Cap´ıtulo 5
Mecˆ anica Estat´ıstica
O objetivo principal da mecˆanica estat´ıstica ´e relacionar as propriedades microsc´ opicas de sistemas f´ısicos (seus estados quˆ anticos) com suas propriedades macrosc´opicas ou termodinˆ amicas (tempe- ratura, press˜ ao, etc.). Neste cap´ıtulo fazemos um estudo destes conceitos e conex˜oes, derivamos a distribui¸c˜ao de velocidades de Maxwell-Boltzmann e consideramos o problema da radia¸c˜ao t´ermica de corpo negro do ponto de vista cl´ assico.
5.1 Estados de Energia
•
Considere um sistema qualquer de part´ıculas (´atomos, mol´eculas, g´as, osciladores harmˆonicos, etc.) com energia total E
r.
•
Suponha que existam v´ arias maneiras de as part´ıculas do sistema terem essa energia total E
r. Chamamos cada uma dessas maneiras de um
estadodo sistema. Podemos enumerar esses v´ arios estados r = 1, 2, 3, ....
•
Os estados microsc´opicos s˜ao ultimamente descritos pelas leis da mecˆanica quˆ antica (Eq. de Schr¨odinger) que rege o sistema.
Exemplo: 3 el´etrons, cada um com spin na dire¸c˜ao z para cima ou para baixo e respectivo momento magn´etico +µ ou µ. Na presen¸ca de um campo magn´etico B, cada el´etron tem energia E = µB ou
−µB. Se soubermos, por hip´ otese, que a energia E total do sistema ´e +µB, isso significa que dois el´etrons tem spin + e um deles -. Supondo que os eletrons sao
distingu´ıveis, os estados poss´ıveis s˜ao (++-), (+-+), (-,++). Qualquer um desses 3 estadostem a mesma energia +µB.
•
Classicamente, o estado de uma part´ıcula ´e descrito por sua posi¸c˜ ao e seu momento linear. De acordo com as leis da mecˆanica cl´ assica (leis de Newton), uma vez especificado este estado, sabemos como ele evolui no tempo.
Exemplo: Um oscilador harmoˆ nico simples:
E = p
22m + 1
2 mω
2x
2(5.1)
Para uma energia fixa, todos os valores de x e p definidos na equa¸c˜ao acima (formando uma elipse no plano x
−p) s˜ao poss´ıveis estados do oscilador com energia E.
55
•
Seja Ω(E) o n´ umero total de estados de um sistema com energia E.
• Postulado Estat´ıstico B´asico: Em um sistema isolado, em equil´ıbrio
e com energia E, todos os estados acess´ıveis, i.e. consistentes com a energia E, s˜ao igualmente prov´ aveis.
•
Como consequˆencia, a probabilidade P (E) de o sistema ter energia E ´e proporcional ao n´ umero de estados Ω(E) com essa energia:
P (E) = CΩ(E) (5.2)
•
Uma defini¸c˜ao importante ´e a
entropiaS de um sistema:
S = k
Bln Ω(E) (5.3)
onde k
B´e a constante de Boltzmann. A entropia ´e uma medida do n´ umero de estados acess´ıveis de um sistema.
5.2 Temperatura, Press˜ ao, Trabalho e Calor
•
Acima, o n´ umero de estados pode depender do volume V e do n´ umero de part´ıculas N , de forma que S = S(E, V, N ). Podemos ent˜ao tomar E como fun¸c˜ao de S, V e N :
E = E(S, V, N ) (5.4)
•
Uma maneira de alterar a energia de um sistema (e.g. no caso em que E = E(V ) ) ´e realizando trabalho dW sobre ele. Em termos da press˜ ao P feita pelo sistema quando ele vai de um volume V a outro V + dV temos que o trabalho realizado
pelosistema ´e
dW = F ds = (P A)ds = P (A dS) = P dV (5.5)
•
Ao fazer esse trabalho, a energia do sistema varia de dE =
−dW =
−P dV , e temos P =
−∂E
∂V (5.6)
•
No caso em que n˜ ao h´ a mudanca no n´ umero de part´ıculas de um sistema (dN = 0), a ´ unica outra forma de alterar a energia do sistema ´e quando ele absorve/d´ a calor dQ do/ao meio. O calor dQ ´e ent˜ao definido como a varia¸c˜ao na energia que n˜ ao seja devida ao trabalho:
dE =
−dW + dQ
→dQ = dE + dW (5.7)
•
Por outro lado, o elemento diferencial dE ´e dado por dE = ∂E
∂S dS + ∂E
∂V dV + ∂E
∂N dN (5.8)
5.2. TEMPERATURA, PRESS ˜ AO, TRABALHO E CALOR 57
•
Definimos
T
≡∂E
∂S : Temperatura (5.9)
P
≡ −∂E
∂V : Press˜ ao (5.10)
µ
≡∂E
∂N : Potencial Qu´ımico (5.11)
em termos dos quais o elemento dE fica
dE = T dS
−P dV + µdN (5.12)
•
No caso em que dN = 0, temos ent˜ao
dE = T dS
−dW (5.13)
e comparando com a Eq. 5.7, temos que o calor ´e dado por
dQ = T dS (5.14)
•
Note que
1 T = ∂S
∂E = k
B∂ ln Ω(E)
∂E (5.15)
e podemos definir a grandeza β, que aparecera em calculos posteriores β
≡1
k
BT
≡∂ ln Ω(E)
∂E (5.16)
•
Como E = E(S, V, N ), podemos inverter essa rela¸c˜ao em termos da entropia S = S(E, V, N ).
