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A SUCESSÃO NA AGRICULTURA FAMILIAR

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Academic year: 2021

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Especialista em cooperativismo solidário e crédito rural, UNICENTRO 2016. E-mail: marillicegomes@yahoo.com.br Ciências Sociais Aplicadas. Marlete Beatriz Maçaneiro Professora Orientadora. Doutora em Administração- Departamento de Secretariado Executivo. UNICENTRO.

RESUMO

O objetivo deste trabalho é analisar a questão do futuro da sucessão familiar a partir de estudos e questionários aplicados aos filhos dos agricultores em Laranjeiras do Sul, para poder ter noção de como esse setor está sendo afetado e quais as consequências do abandono das pequenas propriedades rurais. Estudos e pesquisas demonstram que a agricultura familiar é a grande responsável pelo abastecimento alimentar tanto dos meios rurais, como também dos meios urbanos em todas as regiões do país. A falta de incentivo, o baixo preço dos produtos, a falta de acesso à informação e ao lazer e a falta de assistência técnica, são alguns dos motivos que levam os jovens agricultores a abandonar o campo e procurar novas oportunidades nas cidades. Este estudo buscou investigar se os filhos dos agricultores do município de Laranjeiras do Sul - PR pretendem continuar na propriedade da família, seus planos e opiniões sobre o futuro ou se estão pensando em trocar a vida rural pela urbana. Os resultados obtidos indicam a necessidade urgente de novas políticas públicas que criem condições para a permanência do jovem no campo, evitando dessa forma que a agricultura familiar venha a perder os seus sucessores.

Palavras- Chave: Agricultura familiar; sucessão familiar.

ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the question of the future of family succession from studies and questionnaires applied to children of farmers in South Orange, so we can have a little sense of how this sector is being affected and which abandonment of consequences the small rural properties. Studies and research show that family farming is largely responsible for the food supply of both rural as well as urban media in all regions of the country. The lack of incentives, low price of products, lack of access to information and leisure and lack of technical assistance, are some of the reasons why young farmers to leave the field and seek new opportunities in the cities. This study aimed to investigate whether the children of farmers of the municipality of South Orange - PR plan to continue in the family property, their plans and views on the future or are thinking of changing rural life for urban. The results indicate the urgent need for new public policies that create conditions for the stay of the young in the field, thus keeping family farms will lose their successors.

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1.

INTRODUÇÃO

A questão da sucessão familiar na agricultura é um tema que deve ser amplamente discutido e estudado. Pois, percebemos que cada vez mais os jovens estão abandonando os meios rurais e partindo para as cidades a procura de novas oportunidades, deixando apenas a geração mais velha nas propriedades. Dessa forma, a permanência do negócio familiar rural tem apresentado um cenário de abandono. É nessa perspectiva que se exige que o poder público tome alguma atitude, apresentando algum tipo de política de incentivo aos jovens herdeiros das pequenas propriedades, dando-lhes capacidade de se manterem em suas terras e garantir a sobrevivência da agricultura familiar.

Hoje em dia é um grande desafio preparar o jovem para assumir o lugar dos pais, pois a falta de condições de trabalho e de incentivos governamentais faz com que esses jovens, principalmente os das pequenas e médias propriedades, saiam em busca de um futuro melhor, seja nas cidades, ou até mesmo em outras propriedades. Vemos essa realidade, principalmente nos municípios menores, como é o caso de Laranjeiras do Sul, onde os jovens procuram melhores oportunidades tanto na própria cidade, como também em cidades maiores, pois são atraídos pela promessa de bons empregos e com uma melhor renda, do que estão acostumados no campo. Outro motivo também que podemos observar é que os jovens que tem oportunidade de estudar, não tem interesse em dar continuidade no trabalho rural, sendo que esses veem um futuro mais promissor no meio urbano.

