• Nenhum resultado encontrado

ANÁLISE COMPARATIVA DO DESEMPENHO DO CONCRETO LEVE COM ADIÇÃO DE POLIESTIRENO EXPANDIDO (EPS)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ANÁLISE COMPARATIVA DO DESEMPENHO DO CONCRETO LEVE COM ADIÇÃO DE POLIESTIRENO EXPANDIDO (EPS)"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

ANÁLISE COMPARATIVA DO DESEMPENHO DO CONCRETO LEVE COM ADIÇÃO DE POLIESTIRENO EXPANDIDO (EPS)

José Geraldo Oliveira Dantas1, Daniela da Costa Leite Coelho2

1 Graduando do Curso Bacharelado em Ciência e Tecnologia, UFERSA, Mossoró - Rio Grande do Norte, Fone (84) 98739-6412. E-mail: josegeraldu@gmail.com. Autor(a) apresentador(a) correspondente *.

2 Doutora em Manejo de Solo e Água, Professora Adjunta, UFERSA, Mossoró - Rio Grande do Norte, Fone (84) 98830-9726. E-mail: daniela.coelho@ufersa.edu.br.

Resumo: O Poliestireno Expandido (EPS) – popularmente conhecido no Brasil como Isopor – é um plástico rígido composto por apenas 2% de matéria-prima e 98% de ar, ou seja, é um material extremamente leve, o que dificulta a viabilidade econômica para reciclagem. Contudo, este fator não significa que o produto não possa ser reutilizado ou reciclado. Como esta informação não é trivial para grande parcela da população, muitos descartam esse material de forma errada, fazendo com que um grande volume de EPS seja destinado aos aterros sanitários.

Visando diminuir este problema, o objetivo do presente trabalho buscou comparar, por meio de revisão de literatura baseada em estudos realizados, as propriedades físico-mecânicas do concreto com adição de esferas de Poliestireno Expandido em diferentes proporções, bem como a análise das adições, aditivos e demais materiais para a fabricação do concreto leve. Foi notado que o EPS possui grande aplicabilidade na mistura do concreto para construções que variam desde estruturas de grande porte, como pontes, ferrovias, prédios e estradas, até para uso em vedações internas. Através de dois principais estudos selecionados que realizaram ensaios em laboratórios sobre a resistência mecânica do concreto leve utilizando pérolas de Poliestireno Expandido, foi possível verificar que o material, apesar de diminuir essa propriedade, se mostra útil para utilização de acordo com qual finalidade se deseja, mostrando que o mesmo possui outra utilidade ao invés de ser simplesmente depositado em aterros sanitários.

Palavras-chave: Isopor; Construção civil; Resistência; Compressão; Sustentabilidade.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com a Comissão Setorial do EPS no Brasil (2014), Poliestireno Expandido, popularmente conhecido como Isopor – marca registrada da fabricante Knauf – é um plástico rígido que resulta da polimerização do estireno (vinil benzeno) em água, ou seja, pela união sucessiva de moléculas iguais que resulta em macromoléculas, caracterizando um polímero de adição (EPS BRASIL, 2014) [1].

EPS é a sigla internacional definida pela norma DIN ISO-1043/78 para designar o Poliestireno Expandido, que foi descoberto em 1949 nos laboratórios da empresa química BASF na Alemanha (ABRAPEX, 2014) [2]. O EPS vem ganhando grande aplicabilidade no ramo da Engenharia Civil desde então, principalmente por apresentar características peculiares, como leveza, resistência e baixo custo. Além disso, o EPS é um material inerte que não contamina o solo, a água ou o ar, e se destaca por ser um produto reaproveitável e reciclável, podendo, inclusive, voltar à condição de matéria-prima (EPS BRASIL, 2014) [1].

Mesmo assim, é economicamente inviável a reciclagem desse material, uma vez que necessitaria de um grande volume coletado para venda quando comparado a outros materiais, como o vidro, por exemplo. Diante dessas características, têm-se a necessidade da realização de testes para saber a aplicabilidade desse material em outros setores, evitando que seja destinado aos aterros sanitários.

