SOLO E TOPOGRAFIA COMO CONDICIONANTES DA
DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO EM FITOFISIONOMIAS
CAMPESTRE E FLORESTAL EM CONTATO DIRETO NA
ii
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Reitor
João Luiz Martins
Vice-Reitor
Antenor Rodrigues Barbosa Júnior
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Tanus Jorge Nagem
ESCOLA DE MINAS
Diretor
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito
Vice-Diretor
Wilson Trigueiro de Sousa
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
E V O L U Ç Ã O C
iii
iv
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – VOL M 71.
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Nº 308
SOLO E TOPOGRAFIA COMO CONDICIONANTES DA
DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO EM FITOFISIONOMIAS
CAMPESTRE E FLORESTALEM CONTATO DIRETONA
SERRA DA BRÍGIDA, OURO PRETO, MG.
Pedro Navarro Cardoso vale
Orientador
Alessandra Rodrigues Kozovits
Co-orientadora
Angélica F. Drummond C. Varajão
Co-orientador
Amilcar Walter Saporetti Junior
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre Ciência Naturais, Área de Concentração: Geologia Ambiental e
Conservação de Recursos Naturais
OURO PRETO
v
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br Escola de Minas - http://www.em.ufop.brDepartamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br
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Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância das normas de direito autoral.
Catalogação:
sisbin@sisbin.ufop.br
V149s Vale, Pedro Navarro Cardoso.
Solo e topografia como condicionantes da distribuição da vegetação em fitofisionomias campestre e florestal em contato direto na Serra da Brígida, Ouro Preto, MG [manuscrito] / Pedro Navarro Cardoso Vale – 2013.
79f. : il. color.; graf.; tab.; mapas. (Contribuições às Ciências da Terra, Série M, v.71, n. 308)
ISSN: 85-230-0108-6
Orientadora: Profª Drª Alessandra Rodrigues Kozovits.
Coorientadores: Profª Drª Angélica Fortes Drummond Chicarino Varajão. Prof. Amilcar Walter Saporetti Junior.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Geologia. Programa de Pós-Graduação em Evolução
Crustal e Recursos Naturais.
Área de concentração: Geologia ambiental e Conservação de Recursos Naturais.
1. Solos - Teses. 2. Topografia - Teses. 3. Vegetação - Campo Ferruginoso - Teses. 4. Análise de correspondência canônica (CCA) - Teses. I. Kozovits, Alessandra Rodrigues. II. Varajão, Angélica Fortes Drummond Chicarino. III. Saporetti Junior, Amilcar Walter. IV. Universidade Federal de Ouro Preto. V. Título.
vi
EssênciaO que são as flores Senão elas mesmas: Anônimas.
.
. .
Fito as flores. Meu ocidentalismo doentio
Requer-me logo os nomes .
. .
A posse
No quintal de casa Descobri uma flor, Inédita! Dei-lhe logo um nome (derivado do meu)
vii
Agradecimentos
Aos meus pais, Paulo e Luciana, e aos meus irmãos (Daniel e João) que ainda acreditam que estudando “terei futuro”, pelo carinho e alegria.
A minha orientadora Alessandra R. Kozovits pelo aceite à orientação, pelos ensinamentos e confiança e paciência.
À Universidade Federal de Ouro Preto por propiciar ensino de qualidade.
Ao DEGEO pela oportunidade de continuar os meus estudos e à CAPES pela bolsa concedida durante todo o período de mestrado.
Ao Instituto Estadual de Florestas, pelo fornecimento da licença de coleta na APA das Andorinhas.
A todos os funcionários da UFOP, sempre solícitos e prontos a ajudar.
A todos os amigos do Degeo e Biomas, em especial aqueles que compartilharam os dias de sol, frio e chuva na Serra da Brígida (Mariana Terrôla, Eduardo, Hudson Tália, Fernanda,Vaka).
Aos pesquisadores, professor Amilcar Saporetti e Angélica Varajão, pela co-orientação e pelas cópias de artigos, livros e teses.
Aos velhos e bons amigos,Sapo, Titia, Pnell, Marcela, Suzy, Rep. Manicômio, Rep. Milícia pela melhor amizade do mundo.
Aos novos e grandes amigos feitos neste tempo de estudos, Fifi, Nubão, Fernandas, Carol, Cintia, Glênia, Flavinho, Naiara, Terror, Simone, Chico, Rep. Sagatiba (especialmente à Paulete, pelo carinho e cumplicidade).
Aos amigos que indiretamente contribuíram para o inicio e continuidade deste mestrado, Vânia Rosolen, Cecília, Vakão.
viii
Sumário
1 – INTRODUÇÃO………1
1.1 – REVISÃO BIBLIOGRAFICA ... 1
1.1.1 - Determinantes da distribuição de plantas ... 1
1.2.1 Objetivo geral: ... 8
1.2.2 Objetivos específicos: ... 8
1.3 – HIPÓTESES ... 8
2 –MATERIAIS E METODOS…...………12
2.1 ÁREA DE ESTUDO ... 10
2.1.1 Localização área de estudo ... 10
2.1.2 Escolha das áreas e demarcação das parcelas ... 10
2.2 –
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA ÁREA DE ESTUDO ... 15
2.2.1 – Caracterização física regional (Quadrilátero Ferrífero) ... 15
2.2.2 – Caracterização física-vegetacional local (Serra da Brígida)... 17
2.3 – COLETA DE DADOS ... 21
2.3.1 – Meio Biótico ... 21
Composição Florística ... 21
Estrutura... 22
Levantamentos Fitossociológicos ... 22
Área de mata (FES) ... 22
Área de campo ferruginoso (CF) ... 23
2.3.2 Meio Abiótico ... 24
Levantamento topográfico da área de estudo ... 24
Amostragem de solos... 24
Análise química ... 24
Fertilidade ... 24
Umidade... 26
Levantamento de dados microclimáticos ... 26
2.4 – ANÁLISES ESTATÍSTICAS ... 26
3 – RESULTADOS E DISCUSSOES...
3.1 – MEIO BIÓTICO ... 28
3.1.1 – Floristica/fitossociologia ... 28
3.2 – MEIO ABIÓTICO ... 38
3.2.1 Microclima ... 38
3.2.2 Solos ... 39
3.2.3 - Topografia ... 46
3.2.4 - Relação entre estrutura das comunidades vegetais com fatores abioticos ... 47
4 –CONSIDERAÇÕES FINAIS...51
ix
Lista de figuras
Figura 2.1 -
Disposição das unidades de conservação no município de Ouro Preto- MG. ... 11
Figura 2.2 -
Localização dos transectos na área de estudo, Serra da Brígida, Ouro Preto-MG.14
Figura 2.3 -
Vista parcial representativa das fitofisionomias de Floresta Estacional
Semidecidual (FES) e Campos Ferruginosos (CF), na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG. ... 13
Figura 2.4 -
Mapa Geológico do Quadrilátero Ferrífero (modificado de Dorr, 1969). ... 15
Figura 2.5 -
Mapa litológico da área de estudo localizada na Serra da Brígida, Ouro Preto-
MG. (modificado de IEF/UFV 2005). ... 17
Figura 2.6 -
Mapa de hipsométrico da área de estudo localizada na Serra da Brígida, Ouro
Preto-MG. ... 18
Figura 2.7 -
Mapa de solos da área de estudo localizada na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG.