Para essa fun¸c˜ao temos
dS = ∂S
∂E dE + ∂S
∂V dV + ∂S
∂N dN (5.17)
•
E definimos
1
T
≡∂S
∂E : Temperatura (5.18)
P
T
≡∂S
∂V : Press˜ ao (5.19)
µ
T
≡ −∂S
∂N : Potencial Qu´ımico (5.20)
que, usando S = k
Bln Ω(E, V, N ) e β = (k
BT )
−1, s˜ao equivalentes a β = ∂ ln Ω(E, V, N )
∂E (5.21)
βP = ∂ ln Ω(E, V, N )
∂V (5.22)
βµ =
−∂ ln Ω(E, V, N )
∂N (5.23)
•
Em termos destas, o elemento dS fica dS = dE
T + P
T dV
−µ
T dN (5.24)
ou equivalentemente, como antes,
T dS = dE + P dV
−µdN (5.25)
5.3 Equil´ıbrio Termodinˆ amico
•
No equil´ıbrio, as propriedades macrosc´opicas de um sistema n˜ ao mudam. Isso quer dizer que, embora possam haver transi¸c˜oes nos estados microsc´ opicos, estes n˜ ao alteram o estado macrosc´opico do sistema. Este estado e atingido quando a probabilidade P (E, V, N ) atinge seu
m´aximo.•
Considere um sistema A com energia E, volume V e N part´ıculas em contato t´ermico com outro sistema A
′com energia E
′, volume V
′e N
′part´ıculas. O sistema combinado A
0= A+A
′tem energia E
0, volume V
0e n´ umero de part´ıculas N
0conservados:
E
0= E + E
′= constante (5.26)
V
0= V + V
′= constante (5.27)
N
0= N + N
′= constante (5.28)
•
Se A tem energia E, a energia de A
′est´ a determinada a ser E
′= E
0−E. Similarmente para o volume e n´ umero de part´ıculas.
•
Denote por Ω
0(E, V, N ) o n´ umero de estados do sistema combinado A
0quando A tem energia E, volume V e N part´ıculas.
•
A probabilidade de ter A
0tal que A tem essas caracter´ısticas ´e
P(E, V, N ) = CΩ
0(E, V, N ) (5.29)
•
Seja Ω(E, V, N ) o n´ umero de estados de A com energia E, e similarmente Ω
′(E
′, V
′, N
′) = Ω
′(E
0−E, V
0−V, N
0−N ) o n´ umero de estados de A
′com energia E
′. Temos ent˜ao que
Ω
0(E, V, N ) = Ω(E, V, N )Ω
′(E
′, V
′, N
′) (5.30) e, portanto,
P(E, V, N ) = CΩ(E, V, N )Ω
′(E
′, V
′, N
′) (5.31)
•
No equil´ıbrio, P(E, V, N ) ´e m´axima, bem como seu logaritmo:
ln P (E, V, N ) = ln C + ln Ω(E, V, N ) + ln Ω
′(E
′, V
′, N
′) (5.32) Portanto,
d ln P = ∂ ln P
∂E dE + ∂ ln P
∂V dV + ∂ ln P
∂N dN = 0 (5.33)
5.4. DISTRIBUIC ¸ ˜ AO DE BOLTZMANN E FUNC ¸ ˜ AO DE PARTIC ¸ ˜ AO 59
•
Como as varia¸c˜oes dE, dV e dN s˜ao independentes, cada derivada parcial deve ser nula separadamente:
∂ ln P
∂E = ∂ ln Ω
∂E + ∂ ln Ω
′∂E
′∂E
′∂E = β
−β
′= 0
→β = β
′ →T = T
′(5.34)
∂ ln P
∂V = ∂ ln Ω
∂V + ∂ ln Ω
′∂V
′∂V
′∂V = βp
−β
′p
′= 0
→p = p
′(5.35)
∂ ln P
∂N = ∂ ln Ω
∂N + ∂ ln Ω
′∂N
′∂N
′∂N =
−βµ + β
′µ
′= 0
→µ = µ
′(5.36) ou seja, os dois sistemas tem a mesma temperatura, press˜ ao e potencial qu´ımico no equil´ıbrio.
•
Note que
k
Bln P(E) = k
Bln C + k
Bln Ω
0(E) = k
Bln C + S
0(5.37) ou seja, maximizar P (E) ´e equivalente a maximar a entropia total S
0, que satisfaz :
S
0= k
Bln Ω
0(E) = k
Bln[Ω(E)Ω
′(E
′)] = k
Bln Ω(E) + k
Bln Ω
′(E
′) = S + S
′(5.38)
•
Portanto, no equil´ıbrio, P (E) ´e m´axima
→S
0= S + S
′´e m´axima
→T = T
′, p = p
′e µ = µ
′.
