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1) Idéia de controle
A idéia de controle de constitucionalidade está ligada à de supremacia da Constituição escrita e rígida.
2) Conceito
Controle de constitucionalidade é verificação da adequação do ato normativo ou do ato administrativo à Constituição, mediante a observação de pressupostos formais e materiais.
3) Pressupostos de constitucionalidade das espécies normativas
3.1) Pressupostos formais
A inobservância das normas constitucionais do processo legislativo (artigos 60 a 69 da CRFB) tem como conseqüência a inconstitucionalidade formal do ato normativo produzido.
Subjetivos – fase introdutória do proc. Legislativo iniciativa
Pressupostos formais constitutiva
Objetivos – outras fases do proc. Legislativo:
complementar
3.2) Pressupostos materiais
Verificação material (de conteúdo) da compatibilidade do objeto da lei com a Constituição.
4) Descumprimento de ato normativo inconstitucional pelo Poder Executivo
Somente o chefe do Poder Executivo pode deixar de aplicar a lei em função de sua manifesta inconstitucionalidade. Os subordinados devem se reportar ao chefe do Poder Executivo.
5) Espécies de controle de constitucionalidade
5.1) Quanto ao momento de realização
• controle preventivo: busca prevenir que norma inconstitucional ingresse no ordenamento jurídico.
• controle repressivo: buscar expurgar a norma inconstitucional do ordenamento jurídico.
No ordenamento jurídico brasileiro, tradicionalmente, o Legislativo e o Executivo fazem o controle preventivo, e o Judiciário faz o controle repressivo.
5.2) Quanto ao órgão controlador
• político
• judiciário
5.2.1) Controle político
5.2.2) Controle judiciário
O controle é realizado pelo Poder Judiciário.
5.3) Controle de constitucionalidade no Brasil
O Brasil adota o, predominantemente, o controle político como forma preventiva e o controle judiciário como forma repressiva.
O controle judicial repressivo no Brasil é misto. Comporta o controle difuso e o controle concentrado.
6) Controle preventivo (Brasil)
No Brasil, o controle preventivo é realizado sempre no curso do processo legislativo.
6.1) Comissões permanentes de constituição e justiça
Artigo 58 da CRFB
6.2) Veto jurídico
Artigo 66, § 1º da CRFB – veto presidencial
Presidente da República veta e comunica ao Presidente do Senado em 48 horas.
7) Controle preventivo pelo Judiciário:
O parlamentar tem direito a participar de processo legislativo de acordo com os dispositivos da CRFB (artigos 60 a 69). Daí a possibilidade de impetrar mandado de segurança perante o juiz ou o tribunal competente, visando garantir seu direito líquido e certo de fazê‐lo.
8) Controle repressivo de constitucionalidade
Por meio do controle repressivo, retiram‐se do ordenamento jurídico os atos normativos já editados e incompatíveis com a Constituição.
No Brasil, em regra, o controle repressivo é feito pelo Judiciário.
Excepcionalmente, porém, a Constituição brasileira de 1988 previu duas hipóteses em que o controle repressivo é realizado pelo Legislativo.
8.1) Controle repressivo pelo Legislativo:
• Artigo 49, V, da Constituição Federal
Congresso pode sustar atos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (art.
84, IV da CF) ou dos limites da delegação legislativa (art. 68 da CF)
• Artigo 62 da Constituição Federal
O Congresso pode rejeitar MP por julgá‐la inconstitucional.
8.2) Controle repressivo pelo Judiciário:
8.2.1. Controle DIFUSO ou aberto
Também conhecido como controle concreto, por via de exceção ou defesa. Caracteriza‐se pela permissão a todo e qualquer juiz ou tribunal realizar no caso concreto a análise sobre a compatibilidade de atos normativos ou administrativos à CRFB.
Lembrar a regra do artigo 97 da CRFB (cláusula de reserva de plenário).
Efeitos dessa declaração de inconstitucionalidade:
Efeitos ex tunc (retroativos), para as partes do processo, e no processo em que houve a declaração.
Possibilidade de extensão dos efeitos para os demais, ver artigo 52, X da CRFB: Senado, a seu critério, expede resolução sustando os efeitos da norma erga omnes e ex nunc.
8.2.2) Controle CONCENTRADO ou via de ação direta
Também chamado de controle abstrato. Por meio desse controle, procura‐se obter a declaração de inconstitucionalidade do ato normativo em tese (independentemente da existência de um caso concreto), visando‐se à obtenção da invalidação da lei, a fim de garantir‐se a segurança das relações jurídicas, que não podem ser baseadas em normas inconstitucionais.
