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ATIVIDADE ANTIMICROBIANA IN VITRO

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Academic year: 2021

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ATIVIDADE ANTIMICROBIANA IN VITRO DO DECOCTO

DE Hypericum caprifoliatum Cham. e Schlecht. HYPERICACEAE

(GUTTIFERAE) - “escadinha”/ “sinapismo” - SOBRE BACTÉRIAS

DE INTERESSE EM AMBIENTES NA ÁREA

DA MEDICINA VETERINÁRIA

1

(IN VITRO ANTIMICROBEAN ACTIVITY OF Hypericum caprifoliatum Cham. e

Schlecht. HYPERICACEAE (GUTTIFERAE) - “escadinha”/“sinapismo”

DECOCTO, OVER BACTERIA OF INTEREST IN ENVIROMENT INTO

VETERINARY MEDICINE FIELD)

C. A. M, AVANCINI

2

, J. M. WIEST

3

, B. E. IRGANG

4

, J. P. ALMEIDA

5

, E. C. MUNDSTOCK

6

RESUMO

Demonstrou-se que extrato de espécie vegetal, entre as denominadas plantas medicinais, pode agir sobre bactérias presentes nos ambientes de saúde e produção animal ou em indústrias de beneficiamento de seus produtos. O Hypericum

caprifoliatum Cham. e Schlecht. HYPERICACEAE (GUTTIFERAE) – “escadinha”/sinapismo“, espécie nativa no sul do

Brasil, selecionado através de etnografia sobre conhecimento tradicional em saúde animal, teve seu decocto testado pelo método de diluição quanto a atividade antibacteriana. Verificada sua ação sobre bactéria Gram-positiva, o extrato foi confrontado com outras 9 amostras deste grupo, sendo 5 padrões internacionais e 4 isoladas de situações-problema sanitá-rios (“de campo”). Tomou-se como referência para dimensionar a intensidade da atividade biológica, a apresentada por um biocida halogênico. Confirmando-se o atributo antibacteriano conferido tradicionalmente a este gênero botânico, outros experimentos poderão ser realizados com metodologia específica para avaliar seu uso como desinfetante e anti-séptico (ou mesmo como antibiótico), direcionando-os para, por exemplo, o contexto da agricultura familiar na perspectiva da tecnologia apropriada.

PALAVRAS-CHAVE: Antibacteriano. Plantas medicinais. Medicina Veterinária. Sanidade animal. Etnoveterinária. Hypericum caprifoliatum. Medicina Veterinária Preventiva.

SUMMARY

Was demonstrated that extract of vegetable species, behind the denominate medicinal plants can control bacteria presents into enviroment of health and animal production or in industry of products of animal origin. The Hypericum

caprifoliatum Cham. e Schlecht. HYPERICACEAE (GUTTIFERAE) “escadinha”/“sinapismo”, native plant of south

Brazil selected by ethnography about traditional knoweledge in animal health, had your decocto evaluated by dilution method to their anti-bacterial activity. Verificted action over Gram positive bacteria this decocto was confronted with other 9 strains of this group (5 international strains and 4 “of field” strains). The intensities activity was comparated by halogenic

1 Apoio financeiro FAPERGS

2 Professor Doutor da Faculdade de Veterinária/UFRGS. End. Eletrôn.: cesar.avancini@ufrgs.br 3 Professor Doutor do Instituto de Ciência e Tecnologia dos Alimentos/UFRGS

4 Professor Doutor do Instituto de Biociências/Botânica/UFRGS 5 Aluno do Instituto de Biociências / Botânica / UFRGS 6 Professor do Instituto de Matemática/Estatística/UFRGS

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INTRODUÇÃO

Na implementação de programas sanitários para o controle de enfermidades, os objetivos primordiais são o de impedir a transmissão de agentes causais entre deiros suscetíveis ou o de não deixar que um novo hospe-deiro desenvolva a infecção (ROSEMBERG, 1977). Des-se modo, o controle dos agentes transmissíveis no ambi-ente merece atenção, caracterizando-se os processos de desinfecção e anti-sepsia como recursos para diminuir as doses infectantes de microrganismos, protegendo os hos-pedeiros suscetíveis das cargas potencialmente patogênicas e reservando-se os antibióticos como uma arma específi-ca a ser empregada em específi-casos de limitação da invalidez provocada (WIEST, 1984).

