 barra- gens ja inspecionadas foram julgadas inseguras, conforme as pa droes federais. Como estruturas inseguras foram consideradas to das aquelas que apresentavam defici&ncias que, se no corrigi- das, poderiam resultar em ruptura da barragem com consequente perda de vidas e/ou danos substanciais em benfeitorias a jusan- te.

Tal programa foi deflagrado apos a ocorrencia de acidentes nas barragens de Lower Van Norman (California ), fevereiro de 1971, Buffalo Creek (Virginia Ocidental), fevereiro de 1972 e Rapid City ( Dakota do Sul), junho de 1972.

No se pode, evidentemente, admitir a priori que um programa dessa natureza, se levado a efeito no Brasil, pudesse conduzir aos mesmos resultados , porem no se pode tambem assegurar que tal fato no venha a ocorrer.

Paises europeus como a Franga e a Italia , que apresentam um his torico respeitivel de construgao de grandes barragens em concre to, possuem toda uma sistemitica de acompanhamento do projeto, construgao e operagio de barragens visando a sua seguranga.

Na Franca , a preocupagio com a seguranga das barragens foi des- pertada pelo acidente ocorrido com a barragem de Malpasset, que rompeu em 02 de dezembro de 1959.

A primeira medida concreta foi a criagio, por decreto de 23 de junho de 1966 , de um "Comite Tecnico Permanente de Barragens", composto por oito membros e que tem por missao aconselhar as Mi nisterios responsaveis pelo controle das barragens na Franga.

Este Comite, integrado por professores e profissionais eminen- tes, tem as seguintes atribuig6es principais:

140

(7)

dar aconselhamento tecnico ao projeto de qualquer barra- gem de mais de 20 m de altura, nas fases de concepgao, construgao e operagao;

. dar assessoramento na inclusao de dispositivos tecnicos em projetos de leis, atos regulamentares e instrugoes mi nisteriais.

0 Comite Tecnico Permanente de Barragens pode, a qualquer tem- po, exigir investigagoes de campo , ensaios ou estudos adicio- nais, correndo todo o onus por conta do proprietario.

Outra medida governamental visando a seguranga das barragens na Franga foi a implementagao de um decreto de 1968 obrigando que,

em todos as empreendimentos hidraulicos constituidos por bar- ragens com mais de 20 m e que criem reservatorios com capacida de iguai ou superior a 15 milhoes de m3, seja elaborado um pla no indicando as medidas destinadas a alertar as autoridades em situagoes de emergencia , devendo constar desse piano:

. as modalidades de alerta , discriminando - se as autoridades a prevenir;

• a pessoa expressamente encarregada de dar o alerta;

• os instrumentos de auscultagao e observagao incorporados ao projeto;

• as caracteristicas principais da onda de submersao que se formari em caso de rutura;

as aparelhagens e os circuitos de alerta a populagao.

Finalmente , uma circular interministerial de agosto de 1970 re gula a aplicagao dos dados obtidos atraves da instrumentagao.

Alguns pontos dessa portaria que merecem destaque sao os seguin tes:

• cuidados especiais no primeiro enchimento do reservatorio, tais como a exigencia de o enchimento ocorrer por etapas;

• manutengao pelo proprietario de um registro onde sao ar- quivadas as principais informagoes relativas a exploragao do reservatorio , manobras de comportas , incidentes ocor- ridos e reparos realizados;

. inspegao periodica da obra por parte da equipe do proprie

141

(8)

tario, com emissao de um relatorio anual que a enviado a um organismo governamental especifico, o "Service du Con tr6le de 1'Etat". A cada dois anos, esse relat6rio deve incluir uma analise aprofundada da evolugao do comporta- mento da obra;

. uma visita anual a obra e aos equipamentos de auscultagao por parte de uma equipe do "Service du Controle de 1'Etat";

. uma inspegio decenal mais apurada por parte de uma equipe do "Service du Controle" e que deve ser feita , em princl pio, com o reservatorio vazio.

Esta ultima prescrigao nao se aplica aos grandes reservatorios como, por exemplo , o de Serre Pongon, que e o maior reservato- rio da EDF - Electricite de France , com mais de um bilhao de m3. Nesse caso , a recomendada, a cada dez anos, a inspegao com o use de mini - submarinos e cameras de televisao.

