de 4 de maio de 1936. Nos têrmos do art. 1.· do decreto n.· 21.592, de 1 de julho de 1932, o diploma era idôneo para a inscrição no Quadro dos advogados, expedido, como fôra, por Faculdade que ulteriormente à colação de grau passou ao regime da fiscalização permanente.
Não se justifica a concessão do mandado de segurança, e, assim, nego provimento ao recurso.
DECISÃO
Como consta da ata, a decisão foi a seguinte: Negaram provi-mento ao recurso, unânimemente.
Não tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Ministros La-fayette de Andrada e Ribeiro da Costa, por se terem ausentado por motivo justificado.
FUNCIONARIO PÚBLICO -
ESTABILIDADE -
AMPLIA-çÃO DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS
-
O
funcionário que conte menos dedois
anos deserviço é
demissível Uad nutum".- A norma constitucional garantidora
da
esta-bilidade do funcionárioé
insusceptível de modificação ou ampliação por parte do legislador ordinário.TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL Francisco Tavares Bastos Filho versus Prefeitura Municipal
de Dom Pedrito
Apelação civel n.· 3.747 - Relator: Sr. Desembargador HOMERO BATISTA
ACóRDÃO
Vistos, relatados e discutidos êstes autos de apelação civel, entre partes apelante Francisco Tavares Bastos Filho e apelada a Prefeitu· ra Municipal de Dom Pedrito:
COMENTÁRIO
AMPLIAçÃO
POR LEI ORDINÁRIA
DAS GARANTIAS DO FuNCIONÁRIO PúBLICOAssentou
Oacórdão supra que o funcionário, mesmo
no-meado para cargo efetivo, tendo menos de dois anos de serviço,
é
demissível
ad nutum.Julgou, com efeito, o ilustre Tribunal
de Justiça do Rio Grande do Sul que sõmente as normas
cons-Acorda a 2.· Câmara Cfvel, integrado neste o relatório de fls. 157, negar provimento ao recurso e confirmar a sentença apelada, conde-nando o recorrente nas custas da apelação, nos têrmos do art. 78 do Código de Processo Civil, como beneficiãrio da gratuidade da justiça. Assim se decide, atendendo a que a exoneração do apelante, do cargo de contador da Prefeitura MUnicipal de Dom Pedrito, no qual, com a presente ação, visa ser reintegrado, não infringe as normas constitucionais, vigentes ao tempo em que se verificou, garantidoras da estabilidade dos funcionãrios públicos.
O apelante, sem dependência de concurso, foi investido naquela função pública, por ato de '1:T de julho de 1939, vindo a ser exonera· do dela a 8 de março de 1941, ou seja com menos de dois anos de exerc1cio.
A Carta Constitucional de 1937, vigente àquele tempo, havia, como já o fizera a Constituição Federal de 1934, estabelecido normas regu· lando exaustivamente a investidura, estabilidade e mais garantias dos funcionãrios públicos em geral, no seu artigo 156.
titucionais estabelecem a garantia de estabilidade, e são as
mesmas insusceptíveis de modificação por parte do legislador
ordinário.
Coerente com o princípio enunciado, recusou, no caso
sub j'/l,dice~de indagar dos têrmos da lei municipal que houvesse
dado maiores garantias ao funcionário demitido, sob
funda-mento de que a mesma "não podia exorbitar do estatuído pela
Constituíção Federal".
Parece-nos,
data venia
Jque não afirmou o acórdão os
me-lhores princípios a respeito das garantias do funcionário público.
O Supremo Tribunal, em notável aresto de que foi relator
o eminente Ministro
ÜROSIMBO NONATO,já firmou
jurisprudên-cia no sentido de que a Constituição Federal traz o minimo de
garantias aos funcionários públicos e
podem
os
respectivos
es-tatutos locais ampliar essas garantias (Rev. de Dir. Adm'
Jval.
n,
pág. 172).
Nestas condições, podem os estatutos federais, estaduais
c municipais estabelecer que o funcionário nomeado para
car-go efetivo, mesmo com menos de dois anos de serviço, não é
demissível
adnutum
Jexigindo-se para que tal se dê o
proces-so administrativo, pois, como diz o art. 93,
§2.°, do Estatuto
Dentro dêsses princípios fundamentais, é que cabe examinar a es-pécie dos autos, pois que os mesmos, por sua natureza, eram insus-cetiveis de qualquer modificação de parte do legislador ordinário, fos-se êle da esfera federal, estadual ou municipal. As leis oriundas de qualquer dessas entidades, no que infringissem os princípios bãsicos, estabelecidos imperativamente, pela Constituição, não eram passíveis de observância. Eis porque, para solução do caso dos autos, basta submetê-lo aos princípios constitucionais então vigentes.
A Carta Constitucional de 1937, em seu art. 156, letra c, estabe-lecia que "Os funcionários públicos, depois de dois anos, quando no-meados em virtude de concurso de provas, e em todos os casos, de-pois de dez anos de exercício, só poderão ser exonerados em vir-tude de sentença judiciária ou mediante processo administrativo, em que sejam ouvidos e possam defender-se".
Ora, o apelante, ao ser exonerado, não contava sequer com um biênio de exercício do cargo de contador, e fôra para o mesmo no-meado independentemente de concurso de provas. Quer isso dizer que não gozava da garantia da estabilidade, por não preencher ne-nhum dos requisitos de que a mesma é uma decorrência; e era, por-tanto, demissível ad·nntum. O ato de sua exoneração não infringiu a lei bãsica. É o bastante para se considerá-la legítima, sem necessi-dade de indagar dos têrmos da lei municipal, que não podia exorbitar do estatuído pela Constituição Federal.