Nas propriedades onde os jovens agricultores pretendem continuar com as atividades rurais, nota-se que há uma insegurança quanto ao se fazer investimentos na propriedade. Isso porque não se tem garantias de retorno financeiro, mas por outro lado, se não melhorar a infraestrutura da propriedade, também não será possível obter um lucro maior. Essa é uma das maiores dúvidas enfrentadas pelos jovens das pequenas propriedades.

Dessa maneira, a pesquisa procurou analisar as possibilidades da sucessão da agricultura familiar. As análises e conclusões apresentadas são baseadas nos dados gerados pela pesquisa aplicada aos filhos dos pequenos agricultores, onde se pode analisar como será o futuro da agricultura familiar.

Assim, a pesquisa tem por objetivo geral analisar as possibilidades da sucessão da agricultura familiar, a partir de estudos e questionários aplicados aos filhos dos agricultores em Laranjeiras do Sul, os prováveis herdeiros. Pretende-se ter noção de como esse setor está sendo afetado e quais as consequências do abandono das pequenas propriedades rurais, onde se pode analisar como será o futuro da agricultura familiar. Com isso, pode-se analisar o que esses jovens pretendem com relação à propriedade familiar, se os seus planos futuros incluem a continuidade da propriedade agrícola da família ou se

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estão pensando em trocar a vida rural pelo trabalho no meio urbano, abrindo mão da continuidade do trabalho de seus pais. Buscar respostas para entender o pensamento dos jovens, suas frustrações e perspectivas se faz necessário para entender o motivo da evasão na agricultura, para que assim possa ser cobrado dos governantes alguma medida para garantir a sucessão na agricultura familiar e a manutenção dos jovens no campo.

Em Laranjeiras do Sul – PR a economia do município é impulsionada pela agricultura, então se faz necessário estudos para que se possa incentivar a continuidade da agricultura familiar, mostrando aos meios políticos que é urgente investimentos nesse setor. Dessa forma, se os filhos de agricultores deixarem o meio rural, a cultura adquirida no campo, a qual foi passada de pai para filho, poderá desaparecer, limitando assim as possibilidades da produção. Diante disto, é de primordial e importante que o poder público defina programas de incentivo ao agricultor familiar e que sejam capazes de despertar o interesse dos jovens para sua realização profissional e pessoal, num meio que eles conhecem que é o campo, onde seu trabalho será valorizado e reconhecido.

A escolha de Laranjeiras do Sul – PR para a pesquisa deveu-se às características do município, pois a economia da cidade depende basicamente da agricultura, sendo que a maioria das propriedades são de pequeno e médio portes, podendo assim ser declarada como familiar. O município de Laranjeiras do Sul está localizado na região Centro-Sul do Paraná e têm como limites geográficos, ao Sul os municípios de Porto Barreiro e Rio Bonito do Iguaçu, a Oeste Nova Laranjeiras, a Leste Virmond e ao norte Marquinho, conforme pode ser visualizado no mapa da Figura 1. Está a 366 km da capital Curitiba e a 466 km do Porto de Paranaguá, o que pode ser visto como uma vantagem, pois o custo do transporte dos produtos não se torna muito caro.

Figura 1 - Laranjeiras do Sul e Região

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2.

ELEMENTOS TEÓRICOS PARA O ESTUDO DA AGRICULTURA FAMILIAR

Atualmente, a discussão sobre a agricultura familiar tem sido amplamente abordada nos meios sociais, políticos e acadêmicos no Brasil. Esses estudos são feitos especialmente pelos estudiosos das Ciências Sociais que se ocupam da agricultura e do mundo rural e também são utilizados com mais frequência nos discursos dos movimentos sociais rurais, pois a preocupação maior é com a sucessão da agricultura familiar e a sobrevivência futura.

2.1

Conceitos de Agricultura familiar

A agricultura familiar pode ser dita como sendo aquela em que a gestão da propriedade está sendo manipulada pelos indivíduos que possuem laços de sangue entre si ou através do casamento, sendo que as terras pertencentes à família possivelmente irão passar de pai para filho, onde esses serão os responsáveis em dar sequencia a sobrevivência da agricultura familiar e a cultura rural.