5.4 Distribui¸ c˜ ao de Boltzmann e Fun¸ c˜ ao de Parti¸ c˜ ao
•
Considere agora um sistema A em um estado r, com energia E
re N
rpart´ıculas, em contato com um sistema e A
′muito maior do que A, i.e. um
reservat´orio t´ermicocom energia E
′ ≫E
re N
′≫N
rpart´ıculas. Desta forma E
0= E
r+ E
′≫E
r.
•
Vamos assumir que os volumes V e V
′s˜ao fixos, e o sistema A troca apenas calor e possivel- mente part´ıculas com o reservat´orio A
′. Temos
P (E
r, N
r) = C
1Ω(E
r, N
r)Ω
′(E
′, N
′) = C
′Ω
′(E
0−E
r, N
0−N
r)
= C
′exp
ln Ω
′(E
0−E
r, N
0−N
r)
(5.39)
•
Expandindo em torno de E
0, N
0, temos
ln Ω
′(E
0−E
r, N
0−N
r) = ln Ω
′(E
0, N
0)
−∂ ln Ω
′∂E
′E
r−∂ ln Ω
′∂N
′N
r+ ... (5.40) e como E
r≪E
0e N
r ≪N
0, podemos desprezar os demais termos da expans˜ao. Usando as defini¸c˜ oes de β e βµ, temos
ln Ω
′(E
0−E
r, N
0−N
r) = ln Ω
′(E
0, N
0)
−βE
r+ βµN
r+ ... (5.41) Portanto
P(E
r, N
r) = C
′exp
ln Ω
′(E
0, N
0)
−βE
r+ βµN
r= C
′Ω
′(E
0, N
0)e
(−βEr+βµNr)ou finalmente
P (E
r, N
r) = Ce
−β(Er−µNr)(Distribui¸c˜ ao Grand-Canˆ onica) (5.42)
•
O termo e
−β(Er−µNr)chama-se
fator de Gibbs.•
No caso em que n˜ ao h´ a troca de part´ıculas entre A e o reservat´orio, o n´ umero de estados n˜ ao depende do n´ umero de part´ıculas, e temos apenas
P (E
r) = Ce
−βEr(Distribui¸c˜ ao Canˆ onica) (5.43)
•
O termo e
−βErchama-se
fator de Boltzmann.•
Para determinar a constante C, impomos a normaliza¸c˜ao de P(E
r):
X
r
P (E
r) = C
Xr
e
−βEr= 1
→C =
Xr
e
−βEr!−1
(5.44)
•
Portanto a probabilidade, normalizada fica
P (E
r) = e
−βEr Pr
e
−βEr(5.45)
•
Essa distribui¸c˜ao tamb´em ´e conhecida como
Distribui¸c˜ao de Maxwell-Boltzmann. Eladiz que valores de E
r≫k
BT s˜ao exponencialmente suprimidos/improv´ aveis.
•
A somat´oria nos estados do fator de Boltzmann ´e chamada fun¸c˜ao de parti¸c˜ao Z:
Z =
Xr
e
−βEr(Fun¸c˜ao de Parti¸c˜ao) (5.46)
ou seja
P (E
r) = e
−βErZ (5.47)
•
O fator de Boltzmann d´ a a probabilidade de um estado espec´ıfico r. Se quisermos saber a probabilidade de termos uma energia qualquer entre E e E + δE, devemos considerar todos os estados entre esses limites:
P (E) =
Xr
P(E
r), r tal que E < E
r< E + δE (5.48) Para δE pequeno, todos os estados tem basicamente a mesma exponencial e
−βEr ∼e
−βE, e essa soma d´ a simplesmente o n´ umero de estados Ω(E) que satisfazem a condi¸c˜ao acima vezes a exponencial:
P(E) = Ω(E)e
−βE(5.49)
5.5. M ´ EDIAS E V´ INCULOS 61
5.5 M´ edias e V´ınculos
•
As distribui¸c˜oes canˆonica e grand-canˆ onica podem facilitar o c´alculo de m´edias termodinˆamicas, quando temos v´ınculos na energia e/ou n´ umero de part´ıculas do sistema. Por exemplo, se sabemos que a energia total e/ou o n´ umero total de part´ıculas ´e constante.
•
Essas distribui¸c˜oes podem ser usadas mesmo em sistemas isolados, que n˜ ao est˜ ao em contato com um reservat´orio t´ermico, pois ao retirarmos o sistema em equil´ıbrio do contato com o reservat´orio, ele permanecer´a em equil´ıbrio e com os mesmos valores m´edios das grandezas macrosc´opicas.
