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AS ESTRATÉGIAS DE LEITURA EM HQS: UMA PROPOSTA SOCIOINTERACIONISTA

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Academic year: 2021

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AS ESTRATÉGIAS DE LEITURA EM HQS: UMA PROPOSTA SOCIOINTERACIONISTA

Diovane de Lourdes Pereira (G- UENP / Câmpus Jac.) dio-vane@hotmail.com Luiz Antonio Xavier Dias (Orientador – UENP/ Câmpus Jac.)

Essa é mais uma das reflexões teóricas do Grupo de Pesquisa Leitura e Ensino, certificado pelo CNPq, na linha de pesquisa metodologia do ensino da leitura, para tanto, trataremos do gênero HQ numa concepção sociointeracionista da linguagem, priorizando o interlocutor.

O interacionismo social, como o próprio nome já diz, leva em conta os fatores sociais, comunicativos e culturais no estudo da aquisição da linguagem. Nessa perspectiva teórica, a interação social e a troca comunicativa entre criança e seus interlocutores são tomadas como pré-requisito básico para o desenvolvimento linguístico.

Assim, o objetivo deste artigo é abordar as estratégias de leitura numa concepção sociointeracionista da linguagem, ou seja; que dá prioridade ao interlocutor.

Além disso, percebe-se a grande utilização do gênero Histórias em Quadrinhos em âmbito escolar, uma vez que essas são dinâmicas e podem contribuir para a formação do leitor. As HQs são escritas acompanhadas de duas imagens, em uma seqüência gráfica de quadros, além disso, o que faz com que as figuras se movimentem a cada episódio é a maneira como se lê, a imaginação do leitor.

A linguagem das HQs é composta de onomatopéias, de interjeições, ponto de exclamação, que traduzem emoções, sensações, sentimentos, etc. Para tanto, nesse trabalho, utilizaremos as estratégias de leitura utilizadas pelo leitor para a compreensão das Hqs, já que, segundo Solé (1998) podem ser chamadas de técnicas, método, destreza

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ou habilidade, sendo então, um conjunto de ações ordenadas e finalizadas, isto é, dirigidas à consecução de uma meta.

Atualmente avaliações que são realizadas no âmbito educacional, especificamente na área de ensino de Língua Portuguesa revelam dados que mostram uma deficiência deste ensino, pois tem-se verificado que os alunos não são capazes de ler com proficiência.

Dessa forma, diante de desta realidade ser imprescindível uma reformulação na metodologia de ensino de Línguas, dando um espaço privilegiado para a leitura nas aulas , pois é a partir da eficácia dela que vem a capacidade de compreensão, interpretação e produção textual.

Ademais, para que os alunos venham a ser leitores competentes é necessário que dominem determinadas estratégias de leitura. O que se exige portanto é um ensino voltado para o desenvolvimento comunicativo dos alunos.

Desse modo, os professos antes de tudo deve ser um bom leitor e dominar as técnicas que garantem esse nível, gostar de ensinar e preocupar-se com o reflexo que a sua maneira de ensinar irá ter na vida do educando, sendo exemplo de bom leitor terá segurança e êxito ao empregar a metodologia que seja adequada a realidade de sua sala de aula.

O quadro apresentado pelas avaliações é de alunos que lêem, mas não compreendem sendo incapazes de reconhecerem os múltiplos gêneros textuais e de comunicarem-se com desenvoltura, apresentam dificuldades em varias esferas , como exemplo ler uma bula de remédio, um anuncio de emprego, montar um currículo, etc.

Frequentemente conseguem ler apenas o que está explícito, visível no texto, ao lêem nas entrelinhas e não são capazes de ir alem delas, pois desconhecem a prática de estratégias de leitura e por estarem desprovidos deste recurso essencial na formação de um bom leitor, ficam incapacitados de efetuar uma leitura efetiva dos textos que lhe são apresentados.

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O professor precisa estar ciente também de que a leitura faz parte da vida dos alunos e não deve permanecer presa as paredes da escola. A utilização das estratégias de leitura nas aulas, garantirá aos alunos a capacidade de alcançar o conhecimento através de conclusões, hipóteses, ativando seus conhecimentos prévios. A leitura nas aulas devem englobar os diversos gêneros textuais: Piadas, gráficos, contos, tiras, poemas, charges, etc.

As diversas competências de leitura precisam serem desenvolvidas em conexão com a leitura da vida, da sociedade, do mundo, pois ao adquirir uma leitura qualificada o aluno será capaz de qualificar suas atuação na sociedade.

Desse modo, as aulas de leitura devem propiciar oportunidade ao aluno a descoberta do sentido diante dos textos, para a partir da Linguagem entendam a razão de ser das coisa e a inter-relação entre elas.