(modificado de IEF/UFV 2005). ... 19
Figura 2.8 -
Mapa de vegetação da área de estudo localizada na Serra da Brígida, Ouro
Preto-MG (modificado de IEF/UFV 2006). ... 20
Figura 2.9 -
Distribuição da precipitação e temperatura médias, de acordo com o Climograma
para a Serra da Brígida, Ouro Preto, MG.(Fonte: Ferreira 2011) ... 21
Figura 2.11 -
Diagrama para determinação de classes texturais de solo. Fonte: Lemos &
Santos (2006) ... 25
Figura 3.1-
Curva de acumulaçao de espécies para as duas fitofisionomias estudadas. ... 28
Figura 3.2 -
Radiação ultravioleta (UV) no período de um ano nas duas fitofisionomias
estudadas na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG. Unidade:µmol.m
-2.s-
1... 38
Figura 3.3 -
Radiação fotossinteticamente ativa (RFA) no período de um ano nas duas
fitofisionomias estudadas na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG. Unidade:µmol.m
-2.s-
1... 39
Figura 3.4 -
Umidade relativa do ar no período de um ano nas duas fitofisionomias estudadas
na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG. ... 39
Figura 3.5 -
Perfil de solo na área de FES ... 40
Figura 3.6 -
Neossolo litólico representativo da área de campo ferrugionoso na Serra da
Brígida, Ouro Preto/MG ... 41
Figura 3.6 -
Conteúdo relativo de água no solo mensurado em períodos diferentes do ano nas
duas fitofisionomias estudadas. Unidades representadas em %. ... 45
Figura 3.7-
Perfil topográfico da área de campos ferruginosos. ... 47
Figura 3.8 -
Perfil topográfico da área de floresta estacional semidecidual. ... 47
Figura 3.9 – Diagrama de correlação entre fatores ambientais e abundancia de espécies
produzido pela análise de correspondência canônica baseada na distribuição da abundancia de
espécies arbóreas na área de Floresta Estacional Semidecidual, na Serra da Brígida, Ouro
Preto-MG. ... 49
Figura 3.10
– Diagrama de correlação entre fatores ambientais e abundancia de espécies
produzido pela análise de correspondência canônica baseada na distribuição da abundancia de
espécies herbácea/arbustivas na área de Campos Ferruginosos, na Serra da Brígida, Ouro
Preto-MG. ... 51
Figura 3.11
– Diagrama de correlação entre fatores ambientais e abundancia de espécies
produzido pela análise de correspondência canônica através do software PC-ORD baseada na
distribuição da abundancia de espécies herbácea/arbustivas na área de Campos Ferruginosos,
na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG...51
x
Lista de tabelas
Tabela 2.1 -
Conversão de valores de cobertura e abundância. ... 23
Tabela 3.1 –
Composição florística e parâmetros fitossociológicos da área de campos
ferruginosos na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG. Onde: FA: frequência absoluta; FR:
frequência relativa; DoA: dominância absoluta; DoR: dominância relativa e IVI: índice de
valor de importância. ... 31
Tabela 3.2 –
Composição florística e parâmetros fitossociológicos da área de Floresta
Estacional Semidecidual na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG. Onde: FA: frequência absoluta;
FR: frequência relativa; DoA: dominância absoluta; DoR: dominância relativa; DA:
densidade absoluta; DR: densidade relativa e IVI: índice de valor de importância. ... 36
Tabela 3.3 -
Análise granulométrica de classes de textura para as parcelas das duas
fitofisionomias estudadas. Valores apresentados em %. Coletadas no Horizonte A de 0-20cm
de profundidade. ... 41
Tabela 3.4 -
Valores totais de macronutrientes, micronutrientes, elementos essenciais e não
essenciais encontrados nas duas fitofisionomias estudadas na Serra da Brígida, Ouro
Preto-MG. CF = campo ferruginoso. FES = Floresta estacional semidecidual. Valores expressos em
mg/kg. ... 43
Tabela 3.5 -
Concentrações de macronutrientes e micronutriente considerados para fertilidade
encontrados nas duas fitofisionomias estudadas na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG. Valores
expressos em: N (dag/kg), P (mg/dm
3), MO (dag/kg), P-rem(mg/L), pH (escala variando de 0
a 14, onde 7=neutro; 0-6=ácido e 8-14 básico) e o demais elementos (%). Média±desvio
padrão. ... 44
Tabela 3.6 -
Autovalores e variação da porcentagem de correlação obtidos através da analise
de correspondência CCA para área de Campos Ferrugionosos (CF). ... 51
xi
Resumo
Na última década, especialmente, estudos a respeito de fatores ambientais condicionantes da
distribuição da vegetação têm ampliado significativamente a compreensão sobre a complexidade e o
funcionamento dos principais biomas brasileiros. Atenção tem sido chamada também para a necessidade de
novos estudos em pequenas manchas vegetacionais naturais ou derivadas de fragmentação pelas atividades
antrópicas. Em topos de morros, por exemplo, muitas vezes observam-se mosaicos formados por pequenas
manchas naturais de formações campestres e florestais, que se distribuem pela paisagem em contato direto, sem
ecotone aparente. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência de variáveis edafo-topográficas
sobre os padrões de distribuição e estruturação da vegetação em uma área de campo e outrade floresta, que
compartilham suas bordas sem transição aparente entre si, na Serra da Brígida, Ouro Preto, MG. A abordagem
metodológica foi realizada por meio de levantamentos de parâmetros bióticos e abióticos em transeções de 100
m, posicionadas nas duas fitofisionomias (campo e floresta) e subdividas em parcelas de 10X10m. Para fatores
bióticos foram considerados a composição florística e padrões de estrutura das comunidades vegetacionais
através da fitossociologia. Para fatores abióticos foram analisadas a compartimentação topográfica local
(desnível e declividade), variáveis microclimáticas e análises físico-químicas do solo (granulometria,
mineralogia, umidade, composição química e fertilidade). A área de mata apresentou diversidade florística mais
baixa que a área campestre. O solos se apresentaram ácidos, com baixo pH, sendo que os neossolos dos campos
ferruginosos são mais férteis que o cambissolo sob a floresta. Nota-se também, dentre todos os elementos
mensurados, maior abundância de Fe e Al em ambas as fitofisionomias estudadas. E mesmo apresentando maior
fertilidade, a área de CF apresentou, baixas concentrações de macronutrientes essenciais como Ca, K e Mg. Com
relação aos aspectos físicos, nas duas fitofisionomias foram encontrados solos de caráter mais arenoso. Outra
particularidade da área é o alto desnível altimétrico e a forte declividade da vertente estudada. As análises da
CCA indicam que nos campos ferruginosos há uma forte influência dos teores de Fe e parâmetros topográficos
sobre a composição florística e estrutura da vegetação, já área de floresta há uma forte correlação da topografia
com a distribuição e com a estrutura da comunidade vegetal, corroborando a hipótese deste trabalho. Sob o
mesmo clima, em encontro direto, esses dois tipos vegetacionais tão distintos em termos de estrutura e de flora,
são claramente determinados pelo solo e topografia. Até que ponto estes aspectos físicos do ecossistema definem
a distribuição presente e futura das espécies, o potencial de ocupação de novas áreas, por exemplo, sob
condições climáticas em alteração, são apenas alguns pontos para reflexão e que podem ser estudados em novas
frentes de trabalho. Entretanto, permite-se aqui chamar a atenção para importância de estudos de pequenos
fragmentos vegetacionais para a ampliação do conhecimento sobre a diversidade ambiental local e regional, e
seus principais determinantes, e possíveis consequências para a dinâmica da vegetação dos ecossistemas de
xii
Abstract
In the last decade, especially, studies on environmental factors affecting the distribution of vegetation
have significantly expanded the understanding of the complexity and functioning of major Brazilian biomes.
