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PARADIGMAS CONSERVADORES E INOVADORES: UMA PERSPECTIVA EDUCACIONAL E SUAS IMPLICAÇÕES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

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Academic year: 2021

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PRÁTICA PEDAGÓGICA

XAVIER, Cristine Roberta Piassetta - PUCPR – PMC crisroxavier@yahoo.com.br

Resumo

Este artigo foi elaborado à luz dos paradigmas conservadores e inovadores, contextualizando historicamente e analisando a experiência de um grupo com 24 alunos participantes na disciplina Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica, do Programa de Mestrado em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. No decorrer do texto, buscam-se as implicações dos paradigmas conservadores e inovadores na prática pedagógica, contextualizando historicamente e posteriormente relatando algumas ações relevantes ao processo educativo ocorridos nesta disciplina, que se consubstanciam nos paradigmas inovadores. Num processo de pesquisa-ação os alunos desta disciplina, aponta-se neste artigo alguns dos primeiros resultados obtidos deste grupo, onde por meio de leituras críticas, produções individuais e produções coletivas, desenvolveram e produziram conhecimento, resultando na construção de um artigo reflexivo sobre paradigmas conservadores e inovadores. Foi evidenciada a metodologia utilizada nas aulas, onde foi concretizada uma prática pedagógica em uma transição paradigmática da sociedade do conhecimento, sendo exposta através de artigos, garantindo a possibilidade e a aplicabilidade deste novo pensar de uma educação efetiva, condizente com a atualidade. Nas considerações finais consta às implicações que este paradigma reflete na prática pedagógica remetem à superação. Esta superação não no sentido de negar o que está posto, mas de ir além, evoluir. Assim, as transformações que o paradigma inovador na perspectiva educacional pode proporcionar condizem a este momento histórico, mas para que ele realmente influencie positivamente o âmbito escolar, experiências concretas precisam ser compartilhadas, fundamentadas, analisadas de diferentes prismas, adaptadas e readaptadas à realidade a ser inserida, interligando emoção e razão, contribuindo para um progresso de totalidade, holístico em prol do conhecimento e revertendo-se à sociedade.

Palavras-Chaves: Paradigmas Conservadores; Paradigmas Inovadores; Paradigmas Educacionais; Prática Pedagógica; Prática Inovadora.

Introdução

Este artigo foi elaborado à luz dos paradigmas conservadores e inovadores,

contextualizando historicamente e analisando a experiência de um grupo de 24 alunos

participantes na disciplina Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica, do Programa de

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Mestrado em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Os alunos em questão foram envolvidos com o grupo de pesquisa denominado PEFOP (Paradigmas Educacionais e Formação de Professores), da mesma universidade, sendo este ensaio integrante do grupo referenciado.

No decorrer do texto, buscam-se as implicações dos paradigmas conservadores e inovadores na prática pedagógica, contextualizando historicamente e posteriormente relatando algumas ações relevantes ao processo educativo ocorridos nesta disciplina, que se consubstanciam nos paradigmas inovadores.

Contextualização

No panorama educacional ocorre uma trajetória marcada pelos acontecimentos da sociedade e conseqüentemente os paradigmas que estão inerentes a esta situação, se revelam.

Pode-se observar os paradigmas da ciência, que caracterizam os séculos XIX e XX, onde a razão e a experimentação, a linearidade de causa e efeito, a separação de mente e matéria e a divisão de conhecimentos em busca de melhores resultados, fragmentam a verdade de tal forma, que é possível identificar fortemente a sua influência na educação.

Na realidade, na óptica mecanicista, o universo organizou-se a partir da linearidade determinista de causa e efeito. Essa premissa levou o homem a separar o racional do emocional, pois o pensamento newtoniano-cartesiano apresenta uma epistemologia reducionista que fragmentou tanto a nossa realidade externa e interna, como a dimensão interpessoal e psíquica (BEHRENS, 2005, p.18).