De acordo com a Associação Brasileira do Poliestireno Expandido – ABRAPEX (2014) [2], o poliestireno expandido (EPS) é composto por apenas 2% de matéria-prima e 98% de ar, ou seja, é um material extremamente leve, o que dificulta a viabilidade econômica para reciclagem. Contudo, este fator não significa que o produto não possa ser reutilizado ou reciclado (ABRAPEX, 2014) [2]. Como a grande parcela da população brasileira desconhece essa realidade a respeito do EPS, muitos acabam descartando o material de forma inadequada.

Ainda segundo ABRAPEX (2014) [2], o EPS não é biodegradável, mas sua reciclagem pode ser feita através do seu trituramento para posterior reutilização do mesmo, entre outras aplicações, como agregado para concreto

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO - UFERSA CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA Trabalho de Conclusão de Curso (2019).

(2)

cooperativas especializadas em seu tratamento e reciclagem (FRAGMAQ, 2017) [4].

Essa espuma rígida possui grandes aplicações no âmbito da construção civil, incluindo estruturas de grande porte, como pontes, ferrovias, prédios e estradas, e é responsável por reduzir prazos, custos e o consumo de energia em projetos arquitetônicos. De acordo com a Comissão Setorial do EPS no Brasil (2014) [1], a espuma rígida de EPS é comprovadamente um material isolante. Devido ele ser um plástico composto basicamente por 'vazios', sendo fisicamente estável e contendo ar, ele pode suportar variações de temperaturas de -50º a +80 ºC, sendo assim um material isolante da melhor qualidade, capaz de suportar grandes variações de temperaturas (EPS BRASIL, 2014) [5].

Com relação aos seus usos específicos pode-se citar o emprego do Poliestireno Expandido como isolante térmico de coberturas, paredes e pavimentos, tal como em todo o tipo de obras, desde os grandes viadutos, estradas, grandes edifícios até à pequena moradia, além de ser usado como elemento de enchimento para lajes pré-fabricadas (concreto leve) (TERMOVALE, 2016) [6].

O EPS agrega grandes aplicabilidades na engenharia civil, como alta produtividade, deformabilidade, trabalhabilidade e ergonomia, além da ampla adequabilidade de acordo com o seu emprego na construção civil, podendo ser na construção artesanal ou na industrializada. Além dessas vantagens do uso do Poliestireno Expandido no âmbito da construção civil, pode-se citar principalmente a sua leveza associada à resistência e a relação resistência/massa, ou seja, sua boa resistência mecânica à compressão com pouca massa (AECweb, 2015) [7], que será o foco da análise do presente artigo.

Como já abordado anteriormente, uma das aplicabilidades encontradas foi o uso do Poliestireno Expandido como agregado no concreto convencional, tornando-o um composto leve, impermeável e de ótima resistência, não exigindo esforços muito intensos na estrutura e na infraestrutura das edificações, bem como a diminuição dos custos com transporte e montagem (ROCHA; FIGUEIREDO; ALTRAN, 2016) [8]. Mas devido ao pouco estudo na área, ainda existe uma barreira, principalmente no Brasil, com a relação à inserção de novos materiais no ramo da engenharia civil que tragam alternativas mais sustentáveis e reduzam gastos, mesmo muitas práticas como essa já estarem sendo executadas em outros lugares do mundo, como por exemplo, na Europa o consumo de EPS no ramo da construção civil responde por 65%, enquanto no Brasil chega apenas a 4% (BEZERRA, 2003) [9].

Diante do exposto, o presente trabalho buscou comparar, por meio de revisão de literatura baseada em estudos realizados, as propriedades físico-mecânicas do concreto com adição de esferas de Poliestireno Expandido em diferentes proporções, bem como a análise das adições, aditivos e demais materiais para a fabricação do concreto leve.

2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Metodologia

O presente trabalho caracterizou-se como uma revisão de literatura, bem como uma análise comparativa entre os resultados, e os fatores que levaram a estes, obtidos a partir de ensaios que medem as propriedades mecânicas de resistência à compressão do concreto leve com diferentes traços de EPS, ou seja, foi realizado um estudo sobre a influência da variação do Poliestireno Expandido no comportamento físico-mecânico deste tipo de concreto não estrutural. A resistência à compressão é uma das principais propriedades na caracterização dos concretos leves e está relacionada com a granulometria e com o tipo do agregado leve empregado.