Attention, however, has also been called to the need for further studies in small vegetation patches naturally
spread in the landscape or derived from fragmentation by human activities. On the tops of hills, for example,
natural mosaics formed by small patches, in direct contact, of forest and grassland formations are often
observed.. This study aimed to evaluate the influence of soil and topographic variables on patterns of species
distribution and vegetation structure in an area where a rocky outcrop and a forest patches contact , in the Serra
da Brígida, Ouro Preto, Brazil. Surveys of biotic and abiotic parameters were done in transects of 100 m,
positioned in the two types of vegetation (rocky outcrop and forest) and subdivided into plots of 10x10m.
Regarding biotic factors were considered the floristic composition and structure patterns of vegetation
communities through phytosociological analysis. The abiotic factors investigated were topography (height and
slope), microclimatic variables and physical-chemical analysis of soil (texture, mineralogy, moisture, chemical
composition and fertility). The forest showed lower floristic diversity than the rocky outcrop. The soils from the
two areas presented low pH, but the Neosols of the rocky outcrop were more fertile than the cambissolo in the
forest. Among all elements measured, Fe and Al where the most abundant in both areas. Low concentrations of
essential nutrients like Ca, K and Mg were also found in both areas. With regard to the physical aspects, the soil
under the two vegetation types was classified as sandy. High altimetric slope and strong steepness also
characterized the areas studied. The CCA analyzes indicate that in the rocky outcrop there is a strong influence
of the levels of Fe and topographic parameters on the floristic composition and structure of vegetation, while in
the forest area, a strong correlation among topography and species distribution and plant community structure
was found, supporting the hypothesis of the present study. Under the same climate, in direct encounter, these two
vegetation typesclearly differed in terms of structure and flora, and are determined by soil and topography
parameters. To what extent these physical aspects of ecosystem define the present and future distribution of plant
species, their potential tooccupation of new areas for example under climate change conditions, are just some
points for reflection and that should be investigated in further studies. However, it was allowed here, to call for
attention to the importance of studies in small fragments or vegetation patches in direct contact for the
expansion of knowledge about the local and regional environmental diversity, and its main determinants, and the
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 –CONSIDERAÇÕES INCIAIS
1.1.1- Determinantes da distribuição de plantas
Os padrões e interações de distribuição espacial dos seres vivos sobre a superfície terrestre,
sobretudo a distribuição vegetal, são frequentes objetos de pesquisa, constituindo objetivo de diversos
estudos biogeográficos. Segundo Troppmair (1989), a biogeografia, por sua ênfase espacial,
caracteriza-se como integrante da ciência geográfica, podendo ser definida pelo entendimento das
interações, da organização e dos processos espaciais com ênfase nos seres vivos. Estudos de caráter
biogeográficos, que enfocam aflora como objeto de estudo, são denominados de fitogeográficos
(Troppmair 1989). O caráter interdisciplinar desta ciência permite a abordagem tanto da área de
botânica, pelos correspondentes das condições bióticas como fitossociologia e ecofisiologia vegetal,
quanto de disciplinas que envolvem o meio físico como pedologia, geomorfologia e climatologia,
constituindo um conjunto integrado de informações que definem exemplos de distribuição de
diferentes seres vivos (Rizzini 1997).
As condições ecológicas que afetam a atual e pretérita distribuição da flora resultam de um
conjunto de fatores os quais, agindo sincronicamente em diferentes níveis, permitem um estudo
biogeográfico definido segundo várias escalas de abordagem (Rizzini 1997, Rodrigues & Ribeiro
2010).
Segundo Coutinho (2006) o conceito de Bioma pode ser entendido como grandes unidades
geográficas com homogeneidade vegetacional definidas por padrões edafo-climáticos. Em escala
global, os diferentes biomas se distribuem em função de padrões de temperatura e precipitação (Walter
1986), existindo para tanto fatores limitantes ou estimulantes para as plantas, tais como: radiação
solar; variações sazonais de luminosidade; circulação do ar; correntes oceânicas, dentre outros. Estes
padrões interagem assegurando e determinando as condições e os recursos disponíveis para o
crescimento e o desenvolvimento das plantas (Floriano 2009).
Além da variação de temperatura e precipitação, diversos outros fatores devem ser pensados e
2
As variáveis ambientais podem ser mostradas tanto por dados referentes ao meio biótico
quanto abiótico em geral, relacionadas à intensidade e frequência do fogo, relação nutricional entre
planta, solo e topografia somados aos eventos estocásticos de distúrbio e ao clima. (Sauvé et al. 1996,
Hoffmann 1996, 1999, Hoffmann & Moreira 2002, Hoffmann et al.2003,Hoffmann et al.2003,
Raynaud & Leadley 2004, Rodrigues et al. 2007 ).
Apesar de tal complexidade de interação de fatores, é possível estimar as forças e padrões
determinantes da distribuição de grandes contínuos vegetacionais contrastantes, como os biomas
Cerrado e Atlântica, por exemplo. Por outro lado, em outras escalas geográficas, muitas vezes é mais
difícil associar a distribuição de plantas e a estrutura da comunidade aos fatores determinantes. É
sabido que em escalas regionais e locais, ou seja, sob o mesmo clima, a topografia e variações da
fertilidade, profundidade e textura de solos podem criar condições que favorecem ou dificultem a
ocorrência de grupos funcionais de plantas (Lieberman et al. 1985, Tilman 1998,Ricklefs 2003,
Cousins& Lindborg, 2004).
Embora isso seja bem aceito pela comunidade científica, há ainda evidente necessidade de se
ampliar os estudos dos condicionantes de solo e microclima locais sobre a diversidade e distribuição
de plantas ou grupos funcionais de plantas em diversos ecossistemas (Ettema & Wardle, 2002,
Geertsema & Sprangers, 2002, Cousins& Lindborg, 2004,Godefroid et al. 2007, Liao et al. 2011,
Rossato 2011), especialmente nos trópicos e sub-trópicos, onde há grande diversidade de solos, climas
e sistemas vegetacionais. O bioma cerrado, por exemplo, com suas fitosifionamias variando de
campestre, savânica e florestal, ocorre sobre extensa área do território brasileiro, ou seja, sob
diferentes condições climáticas, edáficas e topográficas.
Diversos estudos têm demonstrado o papel desempenhado por fatores como profundidade e
fertilidade de solo, topografia, disponibilidade de água, concentração de alumínio, entre outros, sobre a
diferenciação da estrutura das diferentes comunidades de Cerrado na paisagem (Alvim & Araújo 1952,
Arens 1963, Goodland, 1971, Ratter et.al. 1973,Furley &Ratter 1988, Oliveira Filho et al. 1994c
1994d, Oliveira Filho &Ratter 1995, Costa & Araújo 2001, Botrel et al. 2002,Francoet al.
2005,Marimon-Junior & Haridasan 2005, Haridasan 1988, 2008).
Entretanto, mesmo dentro de uma mesma fitofisionomia, sem aparente gradiente de vegetação
ou de parâmetros edáfico-topográficos, a distribuição de plantas pode estar relacionada à variação de
3
Neste estudo, por exemplo,a heterogeneidade na disponibilidade de água nos primeiros 4m de
profundidade do solo mostrou ser fator estruturante importante na distribuição das planta sem escala
de dezenasde metros em área de cerrado senso stricto. Nesta escala, chamada “fina”, de fato, o
entendimento sobre os condicionantes de diversidade e distribuição das espécies vegetais permanece
um desafio estimulante aos pesquisadores (Dantas e Batalha, 2011, Rietkerk et al. 2002), e se
questiona até que ponto pode-se transferir as relações encontradas nesta escala para grandes extensões
dos ecosssitemas.