São várias as espécies de controle concentrado, previstas pela CRFB/88:
• Ação direta de inconstitucionalidade genérica – ADIn (art. 102, I, a, da CRFB)
• Ação declaratória de constitucionalidade ‐ ADECON (art. 102, I, a, in fine; EC n. 03/93)
• Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (art. 103, parágrafo 2º, da CF)
• Ação direta de inconstitucionalidade interventiva (art. 36, III da CF)
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE GENÉRICA – ADIn
COMPETÊNCIA
Compete ao Supremo Tribunal Federal (STF) processar e julgar, originariamente, ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual.
A declaração de inconstitucionalidade da lei em tese (não existe caso concreto a ser solucionado) é o objeto principal da ação, diferentemente no ocorrido no controle difuso.
OBJETO
Ato normativo federal, estadual ou distrital no exercício de competência equivalente à dos Estados‐
membros, editados posteriormente à Constituição Federal e que ainda estejam em vigor.
Observações:
1. Ato normativo federal (leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, resoluções do SF ou da CD, decretos legislativos do CN, decretos autônomos do Poder Executivo).
2. As constituições estaduais inclusive podem ser objeto de controle de constitucionalidade em face da CRFB, perante o STF.
3. Em caso de atos revogados ou de atos cuja eficácia já se tenham exaurido (MP não convertida em lei, p. exemplo) há prejudicialidade da ação por perda do objeto.
Controle de constitucionalidade de normas originárias
Impossibilidade de se realizar controle de constitucionalidade de dispositivos do texto constitucional.
Emendas constitucionais
Poderão ser declaradas inconstitucionais por vício formal (em relação ao processo legislativo) ou por afrontar cláusulas pétreas.
Leis municipais em face da Constituição Federal
Inadmissível o controle concentrado perante o STF por meio de ADIn – ausência de previsão constitucional. Todavia, pode ocorrer o controle difuso, com a posterior extensão dos efeitos da decisão erga omnes, na forma do artigo 52, inciso X da CRFB/88.
Leis anteriores à Constituição da República Federativa de 1988
Inadmissível o controle concentrado perante o STF por meio de ADIn. A verificação de compatibilidade deve ser realizada sob a perspectiva da recepção, ou não, da norma ao novo ordenamento jurídico instaurado com a promulgação da Constituição.
Admite‐se o controle difuso.
Obs.: Leis municipais e leis estaduais em face da Constituição estadual
O processamento da ação direta de inconstitucionalidade nesses casos compete ao TJ do Estado.
Art. 125, § 2º da CRFB
Constituição do Estado de SP – art. 90.
LEGITIMAÇÃO
Ver artigo 103 da CRFB:
• Presidente da República
• Procurador‐Geral da República
• Mesa da Câmara dos Deputados
• Mesa do Senado Federal
• Conselho Federal da OAB
• Partido político com representação no Congresso Nacional
• Mesa da Assembléia Legislativa ou Câmara Legislativa do DF *
• Governador de Estado ou do DF *
• Confederação sindical *
• Entidade de classe de âmbito nacional (entidade profissional) *
* Para esses legitimados o STF exige pertinência temática entre o objeto da ação e o interesse específico defendido pelo legitimado.
Os demais possuem legitimação ativa universal.
Obs. A mesa do Congresso Nacional não possui legitimação para propor a ADIn.
PROCESSO
Ver artigo 103, §§ 1º e 3º e Lei 9868/99
Advogado‐Geral da União será citado para defender o ato ou o texto impugnado.
Cabe a interposição de medida cautelar para o deferimento de liminar (art. 102, inciso I, p da CRFB).
O autor da ADIn não poderá desistir da ação.
EFEITOS DA DECISÃO
Erga omnes e ex tunc
‐ Nada obstante, o STF, por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, por maioria qualificada (2/3 dos seus membros), pode dar à decisão efeitos ex nunc ou fixar outro momento a partir do qual a decisão passará a valer.
‐ O efeito é vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da Adm. Pública federal, estadual, municipal e distrital.
PRINCÍPIO DA PARCELARIDADE
O STF pode julgar a inconstitucionalidade parcial, expurgando do texto normativo apenas uma palavra ou expressão.
PREVISÃO E COMPETÊNCIA
ADECON – criada em 17.3.93, pela EC n° 3, com disposições alteradas pela EC n° 45/04.
Ver art. 102, inciso I, ´a´ e art. 102 § 2º da CRFB
Compete ao STF julgá‐la.