Quando se fala da influência dos paradigmas conservadores percebe-se uma visão de escola, que busca a reprodução de modelos e de cultura, de ajustamento social, modeladora, com um ambiente físico conservador e cerimonioso. Uma metodologia repetitiva e mecânica onde são executadas atividades sem ações reflexivas dos envolvidos, seqüenciadas, ordenadas, empiristas, vinda do professor e colocada de forma bancária, “depositada” nos alunos, ou seja, calcadas nos quatro pilares: escute, leia, decore e repita.

Neste processo tradicional, o professor que é o transmissor e reprodutor do conhecimento, com autoritarismo e rigorosidade utiliza esta metodologia que repassa conteúdos prontos, acabados e fragmentados, distantes de seus alunos e de maneira inquestionável. É um elo entre a verdade científica e o aluno, utilizando sistemas instrucionais, atuando como um engenheiro comportamental.

Como conseqüência deste processo, o aluno que é considerado um adulto em

miniatura, como se não tivesse um conhecimento prévio e experiência pessoal ao chegar na

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escola, acaba sendo visto como uma tábula rasa. Ele se torna então submisso, resignado, passivo diante da metodologia e do distanciamento utilizado pelo professor, sem criticidade, resumido em um verdadeiro depósito de informações.

As características desta escola e o que acontece dentro da mesma reflete num método de avaliação que impede um fluxo criativo, pois é considerada uma avaliação única e bimestral, que demonstra o quanto o aluno é capaz de memorizar, repetir e ser exato. Sua nota é considerada igual ao nível de aquisição de patrimônio cultural que ele conquistou no decorrer do processo, não podendo ser diferente, nem utilizar expressões diferentes das que o professor colocou nas aulas. As avaliações orais também são freqüentes, mas usadas com o intuito de punir, não de construir o conhecimento.

Tendo em vista este cenário educacional decorrente dos paradigmas conservadores, de acordo com Behrens (2005, p.22) “o conhecimento, ao ser dividido, ao ser fragmentado, isolou o homem das emoções que a razão desconhece. Deixou de contemplar sentimentos como: a solidariedade, a humanidade, a sensibilidade, o afeto, o amor e o espírito de ajuda mútua”. Dentre algumas implicações desta fragmentação, observa-se o reducionismo do conhecimento e da formação de valores proporcionados nas escolas. Implicações estas que demonstram que os paradigmas conservadores precisam ser superados. Esta superação não no sentido de negar o que está posto, mas de ir além, avançando os padrões já estabelecidos.

Com o progresso tecnológico, que advém do próprio paradigma da ciência, a sociedade vem obtendo informações de múltiplas maneiras, encurtando distâncias e aproximando-se aos diferentes meios de comunicação.

Como decorrência desta tecnologia mais próxima do cidadão comum, a escola não pode negar o conhecimento prévio, a multiculturalidade, a vivência histórica-social deste, tendo que se adaptar, transformando-se num espaço que visa contribuir com o cidadão de modo inovador.

Neste contexto é possível observar que:

Estamos no amanhecer da compreensão de nosso lugar no universo e dos espetaculares poderes latentes que possuímos, a flexibilidade e a transcendência de que somos capazes. As aberturas científicas estão lançando um desafio: se nossas memórias são tão absorventes como a pesquisa tem demonstrado, a percepção tão ampla, os cérebros e corpos tão sensíveis; se podemos determinar modificações em nossa fisiologia ao nível de uma simples célula; se somos herdeiros de tamanha virtuosidade evolucionária – como podemos estar agindo e aprendendo em níveis tão medíocres? Se somos tão ricos, por que não somos espertos? (FERGUSON, 1992, p.264).

Estas reflexões decorrem dos paradigmas conservadores, demonstrando a crise desses

paradigmas e a constante busca da superação dos mesmos. Esta crise desencadeou,

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inevitavelmente, a transposição da fragmentação em novos pressupostos para uma visão de totalidade, de união das partes, da conexão, para que atendam as novas percepções, concepções e valores da sociedade.