Por outro lado, muitas vezes, é em escala local, que se avalia a variação de variáveis
edáfico-topográficas e de vegetação ao longo de transectos de poucas dezenas ou centenas de metros, que se
desenvolvem estudos em manchas de vegetação naturais ou em fragmentos produzidos pelo homem.
Além de terem relevância para a avaliação dos efeitos da fragmentação sobre a ecologia de tipos
vegetacionais, subsidiando a elaboração de estratégias de conservação e recuperação de áreas
degradadas, os estudos em pequenos fragmentos, especialmente estudos em manchas naturais possuem
grande potencial de ampliação da compreensão dos processos espaciais e temporais fitogeográficos,
dos endemismos, ocorrência de espécies raras, bioindicadoras de condições específicas de solo, de
bancos genéticos, etc (Rietkerk et al. 2002, Araújo 2006, Caiafa e Martins 2007).
Já é bem conhecido que grandes massas de vegetação respondem a flutuações climáticas de
longo prazo entre períodos secos e úmidos avançando ou retraindo suas bordas, como observado em
ecótones de floresta tropical úmida e áreas savânicas (Prance 1982; van der Hammen 1991; Ledru
1993; Salgado-Labouriau 1998; Burnham 1999; de Oliveira et al. 1999; Pessenda et al. 2000; Haffer
and Prance 2002; Ledru et al. 2006; Saia et al. 2008). Em escala regional, tem-se a topografia (Oliveira
Filho 1994b; 2007) e solo (Botrel et al. 2002; Rodrigues et al. 2007; Messia 2011)como principais
determinantes para distribuição de vegetação. No entanto, não se sabe se a distribuição e a estrutura da
vegetação de pequenos fragmentos vegetacionais naturais podem ser explicadas pelas mesmas
variáveis ambientais que normalmente são usadas em estudos em escalas regionais ou globais
controladoras.
Se fatores edáficos assumem posição hierárquica superior sobre a distribuição e estrutura da
vegetação em certas áreas, então nas amplas regiões de transição, em ecótones entre formações
campestres/savânicas e formações florestais que se substituíram em resposta a mudanças climáticas,
como citado anteriormente, as características do solo destes ecótonos não devem ter diferido muito
daquelas dos solos dos biomas que avançaram ou retrocederam. Alternativamente, poderia-se então
esperar que a vegetação do ecótone fosse preferencialmente formada por espécies das formações
campestres/savânicas e/ou florestais menos especializadas, mais plásticas com relação às exigências
4
Entretanto, como já perguntado, dada a dominância dos fatores edáficos - topográficos sobre a
distribuição da flora e estrutura das comunidades em escala regional/local, não se sabe se tal
movimentação dos tipos vegetacionais ocorreria em regiões de contatos litológicos bastante distintos
e, consequentemente, em contatos pedológicos abruptos entre condições fortemente diferenciadas em
vários aspectos, situação esta observada na área de estudo deste trabalho, onde floresta e campo se
encontram sem região transicional aparente. Eventualmente, os fatores edáficos nesta área poderiam
ser limitantes da movimentação ou alteração da área de distribuição de espécies de plantas.
A área de estudo do presente trabalho localiza-se em uma região de enorme diversidade
geográfica, ou seja, apresenta diferentes condições geológicas, geomorfológicas e climáticas.
Denominada como Quadrilátero Ferrífero (QF), a região abrange cerca de 7 mil km2 do sudeste
brasileiroe é reconhecida como uma das áreas de maior diversidade florística da América do Sul
(Harley 1995; Giulietti et al. 1997). Ainda segundo estes autores, o QF é uma área prioritária para a
conservação da biodiversidade no Estado de Minas Gerais, de importância biológica extrema.
Localizada entre a transição de dois grandes hotposts do Brasil, a Mata Atlântica e o Cerrado (Myers
2000), a região apresenta enorme heterogeneidade ambiental caracterizada como um mosaico com
diferentes fitofisionomias e influências florísticas destes dois grandes biomas. Por outro lado, a flora
da região também apresenta alto valor de endemismos em formações vegetacionais de altitude sobre
solos ricos em metais pesados, por exemplo. Para exemplificar a variedade ambiental, em apena 1 km2
observa-se diversidade fitofisionomica que vai de florestas estacionais semideciduais a campos
rupestres quatzíticos, graníticos e ferrugionosos (Jacobi & Carmo 2008). A ocorrência de cada tipo de
vegetação certamente é determinada pela conjunção de fatores como litologia, topografia,
(micro)clima e altitude (Jacobi & Carmo 2008), entretanto, muitas vezes, é difícil saber qual a
contribuição de cada um destes fatores para diferentes tipos de fitofisionomias, especialmente quando
há transições abruptas, ou seja, sem a presença de um ecotono gradual.
De fato, a região apresenta diversas ilhas de formações florestais estacionais em contato direto
com campos e a existência deste diverso mosaico em espaço relativamente reduzido da paisagem
oferece excelente oportunidade para se testar a hierarquia de determinantes abióticos sobre a flora.
Segundo Scarano (2007) e Caiafa & Martins (2007), estudos em áreas de transição entre vegetações,
especialmente em pequenos fragmentos na paisagem não pertubada, podem revelar informações sobre
a ecologia das espécies e dinâmica de comunidades de plantas em contato direto ou em transição
5
1.1.2–Formações vegetacionais
Para este trabalho foram escolhidas duas diferentes fitofisionomias que conhecidamente
sofrem influencia de variações edáficas e topográficas: Floresta Estacional Semidecidual (FES) e
Campos Ferruginosos (CF)
A formação fitogeográfica FES tem seu conceito ecológico baseado,principalmente, nas
condições climáticas regionais, que se caracterizam por apresentar duas estações distintas, uma
chuvosa e outra seca, ou com acentuada variação térmica (Veloso 1991).
O termo semidecidual refere-se à deciduidade, ou seja, a capacidade de perda foliar parcial na
estação seca, observada em algumas espécies típicas dessa formação. Já o termo estacional menciona
as transformações de aspecto ou comportamento da comunidade conforme as estações do ano
(Rodrigues 1999).Para ser considerada FES, a porcentagem das árvores que perdem suas folhas, no
período desfavorável, deve compreender entre 20% e 50% da composição florestal. Ainda para
caracterizar as FES com relação as área com acentuado declive e em diferentes cotas altimétricas, o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) criou uma classificação denominada FES
Aluvial, Terras baixas, Submontana e Montana sendo que esta última varia de 400 a 1500m acima da
latitude de 16° S (Veloso 1991).
Com uma ampla distribuição, ocorrendo em grande parte nos estados do Paraná, São Paulo,
Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás e, em menor escala no Estado do Espírito
Santo, Rio de Janeiro e Sul da Bahia, a FES ocupa as mais variadas condições edáficas, ocorrendo
tanto em solos mais argilosos quanto em solos arenosos. Apesar de visualmente apresentarem as
mesmas características fisionômicas,particularidades florísticas e estruturais são observadas devido às
características do solo nas quais essas formações se situam (Rodrigues 1999)
No entanto, estudos localizados na região do QF mostra uma diversidade enorme destes tipos
florestais generalizados como FES. Fatores como neblina, altitude e diferentes tipos de solo podem ser
decisivas na definição e classificação destas florestas. (Ferreira 2011, Baeta 2012)
O estrato arbóreo de FES caracteriza-se por apresentar maior diversidade de algumas famílias
como: Myrtaceae, Lauraceae, Melastomataceae, Fabaceae, Rubiaceae e Euphorbiaceae. Em relação à
dominância de alguns gêneros neste tipo de formação, destacam-se: Miconia, Myrcia, Ocotea, Ilex,
6
Muitos estudos têm mostrado a correlação entre distribuição de espécies arbóreas e variáveis
de solos e de topografia em FES (Lathwell & Grove, 1986, Oliveira-Filho et al. 1994, Clark et al.