A implementagao de todas as medidas acima mencionadas exige in vestimentos apreciiveis . Por exemplo , a adogao de planos dealer to e emergencia em todas as barragens da EDF com altura supe- rior a 20 m e que criem reservatorios com mais de 15 milhoes de m3 de capacidade exigiu a implantagao de cerca de 60 redes de telecomando, a um custo de 20 milhoes de francos (aprox. US$ 3 milhoes ). A este valor deve-se acrescentar a construgao de 60 postos-vigia , a um custo medio de 250.000 F/posto e a instala- gao de 310 postes-sirene , a um custo de 100.000 F/poste, o que da um custo total de 66 milh6es de francos ( aprox. US$ 10 mi- lhoes ) a pregos de 1982. 0 custo de manutengao a estimado em 5% do valor da instalagao.

A decisao final quanto ao acionamento do sistema cabe a autori- dade local, a menos que a possibilidade de rutura seja tao ime- diata que nao haja tempo para avisi -la. 0 piano de evacuagao e de responsabilidade da Defesa Civil. 0 envolvimento de diferen- tes pessoas , tecnicos e politicos , sem subordinagao direta en- tre elas, pode retardar uma tomada de decisao que, em alguns ca sos, deveria ser imediata.

Na Inglaterra, a grande maioria das barragens pertence aos Ser vigos Municipais de Aqua e, normalmente , tratam-se . de barragens de terra ou enrocamento de media ou baixa altura.

142

(9)

Cada vez que uma nova barragem vai ser projetada ou uma antiga vai ser remodelada para aumento de capacidade do reservatorio representando , em qualquer dos casos , uma acumularao final supe rior a 25.000 m3, um engenheiro civil devera ser indicado como o "construction engineer ". Este engenheiro sera o responsavel pelo projeto e supervisionari a construiao ou a remodelagao. 0 engenheiro indicado faz parte de uma lista de engenheiros quali ficados, indicados pelo Secretario de Estado, apos consulta ao Institution of Civil Engineers.

Apos o termino da obra, e o "construction engineer" que autori za o primeiro enchimento, fixando uma cota limite (_"preliminary certificate").

Passados tres anos de emissao do certificado preliminar, se 0

"construction engineer" estiver satisfeito com o desempenho da barragem, ele emitiri o "final certificate", onde devera estar especificado o nivel maximo de operacao e as condigoes em que este nivel poderi ser atingido.

Se, apos cinco anos de emissao do certificado preliminar, 0

"construction engineer" no tiver emitido o certificado final, ele devera justificar, perante o proprietario, as razoes da nao emissao.

Cabe ainda ao "construction engineer" atestar que as obras fo ram executadas conforme projetadas e ainda fornecer informagoes completas sobre detalhes "como construido" incluindo ainda in- formagoes sobre a geologia local a partir de dados obtidos atra ves de furos de sondagens e escavaroes a ceu aberto.

Ap6s a emissao do certificado final, cada barragem devera ter um "inspecting engineer" que devera emitir relatorios sobre o comportamento da barragem, nas seguintes ocasi6es:

. dentro do prazo de dois anos, apos a emissao do certifica do final;

. logo apos modificacoes na estrutura, que possam ter afeta do sua seguranya e desde que essas modificacoes nao tenham sido projetadas e supervisionadas por um engenheiro civil qualificado;

no maximo dez anos apos a ultima inspegao ou em um prazo

143

(10)

menor, desde que assim recomendado na ultima inspegao;

. a qualquer tempo, se o "inspecting engineer" assim julgar conveniente.

Do ponto de vista estrito da seguranga , ha interesse das autori dades inglesas em impor aos proprietarios de barragens a obriga toriedade de efetuar, de imediato, todos os estudos , reparos e verificaroes recomendados apos cada inspegao realizada.

Entretanto , considerando que muitos proprietarios de barragens atingidas nao teriam recursos para realizar todos os servicos que, em muitas barragens , provavelmente se fariam necessarios, ha um certo relaxamento na aplicacao dos dispositivos legais em vigor.

Para cada reservatorio com acumulagao superior a 25.000 m3, ha a exigencia de os proprietarios medirem niveis d'agua, vazoes vertidas e turbinadas , vazamentos , recalques e outras grandezas

que venham a ser recomendadas pelo "inspecting engineer".

Em caso de danos a terceiros , a legislagio preve o grau de ex tensao da responsabilidade criminal do proprietario e de seus empregados.

Na Italia , os aspectos de seguranga de barragens sao regulados por um decreto de margo de 1982 intitulado "Norme tecniche per

la progettazione e la costruzione delle dighe di sbarramento", (5) que se aplica a todas as barragens com altura superior a lOm e/ou reservatorios com mais de 100.000 m3 de capacidade.