A primeira etapa deste trabalho foi a realização de uma pesquisa bibliográfica através de dissertações, artigos e sites, visando não só compreender melhor o que é, de fato, o Poliestireno Expandido, como também sua utilização no âmbito da construção civil – utilizado para fabricação do concreto leve.

Posterior a isso, foi realizada uma análise comparativa, com foco maior entre dois artigos de relevância no tema, que foram publicados, um na revista Colloquium Exactarum e outro na 8ª JICE – Jornada de Iniciação Científica e Extensão do Instituto Federal do Tocantins. Também foram citados outros trabalhos para agregar valor a discussão e aumentar o nível de conhecimento a respeito do tema abordado.

No Quadro 1 estão dispostos os títulos e os autores dos artigos que foram escolhidos para compor a análise deste trabalho.

(3)

Quadro 1 – Títulos e autores dos artigos selecionados como análise do estudo.

Nº artigo TÍTULO AUTORES

01

ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS, MECÂNICAS E APLICAÇÃO DO CONCRETO

LEVE COM A UTILIZAÇÃO DE AGREGADOS DE POLIESTIRENO

EXPANDIDO – EPS

ROCHA, B.; FIGUEIREDO, F.;

ALTRAN, D. (2016) [8].

02

ESTUDO DAS PROPRIEDADES FÍSICO- MECÂNICAS DO CONCRETO PRODUZIDO

COM ADIÇÃO DE PÉROLAS DE POLIESTIRENO EXPANDIDO (EPS)

BOSSO et al. (2017) [10].

Fonte: Autoria própria.

O primeiro artigo analisado, de título “Estudo das propriedades físicas, mecânicas e aplicação do concreto leve com a utilização de agregados de Poliestireno Expandido - EPS”, que tem como responsáveis os graduados em Engenharia Civil Bárbara Florrance de Melo Rocha, Filipe Bittencourt Figueiredo e Daniele Araújo Altran, foi publicado no periódico científico editado pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) – Colloquium Exactarum. Para a fabricação do concreto foi utilizado o Cimento Portland II – F32 (CPII -Z- F32), composto para uso geral, como agregado miúdo foi utilizado a areia e como agregado graúdo foi utilizado à brita nº1. Para conhecer melhor as características e determinar a distribuição granulométrica do agregado miúdo (areia), graúdo (brita nº1) e leve (EPS), utilizou-se o ensaio de granulometria seguindo a ABNT NBR NM 248/2003 [11]

(ROCHA; FIGUEIREDO; ALTRAN, 2016) [8].

Com o objetivo de fabricar o concreto leve, os autores usaram pérolas de Poliestireno Expandido (EPS) com granulometria de 5 mm fornecida pelo fabricante de densidade de 8 kgf.m-³. Para melhorar a aderência foi usado cola branca de madeira extra adesivo de Poliacetato de Vinila (PVA) diluído na água de amassamento e como outro aditivo foi empregado o Chapix Quartzolit – adesivo em emulsão de polivinila (PVA) (ROCHA;

FIGUEIREDO; ALTRAN, 2016) [8].

Além do traço piloto – que não contém as pérolas de EPS –, também foram produzidos outros três traços, contendo 5, 10 e 15% de Poliestireno Expandido. Para a produção da mistura, colocou-se na betoneira em movimento 1/3 da quantidade de cimento, com parte de água e o EPS. Após isso foram adicionados o adesivo Chapix Quartzolit e a cola branca (PVA) diluídos em 1000 ml da água de amassamento do concreto. Após 3 minutos de mistura, foram adicionados parte da areia e a brita nº1. O restante dos materiais foram adicionados até que apresentassem consistência adequada para utilização como concreto (ROCHA; FIGUEIREDO;

ALTRAN, 2016) [8].