A percepção da necessidade de superação e a transição de paradigmas é uma trajetória profunda e não estanque. A chegada dos paradigmas inovadores exige a superação das abordagens conservadoras, mas um não rompe necessariamente a outra. Ou seja, não há a negação e o descartamento em detrimento ao anterior, mas a renovação de conceitos à sociedade. Que conforme Morin (2000, p.46) “trata-se de entender o pensamento que separa e que reduz, no lugar do pensamento que distingue e une. Não se trata de abandonar o conhecimento das partes pelo conhecimento das totalidades, nem da análise pela síntese; é preciso conjugá-las”.

Os conceitos que os paradigmas inovadores revelam são de redes interligadas e holísticas, na qual tudo e todos estão interligados. Um reencontro da ciência com o senso comum, uma ruptura epistemológica, onde se estabelece a religação entre os saberes, pois para Moraes (1998, p.29)

A busca de novos ambientes de aprendizagem, mais adequados às necessidades de nossas crianças e ao mundo como ele hoje se apresenta, levou-nos a procurar um novo referencial para a educação, tendo em vista a gravidade dos problemas enfrentados não apenas no setor educacional, mas também nas mais diferentes áreas do conhecimento.

Ao ponderar as implicações dos paradigmas inovadores à educação, percebe-se a exigência de uma visão transdisciplinar, uma epistemologia aberta para o trabalho com o conhecimento e com uma leitura profunda do contexto.

A escola deste novo paradigma proporciona um espaço inovador, produtivo, transformador e participativo, visando a formação para o exercício da cidadania crítica e ética, com um clima de diálogo, inter-relação e enriquecimento mútuo, provocando a intervenção para a transformação social.

A metodologia escolar na visão inovadora busca a superação da reprodução,

instigando à autonomia, o posicionamento, a tomada de decisões, a reflexão e a construção do

conhecimento, tendo a prática social como suporte e contexto, pressuposto e alvo, fundamento

e finalidade da prática pedagógica, onde esta abordagem dialética resulta em ação pedagógica

de alunos e professores para a compreensão de mundo. O método de Paulo Freire (2006)

referencia três momentos que constituem esta metodologia: a leitura de mundo, o

compartilhar o mundo lido e a reconstrução do mundo lido.

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Desta maneira, o professor, mediador entre saber elaborado e o conhecimento a ser produzido, é uma figura significativa no processo, agindo como orquestrador da construção do conhecimento, estimulando o aluno a aprender a aprender, numa relação horizontal e dialógica com seus discentes, possibilitando a vivência em grupo, ampliando caminhos a si mesmo e aos alunos, num processo produtivo e prazeroso. Para uma nova postura pedagógica, Freire (apud GADOTTI, 2000, p.105) considera que o professor precisa ter “uma paciência pedagógica, com decisão política, competência técnica, amorosidade e, sobretudo, com o exercício da democracia”.

O aluno, também sujeito do processo, partícipe da ação educativa, atua como co- responsável, por ter capacidade de propor e contrapor, exprimindo-se com propriedade, apto a formular, ético, autônomo, lendo e refletindo criticamente sobre o mundo lido.

A avaliação neste contexto torna-se processual, contínua e transformadora, numa relação de parcerias onde todos são responsáveis pelo sucesso e/ou fracasso do grupo. Sendo que a reflexão e a produção do conhecimento são revisitadas durante e no final do processo.

Ela serve como norteadora, funcionando como um contrato, uma minuta, onde professores e alunos sabem com clareza suas funções, com um desempenho geral e globalizado, com a garantia de avaliar o envolvimento, a participação, a produção do conhecimento, o progresso, a caminhada e a qualidade do processo educativo (BEHRENS, 2005).

Um relato a partir deste contexto

Após a contextualização dos paradigmas conservadores e dos paradigmas inovadores no processo educativo, o objetivo deste artigo é elucidar as práticas pedagógicas utilizadas na disciplina Paradigmas Educacionais na Prática Pedagógica, que estão embasadas nos paradigmas inovadores.

No início desta disciplina foi apresentado o contrato pedagógico contendo: a ementa, a contextualização, a problematização, as competências, a programação, a metodologia e os procedimentos a serem utilizados, o processo avaliativo, o cronograma proposto para os encontros semanais e as referências bibliográficas que seriam utilizadas no decorrer do processo.