•
Por exemplo, suponha que saibamos que a energia do sistema est´ a entre E e E + δE e o n´ umero de part´ıculas do sistema est´ a entre N e N + δN , e que existem Ω(E, N ) estados nessas condi¸c˜oes. O valor m´edio de uma grandeza y pode ser calculado usando a
distribui¸c˜ao microcanˆonica:¯ y =
P
r
y
rΩ(E, N ) r tal que E < E
r< E + δE e N < N
r< N + δN (5.50) Note que temos que impor ambas as condi¸c˜oes de energia e no n´ umero de part´ıculas na contagem de estados, o que pode ser complicado.
•
Similarmente, o valor m´edio pode ser obtido com a
distribui¸c˜ao canˆonica:¯ y =
P
r
y
re
−βEr Pr
e
−βErr tal que N < N
r< N + δN (5.51) Nesse caso s´o existe a restri¸c˜ao no n´ umero de part´ıculas. Caso part´ıculas possam ser criadas e destru´ıdas e n˜ ao sejam conservadas, n˜ ao h´ a vinculo no numero de particulas. Esse ´e o caso e.g. da radia¸c˜ao de corpo negro, j´a que f´otons podem ser absorvidos e re-emitidos sem ter seu numero conservado.
•
Finalmente, o valor m´edio pode ser obtido com a
distribui¸c˜ao grand-canˆonica:¯ y =
P
r
y
re
−β(Er−µNr) Pr
e
−β(Er−µNr)(5.52)
Nesse caso n˜ ao h´ a nenhuma restri¸c˜ao nos som´ atorios. Novamente, caso nao haja restri¸c˜ao no n´ umero de part´ıculas, tomamos µ = 0 e retornamos ` a distribuicao canˆ onica.
•
No caso da distribui¸c˜ao canˆonica, temos para a energia E ¯ =
P
r
E
re
−βEr Pr
e
−βEre como
X
r
E
re
−βEr=
−Xr
∂
∂β
e
−βEr=
−∂
∂β Z temos
E ¯ =
−1 Z
∂Z
∂β =
−∂ ln Z
∂β (5.53)
•
Temos tamb´em para a press˜ ao:
¯ p =
P
r
p
re
−βEr Pr
e
−βEr=
Pr −∂E∂Vr
e
−βEr Pr
e
−βEre como
X
r
∂E
r∂V e
−βEr=
−1 β
∂
∂V
Xr
e
−βEr!
=
−1 β
∂
∂V Z temos
¯ p = 1
βZ
∂Z
∂V = 1 β
∂ ln Z
∂V (5.54)
•
Por fim, usando a distribuicao grand-canonica, temos o numero medio:
N ¯ =
Pr
N
re
−βEr+αNr Pr
e
−βEr+αNr, α = βµ
=
∂
∂α
P
r
e
−βEr+αNr Pr
e
−βEr+αNr,
= ∂ ln Z
g∂α , Z
g=
Xr
e
−βEr+αNr, α = βµ (5.55)
5.6 Gas Ideal e Limite Cl´ assico
•
Classicamente, os n´ıveis de energia s˜ao cont´ınuos e dados pela energia cin´etica p
2/2m e potencial U (x). No caso unidimensional
E(x, p) = p
22m + U (x) (5.56)
•
Os n´ıveis de energia s˜ao determinados pela posi¸c˜ao x e o momento p, que determinam um plano xp, chamado
espa¸co de fase.•
Podemos dividir o espa¸co de fase em c´elulas de tamanho δxδp = h, cada uma definindo um estado r. Classicamente h pode ser arbitrariamente pequeno. Quˆ anticamente, veremos que, devido ao pr´ıncipio de incerteza, h ´e uma constante finita, a constante de Planck. Note que h tem unidade de momento angular.
•
Para uma energia no intervalo E e E + dE, onde dE est´ a associada a intervalos dxdp no espa¸co de fase, temos
Ω(E) = Ω(x, p) = dxdp
δxδp = dxdp
h (5.57)
•
No caso tridimensional
E(~x, ~ p) =
|~ p
|22m + U (~x) (5.58)
5.6. GAS IDEAL E LIMITE CL ´ ASSICO 63 e
Ω(E) = Ω(~x, ~ p) = d
3xd
3p
h
3(5.59)
•
Para um sistema de N part´ıculas
E(~x
1, ..., ~x
N, ~ p
1, ..., ~ p
N) =
|~ p
1|2+ ... +
|~ p
N|22m + U (~x
1, ..., ~x
N) (5.60) e
Ω(E) = Ω(~x
i, ~ p
i) = d
3x
1d
3p
1...d
3x
Nd
3p
Nh
3N(5.61)
•
Vamos considerar uma part´ıcula do g´as, sendo todas as outras o reservat´orio t´ermico. E vamos considerar um g´as dilu´ıdo, de modo que podemos tomar a intera¸c˜ao nula, i.e. U = 0.
