• Nenhum resultado encontrado

A autonomia sindical é uma expressão da liberdade sindical

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A autonomia sindical é uma expressão da liberdade sindical"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

A N E G O C I A Ç Ã O C O L E T I V A N A N O V A E S T R U T U R A S I N D I C A L

C. A . B ara ta S ilv a ( * )

Inicialmente, meus agradecimentos pelo amável convite para participar deste II Congresso Brasileiro de Direito Coletivo do Trabalho e deste I Seminário sobre Direito Constitucional do Trabalho, que, sob os auspícios da LTr e especialmente, sob a coordenação do Dr. Armando Casimiro Costa, realiza-se nesta oportunidade.

Trata o painel sobre a negociação coletiva na nova estrutura sindical. Eviden­

temente, parte-se do pressuposto de que haverá em nossa Pátria, pelo menos a partir da nova Constituição que está sendo elaborada pela Assembléia Nacional Constituinte, uma nova estrutura sindical, onde os vícios do passado sejam dei­

xados de lado e surja, afinal, um regime amplo de liberdade.

A autonomia sindical é uma expressão da liberdade sindical. O sindicato é autônomo em suas deliberações e não pode ficar sujeito ao comando do Estado, dos empresários ou mesmo de outras organizações. Evidente que quando nos referimos a outras organizações, estamos excluindo a hierarquia que deve pre­

sidir a organização sindical, desde que o poder do órgão superior não se exerça de maneira despótica.

M as o aspecto principal da autonomia sindical é em relação ao Estado. E que este, embora tenha o dever de fiscalizar a ação do sindicato, não deve intervir em sua vida, quer no que diz respeito à elaboração dos estatutos, quer no que diz com a administração financeira, não podendo, também, estender a ação fisca­

lizadora à delimitação da abrangência sindical, à escolha dos dirigentes e até m es­

mo a im p o s iç ã o d e contribuição sindical, esta última completamente afrontosa a um regime onde possa vingar a liberdade sindical.

A autonomia sindical pressupõe, também, o direito de criar novas entidades, dentro da normatividade vigente; o de livre organização interna; o de funcionar livremente e, finalmente, de formar associação de nível superior.

Embora a autonomia sindical tenha como limite maior a Ordem Pública, evi­

dente que por estar ligada à liberdade sindical, deve repelir o enquadramento sindical prévio, que leva a situações irreais e à chamada "contribuição sindicai"

imposta pelo Estado. O mesmo se diz com o chamado "reconhecimento sindical" e sua “cassação”, modalidade própria dos Estados Totalitários e que leva à negação da liberdade.

Como primeira conseqüência, ao que entendemos como uma autêntica liber­

dade sindical, aparece a pluralidade das associações profissionais, porque não pode exigir-se sem repúdio àquela, a adesão unânime de todos os trabalhadores

( * ) M i n is t r o do T rib u n a l S u p e rio r do Trabalho.

(2)

de um determinado sindicato. Ainda que consequência natural do direito de asso­

ciação, a pluralidade sindical é uma das soluções mais combatidas pelos dirigentes da atual organização unitária. Onde vigora, como em nosso país, o regime da unidade, somente se “reconhece” uma associação profissional para cada atividade em cada território. A o contrário, onde se aceita a pluralidade sindical, se admite a possibilidade de dois ou mais sindicatos para uma mesma profissão, entre os quais os trabalhadores têm amplo direito de escolha.

A s razões pelas quais julgamos preferível o regime da pluralidade sindical são os seguintes; a) porque respeita mais amplamente o direito de associação, que reconhece ao trabalhador, como a todo o ser-humano, o sagrado direito de fazer parte de qualquer associação que não seja contrária à Ordem Pública;

b) porque se enquadra mais nos princípios de uma sadia democracia, que res­

guarda as liberdades fundamentais da pessoa humana (o regime da unidade sin­

dical pode ser comparado aos regimes políticos de um partido único); c) porque ninguém pode ser obrigado a Ingressar em uma associação, cujos princípios de atuação lhe pareçam inconvenientes e nem mesmo deve ser compelido a parti­

cipar, com sua atuação e suas contribuições, em atividades que sua consciência repele; e, d) porque sob o ponto de vista dos interesses econômicos e sociais da classe trabalhadora, o regime do pluralismo os resguarda mais amplamente, eis que no sindicato único, a atividade dos componentes se dirige quase que exclu­

sivamente a obter o predomínio político ou pessoal, e descuidam das atividades propriamente sindicais.