Segundo a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, que estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais:

Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

III - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. (BRASIL, 2006b. p.1)

Para Abramovay et.al. (1998, p.9):

Agricultura familiar, assim denominada o setor da agricultura em que os gerentes ou administradores dos estabelecimentos rurais são também os próprios trabalhadores rurais, é o maior segmento em número de estabelecimentos rurais do país, e tem significativa importância econômica em diversas cadeias produtivas.

Sobre a questão da sucessão, essa vem a ser a formação de novas gerações de agricultores, onde esse é um processo que envolve a transferência do patrimônio da

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família, a continuidade da atividade profissional dos pais e a substituição das gerações mais velhas pela nova força de trabalho, ou seja, os jovens herdeiros das terras.

Sendo a agricultura familiar uma das grandes responsáveis pelo abastecimento alimentar no Brasil, e também pelas características culturais do meio rural, essa deve ser objeto de estudos e preocupação, pois podemos perder os sucessores das pequenas propriedades rurais, onde percebemos que está ocorrendo uma migração dos jovens para as cidades. Então é necessário que se faça alguma coisa para manter esses jovens no campo, para que não se perca a identidade da agricultura familiar e para que esta não venha a morrer.

2.2

O Conceito de Segurança Alimentar

Como a agricultura familiar tem enorme responsabilidade na manutenção do abastecimento dos alimentos, é importante também se criar um conceito do que vem a ser a segurança alimentar.

Esse é um conceito bastante abrangente, pois a segurança alimentar está ligada a várias noções, as quais se podem citar as questões nutricionais dos alimentos, os aspectos de acesso e disponibilidade em termos de ser suficiente ou não, a questão do preço, se é compatível com o poder aquisitivo da população, a importância da qualidade dos alimentos e de hábitos alimentares saudáveis e adequados, para que se possa ter uma condição básica que garanta a sobrevivência do ser humano de maneira digna.

Segundo a Lei de segurança Alimentar e Nutricional, Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006:

A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. (Art. 3º)

A segurança alimentar e nutricional abrange: (Art. 4º)

I – ampliação das condições de acesso aos alimentos por meio da produção, em especial da agricultura tradicional e familiar, do processamento, da industrialização, da comercialização, incluindo-se os acordos internacionais, do abastecimento e da distribuição dos alimentos, incluindo a água, bem como da geração de emprego e da redistribuição de renda;

II – conservação da biodiversidade e utilização sustentável dos recursos; III – a promoção da saúde, da nutrição e da alimentação da população, incluindo-se grupos populacionais específicos e populações em situação de vulnerabilidade social;

IV – a garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos, bem como seu aproveitamento, estimulando práticas

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alimentares e estilos de vida saudáveis que respeitem a diversidade étnica e racial e cultural da população;

V – a produção de conhecimento e o acesso à informação; e

VI – a implementação de políticas públicas e estratégias sustentáveis e participativas de produção, comercialização e consumo de alimentos, respeitando- se as múltiplas características culturais do País. (BRASIL, 2006a. p.4,5.)

Como podemos perceber na lei de segurança alimentar e nutricional, seu conceito também abrange as questões ligadas à sustentabilidade, a qual é também uma preocupação mundial, e que certamente interfere na produção alimentar da atual e da nova geração.

2.3

A agricultura familiar e a juventude

Nos dias atuais os jovens agricultores estão cada vez mais sendo afetados pelas transformações que vem ocorrendo no meio rural, pois a falta de incentivo e a mudança de cultura vêm fazendo com que esses jovens percam o interesse em dar continuidade ao trabalho dos pais, abandonando assim as propriedades, buscando oportunidades melhores na área urbana.