Para essa part´ıcula, a probabilidade de ter energia em [E, E + dE], ou equivalentemente de ter posi¸c˜ao e momento em [~x, ~x + d
3x] e [~ p, ~ p + d
3p] ´e
P (E) = CΩ(E)e
−βE→
P(~x, ~ p)d
3xd
3p = C d
3xd
3p
h
3e
−β(p2/2m)(Gas Ideal) (5.62) e a constante C ´e tal que
Z
d
3x
Z
d
3p P (~x, ~ p) = 1 (5.63)
•
A fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao f (~x, ~ p) = N P (~x, ~ p) ´e tal que:
f (~x, ~ p)d
3xd
3p = n´ umero de part´ıculas com posi¸c˜ao e momento em [~x, ~x + d
3x] e [~ p, ~ p + d
3p]
e ´e normalizada como
Z
d
3x
Z
d
3p f (~x, ~ p) = N (5.64)
•
A fun¸c˜ao de parti¸c˜ao para 1 part´ıcula fica Z
1=
Xr
e
−βE=
XE
Ω(E)e
−βE=
Z
d
3xd
3p
h
3e
−β(p2/2m)(5.65)
•
Para o sistema de N part´ıculas Z =
Z
d
3x
1d
3p
1...d
3x
Nd
3p
Nh
3Nexp [
−β(p
21+ ... + p
2N)/2m]
=
Z
d
3x
1d
3p
1h
3e
−β(p21/2m)...
Z
d
3x
Nd
3p
Nh
3e
−β(p2N/2m)= (Z
1)
N(5.66)
Para Z
1, temos
Z
1=
Z
d
3xd
3p
h
3e
−β(p2/2m)= V
h
3 Zd
3pe
−β(p2/2m)e como
Z
d
3pe
−β(p2/2m)=
Zdp
xe
−β(p2x/2m) Zdp
ye
−β(p2y/2m) Zdp
ze
−β(p2z/2m)=
Zdp
xe
−β(p2x/2m) 3=
r
π β/2m
3
= 2πm
β
3/2(5.67) temos
Z
1= V
2πm h
2β
3/2
(5.68) Portanto
ln Z = N ln Z
1= N
ln V
−3
2 ln β + 3 2 ln
2πm h
2
(5.69)
•
Assim, temos as grandezas termodinamicas:
E ¯ =
−∂ ln Z
∂β = 3 2
N
β
→E ¯ = 3
2 N k
BT (5.70)
e
¯ p = 1
β
∂ ln Z
∂V = 1 β
N
V = N k
BT
V
→pV ¯ = N k
BT (5.71)
Expressando N = νN
a, onde ν ´e o numero de mols de particulas e N
a= 6.02
×10
23´e o numero de Avogadro, podemos escrever
¯
pV = ν(N
ak
B)T
→pV ¯ = νRT (5.72)
onde R = N
ak
B= 6.02
×10
23. 1.38
×10
−23= 8.31 J/K ´e a constante dos gases.
•
Note que N k
BT = (2/3) ¯ E e portanto ¯ p = (2/3) ¯ E/V . Denotando a densidade de energia u = ¯ E/V , temos
¯ p = 2
3 u ¯ (5.73)
•
Posteriormente, consideraremos o g´as ideal quˆ antico, tanto para a estat´ıstica de Boltzmann,
quanto para gases de b´ osons (e.g. f´otons) e f´ermions (e.g. el´etrons).
5.7. TEOREMA DA EQUIPARTIC ¸ ˜ AO DE ENERGIA 65
5.7 Teorema da Equiparti¸ c˜ ao de Energia
•
Usando o formalismo desenvolvido at´e agora, podemos demonstrar um resultado muito im- portante da termodinˆ amica, o teorema de equiparti¸c˜ao de energia.
•
Vamos supor que a energia total E do sistema, que ´e fun¸c˜ao das f coordenadas x
1, ..., x
fe momentos p
1, ..., p
f, possa ser separada em dois termos:
E(x
1, ..., x
f, p
1, ..., p
f) = ǫ
i+ E
′(x
1, ..., x
f, p
1, ..., p
f) (5.74) e que o termo ǫ
iseja da forma
ǫ
i= ǫ
i(p
i) = bp
2i, onde b = constante (5.75)
•
Poder´ıamos tamb´em tomar ǫ
i= bx
2i, e o resultado seria o mesmo. Ou seja, ǫ
i´e um termo quadrado de uma das coordenadas ou dos momentos (graus de liberdade) na energia total do sistema.
•
O valor m´edio de ǫ
ifica
¯ ǫ
i=
R
ǫ
ie
−βEdx
1...dp
fdp
i/h
f+1 Re
−βEdx
1...dp
fdp
i/h
f+1=
R
ǫ
ie
−β(ǫi+E′)dx
1...dp
fdp
i Re
−β(ǫi+E′)dx
1...dp
fdp
i=
R
ǫ
ie
−βǫidp
iRe
−βE′dx
1...dp
f Re
−βǫidp
iRe
−βE′dx
1...dp
f=
R
ǫ
ie
−βǫidp
i Re
−βǫidp
i=
−∂β∂ Re
−βǫidp
iR
e
−βǫidp
i=
−∂
∂β ln
Ze
−βǫidp
i
=
−∂
∂β ln
Ze
−βbp2idp
i=
−∂
∂β ln
rπ
βb
=
−∂
∂β ln
rπ
βb
=
−∂
∂β
−
1 2 ln β
= 1
2β Portanto
¯ ǫ
i= 1
2 k
BT (5.76)
•
Obviamente o mesmo teria acontecido com ǫ
i= bx
2i, pois far´ıamos a integral em dx
2i.