Esta norma prescreve criterios para a determinagao , entre outros, dos seguintes parametros:

altura de ondas no reservatorio;

fatores de seguranga para a estabilidade das estruturas;

coeficientes de intensidade sismica;

A norma faz tambem recomendagoes sumarias quanto a alguns aspec tos de projeto, tais como:

cuidados a serem tomados com relagao ao terreno de funda- gao;

. caracteristicas do cimento e dos agregados para a execu-

144

(11)

cao do concreto e ensaios em corpos de prova;

• realizacao de ensaios estruturais;

• controle do comportamento das estruturas e dispositivos de auscultacao.

Sao tambem fixados por decreto os procedimentos necessarios a aprovagao de um projeto bem como as responsabilidades entre os diversos organismos envolvidos durante as fases de projeto,cons trurao e operarao.

0 primeiro enchimento do reservatorio so ocorre apos a emissao do "Collaudo" que representa a autorizacao para o enchimento ate uma determinada cota. Existe uma comissao, geralmente formada por quatro ou cinco membros, incumbida de emitir o "Collaudo".

Dessa comissao participa, geralmente, a autoridade que, futura- mente, sera a responsavel pelo controle da operagio e por fazer com que o proprietario cumpra os regulamentos relativos a segu ranga da estrutura. Essa autoridade, conhecida como "il Capo del Genio Civile", cujo imbito de atuagao a regional, tem por obri gagao visitar as barragens em operagao ao menos duas vezes ao ano, preferivelmente em situagoes de niveis d'agua maximo e ml nimo. Cabe a ele tambem assegurar que haja acesso permanente a barragem e tambem que haja duplicidade de linhas telefonicas pa ra comunicagao com o pessoal de operagao.

A norma define ainda as medidas que devem ser realizadas para acompanhamento do comportamento das estruturas e estabelece que os dados coletados devem ser mensalmente enviados a autoridade competente.

Nas barragens de sua propriedade, o ENEL - Ente Nazionale per l'Energia Elletrica cuida para que diariamente as medidas de auscultagao sejam transmitidas por telefone para o respectivo escrit6rio regional. Essas informagoes sao colocadas em computa dor e pode -se, no mesmo dia, detetar a possibilidade de ocor- rencia de algum fenomeno excepcional.

145

(12)

4 - ASPECTOS DE SEGURANgA DE BARRAGENS QUE DEVEM SER EXAMINADOS NO BRASIL

Naturalmente, no se poderia pensar na adogao pura e simples de sistematicas como essas aqui no Brasil.

Hi inumeros aspectos que precisariam ser amplamente discutidos pela comunidade tecnica ja que nao existem normas internacional mente consagradas a serem adotadas no campo da seguranga de bar ragens.

Sugere - se que os primeiros pontos a serem analisados sejam o da periodicidade das inspegoes e o da qualificagao dos responsaveis pela sua execugao.

E importante que os aspectos de responsabilidade civil dos en volvidos sejam examinados para que possam ser definidos apriori.

No caso de um acidente com uma barragem , como avaliar a divisao de responsabilidades entre um engenheiro consultor, que proce- deu a uma inspegao na estrutura e propos a realizagao de deter- minados reparos , e o responsavel tecnico pela barragem que, even tualmente , por falta de recursos, no realizou os servigos reque ridos?

Uma indefinigao nesta responsabilidade e a impossibilidade de poder interferir em todas as etapas de uma inspegao e reparo nu ma estrutura poderi levar engenheiros experientes e firmas res peitadas a nao aceitar sua participagao em tais atividades.

Outro aspecto importante e o do grau de risco de uma barragem, entendido como a probabilidade de ocorrencia de um acidente, as sociada com a magnitude das suas consequencias . Esse risco de- vera ser avaliado em cada caso, levando ainda em consideragao que o rompimento de uma barragem poderi provocar outros aciden tes na cascata, a jusante.

Uma vez determinado , atraves de inspegoes , o grau de risco de diferentes barragens , tornar-se - a necessario fixar as priorida- des das obras corretivas que se fizerem necessirias . Nesta tare fa,e conveniente ter em mente que a existencia de deficiencias que afetem a seguranga de uma barragem nao conduz , necessaria- mente, a exigencia da realizagao de reparos imediatos na estru- tura. Se for constatado nao haver riscos de vida ou danos de

146

(13)

i

monta em benfeitorias a jusante no caso de rompimento da barra- gem, podera ser mais interessante proceder modificagoes nas re gras operacionais visando proporcionar maior seguranga.

Se a realizagao de reparos for impositiva , deve-se prever asfon tes de recursos financeiros para tal fim, ja que podera vir a ser necessaria a realizacao de investigacoes de campo adicio- nais e/ou a instalacao de instrumentagao e, certamente , muitos proprietarios no terao condigoes de arcar com este onus, o mes- mo podendo ocorrer com a disponibilidade de mao - de-obra qualifi cad a.