A população jovem das áreas rurais tem uma carga de trabalho muito grande, e uma responsabilidade adquirida desde muito cedo, e isso faz com que a maioria não consiga momentos de lazer e interação com outros membros da sociedade. Alguns até mesmo não conseguem ter acesso ao direito de estudar, pois precisam ajudar a família na propriedade em tempo integral. Os poucos que tem acesso aos bancos escolares acabam abandonando o campo, pois veem nos estudos, oportunidade de se colocarem em um bom emprego. Já outros, percebem que a propriedade não dá o sustento necessário, e também abandonam a propriedade familiar e saem em busca de emprego nas cidades. É preciso olhar de forma diferente para esta questão da sucessão familiar, e criar políticas de incentivo voltadas para a juventude, para que a mesma venha a ter interesse em suceder seus pais, e para que possam, trabalhando nas suas propriedades, se realizarem na sua vida pessoal e profissional.

Para os jovens exercer a profissão de agricultor é uma opção de escolha, que a princípio seria o mais lógico, por já estarem no meio e por saberem trabalhar com a terra, porém, eles não mais vislumbram seu futuro como agricultores, pois entendem ser esse um trabalho demasiadamente desgastante, pouco lucrativo, com dificuldades de reestruturação, falta de acesso a linhas de crédito, falta de acesso à educação, ao lazer, a serviços de

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saúde, bem estar e segurança, o que leva a não ter como investir no futuro das propriedades.

2.4

Formas de gestão na agricultura familiar

A gestão das propriedades rurais, na agricultura familiar, é feita de maneira superficial, ou seja, não se tem planejamento, organização e controle, pois vem sendo passada dessa forma de geração para geração, feita de uma forma espontânea, o que faz com que esse gerenciamento seja de baixa qualidade, deixando muito a desejar. Tal fato ocorre por diversos fatores, dentre os quais estão à falta de informação e qualificação, tecnologias ultrapassadas, terras pouco férteis, falta de mão de obra, baixo preço dos produtos vendidos, comércio desfavorável e falta de políticas publicas voltadas para a agricultura, onde se tivesse maior disponibilidade de linhas de crédito e de apoio técnico, para que o agricultor possa produzir mais, diminuir custos e consequentemente obter um lucro maior, podendo sobreviver dignamente de seu trabalho.

Os agricultores familiares apresentam um baixo nível tecnológico, isto ocorre, não pela falta de tecnologia adequada disponível, mas sim pela falta, muitas vezes, de capacidade e principalmente pela falta de condições financeiras, o que inviabiliza qualquer tipo de inovação e aprendizado.

Segundo o que nos diz Almeida em seu artigo publicado no site MUNDO EDUCAÇÃO (2016.p.1):

Apesar da importância da agricultura familiar para o país, as políticas públicas adotadas ainda privilegiam os latifundiários. Como exemplo, cita-se o plano de safra 2011/2012, em que R$ 107 bilhões foram destinados à agricultura empresarial enquanto que apenas R$ 16 bilhões foram destinados aos produtores familiares. Apesar disso, a agricultura familiar gera, em média, 38% da receita dos estabelecimentos agropecuários do país e emprega aproximadamente 74% dos trabalhadores agropecuários do país.

Uma das formas de se conseguir melhorias para a agricultura familiar seria a associação de agricultores, onde essa sendo gerenciada de maneira correta pode trazer resultados, pois dessa forma os membros podem ter maior força para pressionar o poder público, buscando para a associação subsídios que irão beneficiar a todos, cobrando não a penas financiamentos e maquinários. Mas, também treinamento técnico, cursos de aperfeiçoamento e gestão das propriedades, formas de trabalho que possam realmente trazer benefícios a esses associados e principalmente ao meio ambiente, reduzindo, ou até mesmo, eliminando os impactos ecológicos, visando sempre o bem estar de todos.

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Outra preocupação importante está em torno da sustentabilidade ambiental nas formas de produção agrícola, pois se faz necessário buscar novos métodos de produção que amenizem os impactos ao meio ambiente, para que se possa trabalhar de uma maneira mais ecológica, buscando melhorar, não somente a própria qualidade de vida, mas também a da população em geral. É preciso pensar em um futuro melhor, mas de maneira sustentável.