Quando lê apenas os sinais gráficos, está apenas decodificando os signos lingüísticos, a pretensão é que seja capaz de descobrir o que está por trás deles e ser capaz de reescreve-los. O processo de ensino de leitura exige que o professor planeje com cuidado especial as aulas e esteja constantemente avaliando tanto o desempenho dos alunos, quanto o seu próprio desempenho.

O que mais tem sido alvo dos estudos de muitos profissionais da área de Línguas hoje é o modo como os alunos recepcionam os textos (leitura).

Nestes estudos o leitor vem sendo abordado como elemento principal no ato de ler. “...o leitor (que assume o modo da compreensão) porta-se diante do texto, transformando-o e transformando-se” (SILVA, 1981,P44). “a compreensão é gerada pelo leitor sob o controle do estimulo do texto), assim afirma Fregonezzi, 2003:

“...Esta visão torna o papel do leitor altmente ativo. Afaz com que o que o leitor traz para o texto seja tão importante quanto o próprio texto na sua compreensão(...)Os leitores utilizam uma quantidade mínima de informação textual disponível necessária

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em comparação com os elementos linguisticos e conceituais do leitor existentes para obter o significado” (Fregonezzi 2003).

O aluno precisa aprender a utilizar estratégias de leitura que lhe permita ir alem do texto, ativando alem do conhecimento lingüístico, também os seus conhecimentos prévios, conhecimento textual (gêneros) e conhecimento de mundo, pois é essencial para uma leitura eficiente as informações que o leitor traz para o texto, podendo assim compreender e atribuir sentido ao que lê.

No livro “Texto eleitor- aspectos cognitivos da leitura”

KLEIMAN (1984, p. 13) afirma que o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida e esse conhecimento ele o distingue em três categorias: ‘o conhecimento lingüístico, o conhecimento textual e o conhecimento de mundo”

Os textos estão incompletos em si mesmos, aguardando o processo de interação que se realiza entre autor-texto-leitor.Ao leitor cabe preencher as lacunas existentes nos textos, trazendo para ele seus conhecimentos de modo a desvendá-lo, a atribuir-lhe sentido.

O bom leitor é aquele que aprende a ir alem do que o texto diz, notar a intenção de quem fala, descobrindo o que está implícito.

Tanto para falar, escrever, ouvir ou ler os textos, é imprescindível utilizar determinadas técnicas para que haja real comunicação.

O conhecimento, a capacidade de distinguir entre o muitos de gêneros textuais é um fator essencial para a formação de leitores competentes. Levando-se em conta que as atividades diárias das pessoas sempre estão envolvidas com a linguagem, seja no ambiente familiar, artístico, político, escolar entre muitos outros.

Em cada área a comunicação e realizada produzindo detrminados tipos de texto que possuindo cada qual seu tema, estrutura, linguagem, permite-se agrupa-los pelas semelhanças que possuem, esta é a classificação em gêneros.

No ambiente escolar quanto maior variedade de gêneros trabalhados com os alunos de modo que se trabalhe todos os seus

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aspectos de formação, intenção, situação, etc., maior será a habilidade do aluno em ler.

São uma forma de linguagem que se valem tanto da linguagem verbal, quanto a não verbal, utilizam de desenhos para narrar os episódios. As histórias são escritas acompanhadas de duas imagens, uma seqüência gráfica de quadros.

O que faz com que as figuras se movimentem a cada episódio é a maneira como se lê, a imaginação do leitor. O balão é um outro elemento que compõe as histórias em quadrinhos, nele estão escritos os textos, as falas das personagens, as imagens,pontuação e símbolos, cada formato adaptado ao que se quer expressar.

Quanto ao tempo e o lugar podem são indicados pela própria imagem, por ex a noite pela cor escura, estrelas, etc. ou através da legenda que também indicam tempo, lugar e caracterizam a personagem.

O titulo de uma história em quadrinhos é colocado em geral anterir ao primeiro quadrinho ou acima das personagens que fazem parte da história.

Embora toda seqüência de quadrinhos provoque o humor nos leitor , é geralmente no ultimo quadrinho que se dá o efeito maior do humor.

São muitos os recursos de expressão da linguagem. Um dos modos da linguagem se explicar é pela via d quadrinhos. As imagens adquirem sua expressividade através das disposições das personagens, cores, caricaturas, etc. A leitura deste gênero é fluente, agradável e sedutora.

As HQs constituem importantes temas para desenvolver práticas pedagógicas, uma vez que estão presentes nos livros didáticos e nos PCNs e até mesmo nas provas de vestibulares encontra-se inclusa a linguagem dos quadrinhos.

Ao lermos quadrinhos nos deparamos com a linguagem verbal e não verbal.É necessário aprender a ler os quadrinhos de modo a

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descobrir-lhes a riqueza de sua composição lingüística, com um ponto de vista crítico e com fundamentação teórica.

As HQs são uma narrativa de humor, a qual são atribuídos vários nomes, entre os quais; tiras, tirinhas, tira cômica, tira de humor, tira de jornal.Há também quem as nomeie de piadas ou piadinhas. Ocorre que dentro das historias em quadrinhos estão contidos vários gêneros, no entanto elas possuem características próprias também.