1998, 1999, van den Berg & Oliveira-Filho 1999, Espírito-Santo et al. 2002, Pinto et al. 2005,
Campos et al. 2006, Ferreira Jr et al. 2007, Loures et al. 2007, Lima 2008, Siqueira et al. 2009). A
maioria desses trabalhos baseou-se em coletas ao longo de transectos, relacionando a variação das
características morfológicas da paisagem às comunidades vegetais através de estatística multivariada
como análises de Correspondência Canônica (CCA).
Os campos rupestres, em termos gerais, caracterizam-se por uma vegetação
predominantemente herbácea e arbustiva associada aos afloramentos rochosos, à decomposição de
rochas resistentes como quartzito e a solos arenosos localizados nas áreas mais elevadas de serras
(Giulietti et al. 2000, Benites 2001, Conceição &Pirani 2007, Almeida 2008).Inclusos dentro do
conceito abrangente de campos rupestres, os “campos ferruginosos” (CF) ou “vegetação de canga”são
formações vegetacionais associadas a vários tipos de substratos ricos em ferro que podem se
apresentar totalmente fragmentados ou formando uma espessa e sólida couraça (Vincent et al. 2002,
Vincent 2004, Jacobi et al. 2007, 2008, Mourão & Stehmann 2007, Viana & Lombardi 2007 e Vincent
& Meguro 2008).
Provenientes de minerais das formações ferríferas bandadas (BIF’s) estas couraças se formam
a partir do processo de laterização e ocorre quando há uma lixiviação total de cátions e da sílica
precipitando hidróxidos de ferro e alumínio. Segundo Varajão (2009), o ferro proveniente da
dissolução dos óxidos primários passa por inúmeras etapas de dissolução/reprecipitação que tendem a
apagar a textura inicial do itabirito, gerando um horizonte superficial, conhecido como canga. Ainda
segundo este autor,embora mecanicamente resistentes, as cangas podem ser destruídas na base, devido
a eventuais oscilações do lençol freático, ou, no topo, pela ação dos agentes intempéricos biogênicos,
gerando um horizonte superficial, pouco espesso, constituído de pequenas partículas ferruginosas, que
guardam, internamente, as mesmas características físicas, químicas e mineralógicas da canga que foi
desagregada e que servem de sustento para a vegetação. Quando o processo de
dissolução/reprecipitação não for muito intenso, parte da estrutura da rocha original é preservada,
sendo macroscopicamente reconhecível, gerando uma couraça que é denominada canga estruturada ou
isalterítica.
Conforme o grau de agregação do substrato, a cobertura vegetal dos campos ferruginosos pode
ser classificada em dois tipos básicos de campos, o Campo Rupestre de Canga Couraçada, onde tem-se
uma couraça ou uma laje contínua, com desenvolvimento de raízes restrito às fendas e bolsões,
enquanto o Campo Rupestre de Canga Nodular se caracteriza pela couraça fragmentada, no qual o
substrato torna-se mais colonizável pelas raízes, com cobertura total do substrato (Rizzini 1997, Nunes
7
As comunidades vegetais de canga parecem ser basicamente controladas por fatores edáficos e
outros atributos ambientais, como a disponibilidade hídrica e conexão com os ambientes florestais
vizinhos, entre outros(Jacobi et al. 2007, Nunes 2009, Lamounier et tal. 2010). Em estudo realizado na
Serra dos Carajás, PA, há classificação de quatro fisionomias que podem, frequentemente, ocorrer em
contato direto com campos ferruginosos, caracterizadas como formações vegetacionais de caráter mais
arbóreo, sendo elas: campo arbustivo, capão florestal (floresta estacional semidecidual montana) e
mata de encosta(Nunes 2009).
Conceição & Giulietti (2002) e Jacobi et al. (2007) apontam,também, que os campos
rupestres, incluindo os campos ferruginosos, possuem diferentes fitofisionomias relacionadas
principalmente com a topografia, natureza do substrato, profundidade do solo e microclima, embora os
limitantes ambientais que restringem a ocorrência dos diferentes sistemas fitofisionômicos não sejam
completamente compreendidos.
No Brasil, a vegetação de canga, além do QF,é também encontrada na região da Serra do
Carajás, PA, que juntas apresentamalta relevância para economia brasileira.Elas compreendem
aproximadamente 98% das jazidas de minério de ferro do Brasil, sendo que a maior parte é explorada
no próprio QF (Viana & Lombardi 2007).Nos moldes vigentes, tal exploração mineral causa grande
impacto ecológico, acarretando a perda da diversidade florística e faunística local, ameaçando e até
mesmo levando à extinção espécies endêmicas que ocorrem naturalmente nessas áreas (Jacobi et al.
2007). Associados ao avanço das atividades mineradoras estão os processos de degradação ambiental,
como a retirada da cobertura vegetal, modificação da topografia, retirada de camadas superficiais do
solo, assim como exposição do ambiente a metais pesados (Moreira 2004). Considera-se, também, que
a vegetação de canga está entre os ecossistemas mais ameaçados e menos estudados de Minas Gerais e
do Brasil. Grandes extensões deste ambiente já foram completamente eliminadas por atividades
mineradoras e quase a totalidade dos remanescentes pertence a empresas de mineração ou são áreas
fortemente afetadas pela expansão imobiliária (Viana & Lombardi 2007).
Para a vegetação sobre canga, levantamentos florísticos são recentes na literatura especializada
onde destacam-se os trabalhos de Teixeira & Lemos Filho (1998, 2002), Gonçalves-Alvim et al.
(2002), Viana (2002), Vincent et al. (2002), Vincent (2004), Dutra et al. (2005), Viana & Lombardi
(2007), Jacobi et al. (2007, 2008), Mourão & Stehmann (2007), Silva &Dillenburg (2007)e Messias
(2011).As famílias com maior riqueza em campos ferruginosos no QF são Asteraceae, Poaceae,
Orchidaceae e Myrtaceae, Melastomataceae, Fabaceae, Solanaceae,Rubiaceae, Apocynaceae,
Cyperaceae, Bromeliaceae Velloziaceae, Malpighiaceae, Euphorbiaceae e Verbenaceae (Viana &
8
O presente trabalho teve como objetivo avaliar, em escala espacial fina, a influência de
variáveis ambientais como química do solo (fertilidade e valores de metais pesados) e topografia sobre
os padrões de distribuição e estruturação da vegetação em uma área de campo (CF) e de floresta
(FES), afim de verificar se estes padrões edafo-topograficos também ocorrem em pequenos
fragmentos destas fitofisionomias como também, mostrar a importância de estudos em pequenos
fragmentos de vegetação como representativos de alta diversidade ambiental.
1.2
– OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral:
O presente estudo teve como objetivo geral avaliar a influência de variáveis
edafo-topográficas sobre os padrões de distribuição e estruturação da vegetação em dois pequenos
fragmentos de duas diferentes fitofisionomias (campo e floresta), na Serra da Brígida, Ouro Preto,
MG.
1.2.2 Objetivos específicos:
Como objetivos específicos deste projeto, pretende-se:
• Analisar detalhadamente a cobertura pedológica na escala da vertente para
identificação e classificação do solo;
• Caracterizar a composição física e química do solo, principalmente concentrações de
elementos essenciais, óxidos, bem como textura e umidade;
• Identificar os parâmetros fitossociológicos como densidade, frequência e dominancia
e composição florística;
• Avaliar a relação da disposição geográfica dos diferentes tipos de vegetação
encontrados na área de estudo e sua relação com a topografia em escala de vertente.