Relembramos aqui, com o devido respeito, o que ouvimos de nossos queridos mestres quando, abordando a matéria, se dirigiam aos problemas sindicais, afir­

mando com ê n fa se q u e "liberdade sindical no regime de sindicato único é uma liberdade mutilada”.

Acreditamos mesmo que são procedentes em parte as afirmações dos que defendem a unidade sindical e que o pluralismo determinaria o enfraquecimento do sindicalismo, pela divisão das categorias profissionais. Acreditamos — repe­

tindo — que isso possa ocorrer num primeiro momento, pelo esfacelamento de um sindicalismo não autêntico, mas que através dos tempos, pela natural emu­

lação entre as várias associações sindicais, terminaria pela predominância do mais forte que, afinal, autenticamente, se tornaria um sindicato único. Respon­

demos, conseqüentemente, à objeção, de que a existência de um único sindicato seria o ideal dentro do regime da pluralidade. O sindicato seria único por deli­

beração da categoria e nunca por imposição do Estado.

Sabemos, também, como é difícil inovar num sindicalismo como o nosso, que tem mais de quarenta anos de regime sem liberdade e sem autonomia, saído que foi dos exemplos corporativistas.

M as acreditamos que uma mudança de mentalidade, muito própria do mo­

mento histórico que estamos vivendo e com a ratificação da Convenção n. 87 da O.I.T. pelo Congresso Nacional, possamos, dentro em breve, inaugurar em nosso país, um verdadeiro regime de liberdade sindical.

Uma das consequências da pluralidade sindical é o problema da representa­

tividade para negociar a estipulação de contratos coletivos de trabalho, para resolver conflitos que interessam a toda uma profissão e para designar repre-

49

(3)

s e n ta n te s do s tra b a lh a d o re s a n te o rg a n is m o s in te rn a c io n a is e n a cio n a is, em que d e v e m a tu a r Ju n tam en te co m os re p re s e n ta n te s dos e m p re g a d o re s e, às vezes ta m b é m , do Estado.

A d o u trin a da re p re s e n ta ç ã o s in d ic a l se fu n d a m e n ta em que para fic a r o b r i­

gada um a c o le tiv id a d e , e m m a té ria d e tra b a lh o , se re q u e r qu e e s te ja re p re s e n ta d a p o r um a asso cia çã o p ro fis s io n a l. Do c o n trá rio , se ria p re c is o que cada um d a q u e le s aos q u a is há de a p lica r-se a co n ve n çã o , a firm a s s e , para fic a r a s s im o b rig a d o p e s s o a lm e n te . M as, n e sta su p o siçã o , h a ve ría m o s de te r, co m o a ssin a la DE C EM O , um a p lu ra lid a d e de s u je ito s e não um a c o le tiv id a d e , já que a e xp re s s ã o c o le tiv i­

da de de s u je ito s in d ic a que e s te s a p a re ce m em um c o n tra to com o b lo c o de peças, a tra v é s das a s so cia çõ e s e s in d ic a to s que os agrupam .

A p o siçã o é d e fe n d id a , m e sm o a ssim , p o r DUGUIT, ao e x a m in a r a g e stã o das c o n ve n çõ e s c o le tiv a s . Para que e sta s se ja m le i p ro fis s io n a l para to d o s os m e m b ro s de um a c a te g o ria tra b a lh a d o ra , se re q u e r qu e a m esm a " c r ie v e rd a ­ d e ira m e n te a le i in te rs o c ia l do s d o is g ru p o s p ro fis s io n a is ; é n e ce s s á rio que e ste s g ru p o s te n h a m a d q u irid o um a o rg an izaçã o c o m p le ta e c o e re n te , p o r m e io da c o n s ­ titu iç ã o d e s in d ic a to s que reú na m , senão na to ta lid a d e , m as e x p re s s a m e n te , os e m p re s á rio s e tra b a lh a d o re s que re p re s e n te m .

U n ic a m e n te a a s s o c ia ç ã o p ro fis s io n a l po de p a c tu a r c o n ve n çõ e s e aco rd o s c o le tiv o s , p o is se a c o n s id e ra ú n ica re sp o n sá ve l pe la v id a da p ro fis s ã o com o u m to d o , de sua o rg an izaçã o e d e s e n v o lv im e n to , p o rq u e te m p o r fin a lid a d e re p re ­ s e n ta r seus in te re s s e s .