•
Equiparti¸c˜ao: O valor m´edio de cada termo (grau de liberdade) na energia, quadr´atico nas coordenadas ou nos momentos, ´e igual a k
BT /2.
5.8 Distribui¸ c˜ ao de Velocidades de Maxwell
•
Definimos a fun¸c˜ao de probabilidade de um g´as ideal no limite cl´ assico:
P (~x, ~ p)d
3xd
3p : Probabilidade de uma part´ıcula ter posi¸c˜ao e momento em d
3x e d
3p ao redor de ~x e ~ p
e obtivemos essa probabilidade:
P (~x, ~ p)d
3xd
3p = C
′d
3xd
3p
h
3e
−β(p2/2m)(5.77)
•
Similarmente definimos a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao como:
f (~x, ~v)d
3xd
3v : N´ umero m´edio particulas com posi¸c˜ao e velocidade em d
3x e d
3v ao redor de ~x e ~v
que ´e dada por f(~x, ~ p) = N P (~x, ~v/m):
f (~x, ~v)d
3xd
3v = C d
3xd
3v e
−β(mv2/2)(5.78) com C sendo determinada pela normaliza¸c˜ao
Z
f (~x, ~v)d
3xd
3v = N (5.79)
(5.80) Fazendo a integral no volume V =
Rd
3x, temos
N =
Z
d
3x
Z
d
3vf(~x, ~v)
= CV
Zd
3ve
−β(mv2/2)= CV
Zdv
xe
−(βm/2)vx2) 3= CV 2π
βm
3/2→
C = n βm
2π
3/2, onde n = N
V (5.81)
Portanto a distribui¸c˜ao fica f (~v)d
3xd
3v = n
βm 2π
3/2
e
−β(mv2/2)d
3xd
3v (Distribui¸c˜ao de Maxwell) (5.82)
•
Temos tamb´em
f (~x, ~v)d
3v : N´ umero m´edio de part´ıculas por unidade de volume com velocidade em d
3v ao redor de ~v.
•
Usando
Rd
3v = 4π
Rv
2dv, podemos definir F(v)dv = 4πv
2f (v)dv
F(v)dv : N´ umero m´edio de part´ıculas por unidade de volume com velocidade em dv ao redor de v =
|~v
|.
e temos
F (v)dv = 4πn βm
2π
3/2v
2e
−β(mv2/2)dv (Distribui¸c˜ao de Maxwell) (5.83)
•
Na Fig. 5.1, mostramos a distribuicao de velocidades F (v), bem como alguns valores m´edios
associados a ela.
5.8. DISTRIBUIC ¸ ˜ AO DE VELOCIDADES DE MAXWELL 67
Figura 5.1: Distribui¸c˜ao de velocidades de BoltzmannF(v). Tamb´em mostrados o valor m´edio da velocidade
¯
v, o valor mais prov´avel ˜v e a raiz quadrada da velocidade quadr´atica m´ediavrms=√v¯2. (Reif)
5.8.1 Valores m´ edios
•
A velocidade m´edia ¯ v ´e dada por
¯ v =
R
v f (~v)d
3v
Rf (~v)d
3v
= 1
n
Zv f (~v)d
3v = 1 n
Z
v F (~v)dv
= 1
n
Zv 4πn mβ
2π
3/2v
2e
−mβv2/2dv
= 4π mβ
2π
3/2Zv
3e
−mβv2/2dv e como
Z
x
3e
−ax2dx =
−∂
∂a
Zxe
−ax2dx =
−∂
∂a
Ze
−aydy 2
=
−∂
∂a
−
e
−ay2a
=
−
ye
−ay2a
−e
−ay2a
2∞
0
= 1
2a
2(5.84) temos, com a = mβ/2:
¯
v = 4
√
π mβ
2
3/21 2
2 mβ
2
= 2
√
π
2
mβ
1/2→
v ¯ =
r8
π k
BT
m
≈ r2.55 k
BT
m (Velocidade m´edia) (5.85)
•
J´a o valor m´edio da velocidade ao quadrado fica v ¯
2= 1
n
Zv
2f (~v)d
3v = 1 n
Z
v F (~v)dv
= 4π mβ
2π
3/2Zv
4e
−mβv2/2dv e como
Z
x
4e
−ax2dx =
−
∂
∂a
Zx
2e
−ax2dx =
−
∂
∂a
−∂
∂a
Ze
−ax2dx
= ∂
2∂a
2 Z ∞0
e
−ax2dx = ∂
2∂a
21
2
rπ
a
=
√
π 2
∂
∂a
−
1 2 a
−3/2
=
√
π 2
3 4 a
−5/2
= 3 8
√
πa
−5/2(5.86)
temos, com a = mβ/2:
v ¯
2= 4
√
π mβ
2
3/2
3 8
√
π
2
mβ
5/2= 3 2
2 mβ
= 3k
BT m
→
v
rms=
pv ¯
2=
r
3k
BT
m (Raiz da Velocidade quadr´atica m´edia) (5.87)
•
Uma outra quantidade relevante ´e a velocidade mais prov´ avel ˜ v, onde F (v) atinge seu pico e definida por
dF (v)
dv = 0 2ve
−βmv2/2+ v
2(
−βmv)e
−βmv2/2= 0 v
2= 2
βm (5.88)
ou
˜ v =
r
2k
BT
m (Velocidade mais prov´ avel) (5.89)
Note que todas essas velocidades s˜ao da ordem de
pk
BT /m.