3

METODOLOGIA

Neste trabalho buscou-se analisar a sucessão na agricultura familiar no município de Laranjeiras do Sul, através de um questionário, a partir do ponto de vista dos filhos dos agricultores. Procurou-se conhecer qual o futuro provável da sucessão na agricultura familiar, se esta vive situação de risco sucessório, o que pode ameaçar a segurança alimentar não só das próprias unidades familiares como também da população da região. Também se buscou saber quais as expectativas para o futuro, quais os planos dos jovens sucessores quanto à propriedade rural familiar, se pretendem migrar para a cidade em busca de novas oportunidades ou continuar na propriedade, dando sequencia ao trabalho de seus pais, tentando sobreviver de suas terras.

Para responder o questionário foram selecionados jovens que moram em propriedades rurais ou que seus pais tenham propriedade, mesmo que não morem com eles. Esses jovens foram abordados nas ruas de Laranjeiras do Sul, na sua maioria na saída dos bancos ou cooperativas de créditos, onde o questionário foi apresentado, e todos se propuseram a responder. Essa pesquisa de campo foi realizada durante o mês de julho de 2016, na qual se pode obter respostas de 22 filhos de agricultores e assim chegar a um resultado final.

Também foi feita uma investigação através de pesquisas em livros, revistas e internet, procurando analisar a situação atual da sucessão na agricultura familiar, conceituando alguns itens considerados importantes para a pesquisa e buscando respostas de o porquê os jovens agricultores estão cada vez mais perdendo o interesse em continuar no campo.

4.

RESULTADOS DA PESQUISA

Na pesquisa realizada foram aplicados questionários para 22 filhos de agricultores, onde as questões respondidas e os resultados obtidos estão abaixo descritos.

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A primeira questão está relacionada à idade dos filhos dos agricultores, conforme apresentado na Tabela 1 e no Gráfico 1.

Tabela 1 - Faixa etária dos filhos dos agricultores

Abaixo de 18 anos 3 13;63%

Entre 18 e 21 anos 8 36,36%

Entre 22 e 25 anos 7 31,81%

Entre 26 e 28 anos 4 18,20%

Acima de 28 anos 0 0%

Fonte: dados da pesquisa.

Como podemos perceber, 68,17% dos entrevistados tem idade entre 18 e 25 anos, sendo que apenas 13,63% tem menos de 18 anos. Também 18,20% estão entre 26 e 28 anos e acima de 28 anos não temos nenhum entrevistado. Isso revela que os jovens estão saindo mais cedo do campo, já os mais velhos não mais se encontram nas propriedades.

Gráfico 1 – Faixa etária dos filhos dos agricultores

Fonte: dados da pesquisa.

Na segunda questão foi investigada a porcentagem de filhos do sexo masculino e feminino, conforme apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 – Gênero

Masculino 15 68,20%

Feminino 7 31,80%

Fonte: dados da pesquisa.

Com relação ao gênero, notamos que, para a amostra pesquisada, a maioria dos jovens que ainda estão no campo é do sexo masculino, ou seja, as mulheres são

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minoria. Este fato nos leva a concluir que as jovens preferem sair do campo e procurar oportunidades melhores nas cidades, seja para trabalho ou para estudo.

A terceira questão está relacionada ao tamanho da propriedade dos produtores rurais (Tabela 3).

Tabela 3 – Tamanho da propriedade

Menos que 10 hectares 4 18,18%

Entre 10 e 50 hectares 10 45,55%

Entre 50 e 100 hectares 6 27,27%

Maior que 100 hectares 2 9%

Fonte: dados da pesquisa.

Sobre o tamanho das propriedades, percebemos que a maior parte é de tamanho médio. Sendo assim, é possível sobreviver dela, pois ela permite que se possa ter uma boa variedade de produção, sendo possível diversificar.

Abaixo na quarta questão foi feito o levantamento se o jovem mora ou não na propriedade com a família (Tabela 4).

Tabela 4 – Mora na propriedade da família?

Sim 16 72,72%

Não 6 27,28%

Fonte: dados da pesquisa.