Bakhtin (2003) define gênero do discurso “são tipos relativamente estáveis de um enunciado usados numa situação comunicativa para intermediar o processo de interação”

Os quadrinhos utilizam uma linguagem e mecanismos que lhe próprio para representar sua narrativa, possuindo também semelhanças com outras linguagens, como a literária, a cinematográfica, a teatral, entre outras.

Barbieri (1998) defende a premissa de que as várias formas de linguagens não estão separadas, mas interconectadas entre si.

Possuindo assim tanto características autônomas, como características comuns com outros tipos de linguagem.

Para Barbieri “os quadrinhos dialogam com recursos da ilustração, da caricatura, da pintura, da fotografia, da parte gráfica da música e da poesia (trabalhados por ele de forma integrada), da narrativa do teatro e do cinema.”.

A seguir, traremos algumas HQs para que sejam vistas na prática algumas estratégias de leitura ditas anteriormente e uma pequena análise sobre seus temas.

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Tema filosofia.

HAGAR. Disponível em: <http://comicshagar.blogspot.com/> Acesso em: 08 – 07 - 2009

Na primeira HQ, há vários elementos a serem analisados.

Nesse momento, há a necessidade do leitor ter o conhecimento prévio da personagem Hagar, que é feito por Cris Browne, apresenta também características machistas, é um beberrão e glutão, mas parece ter um coração bondoso.

A partir desse momento de ampliação do repertório do leitor, é preciso que se façam inferências. No primeiro quadro há Hagar dizendo, com uma face desanimada “Qual é o sentido da vida? Por que estou aqui?” dá-se uma pausa, e no último o amigo diz: “Você está aqui porque o dono do bar deixa você pendurar a conta até o fim do mês”.

Nesse contexto, há uma quebra de expectativa do leitor já que é o elemento essencial para a formação do humor, pois, no primeiro quadro esperam-se grandes questionamentos sobre a vida, entretanto, no último há uma resposta direta afirmando que Hagar está naquele lugar só porque ele paga no fim do mês.

Tema alcoolismo

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HAGAR. Disponível em: <http://comicshagar.blogspot.com/> Acesso em: 08 – 07 - 2009

Na segunda HQ, percebemos o tema do alcoolismo. No primeiro quadrinho Helga, a esposa de Hagar interpela-o sobre como foi o dia dele, entretanto, esse entra correndo e vai para o barril de cerveja beber, ou seja, esfriar a cabeça e então Helga completa: Tão ruim assim?

Pelas pistas, como o vento produzido ao Hagar entrar e pela expressão de susto de Helga, percebemos os temas do Happy Hour, ou seja, aquele momento de descontração depois do trabalho, mas, como a natureza de Hagar é de beberrão, podemos remete-la ao alcoolismo, já que ele não consegue viver sem bebida.

Tema alcoolismo

HAGAR. Disponível em: <http://comicshagar.blogspot.com/> Acesso em: 08 – 07 – 2009

Na terceira HQ também percebe-se o tema recorrente do alcoolismo. Aqui percebe-se um jogo semântico com a palavra explorar, que é exposto para a esposa de Hagar como algo positivo, mas que no último quadro, na verdade, os exploradores são de bebidas; são apenas degustadores.

Nesse momento, o leitor perceberá que há uma quebra de expectativa, pois esse pode pensar que os exploradores vão conquistar terras, novos conhecimentos, mas o humor no texto o leva a ver que a exploração é só pela bebida.

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Com tudo isso os quadrinhos tem possibilidades próprias de linguagem.Representam aspectos da linguagem oral, sua narrativa é apresentada adjunta a convenções que vão lhe dando aspectos de uma linguagem própria.

O aspecto sociointeracional sempre deve ser incluído ao ler as HQs, pois deve-se considerar a intencionalidade de quem escreve, aliada a expectativa do leitor.

Portanto, nesse trabalho a intenção foi de mostrar algumas estratégias de leitura para que o leitor conseguisse captar as minúcias de Hqs de Hagar na perspectivo sociointeracionista da linguagem. Desse modo, o gênero escolhido tem muito a contribuir na formação do leitor crítico, uma vez que expõe diversos elementos do cotidiano assim como temas de grande relevância.

Referências

BAKHTIN, Mikail. Gêneros do discurso. In: Estética da criação Verbal.

Trad. Ermantina Galvão G. Pereira, 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BARBIERI, Daniele. Los lenguagens del cómic. 1 reimpr. Barcelona Paudós, 1998.

BRASIL, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. (1998)

Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília, MEC/SEF.

FREGONEZZI, Durvali Emílio. O professor, a escola e a leitura.

Londrina: Humanidades, 2003.

KLEIMAN, Ângela B. Oficina de leitura: teoria e prática. Campinas:

Pontes, 1984.

Referências

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