As polêmicas criadas pelo americano Ryan Lochte lhe custaram mais do que uma multa do governo brasileiro. Um dia após o término do Rio 2016, todos os patrocinadores do atleta anunciaram o rompimento com o nadador dono de seis medalhas de ouro em Olimpíadas.
A primeira que se manifestou foi a marca esportiva Speedo, que abriu mão do nadador. A empresa afirmou que a verba de US$ 50 mil que seria
destinado a Lochte irá para a entidade Save The Children, que apoia jovens no Brasil e já é parceira da companhia.
“Embora tenhamos desfrutado de uma relação vencedora com Ryan por mais de uma década e ele tenha sido um membro importante da equi-pe Sequi-peedo, não podemos tolerar um comportamento que é contrário aos valores que essa marca defende há muito tempo”, declarou a empresa.
Após polêmica, Lochte perde
todos os patrocinadores
POR DUDA LOPES
| B O L E T I M E S P E C I A L | J O G O S O L Í M P I C O S • R I O 2 0 1 6 |
EDIÇÃO • 577 TERÇA-FEIRA, 23 DE AGOSTO DE 2016
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Ryan Lochte em
entrevista após
competição no
Rio; mentira sobre
assalto custa ao
nadador perda de
todos os quatro
patrocinadores,
entre eles a marca
de maiôs e toucas
Speedo, num
prejuízo anual
calculado de cerca
de US$ 1 milhão
1 O F E R E C I M E N T O2
Após a Speedo, a Ralph Lauren e a marca de produtos para pele Syneron-Candela e a Airweave anunciaram a mesma decisão.
A marca de roupa esclareceu que o contrato com Lochte ia até o fim dos Jogos do Rio, e que apenas não será renovado.
“A Ralph Lauren continua a pa-trocinar orgulhosamente o Time dos Estados Unidos para os Jo-gos Olímpicos e Paralímpicos, e os valores que seus atletas
incor-poram”, anunciou a companhia. A Syneron-Candela foi mais direta: “Nós mantemos nossos funcionários em alto padrão, e esperamos o mesmo de nossos parceiros de negócios”, disse.
Segundo a mídia dos EUA, as perdas do atleta, com o fim dos acordos, chega a US$ 1 milhão.
Até agora, Lochte se manifes-tou apenas sobre o fim do acor-do com a Speeacor-do. O atleta agra-deceu a oportunidade e disse
entender a decisão da empresa. Dia 13 de agosto, Lochte saiu para uma festa com outros nada-dores. Na volta, disse ter sido as-saltado por ladrões disfarçados de policiais. No fim, descobriu--se que os nadadores arranjaram confusão em um posto de gasoli-na durante a madrugada, saíram antes da chegada de policiais, e mentiram para evitar conflitos com a delegação americana e com suas próprias namoradas.
P A T R O C Í N I O
GRANDES
NÚMEROS
131mi
1,9 mi
30
3,5%
9mi
de pessoas interagiram,
em todo o mundo,
durante o Rio 2016
pelo Instagram; ao
todo, quase 1 bilhão
de interações foram
registradas pela rede
social de imagens
mil dólares é o salário
anual de Ryan Lochte
pago pela federação
americana de natação
DE VISUALIZAÇÕES NO
YOUTUBE TEM O FILME
“BOLT VS. FLAME”, FEITO
PELA NISSAN ANTES DOS JOGOS DO RIO 2016
DE NOVOS SEGUIDORES
NO INSTAGRAM TEVE A
GINASTA NORTE-AMERICANA SIMONE BILES
de market share a
Nissan tem hoje no
mercado de carros;
pré-Jogos era de 1%
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Se os Jogos Olímpicos seguem uma
certa padronização, cobrir uma edição
do evento tem algo único: a cor local
que cada país consegue impor, de
ma-neira mais bem-sucedida ou não, ao
sediar a competição. No geral, o Rio
seguiu as normas do COI quanto ao
padrão de excelência de entrega. Mas
mostrou um pouquinho do seu jeito e
sua cultura nesta Olimpíada.