1.3 – HIPÓTESES
Este trabalho testa as hipóteses de que os padrões de distribuição e estrutura de dois diferentes
tipos fitofisionômicos relacionam-se, principalmente, com variações edáfo-topográficas.
A vegetação em campos ferruginosos exibe mecanismos para sobrevivência em substratos
ricos em metais pesados como ferro, manganês, cobre, chumbo e outros (Vincent & Meguro 2008).
Teores elevados de metais em solos favorecem a seleção de espécies ou ecótipos que exibem
9
Na área de estudo, os campos ferruginosos ocorrem diretamente sobre as jazidas minerais de
ferro e alumínio onde se supõe que haja influência de altas concentrações de metais sobre o
desenvolvimento das espécies vegetais, representando talvez, o fator seletivo mais crítico, juntamente
com a baixa disponibilidade de nutrientes, a baixa capacidade de retenção de água e à profundidade do
solo e topografia.
Por sua vez, as variações da topografia têm sido apontadas como alguns dos principais fatores
responsáveis pela intemperização dos solos em florestas tropicais, inferindo diretamente no regime de
água do solo e nos padrões de estrutura da vegetação (Oliveira-Filho et al., 1994, 1997, 1998, 2001;
Vivian-Smith, 1997).
Assim, espera-se que as duas fitofisionomias estudadas neste trabalho acompanhem os padrões
apresentados anteriormente, ou seja, que na área de floresta tenha uma maior influência da topografia
na distribuição das plantas e que a área de campos ferruginosos apresentem forte influência de
propriedades químicas dos solos, principalmente o Fe bem como uma grande influencia da topografia
10
CAPÍTULO 2
MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 ÁREA DE ESTUDO
2.1.1 Localização da área de estudo
O municipio de Ouro Preto/MG apresenta um enorme mosaico de Unidades de Conservação
que varia de Parques Estaduais, Áreas de Proteçao Ambiental (APA’s), florestas Estaduais, Reservas
Biologicas e Unidades de Conservaçao Municipais. A área de estudo em questão, denominada
regionalmente como Serra da Brígida,localiza-se na divisa entre a Fazenda Serra da Brígida, sob
admistração da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Parque Municipal Cachoeira das
Andorinhas (PMCA) (Figura 2.1) administrado pelo município, que por sua vez estão inseridos na
APA Cachoerira das Andorinhas(Scalco 2009).
Segundo Scalco (2009), a Fazenda da Brígida apesar de não ser uma unidade de conservação
nos moldes do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), pode ser considerada uma
área protegida, uma vez que a UFOP mantém a área e trabalha para minimizar a alteração do uso do
solo em seu interior.
O Parque Municipal da Cachoeira das Andorinhas foi criado em 1968 e abrangia uma área de
um quilômetro de raio tendo como ponto central a própria cachoeira das Andorinhas. Em 2005, a
Câmara Municipal aprovou o projeto de Lei 69/05 (Ouro Preto 2005) estabelecendo novos limites para
a Unidade de Conservação (UC), que também passou a ser denominada de Parque Natural Municipal
das Andorinhas (PNMA). Atualmente o parque abrange uma área total de 557 hectares, e tem, entre
outros, o objetivo de resguardar e proteger a flora, a fauna e demais recursos naturais (Lei 69, art. 4º,
2005) (Scalco 2009)
2.1.2 Escolha das áreas e demarcação das parcelas
As unidades amostrais (UA) estão dispostas na face leste da vertente em direçao do Parque
Municipal e localizam–se a 6 km ao norte do centro histórico de Ouro Preto (MG). Para se atingir o
local, deve-se tomar um dos acessos ao bairro Morro de São Sebastião e daí toma-se a estrada que leva
Figura 2.1 - Disposição das unida
11
12
Para a escolha das UA’s foramselecionados dois pequenos fragmentos representativos de uma
FES (13.548m2, ou seja, aproximadamente 1.3ha) e de CF (18.956m2, aproximadamente 2ha) onde
foram considerados dois critérios: (a) linha de maior declive na paisagem - sentido de alta para baixa
vertente para se estimar o efeito da topografia sobre a vegetação e (b) a proximidade dos dois tipos
fitofisionomicos dominantes, escolhendo-se uma área de transição abrupta de vegetação de campo
para mata. Neste sentido, foram demarcados dois transectos de 100m cada, distantes 50 metros entre
si, sendo um em área de campo ferruginoso (CF) (Figura 2.2) e o outro em área de floresta estacional
semidecidual (FES) (Figura 2.2). Estes transectos, por sua vez, foram subdvididos em 10 parcelas de
10x10m cada (Figura 2.3).
Em consequência da peculiaridade do solo presente no local de estudo, rico em minério de
alumínio (bauxita), parte da área superior da serra foi mineirada pela ALCAN, atual NOVELIS, na
década de 1960, fato este que contribuiu para a degradação da área, deixando áreas descobertas e ilhas
de vegetação nativa com diferentes estruturas de comunidade e de relações ecotonais com formações
florestais. Zonas de transição estreitas entre tais formações são observadas, interligando ambientes
com diferentes microclimas sendo que a área de estudo em questão pode ser considerada como
prioritária para conservação, aumentando a demanda por estudos que levem ao entendimento das
relações ambientais predominantes e do funcionamento dos seus sistemas, suas características
Figura 2.2 - Vista parcial repre Campos Ferruginosos (CF), na Ser
13
representativa das fitofisionomias de Floresta Estaciona na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG.
14
15
2.2– CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA ÁREA DE ESTUDO
2.2.1 – Caracterização física regional (Quadrilátero Ferrífero)
Inserido na Província São Francisco, no extremo sul do Cráton de mesmo nome (Almeida
1977, Almeida & Hassuy 1984, Alkmim & Marshak 1998), o Quadrilátero Ferrífero (QF) tem uma
geologia bastante complexa.As rochas da área encontram-se dobradas, falhadas e foram
metamorfisadas em graus variáveis (Dorr 1969) (Figura 2.4). As unidades litoestratigráficas que
compõem o QF são: o Embasamento Cristalino (Complexos Metamórficos), o Supergrupo Rio das
Velhas, o Supergrupo Minas e o Grupo Itacolomi (Alkmim & Marshak 1998).
Os Complexos Metamórficos, que constituem o embasamento cristalino de idade Arqueana é
uma unidade relativamente homogênea, representada por rochas granito gnáissicas indiferenciadas,
alguns diques de anfibolitos, migmatitos e granitóides. Em geral os afloramentos são escassos e muitas
vezes intemperizados (Alkmim & Marshak 1998).
16
O Supergrupo Rio das Velhas é composto por rochas vulcânicas ultramáficas, máficas e
félsicas intercaladas a rochas metassedimentares que definem um cinturão de rochas verdes (Dorr
1969) e, com base em uma discordância pouco expressiva, é dividido em dois grupos: Nova Lima
(situado na base) e Maquiné (no topo) (Alkmim & Marshak 1998).
O Supergrupo Minas representa uma seqüência metassedimentar de idade paleoproterozóica
constituída por filitos, xistos, quartzitos, dolomitos e itabiritos, assentada discordantemente sobre
rochas do embasamento ou do Supergrupo Rio das Velhas (Dorr 1969).
O Grupo Itacolomi é composto por quartzitos, quartzitos conglomeráticos e lentes de
conglomerado com seixos de itabirito, filito, quartzito e quartzo de veio, depositados em ambiente
litorâneo ou deltáico (Dorr 1969).