A apresentação à turma deste contrato pedagógico foi de maneira clara, demonstrando

uma organização holocentrada, significativa no processo, orquestrada para a construção do

conhecimento, onde o aluno, ciente deste caminho organizado, pôde ser co-responsável,

partícipe e investigador.

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Num processo de pesquisa-ação os alunos desta disciplina, por meio de leituras críticas, produções individuais e produções coletivas, com a aliança das abordagens progressista, holística e ensino com pesquisa que geram o paradigma da complexidade, desenvolveram e produziram conhecimento.

Em relações rigorosas, democráticas e amorosas, com orientação e parcerias, onde ocorreram espaços de elaboração, reflexão e de crítica sobre os conteúdos trabalhados, o aproveitamento do grupo heterogêneo (de diversas áreas do conhecimento, de diferentes contextos sociais e experiências profissionais), com a responsabilidade dos alunos demonstradas durante o processo, estabeleceram-se condutas que resultaram, entre outras questões não mensuráveis (amizades, envolvimento coletivo, o compartilhar de conhecimentos, enriquecimento bibliográfico, entre outros), na produção e elaboração de um registro científico: o desenvolvimento de um artigo sobre os paradigmas conservadores e inovadores. Nesse sentido, cabe a contribuição de Gadotti (2000 p.100) quando propõe

As cátedras pretendem trabalhar na formação de um novo espírito científico, longe dos constrangimentos burocráticos que mais impedem do que facilitam a criação e a pesquisa. Esse espírito se concretiza na construção de novas relações entre as pessoas, sujeitos e entre sujeitos e o saber: busca-se pensar a realidade criando vínculos pelo trabalho coletivo. Investe-se tanto em conteúdo a ser pesquisado quanto em novas relações a serem criadas. Busca-se criar vivências. Mais do que espaços físicos, busca-se criar espaços virtuais dentro de uma visão crítica e prospectiva .

Com esta metodologia utilizada, foi concretizada uma prática pedagógica em uma transição paradigmática da sociedade do conhecimento, sendo exposta através de artigos individuais e coletivos, garantindo a possibilidade e a aplicabilidade deste novo pensar de uma educação efetiva, condizente com a atualidade.

Considerações Finais

Os paradigmas conservadores fizeram e fazem parte do contexto sócio-histórico, onde trouxeram avanços dialéticos à sociedade, ao mesmo tempo em que promoveram a evolução, fragmentaram a realidade de tal forma, que ocasionaram o “culto ao intelecto e o exílio ao coração”.

Pode-se observar o reducionismo do conhecimento no ambiente escolar e a falta de

sentimentos e valores que precisam ser proporcionados neste local. As implicações deste

paradigma que reflete na prática pedagógica remetem à superação. Esta superação não no

sentido de negar o que está posto, mas de ir além, evoluir.

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A busca de uma prática pedagógica que possa adequar-se aos novos tempos, com atitudes coerentes e democráticas, precisa ser capaz de alicerçar a sociedade para a transformação.

Assim, as transformações que o paradigma inovador na perspectiva educacional pode proporcionar condizem a este momento histórico, mas para que ele realmente influencie positivamente o âmbito escolar, experiências concretas precisam ser compartilhadas, fundamentadas, analisadas de diferentes prismas, adaptadas e readaptadas à realidade a ser inserida, interligando emoção e razão, contribuindo para um progresso de totalidade, holístico em prol do conhecimento e revertendo-se à sociedade.

REFERÊNCIAS

BEHRENS, Marilda A. O paradigma emergente e a prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 2005.

Coleção Grande Educadores: Paulo Freire. ATTA – Mídia e Educação – DVD/Vídeo.

Editora Paulus, SP, 2006/Instituto Paulo Freire.

FERGUSON, Marilin. Ver e voar: caminhos para o aprendizado. In: Conspiração Aquariana. Trad. Costa, Evaristo, 7ª ed., Rio de Janeiro: Record, 1992.

GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artmédicas, 2000.

MORAES, Maria C. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 1998.

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez,

2000.

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