Algumas boas ideias foram postas
em prática nas instalações esportivas.
Na arena de vôlei de praia, por
exem-plo, em vez do grupo de dançarinas
das ilhas Canárias, padrão na
modali-dade, o Rio colocou seus próprios
ani-madores de torcida, homens e
mulhe-res, sem abusar do sexismo para isso.
O atletismo implementou algo
ain-da mais inusitado e que funcionou
muito bem para empolgar a torcida:
a bateria do Salgueiro tocando
du-rante a apresentação dos
competido-res nas provas de saltos, lançamentos
e arremessos. Alguns atletas, como a
britânica Lorraine Ugen, do salto em
distância, até arriscaram uma
samba-dinha, para delírio dos torcedores.
Em que outra Olimpíada você verá
algo semelhante? Talvez o Rio inicie
uma nova tendência nessa área.
A brasilidade ressurgiu com força na
cerimônia de encerramento, ao som
de clássicos da música brasileira, de
diversos ritmos. Na área de imprensa,
jornalistas ucranianos, húngaros,
mol-davos e costa-riquenhos pareciam
atô-nitos diante de nossa diversidade
mu-sical. O Rio já é passado. Mas deixou
uma bela história para ser lembrada...
Maior mérito do Rio 2016 é
ter imposto a sua brasilidade
Após o sucesso nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a Confederação Brasileira de Cano-agem tem mais um motivo para celebrar: a en-tidade renovou o contrato de patrocínio com a GE, e a parceria se manterá até 2018.
Em comunicado, a GE exaltou a modalida-de, que conseguiu três medalhas no Rio de Janeiro. “A Canoagem Brasileira protagonizou o papel mais surpreendente desta edição dos Jogos Olímpicos. Com a continuidade da nos-sa parceria, reforçamos nosso apoio ao desen-volvimento dos atletas no país”, afirmou Rafael Santana, CEO da empresa no Brasil.
A empresa e a confederação também exal-taram o fato de o aporte não ser por incentivo fiscal. Além da verba repassada diretamente, a
companhia fornece uma série de tecnologias necessárias para os treinamentos dos atletas.
Para os Jogos Olímpicos, a Confederação consegue manter 12 modalidades, graças a aportes como o da GE; o BNDES e a Itaipu também têm acordos com a entidade. Para os Jogos Paralímpicos, a Paracanoagem fará a es-treia nos Jogos do Rio de Janeiro.
Este ano, a canoagem conseguiu seu melhor desempenho na história dos Jogos. Foram três medalhas, duas de prata e uma de bronze. Isa-quias Queiroz se tornou o primeiro brasileiro a ficar com três medalhas numa única Olimpíada.
A GE patrocina também o COI. A empresa ficou focada em gerar legados ao Rio, investin-do R$ 20 milhões em iluminação e saúde.
GE exalta canoagem e anuncia
renovação de contrato até 2018
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POR REDAÇÃO, DO RIO DE JANEIRO
O P I N I Ã O
POR ADALBERTO LEISTER FILHO
O COB (Comitê Olímpico do Brasil) evitou comentar sobre o fracas-so da meta ousada de colocar o país no top 10 nos Jogos do Rio. Em entrevista coletiva, o presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman, preferiu exaltar a campanha que deixou o país na 13ª posição geral.
“O objetivo não é meramente numérico, é o todo, abrangendo o que vai ficar de legado. E acho que o reconhecimento feito ao traba-lho do Time Brasil é altamente favorável. É um contexto de finais e de quartos e quintos lugares, que refletem a qualidade do trabalho”.