Por exemplo, VIEIRA DE SÁ & VIEIRA DE SÁ (1980) indicam que a desinfecção e anti-sepsia em tambos tanto visam a preservar a saúde dos animais como a prote-ger o leite de contaminações exteriores. LARANJA (2000) comenta que existe uma relação direta entre o número de bactérias presente nos tetos e a taxa de infecções intramamárias e que a adequada higiene da glândula ma-mária seria, talvez, a medida isolada mais importante na prevenção de novas infecções.

No entanto, os altos custos de programas e pro-dutos sanitários convencionais e o baixo preço pago aos produtos agrícolas, associados ao baixo padrão de renda da maioria dos produtores agrícolas brasileiros (WOOD, 1994), podem excluir os produtores agrícolas do benefício de muitas medidas e ações preventivas em saúde animal. Discutindo a perspectiva da produção tecnológica, RIVERO (1987) sugere que a qualificação “apropriada” a ela agregada implica que o funcionamento dessa tecnologia deva adequar-se aos fatores que condicionam uma reali-dade e de acordo com a disponibilireali-dade em quantireali-dade, em qualidade e em utilização de recursos que a sociedade escolhe para enfrentar os problemas de saúde. Além dis-so, essa qualificação incorpora, obrigatoriamente, o mais avançado desenvolvimento científico e tecnológico, mas

limitando-se ao contexto sócio-econômico-cultural. Assim, ao conceito de tecnologia apropriada, dever-se-ia agregar também o de “apropriável”, ou seja, aquela que pode ser absorvida, entendida e utilizada pela população.

Nesse sentido, desenvolveu-se projeto cujo objetivo geral foi o de verificar se determinadas espécies vegetais utilizadas em sistemas de saúde tradicionais, as denomi-nadas plantas medicinais, podem ser usadas para contro-lar bactérias de interesse em ambientes de saúde e produ-ção animal ou indústrias de beneficiamento de seus subprodutos, e se esses recursos, que são naturais e cultu-rais renováveis, são viáveis como tecnologia eficaz (rela-ção benefício esperado/benefício obtido) e apropriada, visando principalmente ao contexto da agricultura de base familiar brasileira. Utilizando técnica etnográfica para a obtenção de informações sobre matéria médica vegetal tradicional, especificamente para o trabalho agora apre-sentado, objetivou-se avaliar a atividade biológica antibacteriana existente no decocto de Hypericum

caprifoliatum Cham. e Schlecht. HYPERICACEAE

(GUTTIFERAE) – “escadinha”/ “sinapismo”.

Revisão bibliográfica mostra que, no Brasil, algu-mas plantas desse gênero botânico foram quimicamente estudadas, como H. brasiliense, que possui flavonóides, xantonas e derivados de floroglucinol (ROCHA et al., 1994; ROCHA et al., 1995). Nos anos mais recentes algu-mas espécies vêm sendo objeto de dissertações de mestrado e tese de doutorado no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da UFRGS. Diversos resultados foram obtidos: H. myrianthum, que apresenta derivados de floroglucinol (FERRAZ et al., in press) e H.

polyanthemum, de onde três novos cromenos foram

isola-dos (FERRAZ et al., 2001). O extrato bruto e as frações das espécies H. caprifoliatum, H. polyanthemum e H.

connatum indicaram a presença de substâncias presentes

pertencentes ao grupo dos fenóis, tendo teste antiviral demonstrado atividade mediante o Vírus da Imunodeficiência Felina (SCHMITT et al., 2001). biocide. The antibacterial attribut traditionally associated to the generus Hypericum caprifoliatum was confirmed. So, others experiments can be made with specifics methodology for valuation this extract to use with disinfectant and antiseptic (or antibiotic) in activities of health and animal production taking into consideration the brazilian familiar agriculture and the appropriate social available technology.

KEY-WORDS: Antibacterial. Medicinal plants: veterinary medicine. Animal sanity. Ethnoveterinary. Hypericum caprifoliatum. Preventive Veterinary Medicine.

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MATERIAL E MÉTODOS

Visando obter informações sobre sistemas médi-cos e matérias médicas tradicionais, para a investigação qualitativa em etnoveterinária (McCORKLE, 1986) recor-reu-se à metodologia da etnografia rápida (ETKIN, 1993). As amostras vegetais de Hypericum caprifoliatum Cham. e Schlecht. HYPERICACEAE (GUTTIFERAE) foram colhidas de vegetação expontânea no Morro Santana, região metropolitana de Porto Alegre/RS/Brasil, entre os meses de dezembro e janeiro dos anos 2000 e 2001. A região localiza-se na latitude 30”01’39”, longitu-de 51”13’40” e a uma altitulongitu-de longitu-de 4,71 m. Foi organizada exsicata e encaminhada para identificação botânica, sen-do incluída no herbário da UFRGS sob o número ICN 122.196. As amostras foram secas à sombra e armazena-das em local protegido da luz e da umidade. Os testes ini-ciaram somente após um tempo mínimo de 30 dias pós-colheita.