T ra b a lh a d o re s e e m p re s á rio s , cada s e to r co m o c la s s e c o n tra p o s ta d e fe n d e m d is tin to s in te re s s e s e d e ve m e x e rc e r seu s d ire ito s p o r m e io de seu s re p re s e n ­ ta n te s m ais q u a lific a d o s , s e m p re c o m apenas a v ig ilâ n c ia do Estado. A fin a lid a d e p rin c ip a l a a tin g ir, n e sta o rd e m de id é ia s, c o n s is te em c e le b ra r c o n v ê n io s c o le ­ tiv o s de c o n d iç õ e s de tra b a lh o , que se ja m co m o a C a rta O rg â n ic a do s d ir e ito s e d e v e re s do s tra b a lh a d o re s e m suas re la ç õ e s c o n tra tu a is , s itu a d a s e sta s em um p la n o c o le tiv o .

De a co rd o com a te s e da re p re s e n ta tiv id a d e s in d ic a l se ad otam os p rin c íp io s d e m o c rá tic o s da m a io ria , a qual e s ta b e le c e as n o rm a s qu e re g e m o d e s e n v o lv i­

m e n to das re la ç õ e s c o n tra tu a is e n tre p a trõ e s e tra b a lh a d o re s . São os p ró p rio s in te re s s a d o s n o tra b a lh o os que re p re s e n ta m os tra b a lh a d o re s e e le s co n h e ce m d ire ta m e n te a re a lid a d e das in d ú s tria s ou das e m p re sa s c o m p re e n d id a s no pa cto c o le tiv o .

C o m o já se d is s e , a paz s o c ia l, na su p o siçã o de que não deve s e r Im p o sta p o r p o d e re s c o e rc itiv o s da o rg an izaçã o e s ta ta l, pode o b te r-s e dando a p a rtic ip a ç ã o no s is te m a da c ria ç ã o das n o rm a s c o n v e n c io n a is a to d a um a to ta lid a d e do s p a r­

tic ip a n te s de um a d e te rm in a d a c a te g o ria p ro fis s io n a l e não a um a m in o ria a g ru ­ pada. C o n vé m e s ta b e le c e r a v e rd a d e ira p o s iç ã o do s g ru p o s a n ta g ô n ico s, já que se tra ta de d o is c o n ju n to s d e n o m in a d o s p a tro n a l e tra b a lh a d o r. Estes d o is g ru p o s s e d ife re n c ia m p rin c ip a lm e n te pe la q u a n tid a d e e q u a lid a d e de seus In te re s s e s e p e lo n ú m e ro . O g ru p o p a tro n a l cabe re d u zi-lo s a u n id a d e s, e n q u a n to que a e n ti­

da de tra b a lh a d o ra é m assa, n u m e ric a m e n te m u ltid ã o . Pela p ró p ria o rg an izaçã o n a tu ra l, os p a trõ e s c o n s titu e m , ainda que co n s id e ra d o s in d iv id u a lm e n te , u m e le ­

(4)

m e n to c o le tiv o , um a fo rç a to ta liz a d a . U m p a trã o — u n id a d e — po de s e r p ro p rie ­ tá r io de u m c o n ju n to de in d ú s tria s , que e m p re g u e m ilh a re s de tra b a lh a d o re s . Sua fo rç a se e n c o n tra na e s p e c ia l s itu a ç ã o em que se c o lo c o u a causa da acu m u la çã o de bens e em ate nção , ta m b é m , ao d e s e n v o lv im e n to in d u s tria l. O tra b a lh a d o r, ao c o n trá rio , in d iv id u a lm e n te c o n s id e ra d o , não re p re s e n ta m ais do que um a u n i­

dade, Para que o o b re iro ch e g u e a re p re s e n ta r ta n to co m o um só p a trã o , com o um só e m p re g a d o r, há de un ir-se a q u e le s que co m e le in te g ra m a m assa do s tra b a lh a d o re s a s e rv iç o de um e m p re s á rio . Esta a sso cia çã o se co m p õ e , às veze s, de m ilh a re s de a sso cia d o s, u n id o s para lo g ra r u m v a lo r ig u a l ao qu e po de re p re ­ s e n ta r u m p a trã o apenas. E n tre ta n to , qu a n d o a to ta lid a d e ou a m a io r p a rte dos c o m p o n e n te s de um a p ro fis s ã o se ag ru p a m e m u m s in d ic a to , sua fo rç a re s u lta já bem m a io r d o q u e a do s p a trõ e s , c o n s id e ra d o s in d iv id u a lm e n te e e n tã o e s te s n e c e s s ita m , p o r sua vez, da u n iã o p a ra p o d e r e n fre n ta r em suas re la ç õ e s , aquela o u tra fo rç a . Se p ro d u z a s s im , um a s itu a ç ã o de e q u ilíb rio , de n ive la çã o .