Considerando que as preocupacoes com a seguranga das barragens

deve se iniciar nas etapas preliminares de projeto , nao deverao ser descurados os aspectos fundamentais dos estudos , desde suas fases iniciais . Nesse sentido, a recomendavel a realizagao de estudos de viabilidade conscientes , com niveis de investigagao hidrologica e geotecnica compativeis com o porte do empreendi- mento . Considera- se ainda importante a adogio de prazos de pro jetos e obras realistas e contratos justos para todas as partes envolvidas.

Seria tambem conveniente se pensar em sistematicas administrati vas e financeiras capazes de permitir a realizagao de servigos de emerg&ncia em estruturas em que a demora em tais procedimen- tos possa colocar em risco a seguranga dos projetos.

Inumeros outros pontos , como aqueles voltados para a preserva- gao do meio ambiente, por exemplo , poderiam ser levantados como fundamentais na formulagao de um programa de seguranga de bar- ragens. No entanto, tal tarefa deve ter a participagao da comu- nidade tecnica de barragens , representada por profissionais com a necessaria experi&ncia em projeto, construgao e operagao.

5 - CONCLUSAO

A ruptura de uma barragem pode criar problemas de tal magnitude que a preocupagao com a seguranga dessas estruturas no deve fi car restrita a agao isolada de alguns proprietarios das mesmas.

Neste campo , a agao deve ser a nivel de governo, como ja ocor- re nos Estados Unidos.

Em muitos paises programas nacionais voltados para a seguranga

147

(14)

de barragens so foram deflagrados apos a ocorrencia de serios acidentes. $ de se esperar que no Brasil o mesmo nao venha a ocorrer.

0 Banco Mundial ji vem facilitando a inclusao, nos contratos de financiamento para projeto e construcao de barragens, de ativi- dades voltadas para a seguranca ,.mesmo no caso de estruturas ja existentes.

No Brasil, o Comite Brasileiro de Grandes Barragens, atraves da sua-Comissao de Avaliacao da Seguranca de Barragens, publicou, em 1979, as "Diretrizes para Inspecao e Avaliarao da Seguranga de Barragens em Operagao", documento bastante util para aprovei tamento futuro.

Outras iniciativas nesse sentido podem ser mencionadas como,por exemplo, as promovidas pela ELETROBRAS, atraves da sua Direto- zia de Planejamento e Engenharia, que editou recentemente o do cumento intitulado "Instrucoes para Estudos de Viabilidade de Aproveitamentos Hidreletricos", no qual sao recomendados as pes quisas e os estudos minimos necessarios a realizagao de uma via bilidade confiivel. Vem tambem, a mesma Diretorj.a, desenvolven- do de comum acordo e com a colaboracao das principais empresas do Setor o projeto "Memoria Tecnica do Setor Eletrico" em que se pretende estimular as empresas a registrar a sua experiencia em projeto e construgao de barragens.

Cumpre ressaltar que o DNAEE vem de incluir em suas normas a obrigatoriedade de a concessionaria elaborar tal documento, a- traves de mengao expressa na Portaria que autoriza a construgao.

Iniciativas como essas sem duvida ja representam importante con tribuigao para a realizagao de projetos mais seguros . No entan- to, faz- se necessario desenvolver um programa nacional de segu ranga de barragens capaz de instituir , em nosso Pais , procedi- mentos que venham a garantir a seguranga das barragens nos seus diferentes aspectos, desde a fase de concepgao ate a sua desati vagao.

E provavel que a implementagao de um programa dessa natureza ve nha a trazer um custo adicional ao projeto e a operagio de bar ragens, mas certamente os beneficios advindos de tal programa

146

(15)

justificario o esforgo para se chegar a um consenso sobre os requisitos minimos de seguranga que uma barragem devera atender.

RESUMO

Uma anilise da situagao das grandes barragens brasileiras regis tradas no CBGB mostra que elas sao de propriedade de quase uma centena de entidades , atendem a uma dezena de finalidades e um

numero expressivo ji tem cerca de 50 anos ou mais de operagao.

Tal situagao configura uma pulverizagao dos cuidados e esforgos para a manutengao de tais estruturas, sendo possivel admi'tir que muitas delas nao recebem a atengao que seria desejavel.

Esse problema, comum a outros passes com grande numero de bar ragens construldas, tem sido resolvido atraves da consolidagao de procedimentos, a nivel nacional, capazes de garantir a segu ranga das estruturas de barramento.