Após obter 44 litros de concreto por traço produzido, iniciou-se a moldagem dos corpos de provas e cura com dimensões de 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura, seguindo a NBR 5738/2015 [12], para a realização dos ensaios para analisar as propriedades físicas e mecânicas do concreto. Para o nivelamento da área submetida à compressão, os 92 corpos de provas produzidos foram capeados com enxofre derretido. Dessa forma, foi realizado o ensaio de resistência mecânica à compressão, seguindo a NBR 5739/2007 [13], no laboratório de engenharia civil da Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, em uma prensa com capacidade de carga de 20 toneladas (ROCHA; FIGUEIREDO; ALTRAN, 2016) [8].

O segundo artigo utilizado para a análise comparativa, que possui como título “Estudo das propriedades físico-mecânicas do concreto produzido com adição de pérolas de Poliestireno Expandido (EPS)”, foi escrito pelos graduandos em Engenharia Civil e bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET) Jaryd Matias Cardoso e Nicole Giovana Menezes Rocha, além do professor-tutor do PET Flávio Roldão de Carvalho Lelis e o professor Antônio Rafael de Souza Alves Bosso. Esse artigo foi apresentado na 8ª Jornada de Iniciação Científica e Extensão – JICE – realizada em outubro de 2017 no Instituto Federal do Tocantins – IFTO – Campus Palmas.

Diferentemente do artigo nº 1, no artigo nº 2 o Cimento Portland utilizado foi o CPV – ARI da CIPLAN (atendendo aos critérios da NBR 5733 – Cimento Portland de alta resistência inicial [14]). O cimento portland de alta resistência inicial (CPV – ARI) tem a peculiaridade de atingir altas resistências já nos primeiros dias da aplicação. O desenvolvimento da alta resistência inicial é conseguido pela utilização de uma dosagem diferente de calcário e argila na produção do clínquer, bem como pela moagem mais fina do cimento, de modo que, ao reagir com a água, ele adquira elevadas resistências, com maior velocidade (BOSSO et al., 2017) [10].

Sobre a determinação das quantidades de agregado miúdo (areia) em relação a sua granulometria, assim como no primeiro artigo, foi definida em conformidade com a ABNT NBR NM 248/2003 [11] para a dosagem do concreto. A areia – coletada da região de Palmas – foi utilizada de modo que o empacotamento granular apresentasse a menor quantidade de vazios, resultando em maior resistência mecânica. Através de um método experimental de empacotamento adaptado, foram obtidas três faixas granulométricas – de 150 µm, de 300 µm e 0,6 mm. Não houve a utilização de agregados graúdos, uma vez que o mesmo foi substituído parcialmente por pérolas com dimensões variadas de EPS – comprados em lojas de artigos para artesanato e papelarias (BOSSO et

(4)

Além de materiais básicos para o concreto como o cimento, a areia e a água, também foi utilizado a Sílica Ativa Tcnosil como adição e o Sika Viscocrete 3535 cb – superplastificante para concretos de alto desempenho – como aditivo. A Sílica Ativa Tcnosil nada mais é do que um pó fino pulverizado decorrente do processo de fabricação do silício metálico ou ferro silício. Portanto é um produto de origem metalúrgica, o que lhe confere maior estabilidade quanto a sua composição química e física. A capacidade de uma Sílica Ativa (microssílica) reagir às temperaturas normais com hidróxido de cálcio (presente na pasta de cimento Portland hidratada) e de tornar silicato de cálcio hidratado adicional ocasiona uma redução significativa na porosidade da matriz e da zona de transição na interface. Portanto viu-se a necessidade da utilização destes materiais na dosagem do concreto a fim de gerar um produto com um melhor comportamento (BOSSO et al., 2017) [10].

A elaboração do traço base do concreto para as amostras foi baseada na dosagem pré-estabelecida para concretos de pós-reativos, e em seguida foi adaptada com os devidos materiais utilizados. As quantidades utilizadas para a elaboração do traço estão especificadas na Tabela 1, retirada do artigo nº 2.

Tabela 1 – Traço base para as amostras Dosagem adotada no trabalho

Material Quantidade

Cimento 300 g

Sílica Ativa 50 g

Areia 550 g

Água 105 g

Superplastificante 3,15 g

Relação a/a 0,3

Fonte: BOSSO et al. (2017) [10].