O s d o is c o n ju n to s — fo rm a d o s p e lo c a p ita l e p e lo tra b a lh o — c o n fig u ra m um a c o m u n id a d e de in te re s s e s , aos q u a is se co n c e d e o d ir e ito de re p re se n ta çã o para que re s o lv a m os p ro b le m a s que p e rte n c e m às p ro fis s õ e s e a tiv ida de s re s ­ p e c tiv a s . N e sta fo rm a , o s s in d ic a to s p ro fis s io n a is re p re s e n ta m e n tid a d e s c ria d o ra s de d ir e ito d o tra b a lh o e co la b o ra m e fic a z m e n te p o r u m m a io r d e s e n v o lv im e n to da vid a p ro fis s io n a l, sem im is c u ir-s e em fu n ç õ e s c o rre s p o n d e n te s ao o rg a n is m o s u ­ p e rio r, ao Estado. A d e le g a çã o de fa c u ld a d e s le g is la tiv a s , p o r p a rte do Estado, em b e n e fíc io do s s in d ic a to s p ro fis s io n a is e e c o n ô m ic o s , não s ig n ific a a a b so rçã o p o r p a rte da qu ela s o rg a n iza çõ e s de p o d e re s g e ra is, que c o m p e te m e c o n tin u a m c o m p e tin d o à c o le tiv id a d e e s ta ta l.

No E s ta tu to C o n s titu tiv o da O rg a n iza çã o In te rn a c io n a l d o T ra b a lh o , co m o c o n ­ se q ü ê n cia d o T ra ta d o de V e rs a lh e s , qu e a d m itia d e le g a ç õ e s p a tro n a is e de tra b a ­ lh a d o re s na sua co m p o s iç ã o , se u tiliz o u p e la p rim e ira vez, em d im e n s ã o m u n d ia l, a e xp re s s ã o de “ o rg a n iza çõ e s p ro fis s io n a is m a is re p re s e n ta tiv a s " , s o b as qu a is não havia um a p re c is ã o c o n c e itu a i. Pela e la s tic id a d e d o c o n c e ito , s o b re tu d o em sua fo rm a p lu ra lis a d a , se o rig in a ra m d e sd e lo g o á rd u o s p ro b le m a s e en ge n h o sa s so lu ç õ e s . A s s im , na p rim e ira das c o n fe rê n c ia s da O.I.T., a q u e la c e le b ra d a em 1919, e m W a s h in g to n , h o u ve im p u g n a çõ e s, o m e s m o o c o rre n d o na C o n fe rê n c ia de 1921, c h e g a n d o o c a so a n te a C o rte In te rn a c io n a l de H aia, c u jo T rib u n a l d e c i­

d iu que o tra b a lh a d o r q u e re p re s e n ta v a as q u a tro o rg a n iza çõ e s q u e ag rup avam m a io r n ú m e ro de a s s o c ia d o s , era m a is re p re s e n ta tiv a q u e a q u e la e n tid a d e que p o r si só c o n ta v a c o m um n ú m e ro m e n o r. A lé m de re p re s e n ta r na o c a s iã o a um a m assa d e tra b a lh a d o re s s u p e rio r em n ú m e ro , d e c la ro u a C o rte qu e o c o n c e ito de e n tid a d e m a is re p re s e n ta tiv a não se m e d e s o m e n te p e lo n ú m e ro , m as que se tr a ta d e q u e s tã o em que se a p re c ia m o u tro s v a lo re s , d e d e sta c a d a im p o rtâ n c ia , c o m o o s a n te c e d e n te s , a d a ta da fu n d a çã o e a ação s o c ia l d e s e n v o lv id a .