A solução com os princípios químicos ativos das partes aéreas floridas da planta obteve-se por extração a quente, através da decocção (LIBERALLI, 1972). O pro-cesso de decocção procedeu-se conforme FARMACOPÉIA (1959), esgotando 100 g das partes aé-reas fragmentadas da planta em 1.000 mL de água destila-da, levada à ebulição por 15 min em frasco Erlenmeyer. Foi recomposto o volume inicial, perdido pela evapo-ração.

Para o teste de triagem piloto de verificação da presença de atividade antimicrobiana, formam usadas a bactérias Gram-positivas Staphylococcus aureus ATCC 25.923 e a Gram-negativas Salmonella chollera-suis ATCC 10.708. Nos testes posteriores usaram-se somente bactérias Gram-positivas, algumas padrões internacionais, como Staphylococcus aureus ATCC 6.538, Staphylococcus epidermidis ATCC 12.228, Enterococcus faecalis ATCC 19.433, Enterococcus faecium DVG e Rhodococcus equi ATCC 6.939, e outras isoladas de

pro-blema sanitários “de campo”, como Staphylococcus aureus IPOA/FAVET/UFRGS (isolada de queijo no Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal, da Faculda-de Faculda-de Veterinária/UFRGS), Staphylococcus aureus 2.1/ ICTA/UFRGS (colhido de fossas nasais de manipuladores de alimentos pelo Laboratório de Microbiologia, do Insti-tuto de Ciência e Tecnologia dos Alimentos/UFRGS),

Staphylococcus aureus 479/2000/Bact./FAVET/UFRGS

(oriundo de leite de cabra com mastite, isolado no Labora-tório de Bacteriologia Clínica, da Faculdade de Veteriná-ria/UFRGS) e Staphylococcus aureus 649/2000/Bact./

FAVET/UFRGS (isolado no laboratório de bacteriologia clínica anteriormente citado de coração de cão necropsiado). O método para avaliação da atividade antibacteriana foi o de diluição, com a técnica do sistema de tubos múltiplos usada para avaliar essa atividade em desinfetantes e anti-sépticos (DVG, 1977). Modificação foi introduzida na técnica original (AVANCINI, 1995), con-frontando a solução antimicrobiana com diluições 10-1 a

10-8 UFC/mL do inóculo, ao invés de uma única e elevada

dose. O procedimento consistiu em organizar 9 tubos de ensaio contendo 5 mL de caldo de cérebro e coração (BHI, da Oxoid® - Código: CM225B) em dupla concentração, que posteriormente receberam 5 mL da solução microbicida, ficando os dois com concentração inicial pela metade (caldo simples e decocto na proporção peso : vo-lume correspondente a 50 g para 1.000 mL). Cada um de 8 tubos recebeu 0,05 mL de uma diluição do inóculo, sen-do o nono tubo considerasen-do o controle. Como referência positiva para a intensidade da atividade antibacteriana do decocto, verificou-se a promovida pelo biocida halogênico iodofor (cada 100mL continha 2,50g de iodo ativo e 2,75g de ácido fosfórico).

A verificação da ação de inibição ocorreu por comparação da turvação dos tubos inoculados com o con-trole, por leitura nos períodos de 24 h, 48 h, 72 h e 144 h, em 3 repetições para cada teste. Uma alíquota dos tubos de ensaio sem turvação foi semeada em 1 mL de caldo infusão de cérebro e coração por 24h e posteriormente em ágar-nutriente (Nutrient Agar, da Oxoid® - Código: CM003B) para observação do crescimento. A leitura in-dicou a diluição do inóculo inibida ou inativada.

As diluições e a verificação da dose infectante ini-cial dos inóculos foi efetuada segundo NEDER (1992). Cada experimento somente era validado, se ao final da linha de diluição (10-8 UFC/ml) houvesse crescimento

bacteriano.