Com a dosagem do concreto definida, foi feito um traço piloto, ou seja, sem adição do agregado leve, conforme as definições da NBR 7212/2012 [15], e após isso, foi definido todos os traços experimentais que seriam realizados com a adição do EPS – 0, 20, 33,3, 42,9 e 50% de EPS em relação ao volume total (insumos e pérolas) que foram, respectivamente, 400, 500, 600, 700 e 800 cm³. Dessa forma, com os traços já estabelecidos, deu-se início a execução necessária do concreto rodando-o na argamassadeira, uma vez que a mesma era compatível com a quantidade de material para cada traço e não havia a presença de agregado graúdo na mistura (BOSSO et al., 2017) [10].

Após a mistura dos materiais na argamassadeira, foi realizado o procedimento de moldagem e cura dos corpos de provas, seguindo os critérios presentes na NBR 5738/2003 [12], em formas cúbicas de dimensão 50x50x50mm. Ao se passarem 21 dias do início do processo de cura, foi realizado o ensaio de resistência mecânica a compressão, realizado segundo a NBR 5739/2007 [13] – mesma norma utilizada no artigo nº 1 –, e para isso foi utilizada a máquina universal de ensaios modelo 10.000, micro processada, da marca EMIC (BOSSO et al., 2017) [10].

Por fim, foi realizada uma revisão das metodologias nos artigos relacionados à utilização do EPS para fabricação do concreto leve, com a finalidade de tornar melhor o entendimento e a visualização sobre cada processo ocorrido, mostrados na Tabela 2.

Tabela 2 – Revisão da metodologia dos artigos analisados.

DADOS Artigo nº 1 Artigo nº 2

Cimento Portland II – F32 (CPII -Z- F32) CPV – ARI

Agregado miúdo Areia Areia

Agregado graúdo Brita tipo 1 Não foi utilizado

Pérolas de EPS Granulometria de 5 mm Dimensão variada

Adição Não especificado Sílica Ativa Tcnosil

Aditivo Adesivo Chapix Quartzolit;

Cola Branca (PVA)

Sika Viscocrete 3535 cb (superplastificante) Traços 0, 5, 10 e 15% de EPS 0, 20, 33,3, 42,9 e 50% de EPS Quantidades de agregado miúdo em

relação a sua granulometria NBR NM 248/2003 NBR NM 248/2003 Procedimento de moldagem e cura

de corpos-de-prova NBR 5738/2015 NBR 5738/2003

Ensaio de resistência mecânica à

compressão NBR 5739/2007 NBR 5739/2007

Fonte: Adaptado de ROCHA; FIGUEIREDO; ALTRAN. (2016) [8]; BOSSO et al. (2017) [10].

(5)

2.2. Resultados e Discussões

Através do ensaio de granulometria, realizado seguindo a NBR NM 248/2003 [11], o artigo nº 1 apontou que os agregados graúdos e miúdos encontravam-se com uma boa distribuição granulométrica, e as pérolas de Poliestireno Expandido com distribuição granulométrica uniforme de 5 mm, identificados nos Gráficos 1, 2 e 3, respectivamente (ROCHA; FIGUEIREDO; ALTRAN, 2016) [8]. Enquanto no artigo nº 2 foi obtido uma boa granulometria para o agregado miúdo (graúdo não foi utilizado para os traços), mas uma distribuição granulométrica variada para o Poliestireno Expandido, uma vez que o EPS foi comprado com dimensões variadas em lojas de artigos para artesanato e papelarias (BOSSO et al., 2017) [10].

Gráfico 1 – Curva granulométrica da areia.

Fonte: ROCHA; FIGUEIREDO; ALTRAN. (2016) [8].

Gráfico 2 – Curva granulométrica da brita 1.

Fonte: ROCHA; FIGUEIREDO; ALTRAN. (2016) [8].

Gráfico 3 – Curva granulométrica das pérolas de EPS.

Fonte: ROCHA; FIGUEIREDO; ALTRAN. (2016) [8].