Na tabela acima, nota-se que a maioria dos jovens mora na propriedade da família, o que é um bom fator de continuidade do trabalho rural.

Na quinta questão o levantamento foi sobre se o jovem irá herdar a propriedade da família, ou parte dela (Tabela 5).

Tabela 5 – Herança da propriedade?

Sim 22 100%

Não 0 0%

Fonte: dados da pesquisa.

Na questão da herança, 100% dos entrevistados responderam que irão herdar a propriedade ou parte dela, o que já era esperado, pois é normal passar de pais para filhos o patrimônio familiar.

Foi perguntado na sexta questão qual o futuro que o jovem deseja, conforme o descrita abaixo (Tabela 6).

Tabela 6 – Futuro desejado?

Morar e trabalhar na propriedade da família 8 36,36%

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Morar na propriedade da família e trabalhar na cidade 4 18,18% Vender a minha parte na propriedade e mudar para a cidade 7 31,81% Fonte: dados da pesquisa.

Sobre a questão do futuro desejado dos jovens, nota-se que 36,36% dos entrevistados, a maioria, demonstra vontade de permanecer no campo, trabalhando e morando na propriedade. Em contrapartida, 31,81% pretende vender sua parte e mudar para a cidade e os outros 31,83% ainda demostram um certo interesse nas propriedades. Então, essa é outra questão que mostra que é possível um futuro para a agricultura familiar.

A sétima questão indagou, na opinião dos jovens, como eles veem o futuro da propriedade da sua família (Tabela 7).

Tabela 7 – Futuro da propriedade familiar?

Gostaria de poder continuar o trabalho dos meus pais 12 54,54%

Vamos arrendar a propriedade 0 0%

Vamos vender a propriedade 7 31,81%

Não sei, porque ainda não pensei nisso 3 13,65%

Fonte: dados da pesquisa.

Em relação ao futuro da propriedade da família, também vemos uma esperança de continuidade das propriedades rurais, onde 54,54% mostraram que querem continuar o trabalho dos pais, sendo a maioria. Outros 31,81% pretendem vender suas propriedades e 13,65% mostraram-se indecisos, o que provavelmente se deve a espera por incentivos.

A oitava questão procurou saber em que condições o jovem aceitaria continuar na propriedade da família, morando e vivendo dela (Tabela 8).

Tabela 8 – Em que condição moraria na propriedade da família?

Somente se tivesse acesso a crédito e suporte técnico 8 36,36%

Somente em terras de melhor qualidade 0 0%

Não aceitaria permanecer na propriedade da família 2 9,1% Se os preços pagos pelos nossos produtos compensassem 12 54,54% Fonte: dados da pesquisa.

A condição para continuar no campo que mais pesou está sobre o preço pago pelos produtos, sendo que 54,54% permaneceriam se os preços compensassem. Também 36,36% gostariam de acesso a crédito e suporte técnico e apenas 9,1% não tem mais interesse de permanecer no campo. Isso reforça a teoria que, com incentivos para melhores condições, os jovens permaneceriam na agricultura.

A nona questão verificou se o jovem agricultor acha que há condições de viver somente da propriedade da família (Tabela 9).

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Tabela 9 – Possibilidade de viver somente da propriedade familiar?

Sim, é possível viver da propriedade familiar 10 45,46%

Não há condições de se manter na pequena propriedade. 12 54,54% Fonte: dados da pesquisa.

A resposta da questão da Tabela 9 está baseada nas condições em que a agricultura familiar se encontra nos dias atuais, onde o cenário visto é abandono e falta de incentivo. Se o quadro for revertido e dado à devida importância que a agricultura merece, essa realidade pode mudar.

Na décima questão perguntamos se na opinião dos sucessores, os jovens irão continuar nas propriedades familiares, dando sequência às atividades dos pais (Tabela 10).

Tabela 10 – Os jovens irão continuar na propriedade da família?

Sim, pois há incentivo para se sustentar na pequena propriedade 8 36,36% Não, porque não se consegue sobreviver na pequena propriedade sem

incentivo e com os preços baixos dos produtos vendidos

14 63,64% Fonte: dados da pesquisa.