FINALIDADE
‐ Afastar a insegurança jurídica ou o estado de incerteza sobre a validade de uma lei ou ato normativo federal, para preservar a ordem jurídica constitucional;
‐ Transferir ao STF a decisão sobre a constitucionalidade de um dispositivo legal que esteja sendo duramente atacado pelos juízes e tribunais inferiores, afastando‐se o controle difuso, uma vez que, declarada a constitucionalidade da norma, o Judiciário e o Executivo ficam vinculados à decisão proferida; e
‐ Transformar a presunção relativa de constitucionalidade em presunção absoluta, em virtude de seus efeitos vinculantes.
OBJETO
Somente lei ou ato normativo federal.
Exige‐se também comprovação da divergência judicial: ações em andamento em que a constitucionalidade da lei é impugnada.
LEGITIMAÇÃO
Os mesmos da ADIn, conforme EC 45/04.
PROCEDIMENTO
Lei 9868/99
EFEITOS DA DECISÃO
Ex tunc
Erga omnes
‐ Vinculantes em relação ao Judiciário e ao Executivo
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO
FINALIDADE
Conceder plena eficácia às normas constitucionais que dependam de complementação infraconstitucional. Tem cabimento a ação quando o Poder Público se abstém de cumprir um dever que a Constituição lhe atribui.
OBJETO
Na conduta negativa consiste a inconstitucionalidade. A Constituição estabeleceu que o Poder Público (Legislativo ou Executivo) tivesse uma conduta positiva, com a finalidade de garantir a aplicabilidade e a eficácia da norma constitucional. O Poder Público omitiu‐se, tendo, pois, uma conduta negativa.
LEGITIMAÇÃO
Mesmos legitimados para a ADIn genérica – artigo 103 da CRFB.
DECISÃO DO STF
O STF dá ciência ao Poder ou órgão competente para:
• No caso de órgão administrativo: adoção das providências necessárias em 30 dias. Em caso de descumprimento = futura responsabilização da Adm. Pública.
• No caso de omissão do Legislativo: ciência ao Poder Legislativo para que adote as providências necessárias, sem prazo preestabelecido.
Conceito
O mandado de injunção consiste em uma ação constitucional, de caráter civil e de procedimento especial, que visa suprir uma omissão do Poder Público, no intuito de viabilizar o exercício de um direito, uma liberdade ou uma prerrogativa prevista na CRFB/88. Visa, assim como a ADIn por Omissão, combater a inefetividade das normas jurídicas.
Objeto
Omissão do Poder Público, decorrente de falta de regulamentação de norma constitucional de eficácia limitada (de princípio institutivo ou de princípio programático).
Requisitos
• Falta de norma reguladora de uma previsão constitucional (omissão do Poder Público);
• Inviabilização do exercício de direitos constitucionais (nexo de causalidade).
Legitimidade
Qualquer pessoa (admite‐se o MI coletivo)
Legitimidade passiva
Somente o Poder público
Procedimento
Serão observadas as normas do mandado de segurança, enquanto não editada norma específica.
Impossibilidade de concessão de medida liminar – incompatibilidade.
Competência originária
STF (art. 102, I, q)
STJ (art. 105, I, h)
No âmbito estadual:
Os Estados podem estabelecer em suas constituições o órgão competente para processar e julgar MI contra omissão do Poder público estadual em face das normas constitucionais estaduais.
Decisão e efeitos do mandado de injunção
geral
Concretista
direta
Individual
intermediária
Posições
Não concretista
Ver art. 102, § 1° da CRFB/88 (EC 3/93) e Lei 9.882, de 3 de dezembro de 1999 (regulamenta a ADPF)
Objeto
Ato administrativo do Poder público ou ato normativo federal, estadual, distrital ou municipal, incluídos os anteriores à CRFB/88.
Finalidade
Evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder público.
Competência
STF
Legitimados
Os mesmos legitimados para a ADIn genérica (art. 103 da CRFB/88)
Hipóteses de cabimento: três
• Evitar lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder público;
• Reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder público;
• Quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à CRFB/88.
Caráter subsidiário
Incabível a ADPF quando existe outra medida eficaz para sanar a lesividade (hc, hd, ms, mi, ação popular, ADIn´s, ADECON.
Procedimento
Ver Lei 9.882/1999
Quorum para instalação da sessão e para a decisão
Mesmas regras da ADIn genérica
2/3 dos membros para instalação e maioria absoluta para decisão.
Efeitos da decisão
Mesmas regras da ADIn genérica