S em d e s c o n h e c e r a a u to rid a d e da C o rte In te rn a c io n a l d e J u s tiç a , fo ra m p ro ­ p o s to s c r ité r io s d iv e rs o s para in te r p r e ta r o s e n tid o qu e d e ve da r-se à " o rg a n i­

zaçõ es p ro fis s io n a is m a is re p re s e n ta tiv a s " . O s p rin c ip a is , so b o s q u a is se te m d e tid o a d o u trin a , sã o o s s e g u in te s : a) c o n fe r ir a re p re s e n ta ç ã o da c a te g o ria p ro fis s io n a l, a o rg a n iza çã o m a is re p re s e n ta tiv a , q u e não é s in ô n im o da m a is nu­

m e ro sa ; b) c o n ce d e r-se a re p re s e n ta ç ã o a um a só asso cia çã o p ro fis s io n a l d e -

51

(5)

sig n a d a p re v ia m e n te ; c) a t r ib u ir-se a re p re s e n ta ç ã o a uma c o m is s ã o In te g ra d a por d e le g a d o s de d is tin ta s a sso cia çõ e s, se ja em fo rm a p ro p o rc io n a l ao n ú m e ro de a s s o c ia d o s ou de a s so cia çõ e s re p re s e n ta d a s ; d) e s ta b e le c e r a re p re s e n ta ç ã o m e ­ d ia n te a e le içã o d ire ta dos n e g o c ia d o re s dos tra b a lh a d o re s d e s ig n a d o s p e lo s p ró ­ p rio s tra b a lh a d o re s ; e) e s ta b e le c e r a re p re s e n ta ç ã o p o r m e io de a sso c ia ç õ e s p ro ­ fis s io n a is qu ando e sta s s e ja m m a jo ritá ria s e co m re p re s e n ta ç õ e s m is ta s de a sso ­ c ia ç õ e s p ro fis s io n a is e dos tra b a lh a d o re s não a sso cia d o s, q u an do a asso cia çã o p ro fis s io n a l não se ja m a jo ritá ria .

Em p rin c íp io o s in d ic a to m a jo ritá rio co n ta com o p e n s a m e n to p re d o m in a n te da d o u trin a e dos p ró p rio s tra b a lh a d o re s para e rig ir-s e em e x c lu s iv o re p re s e n ta n te c a ra c te rís tic o dos tra b a lh a d o re s que p e rte n c e m à m esm a a tiv id a d e . A m assa nu­

m é ric a , s o b re tu d o qu ando se tra ta m de c o n v ê n io s n o rm a tiv o s , é fa to r d e c is iv o para a lca n ça r o o b je tiv o que as no rm a s adotadas se a p liq u e m , te n h a m v ig ê n c ia e a lca n ce m plen a e fe tiv id a d e e rg a o m n e s.

Nos Estados U n id o s, a Lei W a g n e r in s titu iu a Lei L a bo r Board, "c u ja m issã o c o n s is te em c o n c lu ir com os p a trõ e s os c o n v ê n io s c o le tiv o s de c o n d iç õ e s de tra b a lh o , cada vez que m ais de um a o rg an izaçã o s in d ic a l de tra b a lh a d o re s p re ­ te n d e p o s s u ir a re p re s e n ta ç ã o e x c lu s iv a de to d o s os o b re iro s da c a te g o ria ". D ita lei e s ta b e le c e o re g im e e s p e c ia l, c o n s is te n te em a u to riz a r a d e sig n a çã o do s in ­ d ic a to m ais re p re s e n ta tiv o para os e fe ito s de re g u la r c e rta s c o n d iç õ e s c o le tiv a s q u e a b ra n ja m a p ro fis s ã o ou um a p a rte re p re s e n ta d a pe la m esm a .

A s o lu çã o que a Lei W a g n e r dava, lim ita n d o a in te rv e n ç ã o d ire ta dos tra b a ­ lh a d o re s na e le iç ã o de um s in d ic a to n e g o cia d o r, padece de um a fa lh a e ss e n c ia l, p o is os tra b a lh a d o re s te rã o que e le g e r p re c is a m e n te e n tre v á rio s s in d ic a to s , qu al de ve — ao seu ju íz o — n e g o c ia r a co n ve n çã o c o le tiv a de c o n d iç õ e s de tra b a lh o , e ainda que c o n s titu a m m a io ria os tra b a lh a d o re s s in d ic a liz a d o s , se en­

c o n tra m na s itu a ç ã o de c o n c e d e r sua re p re s e n ta ç ã o n e c e s s a ria m e n te a um s in ­ d ic a to . Este p o r sua vez te m a re p re s e n ta ç ã o dos o u tro s s in d ic a to s ju n ta m e n te co m os o u tro s tra b a lh a d o re s não asso cia d o s.