Assim como na questão anterior, notamos também na Tabela 10 que sem incentivo a visão de continuidade da propriedade familiar só irá se concretizar caso haja algum tipo de estímulo por parte dos governantes.

A última questão identificou o grau de escolaridade dos jovens sucessores (Tabela 11).

Tabela 11 – Grau de escolaridade?

Ensino fundamental incompleto 0 0%

Ensino fundamental completo 2 9,1%

Ensino médio incompleto 6 27,28%

Ensino médio completo 12 54,52%

Ensino superior incompleto 1 4,55%

Ensino superior completo 1 4,55%

Fonte: dados da pesquisa.

Em relação ao grau de escolaridade dos jovens agricultores, podemos notar que a maioria possui apenas o ensino médio, o que nos leva a inferir que, por conta do trabalho pesado e a falta de tempo, os mesmos não conseguiram dar sequência nos estudos. Então, se fosse possível, seria de extrema importância que esses jovens permanecessem no campo e com condições de trabalho digno.

Analisando de um modo geral as respostas dos jovens agricultores, podemos perceber que existe interesse pela maioria dos pesquisados em continuar trabalhando nas

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propriedades de suas famílias. Porém, é necessário que seja feito um trabalho pelo poder público, para que esses jovens e suas famílias tenham condições de continuar sobrevivendo das suas terras. É indispensável que sejam disponibilizadas linhas de crédito e suporte técnico e que os valores dos produtos agrícolas sejam mais bem pagos, dessa forma agregando valor a esses produtos e dando o devido incentivo, existe a possibilidade da continuação da agricultura familiar.

5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo procurou analisar o futuro da agricultura familiar através de pesquisas e questionário aplicado aos jovens agricultores no município de Laranjeiras do Sul, os quais serão os possíveis herdeiros das propriedades da família. Buscou-se investigar quais as perspectivas de permanência dos jovens na propriedade da família e se entre suas opções de futuro esta a continuidade do trabalho no campo. Com relação ao papel da agricultura familiar, sabe-se que ela é essencial para a manutenção do abastecimento de alimentos. Sendo assim, procurou-se demonstrar que esta possui uma importância fundamental na geração da segurança alimentar, tanto para as próprias unidades familiares quanto para a população em geral. Foi feita uma analise também, além da questão da falta de sucessores, a urgência de providências em se criar políticas de incentivo aos agricultores, para que os mesmos tenham condições de sobreviver do seu trabalho dignamente.

Desse modo, após as pesquisas realizadas, e depois de analisar as respostas do questionário apresentados aos jovens agricultores de Laranjeiras do Sul, chegou-se a conclusão que é urgente atentar para o futuro provável das unidades agrícolas familiares, chamar a atenção do poder público e das instituições ligadas ao meio rural. Isso para que percebam a necessidade de criar mecanismos que propiciem a permanência dos jovens no campo, proporcionando a eles meios de poder investir em suas terras, dando-lhes suporte técnico, disponibilizando linhas de crédito com juros menores, oferecendo cursos de aperfeiçoamento para melhorar suas técnicas e poderem gerir melhor a propriedades. Enfim, olhar com maior apreço para esse meio, que se encontra carente de melhorias, e que assim garantam a sobrevivência da pequena propriedade rural e seu modo de vida.

Fazer um planejamento, criar formas de organização, dar uma direção correta e modos de controle organizados, são estratégias que precisam ser adotadas tanto pelos dirigentes do poder publico, que devem procurar criar maneiras de incentivo aos agricultores, quanto pelos próprios agricultores, para que possam gerenciar melhor sua propriedade.

