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2ª FASE NOTA INTRODUTÓRIA

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Academic year: 2021

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2ª FASE

NOTA INTRODUTÓRIA

O estudo de conservação e restauro do tapete Persa, desenvolvido na 2ª fase do estágio, engloba a sua caracterização a nível da História e Técnicas de Produção Artística, assim como o seu tratamento de conservação e restauro.

Nesse sentido, a metodologia seguida, com base no plano de estágio elaborado, compreendeu, o estudo de materiais:

i) Identificação de fibras por microscopia óptica (MO);

ii) Análise por cromatografia líquida de alta pressão com detecção por vector de díodos (HPLC-DAD) dos corantes presentes no tapete;

iii) Identificação e quantificação de mordentes por plasma de acoplamento induzido com detecção por espectrometria de emissão atómica (ICP-AES).

O estudo material foi alargado à caracterização do fio metálico do tapete, por espectroscopia electrónica de varrimento com espectrómetro de dispersão de energias (SEM-EDS) e ICP-AES. Por fim, com base no estudo material e técnico do tapete:

iv) Avaliou-se o estado de conservação (diagnóstico);

v) Elaborou-se uma proposta de tratamento de conservação e restauro; vi) Iniciou-se o tratamento.

Dá-se início a esta segunda fase, procedendo à descrição e análise decorativa do tapete (I), seguida pela análise material (II), na qual se descreve a técnica e a identificação de fibras, corantes, mordentes e fio metálico; segue-se o estudo do estado de conservação do tapete (III), é apresentada a proposta de tratamento (IV) e por fim, o início do trabalho de restauro (V).

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1- INTRODUÇÃO

1.1 - TAPETE PERSA

O tapete persa em estudo1 é uma peça profusamente decorada com uma composição vegetalista de uma variedade cromática considerável (figs. 15 e 16). Data de finais do século XVI ou inícios do século XVII, e está entre os 3 tapetes2 mais importantes desta época, existentes em Portugal, situando-se num período de viragem a nível técnico e decorativo, entre a Época Safávida – Dinastia do Xá Abbas I (r. 1587-1629) e a produção de tapetes Indo-Persas (séc. XVII) (THOMPSON, 1993). A importância deste tapete revela-se na sua riqueza material e na própria técnica de execução, destacando-se a urdidura de seda e o nó assimétrico, que permitem fazer não só desenhos de grande pormenor, mas também possibilitam uma densidade elevada (perto de 4000 nós/dm2), resultando num tapete fino, mas bastante resistente (Anexo XIII). O uso de fio metálico laminado revela que poderá ser um tapete feito em oficinas ao serviço da corte (THOMPSON, 1993).

O tapete é atravessado por um eixo de simetria longitudinal e a nível de composição, apresenta um medalhão central, rodeado de arabescos e enrolamentos em espiral. O campo é delimitado por uma cercadura de onde se destaca a barra de cartuchos.

Os motivos decorativos, essencialmente vegetalistas e florais, remetem para a representação de jardim, que poderia ser colocado dentro de casa (AAVV, 2004). Dissimuladas no desenho, poderão estar representadas duas serpentes, eventualmente símbolos de protecção, já que desde tempos antigos que os povos acreditavam que a representação de animais perigosos nos tapetes, funcionaria como talismã, fonte de protecção e poder3.

Salienta-se a importância que estas peças tiveram como instrumentos diplomáticos, servindo como presentes entre chefes de estado, mas também como protagonistas de uma indústria urbana, desenvolvida sobretudo em oficinas, algumas delas pertencentes à corte, para venda e exportação. Daí o facto dos tapetes serem peças intencionalmente extravagantes, desenhadas para impressionar (THOMPSON, 1993), e terem chamado a atenção dos europeus, que fizeram encomendas. É por isso possível encontrar a representação de tapetes orientais em pinturas europeias. Em Portugal, existem alguns quadros com representação de tapetes com barras de cartuchos, semelhantes às do tapete em estudo (anexo XIV).

Por fim, e a título de curiosidade, importa salientar o valor destes tapetes como peças museológicas. Num artigo do jornal Despertar de 14 de Abril de 1928, surge uma nota referente a um tapete persa do MNMC, que é avaliado em “mais de 3000 contos”! (anexo XV).

1 Proveniente do Convento de Santa Clara de Coimbra.

2 Os outros dois tapetes são o TAPETE DE ‘”ARVORES E ANIMAIS” do Museu Nacional de Arte Antiga (Tp 47) e o TAPETE COM MEDALHÃO (T 744), também do MNMC.

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Fig. 1 - Tapete persa (MNMC 2967; T 746) visto de frente. O tapete está orientado no sentido em que foi feito (segundo a direcção do

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Fig. 2 - Tapete persa, vista do verso. Observam-se os vários tecidos de restauro aplicados e a vasta área que ocupam. (Fotos: Paulo

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1.2 - DESCRIÇÃO GERAL

O tapete é uma peça bidimensional, de formato rectangular, com dimensões máximas de 220 x 152 cm (fig.17A). É constituído por material têxtil (teia, trama e felpa) e por fio metálico (em grande parte dos motivos decorativos – fig.17A) e divide-se em 2 partes principais (fig.17B): campo e cercadura (tarja interna, barra e tarja externa), para além dos términos superior e inferior (onde existia franja). O tapete apresenta suportes parciais de tecido, de dimensões visíveis sobretudo pelo verso (fig. 16), que resultaram de uma intervenção de restauro, na qual se colmataram as lacunas do tapete e as lacerações.

1.2.1 - Desenho e Composição

A decoração da peça é composta essencialmente por motivos vegetalistas e florais (fig. 18), que se articulam no campo, barra e tarjas (Anexo XVI). Alguns dos motivos baseiam-se em elementos da natureza – romã, flor de lótus, folhas de plátano (figs. 18E, D, H), enquanto outros são motivos abstractos – palmetas, nuvens, vinha – vine scrolls, arabescos (figs. 18D, G, A).

O tapete possui uma simetria bilateral (segundo o eixo longitudinal que o atravessa ao centro) e uma composição unidireccional com medalhão central. A simetria é cumprida apenas ao nível do desenho, existindo assimetria cromática em alguns pormenores do campo, mas sobretudo na barra.

A barra do tapete é composta por uma sequência de cartuchos lobulares, em formato de escudo e octofoils, tipo decorativo que também se encontra noutros tapetes Persas (ELLIS,1965) (Anexo XIV).

Fig. 3 – A – Dimensões do tapete (cm) e representação esquemática, a branco, das zonas com fio metálico do campo

e barra do tapete. B – Indicação esquemática da localização das diferentes partes do tapete.

A

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Fig. 4 - A – Rede de arabescos (verde) composta por split-leaves às quais estão enroladas pequenas nuvens tchi

(laranja). B – Split-leaf. C - Motivo de 3 folhas (tarja externa). D – Palmeta com flor de lótus e romã sobreposta. E – Cartucho em forma de escudo, com flor de lótus e romã sobreposta. [Palmeta (azul). Flor de lótus (branco). Romã (amarelo).] F – Cobra dissimulada numa fita ondulada. G – Fita ondulada. H – Folha de plátano. I – Flores. J – Botões de flor. L – Folhas. A B J I F G D E C L H

Referências

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