A Lei W a g n e r fo i m o d ific a d a p a rc ia lm e n te em 1947 p e la d e n o m in a d a H a rtle y , so b re la ç õ e s o b re iro -p a tro n a is . S eg un do d is p õ e seu a rtig o 9 ° : "O s re p re s e n ta n te s d e s ig n a d o s ou e s c o lh id o s para e fe tu a r c o n v ê n io s c o le tiv o s pela m a io ria dos e m ­ p re g a d o s, em um a u n id a d e a p ro p ria d a para ta is fin s , se rã o re p re s e n ta n te s e x c lu ­ s iv o s de to d o s os e m p re g a d o s na re fe rid a unid ade , para os fin s do c o n tra to c o le tiv o , re s p e ito a tip o s de re trib u iç ã o , s a lá rio s , hora de tra b a lh o e o u tra s c o n d iç õ e s de e m p r e g o . . . ” .

A e le iç ã o do s in d ic a to m ais re p re s e n ta tiv o e xig e que o m e sm o reú na as co n ­ d iç õ e s v á ria s para re p re s e n ta r os tra b a lh a d o re s . A Lei m e n cio n a d a e s ta b e le c e a re p re s e n ta ç ã o m e d ia n te v o to s e c re to e d ire to e busca, d e sta fo rm a , que as e le i­

çõ e s re s u lte m s in c e ra s e v á lid a s . E sta b e le c id o um ó rg ã o ú n ic o para re p re s e n ta r os in te re s s e s da p ro fis s ã o , se so lu c io n a , a ssim , um dos m ais gra ve s p ro b le m a s que d e riv a m da d e te rm in a ç ã o de qual é o s in d ic a to m ais re p re s e n ta tiv o . O s is te m a a d o ta d o para os E stados U n id o s te m a ssim , e v id e n te u tilid a d e ; s o lu çã o m u ito s e m e lh a n te é a adotad a pe la C o n s titu iç ã o ita lia n a de 1947, em seu a rtig o 39.

Já em 1906 o P ro fe s s o r LUJO BRENDANO, a n a lisa n d o que a s o lu çã o de to d a a q u e s tã o so cia l e sta va no fo m e n to das c o n ve n çõ e s c o le tiv a s , re d ig iu um p ro je to

(6)

p e lo qual os s in d ic a to s p a tro n a l e o b re iro d e v ia m o rg a n iza r-se em um a co rp o ra çã o que u n ific a s s e to d a s as te n d ê n c ia s , com o fim de p a c tu a r um c o n tra to c o le tiv o , fa z e r os a co rd o s o b rig a tó rio s para to d o s e te r m in a r a s s im com a an a rq u ia que ne ssa m a té ria e x is tia . C o m um c r ité r io m ais e la b o ra d o e um p ro je to de lei a p re ­ s e n ta d o ao P a rla m e n to Espanhol, em 1919, p o r M A U R A , se d isp u n h a que os tra ­ b a lh a d o re s de cada e s p e c ia lid a d e p ro fis s io n a l, re u n id o s em a s s e m b lé ia e sp e cia l, c o n s titu ía m s in d ic a to de seu o fíc io e d e sig n a va m re p re s e n ta n te s para tr a ta r com os p a trõ e s e co m o Poder P úb lico s o b re os in te re s s e s do g ru p o p ro fis s io n a l.

Na Lei F ederal do T rabalho do M é x ic o q u a lific a de s in d ic a to m ais re p re s e n ­ ta tiv o o que te n h a m a io r n ú m e ro de tra b a lh a d o re s a s s o c ia d o s e que c o rre s p o n d a ao s e rv iç o da e m p re s a ou das e m p re sa s co m as q u a is d e ve p a ctu a r-se o c o n v ê nio c o le tiv o . "Q u a n d o se tra ta de um a e m p re s a que p e la índ ole de sua a tiv id a d e e m ­ p re g u e tra b a lh a d o re s p e rte n c e n te s a a tiv id a d e s de d ife re n te s p ro fis s õ e s , o c o n ­ tr a to c o le tiv o d e ve rá c e le b ra r-se com o c o n ju n to dos s in d ic a to s que re p re s e n te cada um a das p ro fis s õ e s , s e m p re que e s te s se po nh am em a co rdo . No caso de não h a ve r a c e rto , o s in d ic a to c o rre s p o n d e n te de cada p ro fis s ã o c e le b ra rá um c o n tra to c o le tiv o , para d e te rm in a r as c o n d iç õ e s re la tiv a s à re fe rid a p ro fis s ã o d e n tro da e m p re sa .