Pôrto Alegre, 2 de janeiro de 1947.
Homero Martins Batista, Presidente e Relator. - Era8mo Cor· rêa. - João Climaco de Melo Filho. Fui presente, José Corrêa da Silva.
dos Funcionários Federais, "a demissão será aplicada como
penalidade" .
Em despretensioso comentário, já procuramos mostrar que
o Estatuto dos Funcionários Públicos, decreto-lei 1.713, de 28
de outubro de 1939, não permite a exoneração ou a demissão
sem causa justificada do funcionário público federal.
(Rev. deDir. Adm.,
voI. IV, pág. 168).
Éque êsse estatuto ampliou,
no particular de que se trata, as garantias outorgadas pela
Constituição.
Também no que concerne aos vencimentos da
disponibi-lidade, por extinção do cargo, ainda recentemente o
Supre-mo Tribunal, em decisão unânime, julgou válida disposição da
Constituição do Estado de Minas que, interpretando a
Consti-tuição Federal, dá ao funcionário, em tal caso, vencimentos
POLICIAS MILITARES -
OOMPETlbNCIA DA UNIÃO E
DOS ESTADOS PARA LEGISLAR SOBRE A SUA
OR-GANIZAÇÃO -
GARANTIA DE PATENTES E POSTOS
MILITARES -
ORIAÇÃO DE QUADROS
SUPLEMEN-TARES -
MANDADO DE SEGURANÇA -
DECLARA-çÃO DE INOONSTITUOIONALIDADE
-
As Constituições) como os Oódigos) pelo
pró-priosentido de atos legislativos destinados a dispor
oobre todo um conjunto de relações jurídicas)
revo-gam em bloco o direito anterior oobre igual matéria.
-
Só se tem como derrogada a norma anterior
pela nova quando e enquanto haja incompatibilidade
entre elas.
-
A plenitude de garantias que a Oonstituição
assegura aos militares não é compatível com
restri-ções
depura discrição por parte do legislador e do
Poder Executivo.
-
A inclusão de oficiais em Quadro
Suplemen-tar) significando restrição à efetividade) interferiria
não
8Ócom as organizações das polícias) senão ainda
com as garantias dos seus oficiais) e oobre estas
nun-ca a União delegou poderes aos Estados.
-
Ao legislador estadual não é lícito criar
qua-dros na Polícia Militar) afetando as garantias
outor-gadas às patentes pelo direito positivo da União.
-
Interpretação
doart. 5.°) n.O XV) letra f, da
O0n8tituição.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO NORTE Requerentes: Júlio César Pinheiro e outros
Mandado de segurança n." 64 - Relator: Sr. Desembargador
SEABRA FAGUNDES ACORDA0
1. Júlio César Pinheiro e outros, todos oficiais da Policia Militar
dêste Estado, impetraram mandado de segurança contra os atos do Sr.
integrais (ac. no rec. ext.° n.
O13.837, relator Ministro
LA-FAYETTE DE ANDRADA).
Por êsses motivos, parece-nos que, na hipótese discutida
no acórdão supra, deveria o Triblmal, ao contrário do que
de-cidiu, examinar os têrmos da lei municipal,
o
que recusou de
Governador do Estado (decretos de 13 de maio, 6 e ZT de fevereiro do corrente ano), que os transferiram para o Quadro Suplementar.
Examin2.das pelo acórdão de fls. 49·50 as questões de direito ordi· nârio e com b2.se nelas considerado improcedente o pedido, foi o seu exame, no que concerne às questões constitucionais, devolvido ao Tri· bunal compôsto pela totalidade dos seus juizes, nos têrmos do aditivo ao Regimento Interno aprovado em sessão de 16 de junho do corrente ano.
2. Pretende·se que o decreto-Iei n.O 748, de 24 de novembro de 1947, que criou na Fôrça Pública o Quadro Suplementar, é inconstitu-cional, quer por incompetência do legislador do Estado, pois se trata de matéria de organização da Polícia, como tal privativa do Poder Le-giSlativo da União (Constituição federal, art. 5.°, XV, t), quer por fe-rir, na possibilidade de transferência do oficial, por simples conveniên-cia do serviço, para quadro em que é privado do exercicio da função e prejudicado nos proventos e outras vantagens, as garantias assegu-radas à patente pelo art. 182 da Lei Suprema do pais, estendidas aos oficiais das polícias dos Estados pela lei federal n.O 192, de 17 de ja-neiro de 1936.
E dai a inconstitucionalidade que contagia os atos de execução praticados a 13 de maio, 6 e 27 de fevereiro "dêste ano, pelo Sr. Go-vernador, transferindo os impetrantes para aquêle Quadro.
3. No art. 5.° da Constituição federal se estatui: "Compete à União: . . . XV - legislar sôbre: . . . t) organização, instrução,
jus-tiça e garantias das policias militares e condições gerais da sua uti-lização pelo Govêrno federal nos casos de mobiuti-lização ou de guerra".
Estarâ compreendido ai o estruturamento ou a cnação de quadros pelo legislativo local ?
Afigura·se que sim. Nada mais Intimamente respeitante à organi-zação das corporações militares que os seus quadros de oficiais, com a discriminação do número de componentes segundo os postos e a dis-tribuição por serviços e corpos (comando, estado-maior, batalhões, com-panhias, seções, serviços e estabelecimentos) (lei n.O 192, art. 3.·, e de-creto estadual n.· 289, de 5 de maio de 1944).
4. Assim pensa Pontes de Miranda, para quem, dentre as dedu-ções que o texto da Carta Magna impõe, estâ a de que "os quadros são organizados segundo a lei federal" (Comentários à Constituição de 1946, vol. I, p. 306).