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Colégio Móbile Sagarana João Guimarães Rosa. A volta do marido pródigo

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Academic year: 2021

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Colégio Móbile – 2008

Sagarana – João Guimarães Rosa

A volta do marido pródigo

Grupo: Gabriel Di G. Scalabrini, Fernando M. Ramacciotti, Paulo Salim Assi, Walter Afonso Rigueti.

a) Síntese:

O conto inicia-se com o cenário de homens trabalhando na construção de uma estrada da empresa de seu Waldemar. São supervisionados pelo Seu Marra. Até que um mulato che- ga, atrasado, para o trabalho – Eulálio de Souza Salãthiel, conhecido como Lalino ou mesmo Laio. Apesar de nunca cumprir o horário, seu carisma faz com que Seu Marra o perdoe, com as vagas promessas de que aquele dia seria diferente. Naquele dia, no horário do almoço, os trabalhadores ficaram extasiados com as histórias de Lalino sobre suas aventuras na capital brasileira (Rio de Janeiro), contando sobre as mulheres bonitas e as maravilhas da cidade.

Assim, consegue conquistar a simpatia dos colegas. Ainda naquele dia, Lalino mais uma vez descumpre suas tarefas e não foi jantar com seu Waldemar. Pôde, então, voltar cedo para casa para a surpresa da mulher Maria Rita.

No dia seguinte, o mulato não foi trabalhar, para a felicidade da mulher, que até foi se perfumar e se arrumar para ficar ainda mais atraente para o marido. No entanto, o malandro se apresentava inquieto e começou a ver fotografias de mulheres em revistas que ele tinha. Re- solveu-se: iria partir. Foi comunicar Seu Marra e conseguiu um pagamento adiantado; despe- diu-se de seu Waldemar; só lhe restava à mulher. Sabia que seria duro e pensou em simples- mente não comunicá-la. Nesse meio tempo, encontrou com um espanhol da redondeza, seu Ramiro. Como o mulato ainda precisava de dinheiro e sabia, segundo seus colegas de traba- lho, que o espanhol estava cobiçando Maria Rita, avisou-lhe que iria partir e precisava de di- nheiro, mas a esposa ficava – estava, praticamente, vendendo a esposa. Dá certo e Lalino par- te, sem se despedir da esposa.

No mês que se passou, Maria Rita sofria com a falta do marido. Entretanto, o espanhol não perdeu tempo e ficava consolando-a; tanto que ao final de três meses os dois já estavam juntos.

(2)

Após seis meses, Lalino Salãthiel volta para sua terra natal, visto que estava estorrica- do da vida que estava levando na cidade grande. Quando ele chega à sua cidade as pessoas o olham com maus olhos por ter ele vendido sua esposa ao espanhol. Ele passa em frente à casa de Ramiro, mas não tinha a intenção de reconciliar-se com a esposa, ainda. Assim, o mulato encontra com o amigo Oscar, que diz que tentará convencer o seu pai, Major Anacleto, o che- fe político da região, a contratá-lo. No primeiro momento o Major rejeita contratar o “(...) grandíssimo cachorro, desbriado, sem moral e sem temor de Deus...”, o que fez com que Os- car não insistisse mais, uma vez que a opinião do pai raramente era mudada. No entanto, o irmão de Anacleto, Tio Laudônio, sensato, calmo e conselheiro do Major, achou que o mulato podia trazer benefícios e acabou convencendo o irmão a ter Lalino com seu cabo eleitoral.

Assim, Lalino tinha um trabalho, mas só resolveu aparecer dois dias depois do combi- nado, para a fúria do Major, arrependido de tê-lo admitido. Entretanto, o mulato teve a sua justificativa: demorou, pois queria investigar a situação das eleições para que não desapontas- se o chefe; e conseguiu, pois informou ao Major que o trairiam no dia das eleições, votando no rival Benigno. Impressionado e ao mesmo tempo furioso com as novidades, acabou gos- tando do serviço do mulato e após uma conversa com o irmão Laudônio, dá dinheiro a ele para que fosse investigar mais. Lalino aceita e diz que quer que o capanga mais respeitado do Major, o Estevão, o acompanhe.

O Major, então, começa a fazer sua campanha para minar a oposição, como buscar o apoio da Igreja, fazendo com que o Vigário aceitasse uma leitoa e o cargo de inspetor escolar.

Enquanto isso, Lalino também fazia sua tarefa. Ramiro contou ao Major que o seu cabo elei- toral estava de amizade com o filho de Benigno. Isso bastou para que Anacleto se enraiveces- se com o mulato só esperando a sua volta. Quando, finalmente, se encontraram Major foi tirar satisfações, mas Lalino tinha suas explicações: aquela amizade era para saber mais a respeito da campanha política do rival e ajudá-lo a se reeleger. Major, então, começa a perceber que o seu empregado era realmente útil.

No período em que a movimentação política diminuiu o ritmo, Lalino sentiu muitas saudades da esposa e pediu para que Oscar fosse falar para ela que ele ainda a amava. Che- gando lá, entretanto, Oscar se sente atraído pelos “(...) olhos, pernas e cabelos tentadores (...)”

de Ritinha. Assim, o recado foi passado de modo inverso: o amigo falou que Lalino não pen- sava mais nela e que ela devia esquecê-lo. No entanto, Maria Rita se entristece e acaba falan- do para ele que ainda amava Lalino, apesar de tudo que lhe fizera. Oscar ficou com raiva (ou ciúmes, talvez) de Lalino e passou o recado de que a ex-esposa não gostava mais dele. O mu- lato, não vendo outra saída, acreditou e aceitou.