Q uando d e n tro de um a m esm a c a te g o ria p ro fis s io n a l e x is te m v á rio s s in d i­

ca to s, a Lei F ede ral do T rabalho do M é x ic o e s ta b e le c e a p o s s ib ilid a d e de que a q u e le s fo rm e m um c o n s ó rc io , is to é, um a e n tid a d e s u p e rio r, c o m p o s ta p o r re p re ­ s e n ta n te s de to d o s e le s, para que p o ssa m c e le b ra r um a só co n ve n çã o c o le tiv a de tra b a lh o , o que fix a rá as c o n d iç õ e s g e ra is e n o rm a tiv a s . Tal s is te m a não s e a ju s ta a um a re p re s e n ta ç ã o p ro fis s io n a l, p o r não to m a r-s e e m c o n ta o n ú m e ro de a sso ­ cia d o s e s im d e a sso c ia ç õ e s o b re ira s .

E vid e n te qu e, co m o a firm a m o s no in íc io , não sa b e m o s ainda, que tip o de s in d ic a to h a verá de se c o n s titu ir co m o o n o vo s in d ic a to b ra s ile iro . T em os re la tiv a c e rte z a d e que a A s s e m b lé ia N a cio n a l C o n s titu in te e s tá m a rch a n d o pa ra o p lu ­ ra lis m o s in d ic a l, co m o ú n ica fo rm a de o b te r-s e a son ha da lib e rd a d e s in d ic a l. Por is s o m e s m o a q u e s tã o da re p re s e n ta tiv id a d e d o s s in d ic a to s pa ra a c e le b ra ç ã o dos c o n v ê n io s, re s u lta de sum a im p o rtâ n c ia , m as e la d e ve rá , re a lm e n te , s u rg ir d e p o is de fix a d a p e lo s p o d e re s c o m p e te n te s , o tip o d e s in d ic a to q u e há d e se e s ta b e le c e r em no sso país. Para cada tip o de s in d ic a to há a p re fe rê n c ia d e um tip o de a fe riç ã o da re p re s e n ta tiv id a d e , se n d o c e rto , p o ré m , qu e o n ú m e ro de a s s o c ia d o s é e le m e n to de d is c u tív e l v a lo r para a fix a ç ã o d a q u e la e n tid a d e s in ­ d ic a l que d e v e rá re p re s e n ta r a c a te g o ria p ro fis s io n a l, co m o ta m b é m a e co n ô m ica , nas c e le b ra ç õ e s dos c o n v ê n io s c o le tiv o s .

São essa s as in fo rm a ç õ e s q u e d e s e jo tr a n s m itir aos p a rtic ip a n te s do p a in el, co m co la b o ra çã o ao p ro b le m a da “ r e p re s e n ta tiv id a d e ” na nova o rg a n iza çã o s in d ic a l q u e há de s u rg ir, c o n fo rm e já a firm a m o s , em re g im e a m p lo de lib e rd a d e s in d ic a l.

S 3

Referências

Documentos relacionados

Um fator importante que deve ser considerado quando do estudo da absorção de energia devido a manobras de bancos de capacitores, é a relação entre a capacidade de absorção de energia

As apreciações favoráveis à organização sindical (3) ocorreram, por exemplo, em matéria de liberdade sindical, quando a Comissão de Peritos e o Comité de Liberdade Sin-

O armazenamento desses materiais, aguardando o processo de LR consome muito espaço, que poderia ser utilizado para outros fins A variedade de materiais avariados Discos

O cinto de 2 pontos é eficaz em colisões laterais, mas em outros tipos pode causar lesões de cabeça e pescoço. O uso inadequado da faixa diagonal pode causar graves

[r]

Os trabalhadores da administração pública porventura distraídos pela baixa auto- estima, oprimidos pela insegurança no futuro ou obcecados com os escassos salários, o congelamento

Valdir Pereira Da Silva Ministério Público do Trabalho Valéria Andrade Pedreira Ministério Público do Estado da Bahia Valeria Andrea Ferreira De Lima Ministerio Publico de

a) Responsabilizar-se pela execução dos serviço, nos locais indicados, deixando-os em condições de uso pelo público e limpas. c) Responsabilizar pela remoção das estruturas após