Os ensaios de resistência mecânica à compressão realizados, seguindo a ABNT NBR 5739/2007 [13], apresentaram resultados semelhantes em ambos os artigos analisados. O ensaio mostrou para os dois artigos, que houve uma diminuição nesta capacidade quando foi aumentada a proporção de agregado leve em cada traço, ou seja, com o aumento de percentual de EPS no concreto, houve uma diminuição dos valores das respectivas resistências para cada traço.

(6)

De acordo com os resultados obtidos no artigo nº 1, vistos no gráfico 4, aos 21 dias de cura o traço de 5% de EPS obteve resistência média de 19,39 MPa, o de 10% obteve 16,1 MPA e o de 15% de EPS obteve 15,32 MPa.

Isso significa que neste tempo analisado, a substituição do agregado graúdo pelo EPS não se mostrou viável para o emprego de concreto que necessita de resistência mínima de 20 MPa. Mas se analisar em conjunto com o tempo de cura de 28 dias, pode-se dizer que este concreto atente a esta condição mínima, exceto o traço com 15% de EPS, que obteve resistência média menor, de 18,45 MPa aos 28 dias.

Sobre o artigo nº 2, é notório ver, através da Tabela 3, a diminuição da resistência à compressão à medida que se aumenta a quantidade de EPS. O T2 (traço com 20% de EPS) obteve um módulo médio de 45,37 MPa aos 21 dias de cura, enquanto o T3 (traço com 33,3% de EPS) obteve um módulo de 30,7 MPa, o T4 (42,9% de EPS) de 25,67 MPa e o T5 (50% de EPS) de 18,87 MPa. Dessa forma, apenas o T5 não seria viável para o emprego de concreto que necessite de resistência mínima de 20 MPa.

Como no artigo nº 2 foi analisado a propriedade com relação à resistência à compressão do concreto leve com adição de EPS no tempo de cura de 21 dias, conforme verifica-se através da Tabela 3, pode-se fazer um paralelo apenas com o mesmo tempo de cura analisado no artigo nº 1, uma vez que este realizou o ensaio em tempos diferentes – segundo o Gráfico 4 –, realizando o ensaio, seguindo as recomendações da NBR 5739/2007 [13], a 7, 14, 21 e 28 dias.

Quando compara-se o traço piloto (concreto com 0% de EPS) de ambos os artigos no tempo de cura de 21 dias, obtém-se um módulo médio de resistência à compressão de 21,68 MPa pelo ensaio do artigo nº 1 e de 63,87 MPa com o T1 pelo artigo nº 2. Dessa forma, é válido ressaltar que o resultado que obteve menor módulo à compressão foi aquele cujo houve a utilização do agregado graúdo na fabricação do concreto e que as pérolas de EPS utilizadas foram de dimensão uniforme. Claro que outros fatores também devem ser levados em consideração, como a relação aglomerante/agregado (quanto maior a quantidade de aglomerante mais “forte”

será) e relação água/cimento (quanto maior a quantidade de água mais “fraca” será). Contudo, esses fatores – por mais que relevantes – não foram comentados em nenhum dos artigos analisados.

Tabela 3 – Resistência à compressão aos 21 dias de cura úmida.

DADOS T1 T2 T3 T4 T5

Amostra 1

(MPa) 73,4 48,2 37,7 23,8 19,5

Amostra 2

(MPa) 66 41,4 21,3 27,2 17,5

Amostra 3

(MPa) 52,2 46,5 33,1 26 19,2

Média

(MPa) 63,87 45,37 30,7 25,67 18,87

Fonte: Adaptado de BOSSO et al. (2017) [10].

Gráfico 4 – Ensaio de resistência mecânica no módulo de compressão (em MPa) dos corpos de prova fabricados com 0, 5, 10 e 15% de EPS e curados a 7, 14, 21 e 28 dias.

Fonte: ROCHA; FIGUEIREDO; ALTRAN. (2016) [8].