0 presente trabalho propoe a elaboragao no Brasil de um progra- ma nacional de seguranga de barragens e destaca alguns pontos que devem merecer atengao quando da sua formulagao.

14)

(16)
(17)

QUADRO I

Proprietarios de Grandes Barragens no Brasil

(Por Grupos)

Grupos de Proprietarios Percentual em

relacao ao total 1. Concessionarias Federais de Energia E1etri

ca 9,6%

2. Concessionarias Estaduais de Energia Ele-

trica 17,8%

3. Concessionarias Particulares de Energia

Eletrica 1,9%

4. Empresas do MME fora do Setor Eletrico

(CVRD, Petrobras , Nuclebras) 3,2%

5. Orgios do MINTER (DNOCS, DNOS e outros) 37,3%

6. Portobras 1,6%

7. Governos Estaduais 16,9%

8. Municipios 2,4%

9. Industrias 8,4%

10. Outros 0,9%

TOTAL 100,0%

151

(18)

QUADRO II

Epoca de construcao das grandes barragens registradas no Brasil.

Periodo n9 de

barragens Acumulado

anterior a 1920 34 34

1920 a 1929 35 69

1930 a 1939 51 120

1940 a 1949 20 140

1950 a 1959 116 256

1960 a 1969 119 375

1970 a 1981 140 515

Em projeto ou construcao 163 678

Data no registrada 9 687

152

(19)

BIBLIOGRAFIA

(1) CBGB - Barragens no Brasil . Rio de Janeiro, Comite Brasilei ro de Grandes Barragens , 1982, 279 paginas.

(2) Federal Emergency Management Agency - Safety of Nonfederal Dams. Washington , National Academy Press, 1982, 53 paginas.

(3) USCOLD - Dam Safety Practice and Concerns in the United States . USCOLD, 1982, 107 paginas.

(4) Interagency Committee on Dam Safety - Federal Guidelines for Dam Safety. Washington . Federal Coordinating Council for Science, Engineering and Technology, 1979, 39 paginas.

(5) Ministero dei Lavori Pubblici - Norme Tecniche per la Pro- gettazione e la Costruzione delle Dighe di Sbarramen- to. Roma, Gazzetta Ufficiale, 4 de agosto de 1982.

(6) LE MAY, Y e DOUILLET, G. - Trente ans d'exp&rience dans la surveillance et l'auscultation des barragens d'Elec- tricite de France. Rio de Janeiro, Anais do XIV Con gresso Internacional de Grandes Barragens, 1982.

(7) Comite Francais des Grands Barragens - Bases techigues des plans d'alerte destines a faciliter la protection des populations en aval des barragens . Rio de Janei- ro, Anais do XIV Congresso Internacional de Grandes Barragens, 1982.

(8) - Mesures prises en France pour faciliter la protec- tion des populations a l'aval des barrages. Madri, Anais do XI Congresso Internacional de Grandes Bar- ragens, 1973.

(9) Marinier , Gilles. Safety of Dams in Operation. Rio de Janei ro, Relatorio Geral da Questao 52, Anais do XIV Con gresso Internacional de Grandes Barragens, 1982.

(10) Parlamento Ingles - Reservoirs Act 1975, Londres, Her Majesty's Stationery office, 1975, 28 paginas.

153

(20)

Referências

Documentos relacionados

Pela alocacao de mais verbas para investigacao e projeto ao lado da aceitacao por parte de Proprietarios e Projetistas de maior nivel de responsabilidade, pode-se atingir um maior

Maior flexibilidade na especificagao das alturas das camadas de langamento, inclinagoes de nucleo que permitam trabalho independente no enrocamento, ta- ludes mais abatidos em

Durante os estudos preliminares para a escolha do tipo de barragem para Foz do Areia, os projetistas consideraram basicamente, os tipos de concreto a gravidade , enrocamento com face

Essa conclusão culminou a proposição de uma minuta de decreto convocando os responsáveis por barragens de contenção rejeitos de mineração com alteamento para

Essa conclusão culminou a proposição de uma minuta de decreto convocando os responsáveis por barragens de contenção rejeitos de mineração com alteamento para

A condição para a qual não há conclusão sobre a estabilidade da estrutura devido à falta de dados e/ou documentos técnicos reporta à situação em que o auditor não dispõe de

A discussão iniciada com a implantação do Plano Nacional de Segurança de Barragens colocou em evidência, e não poderia ser diferente, o trabalho realizado no Estado de

Os dados apresentados neste relatório foram baseados nas informações apresentadas pelas empresas nos anos anteriores e nos cadastros e declarações de estabilidade