Para representar quantitativamente a atividade antibacteriana do decocto e do iodofor avaliados, foram criadas duas variáveis: IINIB (Intensidade da Atividade de Inibição Bacteriana) e IINAB (Intensidade da Atividade de Inativação Bacteriana). Essas variáveis, que assumi-ram valores de 0 a 8, indicam a intensidade da atividade antimicrobiana (ou não atividade – n.a) que uma solução testada tem sobre uma dada dose infectante de microrga-nismos. Assim, quanto mais alto o valor da variável, mais intensa a atividade biológica antimicrobiana (maior dose infectante inibida ou inativada). Pode-se observar no Qua-dro 1 as doses infectantes dos microrganismos confronta-dos, representadas pelas variáveis ordinais.

(4)

Para a verificação matemática dos resultados obti-dos, as variáveis IINIB e IINAB foram avaliadas por aná-lise estatística descritiva e anáaná-lise de variância não paramétrica. O programa estatístico usado foi o SPSS (Statistical Package for Social Sciences).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados obtidos na etnografia, recorrendo às ex-periências de uma informante especialista tradicional/po-pular, a Sra. Maria Nunes, migrante rural residente no município de Viamão/RS/Brasil, permitiram revelar a exis-tência de um complexo conhecimento do mundo natural relativo ao sistema saúde e doença, diagnóstico e cura por meio de práticas e matéria médica hoje não convencionais à Medicina Veterinária. Mediante a organização de um qua-dro etno-nosológico de enfermidades de pele, encontra-ram as categorias “micose” (referindo indistintamente aos processos infeccioso ou inflamatório de pele) e

“antibióti-co” (plantas usadas para curar as “micoses”) como conectoras, como pontes construídas pela informante/par-ticipante para dialogar com a ciência moderna. Foi essa “brecha” intercultural que permitiu a seleção de plantas nativas nos sul do Brasil para trabalho de investigação sobre suas possíveis bioatividades antimicrobianas, ago-ra realizada com o Hypericum caprifoliatum.

O teste de triagem piloto com duas bactérias mos-trou a ação antibacteriana do decocto de H. caprifoliatum apenas sobre o inóculo Gram-positivo (S. aureus ATCC 25.923), e nenhuma atividade mediante o inóculo Gram-negativo confrontado (S. chollera-suis). Ante o S. aureus ATCC 25.923, o decocto apresentou médias de intensida-de intensida-de inibição e intensida-de inativação bacteriana com valor 8, significando que inativou este inóculo mesmo na menor diluição, ou na maior dose infectante, de 2,76x108 UFC/

mL. Esse resultado motivou a verificação da atividade diante de outras bactérias Gram-positivas, como pode ser observado na Tabela 1.

Quadro 1 - Valor da intensidade (IINIB e IINAB) da atividade, e as UFC/mL das bactérias utilizadas no teste.

0 a 8 = variáveis oridinais que representam a intensidade de inibição ou inativação IINIB e IINAB; S.a. 1= Staphylococcus

aureus ATCC 6.538; S.e. = Staphylococcus epidermidis ATCC 12.228; E. f. 1= Enterococcus faecalis ATCC 19.433; E. f.

2= Enterococcus faecium DVG; R.e. = Rhodococcus equi ATCC 6.939; S.a. 2= Staphylcoccus aureus IPOA/FAVET/ UFRGS; S.a. 3= Staphylococcus aureus 22.1/ICTA/UFRGS; S.a. 4= Staphylococcus aureus 479/2000/FAVET/UFRGS; S.a. 5= Staphylococcus aureus 649/2000/FAVET/UFRGS.

IINIB e IINAB

UFC/ml inibidas ou inativadas

S. a. 1 S. e. E. f. 1 E. f. 2 R. e. S. a. 2 S. a. 3 S. a. 5 S. a. 5 8 3,06x108 2,70x108 8,2x107 5,8x107 3,30x108 2,82x108 2,81x108 2,70x108 2,08x108 7 3,06x107 2,70x107 8,2x106 5,8x106 3,30x107 2,82x107 2,81x107 2,70x107 2,08x107 6 3,06x106 2,70x106 8,2x105 5,8x105 3,30x106 2,82x106 2,81x106 2,70x106 2,08x106 5 3,06x105 2,70x105 8,2x104 5,8x104 3,30x105 2,82x105 2,81x105 2,70x105 2,08x105 4 3,06x104 2,70x104 8,2x103 5,8x103 3,30x104 2,82x104 2,81x104 2,70x104 2,08x104 3 3,06x103 2,70x103 8,2x102 5,8x102 3,30x103 2,82x103 2,81x103 2,70x103 2,08x103 2 3,06x102 2,70x102 8,2x101 5,8x101 3,30x102 2,82x102 2,81x102 2,70x102 2,08x102 1 3,06x101 2,70x101 8,2x100 5,8x100 3,30x101 2,82x101 2,81x101 2,70x101 2,08x101