(3)

Certa tarde, Ritinha jogou-se aos pés do Major Anacleto e suplicou-lhe proteção, que não deixasse os espanhóis leva-la a força dali. O Ramiro, com ciúmes, queria matá-la, matar o Laio e depois suicidar-se.

O Major mandou chamar Lalino Salãthiel, mas foi informado de que ele se encontrava bebendo com uns homens que estavam de automóvel. O Major por sua vez esbravejou e xin- gou Lalino, pensando que ele estava com os homens do partido de oposição. Tio Laudônio procurava acalmá-lo. De repente, Laio chega com os homens no automóvel e, para a surpresa do Major, os tais homens eram gente do governo, Sua Excelência o Senhor Secretário do Inte- rior. O dia terminou em alegrias, comemorações e com um pedido do Secretário: quando o Major fosse à capital, que levasse Laio consigo. O Major, em recompensa à Laio, mandou que trouxessem Maria Rita para que eles pudessem fazer as pazes e ainda ordenou que seus ca- pangas expulsassem os espanhóis da cidade.

b) Elementos da Narrativa:

• Não é o tempo histórico, é o tempo mítico, criado pelo autor.

• A história, em sua maior parte, se passa no interior de Minas Gerais, em fazen- das e vilarejos. Há um pequeno trecho do conto em que o personagem princi- pal, Lalino Salãthiel, mora na cidade do Rio de Janeiro.

• Personagens:

ƒ Eulálio de Souza Salãthiel (Lalino, ou Laio): personagem prin- cipal, magro, mulato, malandro, alegre, personalidade forte, so- nhador, casado com Maria Rita e contador de histórias.

ƒ Maria Rita: atraente, apaixonada pelo marido (Lalino).

ƒ Seu Marra: foi chefe de Lalino, rígido, no entanto é facilmente influenciado por Lalino.

ƒ Waldemar: chefe da companhia a qual Lalino trabalha.

ƒ Ramiro: espanhol, cobiça Maria Rita, trabalha em escavações.

ƒ Oscar: filho do Major Anacleto, amigo de Lalino, trabalha para o pai.

ƒ Major Anacleto: chefe político da região, compulsivo, intoleran- te, dificilmente influenciado.

ƒ Tio Laudônio: irmão e conselheiro do Major, sensato e careca.

ƒ Benigno: inimigo político do Major.

(4)

ƒ Estevão: capanga do Major, nunca ria, se torna segurança pes- soal de Lalino.

• O foco narrativo é em terceira pessoa com narrador onisciente (não participa da história).

• O conto se estrutura em um tom irônico e humorístico simultaneamente.

c) Os temas abordados neste conto são:

• O comportamento de Lalino Salãthiel em comparação ao do brasileiro.

• Disputa de poder.

d) Análise da epígrafe que abre o conto:

A epígrafe que diz respeito à negra e ao negro danados faz referência aos personagens Maria Rita e Eulálio Salãthiel, respectivamente. Percebe-se que se trata do mulato no trecho:

“Negro danado, siô, é Heitô: / de calça branca, de paletó”, roupas típicas de malandro. Lalino é visto como malandro por ser contador de histórias, por não gostar de trabalhar e, também, por se ajeitar na vida; atitudes típicas de um malandro. A Negra danada é análoga à Ritinha, uma vez que na cantiga ela é retratada de forma pejorativa, como se fosse uma “mulher da vida”: “ela dá no coice, ela dá na guia”. No conto, essa visão da esposa do protagonista é con- firmada quando a mesma é abandonada pelo marido, se junta a outro em um curto espaço de tempo e depois volta ao marido, apesar de tudo que ele fez a ela.

A segunda epígrafe deixa implícito o episódio em que Lalino volta da capital e encon- tra com o espanhol Ramiro, que estava com a sua mulher. Na ocasião, Ramiro temia perder Ritinha para o malandro, que era seu esposo. Assim, o espanhol tem medo que o mulato fale com ela. O trecho “Corre! corre! cabacinha...” faz referência a uma tentativa de Ramiro em expulsar Lalino. “Cabacinha” corresponde a Lalino e a “velhinha” à Maria Rita.

e) Análise de linguagem:

O autor dá um caráter poético à sua prosa, fazendo uma orquestração sonora com as palavras. Para conseguir tais resultados, o autor utiliza recursos estilísticos como rimas, ritmo, aliteração e onomatopéias.

f) Conclusão do grupo:

(5)

Lalino Salãthiel pode ser comparado a outros personagens da literatura brasileira, co- mo Leonardo de Memórias de um Sargento de Milícias. Ambos são considerados heróis pica- rescos. Assemelham-se, também, nas ações e comportamentos, como não gostar de trabalhar.

Além disso, Lalino é, ao mesmo tempo, um personagem tipo e individual, ou seja, representa um grupo de indivíduos que, no caso, é o típico brasileiro – caracterizado por sem- pre “dar um jeitinho”; também detém densidade psicológica, o que o faz um personagem não- tipo.

No conto, nota-se, também, que na época já existia certa xenofobia, demonstrada no preconceito contra os espanhóis que residiam na região a qual o Major Anacleto era chefe.

Bibliografia: PASSONI, Célia A. N. Literatura 2009 FUVEST-UNICAMP, ed. Nú- cleo;

www.passeiweb.com;

Apostila de Literatura Anglo 2007.

Referências

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