5.9 Radia¸ c˜ ao T´ ermica Cl´ assica e Espectro de Corpo Negro
•
Estamos interessados em estudar o espectro da radia¸c˜ao t´ermica, i.e. o espectro da radia¸c˜ao de um ambiente ou corpo ` a temperatura T , e.g. uma estrela, . Como veremos, a maneira como a energia se distribui nas v´ arias frequˆencias desta radia¸c˜ao depende de sua temperatura.
•
Um corpo negro ideal absorve toda radia¸c˜ao que incide em sua superf´ıcie. Em equil´ıbrio
com o ambiente, ele tamb´em emite radia¸c˜ao na mesma temperatura em cada comprimento
de onda. Por exemplo, ` a temperatura ambiente, um corpo negro emite mais radia¸c˜ao no
infra-vermelho. A temperaturas mais altas, a radia¸c˜ao predominante passa a ter frequˆencias
maiores.
5.9. RADIAC ¸ ˜ AO T ´ ERMICA CL ´ ASSICA E ESPECTRO DE CORPO NEGRO 69
•
Podemos entao estudar o problema da radia¸c˜ao t´ermica resultante de qualquer processo f´ısico que leve a um equil´ıbrio t ermico, considerando a radia¸c˜ao emitida por um corpo negro em contato com essa radia¸c˜ao.
•
Considere um corpo negro como sendo uma caixa fechada de comprimento L e volume V = L
3, contendo radia¸c˜ao eletromagn´etica em seu interior. Podemos pensar que a radia¸c˜ao t´ermica ambiente entra por um pequeno buraco na caixa, sendo prontamente absorvida. No equil´ıbrio a radia¸c˜ao ´e re-emitida pelos ´ atomos na parede da caixa.
•
Sabemos que cargas oscilando (e.g. aceleradas) emitem radia¸c˜ao, portanto, como modelo cl´ assico do corpo negro, tomaremos os ´ atomos de suas paredes como osciladores harmˆ onicos em equil´ıbrio com a radia¸c ao. Classicamente, a energia da radia¸c˜ao depende de sua amplitude E
0e a energia m´edia de cada oscilador (E = mv
2/2 + mωx
2/2), pela equiparti¸c˜ao, ´e k
BT.
•
Como sabemos, classicamente o campo eletromagn´etico no v´ acuo dentro da caixa satisfaz a equa¸c˜ao de ondas:
∇2
E
−1 c
2∂E
∂t
2= 0 (5.90)
cuja solu¸c˜ao ´e dada por
E(x, y, z) = ~ E ~
0e
i(k·~r−ωt)= E ~
0e
i(kxx+kyy+kzz)e
−iωt(5.91) onde k
2= k
x2+ k
2y+ k
z2= ω
2c
2(5.92)
•
Como o campo est´ a dentro da caixa, seu valor deve se anular nas bordas superficiais, i.e.
quando x ou y ou z forem iguais a 0 ou L.
Ou seja, a solu¸c˜ao de ondas se propagando acima na verdade deve se reduzir a uma solu¸c˜ao de onda estacion´ aria. Como
e
ikxx= cos(k
xx) + i sin(k
xx) (5.93) devemos tomar somente a parte sin(k
xx) que se anula apropriadamente quando x = 0. O mesmo vale para y e z. Portanto:
E ~ = E ~
0sin(k
xx) sin(k
yy) sin(k
zz)e
−iωt(5.94)
•
Al´em disso, a solu¸c˜ao deve se anular para e.g. x = L, o que implica
k
xL = n
xπ n
x= 1, 2, 3, ... (5.95) e o mesmo para y = L e z = L. Portanto ´e preciso que
k
x= n
xπ
L , k
y= n
yπ
L , k
z= n
zπ
L (5.96)
e portanto o n´ umero de estados, i.e. o n´ umero de maneiras das ondas existirem ´e enumerado
pelos inteiros n
x, n
ye n
z. Note que tomamos n
x, n
y, n
z> 0 e portanto k
x, k
y, k
z> 0, pois
mudando de sinal k
x → −k
xtemos sin k
xx
→ −sin k
xx, que corresponde ao mesmo estado,
j´a que basta fazer E ~
0 → −E ~
0.