A meta do COB e do Ministério do Esporte, porém, não foi atingi-da. Para integrar o seleto grupo dos dez países mais medalhados no Rio 2016, o governo federal realizou investimentos de R$ 1,4 bilhão no último ciclo olímpico. Durante esse período, atletas foram benefi-ciados pelo Plano Brasil Medalhas. Vários integram as forças armadas, recebendo salários e usufruindo da infraestrutura esportiva da caserna.
Ao menos o Brasil pôde comemorar a melhor campanha na história olímpica com a conquista de 19 medalhas (7 ouros, 6 pratas e 6 bron-zes). O país subiu ao pódio em 12 modalidades, outro recorde.
“Na nossa concepção, uma potência olímpica está no top 10 do quadro geral de medalhas e conquista medalhas em mais de dez mo-dalidades. Conquistamos medalhas em 12 modalidades e chegamos muito próximo do top 10”, disse Marcus Vinícius Freire, diretor execu-tivo de esportes do COB. A meta para Tóquio 2020, deve ser definida ainda este ano. É provável que o objetivo siga a ser estar no top 10.
COB ressalta campanha
e ‘esquece’ meta pré-Rio
POR REDAÇÃO, DO RIO DE JANEIRO
T R I B O I N D Í G E N A
V Ê J O G O S E M 3 6 0
Uma parceria entre a Samsung e o Sportv levou para uma tribo indígena, uma vila de pescadores e uma fazenda de flores a primeira transmissão dos Jogos Olímpicos em realidade virtual.
Por meio dos óculos Samsung VR, a empresa eletrônica gravou a reação de pessoas em cantos remotos do país ao poder acompanhar imagens como se estivessem no meio da ação esportiva.
A ação reforça a campanha “Desafie Barreiras” feita pela Samsung no Rio.
O L I M P Í A D A S D Ã O
S A LT O A C L A R O
Operadora de telefonia celular oficial dos Jogos, a Claro celebrou o aumento do uso de roaming durante o mês das Olimpíadas. De acordo com a empresa, os Jogos representaram a venda de 16 mil chips para estrangeiros no Rio de Janeiro. O número representa um salto de 270% em relação à Copa de 2014, quando a marca não era patrocinadora.
Além disso, houve um consumo de 300 mil estrangeiros do chip da marca no Rio, 50% a mais do que o normal.
N I E L S E N FA Z
P E S Q U I S A C O M FÃ
Fornecedora oficial do Rio 2016, a empresa de pesquisas Nielsen tem feito uma enquete online para captar as impressões dos torcedores na ida aos Jogos Olímpicos. Ainda durante os dias de disputa no Rio de Janeiro, a empresa enviava e-mail para torcedores responderem a uma pesquisa online sobre suas impressões sobre o evento e sobre a experiência vivida nas arenas.
Os resultados dessa pesquisa serão usados pelo comitê organizador do Rio. • C U R TA S O L Í M P I C A S •
O S H O W T E M Q U E C O N T I N U A R ? O dia seguinte dos Jogos foi marcado pelo
marasmo no Parque Olímpico, aberto apenas a credenciados para trabalhar no Rio 2016; já na praia de Copacabana, o Hotel Nissan Kicks começava a voltar para
a antiga fachada, que na noite de
segunda-feira já ordenava a nomenclatura original do lugar: Arena Hotel
C B F “ V E S T E - S E ” C O M O O U R O
A manhã de segunda-feira foi marcada pela
réplica da medalha de ouro ganha pelo time masculino de futebol pela primeira vez; durante a noite de
domingo, a entidade instalou uma réplica gigante da medalha ganha pelos jogadores no Maracanã, contra a
Alemanha, sábado0
U M D I A D E P O I S D A F E S TA . . . À esquerda, a loja oficial dos Jogos, em Copacabana, na noite de segunda-feira, sem fila para entrar e com poucos produtos para comprar; do lado de fora, a fila era no estande da Samsung, de gente interessada em testar os óculos de realidade virtual • O L I M P Í L U L A S • WWW.MAQUINADOESPORTE.COM.BR