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São imprescindíveis estudos mais aprofundados sobre o assunto e com uma amostra maior de entrevistados, podendo assim se ter uma dimensão mais ampla de como se apresenta o cenário futuro das pequenas propriedades rurais. É necessário que seja traçado um plano de sucessão e de incentivo pelos governantes, para não deixar que os jovens herdeiros venham abandonas suas propriedades, deixando morrer assim não somente a agricultura familiar. Mas também, toda uma cultura de produção, criada pelos agricultores, e que é repassada de geração em geração.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, Ricardo; SILVESTRO, Milton.; CORTINA, Nelson.; BALDISSERA, Tadeu.; FERRARI, Dilvan.; TESTA, Vilson Marcos. Juventude e agricultura familiar: desafio dos novos padrões sucessórios”. Brasília: Ed.Unesco, 1998. 104p. Disponível em:

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ue000152.pdf> Acesso em: 08 jul. 2016. ALMEIDA, R. R. de. Agricultura familiar. Disponível em:

<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/agricultura-familiar.htm>. Acesso em: 13 jul. 2016.

BRASIL. Lei de Segurança Alimentar e Nutricional. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006a. Disponível em: < http://www4.planalto.gov.br/consea/publicacoes/cartilha-losan-portugues>. Acesso em: 08 jul. 2016.

BRASIL. Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006b. Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.

Disponível em: <http://legis.senado.leg.br/mateweb/arquivos/mate-pdf/93135.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2016.

LARANJEIRAS DO SUL. Localização e limites. Disponível em:

<http://www.laranjeirasdosul.pr.gov.br/limites.php>. Acesso em: 06 jul. 2016. OLHO ABERTO PARANÁ. Disponível em:

<http://olhoabertopr.blogspot.com.br/2016/02/justica-interdita-cadeia-publica-de.html> Acesso em: 06 jul. 2016.

PORTAL FÉRIAS. Bem vindo a Laranjeiras do Sul. Disponível em:

<http://www.ferias.tur.br/informacoes/6257/laranjeiras-do-sul-pr.html>. Acesso em: 06 jul. 2016.

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APÊNDICE

PESQUISA SOBRE A SUCESSÃO NA AGRICULTURA FAMILIAR

1) Idade:

( ) Abaixo de 18 ( ) Entre 18 e 21

( ) Entre 22 e 25 ( ) Entre 26 e 28 ( ) Acima de 28 2) Sexo:

( ) Masculino ( ) Feminino

3) Tamanho da propriedade

( ) menor que 10 Hectares ( ) Entre 10 e 50 Hectares ( )Entre 50 e 100 Hectares ( ) Maior que 100 hectares 4) Você mora com sua família na propriedade rural?

( ) Sim ( ) Não

5) Você herdará parte ou todo da propriedade familiar?

( ) Sim ( ) Não

6) Qual o futuro que você deseja?

( ) morar e trabalhar na propriedade da família. ( ) trabalhar e morar na cidade. ( ) morar na propriedade da família trabalhando na cidade.

( ) Vender a minha parte na propriedade e mudar para a cidade.

7) Na sua opinião, como você vê o futuro da propriedade da família?

( ) Gostaria de poder continuar o trabalho dos meus pais. ( ) Vamos arrendar a propriedade.

( ) Vamos vender a propriedade.

( ) Não sei porque ainda não pensei nisso.

8) Em que condições você aceitaria a continuar na propriedade da família, morando e vivendo dela?

( ) Somente se tivesse acesso a crédito e suporte técnico. ( ) Somente em terras de melhor qualidade.

( ) Não aceitaria permanecer na propriedade da família.

( ) Se os preços pagos pelos nossos produtos compensassem.

9) Você acha que há condições de viver somente da propriedade da família?

( ) Sim ( ) Não, não há condições de se manter na pequena propriedade rural.

10) Na sua opinião os jovens irão continuar nas propriedades familiares, dando sequência as atividades dos seus pais?

( ) Sim, pois há incentivo para se sustentar na pequena propriedade.

( ) Não, porque não se consegue sobreviver na pequena propriedade sem incentivo e com os preços baixos dos produtos vendidos.

11- Grau de escolaridade

( ) Ensino Fundamental incompleto ( ) Ensino Fundamental completo ( ) Ensino Médio incompleto ( ) Ensino Médio completo

Referências

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