•
A pergunta que gostar´ıamos de responder ´e: qual a energia m´edia dessas ondas em um intervalo de frequˆencia dν?
A ideia ´e contar o n´ umero de estados poss´ıveis dentro de dν e ent˜ao multiplicar esse n´ umero pela energia m´edia de cada estado.
•
Precisamos saber ent˜ao, qual o n´ umero de estados poss´ıveis dentro do intervalo de frequencia dν. E como k = 2π/λ = 2πν/c, temos dk = 2πdν/c. Portanto, precisamos saber o numero de estados em cada dk
x, etc.
•
Como n
x, n
ye n
zcontam os estados, quando variamos n
xde ∆n
x, produzimos uma varia¸c˜ao de k
xdada por dk
x= ∆n
xπ/L. Portanto, dentro de um intervalo dk
x, cabem
∆n
x= dk
xπ L estados (5.97)
e similarmente para y e z. Portanto, denotando o n´ umero total de estados no intervalo d
3k = dk
xdk
ydk
zpor Ω
~kd
3k, temos
Ω
~kd
3k = ∆n
x∆n
y∆n
z= dk
xπ L dk
yπ L dk
zπ L = L
3π
3d
3k = V
π
3d
3k (5.98)
•
Gostar´ıamos agora de saber o n´ umero de estados Ω
kdk em uma camada esf´erica dk. Lem- bramos que estamos restritos a valores de k
x, k
ye k
zque s˜ao > 0, ou seja, se restringem ao primeiro octante. Como d
3k = dΩk
2dk, podemos integrar no ˆ angulo total e dividir por 8:
Ω
kdk = Ω
~k R4π
dΩ
8 k
2dk = V π
34π
8 k
2dk = V
2π
2k
2dk (5.99)
ou equivalentemente, em termos de ν:
Ω
νdν = V 2π
22πν c
2
2πdν
c = V 4π
c
3ν
2dν (5.100)
•
Finalmente, notamos que para uma dire¸c˜ao de propaga¸c˜ao definida por E ~
0, temos 2 pola- riza¸c˜oes poss´ıveis para os campos eletromagn´eticos, que formam dois poss´ıveis conjuntos de estados da radia¸c˜ao. Por exemplo se a radia¸c˜ ao se propaga na dire¸c˜ao z, podemos ter E na dire¸c˜ao x e B na dire¸c˜ao y, ou equivalentemente E na dire¸c˜ao y e B na dire¸c˜ao
−x.
Devemos ent˜ao multiplicar o n´ umero de estados anteriores por 2 para considerar essas duas possibilidades de polariza¸c˜ao, obtendo finalmente:
Ω
νdν = V 8π
c
3ν
2dν (N´ umero de estados em dν) (5.101) ou em termos do comprimento de onda, usando ν = c/λ e
|dν
|= c/λ
2dλ:
Ω
λdλ = V 8π
λ
4dλ (N´ umero de estados em dλ) (5.102)
5.9. RADIAC ¸ ˜ AO T ´ ERMICA CL ´ ASSICA E ESPECTRO DE CORPO NEGRO 71
•
Como todos esses estados s˜ao igualmente prov´ aveis, a energia m´edia para a radia¸c˜ao com frequˆencia no intervalo dν fica:
U (ν)dν = ǫ Ω
νdν = ǫ V 8π
c
3ν
2dν (5.103)
e portanto a densidade de energia u = U/V no intervalo dν fica u(ν)dν = ǫ 8π
c
3ν
2dν (5.104)
e
u(λ)dλ = ǫ 8π
λ
4dλ (5.105)
onde ǫ ´e a energia m´edia de cada oscilador com frequˆencia ν (assumindo que a onda emitida pelo corpo negro tem mesma frequˆencia que o ´ atomo oscilante). Classicamente, a energia de cada estado da radia¸c˜ao n˜ ao depende de sua frequˆencia, mas sim de sua amplitude de onda, que ´e determinada pelos ´ atomos osciladores das paredes do corpo negro. Da mesma forma, classicamente a energia m´edia de cada oscilador ´e simplesmente ǫ = k
BT . Portanto, classicamente, temos
u(ν)dν = 8πk
BT
c
3ν
2dν (Radia¸c˜ao T´ermica Cl´ assica ) (5.106) u(λ)dλ = 8πk
BT
λ
4dλ (5.107)
•
Esse resultado indica um grande problema, pois a densidade de energia vai a infinito em altas frequˆencias, i.e. na parte ultra-violeta do espectro. Esse problema ´e conhecido como a
cat´astrofe do ultra-violeta, j´a que a densidade de energia total em todas as frequˆencias seria
u =
Z ∞0
u(ν)dν
∝ Z ∞0
ν
2dν =
∞!
=
Z ∞0
u(λ)dλ
∝ Z ∞0
dλ λ
4=
∞!
Obviamente a densidade de energia real n˜ ao ´e infinita, e algo est´ a errado no c´alculo cl´ assico.
Ou erramos na contagem do n´ umero de estados, ou na energia m´edia de cada oscilador.
•