Do ponto de vista geomorfológico, o QF constitui um mosaico formado por províncias
geomorfológicas ligadas diretamente às condições estruturais, nas quais as variações na declividade
das vertentes e, sobretudo, variações altimétricas se relacionam a diferenças litológicas e tem no
processo de erosão diferencial o principal modelador do relevo onde os quartzitos e itabiritos
constituem o substrato das terras altas, os xistos-filitos compreendem o substrato das terras de altitude
mediana e as terras baixas estão moldadas sobre granito-gnaisses (Varajão 1988, Varajão et al. 2009).
No levantamento pedológico do estado de Minas Gerais, realizado pela Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), foram definidos três tipos de solo para a região do QF, sendo
eles: 1) AR2 abrangendo: Afloramento de Rocha (AR), Cambissolos com A moderado e Solos
Litólicos com A fraco, relacionados principalmente aos itabiritos do Grupo Itabira e aos quartzitos dos
grupos Caraça e Itacolomi; 2) Cd3 que se refere aos Cambissolos Distróficos com A fraco,
relacionadosaos filitos do Grupo Piracicaba; 3) LVAd3 que se refere aos Latossolos Vermelho
Amarelo Distrófico com A moderado, relacionados aos gnaisses do Complexo Bação e aos xistos do
Grupo Nova Lima (Varajão et al. 2009).
Em relação à situação fitogeográfica, o Quadrilátero do Sudeste brasileiro está localizado na
grande mancha do bioma da Mata Atlântica, com representantes vegetacionais da floresta estacional
semidecidual nos mais variados estágios de sucessão. Em meio a estas formações vegetacionais
predominantes, ocorrem ainda inclusões de ambientes de Cerrado na forma de campo cerrado, campo
sujo e campo limpo, bem como enclaves de matas ciliares ou de galeria, de comunidades hidrófilas e
de campos rupestres(Rizzini 1997, IBGE 1993).
O clima na região do QF é classificado como tropical sub úmido com variações máximas
pluviométricas de 1500 a 1900 mm podendo apresentar déficit hídrico de 5 a 7 meses (abril a outubro),
17
2.2.2 – Caracterização física-vegetacional local (Serra da Brígida)
São encontrados, na área de estudo, vários contatos litológicos causadores de uma grande
heterogeneidade ambiental regional (Figura 2.5). Estão presentes as seguintes unidades
litoestratigráficas: Supergrupo Rio das Velhas (Grupo Nova Lima) e Supergrupo Minas (Grupos
Caraça e Itabira). O grupo Nova Lima engloba a maior parte da área, excetuando-se os limites leste e
sul, onde afloram unidades pertencentes ao Supergrupo Minas.
Figura 2.5- Mapa litológico da área de estudo localizada na Serra da Brígida, Ouro Preto- MG. (modificado de IEF/UFV 2005).
Com relaçao a estrutura física, a área situa-se na serra de Ouro Preto, que constitui o flanco sul
da anticlinal de Mariana, que corresponde, geometricamente, a uma dobra aberta normal, com eixo
caindo suavemente para sudeste. Nalini Jr. (1993), através de uma caracterização cinemática da
anticlinal de Mariana considera dois eventos na geração dessa estrutura: um extensional seguido mais
tarde de um compressional. A serra apresenta uma orientação geral leste-oeste. As rochas mergulham
18
Figura 2.6- Mapa de hipsométrico da área de estudo localizada na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG.
Regionalmente aunidade geomorfológica de Serras e Escarpas constituem o contorno ou
moldura fundamental do relevo local, evidenciado por estreito controle geológico e estrutural, sendo
predominantemente constituídos de “abas” de quartzitos e itabiritos, aflorantes nas bordas erodidas das
anticlinais do Alto Rio das Velhas.Os limites da Serra correspondem às maiores altitudes do local, em
torno de 1.580 metros formando uma linha que constitui um importante divisor de águas, sendo que
toda a drenagem da área verte para o norte, e cujas nascentes são as cabeceiras mais altas do rio das
Velhas.(Figura 2.6)
Seu relevo é sustentado pelos itabiritos da Formação Cauê e por quartzitos da Formação
Moeda.Especificamente, no limite leste, os itabiritos estão em contato direto com os xistos do Grupo
Nova Lima (UFOP 2001). Nos divisores (topo), sempre convexo, a formação ferrífera e a cobertura de
crosta laterítica (canga) promovem uma maior proteção aos agentes erosivos. A escarpa limitadora
deste topo é sempre formada pelo quartzito Moeda (UFOP 2001). Sendo assim,o perfil das vertentes
pode ser descrito como tendo topo convexo, limitado por escarpa rochosa, com declives acentuados à
meia encosta e relevo ondulado na base ou fundo do vale sendo profundamente condicionados pelas
19
Encontram-se na área dois tipos de depósitos superficiais de cobertura: O primeiro tipo são os
depósitos aluvionares, que são formados por sedimentos imaturos e cobrem as superfícies dos terraços
dos rios e se estendem pelas planícies dos mesmos. O segundo tipo de depósito são os coluvionares
que são comuns devido à geomorfologia íngreme da área e consequentemente à ação da gravidade que
promove o retrabalhamento físico da rocha intemperizada na direção de montante à jusante. Muito
provavelmente, o solo resultante deste processo será um cambissolo, com altos teores de silte junto
dos argilominerais, mas também podem dar origem a latossolos coluvionares (UFOP 2001).
De acordo com a figura 2.7, na região onde está localizada a área de estudo, Serra da Brígida,
ocorre a classe de solo “Cambissolos húmicos” acima da cota 1400 m. São áreas montanhosas, onde
incidem com a transição em altitude para os Neossolos Litólicos Húmicos (IEF/UFV, 2005).
Figura 2.7- Mapa de solos da área de estudo localizada na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG. (modificado de IEF/UFV 2005).
De forma geral, a vegetação da área de estudo é composta predominantemente por Mata
Atlântica, representada pelas florestas estacionais semideciduais, ripárias incluindo formações de
campo rupestre e campos ferruginosos envoltos por uma grande área antropizada. Observa-se, na área,
o contato direto entre estes diferentes tipos fitofisionomicos. Entretanto, para este trabalho serão
apresentados dados relativos à estrutura de duas fitofisionomias, campos de canga ou campos
20
Figura 2.8- Mapa de vegetação da área de estudo localizada na Serra da Brígida, Ouro Preto-MG (modificado de IEF/UFV 2006).
O clima na região foi classificado, segundoKöeppen, como Cwb (úmido mesotérmico), ou
seja, temperado úmido com inverno seco e verão quente chuvoso (Dutra et al. 2005). Durante o
período de coletas de dados para este trabalho, entre os anos de 2009 e 2011, a temperatura média
mais baixa foi de 17°C e a mais alta 36ºC, com média anual de 28°C. A precipitação mais baixa, 0,32
mm, ocorreu no mês de agosto de 2010, e a mais alta, 320,83 mm, em dezembro de 2010, sendo o total
anual de chuva de 1015,36 mm (Figura 2.9) (E.A.R. Valim, dados não publicados). A ocorrência de
neblina no período da manhã é recorrente na área do estudo tanto na estação seca quanto na estação
21
Figura 2.9- Distribuição da precipitação e temperatura médias, de acordo com o Climogramapara a Serra da Brígida, Ouro Preto, MG.(Fonte: Ferreira 2011)
2.3– COLETA DE DADOS
2.3.1 – Meio Biótico
Composição Florística
Para amostragem da composição florística foram considerados os doistipos vegetacionais aqui
estudados sendo que a amostragem ocorreu em 10 parcelas de 10m X 10m para cada área, totalizando
20 parcelas. A florística da área de FES relacionou todas as espécies lenhosas arbóreas amostradas no
método fitossociológico,(dentro do critério de inclusão com CAP ≥15 cm), em todas as parcelas as
quais foram identificadas em nível de família, gênero e espécie. Para a florística da área de CF foram
coletadas todas espécies herbáceas/arbustivas em todas parcelas as quais foram identificadas em nível
de família, gênero e espécie.