0 n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a n.a

(5)

Observa-se que o decocto do H. caprifoliatum re-petiu a marcada ação sobre bactérias gram-positivas, indicada no teste de triagem. Na confrontação com as bac-térias padrões, este extrato inibiu e inativou todos esses inóculos nas suas menores diluições, promovendo as duas ações com IINIB e IINAB 8. Essa intensidade repetiu-se nos tempos de leitura 24 h, 48 h, 72 h e 144 h.

Comparando-se a atividade antibacteriana do decocto com a referência de atividade apresentada pelo iodofor, a análise de variância, usando o teste não

paramétrico de Kruskal-Wallis, concluiu-se que, usando nível de significância de 5%, existe diferença significati-va entre as combinações decocto/tempo de leitura e iodofor/tempo de leitura, em relação a IINIB e a IINAB, nos resultados da confrontação com as bactérias padrões. As comparações múltiplas não indicaram onde um biocida foi superior ao outro.

No entanto, verificando a atividade do decocto de H. caprifoliatum e a do biocida iodofórico por meio da estatística descritiva, pôde-se verificar que a média geral

Tabela 1 - Intensidade da atividade antibacteriana do decocto de H. caprifoliatum Cham. e Schlecht. HYPERICACEAE

(GUTTIFERAE), na proporção (p : v) de 50 g : 1.000 mL, e do biocida iodofor, sobre amostras de bactérias Gram-positivas. A intensidade esta representada pelas médias das variáveis Intensidade de Inibição Bacteriana (IINIB) e Intensidade de Inativação Bacteriana (IINAB)

H.caprifol = Hypericum caprifoliatum; Iodofor= solução halogênica; S.a. 1= Staphylococcus aureus ATCC 6.538; S. e.=

Staphylococcus epidermidis ATCC 12.228; E. f. 1= Enterococcus faecalis ATCC 19.433; E. f. 2= Enterococcus faecium

DVG; R.e. = Rhodococcus equi ATCC 6.939; S.a. 2= Staphylococcus aureus IPOA/FAVET/UFRGS; S.a. 3= Staphylococcus

aureus 22.1/ICTA/UFRGS; S.a. 4= Staphylococcus aureus 479/2000/FAVET/UFRGS; S.a. 5= Staphylococcus aureus

649/2000/FAVET/UFRGS; 0 a 8 = variáveis ordinais que representam a média da intensidade de inibição ou inativação IINIB e IINAB, em 3 repetições.

( )

Biocida Temp Ação S. a. 1 S. e. E. f. 1 E. f. 2 R. e. S. a. 2 S. a. 3 S. a. 4 S. a. 5

IINIB 8 8 8 8 8 8 8 8 1,33 24 h IINAB 8 8 8 8 8 8 8 8 0,66 IINIB 8 8 8 8 8 8 8 8 0,66 H.caprifol 48 H IINAB 8 8 8 8 8 8 8 8 0 IINIB 8 8 8 8 8 8 8 8 0 72 h IINAB 8 8 8 8 8 8 8 8 0 IINIB 8 8 8 8 8 8 8 8 0 144 h IINAB 8 8 8 8 8 8 8 8 0 IINIB 8 8 8 8 8 8 8 8 8 24 h IINAB 5,33 5 5,66 6,66 5,66 4,66 5 5,66 6 IINIB 5 3 5,66 4 5,66 4,33 5 4 4,33 Iodofór 48 h IINAB 4 3 5,33 3,33 3,33 2,66 2 2,66 3 IINIB 3 3 5 3,33 3 2 2 2,33 2 72 h IINAB 2,66 3 5 3,33 2,66 2 2 2,33 2 IINIB 2,66 2,66 4 3,33 2,66 2 2 2,33 2 144 h IINAB 2,66 2,66 3,33 3,33 2,66 2 2 2,33 2