A partir desses resultados obtidos, pode-se, ainda, fazer um paralelo com o resultado encontrado por Jonatan Luiz Guerra (GUERRA, 2015) [3] em seu trabalho, que teve como objetivo verificar a viabilidade da substituição de 50% do agregado graúdo por EPS. O referido autor, assim como em ambos os artigos analisados, notou uma diminuição na resistência à compressão e justificou essa redução devido à má distribuição granulométrica dos agregados utilizados – miúdo e graúdo –, que reduz o fator de empacotamento dos agregados, aumentando a porosidade do concreto e, consequentemente, ocasionando a redução de sua resistência à compressão. Contudo, nos artigos analisados foi exposto que houve uma boa distribuição granulométrica dos agregados, fazendo com que este argumentado seja inaplicável nesta análise.

Devido a isso, é válido ressaltar que o fator da análise granulométrica pode ser decisivo para ocasionar a diminuição da resistência no agregado leve, porém ele não deve ser o único levado em consideração, uma vez que ambos os artigos coletados para análise comparativa obtiveram uma distribuição granulométrica satisfatória

(7)

– seguindo as recomendações da NBR NM 248/2003 [11] – e mesmo assim ainda apresentaram uma baixa resistência à compressão, quando comparado com o traço piloto (traço com 0% de EPS).

Além das propriedades discutidas, também deve ser levado em consideração à análise do desempenho térmico da utilização do EPS no concreto leve. Pelos resultados obtidos na Dissertação de Mestrado de Luciano André Cruz Bezerra (BEZERRA, 2003) [9] sobre este fator, ele mostrou, através de experimentos que determinam a condutividade térmica e o calor específico, que há vantagens com relação ao desempenho térmico dos sistemas construídos com blocos de EPS, devido esse agregado leve reduzir a transferência de calor do meio externo para o meio interno, resultando em uma economia de energia elétrica necessária à climatização de ambientes.

3. CONCLUSÕES

Com base nos experimentos e nos resultados obtidos dos ensaios realizados em ambos os estudos analisados, concluiu-se que a resistência à compressão é uma das propriedades que mais sofrem alteração com o emprego do EPS, ocorrendo sua diminuição, contudo, ainda assim, demonstraram ser tecnicamente viáveis à produção de concretos leves com características não estruturais.

Com base no estudo feito, podemos concluir que o concreto leve que obteve melhor desempenho experimentalmente foi o exposto no artigo nº 2. Ao se comparar o traço de 10% de EPS do artigo nº 1 com o traço T2, contendo 20% de EPS, do artigo nº 2, ambos curados a 21 dias, pode-se notar que o módulo médio de resistência à compressão do T2, com 45,37 MPa, é mais do que o dobro do que o concreto contendo 10% do Poliestireno Expandido, que foi de apenas 16,1 MPa.

Deve-se ressaltar a utilização de métodos adaptados para se alcançar melhores granulometrias do agregado miúdo no artigo nº 2, bem como a utilização de adição de Sílica Ativa Tcnosil e um superplastificante como aditivo. Além desses fatores, outro, muito importante, que deve ser levado em consideração é com relação ao tipo de cimento usado. Na fabricação do concreto leve foi utilizado o Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CPV – ARI), que possui a capacidade de atingir altas resistências já nos primeiros dias da aplicação, enquanto no artigo nº 1 foi utilizado Cimento Portland Composto com Pozolana contendo adição de material carbonático (Fíler), de uso geral.

Por fim, apesar dos resultados obtidos com os ensaios utilizando os diversos percentuais de pérolas de Poliestireno Expandido, os estudos indicaram que a utilização desse material para a fabricação do concreto leve pode ser uma alternativa útil para diversos usos, ressaltando suas limitações com relação suas resistências variadas.

Diante disso, existe um grande número de possibilidades e opções para atender diversas necessidades técnicas, operacionais e econômicas dos processos construtivos, basta ser realizado um estudo acerca das propriedades mínimas admissíveis pela construção e utilizar o melhor concreto que atenda essas condições.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] EPS Brasil – Comissão Setorial do EPS no Brasil. O que é EPS?. Disponível em:

<http://www.epsbrasil.eco.br/eps/index.html>. Acesso em: 13 de julho de 2019.