Para a identificação taxonômica utilizou-se literatura especializada, o sistema Angiosperm
Phylogeny Group III (APG III 2009), consulta aos herbários OUPR (Universidade Federal de OP) e
especialistas. Todo o material coletado foi herborizado (Fidalgo & Bononi, 1984) e, quando fértil,
depositado no herbário OUPR, da UFOP).
Importante ressaltar que os indivíduos foram considerados como pertencentes à dada parcela
quando seu ‘corpo principal’, ou fuste (tronco) se localizar dentro dos limites da mesma, demais
22
Estrutura
Para o cálculo da diversidade alfa foram utilizadas as medidas de riqueza de espécies (S),
definidas como o número de espécies numa amostra, o índice de diversidade de Shannon-Weaver(H’)
e o índice de equabilidade de Pielou (J’)como indicadores de heterogeneidade. Para áreas campestres o
cálculo de H’ considerou os valores de dominância relativa como valores de abundância, da mesma
forma feita por Conceição, Giulietti &Meireles (2007), Lemes (2009) e Messias (2011).
H’ = - ∑ pi (ln x pi)
Onde: H’ = índice de diversidade de Shannon- Weaver; pi = abundancia/dominância relativa
da espécie i; ln pi = logaritmo natural de pi
J’ = H’ / ln S
Onde:J’ = índice de equitabilidade de Pielou; (H’) = índice de diversidade de
Shannon-Winer
S = número total de espécies amostradas; Ln S = logaritmo natural de S
Levantamentos Fitossociológicos
Área de mata (FES)
Dentro de cada parcela (10 parcelas de 10m X 10m) foi marcado, todo o indivíduo arbóreo
com circunferência a altura do peito, CAP≥15cm. Foram mensurados os valores de altura além do
CAP para atender aos critérios de inclusão. Os parâmetros fitossociológicos considerados foram
calculados no programa Exel 2007, incluindo: freqüência absoluta (FA) e relativa (FR), densidade
absoluta (DA) relativa (DR), dominância absoluta (DoA) e relativa (DoR) e índice de valor de
importância (IVI).
DA= N/Área
DR = (ni / N) x 100
FA= (Uai/UAt) x 100
FR = (FA
i/
∑
∑
∑
∑
FA
total) x 100
DoA= ABi / Área
DoR = (AB
i/
∑
∑
∑
∑
ABI) x 100
IVI= FR + DR + DoR
Onde:
n
i= Número de indivíduos da espécie i; N = Número total de indivíduos; FA
i=
Freqüência absoluta da espécie i; FA
total= Freqüência absoluta de todas as espécies i;AB
i=
Área basal da espécie i; ABI = Área basal total de cada espécie amostrada; UA
i= número de
unidades de amostra em que ocorre espécie i ;UA
t= número total de unidades de
23
Área de campo ferruginoso (CF)
Para o levantamento fitossociológico foi utilizado o método de escala de valor de cobertura ou
Relevé em cada UA (10 parcelas de 10m X 10m) (Braun-Blanquet 1979, Mueller-Dombois &
Ellenberg1974).A cobertura é representada pela superfície ocupada pelos indivíduos em relação à área
total considerada, expressa em percentagem.Os parâmetros de dominância foram calculados a partir
dos valores de cobertura e abundância. Faz-se necessária a conversão das classes de cobertura e
abundância que representam intervalos percentuais em valores médios fixos, para que se possa inferir
sobre a dominância de espécies em suas comunidades Muller-Dombois & Ellenberg (1974). (Tabela
2.1).
Tabela 2.1 - Conversão de valores de cobertura e abundância.
Braun-Blanquet
Cobertura
Valor médio de cobertura
5
75 – 100%
87,5%
4
50 – 75%
62,5%
3
25 – 50%
37,5%
2
5 – 20%
15%
1
< 5%
2,5%
+
poucos indivíduos com
pouca cobertura
0,1%
R
valor ignorado
0%
Para determinar a estruturada vegetação das UA’s de CF estudadas foram calculados, para
cada espécie, freqüência absoluta (FA)e relativa (FR), dominância absoluta (DoA) e relativa (DoR)e
valor de importância (IVI) de acordo com Mueller-Dombois e Ellenberg (1974), Braun-Blanquet,
(1979), Lemes (2009), Messias (2011). No caso deste trabalho, a dominância relativa foi calculada a
partir dos valores de cobertura relativa (CR). As fórmulas utilizadas foram as seguintes:
FAi = (ni/N)x100
FR = (Fai/∑Fai) x100.
DoAi=(∑ACi/Na)x100
DoRi=(DoAi/∑DoA)x100
IVI = (FRi+DRi)/2
Onde:FAi = freqüência absoluta da espécie i (%);FRi = freqüência relativa da espéciei
(%);ni = número de unidades de amostra em que ocorre espécie i;N = número total de
parcelas;DoA
i= dominância absoluta da espécie i;AC
i= valores convertidos de cobertura e
abundância da espécie i por UA; N = número total de amostras; DoR
i= dominância relativa
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2.3.2 Meio Abiótico
Levantamento topográfico da área de estudo
O levantamento topográfico da área de estudo foi realizado ao longo do gradiente de formação
campestre para a formação florestal. Foram considerados a mesma amostragem do meio biótico, ou
seja, um transecto de 100m subdividos em parcelas de 10 X 10 m, em cada fitofisionomia, com o qual
se espera obter a representação gráfica da condição topográfica do local com a extração de duas
variáveis topográficas: (a) cota média, obtida da média das quatro cotas dos vértices das parcelas, e (b)
desnível, obtido pela diferença das cotas máximas e mínimas.Para tal foi usada uma Estação Total
Leica TC 704, bússola e GPS.
Amostragem de solos
Para as amostras de solo foram utilizadas as parcelas usadas para amostragem biótica, onde
foram coletadas três amostras (1kg) por parcela sendo essas homogeneizadas em campo, formando 1
amostra composta de 3 kg por parcela. A amostras foram coletadas nos primeiros 20 cm de
profundidade. Foram coletadas segundo critérios necessários para as quatro etapas de análise: análise
química(fertilidade ecomposição geoquímica total), análise mineralógica e física (textura ). Todas as
análises foram feitas no Departamento de Geologia da Escola de Minas na Universidade Federal de
Ouro Preto (DEGEO/EM/UFOP), com exceção da análise de fertilidade e textura, que foram
realizadas no Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Os solos foram
classificados de acordo com a Embrapa (2006). Para isso foi abertauma trincheira com dimensões de
1,5 X 1,5m no topo da vertente na área de floresta Na área campestre não foi necessária a abertura de
uma trincheira. Com isso pôde-se descrever os perfis de solo e ainda coletar amostras de cada
horizonte para análises químicas.
Análise química
Fertilidade
Para a análise de fertilidade, novas coletas foram planejadas, obedecendo aos mesmos critérios
descritos acima, em duas estações, seca (agosto 2010) e chuvosa (janeiro 2011), sendo retirado
aproximadamente 0,5 kg de solo por parcela, totalizando cerca de 10 kg nas 20 parcelas.Amostras
compostas foram coletadas dentro de cada UA, onde cinco sub-amostras de solo de 0-20cm de
profundidade foramhomogeneizadas. Nas feições campestres, a amostragem de solo ficou restrita aos