(6)

da intensidade na relação antimicrobiana versus 4 tempos

versus 3 repetições mostra, para cada bactéria padrão em

particular, o decocto com desempenho de intensidade de ação superior ao do iodofor. Ante o S. aureus ATCC 6.538, o decocto apresentou IINIB 8 e IINAB 8, enquanto o iodofor IINIB 4,66 e IINAB 3,66. Ante o S. epidermidis ATCC 12.226, o decocto apresentou IINIB 8 e IINAB 8, enquanto o iodofor IINIB 4,16 e IINAB 3,41. Confron-tando o E. faecalis ATCC 19.433, o decocto apresentou IINIB 8 e IINAB 8, tendo o iodofor IINIB 5,66 e IINAB 4,25. Para o E. faecium DVG, o decocto mostrou IINIB 8 e IINAB 8, tendo o iodofor IINIB 4,66 e IINAB 4,25 e ante a R. equi ATCC 6.939, o decocto teve IINIB 8, e IINAB 8 enquanto o idofor IINIB 4,83 e IINAB 3,58.

Referente aos estafilococos isolados de situações-problema sanitários “de campo’, o decocto igualmente apresentou intensidade de atividade superior. Mediante a amostra IPOA/FAVET/UFRGS, a média da intensidade do decocto foi IINIB 8 e IINAB 8, enquanto para o iodofor IINIB 4,08 e IINAB 2,83. Ante o 22.1/Microb/ICTA/ UFRGS, o decocto apresentou IINIB 8 e IINAB 8, en-quanto o iodofor IINIB 4,25 e IINAB 2,75. A amostra 479/2000/Bact/FAVET/UFRGS teve para o decocto IINIB 8 e IINAB 8, tendo o idofór mostrado IINIB 4,16 e IINAB 3,25. Para esses organismos a análise de variância não paramétrica indicou haver diferença significativa entre os fatores para os biocidas, mas novamente as comparações múltiplas não indicaram onde elas ocorreram.

Necessário apontar que a amostra de S. aureus 649/ 2000/FAVET/UFRGS apresentou resistência ao decocto de H. caprifoliatum, ao passo que o iodofor teve ação se-melhante em confrontação com as outras amostras. O decocto mostrou a média de intensidade de IINIB 0,50 e IINAB 0,16, e o iodofor IINIB 4,08 e IINAB 3,25. Para essa bactéria, o teste estatístico de Kruskal-Wallis captou, nas comparações múltiplas dos fatores intensidade de atividade/tempo de leitura, que o iodofor teve atividade superior.

Esse resultado alerta para que se tenha com o decocto testado os mesmos cuidados de monitoramento adotados para os antimicrobianos convencionais, avalian-do e mantenavalian-do vigilância quanavalian-do na indicação de seu uso conforme o cenário epidemiológico-sanitário. Precisa-se aprofundar o conhecimento a seu respeito, como, por exem-plo, quanto ao composto químico ativo para essa atividade biológica, o mecanismo de ação desse antimicrobiano (DENYER & STEWART, 1998) e as resistências naturais ou por ele induzidas (LEVY, 2000; JELJASZEWICZ; MLYNARCZYK & MLYNARCZYK, 2000; RUSSEL,

1999).

CONCLUSÕES

Por meio da metodologia científica, confirmou-se o atributo antibacteriano conferido tradicionalmente a plan-ta Hypericum caprifoliatum Cham. e Schlechtl. HYPERICACEAE (GUTTIFERAE).

O decocto das partes aéreas floridas de H.

caprifoliatum, na proporção (p : v) 50 g : 1.000 mL de

água apresentou marcada intensidade de atividade bioló-gica sobre as bactérias selecionadas do grupo das gram-positivas, e nenhuma sobre a única bactéria gram-negati-va confrontada.

Das 10 amostras de bactérias Gram-positivas, uma das isoladas de situação-problema sanitário (“de campo”) mostrou resistência ao decocto. Isso indica que se deve ter com o decocto antibacteriano testado os mesmos cui-dados de monitoramento adotado para os antimicrobianos convencionais.

Tomando como referência a solução desinfetante e anti-séptica halogênica (iodofor), o decocto apresentou médias de intensidades de atividade de inibição e inativação mais altas (menos para uma amostra).

Com esses dados, sugere-se a possibilidade de uti-lização desse decocto como antibacteriano, relacionando-o arelacionando-os agentes transmissíveis estudadrelacionando-os. Partindrelacionando-o desse re-sultado, outros experimentos poderão ser realizados com outras técnicas para uso deste antimicrobiano como desinfetante e anti-séptico (ou mesmo como antibiótico) direcionado-o para, por exemplo, o contexto da agricultu-ra familiar na perspectiva da tecnologia apropriavel.

ARTIGO RECEBIDO: MARÇO/2002

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Referências

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