[2] ABRAPEX – Associação Brasileira do Poliestireno Expandido. O que é EPS. Disponível em:

<http://www.abrapex.com.br/01OqueeEPS.html>. Acesso em: 13 de julho de 2019.

[3] GUERRA, J. L. Estudo da Influência de Flocos de Poliestireno Expandido como Agregado no Concreto Seco. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Engenharia Civil da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Pato Branco, 2015.

[4] FRAGMAQ – Fragmentadoras de Papel e Trituradores. Afinal, isopor é reciclável? O material vai em qual lixo?. Disponível em: <https://www.fragmaq.com.br/blog/afinal-isopor-e-reciclavel-o-material-vai-em-qual- lixo/>. Acesso em: 17 de julho de 2019.

[5] EPS Brasil – Comissão Setorial do EPS no Brasil. Aplicações. Disponível em:

<http://www.epsbrasil.eco.br/aplicacoes.html>. Acesso em: 17 de julho de 2019.

[6] TERMOVALE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE POLIESTIRENO E AÇO – Ltda. O que é EPS? (O que é Isopor?). Disponível em: <https://www.termovale.com.br/pt-br/novidades-e-dicas/o-que-e-eps-o-que-e-isopor>.

(8)

[7] PORTAL AECWEB – Arquitetura, Construção e Engenharia. O setor da construção civil é o principal mercado que usa Poliestireno Expandido. Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/cont/n/o-setor-da- construcao-civil-e-o-principal-mercado-que-usa-poliestireno-expandido_11889>. Acesso em: 19 de julho de 2019.

[8] ROCHA, B.; FIGUEIREDO, F.; ALTRAN, D. Estudo das propriedades físicas, mecânicas e aplicação do concreto leve com a utilização de agregados de poliestireno expandido – EPS. Colloquium Exactarum, São Paulo, v. 8, 2016.

[9] BEZERRA, L. A. C. Análise do desempenho térmico de sistema construtivo de concreto com eps como agregado graúdo. 2003. 64f. Dissertação de Mestrado – Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2003.

[10] BOSSO et al. Estudo das propriedades físico-mecânicas do concreto produzido com adição de pérolas de poliestireno expendido (EPS). Jornada de Iniciação Científica e Extensão – JICE, Tocantins, 2017.

[11] ABNT NBR NM 248. Agregados – Determinação da composição granulométrica. Rio De Janeiro:

ABNT, 2003.

[12] ABNT NBR 5738. Concreto: procedimento para moldagem e cura de corpos de prova, para realizar os ensaios de resistência à compressão. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

[13] ABNT NBR 5739. Concreto: ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro:

ABNT, 2007.

[14] ABNT NBR 5733. Cimento Portland de alta resistência inicial. Rio de Janeiro: ABNT, 1991.

[15] ABNT NBR 7212. Execução de concreto dosado em central – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.

(9)

Referências

Documentos relacionados

A pressão sobre o lábio superior não é recomendada, visto que esta forma de tocar é muito mais cansativa, prejudica a certeza dos ataques e pode interromper a

É a diferença de potencial entre dois pontos em um circuito. Para que os elétrons se desloquem através de um condutor, é necessária uma força ou pressão que impulsione

força de trabalho e no seu dimensionamento de pessoal, pode optar pela troca de um cargo vago por outro de mesmo nível de classificação, que melhor irá atender as suas demandas

Dos grupos de fatores linguísticos, destaca-se, aqui, o comportamento dos dados em relação aos seguintes: (i) tipo de complexo verbal – controle de cada forma (semi)-auxiliar que

Para realizar a análise das características mecânicas, físicas e químicas do concreto produzido com adição de Oxido de Alumínio (Al₂O₃) e submetidos a

Diana Luz Pessoa de Barros, Universidade de São Paulo, São Paulo, São Paulo, Brasil Eduardo Guimarães, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brasil Eni

171 PG49 - Desenvolvimento de heterojunções dos sistemas BiVO4, Fe2Ti O5 e WO3 para a formação de eletrodos aplicados na fotossíntese articial para geração de hidrogênio

O objetivo deste trabalho foi identificar e estimar a diversidade de comunidades de fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) autóctones associados ao amendoim forrageiro